estrutura de concreto armado em situação de incêndio. uma

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ISAAC AGUIAR OLIVEIRA Estrutura de Concreto Armado em Situação de Incêndio. Uma Análise Térmica de uma viga sob Flexão Simples CURITIBA 2013

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Page 1: Estrutura de Concreto Armado em Situação de Incêndio. Uma

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ISAAC AGUIAR OLIVEIRA

Estrutura de Concreto Armado em Situação de Incêndio. Uma Análise

Térmica de uma viga sob Flexão Simples

CURITIBA

2013

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ISAAC AGUIAR OLIVEIRA

Estrutura de Concreto Armado em Situação de Incêndio. Uma Análise

Térmica de uma viga sob Flexão Simples

Monografia apresentada para Conclusão do Curso de Engenharia Civil pela Universidade Federal do Paraná. Orientador: Prof. Dr. Marcos Arndt

CURITIBA

2013

Page 3: Estrutura de Concreto Armado em Situação de Incêndio. Uma

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RESUMO

O concreto armado é um material que ainda não está totalmente “desvendado” e

consolidado como o aço. No entanto, entidades científicas ainda buscam soluções práticas

para se prever o desempenho desse material como elemento estrutural, levando em conta

todas as suas propriedades e desempenhos mecânicos, a fim de garantir a segurança à vida

por meio da segurança das estruturas.

Com as propriedades mecânicas reduzidas quando submetidos a elevadas temperaturas,

as estruturas de concreto armado perdem a suas funcionalidades em um incêndio, e podem

produzir situações catastróficas. Elevando a temperatura dos elementos estruturais a certos

limites, isso poderá ser o suficiente para reduzir a rigidez e se chegar ao colapso da edificação.

Neste trabalho é descrito o comportamento de uma viga de concreto armado endurecido

segundo às suas propriedades mecânicas e térmicas, seguindo como manual as normas

brasileiras mais atuais, para garantir um dimensionamento confiável e verificações das peças

estruturais com maior segurança.

A importância da segurança ao incêndio nas edificações é indiscutível, pois estão em jogo

não só a vida das pessoas mas também interesses patrimoniais e de valores históricos.

Palavra-chave: incêndio, temperatura, concreto armado, viga.

Page 4: Estrutura de Concreto Armado em Situação de Incêndio. Uma

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SUMÁRIO

RESUMO ................................................................................................................................... 3

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 5

2 OBJETIVO .............................................................................................................................. 8

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................................... 9

3.1 Incêndio Padronizado ......................................................................................................10 3.2 Curva “H” ........................................................................................................................11 3.3 Incêndio Real ..................................................................................................................13

3.3.1 Sistemas de proteção contra incêndios ....................................................................14 3.4 Transferência de Calor ....................................................................................................16

3.4.1 Radiação ..................................................................................................................16 3.4.2 Convecção ...............................................................................................................17 3.4.3 Condução .................................................................................................................17

3.3 Tempo Requerido de Resistência ao Fogo (TRRF) .........................................................18 3.4 Propriedades dos Materiais em Situação de Incêndio .....................................................20

3.4.1 Concreto ...................................................................................................................20 3.4.2 Aço ...........................................................................................................................23

3.5 Dimensionamento de uma viga de concreto armado segundo a NBR 15200:2012 .........26 3.5.1 Ações e verificações de estruturas de concreto em situação de incêndio .................26 3.5.2 Método Tabular ........................................................................................................27 3.5.3 Método Simplificado de Cálculo................................................................................31 3.5.4 Método Avançado de Cálculo ...................................................................................31 3.5.5 Método Experimental ................................................................................................32

3.6 Considerações sobre a norma europeia - Eurocódigo 2 – parte 1-2 ................................32 3.6.1 Valores Tabelados – Vigas .......................................................................................32 3.6.2 Métodos de Cálculo ..................................................................................................36

4 MÉTODOS E RESULTADOS ................................................................................................38

4.1 Descrição do projeto .......................................................................................................39 4.2 Fluxo de calor na viga de acordo com o Método Simplificado da NBR15200:2012 .........43 4.3 Análise da região comprimida do concreto ......................................................................48 4.4 Análise pelo método tabular da NBR 15200:2012 ...........................................................52

5 DISCUSSÃO ..........................................................................................................................53

5.1 Análise da segurança do método proposto de cálculo .....................................................53 5.2 Análise Térmica ..............................................................................................................54 5.3 A análise da viga pelo método tabular .............................................................................58

6 CONCLUSÕES ......................................................................................................................59

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................................60

8 ANEXOS ................................................................................................................................63

ANEXO A ..............................................................................................................................63 ANEXO B ..............................................................................................................................74 ANEXO C ..............................................................................................................................75

Page 5: Estrutura de Concreto Armado em Situação de Incêndio. Uma

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1 INTRODUÇÃO

Apesar da probabilidade ser muito pequena, o colapso estrutural de edifícios de concreto

armado em situação de incêndio não é incomum A perda de bens materiais e de vidas

humanas em situações de incêndio tem sido ao longo dos tempos uma preocupação crescente,

promovendo assim o conceito de segurança contra incêndio e de diversos mecanismos

associados à sua prevenção ou limitação dos danos causados (COELHO, 2010).

É diversa a bibliografia descrevendo a ocorrência de incêndios, muitos deles com

consequências de extrema gravidade, indicando-se abaixo alguns exemplos, os quais

traduzem o drama resultante desses acontecimentos.

Edifício Joelma – São Paulo, 1974. Com 179 mortos foi um dos incêndios mais

dramáticos da história brasileira.

FIGURA 1 – Edifício Joelma (fonte: pt.wikipedia.org/Incendio_no_edifício_joelma, último acesso 06/10/13)

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Edifício Andraus – São Paulo,1972. Em poucos minutos todo o edifício ficou

destruído.

FIGURA 2 – Edifício Andraus. À direta Helicóptero Enstrom no teto do Andraus resgatando os trabalhadores do prédio. (fonte: culturaaeronautica.blogspot.com.br, último acesso 06/10/13)

MGM Grand Hotel – Las Vegas, 1980. Esse incêndio que se originou no primeiro

piso causou um prejuízo de cerca de U$ 50 milhões de dólares.

FIGURA 3 – Edifício MGM Gran Hotel, com 85 mortos (fonte: www.movimet.com, último acesso 06/10/2013).

A ação térmica produz grande aumento da temperatura nos elementos estruturais e

variações térmicas que modificam o comportamento atômico das moléculas do material. No

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concreto endurecido sobre altas temperaturas há alterações físico-químicas que alteram as

suas propriedades mecânicas, tais como, módulo de elasticidade e resistência à compressão e

tração. Pode-se observar que a heterogeneidade do concreto armado é realçada. Há pressões

nos poros devido à evaporação da umidade, as quais produzem formação de tensões térmicas

na microestrutura do concreto endurecido, há alongamentos excessivos e o aparecimento de

esforços solicitantes adicionais (COSTA & SILVA, 2004).

Dentre as formas de degradação das estruturas de concreto, destaca-se o fenômeno do

lascamento (“spalling”) que pode assumir um caráter imprevisível, durante os primeiros minutos

do incêndio. O lascamento é um fenômeno natural nas estruturas de concreto, quando elas são

expostas à altas temperaturas, pois dentro da matriz do concreto desenvolvem-se tensões de

origem térmica, que aparecem em forma de desintegração das regiões superficiais. Em certos

casos o lascamento pode ser oriundo das naturezas mineralógicas do agregado e de elevadas

tensões de compressão na seção transversal de concreto durante o sinistro (COSTA, et al.

2002).

Em situação de incêndio, as estruturas devem atender a um tempo mínimo padrão de

resistência requerido por norma, a fim de garantir a segurança na fuga dos ocupantes da

edificação. As alterações físicas e mecânicas nas peças de concreto durante um incêndio

podem ser diminuídas quando certos parâmetros de dosagem e geometria forem respeitados.

Isso pode assegurado pela resistência durante o tempo de ocorrência do incêndio. De acordo

com a NBR 14432:2001 o tempo requerido de resistência ao fogo (TRRF) é o “tempo mínimo

de resistência ao fogo, preconizado por esta Norma, de um elemento construtivo quando

sujeito ao incêndio-padrão”.

Tratando-se das transferências de calor, as ações térmicas nas estruturas são descritas

pela soma dos fluxos de calor radioativo e convectivo, onde a radiação é gerada pelas chamas

e pela superfície aquecida dos elementos estruturais e a convecção pela diferença de

densidade entre os gases do ambiente. Independente do cenário de incêndio, a transferência

de calor da atmosfera quente para um elemento estrutural de um compartimento é governada

pelas leis da transferência de calor: radiação, convecção e condução. E a ação dessas três

formas de transferência de calor está presente em qualquer incêndio (COSTA, 2008).

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2 OBJETIVO

Os principais objetivos deste trabalho são:

Desenvolver os perfis de temperatura (isotermas) da seção de uma viga de concreto

armado, onde a construção destas linhas de temperatura serão baseadas nos métodos

propostos de verificação simplificado segundo a NBR 15200:2012. Podendo assim comparar

estas linhas com ábacos da literatura e da norma europeia e comparar os resultados da análise

do método simplificado com o método tabelado da NBR 15200:2012.

Para se poder chegar neste objetivo, primeiramente será apresentado um breve

histórico dos principais estudiosos e pioneiros nos estudos de situações de incêndios em

estruturas de edifícios e concreto armado pelo mundo, e após essa parte introdutória da

história sobre incêndios, será abordado como se caracteriza e “sobrevive” uma chama em um

incêndio, compreendendo os modelos de incêndio e modelos estruturais de vigas de concreto

armado sobre a influência de altas temperaturas.

E então, entender como se comportam as curvas padronizadas de incêndio ISO

834:1975 e curva “H” apresentando a realidade física de um incêndio em um compartimento

através da curva real de um sinistro, diferenciando suas características no desenvolvimento de

uma situação de incêndio, ressaltando as propriedades físicas do concreto e do aço sobre a

influência de altas temperaturas.

Por fim apresentar o processo de verificação de uma viga de uma edificação residencial

em situação de incêndio, e verificar sua perda de resistência e comportamento da zona

comprimida do concreto em função de um incêndio padrão.

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3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

No século XIX, por meio de experimentos rudimentares, submetendo o concreto armado

a elevadas temperaturas, o comportamento do concreto a armado endurecido pôde ser

constatado a essa varável (COSTA, 2008).

Até a década de 40 os estudos voltados para peças em situação de incêndio eram

voltado especialmente para estruturas de aço, devido às grandes construções em aço da

época. A partir da década de 50, os efeitos térmicos de degradação do concreto de resistência

convencional foram estudados por diversos pesquisadores, utilizando-se dessa vez de

procedimentos experimentais mais apurados. Essas pesquisas serviram de base para as

primeiras recomendações sobre o tema, que foram propostos nos códigos norte americanos e

europeus para projetos estruturais (COSTA, 2008).

O tema começou a se desenvolver na Engenharia Estrutural brasileira há cerca de 30

anos, com a publicação da norma NB 503 (1977) – “Exigências particulares das obras de

concreto armado e protendido em relação à resistência ao fogo”, para complementação de

projetos em estruturas de concreto (BACARJI, 1993).

Através do interesse e evolução do método construtivo de concreto armado, começou a

surgir também o interesse de compreender o comportamento desse material e os fenômenos

de propagação dos incêndios.

Dado que um incêndio é uma combustão caracterizada pelo aparecimento, propagação

da chama, liberação de calor, emissão de gases, produção de fumaça e formação de diversos

produtos a partir do carbono, significa que ele só poderá ter lugar se existir no mesmo espaço

um combustível e comburente. Enquanto o oxigênio é o comburente, o combustível é todo o

material susceptível de queimar (madeira, papel, plástico, gasolina, etc.). Já a energia de

ativação é a fonte de calor que vai provocar a alteração do nível térmico do combustível

(COELHO, 2010).

Logo, surgiram curvas internacionalmente conhecidas, como a ISO - 834:1975, “curva-

padrão” ou “incêndio-padrão”, que não depende das dimensões, finalidade do compartimento e

nem das características térmicas dos materiais. Outra curva é a que apresenta o incêndio real,

caracterizado por uma curva temperatura-tempo (COSTA & RITA, 2004). Portanto, quaisquer

conclusões sobre um incêndio-padrão e um incêndio-real devem ser analisados com cuidado,

pois o comportamento da curva padrão não é fiel à curva de um incêndio real (COSTA &

SILVA, 2003)

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3.1 Incêndio Padronizado

A curva ISO 834:1975 é o resultado da uniformização de duas curvas padrão tradicionais:

a americana ASTM E-119 (1918) e a britânica BS 476 (1932), ambas similares e de mesma

origem. Por sua vez esta é usada em diversos países para simular o processo térmico

normalizado ao qual são sujeitos os elementos ou sistemas de construção durante ensaios, e

que é utilizada na avaliação dos materiais segundo classes de resistência ao fogo (COSTA,

2008).

A curva-padrão não representa uma situação real de incêndio, uma vez que as

características do cenário de incêndio podem variar de um compartimento para o outro.

Portanto, qualquer conclusão com base nessa curva deve ser analisada com cuidado (COSTA

& SILVA, 2003)

Para facilitar os procedimentos de ensaios e projetos de estruturas, o incêndio foi

padronizado por curvas nominais, que são representadas por equações e aplicadas a qualquer

compartimento. Estas curvas padrão representam a evolução convencional do fogo em um

compartimento a partir da fase de inflamação generalizada.

A curva de incêndio padrão ISO 834:1975, caracteriza-se por possuir um ramo com

desenvolvimento ascendente, admitindo que a temperatura dos gases seja sempre crescente

ao longo do tempo e é expressa por (COSTA, 2008):

(01)

onde, = temperatura dos gases quentes do compartimento em chamas (oC);

t = tempo (minuto).

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FIGURA 4 Curva de incêndio padronizado segundo ISO 834:1975 (COSTA, 2008)

Como apresentado no gráfico da Figura 04, a curva de incêndio padrão ISO 834 apresenta

características que estão longe de serem comparáveis a um incêndio real. Isso deve-se

também ao fato de que características do compartimento, tais como a ventilação e o tipo e a

quantidade de combustível, não estão sendo contempladas (INÁCIO, 2011).

A curva ISO 834, embora não manifeste a realidade física de um incêndio em um

compartimento, tem mérito na sua utilização pelo simples fato de ser normalizada, unificando

os ensaios e permitindo a comparação dos resultados obtidos em diferentes laboratórios pelo

mundo. Quanto à sua aplicação, ela não pode ser aplicada os materiais altamente inflamáveis,

pois o fluxo de calor durante esse tipo de combustão e o calor liberado são muito superiores

aos dos materiais celulósicos, para esse tipo de incêndio é utilizada a curva “H” – “hydrocarbon

curve”, que é o resultado de ensaios de incêndios de hidrocarbonetos (COSTA & RITA, 2004).

3.2 Curva “H”

A curva “H” foi primeiramente desenvolvida especificamente para ser utilizada em

incêndios de indústrias petroquímicas, porém, atualmente ela tem sido recomendada para

projetos de túneis e outras vias de transporte de veículos movidos a combustíveis inflamáveis.

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Diferentemente da curva-padrão, ela é mais realista para representar incêndios de materiais

derivados do petróleo. A curva “H”, uma abreviação de “hydrocarbon curve” – para materiais a

base de hidrocarbonetos é expressa por (COSTA, 2008):

(02)

onde,

= temperatura dos gases quentes do compartimento em chamas (oC);

t = tempo (min).

FIGURA 5 – Curva “H” para materiais hidrocarbonetos

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3.3 Incêndio Real

Em uma situação de incêndio são produzidos três produtos: calor, fumaça e chama. O

incêndio pode ser ocasionado por diversos fatores, logo, há uma probabilidade muito próxima

de zero para que existam dois incêndio iguais, podendo-se citar características de um incêndio

para outro como: a forma geométrica e dimensões do local, superfície específica dos materiais

combustíveis, local do início do incêndio, condições climáticas, aberturas de ventilação,

medidas de prevenção, medidas de proteção contra incêndio instaladas, etc. (SEITO, et al.,

2008).

Pode-se dizer que as fases de um incêndio real estão relacionadas às suas categorias de

risco, com isso a evolução do incêndio é caracterizada por três fases, conforme Figura 06: a

fase inicial ou ignição (primeira fase), fase de inflamação generalizada ou flashover (segunda

fase) e a fase de extinção ou o que se chama de fase de resfriamento (terceira fase) (COSTA,

2008).

FIGURA 6 – Fases principais de um incêndio real (COSTA, 2008).

Ignição – Nesse estágio consideram-se duas etapas: o abrasamento e chamejamento. O

abrasamento se inicia com uma combustão lenta, sem chama, produção de pouco calor e com

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potencial para expelir gases tóxicos, já o chamejamento é a combustão na forma de chamas e

fumaça. Logo, esta segunda fase caracteriza-se pelo crescimento gradual de temperatura,

ainda sem riscos de vida para a população ou de colapso para a estrutura. A fase entre a

ignição e flashover é chamada de pré-flashover, e está entre os principais estágios de um

incêndio real (COSTA, 2008).

Pré- Flashover – É o estágio de aquecimento caracterizado por uma aceleração no

aumento da temperatura, O incêndio para se alastrar ainda depende das características do

ambiente (combustível, ventilação, etc.) (COSTA, 2008).

Flashover – A partir desse ponto o fogo se propagará e queimará com maior rapidez os

materiais combustíveis ali existentes. Os gases quentes e fumaça poderão ser transferidos por

meio das aberturas para outros ambientes. É o instante em que o sinistro não é mais

controlável e todos os compartimentos estão tomados pelas chamas (COSTA, 2008).

Pós- Flashover – É o estágio que é caracterizado por um aumento intenso da temperatura

dos gases. E a etapa em que todo o ambiente está em chamas e caminha para o pico de

temperatura máxima do incêndio, que é correspondente à máxima temperatura dos gases do

ambiente (COSTA, 2008).

Resfriamento – Nesse estágio a intensidade e a severidade do incêndio diminuirão devido

à redução gradativa da temperatura dos gases no ambiente após completa extinção do material

combustível presente no compartimento (COSTA, 2008).

Logo, ressalta-se a importância dos meios de proteção no combate de incêndio, pois

entende-se que ao se pensar em um projeto, deve-se levar em contar os condicionantes

físicos, combinandos com as exigências do usuário (SEITO, et al., 2008).

3.3.1 Sistemas de proteção contra incêndios

A obtenção das condições de segurança ao incêndio requer adequados meios de combate,

visando não permitir o colapso estrutural do edifício, facilitando a fuga dos usuários e

garantindo a aproximação e ingresso no edifício para ações de combate (COELHO, 2010).

Dentre essas medidas estão as medidas passivas e ativas contra incêndios.

3.3.1.1 Proteção Passiva

Proteção passiva é o conjunto de medidas de proteção contra situações de incêndio

incorporadas à construção do edifício e que devem, portanto, ser previstas pelo arquiteto. Seu

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desempenho ao fogo independe de qualquer ação externa (SEITO, et al., 2008). Os principais

meio de proteção passiva são:

• Saídas de emergência (localização, quantidade e projeto);

• Reação ao fogo de materiais de acabamento e revestimento (escolha de materiais);

• Resistência ao fogo dos elementos construtivos;

• Controle de fumaça;

• Separação entre edificações.

3.3.1.2 Proteção Ativa

As medidas de proteção ativa vêm a complementar as medidas de proteção passiva sendo

compostas basicamente de equipamentos e instalações prediais que serão acionadas em caso

de emergência, de forma manual ou automática, usualmente não exercendo nenhuma função

em situação normal de funcionamento da edificação (SEITO, et al., 2008). Dentre os principais

sistemas de proteção ativa encontram-se:

Detecção e alarme manual ou automático de incêndio;

Extinção manual e/ou automática de incêndio;

Iluminação e sinalização de emergência;

Controle de movimento de fumaça.

Para o projeto e a instalação adequados das medidas ativas, é necessária uma boa

integração entre o projeto arquitetônico e os projetos de cada sistema, normalmente divididos

por especialidade, a saber: elétrica, hidráulica e mecânica. É importante o acompanhamento

pelo arquiteto-projetista para que exista uma compatibilização entre as medidas passivas e

ativas propostas, visando o melhor desempenho das medidas de segurança contra incêndio

como um todo, pois em caso de se ocorrer um sinistro a segurança à vida deve ser assegurada

pela segurança da estrutura até a fuga dos ocupantes da edificação (SEITO, et al., 2008)

A Figura 7 apresenta, em função do desenvolvimento do incêndio, o local onde se aplicam

mais eficientemente os meios de proteção ativa e passiva.

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FIGURA 7 - Desempenho dos meios de proteção no comportamento do incêndio real (COSTA, 2008).

3.4 Transferência de Calor

Basicamente a transferência de calor ocorre quando dois ou mais corpos, que estão com

temperaturas diferentes, são colocados em contato ou em mesmo local, fazendo com que a

energia térmica de um corpo seja transferida para o outro (BARROSA, 2004).

A transmissão de calor pode ocorrer em regime estacionário, isto é à temperatura

constante, ou em regime variável, como é aquele que se verifica em um incêndio, em que a

temperatura varia no tempo e no espaço (COELHO, 2010). Logo, tais mecanismos estão

intimamente ligados aos processos de transferência de calor que são: radiação, convecção e

condução.

3.4.1 Radiação

Page 17: Estrutura de Concreto Armado em Situação de Incêndio. Uma

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“A radiação é um processo pelo qual o calor é transmitido de um corpo a alta temperatura

para um de mais baixa quando tais corpos estão separados no espaço, ainda que exista vácuo

entre eles” (KREITH e BOHN, 1977).

Neste processo de transmissão o calor à superfície de um corpo é transformado segundo

às leis da termodinâmica em radiação eletromagnética. A transformação de calor em radiação

é denominada emissão, enquanto a transformação de radiação em calor se designa por

absorção (COELHO, 2010).

3.4.2 Convecção

“A convecção é o processo de transporte de energia pela ação combinada da condução de

calor, armazenamento de energia e movimento de mistura. A convecção é importante

principalmente como mecanismo de transferência de energia entre uma superfície sólida e um

líquido ou gás.” (KREITH e BOHN, 1977). Este processo de transmissão de calor, importante

na propagação de incêndios, transporta a energia libertada pelos movimentos dos gases

quentes e ocorre quando partes de um sistema que estão em movimento transportam o calor

que receberam (COELHO, 2010).

3.4.3 Condução

“A condução é um processo pelo qual o calor flui de uma região de temperatura mais alta

para outra de temperatura mais baixa, dentro de um meio (sólido, líquido ou gasoso) ou entre

meios diferentes em contato físico direto” (KREITH e BOHN, 1977).

A transferência de calor por condução é regida pela equação de Fourier, Equação 03,

podendo em determinados casos a sua resolução tornar-se difícil devido a complexidade das

geometrias, sendo assim necessários métodos de cálculos mais avançados (COELHO, 2010).

A equação de Fourier é dada por:

(03)

onde, = fluxo de calor que atravessa a fronteira/contorno por unidade de superfície (W.m-2);

= condutibilidade térmica do material em causa (W.m-1K-1);

∆T = gradiente de temperatura na direção de estudo ;

= espessura da parede (m).

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O sinal negativo na expressão significa que a transmissão de calor se efetua no sentido

das temperaturas mais altas para as mais baixas.

Apesar da condução ter uma maior importância em meios sólidos, nos líquidos e gases o

principal meio de transmissão é a convecção, logo se a temperatura em um elemento estrutural

é uniformemente distribuída, é possível a partir de expressões da transferência de calor

determinar a curva temperatura-tempo no elemento (COELHO, 2010).

3.3 Tempo Requerido de Resistência ao Fogo (TRRF)

O Tempo Requerido de Resistência ao Fogo pode ser definido como o tempo mínimo

(descrito em minutos) de resistência ao fogo que de um elemento construtivo quando sujeito ao

incêndio-padrão deve resistir (com respeito à integridade, estanqueidade e isolamento, onde

aplicável) (NBR 15200:2012).

A NBR 14432:2001 indica os tempos requeridos de resistência ao fogo (TRRF) que devem

ser respeitados pelas edificações brasileiras, estes independem do material estrutural utilizado.

O TRRF é obtido do “incêndio padrão”. Esta norma estabelece as condições a serem atendidas

pelos elementos estruturais e de compartimentação que integram os edifícios para que, em

situação de incêndio, seja evitado o colapso estrutural. Para os elementos de

compartimentação, devem ser atendidos requisitos de estanqueidade e isolamento por um

tempo suficiente para possibilitar:

Fuga dos ocupantes da edificação em condições de segurança;

Segurança das operações de combate ao incêndio;

Minimização de danos adjacentes e à infraestrutura pública.

O TRRF é avaliado e por simplicidade trata-se de um valor que é função do risco de

incêndio e de suas consequências, não se trata portanto do tempo de duração do incêndio ou

tempo resposta do Corpo de Bombeiros ou Brigada de Incêndio. O TRRF é um tempo que

pode ser calculado segundo a Teoria das Estruturas e a Transferência de Calor ou encontrado

experimentalmente. Tendo em vista a dificuldade de cálculo, esse “tempo” é fixado na base do

consenso conforme demonstrado na Tabela 1 abaixo (COSTA & SILVA, 2003).

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TABELA 1 – Tempos requeridos de resistência ao fogo (TRRF), em minutos (NBR14432:2001)

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3.4 Propriedades dos Materiais em Situação de Incêndio

As propriedades dos materiais variam conforme a temperatura dos gases a que são

submetidos por ação do fogo, por isso se torna fundamental conhecer as temperaturas nesses

elementos estruturais. A ação térmica no concreto e nos aços é traduzida pela redução das

propriedades mecânicas, que sob altas temperaturas há uma diminuição da resistência e do

módulo de elasticidade (COSTA & SILVA, 2003).

3.4.1 Concreto

Conforme a ABNT NBR 15200:2012, a alteração das propriedades de resistência e rigidez

do concreto quando submetidos a compressão axial e a elevadas temperaturas, pode ser

obtida conforme Tabela 2.

Concretos preparados predominantemente com agregados silicosos, contendo grande

quantidade de quartzo (SiO2) como granito, arenito e alguns xistos, apresentam uma expansão

súbita de volume aquecidos a aproximadamente 500oC. Aos 573oC, os cristais de quartzo-α

transformam-se em quartzo-β. Essa mudança de fase é seguida de uma expansão da ordem

de 0,85% (METHA & MONTEIRO, 1994).

Já os concretos preparados com agregados calcáreos apresentam expansões similares às

dos silicosos somente a partir dos 700 oC, devido às razões de descarbonatação. Estes

concretos possuem a vantagem de apresentarem menor diferença nos coeficientes de

dilatação térmica entre a matriz e o agregado, minimizando assim, os efeitos destrutivos da

dilatação térmica diferencial. A calcinação dos agregados calcáreos é endotérmica: o calor é

absorvido, retardando a elevação da temperatura. O material calcinado apresenta menor

massa específica, prestando uma forma de isolação da superfície. Mas a calcinação também

causa expansão e fragmentação dos agregados, lascamentos e liberação do gás carbônico

(METHA & MONTEIRO, 1994).

A Tabela 2 fornece para concretos preparados com agregados silicosos e calcáreos, os

seguintes parâmetros:

• A relação entre a resistência à compressão do concreto submetido a diferentes

temperaturas (fc,θ) e a resistência característica à compressão do concreto em

situação normal (fck);

Page 21: Estrutura de Concreto Armado em Situação de Incêndio. Uma

21

• A relação entre o módulo de elasticidade do concreto submetido a diferentes

temperaturas (Ec,θ) e o módulo de elasticidade do concreto em situação normal

(Eck).

TABELA 2 – Valores das relações para concretos de massa específica normal (2000 kg/m³ a 2800 kg/m³) preparados com agregados predominantemente silicosos ou calcáreos (NBR

15200:2012)

Resistência à compressão do concreto na temperatura θ

A resistência à compressão do concreto decresce com o aumento da temperatura, como

pode ser observado na Tabela 2, podendo ser obtida pela expressão abaixo (NBR

15200:2012).

(04)

onde,

= resistência característica à compressão do concreto em situação normal;

Page 22: Estrutura de Concreto Armado em Situação de Incêndio. Uma

22

= Fator de redução da resistência do concreto na temperatura θ, obtido do ábaco da Figura

8.

FIGURA 8 - Fator redução da resistência do concreto em função da temperatura (NBR 15200:2012)

Módulo de elasticidade do concreto na temperatura θ

O módulo de elasticidade do concreto também decresce com o aumento da temperatura, e

pode ser obtido pela seguinte expressão (NBR 15200:2012)

(05)

onde,

= módulo de elasticidade inicial do concreto em situação normal;

Page 23: Estrutura de Concreto Armado em Situação de Incêndio. Uma

23

= fator de redução do módulo de elasticidade do concreto na temperatura θ obtido do

ábaco da Figura 9.

FIGURA 9 - Fator redução do módulo de elasticidade do concreto em função da temperatura

(NBR 15200:2012)

3.4.2 Aço

O concreto é um material que apresenta baixa resistência à tração. Sendo assim sendo

surgiu a necessidade de junta-lo a um material que convenientemente está disposto a resistir

essas tensões de tração atuantes. Com esse material composto surge então o chamado

“concreto armado”. E, para que exista o concreto armado, é imprescindível que haja a

solidariedade entre ambos, ou seja, que o trabalho seja de forma conjunta (BASTOS, 2006).

A NBR 6118:2007 define que as armaduras passivas são as que não são usadas como

armadura de protensão, ou seja, aquelas não são previamente alongadas. E armaduras ativas,

Page 24: Estrutura de Concreto Armado em Situação de Incêndio. Uma

24

pelo contrário, destinam-se a produção de forças de protensão, ou seja, as quais se aplicam

um pré-alongamento.

Aço de armadura passiva

Resistência ao escoamento do aço de armadura passiva na temperatura θ

Segundo a NBR 15200:2012 a resistência do aço de armadura passiva decresce com o

aumento da temperatura, podendo ser obtida pela seguinte expressão.

(06)

onde,

= resistência característica do aço de armadura passiva em situação normal;

= fator de redução da resistência do aço na temperatura θ obtido do gráfico da Figura 10.

Neste gráfico é observado o quanto decresce o fator de resistência do aço em função da

temperatura θ, sendo:

Curva cheia: aplicável quando εsi >= 2%, usualmente armaduras tracionadas de

vigas, lajes ou tirantes.

Curva tracejada: aplicável quando εsi <= 2% usualmente armaduras comprimidas de

pilares, vigas ou lajes.

onde,

εsi = deformação específica do aço no escoamento.

Page 25: Estrutura de Concreto Armado em Situação de Incêndio. Uma

25

FIGURA 10 – Fator de redução da resistência do aço da armadura passiva em função da

temperatura (adaptado da NBR 15200:2012)

Módulo de elasticidade do aço de armadura passiva na temperatura θ

Segundo a NBR 15200:2012 o módulo de elasticidade do aço da armadura passiva

também decresce com o aumento da temperatura, podendo ser obtido pela expressão:

(07)

onde,

= Módulo de elasticidade do aço de armadura passiva em situação normal;

= Fator de redução do módulo de elasticidade do aço de armadura passiva na

temperatura θ (Figura 11).

Page 26: Estrutura de Concreto Armado em Situação de Incêndio. Uma

26

FIGURA 11 – Fator de redução do módulo de elasticidade do aço de armadura passiva em

função da temperatura (NRB 15200:2012)

A NBR 15200:2012 também apresenta as propriedades das armaduras ativas, porém

neste trabalho serão apresentadas vigas apenas com estruturas de armadura passiva.

3.5 Dimensionamento de uma viga de concreto armado segundo a NBR 15200:2012

3.5.1 Ações e verificações de estruturas de concreto em situação de incêndio

Conforme a Tabela 1 estabelecida pela NBR 14432:2001, foi definindo-se um intervalo de

tempo requerido de resistência ao fogo (TRRF), que é estipulado a partir das características de

uso e construção da edificação. E neste intervalo a estrutura fica exposta ao incêndio, que

corresponderá à ação deste incêndio, onde o calor gerado é transmitido à estrutura que gera

uma distribuição da temperatura nas peças de concreto da estrutura (NBR 15200:2012).

Uma estrutura, dependendo da sua característica de uso, deve ser verificada em situação

de incêndio. Esta verificação deve ser feita em estado-limite-último (ELU), que analisa o estado

limite relacionado ao colapso da estrutura ou ruína estrutural (NBR 6118:2007).

Page 27: Estrutura de Concreto Armado em Situação de Incêndio. Uma

27

Geralmente desprezam-se todos os esforços oriundos das deformações, pois estas são

muito reduzidas e também devido às grande deformações plásticas que ocorrem no sinistro

(NBR 15200:2012), porém os incêndios além de serem considerados como causa de ações

excepcionais, também devem ser levados em conta por meio de uma redução da resistência

dos materiais que constituem a estrutura (NBR 8681:2003). Assim a verificação imposta se

reduz à seguinte expressão conforme especificada na NBR 15200:2012:

∑ ( ) (10)

onde,

= solicitação de cálculo em situação de incêndio;

= ação permanente com seu valor característico;

= ação variável com seu valor característico;

= coeficiente de ponderação das ações permanentes;

= coeficiente de ponderação das ações variáveis;

= fator de redução de combinação quase permanentes, igual a 0,3 quando o incêndio atuar

como ação principal.

Quando a ação por fogo for a principal, o fator de redução é multiplicado por 0,7 de

acordo com a NBR 8681:2003. Como não é levada em consideração qualquer deformação

imposta, as solicitações de cálculo podem ser calculadas admitindo-se apenas 70% das

solicitações de cálculo à temperatura ambiente (NBR 15200:2012)

A nova norma NBR 15200 abrange algumas formas de verificação. E uma destas formas é

o “método tabular”, que é indicado por várias normas internacionais incluindo o Eurocódigo 2 –

parte 1 – 2, e trata-se de uma forma mais simplista de dimensionamento (COSTA & SILVA,

2003).

3.5.2 Método Tabular

Este método é analisado por tabelas que estão em função do tipo de elemento estrutura

(pilares, vigas ou lajes) e do TRRF.

Page 28: Estrutura de Concreto Armado em Situação de Incêndio. Uma

28

As dimensões mínimas estipuladas devem estar dentro dos limites da NBR 6118:2007

também. O método tabular de dimensionamento, segundo a NBR 14432:2001, para o

atendimento aos requisitos da verificação em situação de incêndio é o método mais simples.

Inicialmente este método foi desenvolvido em função do TRRF e têm por base “o princípio

que a temperatura em um ponto de seção transversal do concreto é menor tanto quanto mais

afastado ele estiver da superfície exposta ao fogo” (COSTA & SILVA, 2003), ou seja, quando

mais afastada a armadura da face externa menor será a sua temperatura.

Ensaios apresentam que deve-se considerar apenas as armaduras longitudinais, pois as

peças de concreto em situação de incêndio usualmente rompem por flexão ou flexocompressão

e não por cisalhamento (NBR 15200:2012).

Análise de uma viga pelo método tabular

As Tabelas 3 e 4 mostram as dimensões mínimas e das vigas e seu valor de

cobrimento das armaduras inferiores, em função do TRRF.

FIGURA 12 – Distâncias e (NBR 15200:2012)

Existem concentrações de tensões junto às extremidades da borda da viga. Na coluna 3 da

Tabela 3 e na coluna 2 da Tabela 4 a distância deve ser superior a 10mm de . Logo, os

cobrimentos têm que ser mantidos iguais em relação à face lateral e inferior da viga, para isso

admite-se diâmetro imediatamente superior ao calculado (NBR 15200:2012).

Podem existir vigas com larguras variáveis, porém elas também têm que obedecer aos

valores mínimos das Tabelas 3 e 4.

Page 29: Estrutura de Concreto Armado em Situação de Incêndio. Uma

29

FIGURA 13 – Definição das dimensões para diferentes tipos de seção transversal de vigas (NBR 15200:2012)

Em vigas talão, conforme Figura 13c, deve ser menor tanto da largura quanto na

altura efetiva , sendo esta determinada pela seguinte expressão:

(11)

onde,

= a altura efetiva em vigar com talão;

= é a dimensão em vigas com talão.

No caso de e , logo, deve ser acrescido de:

(

) (12)

A construção dessas tabelas consideram com a hipótese de que o incêndio atuará em três

lados, ou seja o aquecimento se dará em três faces, sob laje. Já nas vigas que estão

submetidas ao aquecimento nas quatro faces a sua altura não pode ser inferior a e área

da seção transversal da viga não seja inferior a (NBR 15200:2012).

Page 30: Estrutura de Concreto Armado em Situação de Incêndio. Uma

30

TABELA 3 – Dimensões mínimas para vigas biapoiadas a (NBR15200:2012)

TRRF [min] Combinações de bmin/c1 [mm/mm] bw,mín

[mm] 1 2 3 4

30 80/25 120/20 160/15 190/15 80

60 120/40 160/35 190/30 300/25 100

90 140/60 190/45 300/40 400/35 100

120 190/68 240/60 300/55 500/50 120

180 240/80 300/70 400/65 600/60 140

TABELA 4 – Dimensões mínimas para vigas contínuas ou vigas de pórticos a (NBR15200:2012)

TRRF [min] Combinações de bmin/c1 [mm/mm] bw,mín

[mm] 1 2 3 4

30 80/15 160/12 - - 80

60 120/25 190/12 - - 100

90 140/37 250/25 - - 100

120 190/45 300/35 450/35 500/30 120

180 240/60 400/50 550/50 600/40 140

Para vigas contínuas com TRRF 90min fica restrita a área de armaduras negativas do

centro do apoio e não podendo ser menor que:

(13)

onde,

= a distância entre a linha de centro do apoio e a seção considerada;

= a mínima área de armaduras negativas na seção localizada na distância ;

= a área de armaduras negativas calculadas conforme NBR 6118:2007;

= ao comprimento efetivo do vão da viga determinado conforme NBR 6118:2007.

Page 31: Estrutura de Concreto Armado em Situação de Incêndio. Uma

31

3.5.3 Método Simplificado de Cálculo

Este método, assim como o método tabular, é considerado um método simplista e é

baseado em algumas hipóteses:

1. (solicitação de cálculo em situação de incêndio) pode ser calculado conforme

apresentado no item 3.5.1;

2. Com base na distribuição de temperatura em sua seção transversal calcula-se o esforço

resistente de cálculo em situação de incêndio a partir de programas computacionais ou

literatura técnica, conforme as expressões abaixo para o fluxo de calor (NBR

15200:2012):

( ) [( ) ] (14)

onde,

= fluxo de calor devido à convecção, valor expresso em W/m².

= coeficiente de transferência de calor por convecção, podendo ter tomado, para

efeitos práticos, igual a 25 W/m² oC, no caso de exposição ao incêndio-padrão;

= a temperatura dos gases em oC;

= a temperatura da superfície do aço em oC;

= a emissividade resultante, podendo ser tomada, igual a 0,7 de acordo com a NBR

15200:2012.

3. Adota-se para o concreto e aço resistências médias em situação de incêndio. Pode-se

considerar certas reduções das seções das estruturas de concreto em situação de

incêndio, onde essa diminuição da seção é para se considerar a perda de resistência

dos materiais (NBR 15200:2012).

3.5.4 Método Avançado de Cálculo

Este método considera os seguintes aspectos:

1. Todas as combinações referentes a uma estrutura em situação de incêndio são

calculadas conforme NBR 8681:2003;

Page 32: Estrutura de Concreto Armado em Situação de Incêndio. Uma

32

2. Acrescentam-se os efeitos das deformações térmicas que são restringidas, onde o

cálculo desses esforços solicitantes deve ser realizado por modelos não lineares

capazes de considerar as redistribuição dos esforços que ocorrem em uma estrutura em

um sinistro;

3. Cálculo dos esforços resistentes com a distribuição da temperatura conforme TRRF;

4. Cálculo rigoroso das distribuições de temperatura e resistência considerando as não

linearidades conforme segundo item mencionado acima.

3.5.5 Método Experimental

De acordo com a NBR 5628:2001 – Componentes Construtivos estruturais – Determinação

da Resistência ao Fogo, este método justifica-se em ensaios apenas casos especiais em que a

resistência ao fogo seja superior à calculada de acordo com a NBR 15200:2012.

3.6 Considerações sobre a norma europeia - Eurocódigo 2 – parte 1-2

O Eurocódigo 2 – parte 1 – 2 é uma norma europeia e aplica-se a edifícios e outras obras

civis de concreto. Esta norma trata apenas dos requisitos de resistência, utilização,

durabilidade e resistência ao fogo em estruturas de concreto armado, aplicando-se a estruturas

que desempenham funções quando expostas ao fogo, por exemplo (NE 1992 – 1 – 2, 2010):

Impedimento do colapso prematuro da estrutura (função resistente);

Limitação da propagação do fogo.

Esta norma apresenta alguns princípios e regras gerais para aplicação de valores

tabelados e calculados na estrutura, tendo como objetivo cumprir requisitos especificados em

relação à função resistente e ao desempenho da mesma.

3.6.1 Valores Tabelados – Vigas

As Tabelas 5 e 6 são aplicadas às vigas que podem estar expostas em uma situação de

incêndio em três lados, ou seja, o lado superior ou qualquer outro lado conservando uma

função isoladora. Já para as vigas expostas aos quatro lados a altura da viga não poderá ser

inferior à largura mínima requerida pelas Tabelas 5 e 6. Área da seção transversal da viga

deverá ser inferior a duas vezes o quadrado da largura mínima da viga (NE 1992 – 1

– 2, 2010).

Page 33: Estrutura de Concreto Armado em Situação de Incêndio. Uma

33

Os valores apresentados nas Tabelas só poderão ser aplicados em casos das seção das vigas

serem conforme a Figura 14. Quando houver casos em que a largura é variável Figura 14(b) o

valor de refere-se ao nível de centro de gravidade das armaduras positivas. Já a altura

eficaz do banzo inferior de vigas I não deverá ser inferior a expressão abaixo, Figura

14(c) (NE 1992 – 1 – 2, 2010):

(15)

FIGURA 14 – Definição de dimensões para diferentes tipos de seção de viga (NE 1992 – 1 – 2,

2010)

No caso da Figura 15, esta regra não se aplica no caso de ser possível inscrever na seção real

uma seção transversal imaginária que obedeça os requisitos mínimos de resistência ao fogo.

No caso de o cobrimento para as armaduras do concreto devem ser

aumentadas conforme a expressão (NE 1992 – 1 – 2, 2010):

(

) (16)

onde,

= cobrimento;

= cobrimento efetivo.

Page 34: Estrutura de Concreto Armado em Situação de Incêndio. Uma

34

FIGURA 15 - Viga I com largura da alma variável satisfazendo os requisitos de uma seção

transversal imaginária (NE 1992 – 1 – 2, 2010)

Nos cantos inferiores das vigas ocorrem umas concentrações de temperatura e por

esse motivo o cobrimento entre as faces da viga e o eixo das armaduras de canto inferiores

deverá ser aumentada em 10 mm (NE 1992 – 1 – 2, 2010).

No caso de vigas simplesmente apoiadas os valores mínimos estipulados encontram-se

na Tabela 5.

TABELA 5 – Dimensões e distâncias mínimas ao eixo de vigas simplesmente apoiadas de concreto armado ou protendido (NE 1992 – 1 – 2, 2010)

R = TRRF [min]

Combinações de bw/a b,mín [mm]

1 2 3 4

30 80/25 120/20 160/15 190/15 80

60 120/40 160/35 190/30 300/25 100

90 140/60 190/45 300/40 400/35 100

120 190/68 240/60 300/55 500/50 120

180 240/80 300/70 400/65 600/60 140

No caso de vigas contínuas a Tabela 6 indica valores mínimos do eixo das armaduras à

face inferior e aos lados da viga. Porém estes valores só são validos se obedecerem as

seguintes indicações:

Manter respeito às regras construtivas aplicadas;

A redistribuição dos momentos de cálculo não exceder 15%.

Page 35: Estrutura de Concreto Armado em Situação de Incêndio. Uma

35

Caso contrário todas as vigas contínuas devem ser consideradas como vigas simplesmente

apoiadas (NE 1992 – 1 – 2, 2010).

Importante ressaltar que a Tabela 6 só será aplicada em vigas contínuas se a capacidade

de rotação dos apoios for suficiente para a situação de incêndio requerida. No caso de ainda

assim não obedecer tais indicações no item 3.6.2 Métodos de cálculo – sub-item A – (A1)

poderão basear-se em outros métodos de cálculos que possam ser mais rigorosos e precisos

para qualquer outro caso que se pretende analisar (NE 1992 – 1 – 2, 2010).

TABELA 6 – Dimensões e distâncias mínimas ao eixo de vigas contínuas de concreto armado ou protendido (NE 1992 – 1 – 2, 2010)

R = TRRF [min]

Combinações de bw/a b,mín [mm]

1 2 3 4

30 80/15 160/12 - - 80

60 120/25 190/12 - - 100

90 140/37 250/25 - - 100

120 190/45 300/35 450/35 500/30 120

180 240/60 400/50 550/50 600/40 140

Para a resistências ao fogo padrão superiores a R 90, a área das seção das armaduras

superiores em cada apoio deverá obedecer a uma distância médias de , medida a partir

do centro do apoio, logo a área mínima das armaduras superiores na seção a certa distância

do eixo do apoio considerado é de acordo com a expressão (NE 1992 – 1 – 2, 2010):

(

) (17)

onde,

= área mínima das armaduras superiores na seção , não inferior a ;

= área da seção das armaduras superiores necessárias no apoio;

= distância da seção considerada, com ;

= comprimento efetivo do vão.

Page 36: Estrutura de Concreto Armado em Situação de Incêndio. Uma

36

FIGURA 16 – Envolvente dos diagramas de momentos fletores resistentes de uma viga

contínua em situação de incêndio (NE 1992 – 1 – 2, 2010).

Legenda da Figura 16:

1. Diagrama de momentos fletores devido às ações em situação de incêndio quando t = 0;

2. Linha envolvente dos momentos fletores atuantes que serão equilibrados pela

armadura;

3. Diagrama de momentos fletores em situação de incêndio;

4. Linha envolvente dos momentos fletores resistentes conforme a expressão (17)

3.6.2 Métodos de Cálculo

O Eurocódigo 2 autoriza alguns métodos de cálculo, porém há algumas considerações

para estes métodos (NE 1992 – 1 – 2, 2010):

Evitar o lascamento (“spalling”) do concreto ou a sua influência deve ser considerada no

desempenho da estrutura;

Em geral se admite uma temperatura ambiente de 20 oC para função de isolamento

térmico.

A) Métodos de cálculo simplificados

Nas seções transversais das vigas poderão utilizar-se de métodos de cálculo simplificados

para se determinar a capacidade resistente última de uma peça de concreto armado em

situação de incêndio. Estes métodos são aplicáveis a estruturas sujeitas ao fogo padrão (NE

1992 – 1 – 2, 2010).

Page 37: Estrutura de Concreto Armado em Situação de Incêndio. Uma

37

No ANEXO C são apresentados os perfis de temperatura de diversas vigas expostas ao

fogo no instante em que se atinge a temperatura máxima dos gases, onde estes ábacos

determinam as temperaturas de peças com agregados silicosos.

A.1) Método de cálculo simplificado para vigas

Este método é considerado quando as cargas são unicamente distribuídas e os cálculos à

temperatura normal se basearem em uma análise linear. As dimensões mínimas especificadas

nas Tabelas 5 e 6 não devem ser reduzidas, porém no caso das vigas contínuas,

especificamente nas zonas de momentos negativos, não será válido este método se a largura

ou forem inferiores a 2 cm, altura inferior a 2b, em que é indicado na coluna 5

da Tabela 5 (NE 1992 – 1 – 2, 2010).

B) Método de cálculo avançado

Estes métodos buscam uma análise realista da estrutura em situação de incêndio,

aproximando-se de um modelo viável do comportamento da estrutura baseando-se no

comportamento físico dos materiais. Os métodos avançados devem incluir a distribuição da

temperatura no interior dos elementos estruturais e o comportamento mecânico dos mesmos.

Logo se obterão duas respostas para este tipo de cálculo: as de ações térmicas e as de

respostas mecânicas (NE 1992 – 1 – 2, 2010).

Page 38: Estrutura de Concreto Armado em Situação de Incêndio. Uma

38

4 MÉTODOS E RESULTADOS

Em uma situação de incêndio em concreto armado a estrutura deve obedecer pelo menos

dois requisitos mínimos: de estanqueidade e isolamento, que devem ser obedecidos a fim de

garantir a segurança de fuga e combate do incêndio sem que ocorra o colapso da estrutura. O

primeiro passo em uma análise de um sinistro é saber os critérios de tempos requeridos de

resistência ao fogo (TRRF) que são especificados na NBR 14432:2001.

O edifício analisado trata-se de um edifício residencial, dimensionado em concreto armado,

possui 7 andares tipo e 20,5 metros de altura.

Tratando-se de um edifício residencial, o TRRF deverá ser determinado conforme a

TABELA 01. Consultando-a se concluirá que a edificação se enquadrará no Grupo A, Divisão

A-1 a A-3. Seguindo a classificação na mesma tabela, em função da altura da edificação que é

20,5 metros, a mesma será classificada como Classe P3, portanto o TRRF da estrutura

avaliada é de 60 min.

Assim, facilmente obtém-se a temperatura dos gases quentes do compartimento em

chamas no ambiente em que está acontecendo o sinistro quando já tiverem se passado 60

minutos de um incêndio padronizado. O cálculo poderá ser feito utilizando-se diretamente a

expressão 01 ou arbitrando-se valores ao gráfico do incêndio padrão (FIGURA 04).

Assim obtem-se as temperaturas dos gases no incêndio padrão:

TRRF 30

TRRF 60

TRRF 90

TRRF 120

TRRF 180

Page 39: Estrutura de Concreto Armado em Situação de Incêndio. Uma

39

4.1 Descrição do projeto

Neste trabalho analisou-se uma viga (Figura 17), sofrendo

acréscimo de temperatura devido a ocorrência de um incêndio em seus 3 lados expostos.

FIGURA 17 – Viga 5a e 5b do primeiro pavimento da estrutura

Com os dados do concreto, armaduras, cobrimento (Figura 18) e geometria da viga (Figura

17) consegue-se estimar alguns dados que serão importantes para esta análise, como por

exemplo: o momento resistente de cálculo, momento solicitante de cálculo e áreas efetivas das

armaduras da parte tracionada e comprimida

FIGURA 18 – Notas de projeto da viga

Page 40: Estrutura de Concreto Armado em Situação de Incêndio. Uma

40

Através dos cálculos de dimensionamento de uma viga retangular sem armadura de

compressão, pode-se calcular os momentos citados acima fazendo uma análise inversa dos

dados que foram disponibilizados.

O primeiro passo é encontrar o momento resistente de cálculo limite em temperatura

ambiente pela expressão:

(18)

onde,

= base da viga = 14 cm;

= altura útil da viga, que depende da altura da viga, cobrimento e bitola da armadura;

= resistência a compressão de cálculo, função do e .

O segundo passo consiste na obtenção da relação pela expressão:

(

) (19)

onde,

= área da armadura tracionada dada no projeto;

= resistência de cálculo da armadura, função do e .

Por motivos de simplificação adota-se , logo obtém-se para então substitui-lo na

expressão abaixo para obtenção do .

(20)

Com estes passos de cálculo consegue-se estimar que será igualado a

à temperatura ambiente, adotando oC para temperatura ambiente.

Abaixo segue tabela com os dados de cálculo do .

Page 41: Estrutura de Concreto Armado em Situação de Incêndio. Uma

41

TABELA 7 – Tabela de dimensionamento da viga à temperatura ambiente ( ;

).

θc (°C) - temp. ambiente 20

As total [cm²] 3,14

h [cm] 50,00

bw [cm] 14,00

fck [kN/cm²] 2,50

kcθ 1,00

fcd [kN/cm²] 1,79

fyk [kN/cm²] 50,00

ksθ 1,00

fyd [kN/cm²] 43,48

C [cm] 2,50

φ armad prin [cm] 1,00

d [cm] 47,00

MRd1,lim [kN.cm] 15.021,20

Adotando βs = 1

βx 0,171

xc (altura da Linha Neutra) 8,03

Adotando MSd = MRd1

MSd [kN.cm] 5.980,62

Foram desprezados todos os esforços decorrentes de deformações térmicas, por serem

muito reduzidos e pelas grandes deformações plásticas que ocorrem em situação de incêndio

de acordo com a NBR 15200:2012. Logo, a ação do incêndio se traduz na redução da

capacidade de resistência dos elementos estruturais que pode ser aplicado pela expressão 10.

Como não foi fornecida nenhuma informação adicional a respeito do carregamento e

construção da viga de análise, então foi realizada uma estimativa de carregamento

desconsiderando as cargas das lajes na viga, admitindo as propriedades de cada material do

processo construtivo. Tais valores encontram-se na Tabela 8:

Page 42: Estrutura de Concreto Armado em Situação de Incêndio. Uma

42

TABELA 8 - Tabela de estimativa dos momentos da viga à temperatura ambiente ( °C;

°C) e em situação de incêndio ( ; ) admitindo as propriedades dos materiais de

construção.

(ELU) 20°C

Incêndio

ɣg 1,4 1,4

ɣq 1,4 1,4

Msd, 20 (°C) [kN.cm] 5.980,62 5.981,62

L - vão da viga [m] 4,03 4,03

ɣ tijolo furado [kN/m³] 13,00 13,00

e - tijolo [m] 0,14 0,14

ɣ revest. [kN/m³] 21,00 21,00

e - revest. [m] 0,03 0,03

ɣ concreto [kN/m³] 25,00 25,00

b viga [m] 0,14 0,14

h viga [m] 0,50 0,50

h parede [m] 2,90 2,90

carga,k total,p [kN/m] 8,855 8,855

Nk [kN/m] 21,04 21,04

gk [kN/m] 8,855 8,855

qk [kN/m] 12,19 12,19

Sd,20 (°C) [kN/m] 29,46 -

ψ2 - 0,30

Redutor,fi - 0,70

Sd,fi [kN/m] - 15,98

Msd,fi [kN.cm] - 3.244,15

onde,

Msd, 20 (°C) = momento solicitante de cálculo à temperatura ambiente [kN.m];

ɣ tijolo furado = peso específico do tijolo utilizado na construção [kN/m³];

ɣ revest. = peso específico do revestimento utilizado [kN/m³];

ɣ concreto = peso específico do concreto utilizado na betonagem da viga [kN/m³];

e = espessura do material utilizado [cm];

carga,k total,p = carga característico total permanente [kN/m];

Nk = carga característica solicitante na viga [kN/m];

Sd,20 (°C) = carga de cálculo da viga à temperatura ambiente [kN/m];

Sd,fi = carga de cálculo da viga em situação de incêndio [kN/m];

Msd,fi = momento solicitante de cálculo da viga em situação de incêndio [kN.cm].

Page 43: Estrutura de Concreto Armado em Situação de Incêndio. Uma

43

ψ2 = fator de redução de combinação.

Nota-se que há uma redução do momento solicitante de cálculo em situação de incêndio

para o momento solicitante de cálculo à temperatura ambiente de cerca de

45%. A NBR 15200:2012 dá como alternativa, na ausência de qualquer solicitação de cálculo,

considerar , ou seja, uma diferença de 15% do valor encontrado neste

trabalho, que pode ser justificado pelo fato de se ter desconsiderado as cargas das lajes na

viga.

Lembrando que a ação principal é o fogo, então na expressão 10 multiplica-se 0,7 ao fator

de redução [ψ2] (NBR 15200:2012).

4.2 Fluxo de calor na viga de acordo com o Método Simplificado da NBR15200:2012

Sabe-se que o princípio de um incêndio é a transmissão de calor. Quando se inicia uma

chama em um ambiente com alta carga de incêndio obviamente, se não houver nenhuma

intervenção no incêndio, essa chama irá se alastrar e causar danos à estrutura. Com o

aumento da chama, aumenta-se a temperatura dos gases na atmosfera do ambiente,

desenvolvendo-se fluxos de calor.

Haverá entre as chamas e o ambiente externo transferências de calor que podem ser

estimadas conforme a expressão abaixo que estima o fluxo por convecção e radiação:

( ) [( ) ] (21)

onde,

= componente do fluxo devido à convecção;

= componente do fluxo devido à radiação;

= coeficiente de transferência de calor à convecção, adota-se 25 W/m²°C;

= emissividade resultante, adota-se 0,7 de acordo com NBR 15200:2012;

= temperatura dos gases [°C];

= temperatura na superfície da armadura [°C].

Page 44: Estrutura de Concreto Armado em Situação de Incêndio. Uma

44

Seguindo os cálculos, outra propriedade térmica preponderante para o cálculo das

curvas de temperatura no interior da viga é a condutividade térmica, que é dada pela

expressão:

(

) (22)

Agora, simplesmente basta variar a temperatura do concreto e se obterá a condutividade

térmica em [W/m(°C)] conforme se observa na Tabela 9.

TABELA 9 – Tabela dos valores da condutividade térmica do concreto variando conforme a

temperatura do concreto

(°C) λ [W/m°C]

0 1,360

20 1,333

100 1,230

200 1,111

300 1,003

400 0,907

500 0,823

600 0,749

700 0,687

800 0,637

900 0,598

1000 0,570

1100 0,554

1200 0,549

De forma simplificada, adota-se a condutividade térmica do concreto à temperatura

ambiente, neste caso . Tal valor adotado é a favor da segurança, pois o

concreto a 20°C tem uma alta condutividade, fator que se desencadeará em um maior fluxo

energético na peça de concreto e consequentemente garantirá uma maior variação de

temperatura em um menor intervalo de tempo causando uma maior velocidade na redução da

resistência da peça, podendo assim verificar a viga em seu pior caso.

Na Figura 19 segue um gráfico que representa a perda da condutividade do concreto em

função do aumento da temperatura.

Page 45: Estrutura de Concreto Armado em Situação de Incêndio. Uma

45

FIGURA 19 – Gráfico do decréscimo da condutividade térmica do concreto em função do

aumento da temperatura

Portanto, variando a temperatura dos gases e a temperatura da armadura consegue-se

estimar o fluxo de calor a que estará exposta a viga. Uma simplificação importante é que será

considerado que não haverão perdas de energia no processo, ou seja, todo fluxo de convecção

e radiação gerado pelo incêndio será absorvido pela viga. Assim pode-se igualar a

expressão 21 com a equação 03, obtendo-se uma nova expressão onde a incógnita será a

espessura necessária para variar a temperatura em função do fluxo de energia já calculado.

(23)

onde,

= espessura necessária para variar a temperatura em [m]

= variação da temperatura [°C].

A Tabela 10 abaixo representa a aplicação das expressões (21), (22) e (23) para se

estimar a espessura necessária para variar a temperatura em um dado fluxo de energético.

Page 46: Estrutura de Concreto Armado em Situação de Incêndio. Uma

46

TABELA 10 – Obtenção da espessura necessária para variação de temperatura ∆θ, utilizando a condutividade do concreto constante à temperatura ambiente

θg (°C) θa (°C) ∆θ = θg-θa ϕ

[W/m²°C] λ 20 [W/m°C] ∆x (cm)

∆x acum (cm)

20 20 0 - - - -

100 20 80 483,08 1,333 22,08 49,43

200 100 100 1.227,55 1,333 10,86 27,35

300 200 100 2.301,07 1,333 5,79 16,49

400 300 100 3.872,77 1,333 3,44 10,70

500 400 100 6.037,92 1,333 2,21 7,26

600 500 100 8.891,77 1,333 1,50 5,05

700 600 100 12.529,57 1,333 1,06 3,55

800 700 100 17.046,59 1,333 0,78 2,48

900 800 100 22.538,08 1,333 0,59 1,70

1000 900 100 29.099,29 1,333 0,46 1,11

1100 1000 100 36.825,49 1,333 0,36 0,65

1200 1100 100 45.811,92 1,333 0,29 0,29

Fazendo uma breve análise da TABELA 10, observa-se na linha com temperatura dos

gases θg (°C) = 800 que a espessura acumulada ∆x acum = 2,48 cm, é muito próxima do

cobrimento das armaduras da viga.

Logo, as linhas de temperatura da parte tracionada de uma viga com 14 cm de base são

apresentadas na Figura 20 em função da espessura calculada na Tabela 10.

Page 47: Estrutura de Concreto Armado em Situação de Incêndio. Uma

47

Figura 20 – Linhas de temperatura da viga abaixo da linha neutra [bw = 14cm; h = 50cm; x =

8,03cm]; condutividade constante do concreto.

Através dos resultados da Tabela 10 e da Figura 20, pode-se observar que a temperatura

das armaduras variam em função do cobrimento da viga, assim se mantiver o cobrimento

constante a temperatura das armaduras se manterão constantes. Logo através da variação da

geometria da viga, se obterá variação da temperatura média do concreto.

No ANEXO A encontram-se as figuras de outras vigas com as linhas de temperatura

traçadas em função da temperatura dos gases na face externa da viga e da temperatura média

do concreto.

Page 48: Estrutura de Concreto Armado em Situação de Incêndio. Uma

48

4.3 Análise da região comprimida do concreto

Com a evolução do incêndio, o comportamento da viga na região comprimida é variável

(Figura 25), mantendo-se constantes apenas a altura da viga (h = 50 cm), base da viga (bw =

14cm), altura útil da viga (d = 47cm) e o momento solicitante de cálculo que pode assumir dois

valores: à temperatura ambiente e em situação de incêndio

.

FIGURA 25 – Vista transversal e longitudinal – Comportamento da viga à flexão simples sob

influência do aumento da temperatura

Com o acréscimo da temperatura do incêndio em um ambiente o concreto não possuirá a

mesma taxa de variação de temperatura conforme os gases do local, pois ele possuirá uma

certa resistência à esse acréscimo instantâneo de temperatura. Essa resistência se resume nas

propriedades térmicas do concreto que foram discutidas no item 4.1.

O critério adotado para cálculo das temperaturas médias do concreto na área comprimida

foram: primeiramente se calculou a altura limite de compressão do concreto nas diversas

fases de acréscimo da temperatura do incêndio, após essa etapa se obteve as linhas de

temperatura das seções (ANEXO A) com primeira variação de 280°C, onde o ponto de partida

foi o da temperatura ambiente 20°C até se conseguir 300°C, então a partir desta temperatura

adotou-se temperatura variando de 100°C até se atingir 1200°C. Então, por um média

ponderada se obtiveram as temperaturas médias do concreto na área comprimida.

Page 49: Estrutura de Concreto Armado em Situação de Incêndio. Uma

49

O comportamento da Linha Neutra (LN) varia de acordo com a perda de resistência do

concreto e da armadura.

Quando a temperatura do concreto começa a aumentar ele começará a apresentar

reduções da sua resistência quando atingir temperaturas acima de 100°C. Já a armadura,

começará a apresentar reduções de resistência quando atingir temperaturas acima de 400°C.

Logo, um fato interessante que ocorre no comportamento da viga é quando ela está entre as

temperaturas de 100°C e 400°C. Neste intervalo, a partir dos 100°C, a LN começa a aumentar

sua altura em relação ao banzo superior até o concreto atingir temperatura média de cerca de

315°C, sabe-se que esta temperatura é a média no interior da peça e que as armaduras estão

próximas da face externa e são protegidas apenas por um cobrimento, que no caso desta viga

é de 2,5 cm, então a temperatura das armaduras será maior que a média da temperatura do

concreto comprimido, ou seja, quando o concreto atingir temperatura de 315°C a temperatura

média dos gases será de 505°C e a temperatura das armaduras serão de 400°C.

Para que haja o equilíbrio interno da peça, a força de tração da armadura (Rsd) tem que

ser igual à força de compressão do concreto (Rcd), e Rsd, como já discutido, não terá perda de

rigidez até atingir 400°C. Então, a LN aumenta sua altura para que possa comportar uma maior

área de compressão do concreto para que ocorra novamente o equilíbrio. Assim, com o

aumento da temperatura dos gases devido ao incêndio a tendência é que aumente ainda mais

a sua temperatura aumentando a temperatura média do concreto e da armadura, dando início à

perda de rigidez da armadura.

Quando as armaduras atingem a temperatura de 400°C, elas começam a perder

resistência, e então passam a trabalhar com fator de redução de resistência menores do

que 1. Com isso, Rsd começa a diminuir e para que se mantenha o equilíbrio a LN é forçada a

reduzir sua altura.

A Figura 21 abaixo apresentará essa diferença da taxa de crescimento da temperatura em

função do momento resistente limite de cálculo e do momento solicitante de cálculo à

temperatura ambiente e em situação de incêndio.

Page 50: Estrutura de Concreto Armado em Situação de Incêndio. Uma

50

FIGURA 21 – Gráfico dos momentos fletores (momento resistente limite de cálculo e momento

solicitante de cálculo da viga) em função datemperatura.

A Figura 22 abaixo apresenta o gráfico da variação da tensão de compressão no concreto

em função da temperatura.

FIGURA 22 – Tensões de compressão na viga

Page 51: Estrutura de Concreto Armado em Situação de Incêndio. Uma

51

FIGURA 23 – Comportamento da Linha Neutra e da altura de compressão da viga (y)

À temperatura ambiente, o limite de encurtamento máximo do concreto é definido como

sendo 3,5‰, porém este valor será variável com o aumento da temperatura, podendo o

concreto adquirir encurtamento superiores a este de acordo com a NBR 15200:2012. Já a

tensão na área comprimida à temperatura ambiente será: , porém em situação

de incêndio não será necessária a utilização do coeficiente 0,85, conforme especifica o item 8.4

da NBR 15200:2012, para a obtenção da tensão da área comprimida (Figura 22).

O comportamento da deformação do concreto na área comprimida foi admitido como

sendo a deformação linear última, utilizada de acordo com a variação da Tabela do ANEXO B

da NBR 15200:2012. Abaixo segue Tabela 11 de variação da deformação do concreto em

função da temperatura.

TABELA 11 – Tabela da deformação linear última do concreto em função acréscimo da

temperatura média do concreto da área comprimida da viga (NBR 15200:2012).

θc,média (°C) εcu,θ (%) 20 2,00

100 2,25

200 2,50

300 2,75

400 3,00

Page 52: Estrutura de Concreto Armado em Situação de Incêndio. Uma

52

500 3,25

600 3,50

700 3,75

800 4,00

900 4,25

1000 4,50

1100 4,75

1200 -

4.4 Análise pelo método tabular da NBR 15200:2012

No método tabular, tratando-se de análises de vigas, há duas tabelas: a de vigas

simplesmente apoiadas e a de vigas contínuas. Neste trabalho se verificará uma viga contínua

em concreto armado de um pavimento de um edifício habitacional com TRRF 60 conforme já

especificado.

Através da dimensões da base e cobrimento entra-se na TABELA 04 com a

combinação , onde , para TRRF 60 e verificam-se se as dimensões mínimas

estão obedecendo o mínimo estipulado pela norma.

Para projetos com TRRF 90 ou maiores deve-se verificar o comprimento das armaduras

negativas. Este projeto mesmo sendo TRRF 60 obedece esta verificação, onde o comprimento

das armaduras negativas tem que obedecer um limite mínimo do apoio até do vão da

viga.

De acordo com a verificação pelo método tabular a viga apresenta bom resultado,

obedecendo o cobrimento que a norma exige. Na Tabela 12 abaixo verifica-se a viga em

função do TRRF que já foi pré-estabelecido.

TABELA 12 – Dimensões mínimas para vigas contínuas de acordo com o método tabular (NBR 15200:2012)

Combinações de bmin/C [mm/mm]

TRRF [min] Viga analisada bmin

30 80 / 15 140 / 25 160 / 12 80

60 120 / 25 140 / 25 190 / 12 100

90 140 / 37 140 / 25 250 / 25 100

Page 53: Estrutura de Concreto Armado em Situação de Incêndio. Uma

53

5 DISCUSSÃO

5.1 Análise da segurança do método proposto de cálculo

A viga verificada neste trabalho se mostrou eficiente, como representada no gráfico da

Figura 21. Os momentos solicitantes de cálculo em situação de incêndio se mostraram

inferiores aos momentos de cálculos resistentes limites para um TRRF de 60 minutos.

Foram desconsideradas as cargas das lajes nas vigas, porém desconsidera-las teve a

consequência de que o momento solicitante de cálculo ficou abaixo do esperado em cerca de

15% ou até mais dependendo das cargas que seriam aplicadas. Salienta-se que a NBR

15200:2012 aconselha reduzir em 30% o momento solicitante de cálculo à temperatura

ambiente para que se obtenha o momento de cálculo em situação de incêndio

quando não se tem nenhuma informação do carregamento da estrutura.

Apesar da decisão de não se considerar as cargas das lajes não ter sido a favor da

segurança há algumas considerações que retomam a verificação para o caminho da

segurança.

FIGURA 24 – Viga com a laje e sem a laje – Efeito da temperatura na parte comprimida da viga

Page 54: Estrutura de Concreto Armado em Situação de Incêndio. Uma

54

A Figura 24 apresenta a influência da laje na análise da viga em situação de incêndio.

Foi considerado para a análise da viga a solução sem a laje. Esta hipótese está a favor da

segurança, pois quando se analisa a viga com a laje a temperatura da viga irá se distribuir na

laje também, fato que irá diminui a temperatura média do concreto comprimido na área A1

(Figura 24).

A consequência de se admitir a viga sem a laje é que irá se dimensionar a viga na sua

pior situação, pois será como se a área A2 (Figura 24) também estivesse exposta diretamente

ao incêndio, logo a temperatura média do concreto comprimido em A2 será maior que em A1.

Além disso a condição da laje aumentaria a área de concreto comprimida a ser considerada no

dimensionamento.

Foi considerado que não haverá perdas de energia no ambiente do incêndio, ou seja,

toda a energia gerada no incêndio será absorvida pela viga. Então, como toda essa energia

gerada é transmitida na forma de fluxo energético de convecção e radiação, foram igualadas as

expressões de fluxo convectivo e radioativo com os de condução. Situação que é a favor da

segurança, pois geralmente em edifícios, há grande fluxo convectivo dos gases de alta

temperatura com o ambiente externo que está à temperatura ambiente, logo observa-se que só

uma porcentagem desta energia será realmente absorvida pela viga (COELHO, 2010).

Para o cobrimento da viga não foi considerada a bitola do estribo, logo a armadura da

viga está exposta a um fluxo energético acima do real, fator que se soma à segurança da

análise térmica da viga.

5.2 Análise Térmica

As curvas de temperatura da viga encontradas neste trabalho estão apresentadas no

ANEXO A.

Comparando as curvas deste trabalho com as encontradas na Tese da Dr(a) Carla Neves

Costa pelo software SuperTempCalc e as da norma europeia.

Page 55: Estrutura de Concreto Armado em Situação de Incêndio. Uma

55

FIGURA 25 – Linhas de temperatura da viga (bw = 14cm; h = 50cm) TRRF 60

FIGURA 26 – Linhas de temperatura da viga bw = 14cm e h = 50cm (COSTA, 2008)

Page 56: Estrutura de Concreto Armado em Situação de Incêndio. Uma

56

Comparando as linhas de temperatura da Figura 25 com as linhas de temperatura da

Figura 26, com as armaduras apresentando o mesmo cobrimento de 2,5 cm, observa-se que

elas estão entre as linhas de 500°C e 700°C, com a linha de 600°C cruzando-as em certos

pontos. Para melhor visualização das linhas de temperatura da Figura 26, recorrer ao ANEXO

B.

No ANEXO C estão as linhas de temperatura da norma europeia, Eurocódigo 2 – parte 1-2,

1992. Os resultados também apresentam-se satisfatórios quando se comparam as linhas de

temperatura da viga TRRF 60 deste trabalho com as linhas traçadas na norma europeia. Na

Figura 42b (ANEXO C) estão traçadas as linhas de uma viga bw = 16cm e h = 30cm,

dimensões próximas da viga analisada neste trabalho. Seguindo a análise observa-se que se

esta viga tivesse armaduras com cobrimento de 2,5 cm, as armaduras desta estariam entre as

linhas de temperatura de 600°C e 700°C, similar aos apresentados neste trabalho e no trabalho

de COSTA, 2008.

FIGURA 27 - – Linhas de temperatura da viga (bw = 14cm; h = 50cm) TRRF 90

Page 57: Estrutura de Concreto Armado em Situação de Incêndio. Uma

57

FIGURA 28 - Linhas de temperatura da viga bw = 14cm e h = 50cm (COSTA, 2008)

As viga da Figura 27, TRRF 90, calculada neste trabalho pelo método simplificado

apresentam diferenças nas linhas de temperatura quando comparadas com as curvas traçadas

por Costa (2008) e pela norma europeia. Nesta figura observa-se que as armaduras estão

localizadas entre as linhas de 600°C e 700°C.

Na Figura 28 manteve-se o mesmo cobrimento da viga TRRF 60. As armaduras neste

caso estão localizadas entre as linhas de 700°C e 800°C.

De acordo com a norma europeia, as linhas de temperatura das vigas TRRF 90 (ANEXO

C), se for mantido o mesmo cobrimento estarão dentro das linhas de temperaturas de 700°C e

800°C. Porém todas as apresentadas no ANEXO C possuem bases maiores que as analisadas

neste trabalho. Logo recorrendo ao método tabular para vigas contínuas da NBR 15200:2012

ou do Eurocódigo 2 – parte 1-2 que são idênticas, temos:

Viga da Figura 43a → b = 16cm; h = 30cm c1 = 3,5cm;

Viga da Figura 44b → b = 30cm; h = 60cm c2= 2,5 cm;

Viga da Figura 46a → b = 50cm; h = 80cm c3 = 2,5 cm.

Page 58: Estrutura de Concreto Armado em Situação de Incêndio. Uma

58

Logo, para a viga da Figura 43 a temperatura coerente a se buscar no ábaco será para o

cobrimento de 34,82mm. E para as vigas das Figuras 44b e 46a se manterá a análise com

cobrimento de 2,5 cm.

Assim, a linha de temperatura das armaduras para a viga da Figura 48a estará

interceptando a linha de 700°C. Já a faixa de temperatura das armaduras da Figura 49b será

entre as linhas de 700°C e 800°C. Por fim as armaduras da Figura 51a estarão interceptando

as linha de temperatura de 800°C.

5.3 A análise da viga pelo método tabular

Para a viga contínua TRRF 60 discutida neste trabalho o método tabular se mostrou suficiente,

podendo até fazer uma certa diminuição do cobrimento das armaduras para o limite de 21,3

mm, pois o cobrimento de 25 mm é satisfeito para um viga de base 12 cm, logo chega-se que

ao valor limite anteriormente citado de 21,3 mm de acordo com a Tabela 4, assim

consequentemente ganhando altura útil para a viga e aumentando o seu momento resistente

limite máximo.

Porém se a viga fosse TRRF 90 o cobrimento deveria ser aumentado para 3,7 cm,

admitindo os mesmos cálculos adotados no parágrafo anterior e conforme Tabela 4, logo

ocobrimento atual não seria suficiente para este tempo de resistência. Então a viga deveria

passar por um processo de redimensionamento.

Page 59: Estrutura de Concreto Armado em Situação de Incêndio. Uma

59

6 CONCLUSÕES

Com os modelos matemáticos de incêndio disponíveis, foi apresentado o projeto estrutural

de segurança contra incêndios nos edifícios. Apresentando-se os efeitos de calor sobre os

materiais, o comportamento específico das estruturas de concreto em situação de incêndio e os

métodos de dimensionamento disponíveis na literatura técnica internacional.

De acordo com o Método Simplificado a viga analisada suportou o TRRF 60, TRRF 90 e

TRRF 120 sinalizando bom desempenho estrutural, lembrando que não foi considerada

redistribuição dos esforços. Porém, de acordo com o Método Tabular o cobrimento se torna

insuficiente a partir do TRRF 90, o que se verifica conservador comparado ao método

simplificado de cálculo.

Todas as considerações para se propor este método simplificado de análise de uma viga

sob flexão simples em situação de incêndio, foram primeiramente pensadas na segurança à

vida assegurada pela segurança das estruturas.

Toda a região do concreto comprimida comportou-se bem com o acréscimo da

temperatura, com βx atingindo valor máximo de 0,204, ou seja, no momento em que a linha

neutra estava com maior altura em relação ao banzo superior, foi quando a relação da altura

linha neutra em relação ao banzo superior pela altura efetiva assumiu este valor, longe do valor

limite que é de 0,5 para concreto com resistências inferiores a 35 MPa. Assim pode-se dizer

que a ductilidade da viga foi mantida em todo o incêndio.

A análise numérica permitiu desenvolver perfis de temperatura de seções de vigas usuais

nas construções civis brasileiras, considerando as propriedades físicas do concreto estrutural

recomendadas por normas nacionais, para permitir a avaliação da capacidade resistente.

Portanto tais análises térmicas realizadas permitiram uma avaliação mais precisa da

resistência ao fogo de seções de concreto armado de elementos sujeitos à flexão simples,

projetados segundo a NBR 6118:2007, segundo os critérios de isolamento térmico e

estabilidade a um incêndio padrão.

Page 60: Estrutura de Concreto Armado em Situação de Incêndio. Uma

60

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8681 Ações e Segurança nas

Estruturas - Procedimento. Rio de Janeiro, 2003. 15 p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5628 Componentes

Construtivos estruturais – Determinação da Resistência ao Fogo. Rio de Janeiro, 2001.

13 p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14432 - Exigências de

Resistencia ao Fogo de Elementos Construtivos de Edificações – Procedimento. Rio

de Janeiro, 2001.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15200 Projeto de Estruturas

de Concreto em Situação de Incêndio. Rio de Janeiro, 2012. 48 p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118: Projeto de Estruturas

de Concreto – Procedimento. Rio de Janeiro, 2003. 223 p.

BACARJI, E. Análise de estruturas de edifícios: projeto de pilares. Dissertação de

Mestrado, Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo. 1993.

BARROSA, M. R; Princípios fundamentais da transferência de calor. 2004. 48f.

Departamento de Engenharia Naval e Oceânica.

BASTOS, P. S. Fundamentos do concreto armado. Notas de aula, fundamentos do concreto

armado. UNESP- Campus Bauru-SP. 2006.

COELHO, A. L. Incêndios em edifícios. Editora Orion, primeira edição – outubro de 2010.

COSTA, C. N. Dimensionamento de elementos de concreto armando em situação de

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COSTA, C. N; RITA, I. A. et al. Princípïos do “método dos 500 oC” aplicados no

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Congresso Brasileiro do Concreto. 2004.

COSTA, C. N; SILVA, V. P. Considerações sobre a segurança das estruturas de concreto

em situação de incêndio. NATAU, 2004.

COSTA, C. N.; SILVA, V. P. Dimensionamento de estruturas de concreto armado em

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EUROCÓDIGO 2 – Projeto de estrutura de concreto. Parte 1 – 2: Regras gerais –

Verificação da resistência ao fogo. 2010.

INACIO, P. J. Evolução da temperatura ambiente em construções sujeitas ao fogo.

Dissertação de Mestrado, Universidade Nova de Lisboa, 2011.

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METHA, P. K; MONTEIRO, P. J. M. Concreto: estrutura, propriedades e materiais. Pini,

1994. p573.

MORSCH, E. Teoría y práctica del hormigón armado. Trad. COMPANY, M. Barcelona:

Editora Gustavo. 1948. 476p

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8 ANEXOS

ANEXO A

Os ábacos das linhas de temperatura abaixo foram calculados segundo a NBR 15200:2012

e a teoria das transferências de calor, sendo programadas as equações no Excel e os

desenhos dos perfis executados no Auto-Cad.

Ao lado do perfil de temperatura há uma tabela que apresenta algumas características da

viga analisada à temperatura θ.

onde,

θg [°C] Temperatura dos gases na face externa da viga

y,fi [cm] Altura da área comprimida da viga

Ac,c,fi [cm²] Área comprimida da viga

θc,média,fi [°C] Temperatura média da area comprimida da viga

θs,fi [°C] Temperatura da armadura tracionada

Msd,fi [kN.cm] Momento solicitante de cálculo em situação de incêndio

MRd1,lim,fi [kN.cm] Momento resistente de cálculo em situação de incêndio

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FIGURA 29 – Linhas de temperatura da viga, apresentando área comprimida de concreto [bw =

14cm; h = 50cm]; condutividade constante do concreto. Temp. dos gases = 300 oC

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FIGURA 30 - Linhas de temperatura da viga, apresentando área comprimida de concreto [bw =

14cm; h = 50cm]; condutividade constante do concreto.Temp dos gases = 400 oC

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FIGURA 31 - Linhas de temperatura da viga, apresentando área comprimida de concreto [bw =

14cm; h = 50cm]; condutividade constante do concreto.Temp dos gases = 500 oC

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FIGURA 32 - Linhas de temperatura da viga, apresentando área comprimida de concreto [bw =

14cm; h = 50cm]; condutividade constante do concreto.Temp dos gases = 600 oC

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FIGURA 33 - Linhas de temperatura da viga, apresentando área comprimida de concreto [bw =

14cm; h = 50cm]; condutividade constante do concreto.Temp dos gases = 700 oC

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FIGURA 34 - Linhas de temperatura da viga, apresentando área comprimida de concreto [bw =

14cm; h = 50cm]; condutividade constante do concreto.Temp dos gases = 800 oC

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FIGURA 35 - Linhas de temperatura da viga, apresentando área comprimida de concreto [bw =

14cm; h = 50cm]; condutividade constante do concreto.Temp dos gases = 900 oC

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FIGURA 36 - Linhas de temperatura da viga, apresentando área comprimida de concreto [bw =

14cm; h = 50cm]; condutividade constante do concreto.Temp dos gases = 1000 oC

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FIGURA 37 - Linhas de temperatura da viga, apresentando área comprimida de concreto [bw =

14cm; h = 50cm]; condutividade constante do concreto.Temp dos gases = 1100 oC

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FIGURA 38 - Linhas de temperatura da viga, apresentando área comprimida de concreto [bw = 14cm; h = 50cm]; condutividade constante do concreto.Temp dos gases = 1200 oC

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ANEXO B

Esta análise térmica abaixo foi realizada na Tese de Doutorado da Dra. Carla Neves

Costa em 2008 pela Universidade de São Paulo. Interessante notar que as dimensões das

vigas de análise deste trabalho de conclusão de curso são idênticas a algumas das vigas

analisadas na Tese da Dra. Carla N. Costa, 2008.

FIGURA 39 – Linhas de temperatura da seção de uma viga [bw = 14cm; h = 50cm], sujeita a

um incêndio padrão de 120 minutos (COSTA, 2008)

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ANEXO C

Os ábacos do ANEXO C foram retirados do Eurocódigo 2 – parte 1-2 e baseiam-se no

calor específico do concreto, condutividade, emissividade da superfície e coeficiente de

convecção.

Todas as linhas de temperaturas foram determinadas através de ensaios.

Os ábacos estão em função do tempo requerido de resistência ao fogo (TRRF), porém no

Eurocódigo a nomenclatura do TRRF = R.

FIGURA 40 – Superfície da seção transversal para a qual são apresentados os ábacos com as linhas de temperatura

Legenda: 1 – Superfície da linha de temperatura; 2 – Seção transversal total.

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FIGURA 41

FIGURA 42

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FIGURA 43

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FIGURA 44

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FIGURA 45

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FIGURA 46