estresse e estratÉgias de enfrentamento em professores de ...siaibib01.univali.br/pdf/vanessa...

39
1 UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE PSICOLOGIA ESTRESSE E ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO EM PROFESSORES DE ESCOLAS PÚBLICAS DE ITAJAÍ VANESSA WERNER CABRAL Itajaí, (SC) 2009

Upload: doanh

Post on 07-Feb-2019

214 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: ESTRESSE E ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO EM PROFESSORES DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Vanessa Werner Cabral.pdf · ambiente de trabalho, como a pouca valorização da profissão,

1

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

CURSO DE PSICOLOGIA

ESTRESSE E ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO EM PROFESSORES DE ESCOLAS PÚBLICAS DE ITAJAÍ

VANESSA WERNER CABRAL

Itajaí, (SC) 2009

Page 2: ESTRESSE E ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO EM PROFESSORES DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Vanessa Werner Cabral.pdf · ambiente de trabalho, como a pouca valorização da profissão,

2

VANESSA WERNER CABRAL

ESTRESSE E ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO EM PROFESSORES DE ESCOLAS PÚBLICAS

Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do titulo de Bacharel em Psicologia da Universidade do Vale do Itajaí

Orientador: Prof. Dr. Jamir João Sardá Jr.

Itajaí SC, 2009

Page 3: ESTRESSE E ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO EM PROFESSORES DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Vanessa Werner Cabral.pdf · ambiente de trabalho, como a pouca valorização da profissão,

3

Agradecimentos

Agradeço aos meus pais que me proporcionaram o ingresso e a permanência na faculdade, como também todo o amor e

compreensão nos momentos mais difíceis.

Ao meu namorado Eliken pela paciência nos momentos de “stress”. Eu te amo!

Ao meu orientador Jamir João Sardá Jr por aceitar me orientar, pela calma e compreensão.

Aos meus grandes amigos, que sempre estiveram do meu lado.

A todas as pessoas que participaram desta pesquisa e que foram essenciais para a realização da mesma.

Obrigada!

Page 4: ESTRESSE E ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO EM PROFESSORES DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Vanessa Werner Cabral.pdf · ambiente de trabalho, como a pouca valorização da profissão,

4

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.............................................................................................................................. 7

2. OBJETIVOS .................................................................................................................................. 9

2.1 Objetivo Geral ..................................................................................................................... 9

2.2 Objetivos específicos........................................................................................................ 9

3.1 Estresse .............................................................................................................................. 10

3.2 Estresse em Professores ............................................................................................... 12

3.3 Estratégias de Enfrentamento ...................................................................................... 13

4. ASPÉCTOS METODOLÓGICOS............................................................................................ 15

4.1 Amostra............................................................................................................................... 15

4.3 Instrumentos ..................................................................................................................... 15

4.2 Procedimentos para coleta e analise dos dados..................................................... 17

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................................................... 18

Tabela 1 - Características sócio-demográficas da população estudada ...................... 18

Tabela 2 – Atividades Estressantes ........................................................................................ 19

Tabela 3 - Estatísticas descritivas dos testes aplicados com a população. ................ 20

Tabela 4 - Médias e seus desvios padrão para as estratégias de Coping utilizadas por professores. ........................................................................................................................... 22

6. CONCLUSÃO ............................................................................................................................. 26

7. REFERÊNCIAS .......................................................................................................................... 28

8. ANEXO......................................................................................................................................... 31

Anexo 1 ........................................................................................................................................... 32

Anexo 2 ........................................................................................................................................... 34

9. APÊNDICE .................................................................................................................................. 36

Apêndice 1 ..................................................................................................................................... 37

Apêndice 2 ..................................................................................................................................... 39

Page 5: ESTRESSE E ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO EM PROFESSORES DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Vanessa Werner Cabral.pdf · ambiente de trabalho, como a pouca valorização da profissão,

5

ESTRESSE E ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO EM PROFESSORES DE ESCOLAS PÚBLICAS.

Orientador: Jamir João Sardá Jr

Defesa: Junho de 2009

Resumo:

A profissão do professor tem sido descrita na literatura como uma profissão extremamente estressante. Fatores como demanda e características dos alunos, características doambiente de trabalho, como a pouca valorização da profissão, a carga horária curricular e extracurricular (como corrigir provas, e sacrificar um final de semana com a família para planejar atividades) têm sido descrito como fatores estressores. Este trabalho visa identificar os sintomas de estresse apresentados por professores, as fontes de estresse no ambiente de trabalho e as estratégias de enfrentamentos utilizadas pelos mesmos. Participaram do estudo 27 professores de duas escolas públicas de ensino fundamental do município de Itajaí. Os instrumentos utilizados foram: o Inventário de Sintomas de Stress (ISSL), o Inventário de Estratégias de Coping, e para identificar as fontes de estresse foi aplicado um questionário descrever alguns eventos estressores. Os dados foram analisados usando estatísticas descritivas e inferenciais e correlação. Verificou-se que são vários os estressores presentes na situação de trabalho do professor, os que estão mais em evidencia são o excesso de alunos e o desinteresse dos mesmos. Com relação ao nível de estresse podemos observar que 14 de 27 professores encontram-se na fase de resistência. As estratégias de enfrentamento mais utilizadas pelos professores foram: reavaliação positiva, autocontrole, resolução de problemas, suporte social e fuga e esquiva. Sobre a relações das fontes de estresse, sintomas de depressão e estratégias de enfrentamento os resultados sugerem não existir uma relação entre tempo de atuação na profissão e escores elevados no inventário de estresse e no questionário de estratégias de enfrentamento, o que significa que o tempo exercendo a profissão não é determinante nos níveis de estresse e na

estratégia de enfrentamento utilizada.

Palavras-chave: estresse, eventos estressores e estratégias de enfrentamento.

Page 6: ESTRESSE E ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO EM PROFESSORES DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Vanessa Werner Cabral.pdf · ambiente de trabalho, como a pouca valorização da profissão,

6

Sub-Área de concentração (CNPq)

Membros da Banca

Prof. Giovana Delvan StuhlerProfessora convidada

Prof. Dr. Eduardo José LegalProfessor convidado

Prof. Dr. Jamir João Sardá JrProfessor Orientador

Page 7: ESTRESSE E ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO EM PROFESSORES DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Vanessa Werner Cabral.pdf · ambiente de trabalho, como a pouca valorização da profissão,

7

1. INTRODUÇÃO

O tema Stress em professores, fontes estresse e suas estratégias de

enfrentamento, abordado nesta pesquisa, vem sendo frequentemente discutido no

meio cientifico bem como na população em geral. Para a maioria das pessoas o

estresse está diretamente ligado a doenças e problemas relacionados à vida

moderna, devendo ser de algum modo eliminado.

Segundo Bernik (1997 apud FILGUEIRAS e HIPPERT 2002, p. 112) “o

estresse já é um problema econômico e social de saúde pública, que implica em

gastos não só para o indivíduo, mas também para empresas e governos”. O autor

ainda afirma que o índice de estresse aumenta a cada ano.

O estresse se caracteriza por um conjunto de reações não especificas,

demonstradas quando o organismo se depara com uma situação bastante carregada

emocionalmente, precisando tomar uma decisão (LIPP, 1996).

Segundo Lipp (1996), a profissão do professor parece ser mais estressante

que outras, uma vez que estes estão freqüentemente se queixando de seu trabalho,

ou que estão sempre estressados. A autora afirma ainda, que o estresse em

professores é uma síndrome de respostas de sentimentos negativos, tais como raiva

e depressão. Essas respostas geralmente são acompanhadas de mudanças

fisiológicas ou bioquímicas potencialmente patogênicas, que são resultados do

trabalho do professor, assim como as exigências profissionais constituem uma

ameaça à sua auto-estima ou bem estar. A autora destaca a importância das

estratégias de enfrentamento.

Pesquisas demonstram estressores comuns a todas as categorias de

ensino, em níveis diferentes todos os profissionais parecem apresentar com menor

ou maior intensidade as mesmas frustrações: pressão do tempo, classes com

grande número de alunos, excessivas demandas administrativas, falta de suporte

administrativo e exercício de vários papéis. Muitas vezes o professor está em um

ambiente que não lhe oferece condições de trabalho para desempenhar o papel que

lhe é exigido, e automaticamente torna-se um ambiente tenso para o profissional

(PEREIRA, 2002).

Segundo Sardá, Legal e Jablonski (2004) as estratégias de enfrentamento

são funcionais para o não agravamento dos sintomas, evitando assim um estresse

Page 8: ESTRESSE E ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO EM PROFESSORES DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Vanessa Werner Cabral.pdf · ambiente de trabalho, como a pouca valorização da profissão,

8

crônico, enquanto que as técnicas procuram responder adequadamente aos eventos

estressores reduzindo os efeitos prejudiciais de um contato prolongado a eles.

Pesquisas sobre estratégias de enfrentamento de estresse demonstram uma

melhora na vida profissional e pessoal dos professores que utilizam estratégias mais

efetivas para lidarem com seus problemas. Alguns autores, como Savoia (1996),

enfatizam que o coping é um conceito a ser explorado até mais que o estresse, isso

porque pode ser utilizado para modificar ou eliminar os problemas que surgem do

estresse.

Dependendo de como as pessoas lidam com as situações estressantes,

exerce grande influência sobre sua saúde. O trabalhador pode então ter uma saúde

preservada caso decida exercer comportamentos adequados que diminuam os

impactos advindos do estresse, visto que o bom uso de estratégias de

enfrentamento saudáveis aumentam os estados emocionais positivos (OLF, 2008).

Lipp (1996) destaca que em várias partes do mundo existem pesquisas

sobre o estresse, mas o estresse ocupacional do professor é um assunto que pode

ser mais explorado na realidade escolar brasileira, pois há uma falta significativa de

estudos que abordam este tema. Desta forma este estudo objetiva avaliar os níveis

e sintomas de estresse bem como as estratégias de enfrentamento utilizadas pelos

professores no desenvolvimento de suas atividades.

Page 9: ESTRESSE E ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO EM PROFESSORES DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Vanessa Werner Cabral.pdf · ambiente de trabalho, como a pouca valorização da profissão,

9

2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Investigar o nível de estresse em professores do Ensino Fundamental

de escolas públicas do município de Itajaí.

2.2 Objetivos específicos

Identificar as fontes de estresse no ambiente de trabalho;

Identificar os sintomas de estresse;

Identificar as estratégias de enfrentamento utilizadas pelos professores;

Verificar as relações entre carga horária, eventos estressantes, fases do

estresse e estratégias de enfrentamento.

Page 10: ESTRESSE E ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO EM PROFESSORES DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Vanessa Werner Cabral.pdf · ambiente de trabalho, como a pouca valorização da profissão,

10

3. REVISÃO DA LITERATURA

3.1 Estresse

O conceito de estresse foi descrito pela primeira vez em 1936, pelo

endocrinologista canadense Hans Selye. Ele utilizou este termo para denominar o

conjunto de reações que um organismo desenvolve ao ser submetido a uma

situação que exige esforço de adaptação. (SELYE, 1965).

O estresse apresenta (segundo a maior parte dos pesquisadores) três

estágios: fase de alerta, fase de resistência e fase de exaustão. Na fase de alerta o

organismo está em confronto com o evento estressor, Neste momento ocorre uma

grande liberação de catecolaminas (adrenalina e norepirefrina) e de vasopressina

que agem sobre as células epiteliais dos vasos sanguíneos provocando

vasoconstricção (redução do diâmetro) dos vasos coronários. Há também a

liberação de aldosterona que atua na regulação do volume do sangue diminuindo a

excreção de água vai urina. O aumento do volume sanguíneo provoca uma elevação

do número de plaquetas e fibrinogênio no sangue favorecendo a rápida resposta de

coagulação. A fase de resistência surge quando a exposição ao agente estressor é

prolongada, o que exige uma adaptação do organismo. Neste período ou fase do

estresse, o indivíduo experimenta uma pequena pausa nos sintomas resultado da

liberação de nutrientes que serão convertidos em energia por parte do organismo e

que alimentam a alta taxa de gasto energético provocada. A fase de exaustão ocorre

quando a ação do agente estressor ao qual o organismo se adaptou permanece por

um longo período de tempo, esgotando a energia de adaptação. Neste estágio o

organismo é atingido tanto em nível físico quanto psicológico (LIPP, 2001).

SILVA (2005) pontua que o estresse não é só considerado uma coisa ruim,

ele é necessário para impulsionar as pessoas a alcançarem seus objetivos, mas

quando ele aparece em excesso, ele elimina as defesas do corpo e afeta a saúde.

Até a fase de resistência, o stress ainda pode ser considerado positivo, pois o

organismo apresenta-se ativo para uma ação, a partir da fase de esgotamento, o

Page 11: ESTRESSE E ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO EM PROFESSORES DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Vanessa Werner Cabral.pdf · ambiente de trabalho, como a pouca valorização da profissão,

11

organismo não produz energia suficiente para promover uma ação, sendo assim

negativo para o ser humano

Segundo Alvarez (2001) o stress caracteriza-se com uma resposta

psicofisiológica diante das situações que exija do organismo uma ação intensa a fim

de estabelecer homeostase.

Lipp (1996) define estresse como uma reação do organismo com elementos

físicos e/ou psicológicos, ocasionada por alterações psicofisiológicas que ocorrem

quando um sujeito enfrenta uma situação na qual o deixa irritado, com medo ou que

deixe extremamente infeliz. Aponta ainda que o estresse não deve ser visto apenas

como uma reação, mas sim como um processo, pois quando a pessoa é exposta a

uma situação estressante instala-se um longo processo bioquímico no qual a pessoa

apresenta sudorese excessiva, tensão muscular, boca seca, sensação de estar

alerta e aparecimento de taquicardia.

Atualmente o ser humano está mais vulnerável em relação aos agentes

estressores, pois está exposto a um trabalho precarizado, a uma segurança caótica,

a relações familiares conturbadas e em volta com incertezas de toda natureza. Isso

requer que ele responda com seu organismo, uma constante luta perante essas

situações, agindo inconscientemente com um instinto de preservação de sua própria

vida. Podemos afirmar que o stress sempre esteve presente na vida dos seres vivos

e o que muda ou se altera são os fatores estressantes conforme os tempos e

sociedade em que está inserido.

Os sintomas de estresse podem ser físicos (dor de cabeça, hipertensão,

taquicardia), psicológicos (insatisfação com o trabalho, ansiedade, depressão) ou

comportamentais (absenteísmo, insônia, fumar ou beber excessivamente), pois a

reação hormonal desencadeia uma série de alterações físicas e também reações

emocionais. Os sintomas psicológicos mais comuns são: apatia, desânimo e

sensação de desalento, hipersensibilidade emotiva, como também raiva, ira e

irritabilidade, podendo desencadear surtos psicóticos e crises neuróticas (LIPP,

2001).

Além destes sintomas psicológicos o estresse pode colaborar para o

desencadeamento de algumas doenças mais graves, afetando assim profundamente

a qualidade de vida do indivíduo e de populações específicas. Dentre as doenças

psicofisiológias que já foram estudadas por pesquisadores que têm o estresse

presente em sua ontogênese, como um fator que vai cooperador, encontram-se:

Page 12: ESTRESSE E ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO EM PROFESSORES DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Vanessa Werner Cabral.pdf · ambiente de trabalho, como a pouca valorização da profissão,

12

hipertensão arterial essencial, úlceras gastroduodenais, câncer, psoríase, vitiligo,

retração de gengivas, depressão, pânico e surtos psicóticos. É importante saber que

o estresse não é o causador destas doenças, mas sim um evento desencadeador ou

agravante do problema (LIPP, 1996)

3.2 Estresse em Professores

Na atualidade o papel do professor extrapolou a mediação do processo de

conhecimento do aluno, o que era habitualmente esperado. Expandiu-se a missão

do profissional para fora da sala de aula, a fim de garantir uma articulação entre a

escola e a comunidade. O professor, além de ensinar deve participar da gestão da

escola e de seus planejamentos, isso significa que ele deve ter uma dedicação mais

ampla, a qual se estende às famílias e a comunidade.

Embora o sucesso da educação dependa do perfil do professor, a

administração escolar não fornece os meios pedagógicos necessários à realização

das tarefas, cada vez mais complexas. Os professores são compelidos a buscar,

então, por seus próprios meios, formas de requalificação que se traduzem em

aumento não reconhecido e não remunerado da jornada de trabalho (Teixeira, 2001;

Barreto e Leher, 2003; Oliveira, 2003).

Diversos são os fatores estressantes no ambiente de trabalho de um

professor, dentre eles podemos citar: barulho intenso em sala de aula, turmas com

um número elevado de alunos, temperaturas elevadas (nos meses mais quentes)

que deixam os alunos dispersos, cansados e desestimula o professor, atividades

extras como corrigir provas e trabalhos em casa (LIPP, 2002). A mesma autora

aponta que não é difícil encontrar professores que sacrificam momentos de lazer

com sua família para corrigir provas ou outras atividades com finalidade de cumprir

também os prazos de entrega estipulados pela instituição de ensino onde trabalham.

Outro fator estressante que é bem comum entre professores é a falta de perspectiva

de crescimento dentro da instituição, deixando assim os professores sem motivação.

Os diversos fatores estressantes descritos acima podem contribuir para o estresse,

consequentemente vem o baixo desempenho profissional, a frustração, alteração de

Page 13: ESTRESSE E ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO EM PROFESSORES DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Vanessa Werner Cabral.pdf · ambiente de trabalho, como a pouca valorização da profissão,

13

humor e conseqüências físicas e mentais, que são alguns dos sintomas de estresse

(LIPP, 2002).

Na sala de aula o professor se depara com alunos com várias características

pessoais distintivas e oriundos de famílias cujo ambiente é muito variado em

leiturabilidade, valores, clima, estrutura, relações interpessoais etc. Não estando

adequadamente preparado para tanto acaba enfrentando uma situação de alta

pressão. O estresse atinge níveis que tornam seu comportamento ainda mais

inadequado à situação. Não tendo aprendido a controlar o estresse, o problema

evolui para um quadro ainda mais negativo. Forma-se um círculo vicioso e se impõe

a necessidade de apoio ao docente. Um Psicólogo Escolar competente torna-se de

grande valia, por um lado, ensinando o professor a lidar com situações estressantes

e ajudando-o a controlar os efeitos negativos do estresse. Por outro lado,

informando-o e capacitando- o no uso de procedimentos e tecnologias de ensino

mais compatíveis com a diversidade cultural que encontra na sala de aula (Elliot &

Dupuis, 2002).

Fontana (1991) comenta que estudos demonstram que cerca de 60% das

pessoas que consideram seus trabalhos estressantes não praticam qualquer

programa de diminuição do estresse. Elas não acreditam que deve haver uma

maneira de lidar com o stress, quase sempre acham que não há solução, e com isso

deixam de lutar pelo que querem.

Rossi (1994) afirma que as diversas tarefas desenvolvidas pelos

profissionais nas diferentes áreas no mundo do trabalho podem trazer consigo um

excesso de sofrimento. O mundo informatizado faz com que o ser humano crie

situações em que tenha que competir com uma máquina, pois tem que produzir

mais. Muitas vezes, essas situações requerem um esforço psicológico excessivo,

ocasionando assim, níveis elevados de stress, redução do desempenho, desgaste

profissional, fadiga e cansaço.

3.3 Estratégias de Enfrentamento

Savoia (2002), afirma que o coping, ou estratégias de enfrentamento são

definidas como todos os esforços de controle, sem considerar as conseqüências, ou

Page 14: ESTRESSE E ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO EM PROFESSORES DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Vanessa Werner Cabral.pdf · ambiente de trabalho, como a pouca valorização da profissão,

14

seja, é uma resposta ao estresse (comportamental ou cognitiva) com a finalidade de

reduzir as suas qualidades aversivas, o coping é uma resposta com o objetivo de

aumentar, criar ou manter a percepção de controle pessoal.

Para Lemos e Guerra (2002 apud PINTO E CORREA, 2008), estratégias de

enfrentamento é um conceito que se insere num termo mais abrangente que é a

adaptação, refere-se ao esforço comportamental e cognitivo por parte de um

individuo no sentido de lidar e gerir os estressores, bem como a relação pessoa-

meio. Assim, as estratégias de enfrentamento são concebidas como voluntária,

consciente e intencional.

Segundo Lipp (2002), algumas estratégias de enfrentamento podem ajudar

os profissionais a lidarem de forma mais coerente com situações estressantes,

Primeiramente identifica-se os estressores, ou seja, quais as situações que estão

causando incômodo, quando identificado, é necessário verificar se esse fator é

passível de transformação ou não. É neste momento que o professor terá que

utilizar seus recursos internos para se adaptar a situação. Algumas técnicas que têm

por finalidade reduzir o estresse, e que até mesmo podem ser utilizadas para se ter

uma saudável e prevenir o estresse e que poderão trazer benefícios à pessoa, são

atitudes saudáveis que o professor pode utilizar em seu dia-a-dia como:

alongamento, alimentação saudável, atividade física, relaxamento, planejamento das

atividades do seu dia, administrar seu tempo, dentre outras.

Pesquisas apontam que as estratégias de enfrentamento do estresse mais

utilizadas dizem respeito à racionalização das atividades ocupacionais, ao

envolvimento em atividades sociais, entretenimentos, atitudes mais relaxantes e

melhora da qualidade de vida. (LIPP, 1996).

De acordo com essa perspectiva, a pesquisa mostra a seguir, o estudo dos

sintomas de estresse e das estratégias de enfrentamento utilizadas pelos

professores no ambiente escolar para assim poder utilizá-las como forma a oferecer

subsídios às pessoas para lidarem benéfica e assertivamente com o estresse.

Page 15: ESTRESSE E ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO EM PROFESSORES DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Vanessa Werner Cabral.pdf · ambiente de trabalho, como a pouca valorização da profissão,

15

4. ASPÉCTOS METODOLÓGICOS

4.1 Amostra

A amostra desta pesquisa contou com a participação de professores de duas

escolas públicas de 1° a 8° série do município de Itajaí, totalizando 27 participantes.

Os participantes foram selecionados por amostragem não probabilista

intencional ou de conveniência. Por se tratar de uma pesquisa exploratória onde não

se tem a pretensão de generalizar os achados não foi estabelecido o tamanho da

amostra.

4.3 Instrumentos

Para identificar os sintomas de estresse foi aplicado o Inventário de

Sintomas de Stress (ISSL) versão Lipp e Guevara (1994) (Anexo 2), e para avaliar

as estratégias de enfrentamento foi aplicado o Inventário de Estratégias de Coping,

de Lazarus e Folkman (1984) (Anexo 1), adaptado para o português por Savóia et al.

(1996) e Savóia et al. (1999). Foi utilizado também um questionário estruturado com

dados sociodemográficos, incluindo a idade, o sexo, a carga horária, o tempo de

trabalho, se tem outras funções e quais eventos estressores (Apêndice 2).

O ISSL (Inventário de Sintomas de Stress) foi elaborado por Lipp e Guevara

em 1994 para avaliar estresse em populações com idade superior a 15 anos, e em

2000 foi adaptado para contemplar uma quarta fase do estresse, a fase de quase-

exaustão (Lipp, 2001). Este Inventário visa identificar a presença de sintomas de

estresse, os tipos de sintomas existentes, somáticos, psicológicos, e a fase em que

se apresentam. O teste apresenta três quadros que se referem às quatro fases do

estresse. A primeira fase é de alerta, considerada uma fase positiva do estresse, o

ser humano se energiza através da produção da adrenalina, a sobrevivência é

preservada e uma sensação de plenitude é freqüentemente alcançada. Na segunda

Page 16: ESTRESSE E ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO EM PROFESSORES DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Vanessa Werner Cabral.pdf · ambiente de trabalho, como a pouca valorização da profissão,

16

fase, a da resistência, a pessoa automaticamente tenta lidar com os seus

estressores de modo a manter sua homeostase interna. Se os fatores estressantes

persistirem em freqüência ou intensidade, há uma quebra na resistência da pessoa e

ela passa à fase de quase-exaustão. Nesta fase o processo do adoecimento se

inicia e os órgãos que possuírem uma maior vulnerabilidade genética ou adquirida

passam a mostrar sinais de deterioração. Se não há alivio para o estresse por meio

da remoção dos estressores ou pelo uso de estratégias de enfrentamento, o

estresse atinge a sua fase final, a da exaustão, que é quando doenças graves

podem ocorrer nos órgãos mais vulneráveis. No total inclui 37 sintomas de natureza

somática e 19 de caráter psicológico distribuídos pelos três quadros. O primeiro

quadro refere-se às ultimas 24 horas, o segundo à ultima semana, e o terceiro ao

últimos mês. Os resultados são conferidos pelas tabelas de avaliação que definirão

a fase de estresse em que se encontra o indivíduo. O teste é composto de manual,

caderno de aplicação e protocolo de interpretação. A aplicação pode ser individual

ou coletiva, e o tempo de aplicação gira em torno de trinta minutos.

O Inventário de Estratégias de Coping, de Larazus e Folkman (1984),

adaptado para o português por Savóia (1999). O inventário contém 66 itens que

avaliam a maneira como as pessoas lidam com as demandas internas ou externas

de um evento estressante específico. É composto por itens que descrevem

pensamentos e ações, podendo ser definida a intensidade do uso por meio de

escala de 0 (não utiliza) a 3 (utiliza em grande quantidade). Os itens que compõem o

inventário foram divididos em oito fatores: Fator 1- confronto, Fator 2- afastamento,

Fator 3- autocontrole, Fator 4- busca de suporte social, Fator 5- aceitação de

responsabilidade, Fator 6- fuga e esquiva, Fator 7- planejamento e resolução de

problemas e Fator 8- reavaliação positiva. Os participantes foram orientados a

responder às questões pensando especificamente no enfrentamento de uma

situação estressante.

Page 17: ESTRESSE E ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO EM PROFESSORES DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Vanessa Werner Cabral.pdf · ambiente de trabalho, como a pouca valorização da profissão,

17

4.2 Procedimentos para coleta e analise dos dados

A coleta de dados ocorreu nas dependências de duas escolas públicas do

município de Itajaí (SC). Inicialmente, foi contatada a coordenação da escola, para

prestar devidos esclarecimentos em relação à pesquisa e solicitar autorização para

realização da mesma. Após esta etapa, a pesquisadora entrou em contato com os

professores visando explicar os objetivos da pesquisa e eleger voluntários. Aos

participantes foi apresentado o termo de consentimento livre e esclarecido (Apêndice

1). Mediante a assinatura do termo, foram aplicados os instrumentos. A aplicadora/

pesquisadora explicou os instrumentos para os participantes e em acordo prévio

retornou a instituição para recolher os questionários.

Após o término da pesquisa será dado uma devolutiva aos participantes da

pesquisa sobre os níveis de estresse e estratégias indicadas para lidarem com estes

sintomas

Os dados coletados foram analisados através de suas freqüências relativas,

média, desvio padrão e pontos de corte, a fim de estabelecer as fontes e o nível de

estresse apresentado pelos participantes. Através da análise de correlação foram

analisadas as relações entre fontes de estresse, sintomas de depressão e estratégia

de enfrentamento.

Page 18: ESTRESSE E ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO EM PROFESSORES DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Vanessa Werner Cabral.pdf · ambiente de trabalho, como a pouca valorização da profissão,

18

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados obtidos serão apresentados de forma categorizada,

primeiramente os dados demográficos e em seguida, uma tabela constando os

fatores estressantes referidos pelos participantes. Após serão apresentadas as

médias para o inventário de estresse e estratégias de enfrentamento e

posteriormente as correlações entre estas variáveis.

Tabela 1 - Características sócio-demográficas da população estudada

Características sócio-demográficas N (%)

Faixa etária (anos) (N= 25)

20 – 30 11 (40.7)

31 – 40 5 (18.5)

41 -50 8 (29.6)

+ 51 3 (11.2)

Média (DP) 36

Gênero Masculino 5 (18.5) Feminino 22 (81.5)

Tempo de Trabalho

Até 12 meses 13 (48.1)

De 13 ä 24 meses 10 (37.1)

+ de 25 meses 4 (14.8)

Média (DP) 14.1 (8.8)

Carga Horária 20 horas 4 (14.8) 40 horas 23 (85.2)

Outras Funções Não 18 (66.7) Sim 18 (33.3)

Page 19: ESTRESSE E ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO EM PROFESSORES DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Vanessa Werner Cabral.pdf · ambiente de trabalho, como a pouca valorização da profissão,

19

Tabela 2 – Atividades Estressantes

Excesso de Alunos Não 8 (29.6) Sim 19 (70.4)

Desinteresse Não 5 (18.5) Sim 22 (81.5)

Salário Inadequado Não 15 (55.6) Sim 12 (44.44)

Falta de Material Não 19 (70.4) Sim 8 (29.6)

Falte de Perspectiva Não 21 (77.8) Sim 6 (22.2)

Com relação a distribuição etária, a população apresentou-se heterogênea,

com uma maior concentração de pessoas na faixa etária entre 20 a 30 anos

(40.7%). A idade média dos participantes foi de 36.74 anos (DP=3.37). No tocante

ao gênero, a proporção de mulheres que participaram da pesquisa foi muito maior

que dos homens, sendo quase 5 para 1. A maior parte dos participantes trabalha

nas instituições pesquisadas há 12 meses (48.1%). Em relação à carga horária

pode-se afirmar que a maioria dos participantes trabalha quarenta horas semanais

(85.2%). Quanto aos fatores estressantes mais comuns apresentados pela

população aparece o excesso de alunos e desinteresse. Os fatores estressantes

referentes a questões materiais (salário e material) aparecem depois dos fatores

estressores referentes aos alunos. Além disto, 41% dos professores referiu a

presença de 3 ou mais eventos estressantes simultaneamente. Outras fontes de

estresse não foram investigadas. Entretanto as fontes descritas acima parecem ser

as mais relevantes como apontam outros pesquisadores.

Os resultados encontrados são semelhantes a um estudo realizado por

Byrne (1991 apud Carlotto, 2002) que também identificou estressores ambientais em

outra população docente, sendo estes: pressão de tempo classes com um grande

número de alunos e desinteresse em sala de aula.

Lipp (2002), em um estudo com professores identifica também o excesso de

alunos em sala de aula um estressor no ambiente de trabalho que desestimula o

professor.

Page 20: ESTRESSE E ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO EM PROFESSORES DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Vanessa Werner Cabral.pdf · ambiente de trabalho, como a pouca valorização da profissão,

20

Pitthers e Fogarty (1995) avaliaram o estresse e a tensão ocupacionais em

professores utilizando o Occupational Stress Inventory, instrumento que avalia

estresse ocupacional, sobrecarga acumulada e estratégias adotadas. Os maiores

escores foram encontrados entre os professores, quando comparados com outros

profissionais. Os resultados foram associados à sobrecarga de trabalho e aos

conflitos com os superiores e as normas. Os autores ainda citam o estudo de Punch

e Tuetteman, realizado em 1990, que avaliou 574 professores na Austrália e

encontrou níveis de estresse psicológico duas vezes maior do que na população em

geral. Estudos realizados nos EUA (1976), Austrália e Nova Zelândia (1982) e Reino

Unido (1991), citados pelos mesmos autores, mostraram que um terço dos

professores avaliados consideram seu trabalho "estressante" ou "muito estressante".

Na tabela 3 são apresentadas as médias e o desvio padrão do Inventário de

Sintomas de Stress.

Tabela 3 - Estatísticas descritivas dos testes aplicados com a população.

De acordo com a tabela percebe-ser que no Q1 (fase de alerta) a população

pesquisada apresenta-se abaixo da média (< 11), ou seja, poucas pessoas

encontram-se na fase de alerta. O maior número de professores estaria na fase de

resistência (Q2 = 11 que é > 3) julga-se, se baseando nas circunstâncias de

acontecer no segundo semestre letivo, no qual os professores começaram a sentir

as responsabilidades, exigências institucionais às quais estão submetidos, com

prazo para a elaboração de provas e trabalhos, correções ou entregas de notas. Um

estudo realizado por Belli e Lorenzi (2003) com professores universitários

Questionário Média DP Média do

ISSL

Ponto de

corte

25% 50% 75% 90%

Q1 Alerta 3.59 2.54 11 6 2 4 5 7

Q2 Resistência 5.37 3.66 9 6 2 6 8 11

Q3 Exaustão 6.25 4.50 16 8 2 5 9 14

Page 21: ESTRESSE E ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO EM PROFESSORES DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Vanessa Werner Cabral.pdf · ambiente de trabalho, como a pouca valorização da profissão,

21

apresentaram resultados semelhantes, onde a maior parte dos participantes

encontrava-se na fase de resistência. No Q3 também há um baixo índice. Mesmo

analisando os resultados em quartis, nem mesmo os 10% dos professores com os

resultados mais altos (90%) apresentaram resultados próximos a média proposta no

manual do ISSL (LIPP, 2002).

Entretanto considerando o ponto de corte proposto pelo manual (fase de

alerta > 6 pontos, fase de resistência > 6 e fase de exaustão > 8), pode se observar

que 14 participantes têm sintomas de estresse compatíveis com a fase resistência.

Pesquisas sobre estresse em professores realizadas por LIPP (2002)

enfatizam a vida docente como um grande gerador de estresse. MARTINS (2005)

investigou os índices de estresse demonstrados por professores das séries iniciais.

Os resultados revelaram que os sintomas de estresse estão presentes na maioria

dos professores, prevalecendo o mesmo na fase de resistência; nenhum deles

apresentou estresse na fase de alerta; e outra parte encontrava na fase de

exaustão.

Considerando o reduzido tempo de trabalho desta população (menor que 2

anos), pode se considerar que os sintomas de estresse são importantes.

Page 22: ESTRESSE E ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO EM PROFESSORES DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Vanessa Werner Cabral.pdf · ambiente de trabalho, como a pouca valorização da profissão,

22

Tabela 4 - Médias e seus desvios padrão para as estratégias de Coping

utilizadas por professores.

Estratégias de Coping Média Desvio Padrão

Confronto (Fator 1) 7.5556 3.80620

Afastamento (Fator 2) 5.1481 2.47610

Autocontrole (Fator 3) 9.7037 5.82973

Suporte Social (Fator 4) 7.8889 3.35506

Aceitação de Responsabilidade (Fator 5) 6.2593 2.52057

Fuga e Esquiva (Fator 6) 7.6667 4.48073

Resolução de Problemas (Fator 7) 8.4444 3.60911

Reavaliação Positiva (Fator 8) 10.8889 4.07934

Dentre as estratégias de coping utilizadas pelos professores para

enfrentarem as situações que consideram estressantes, as mais utilizadas foram:

Fator 8 (reavaliação positiva), F3 (auto controle), Fator 7 (resolução de problemas),

F4 (suporte social) e F6 (fuga esquiva).

Na categoria reavaliação positiva percebe-se que os professores não tem o

hábito de avaliar a situação estressante para solucioná-la, eles utilizam mais as

estratégias focalizadas na emoção do que estratégias focadas no problema

(confronto). Fica evidente o uso de estratégias voltadas para o controle das

emoções quando aparece a estratégia autocontrole, esta estratégia segundo

Folkman e Lazarus (1980), tem como objetivo modificar a relação entre a pessoa e o

ambiente, adequando a resposta emocional ao problema.

Os professores demonstram se esquivar das situações que são aversivas, e

procuram realizar atividades no qual eles possam relaxar, fica claro quando pontuam

a estratégia de fuga e esquiva, pesquisas efetuadas por Leiter (1991 apud TAMOYO

e TROCCOLI, 2002), referentes às estratégias de enfrentamento, evidenciam que o

uso de estratégias de esquiva desenvolvem um aumento no nível do estresse, o

Page 23: ESTRESSE E ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO EM PROFESSORES DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Vanessa Werner Cabral.pdf · ambiente de trabalho, como a pouca valorização da profissão,

23

autor relata que essa evidencia pode ser de utilidade para a prevenção do estresse,

através de programas de apoio, técnicas de reavaliação e relaxamento.

Segundo Lazarus e Folkman (1984), nem sempre as funções das quais as

estratégias se propõem, alcançam o resultado desejado. Assim, mesmo que os

professores se utilizem de estratégias de fuga e esquiva, por exemplo, para reduzir o

nível de estresse percebido, este resultado não está sendo alcançado.

Os resultados mostraram também que os participantes utilizam pouco as

seguintes estratégias: Fator 2 (afastamento) e Fator 5 (aceitação de

responsabilidade). Os participantes de uma pesquisa feita por Mendonça (2002),

também apresentaram um baixo índice de apontamentos para estratégias ligadas a

categoria aceitação de responsabilidade, de um modo geral, apontam que os

participantes possuem dificuldades em avaliar a situação e posteriormente enfrentá-

la.

Belli e Lorenzi, 2003, em um estudo realizado com professores universitários

identificaram algumas estratégias de enfrentamento utilizadas por eles diante de

uma situação estressante, forma estas: Fator 3 – autocontrole, Fator 4 – Suporte

Social, Fator 5 – Aceitação de Responsabilidade e Fator 7 – Resolução de

Problemas.

Um dos estudos realizados por Kyriacou (1980), identificou três formas

fundamentais de coping com o estresse utilizadas pelos professores: 1- expressar

sentimentos e procurar apoio, 2- desenvolver ações planejadas e centradas na

resolução de problemas e 3- envolver-se em atividades para distrair-se ou pensar

em outros assuntos. Alguns exemplos de estratégias de enfrentamento, de entre as

mais utilizadas pelos docentes pesquisados, são: tentar manter o problema em

perspectiva, tentar evitar confrontos e tentar relaxar após o trabalho.

Jesus e Pereira (1994), num estudo também realizado com professores

sobre estratégias de enfrentamento referem que as mais utilizadas são as

estratégias de controle, que para eles é a mais adaptada para o contexto

profissional.

Page 24: ESTRESSE E ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO EM PROFESSORES DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Vanessa Werner Cabral.pdf · ambiente de trabalho, como a pouca valorização da profissão,

24

Tabela 5 – Correlação entre as variáveis carga horária, eventos estressantes, fases do estresse e estratégias de

enfrentamento

Page 25: ESTRESSE E ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO EM PROFESSORES DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Vanessa Werner Cabral.pdf · ambiente de trabalho, como a pouca valorização da profissão,

25

Embora a compreensão da relação entre fontes de estresse, sintomas de

depressão e estratégia de enfrentamento não tenha sido uma das propostas iniciais

desta pesquisa, optamos por realizar esta análise para compreender as relações

ente algumas variáveis.

Os resultados sugerem não existir uma relação entre tempo de atuação na

profissão e escores elevados no inventário de estresse e no questionário de

estratégias de enfrentamento, o que significa que o tempo exercendo a profissão

não é determinante nos níveis de estresse e na estratégia de enfrentamento

utilizada. Por outro lado a presença de um maior número de estressores está

relacionada com o aumento dos escores de estresse em Q1, Q2 e Q3. Também

existe uma correlação moderada entre as fases, o que indica que quando o sujeito

apresenta maiores pontos em uma fase isto também ocorre em outras fases.

Ocorreram também correlações positivas entre as fases do estresse e as

estratégias de enfrentamento. O fator fuga-esquiva foi o único a apresentar uma

correlação com o número de eventos estressantes, e aumento em Q1, Q2 e Q3, o

que indica que diante de um aumento de eventos estressantes e escores nas fases

de estresse ocorre um aumento de pontos também nos escores desta escala, ou

seja, o indivíduo apresenta mais estratégias de fuga-esquiva a medida que ocorrem

mais eventos estressantes e que a presença de sintomas de estresse. Este

resultado está de acordo com a literatura e com as teorias de estresse que sugerem

que uma das respostas primárias a um evento estressante é a resposta de fuga

(Selye, 1984). A estratégia confronto não apresentou correlação com as fases de

estresse, mas apresentou uma correlação com diversas outras estratégias de

enfrentamento (suporte social, aceitação de responsabilidade, fuga-esquiva,

resolução de problemas, reavaliação positiva) o que indica que esta estratégia é

frequentemente usada em conjunto com outras. As estratégias suporte social,

resolução de problemas e reavaliação positiva também aparecem associadas a

outras estratégias (F3 á aceitação de responsabilidade, resolução de problemas,

reavaliação positiva, F7 á suporte social e aceitação de responsabilidade e F8 á

suporte social, aceitação de responsabilidade e resolução de problemas). Estes

resultados indicam que frequentemente os participantes utilizam diversas estratégias

de enfrentamento. A “escolha” da estratégia provavelmente esta relacionada com o

tipo de evento e as características do indivíduo (LAZARUS e FOLKMAN, 1984).

Page 26: ESTRESSE E ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO EM PROFESSORES DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Vanessa Werner Cabral.pdf · ambiente de trabalho, como a pouca valorização da profissão,

26

6. CONCLUSÃO

Os dados obtidos através desta pesquisa e as referências bibliográficas

investigadas deram-nos base para o levantamento de algumas considerações a

respeito das estratégias de enfrentamento e sua relação com estressores ambientais

e sintomas de estresse.

Vale ressaltar a dificuldade ao realizar esse trabalho no momento da coleta

de dados. A desistência dos participantes foi alta e a amostra não foi representativa

o que invalida as generalizações destes dados para toda a comunidade docente de

escolas públicas de Itajaí. Diante disso, nossos objetivos ficaram comprometidos,

ficando válidos somente para os professores que participaram da presente pesquisa

até o final da coleta de dados.

Verificou-se que para a continuação ou realização de outra pesquisa, a

coleta dos dados deverá ser feita com horário marcado com os professores, visto

que a estratégia utilizada (a estagiária explicou a pesquisa e entregou os

instrumentos aos participantes, e retornou em outro momento para recolher) não

demonstrou a eficácia esperada.

No tocante ao nível de estresse pode-se perceber que há um número

significativo (14 de 27 de professores) que apresentam estresse na fase de

resistência. De acordo com a literatura utilizada, a fase de resistência é quando o

individuo tenta lidar com o estresse automaticamente, de modo a manter sua

homeostase interna.

As situações que mais estressam os professores em seu trabalho foram

excesso de alunos e o desinteresse dos mesmos.

No que concerne às estratégias de enfrentamento utilizadas nos ambientes

educacionais (escolas públicas no município de Itajaí), identificou-se que as

estratégias mais utilizadas pelos professores foram: reavaliação positiva,

autocontrole, resolução de problemas, suporte social e fuga e esquiva. Conforme

afirma a literatura são as estratégias que melhor sustentam a saúde mental dos

profissionais no mercado de trabalho. As estratégias de fuga e esquiva e

autocontrole possuem como função adaptar o sujeito à situação. O que implica em

Page 27: ESTRESSE E ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO EM PROFESSORES DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Vanessa Werner Cabral.pdf · ambiente de trabalho, como a pouca valorização da profissão,

27

estratégias baseadas no controle da emoção, segundo FOLKMAN e LAZARUS

(1984).

Page 28: ESTRESSE E ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO EM PROFESSORES DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Vanessa Werner Cabral.pdf · ambiente de trabalho, como a pouca valorização da profissão,

28

7. REFERÊNCIAS

ALVARÉZ, M. A. G. Stress: temas de psiconeuroendocrinologia. São Paulo:

Robe Editorial, 2001.

BELLI, F.; LORENZI, C. R. Estresse, estressores e estratégias de

enfrentamento entre professores universitários. Trabalho de Conclusão de

Curso. Univali – Itajaí, 2003.

CARLOTTO, M. S. Síndrome de Bornout e Satisfação no Trabalho: Um

estudo com professores universitários. In: PEREIRA, A. M. (Org). Bornout:

Quando o trabalho ameaça o bem estar do trabalhador. São Paulo: Casa do

Psicólogo, 2002.

Elliot, J. B., & Dupuis, M. M. (2002). Young adult literacy in the classroom.

Reading it, teaching it, loving it. Newark: Delaware.

FILGUEIRAS, J. C.; HIPPERT, M. I. Estresse:Possibilidades e Limites. In:

JACQUES, M. G; CODO, W. Saúde mental e trabalho. Petrópolis, Rio de

Janeiro: Vozes; 2002.

FONTANA, D. Estresse faça dele um aliado e exercite a autodefesa. 1ª Ed.

São Paulo: Saraiva 1991.

KYRIACOU, C. Coping actions and occupational stress among school

teachers. Research in Educacion, 1980.

JESUS, S. N.; PEREIRA, A. Estudo das estratégias de coping utilizadas

pelos professores. Universidade de Évora, 1994

Page 29: ESTRESSE E ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO EM PROFESSORES DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Vanessa Werner Cabral.pdf · ambiente de trabalho, como a pouca valorização da profissão,

29

LAZARUS, R. S., and FOLKMAN, S. Stress, appraisal, and coping. New

York; Springer, 1984.

LIPP, M. E. N. O stress do professor. Campinas: São Paulo: Papirus. 2002.

LIPP, M.E.N. Stress: conceitos básicos. In: LIPP, M. (Org.). Pesquisas sobre

stress no Brasil: saúde, ocupações e grupos de risco. São Paulo: Papirus,

1996

LIPP, M. Inventário de Sintomas de Stress para Adultos – ISSL. São Paulo:

Casa do Psicólogo Livraria e Editora Ltda, 2001.

LIPP, M. E. N. e GUEVARA, A. J. de H. Validação empírica do Iventário de

situações de Stress (ISSL). Estudos de Psicologia, 1994.

MARTINS, M. G. T. Sintomas de stress em professores das primeiras

séries do Ensino Fundamental. Um estudo exploratório. Rev. Lusófona de

Educação, 2005.

MENDONÇA, R. M. S. A percepção do estresse entre estudantes

universitários. Trabalho de Conclusão de Curso (Psicologia), Univali – Itajaí,

2002.

OLFF, M. Stress , depression, and immunity: the role of defence and oping

styles. Disponível em: http://www.defeatdepression.org/pdf/stressdepimm.pdf.

Acesso em 2008.

PEREIRA, A.M.T.B. Burnout: Quando o trabalho ameaça o bem estar do

trabalhador. São Paulo: Casa do Psicólogo. 2002.

PINTO, M. A. M.; CORREIA, K. S. L. Stress, coping e adatação na transição

para o segundo ciclo de escolaridade: efeitos de um programa de intervenção.

In: WENGER, R. Coping em crianças. Aletheia, 2008

Page 30: ESTRESSE E ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO EM PROFESSORES DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Vanessa Werner Cabral.pdf · ambiente de trabalho, como a pouca valorização da profissão,

30

ROSSI, A. M. Autocontrole: nova maneira de controlar o Estresse. 5ª Ed. Rio

de Janeiro: Rosas dos Tempos, 1994.

PITHERS, R. T.; FOGARTY, G. J. Symposium on teacher stress: occupational

stress among vocational teachers. British Journal of Educational

Psychology, 1995.

SARDÁ JR, J.J.; LEGAL, E.; JABLONSKI JR, S.J. Estresse: conceitos,

métodos, medidas e possibilidades de intervenção. São Paulo: Casa do

Psicólogo, 2004.

SAVOIA, M. G., Escala de eventos vitais e de estratégias de enfrentamento

(Coping). Revista Psiquiatria Clínica. 1996.

SELYE, H. The stress of life. New York, McGraw-Hill, 1965.

SELYE, H. History and present status of the stress concept. In L. Goldberger &

M. Breznit (Eds.). London, 1984

SILVA, J. J. Stress o Impulso da Vida. São Paulo: Yendis, 2005.

TAMOYO, M. R.; TROCOLLI, B. T. Exaustão emocional: relações com a

percepção de suporte organizacional e com as estratégias de coping no

trabalho. Estud. Psicol. (Natal), Jan. 2002.

TEIXEIRA, L. H. G. Políticas públicas de educação e mudança nas escolas: um

estudo da cultura escolar. In: OLIVEIRA, D. A.; DUARTE, M. R. T. (Orgs.)

Política e trabalho na escola: administração dos sistemas de educação

básica. 2.ed., Belo Horizonte, 2001

Page 31: ESTRESSE E ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO EM PROFESSORES DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Vanessa Werner Cabral.pdf · ambiente de trabalho, como a pouca valorização da profissão,

31

8. ANEXO

Page 32: ESTRESSE E ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO EM PROFESSORES DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Vanessa Werner Cabral.pdf · ambiente de trabalho, como a pouca valorização da profissão,

32

Anexo 1

INVENTÁRIO DE ESTRATÉGIAS DE CONPING

Leia cada item abaixo e indique, fazendo um circulo na categoria apropriada, o que você fez nas situações de estresse.

0 Não usei esta estratégia 1 Usei um pouco 2 Usei bastante 3 Useiem grande quantidade

1 Concentrei-me no que deveria ser feito em seguida, no próximo passo 0 1 2 32 Tentei analisar o problema para entendê-lo melhor 0 1 2 33 Procurei trabalhar ou fazer alguma atividade para me distrair 0 1 2 34 Deixei o tempo passar – a melhor coisa que poderia fazer era esperar. O

tempo é o melhor remédio0 1 2 3

5 Procurei tirar alguma vantagem da situação 0 1 2 36 Fiz alguma coisa que acreditava não dar resultados, mas ao menos

estava fazendo alguma coisa0 1 2 3

7 Tentei encontrar a pessoa responsável para mudar suas idéias 0 1 2 38 Conversei com outra(s) pessoa(s) sobre o problema, procurando mais

dados sobre a situação0 1 2 3

9 Critiquei-me, repreendi-me 0 1 2 310 Tentei não fazer nada que fosse irreversível, procurando deixar outras

opções 0 1 2 3

11 Esperei que um milagre acontecesse 0 1 2 312 Concordei com o fato, aceitei o meu destino 0 1 2 313 Fiz como se nada tivesse acontecido 0 1 2 314 Procurei guardar para mim mesmo(a) os meus sentimentos 0 1 2 315 Procurei encontrar o lado bom da situação 0 1 2 316 Dormi mais que o normal 0 1 2 317 Mostrei a raiva para as pessoas que causaram o problema 0 1 2 318 Aceitei a simpatia e a compreensão das pessoas 0 1 2 319 Disse coisas a mim mesmo (a) que me ajudassem a me sentir bem 0 1 2 320 Inspirou-me a fazer algo criativo 0 1 2 321 Procurei a situação desagradável 0 1 2 322 Procurei ajuda profissional 0 1 2 323 Mudei ou cresci como pessoas de uma maneira positiva 0 1 2 324 Esperei para ver o que acontecia antes de fazer alguma coisa 0 1 2 325 Desculpei ou fiz alguma coisa para repor os danos 0 1 2 326 Fiz um plano de ação e o segui 0 1 2 327 Tirei o melhor da situação, o que não era esperado 0 1 2 328 De alguma forma extravasei os meus sentimentos 0 1 2 329 Compreendi que o problema foi provocado por mim 0 1 2 330 Sai da experiência melhor do que eu esperava 0 1 2 331 Falei com alguém que poderia fazer alguma coisa concreta sobre o

problema0 1 2 3

32 Tentei descansar, tirar férias a fim de esquecer o problema 0 1 2 333 Procurei me sentir melhor, comendo, fumando, utilizando drogas ou

medicação0 1 2 3

34 Enfrentei como um grande desafio, fiz algo muito arriscado 0 1 2 3

Page 33: ESTRESSE E ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO EM PROFESSORES DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Vanessa Werner Cabral.pdf · ambiente de trabalho, como a pouca valorização da profissão,

33

35 Procurei não fazer nada apressadamente ou seguir o meu primeiro impulso

0 1 2 3

36 Encontrei novas crenças 0 1 2 337 Mantive meu orgulho não demonstrando meus sentimentos 0 1 2 338 Redescobri o que é importante na vida 0 1 2 339 Modifiquei aspectos da situação para que tudo desse certo no final 0 1 2 340 Procurei fugir das pessoas em geral 0 1 2 341 Não me deixei impressionar, recusava-me a pensar muito sobre esta

situação 0 1 2 3

42 Procurei um amigo ou parente para pedir conselhos 0 1 2 343 Não deixei que os outros soubessem da verdadeira situação 0 1 2 344 Minimizei a situação me recusando a preocupar-me seriamente com ela 0 1 2 345 Falei com alguém sobre como estava me sentindo 0 1 2 346 Recusei recuar e batalhei pelo que eu queria 0 1 2 347 Descontei minha raiva em outra(s) pessoa(s) 0 1 2 348 Busquei nas experiências passadas uma situação similar 0 1 2 349 Eu sabia o que deveria ser feito, portanto dobrei meus esforços para

fazer o que fosse necessário0 1 2 3

50 Recusei a acreditar que aquilo estava acontecendo 0 1 2 351 Prometi a mim mesmo que as coisas serão diferentes da próxima vez 0 1 2 352 Encontrei algumas soluções diferentes para o problema 0 1 2 353 Aceitei, nada poderia ser feito 0 1 2 354 Procurei não deixar que meus sentimentos interferissem muito nas

outras coisas que eu estava fazendo0 1 2 3

55 Gostaria de poder mudar o que tinha acontecido, ou como me senti 0 1 2 356 Mudei alguma coisa em mim, modifiquei-me de alguma forma 0 1 2 357 Sonhava acordado(a) ou imaginava um lugar ou tempo melhores do que

aqueles em que eu estava0 1 2 3

58 Desejei que a situação acabasse ou que de alguma forma desaparecesse 0 1 2 359 Tinha fantasias de como as coisas iriam acontecer, como se

encaminhariam0 1 2 3

60 Rezei 0 1 2 361 Preparei-me para o pior 0 1 2 362 Analisei mentalmente o que fazer e o que dizer 0 1 2 363 Pensei em uma pessoa que admiro e a tomei como modelo 0 1 2 364 Procurei ver as coisas sob o ponto de vista da outra pessoa 0 1 2 365 Eu disse a mim mesmo(a) que as coisas poderiam ter sido piores 0 1 2 366 Corri ou fiz exercícios 0 1 2 3

Page 34: ESTRESSE E ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO EM PROFESSORES DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Vanessa Werner Cabral.pdf · ambiente de trabalho, como a pouca valorização da profissão,

34

Anexo 2

INVENTÁRIO DE SINTOMAS DE ESTRESSE – ISSL

Assinale os sintomas que tem experimentado nas ÚLTIMAS 24 HORAS

Mãos e/ou pés frios Boca seca

Nó ou dor de estômago

Aumento da sudorese (muito suor)

Tensão muscular (dores nas costas, pescoço, ombros)

Aperto na mandíbula/ranger de dentes, ou roer unhas ou ponta de caneta

Diarréia passageira

Insônia, dificuldade para dormir

Taquicardia (batimentos acelerados do coração)

Respiração ofegante, entrecortada

Hipertensão súbita e passageira (pressão alta súbita e passageira)

Mudança de apetite (comer bastante ou ter falta de apetite)

Aumento súbito de motivação

Entusiasmo súbito

Vontade súbita de iniciar novos projetos

FASE I – Pontos assinalados ___

Assinale os sintomas que tem experimentado na ÚLTIMA SEMANA:

FASE II – Pontos assinalados ___

Problemas com a memória, esquecimento Mal estar generalizado. Sem causa específica

Formigamento nas extremidades (pés ou mãos)

Sensação de desgaste físico constante

Mudança de apetite

Aparecimento de problemas dermatológicos

Hipertensão arterial

Cansaço constante

Aparecimento gastrite prolongada (queimação no estômago, azia)

Tontura, sensação de estar flutuando

Sensibilidade emotiva excessiva, emociona-se por qualquer coisa

Dúvidas quanto a si próprio

Pensamento constante sobre um só assunto

Irritabilidade excessiva

Diminuição da libido (desejo sexual diminuído)

Page 35: ESTRESSE E ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO EM PROFESSORES DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Vanessa Werner Cabral.pdf · ambiente de trabalho, como a pouca valorização da profissão,

35

Assinale os sintomas que tem experimentado nos ÚLTIMOS MESES:

FASE III – Quantos itens assinalados ___

Diarréias freqüentes

Dificuldades sexuais

Formigamento nas extremidades (mãos e pés)

Insônia

Tiques nervosos

Hipertensão arterial continuada

Problemas dermatológicos prolongados (pele)

Mudança extrema de apetite

Taquicardia (batimento acelerado do coração)

Tontura freqüente

Úlcera

Infarto

Impossibilidade de estudar

Pesadelos

Sensação de incompetência em todas as áreas

Vontade de fugir de tudo

Apatia, vontade de nada fazer, depressão ou raiva prolongada

Cansaço excessivo

Pensamento/ fala constante sobre um mesmo assunto

Irritabilidade sem causa aparente

Angústia ou ansiedade diária

Hipersensibilidade emotiva

Perda do senso de humor

Fase I – 7 pontos ALERTA; Fase II >4 RESISTÊNCIA; Fase III >9 EXAUSTÃO

Page 36: ESTRESSE E ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO EM PROFESSORES DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Vanessa Werner Cabral.pdf · ambiente de trabalho, como a pouca valorização da profissão,

36

9. APÊNDICE

Page 37: ESTRESSE E ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO EM PROFESSORES DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Vanessa Werner Cabral.pdf · ambiente de trabalho, como a pouca valorização da profissão,

37

Apêndice 1

11.1 Termo de consentimento livre e esclarecido

Gostaria de convidá-lo (a) para participar de uma pesquisa cujo objetivo é descrever

as fontes, os sintomas e as estratégias de enfrentamento de estresse em professores

de escolas públicas. Sua participação consistirá em responder a dois instrumentos,

Inventário de Sintomas de Stress (ISSL) e Inventário de Estratégias de Coping, além

de um questionário com alguns dados como: idade, sexo, carga horária, tempo de

trabalho e outras funções que exerce. Não será necessário marcar entrevista para a

aplicação dos mesmos, pois deverão ser entregues devidamente preenchidos dentro

do envelope que você recebeu. Quanto aos aspectos éticos gostaria de informar que:

a) seus dados pessoais serão mantidos em sigilo, sendo garantido seu

anonimato;

b) os resultados desta pesquisa serão utilizados somente com finalidade

acadêmica podendo vir a ser publicado em revistas especializadas, porém, como

explicitado no item (a) seus dados pessoais serão mantidos em anonimato;

c) não há respostas certas ou erradas, o que importa á a sua opinião;

d) a aceitação não implica que você estará obrigado a participar podendo

interromper sua participação a qualquer momento, mesmo que já tenha iniciado,

bastando, para tanto, comunicar ao pesquisador;

e) você não terá direito a remuneração por sua participação, ela é voluntária;

f) esta pesquisa é de cunho acadêmico e não visa intervenção imediata, ainda

que tenha intenção de implementar um programa de monitoração dos níveis de

estresse e de controle do mesmo;

g) durante a participação, se tiver alguma reclamação, do ponto de vista ético,

você poderá contatar com o responsável por esta pesquisa.

h) após o término da pesquisa daremos uma devolutiva aos participantes da

pesquisa sobre os níveis de estresse e estratégias indicadas para lidarem com estes

sintomas.

Caso aceite participar, por favor, preencha os dados a seguir:

IDENTIFICAÇÃO E CONSENTIMENTO

Eu ___________________________________________ Declaro estar ciente dos

propósitos da pesquisa e da maneira como será realizada e no que consiste minha

participação. Diante dessas informações aceito participar da pesquisa.

Assinatura: ____________________________ Data de nascimento: ______________

Pesquisador: Prof. Dr. Jamir João Sardá Jr. Assinatura: __________________

Page 38: ESTRESSE E ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO EM PROFESSORES DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Vanessa Werner Cabral.pdf · ambiente de trabalho, como a pouca valorização da profissão,

38

UNIVALI – Curso de Psicologia Rua Uruguai, 438 F. 3344-7542 email:

[email protected]

Page 39: ESTRESSE E ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO EM PROFESSORES DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Vanessa Werner Cabral.pdf · ambiente de trabalho, como a pouca valorização da profissão,

39

Apêndice 2

Questionário

Idade:

Sexo:

Tempo de trabalho como professor:

Carga horária:

Outras funções que exerce:

Assinale com um X os eventos que lhe estressam ou desgastam:

□ Excesso de alunos em sala de aula

□ Desinteresse dos alunos

□ Salário inadequado

□ Falta de material

□ Falta de perspectiva de crescimento dentro da instituição

O que deixa você exausto em seu trabalho:

______________________________________________________________

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

Obrigada!