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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE SAÚDE PÚBLICA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO MULTIPROFISSIONAL NA ATENÇÃO BÁSICA 2016 Anisley Betancourt Aleman Estratégias para melhorar o controle dos níveis pressóricos dos pacientes diagnosticados com Hipertensão Arterial Sistêmica pertencentes ao território adscrito a Unidade Básica de Saúde de Valadares – PR. Florianópolis, Abril de 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINACENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE SAÚDE PÚBLICACURSO DE ESPECIALIZAÇÃO MULTIPROFISSIONAL NA ATENÇÃO BÁSICA 2016

Anisley Betancourt Aleman

Estratégias para melhorar o controle dos níveispressóricos dos pacientes diagnosticados com

Hipertensão Arterial Sistêmica pertencentes ao territórioadscrito a Unidade Básica de Saúde de Valadares – PR.

Florianópolis, Abril de 2017

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Anisley Betancourt Aleman

Estratégias para melhorar o controle dos níveis pressóricos dospacientes diagnosticados com Hipertensão Arterial Sistêmica

pertencentes ao território adscrito a Unidade Básica de Saúde deValadares – PR.

Monografia apresentada ao Curso de Especi-alização Multiprofissional na Atenção Básicada Universidade Federal de Santa Catarina,como requisito para obtenção do título de Es-pecialista na Atenção Básica.

Orientador: Girlane Mayara PeresCoordenadora do Curso: Profa. Dra. Fátima Büchele

Florianópolis, Abril de 2017

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Anisley Betancourt Aleman

Estratégias para melhorar o controle dos níveis pressóricos dospacientes diagnosticados com Hipertensão Arterial Sistêmica

pertencentes ao território adscrito a Unidade Básica de Saúde deValadares – PR.

Essa monografia foi julgada adequada paraobtenção do título de “Especialista na aten-ção básica”, e aprovada em sua forma finalpelo Departamento de Saúde Pública da Uni-versidade Federal de Santa Catarina.

Profa. Dra. Fátima BücheleCoordenadora do Curso

Girlane Mayara PeresOrientador do trabalho

Florianópolis, Abril de 2017

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ResumoNas estatísticas de saúde pública percebe-se que a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS)tem alta prevalência e baixas taxas de controle, sendo por isso considerada um dos maisimportantes problemas de saúde pública. Diante desses dados, é evidente a importânciada implantação de medidas preventivas eficientes, a fim de reduzir a incidência de HAS.Este trabalho tem como objetivo melhorar o controle dos níveis pressóricos dos pacientesdiagnosticados com Hipertensão Arterial Sistêmica pertencentes ao território adscrito aUnidade Básica de Saúde de Valadares – PR. Para abordagem dos usuários será feito o ca-dastramento e a estratificação de risco cardiovascular pelo escore de Framingham, seguidade abordagem direcionada, com agendamento de consultas conforme prioridade e encami-nhamento para especialistas nos casos em que houver indicação. Serão criados grupos deeducação em saúde sobre temas relacionados à HAS a fim de compartilhar experiências eesclarecer dúvidas dos usuários, procurando transmitir informações de forma acessível edinâmica. Com a implementação do plano de intervenção proposto pretende-se reduzir ascomplicações decorrentes da HAS e os riscos de adoecer tais como: reduzir a prevalênciade consumo de cigarro, estimular a atividade física, reduzir a prevalência da obesidade,monitorar a adesão ao tratamento farmacológico, reduzir o consumo diário de sal poradultos e idosos. Ao estimular a autonomia dos sujeitos em relação ao seu estado de saúdee propiciar melhorias na qualidade de vida das pessoas, esse projeto pretende contribuirde forma significativa para melhoria das condições de saúde e de vida da população daárea de abrangência da ESF de Valadares.

Palavras-chave: Hipertensão Arteial, Educação em Saúde, Atenção Primaria a Saude,Antihipertensivo

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Sumário

1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

2 OBJETIVOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112.1 Objetivo geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112.2 Objetivos específicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

3 REVISÃO DA LITERATURA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

4 METODOLOGIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

5 RESULTADOS ESPERADOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

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1 Introdução

Ilha dos Valadares é uma ilha pertencente ao município de Paranaguá, no estadodo Paraná e situa-se a uma distância de 400 metros do centro da cidade. É habitada,principalmente, por pescadores que se dedicam à pesca artesanal e cultuam tradições,como a de ser o palco do fandango paranaense, única dança típica litorânea. É habitadapor 22.000 pessoas, sendo que a entidade representativa da comunidade é liderada pelaassociação de moradores. O território da Ilha dos Valadares possui como serviços umaescola estadual , três municipais, quatro creches, dois escolas particulares, uma unidade desaúde, um correio, uma policia militar, uma guarda municipal,1 associação de moradorese uma praça, tem como áreas de risco ambiental e social moradia no mangue(mar- mare)e moradias em pontos de trafico de drogas muito comum nesta área, temos programassociais de renda o que é bolsa família, programa do leite, .à renda familiar: a media é dedois salários mínimo. As condições de moradia são muito carente, pobre já que a maioriadas casa são de tipo tijolo (68%), de madeira (27%), tem pouca cobertura dos destinodo lixo exemplo só 10% das famílias tem sistema de esgoto, outro 34% tem fossas e num54% é á céu aberto, o 88% das famílias não tem tratamento da água no domicilio, acoleta do lixo fazer-se á três dia por semana algo muito deficiente já que algumas ruastem vertedouros do lixo. O 96.79% das pessoas de 15 anos e mais estão alfabetizados, de7 a 14 anos o 71,36% estão na escola (WIKIPEDIA, 2016).

A população total do atendimento da equipe de saúde de Valadares é de 3957 pessoas.De esse total, 1924 são homens e 2033 são mulheres, a faixa etária com data de 27/04/2016é a seguinte: de 0 a 20 anos temos 1595 pessoas ; de 20 a 59 temos 2131 pessoas e maior de60 anos 331 pessoas. As queixas e agravos mais comuns que levaram a população a pro-curar nossa unidade de saúde em 2015 foram as enfermidades respiratórias, enfermidadesdigestivas, hipertensão, diabetes, enfermidades articulares.

Minha área tem um total de 109 diabéticos (2,8 %); 336 hipertensos (8,5%); 7 casosde tuberculoses (0,2%),não temos casos de hanseníase. Na unidade de saúde de Valadaresum dos principias problemas é a alta prevalência de doenças cronicas, particularmentea hipertensão arterial sistêmica (HAS), o qual causa de um dos principias motivos deatendimentos médicos.O acompanhamento de todas as doenças crônicas se realizam peloequipe de saúde de forma regular, exemplo os diabéticos é hipertensos tem agendamento deconsulta e visitas domiciliares a cada três meses, onde são realizado exame físico integral,avaliação do resultado de exame laboratorial, validação pelo especialista ,entre outrascoisas, no caso do usuário com doença de tuberculoses todos os dias é visitado pelo agentecomunitário de saúde pra levar medicação, e uma vez por mês tem agendamento deconsulta. O acompanhamento das pessoas com doenças crônicas é essencial e importante,já que no mundo é a principal causa de morte e a maior produtora de carga de doença

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10 Capítulo 1. Introdução

no Brasil, e é nosso objetivo diminuir a incidência nestas doenças mediante ações depromoção e prevenção que possam impactar na saúde da população.

Nas estatísticas de saúde pública percebe - se que a HAS tem alta prevalência e baixastaxas de controle, sendo considerada um dos principais fatores de risco (FR) modificáveis,e um dos mais importantes problemas de saúde pública no Brasil e no mundo. A HAS éuma importante e evitável causa de doença cardiovasculares sendo estas uma importantecausa de morbimortalidade e internações frequentes gerando altos custos econômicos. Ahipertensão sem tratamento acelera o desenvolvimento de insuficiência cardíaca, angina depeito, infarto, acidentes vasculares cerebrais e insuficiência renal dentre outras. A preven-ção das complicações da hipertensão através de terapêutica e conduta anti-hipertensiva eum dos maiores problemas de saúde publica.

Além disso, a doeça cardiovascular (DCV) é condição muitas vezes silenciosa ou quepode atacar sem aviso, ressaltando a importância da prevenção. Por esses e outros motivos,o controle adequado dos pacientes com HAS deve ser prioridade da Atenção Básica apartir do princípio de que o diagnóstico precoce, o bom controle e o tratamento adequadoe oportuno dessa afecção são essenciais para diminuição dos eventos cardiovasculares e depossível alcance com os recursos disponíveis.

Na equipe do PSF Valadares, são constantes os atendimentos de pacientes com HAScom mau controle ,que evoluíram com complicações cardiovasculares graves , mas possi-velmente evitáveis. Além disso, são frequentes os casos de pacientes com descompensaçõesagudas dos níveis de Pressão Arterial. A equipe de saúde tem a função e o conhecimentopara identificar precocemente casos de hipertensão arterial na área de abrangência.

Pela magnitude transcendência e vulnerabilidade da hipertensão apresentados no ter-ritório adscrito à UBS Valadares, justifica-se ações de rastreamento da hipertensão arterialcomo forma de controle da doença, prevenção de agravos e promoção da saúde e em ul-tima analise reduzir os custos com a atenção a saúde. O projeto proposto quer expor oproblema da hipertensão, fazendo um diagnostico inicial e este poderá contribuir e servirde alerta para que os profissionais de saúde possam tomar atitudes e propor acoes para umdiagnostico precoce e oportuno evitando as complicações. A relevância principal situa-senos aspectos da HAS, sendo que desta forma estaremos contribuindo para a redução damorbimortalidade bem como reduzindo custos com a assistência a saúde.

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2 Objetivos

2.1 Objetivo geralMelhorar o controle dos níveis pressóricos dos pacientes diagnosticados com Hiperten-

são Arterial Sistêmica pertencentes ao território adscrito a Unidade Básica de Saúde deValadares – PR.

2.2 Objetivos específicos• Planejar com a equipe da ESF e NASF estratégias de prevenção de agravos para

pacientes hipertensos da unidade de saúde.

• Realizar o cadastramento e busca ativa domiciliar dos portadores de HipertensãoArterial Sistêmica.

• Identificar os conhecimentos, representações e práticas dos pacientes hipertensos dacomunidade sobre a hipertensão.

• Classificar os hipertensos cadastrados segundo o risco pelo cálculo do escore deframingham (Baixo, Moderado e Alto).

• Realizar ações educativas e de orientação com os pacientes hipertensos.

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3 Revisão da Literatura

A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma condição clínica multifatorial caracte-rizada por níveis elevados e sustentados de pressão arterial – PA (PA �140 x 90mmHg).Associa-se, frequentemente, às alterações funcionais e/ou estruturais dos órgãos-alvo (co-ração, encéfalo, rins e vasos sanguíneos) e às alterações metabólicas, com consequenteaumento do risco de eventos cardiovasculares fatais e não fatais.

A HAS é um grave problema de saúde pública no Brasil e no mundo. Sua prevalênciano Brasil varia entre 22% e 44% para adultos (32% em média), chegando a mais de 50%para indivíduos com 60 a 69 anos e 75% em indivíduos com mais de 70 anos. A prevalênciamundial estimada é da ordem de um bilhão de indivíduos hipertensos, sendo que apro-ximadamente 7,6 milhões de óbitos por ano podem ser atribuídos à hipertensão arterial- 54% por acidente vascular encefálico (AVE] e 47% por doença isquêmica do coração(DIC) sendo a maioria em países de baixo e médio desenvolvimento econômico e mais dametade em indivíduos entre 45 e 69 anos. No Brasil, as doenças cardiovasculares (DCV)têm sido a principal causa de morte. Em 2007, ocorreram 308.466 óbitos por doenças doaparelho circulatório. Entre 1990 e 2006, observou-se uma tendência lenta e constante deredução das taxas de mortalidade cardiovascular. As DCV são ainda responsáveis por altafrequência de internações, ocasionando custos médicos e socioeconômicos elevados. Comoexemplo, em 2007 foram registradas 1.157.509 internações por DCV no Sistema Único deSaúde (SUS). Em relação aos custos, em novembro de 2009 ocorreram 91.970 internaçõespor DCV, resultando em um custo de R$ 165.461.644,33. (SBC, 2010)

No Brasil, os estudos que analisam a prevalência da hipertensão arterial são poucos enão representativos. Entretanto, estudos isolados em regiões diferentes do país apontampara uma prevalência estimada da hipertensão arterial na ordem de 22 a 44% da populaçãobrasileira. A probabilidade de um indivíduo apresentar hipertensão arterial ao longo desua vida é de aproximadamente 90%. A hipertensão arterial é um dos principais fatoresde risco para as doenças cardiovasculares. Aumentando o risco de desenvolvimento deinsuficiência coronária, insuficiência cardíaca, hipertrofia do ventrículo esquerdo, acidentevascular cerebral e insuficiência renal crônica (BOING, 2007)

Na Europa a prevalência deste problema de saúde é semelhante à brasileira. Na Alema-nha atinge 55% da população adulta, sendo o país com maior prevalência no continenteeuropeu, seguido da Espanha com 40% e em terceiro lugar está a Itália com 38% dapopulação maior de 18 anos. O segundo país com os melhores indicadores em relação adiagnóstico, acompanhamento e controle da HAS é Cuba, visto que, em 16 anos houve umdecréscimo significativo da prevalência de HAS, um aumento do diagnóstico, do acompa-nhamento e controle deste problema de saúde. Esse país apresenta uma prevalência deHAS de 20%, destes 78% são diagnosticados, 61% tomam a medicação de forma regular

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14 Capítulo 3. Revisão da Literatura

40% têm a hipertensão controlada (BRASIL, 2013).Além de ser causa direta de cardiopatia hipertensiva, é fator de risco para doenças

decorrentes de aterosclerose e trombose, que se manifestam, predominantemente, por do-ença isquêmica cardíaca, cerebrovascular, vascular periférica e renal. Em decorrência decardiopatia hipertensiva e isquêmica, é também fator etiológico de insuficiência cardíaca.Essa multiplicidade de consequências coloca a HAS na origem de muitas doenças crônicasnão transmissíveis e, portanto, caracteriza-a como uma das causas de maior redução daexpectativa e da qualidade de vida dos indivíduos. A HAS tem alta prevalência e baixastaxas de controle, é considerada um dos principais fatores de risco (FR) modificáveis eum dos mais importantes problemas de saúde pública (SBC, 2010)

A mortalidade por doença cardiovascular (DCV) aumenta progressivamente com aelevação da PA a partir de 115/75 mmHg de forma linear, contínua e independente.”Apesar de apresentar uma redução significativa nos últimos anos, as DCVs têm sido aprincipal causa de morte no Brasil. Entre os anos de 1996 e 2007, a mortalidade pordoença cardíaca isquêmica e cerebrovascular diminuiu 26% e 32%, respectivamente. Noentanto, a mortalidade por doença cardíaca hipertensiva cresceu 11%, fazendo aumentarpara 13% o total de mortes atribuíveis a doenças cardiovasculares em 2007”(BRASIL,2013, p. 19).

No Brasil, a prevalência média de HAS autorreferida na população acima de 18 anos,segundo a Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inqué-rito Telefônico(Vigitel – 2011), é de 22,7%, sendo maior em mulheres (25,4%) do que emhomens (19,5%). A frequência de HAS tornou-se mais comum com a idade, mais marca-damente para as mulheres, alcançando mais de 50% na faixa etária de 55 anos ou maisde idade. Entre as mulheres, destaca-se a associação inversa entre nível de escolaridadee diagnóstico da doença: enquanto 34,4% das mulheres com até 8 anos de escolaridadereferiam diagnóstico de HAS, a mesma condição foi observada em apenas 14,2% das mu-lheres com 12 ou mais anos de escolaridade. Para os homens, o diagnóstico da doença foimenos frequente nos que estudaram de 9 a 11 anos (BRASIL, 2013, p. 19).

A etiologia da hipertensão arterial essencial é complexa e envolve vários mecanismoshomeostáticos em interação. Existem dois tipos de hipertensão arterial: a essencial (tam-bém chamada primária ou idiopática) e a secundária. Esta última está relacionada a umadoença sistêmica que eleva a resistência arterial periférica ou o débito cardíaco. A partirdestas duas situações, pode surgir a hipertensão arterial maligna, forma grave e fulmi-nante do distúrbio de regulação da pressão arterial A pressão arterial pode ser visualizadacomo um sinal, como um fator de risco para a doença cardiovascular aterosclerótica, oucomo uma doença. Como um sinal porque ela monitora o estado clínico de uma pessoae pode, por exemplo, indicar o uso excessivo de um medicamento vasoconstritor. É visu-alizada como fator de risco quando ela demonstra que ocorre um acúmulo acelerado deplaca aterosclerótica na íntima das artérias. E quando é vista como doença é porque tem

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papel decisivo na morte por doença cardíaca, renal e vascular periférica (BRASIL, 2013).As doenças cardiovasculares constituem a principal causa de morbimortalidade na po-

pulação brasileira. Não há uma causa única para essas doenças, mas, vários fatores derisco que aumentam a probabilidade de sua ocorrência. A Hipertensão Arterial representaum dos principais fatores de risco, contribuindo decisivamente para o agravamento dessecenário (SBC, 2013). Pode ser classificada segundo sua causa de base (primária ou secun-dária) e de acordo com os níveis tensionais. A hipertensão arterial primária representaaproximadamente 95% dos casos de hipertensão e se caracteriza por não possuir etiologiadefinida, mesmo quando exaustivamente investigada, possuindo importante componentegenético e ambiental. Já a hipertensão arterial secundária que corresponde a cerca de5% dos indivíduos hipertensos, apresenta etiologia definida e possibilidade de cura comtratamento da doença primaria (CORRÊA, 2006).

A HAS configura-se como importante problema de saúde pública no Brasil. Com ointuito de minimizá-la, no ano 2000 foi lançado o Plano de Reorganização da Atenção àHipertensão Arterial Sistêmica e ao Diabetes mellitus no Brasil. Diversas ações foram im-plementadas nos estados e municípios, como capacitações profissionais na atenção básica,patacão de normas e metas entre as três esferas da gestão de saúde, atenção à asistenciafarmacêutica e dispensação de medicamentos de uso contínuo, e promoção de atividadeseducativas. Também foi criado o Sistema de Cadastramento e Acompanhamento de Hiper-tensos e Diabéticos (HiperDia). Por meio desse sistema informatizado, tornou-se possívela descrição do perfil epidemiológico dos pacientes cadastrados. (BOING, 2007)

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4 Metodologia

O Projeto de Intevenção será desenvolvido na área de abrangência da Unidade de Saúdeda Família Rodrigo Gomes situada área 5, na cidade de Paranaguá, a qual localeza - seno litoral de Paraná. A área de abrangência da USF é responsável pela cobertura de 3957pessoas, 1924 são masculinos e 2033 são femininos, a hipertensão arterial sistêmica (HAS)crônica é causa de um dos principais motivo de consultas médicas. A área de abrangênciatem 336 hipertensos (8,5 % da população total), dentre os quais serão selecionados paraparticipar do estudo todos os moradores com idade maior de 18 anos hipertensos, mediantetermo de consentimento livre e esclarecido.

A proposta inicial é a realização do cadastramento e da estratificação de risco cardi-ovascular de todos esses usuários. O cadastramento será realizado durante as consulta,troca de receita ou outros, e também pela busca ativa dos outros usuários sabidamentehipertensos ou portadores de fatores de risco, apenas os usuários hipertensos serão cadas-trados. Será utilizada uma ficha de cadastro dos usuários da UBS hipertensos (BRASIL,2002a)

Contaremos com uma equipe treinada e orientada para realização de entrevista eaplicação dos questionarios para aferição dos parâmetros antropométricos, constituídopelo um medico, uma enfermeira, uma técnica de enfermagem e 6 agentes comunitários;que serão aplicados em forma de entrevistas com perguntas fechadas e pré-codificadas quepermitiram evaluar o conhecimeto dos entrevistados antes e depois da aplicação do projetode intervenção e serão realizadas no domicilio. A equipe vai ser distribuída em três duplasde entrevistadores, a cada semana será revezada a parceria de duplas e realizada umareavaliação dos critérios da entrevista, após a explicação ao entrevistado dos objetivos eprocedimentos que serão realizados, um dos entrevistadores realizará entrevista individuale outro fará os dados antropométricos e o nível da pressão arterial.

A entrevista consistiria em variáveis qualitativas e quantitativas: idade, sexo, raça, pro-fissão, carga horária diária de trabalho, estado civil, nível de escolaridade, renda familiar,uso de medicamentos que poderiam influenciar no quadro hipertensivo (antidepresivostricíclicos, inibidores da mo no oxidase, anticoncepcionais orais), assim como drogas an-tihipertensivas e seu uso, regular ou não. As medidas de pressão arterial serão tomadascom o indivíduo sentado, após 5 minutos de descanso e após pelo menos 30 min semingestão de cafeína e/ou consumo de cigarros. O uso de medicamentos será realizado du-rante a entrevista com verificação da embalagem. Além disso serão avaliados os hábitosalimentares (consumo de carnes com excesso de gordura a ingestão de carne vermelhagordurosa ou frango com pele, sem remover a gordura visível desses alimentos, o númerode ovos e quantos litros de leite eram consumidos por dia ou semanalmente), a ingestão desal (a quantificação baseada em se levar ou não o saleiro à mesa, não se quantificando em

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18 Capítulo 4. Metodologia

gramas pela dificuldade que essa medida implicaria), tabagismo(quantos cigarros eramconsumidos por dia), ingestão de etanol (se superior a 30ml por dia), número de con-sultas anuais para avaliação da pressão arterial, atividade física programada semanal, ocritério para se considerar como atividade física era o entrevistado praticar exercícios,três ou mais vezes por semana, por um período mínimo de 45min, o sobrepeso definidocomo índice de massa corporal (IMC – peso dividido pela altura ao quadrado) com valorigual ou superior a 25 kg/m2, baseado na informação do peso e altura fornecidos peloentrevistado antecedentes de hipertensão em familiares de primeiro grau, conhecimentoprévio de hipertensão, condições de moradia, e satisfação no lar e no trabalho.

Os fatores de risco (FR) avaliados serão os necessários para possibilitar a estratificaçãode risco pela escala de Framingham. Os pacientes com a estimativa de risco de eventocardiovascular menor que 10% em 10 anos serão classificados como HAS de baixo risco.Estimativa de risco entre 10% e 20% como risco moderado e, se maior que 20% em 10anos, alto risco cardiovascular, A partir dessa classificação dos usuários nesses três grupos,será proposta abordagem direcionada de acordo com faixa de risco cardiovascular de cadaum. Os usuários classificados como baixo risco deverão realizar na atenção básica pelomenos duas consultas médicas e duas consultas de enfermagem ao ano, os de moderadorisco três consultas médicas e quatro consultas de enfermagem ao ano e os de alto riscotrês consultas médicas e duas consultas de enfermagem ao ano, esses últimos deverão seracompanhados conjuntamente em ambulatórios especializados na atenção secundária.

A enfermeira será responsável por organizar a agenda dos profissionais de saúde, des-tinando o tempo necessário às atividade do plano e, juntamente com a médica e a técnicade enfermagem, irá verificar e controlar o plano de cuidado dos pacientes. Casos de mayorcomplexidade serão discutidos individualmente durante as reuniões da equipe e será ela-borado plano de cuidados diferenciado quando necessário. Os exames complementaresserão solicitados durante as consultas médicas e de enfermagem.

O controle da freqüência e da regularidade dos pacientes às consultas médicas e deenfermagem e à realização dos exames complementares, além da análise da adesão aotratamento, será realizado por meio do acompanhamento pelas fichas: Ficha de Acompa-nhamento do Hipertenso e/ou Diabético (BRASIL, 2002b), a ser preenchida pelo médicoe pela enfermeira durante as consultas, nessa etapa a equipe empenhada no plano de açãodeverá buscar conscientizar a população em relação ao seu problema de saúde de forma aestabelecer abordagem da HAS centrada em medidas de promoção à saúde e prevenção decomplicações durante todas as atividades realizadas, desde o cadastramento e as visitasdomiciliares até as consultas médicas e de enfermagem. Em continuidade a esta etapa háa proposta de criação do grupo de hipertensos e realização de palestras informativas sobrea hipertensão arterial, objetivando explicar a sua condição fisiopatológica e conscientizara adesão ao tratamento anti hipertensivo e a adoção de estilos de vida mais saudáveis. Ogrupo contará com a participação dos diversos

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Atividades propostas Período Responsáveis pela realização1. Cadastramento hipertensos 1. técnica de enfermagem, agentes comunitários2. Atualização conceitual e 2. Enfermeira, médicotreinamento dos profissionais da equipe de saúde3. Avaliação e estratificação de risco dos hipertensos de acordo 3. Enfermeira, médicocom a escala de risco de Framingham revisada4. Criação dos grupos de hipertensos e início das palestras informativas 4. Enfermeira,

médico,nasf5. Controle do acompanhamento dos pacientes e avaliação dos 5. Enfermeira, mé-

dico,nasfdados das fichas de cadastro e de acompanhamento profissionais da saúde da equipe

da ESF em questão e da equipe expandida, com apoio do NASF, após discussão da pro-posta em reuniões na unidade. Os grupos e as palestras ocorrerão preferencialmente nomesmo dia, com periodicidade inicialmente mensal, com possibilidade de ser quinzenalpara que seja possível abranger todos os usuários, as oficinas terá os seguintes temas:1) Hipertensão: conceito, ocorrência e conseqüências; 2)Dieta hipossódica; 3) Influênciada obesidade; 4) Álcool e Tabagismo; 5) Atividade física; 6) Fatores de risco cardiovas-culares; 7) Prevenção e Tratamento medicamentoso e não medicamentoso e uso corretode medicação prescrita. A proposta é realizar abordagem multidisciplinar, possibilitar atroca de experiências e esclarecimento de dúvidas dos usuários, procurando transmitir ainformação de forma acessível e dinâmica durante os encontros dos grupos e durante aspalestras.

Para a realização das operações do projeto de intervenção exposto, serão necessáriosdiversos recursos, como:

- quantidade suficiente de cópias das fichas a serem usadas para classificação e acom-panhamento.

- Espaço físico disponibilizado para reuniões com grupos maiores e equipamentos pararealização dos grupos e palestras, faltam cadeiras, ventiladores, computador em funcio-namentoe equipamentos de projeção de multimídia.

- Disponibilidade dos profissionais de saúde de diversas áreas, já que o NAF ainda nãoesta em funcionamento em nosso município

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5 Resultados Esperados

A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma doença crônica de origem múltipla,ligada a alterações funcionais e/ou estruturais de órgãos-alvo como coração, rins, cérebrovasos sanguíneos, e as alterações metabólicas, levando o consequente aumento de riscocardiovascular que em muitos casos pode ser fatal. Como a pressão arterial é consideradauma variável contínua, um dos aspectos desafiadores é decidir os limites entre os valoresnormal e anormal. Atualmente os valores que caracterizam a hipertensão arterial paraindivíduos acima de 18 anos são aqueles iguais ou superiores a 140 mmHg, para pressãosistólica e/ou iguais ou superiores a 90mmHg para pressão diastólica.

A hipertensão arterial é a doença crônica mais prevalente em países desenvolvidos e emdesenvolvimento constituindo problema de saúde pública mundial, uma vez que é o princi-pal fator de risco para doença cardiovascular e mortalidade. É apontada como maior fatorde risco para desenvolvimento de doença arterial coronariana, acidente vascular cerebral,doença cardíaca vascular, insuficiência cardíaca congestiva e insuficiência renal e por essarazão, apresenta custos médicos e socioeconômicos elevados, decorrentes principalmentede suas complicações. Por esses e outros motivos, controle adequado dos pacientes comHAS deve ser prioridade da Atenção Básica, partindo do princípio de que o diagnósticoprecoce, o bom controle e o tratamento adequado dessa doença são essenciais para di-minuição dos eventos cardiovasculares e de possível alcance com os recursos disponíveis.Dessa forma, devido à alta prevalência na HAS na população da área de abrangência, oevidente grau de descontrole desses pacientes, esperamos com esse projeto de intervenção,possibilitar a melhora das condições de saúde e de vida da população adscrita; reduzir amorbimortalidade relacionada a doenças crônico-degenerativas (DCV) e, indiretamente,reduzir os custos médicos e socioeconômicos relacionados ao mau controle da HAS nessespacientes.

Assim a partir da abordagem multidisciplinar e da procura em levar a informaçãoao paciente de forma mais acessível e mais dinâmica, espera-se que ocorra maior adesãodeles às mudanças de estilo de vida, ao uso correto da medicação, a preocupação com obom controle da pressão arterial, em longo prazo, assim como, uma maior autonomia emrelação ao acompanhamento da própria saúde além de um melhor conhecimento sobreo papel da atividade física na prevenção da hipertensão arterial. Como benefício destetrabalho, teremos uma população mais informada sobre os riscos de adoecimento pelahipertensão arterial e maior cobertura da população com adoecimento por hipertensãoarterial.

Por tanto, espera-se com este projeto de intevenção uma redução da prevalência daobesidade, do consumo de álcool, tabaco e de sal em adultos e idosos; aumento da pre-valência da atividade física e do consumo de frutas e hortaliças. Espera-se também que

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22 Capítulo 5. Resultados Esperados

ocorra uma regularidade no monitoramento da pressão arterial dos pacientes hipertensos,do índice de massa corporal e da adesão ao tratamento farmacológico. E desse modo, umamelhor qualidade de vida.

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Referências

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