programa puxirão - apoio ao fandango caiçara no município de cananéia - sp
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Um livro com quatro histórias em quadrinhos sobre a cultura e fandango caiçara direcionado a diferentes públicos e faixas etárias.TRANSCRIPT
Conteúdo Livre:
Quatro histórias emquadrinhos com roteiros
criados a partir de vivênciascom comunidades caiçaras que
moram na mata atlântica.
Num mundo que se abre cada vez mais ao meio digital arápida evolução das aplicações em software livre possibilita a sua apropriação na ponta. Nesse rumo, a chamada"cultura digital” incentiva o seu uso pelos Pontos deCultura país afora, assumindo assim, papel estratégicopara o fomento da produção cultural colaborativa.
Seguindo nessa pegada, instauramos a chamada "revolução midiática" em Cananéia, litoral sul de São Paulo.A cidade tem terras e águas habitadas por comunidadesindígenas, caiçaras e quilombolas, constituindo umadiversidade cultural raramente encontrada tão próxima de grandes centros urbanos.
Em meio a um processo de (auto) (de) formação, botamos os pés na estrada para pesquisar e registrar o fandango caiçara sob diferentes olhares. O grande desafio:produzir um SMD com canções gravadas ao vivo; umcurta de ficção e aventura; um livro de histórias emquadrinhos; e um portal web para abrigar os passose resultados dessa experiência libertária.
Ao caminhar, se fez nosso caminho!!! Enfrentamosdiversos obstáculos, é fato, mas essas andanças renderamvaliosos momentos de camaradagem e de aprendizadocoletivo. Com o tempo, desfragmentaramse preconceitos frente às novas descobertas. Assim, passo a passo,e no tempo certo, conquistamos liberdades...
Enfim, nos resta "dar um salve" a beleza da culturacaiçara que agora se mistura ao universo digital paracompor um registro criativo desse rico e reconhecidopatrimônio cultural imaterial brasileiro.
E com imensa alegria entregamos a vocês o fruto dessa aventura digital pelas terras e águas do lagamar...
Fernando OliveiraEducador, Biólogo e Produtor Cultural
Duas mídias contendocanções gravadas ao vivo
com os mestres e grupos defandango caiçara
da cidade de Cananéia.
Curta-metragem de ficçãogravado em Cananéia com
participação de estudantes eprofessores da Rede Pública ede alguns dos nossos Mestresda cultura popular caiçara.
Sítio onde você poderá sabercomo realizamos esse projetoe/ou conhecer e aprenderum pouco mais sobre a
cultura caiçara:www.fandangoemcananeia.art.br
Mutirão: (do tupi motiró) s.m. [Brasil]auxílio mútuo, que prestam os
camponeses entre si, a serviço de umdeles, por um dia ou mais. Terminaem divertimento com música, dançae canto. Ainda é muito comum nointerior e litoral de um país quedecidiram chamar de"Brasil".
Variações:ajutório, mutirão, muitirom, mutirum,muxirão, muxirum, putirão, puxirão, puxirum...
O Ponto de Cultura "Caiçaras" faz parte de um programa colaborativo de
valorização, fortalecimento, disseminação e registro do patrimônio cultural do
município de Cananéia, localizado no litoral sul do Estado de São Paulo
(Território da Cidadania do Vale do Ribeira). Para atingir objetivos de interesse
comum propomos a construção de ações interdisciplinares que são pensadas e
executadas respeitando-se as demandas e a dinâmica natural das comunidades
locais, de forma a fortalecer processos educacionais e culturais participativos.
O Instituto de Pesquisas Cananéia (IPeC) é uma organização
não governamental sem fins lucrativos, de interesse
multidisciplinar, declarada de Utilidade Pública Municipal e
Estadual pelas leis n° 1.656/04 e n° 11.674/03,
respectivamente. Nossa principal missão é promover estudos
e ações em defesa do patrimônio natural e cultural
respeitando-se hábitos, costumes e práticas locais.
Cananéia - São Paulo - Brasil2010 - 2012
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enfim, o ônibus
atravessa o portal!!!
Depois de uma loooooongae cansativa viagem...
Olha o Rubinho!!!Vamos lá...
Oi gente! Que baitademora hein?!?!?
Caramba!!! Acho quea viagem me fez mal...
Oi primo!!!
Bem?! Esse ônibusdemora muuuito...
Cananéia é uma das cidades mais antigas do Brasil.
Escritos falam de um certo "Bacharel", degredado da Coroa
Portuguesa, que por aqui chegou perto de 1502 passando a
viver com os indígenas locais...
Roteiro e texto: Fernando Oliveira
Ilustração: Edson Menezes
Mas vamos ver ascoisas boas daqui...
Eu sei!!! Esse é umproblema grave...
Já estava preocupado, masparece está tudo bem né?
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Algum tempo depois...
Que legal!!! Nuncasaí de barco...
Nem eu mana...
Vamos aproveitara naturezaaa...
Nas águas de Cananéia vivemmuitas espécies de peixes. Por
aqui, também encontramos botose tartarugas marinhas.
Boa tarde gente!!!Tem muito peixe no
cerco hoje?
Olha que linda!!!Merece uma foto hein...
Certeza!!!
As vezes entra umbicho diferente...
Quando dá cheia no RioRibeira aparece peixe de
água doce!!! Olha lá o golfinhotentando pegar um
peixe!!!
Eu não!!!Tô cansado...
O cercofixo é uma armadilha de pesca artesanaloriginalmente utilizada pelos indígenas. Bastante
eficiente, os caiçaras a usam para capturartainhas, paratis, robalos e outros peixes...
Primeira parada sítiode pesca da família
Cardoso...
Já peguei tartaruga,lobomarinho, jacarédopapoamarelo...
mas esses aí a gentesempre solta!
Peixe tem pouco,mas bateu uma
tartaruga...
6
Golfinho!!! Aqui a gentechama de boto, mas ouvi
dizer que tanto faz...
Que bichocurioso hein
Tarsila?
Nem fale Zinho! Tôzonza de tanta foto!!!
O manguezal é um dos mais importantesecossistemas do planeta. Sem ele, boa parte davida marinha não existiria. Por isso, precisamoslutar pela sua conservação e uso sustentável.
Vocês têm sorte hein!!!Está cheio de bicho nabeira do manguezal... Jacarédepapo
amarelo, colhereiro emão pelada!!!
E ainda tem um casalde papagaiosdacara
roxa voando ali...
Quanta sujeira!!!Depois de uma rápida viagem
nossos amigos chegam naComunidade Caiçara do Marujá...
Calma gente!!! Eu vouencostar ali na beira...
É verdade! Já assistiuma palestra do Projeto
Botocinza.
Aprendi que esses sãonomes comuns e por issopode mudar de um lugar
para o outro...
Olha tem umfilhote ali!!!
Ainda tem gente quejoga lixo nos rios e nomar. É muito triste...
Lá vem elesde novo...
Deixa comigo...
E aí, vai encarar!!!!!
Que lugarlindooo!!!
Caramba,que fome...
Aí Moculé passa gelno cabelo mano...
Engraçadorá rá rá !!!
Se liga noscaranguejos...
7
Mana tirauma foto!!!
A Comunidade Caiçara do Marujá fica no sul doParque Estadual Ilha do Cardoso. As belas
paisagens e a tranquilidade da vida cotidiana atraemvisitantes de vários lugares do país e do mundo.
E aí, gostou?
Esse lugar émaravilhoso!!!
Imagina passaras férias aqui?
Eu querooo!!!
Oba!!!Tô dentro...
Ei, você aí...
Tem que conhecer esselugar hein!!!
Irado!!!
Galera está nahora de ir...
Aí sim!!! Novasaventuras...
Jura? Estátão bom...
Estou pronto!!!Agora vamos num
barco mais lento praaproveitar o visual...
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Depois de um longo dia de aventuras edescobertas nossos amigos voltam pra
curtir a noite em Cananéia...
A praça TheodolinaGomes (Tiduca) é um
importante espaço culturalda cidade.
Você vemsempre aqui?
Navegar é preciso
Viver não é preciso...
9
No outro dia beeeem cedinho...
Bom dia!Dormiu bem?
Bom dia!Estou pronto!!!
Vamos que ocaminho é longo...
Ai, ai, ai... achoque preciso dormirum pouco mais...
Boraaaaa...
Dormir praque hein?
Hoje é o dia de visitaros sítios e comunidades
do continente...
E vai rolardegustação!!
Tô pronto!!!
Interessante...
Vou leválos praconhecer nosso cultivo
de ostras...
Na região continental de Cananéiaencontramos diferentes comunidades caiçarase quilombolas que vivem da agricultura familiar
e do manejo de recursos naturais.
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A Comunidade Quilombola do Mandira trabalhacom o manejo sustentável de ostras. Eles asretiram do manguezal e as colocam nesses
viveiros de engorda até que atinjam o tamanhoideal pra a comercialização.
Oi Seu Tonico!
Ele está lá emcima proseando...
Oi pessoal!!!Vamos chegar...
Cadêcumpadre?
Chegou a hora deexperimentar...
Delícia!!!!!!!
Eu queroooo!!!
Num gostei dacara dela não...Quem vai ser o
primeiro?
Ostra é umalimento muito
saudável!!! Já disse isso aeles Seu Tonico...
Eu quero mais!!!!!
Pensando bemvou encarar sim...
11
Cachoeira!!!
Obaaa...Bem vindos à
mata atlântica!!!
Essa é a trilhapara a Cachoeira
do Mandira!
Depois da diversão é hora deencarar a Estrada do Ariri...
Eita estradaruim!!!!!
Não estounem ai!!!
As comunidades caiçaras que vivem no continentesofrem há décadas com a falta de manutenção dessa
estrada. Apenas recentemente é que órgãosgovernamentais começaram a tratar esse problema
com um pouco mais de seriedade.
Oi pessoal!!!
Os mutirões, também chamados de puxirões ouajuntórios, são organizados para preparar as roças parao plantio, para fazer as colheitas de temporada, para
fazer a “puxada da canoa” da floresta para o sítio ou paraa construção de benfeitorias comunitárias.
Chegamos gente!Hoje é dia de mutirão
de cavação!!!
Boraaaaa moçada!!!Num pode parar...
Cansei...
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OGALO CANTAAAAA...
O DIA AMANHECEEEEEE...
No final do dia, esse trabalho comunitário é “pago” pelo anfitrião com o oferecimento da festa de fandango que reúne o bailado,com batidas de mãos e pés, e a música executada com instrumentos artesanais: viola, rabeca, adufo, caixa de folia e machete
(parecidos com o pandeiro e o cavaquinho, respectivamente). As noitadas são animadas por fandangueiros que apresentam suasmúsicas tradicionais com letras sobre histórias, lendas, causos e crenças caiçaras. Hoje em dia, os mutirões voltaram a fazer parte
do seu cotidiano e a tradição do fandango caiçara permanece viva e se fortalece a cada ano. Para o caiçara o fandango não ésomente uma dança, mas sim um universo social onde eles podem viver alegre e tranquilamente em harmonia com a natureza.
E assim termina essa linda aventura pelas terrase águas cananeenses. Todos os lugares
visitados de fato existem, mas para conhecê-
los você precisará passar uns bons dias poraqui! Portanto, até a próxima pessoal!!! E
sejam bem vindos...
FIM
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Sabe aquela frase que vez ou outraaparece no começo de alguns filmes?Aquela que informa que a história foi
baseada em fatos reais? Pois bem,essa aqui é uma delas caro leitor...
Roteiro e texto: Fernando OliveiraIlustração: Wil Shanti
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Ah, esquecide dizerque sou tocadorde viola e derabeca e também invento modasde fandango.Aprenditudo isso aíobservando osmais antigos,entre elesmeu paiemeusavôs. Hoje em dia, muita
coisa se perdeu com essa vidamoderna.
Olá pessoal!!!Meu nome éCelso Cardoso. Sou nascido e criado na região do Ariri.Aquitenho um cumpadre chamado SeuChico da Silva que trabalha commadeira. Eleconstrói instrumentosmusicais, peçasde decoração e até canoas!Eé sobre isso quequero falar... a "canoa caiçara construída de um pau só". Dias atrás, ele terminouuma lá no meio damata e agora tem que trazê-la pra casa. Para isso, contou com a
colaboração dos camaradas no chamado "Mutirão deVaração".
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Seráque
vocês
podem
cuidar
dacom
ida?
Unsdias antesde terminara construção dacanoa comeceia convidaro pessoalda
comunidade para o mutirão. Como sempre,a notícia se espalhoumuito rápido e empouco tempo todomundo só falava disso.Também, osmutirões não são apenasmomentosde trabalho, masdemuita
camaradagem, festa e alegria.
A história começa mais ou menos assim...
Pess
oal s
ábad
o
vai a
conte
cer u
m
mutirão
...
Conte comigoSeu Chico!!! E pode
deixar que vouconvidar mais gente
pra ajudar...
Pessoal, Seu Chico"tá" chamando um mutirãopra varar uma canoa. E
depois vai ter fandango dobom pra dançar a noite
toda...
Certeza que vou!!!Faz muuuuuito tempo que nãose vara uma canoa desse meiode mato! ! ! Essa eu não perco
por nada hein...
É verdade!!!
Lembro do meu avô
contando as histó
rias do
mutirão. Mas nunc
a vi isso
por aquinão.
Vamos fazer acomida do povo? Que tal um
peixe seco?
Um mutirãocomo nos tempos
dos antigos...
Vamos relembrar ostempos de moço, quando a
gente varava canoacumpadre...
Já "tô" afinandoa viola, meu amigo...
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Dia apósdia, durantemais oumenosummêsemeio, ele fezo mesmo caminho. Quase umahora de pernada pra ire voltartodos osdias. Enesse tempo foicavando amadeira até pegaraformade uma canoa. Foicansativo, mas elemedisse que gosta desse trabalho. Éum ofíciomuito bonito, eu acredito. Mas hoje em diaquase ninguémmaisdomina essa tradição.Acho que um dia vaiacabarde vezporaqui...
Mas antesdessa agitação toda ele trabalhoumuito pra terminara canoa. Durante váriosdiasprocurou um bom guapiruvu caído no chão. É
uma árvore bonita e suamadeira é ideal pra fazercanoas. O problema é que a gente só encontra asgrandesmata adentro. Tem que pegarvárias
trilhas pra se chegarlá. Um sobe e desce no meiodamata até encontrara clareira aonde ela caiu...
Nos temposde papaiera comum a genteveros antigos cavando canoa nessas
bandas. Tinha gente que fazia canoa emtodos o cantos aí. A turma vendia emCananéia e Guaraqueçaba. Era demuitautilidade para as famílias caiçaras. Masaíveio esse talde "meio ambiente"e proibiutudo!!!Dá até tristeza na gente viu... Euacho que pode salvara natureza semprejudicara cultura do povo porque agente depende da natureza viva...
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Ele feztudo sozinho até agora, mas num dá pra desceressa canoa sem a ajuda. Essa aítemmaisde10metros e acho que pesa entre 250 e 300 quilos!!Fora o tamanho e o peso tem a trilha namata
que cruza o morro ao meio. Não é fácil descerde lá com esse peso não viu... Temque termuita gente pra amarrartudo e ajudara descersem risco demachucaraturma. Ainda bem que apareceu ummonte de camaradasbonsde braço pra
ajudar. Se não fosse isso a gente não ia conseguir.Foiuma gritaria só... dava a impressão que tudo estava desorganizado,masa verdade é que cada um teve a sua função nomutirão. Tinha o
mestre de corda, o proeiro, o cordeiro... Tem que trabalharorganizado!!!Pra animara gente dá dois tiposde cachaça: cataia ou "mãe ca fia"...
SEGUUUURA
CORDEIRO!!!!!!!
FORÇ
A
MOÇAD
A!
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A companheirada puxou a canoa pela rua até chegarna casa do cumpadre. No caminho, o Bento
encontrou uma jararaca pronta pra daro bote!!!DaíoMané sem pensarlascou uma paulada na cabeçadela. SeuNestor, caiçaramais antigo da vila,
chamou sua atenção dizendo que era só deixarobicho quieto que ele iria embora. MasMané retrucoudizendo que émuito perigoso deixaruma cobra
dessa solta perto das casas. Porfim, SeuNestordisseque cobra desse tamanho gosta de vivernamata,
aonde tem o que comertodos osdias...
Forçaminha
gente!!!
Faltamuito
pouco pra
chegar
na casa de Seu Chico
...
Boralá!!!
!!!
Foi um dia muito bonito.
A comunidade toda ajudou
na varação da canoa.
Sempre me lembro com
alegria de tudo aquilo...
Fazia tempo que eu
não via um mutirão tão
bom rapaziada...
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Quando omutirão terminou foitodomundo pra escola da comunidade. Lá, amulherada já tinha dado conta de
prepararuma comida típica caiçara: arroz,com carne seca, feijão gordo e frango commandioca. A comida estava ótima e opessoal se animou numa prosa sobre osantigosmutirões. Vários causos foramcontados pelosmais antigos. Um delesfalava de uma vezem que o fandangoparou porcausa da ventania do lado de
fora da casa. Teve gente que falou que erao saci, mas ninguém viu o danado...
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FIM
Masbommesmo foivero povo daquifelizcomo nunca viantes!!!Teve gente que abusoue perdeu o prumo, masquem não bobeou arrumou um parpra noite inteira...
Mas é uma gente bacana que gosta da cultura caiçara e que colabora pramanterofandango vivo poressas bandas. Tanto que agora o fandango voltou forte portodos oscantos aí... Os grupos tocam em quase todasas festas que têm na cidade!!!Sem contar
as escolasda capital que pedem para a turma se apresentarpara os alunos...
Depoisdo jantaramoçada pegou os instrumentos e começou a tocarasmodasde viola.O baile "tava"animado e a turma "de fora"dançavameio sem jeito tentando imitaragente. Essa turmada cidade veste umas roupas estranhas. Tudo colorida... hehehe!!!
Depoisdesse tiveram outrosmutirões. Um pra "plantação de rama"e outro pra colherarroz, mas essas já são outras histórias...
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Bom dia pessoal!!!Hoje eu tenho uma coisa bem
legal para aula. Nós vamos fazerum trabalho em grupo onde vocês
pesquisarão um assunto muitoimportante aqui: o fandango
caiçara...
Alguém poderesponder para
a Téo?
Mas o que éfandango caiçara
"fessora"?
Eu sei, eu sei...É um salgadinho
muito bom!!!
Não seja bobo!!!Fandango é a músicae a dança típica da
nossa região...
Muito bemArmando!!! E vocêJoão, só pensa em
comida...
Meu avô éfandangueiro. Ele sabemuitas histórias sobre o
fandango aqui emCananéia.
Beleza gente, ficacombinado para as duashoras da tarde na Praça
Martim Afonso, ao lado daIgreja Matriz.
Tchau pessoal!Até mais...
Que bomRosinha! Entãoacho que elepoderá ajudar
bastante...
Na saída da escola...
Vocês vãose reunir em grupos
pra fazer uma pesquisaem toda cidade. Vamosdescobrir os causos e
histórias caiçaras.
Roteiro: Cleber R. Chiquinho - Texto: Fernando Oliveira - Ilustração: Enrico Batalha
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Na hora marcada o grupo seencontra na Igreja Matriz... Galera meu avô
passou o endereço dealguns fandangueiros.
Vamos na casa deum deles?
Vamos sim, masaonde fica?
É perto da figueiracentenária...
Oi turma!!!
Até quegostaria, mas não sei
o que contar!!! Só sei quefaz tempo que acabou o
fandango por aqui...
Como assim!!!Acabou de vez?!?!
Mas como?
Não temmais instrumentosmusicais. Daí nãotem como a gente
tocar e dançarfandango...
Mas o queaconteceu com os
instrumentos?
De um tempo pra cásumiram todos!!! Nós já procuramos
por tudo aí e nada de achar...Estamos desconfiados do saci. Ele émuito bagunceiro e atrevido. Gosta derir da gente. Só pode ter sido ele quesumiu com os instrumentos e está se
divertindo agora!
Deixame irque está na horade pescar. Bomtrabalho e boa
sorte...
A Igreja São João Batista foiconstruída em 1577 marcando o
início do processo de colonizaçãoda cidade de Cananéia...
Olá Seu Paulo!Estamos fazendo uma
pesquisa sobre o fandango. O senhor pode falar
pra a gente?
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Será mesmo queele falou a verdade?
Não tem maisfandango?
Acho que elementiu pra gente!!!
Vamos falar comoutro fanfangueiro então!
Mas esse que tenho anotadoaqui mora no São Paulo
Bagre. É meio longe daqui,mas lá tem um dos grupos de
fandango mais antigosde Cananéia...
EU TOPO!!!
Nós também!!!
Então vamosnessa galera!
A comunidade caiçara do São Paulo Bagreainda mantém viva diversas tradições
culturais. Por lá, encontramos o grupode fandango "Violas de Ouro"...
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Boa tarde!Meu nome é Rosinha.Sou neta do Seu João.Estamos fazendo um
trabalho escolar sobre ofandango caiçara.O senhor pode nos
ajudar?
Olha Rosinha,não sei o que te falar
sobre o fandango, não.Há muito não conversosobre isso. Nem escuto
moda mais...
Ué, mas por quê?O senhor não gosta
de fandango?
Gosto sim,mas depois que o
fandango acabou porconta do sumiço dosinstrumentos, acabeiesquecendo de como
era tudo aquilo.
Pô gente,acho que assim é
melhor. Vamos dizerque o fandango nãoexiste mais e pronto!
hehehe...
Nem brincacom isso não!
Nós vamos fazeressa pesquisa!!!Amanhã vamosresolver tudo.
É, mas sóamanhã, né? É mesmo e eu
preciso jantar!!! ...Porque até a
gente chegar noCentro já será
noite!
À noite, na casade Rosinha...
Vô ninguém quisnos ajudar...
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Falaram que ofandango não existe maisporque os instrumentostodos sumiram. Onde já
se viu isso?
Pode deixarvôzão!!! Amanhã
mesmo...
Ô Rosinha,quando eu era criança
aconteceu a mesma coisa láno bairro onde nasci. É que o fan
dango precisa ser sempre lembradoatravés de suas antigas histórias.Manter a tradição viva! E quandoos mais velhos param de contar
essas histórias algo deruim acontece....
Naquela épocaeu e meus amigos tivemos
que perguntar sobre as histórias que os tocadores tinham
sobre o fandango. Coisas que elestinham vivido ou causos e lendascontadas pelos seus pais ou avós.
Com isso, achamos os instrumentos e o fandangoaconteceu de novo...
Tentem fazer amesma coisa!!!
Então gente,conversei com meu avô e ele
disse que o sumiço dos instrumentostambém aconteceu quando ele era criança!!! O que eles fizeram na época foi pedirpara os antigos contarem causos, lendase histórias do fandango. Daí descobriram
onde os instrumentos estavam!!!Pelo menos foi isso que
me disse...
Valeu Rosinha!!!Por isso que te
adoro viu...
Hummm!!!Está rolando um clima
hein!? hehe... Mas espera aí, se esse papo é real
então porque a gentenão vai procurar?
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Vamos pedir aosnossos pais pra ir hojemesmo para lá, beleza?A lancha sairá à uma datarde! A gente se encon
tra na balsa...
Meu avô temum amigo fandangueiro
lá no Marujá, o SeuCarlos. A gente podia ir
até lá falar com ele.
Diz ai Janjãoqual o plano?!?!
A Comunidade Caiçara do Marujá fica noParque Estadual Ilha do Cardoso. Lá, nossos
amigos ouvem muitos causos...
Meu pai contava pra mim o causo do 25 de marçoque é assim: “Estavam dois violeiros tocando depois
do mutirão quando do nada aparece um Senhortrajado todo de branco. Ele juntou-se aos violeiros e
pediu licença pra tocar uma moda. Ninguém alitocava e cantava tão bem quanto este misteriosohomem. Os convidados começaram a desconfiar
daquilo e olhavam pra ele cismados. Logo, osvioleiros convidados tocaram outra moda e aquele
senhor tocou outra pra rebater. Depois dessa últimamoda, todos os convidados olharam aquele estranhoda cabeça aos pés e perceberam que não eram pés degente, mas sim pés redondos de algum animal. No
mesmo instante, o misterioso senhor arreou a viola ebotou-se na estrada. Aquilo fez com que o fandango
acabasse e o comentário geral foi de que aquelehomem não era gente desse mundo não...
Na quarta-feira de cinzas osfandangueiros desafinavam seus
instrumentos deixando-os de cantodurante os 45 dias da quaresma.
Antes da meia-noite, o pessoal faziaum pirão de farinha e jogava paracima do teto de sua casa. Isso era
aviso de que na primeira noite apósa quaresma seria nesta casa o local
do fandango.
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Essa é uma história sobre asdomingueiras que antigamente aconte
ciam nas casas das pessoas. Desde pequeno eu ia junto. Minha mãe me deixava sentado
num canto e caía no fandango. Tinha muitorespeito naquela época e se pedia licença aosmarido pra dançar com a esposa. A mulherada
ficava toda sentada num canto e pra quemelas "olhassê" era o escolhido. Aí a gente
ia e tirava pra dançar..."
De volta àcidade...
Vamos tomar umdrinque? Daí euaproveito para
comer...
Ele falou de25 de março, “péredondo”, pirão de
farinha...
Olha lá!É o Seu José amigode papai. Vamos láfalar com ele!!!!!
Você só falaem comida!!!Temos quepensar...
Seu Josépodemos falar
um pouco?
Claro Rosinha,sabe que adoroconversar com
você...
Gostaríamosde ouvir causos
sobre o fandangocaiçara...
A gente nãocostuma mais falar sobre o
fandango. Foi difícil aceitar o sumiçodos instrumentos. Mas vou abrir umaexceção porque gosto muito de você!
Faz tanto tempo que não volto aessas lembranças...
É isso quebuscamos!!! Lembranças que fazemnossa cultura ficarviva na história!
Assim que a gentepaquerava naquela época.
E o fandango ia noite adentro, às vezes até
"amanhecê”.
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Essa foimuito legal!!!
É... mas nãoresolveu omistério!!!
Verdade!E agora???
Temos quepensar mais!!! Deve
estar na Beiramar, noMorro São João ou
em algum outroponto turístico.
Não acho!!!Não tem relaçãonenhuma com a
história.
Ei, ele falou dedomingueira não
falou?
Sim, e daí?
E daí é que asdomingueiras aconteciam
aqui nessa praça se vocês nãosabem!!! Talvez os instrumentos estejam nesse
lugar...
E começam aprocurar os
instrumentos...
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Pessoal venhamver isso aqui!!!!!
Venham!!!Temos algo pra
mostrar...
A criançada felizda vida chama aturma do Ponto
de Cultura...
Pouco depois oequipamento de
som é montado napraça...
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E o povo chegapara a noitada de
fandango...
Boa noite pessoal!!Para muitos essa é a
primeira vez que veem issoacontecer. Para outros é orenascimento de algo quetinha acabado por aqui,
presente na vida de nossos pais,nossos avós e de nossos bisavós...
Tudo isso aconteceu por causa dessascrianças que se aventuraram paraencontrar os nossos instrumentos
mantendo viva essa linda tradição da culturacaiçara!!! Gostaria de
chamar aqui Rosinha, minhaneta, Janjão, Téo e
Armando!!!!
mas que sempre esteve
E assim terminaessa aventura pelacultura caiçara...
FIM
32
Boa tarde pessoal!!Gostaria de divulgar o "Festival
de Música Estudantil". Quem quiserpoderá participar das eliminatórias
municipais e aqueles que se classificaremse apresentarão na fase regional que
acontecerá na cidade de Apiaí.
Roteiro: Luana de Mello, Solange F. Cubas, Luana
Ap. dos Santos, Ivan C. Neves,Aldrin Klimke,
Victor Neves e Bruno Pontes.
Texto: Fernando Oliveira
Ilustração: Enrico Batalha
33
... terá a honra derepresentar o Vale do
Ribeira na grande final queacontecerá no Memorial da
América Latina!!!!
E se por acasoalguém da nossa
cidade se classificarna fase regional...
Nossa que brega...hehehe!!!
Eu acheilegal!!!
Será que alguémvai ter coragem?!?!
Professora querome inscrever!!!
Essa já era!!!Vou participar...
Fandango?!?!?Essa Maria Clara"tá" viajando...
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Quem liga parafandango nessa
cidade?O Ivan vaiganhar fácil!!!
Com vocêsMaria Clara!!!
Não me importocom o que a turma
fala por aí...
Vai serdivertido!
Ela é umamaluca!!!
No dia da apresentação Maria Clara estavasuper nervosa, pois havia um grande número de
concorrentes e porque também teria queenfrentar a resistência de seus colegas...
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Boa noite pessoal!Gostaria de agradecer aos meusavós que estão me vendo hoje ànoite. Foram eles que me criaramdepois que meus pais se foram
num acidente de carro.
E foram eles queme ensinaram tudo sobre ofandango e a cultura caiçaraque vivenciaram em seustempos de juventude...
Não sabia dessahistória...
Nem eu...
Na hora do resultadouma surpresa...
Em 2º LugarMaria Clara e em 1º
lugar Ivan e suabanda...
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Parabéns por hoje,mas acho que você nãoterá chances na disputa
regional...
Dois mesesdepois...
Chega a horado encontroregional no
Alto Vale doRibeira
Lá vema Clara da rabecasem noção e suaroupa estranha...
Ivan deixeme em paz!!!Preocupese com a sua
apresentação e meesqueça...
De novo, não se vê nadarelacionado à cultura tradicional...
E o resultadoclassifica ambos para
a grande final!!!
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Essa foi fácil!!!Quero só ver a cara
da rabequeira...
Em sua casa, Ivanfica pensativo...
Não acredito!O povo curtiu oshow dela...
Caramba, "tô"gostando dela!
Filho você foi seinteressar pela filha deum pescador?!?!?!
E qual oproblema?
Não seja preconceituosa mãe!!! Eles sãode uma família caiçara
muito antiga viu...
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Desista dessa idéiamenino! Isso é coisa deidade e logo passará...
Dias depois...... chega a horade subir a serra
pra tocar nacapital!!!
Acho que vaidar namoro ali atrás
hein amiga...
Memorial da AméricaLatina lotado!!!
Nossa quantagente!
Boa sorte!
Espero queganhe!
hehe...
39
E começa a grandefinal...
Lá atrás...
Vai dar tudocerto viu...
Fique tranquila Clarinha.Faz de conta que vocêestá em Cananéia...
Suspense no ar para o anúnciodos grandes vencedores do“Festival Estadual de MúsicaEstudantil”. O público está
impaciente. Todos os músicosestão muito nervosos...
Primeiramente,quero parabenizar todos os
participantes desse festival querevela novos talentos a cadaano que passa mostrando ao
Brasil a nova cara danossa música.
.
40
Esse ano adisputa foi muito interes
sante, pois tivemos a participação de músicos de váriascidades do nosso Estado. E
assim, nossos juradosdecidiram por uma escolha
que valoriza a culturapopular...
O primeiro lugar ficacom Maria Clara e sua
rabeca caiçara!!!!!!
Que irado!!! Elaganhou...
Dedico esseprêmio aos meus avós
caiçaras que memostraram a beleza de
sua cultura...
Muita festa...
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Pessoal a Maria Claraganhou o festival de
música!!!!!!
Caramba!!!Que legal...
Uhuuuu...
É com muito orgulhoque chamo ao palco a Maria Clara! Ela
teve coragem de levar adiante seus sonhose conseguiu ver o seu talento reconhecido
no maior festival de música estudantildo nosso Estado.
FIM
Em Cananéia aturma prepara uma
grande festa...
Ela nos fez perceber aimportância da nossa rica
cultura tradicional.
Agora só faltafazer um baile...
hehehe!!!
Um salve aofandango...
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Tudo começou com a música. O som de umas violas ecoando noite afora.Os dedos deslizando nas cordas da rabeca feita à mão. O ritmo marcado nas
batidas d'uma caixa de folia. E o povo se "ajuntando" pra dançar e ouvir a cantoria...
Quem não se liberta de preconceitos perde a alegria de experi-mentar o que de bom essa vida nos dá. E ao provar descobre-seque a beleza se faz a cada nota musical. A cada nova paisagemque se desnuda. E a cada sonho que teima em não envelhecer...
O contrário, posto isto, acontece a quem se atreve a botar ospés na estrada e o coração em liberdade. Come-se do alimentocultivado em terra fértil. Bebe-se da cachaça curtida em folhas
da floresta. Soltam-se pensamentos para muito além de ondesequer imaginamos chegar nesse mundo doido.
E como milagre que não tem santo encontramos o simples em suaplenitude poética. Livre de padrões e formas estéticas postas
de cima abaixo. Suficientemente simples para nos fazer acreditarque o impossível só existe para quem não se movimenta.
E sem saber do tal "impossível" caminhamos adiante...
Téo, Janjão, Rosinha e Armando correm para realizar uma pesquisaescolar sobre o fandango caiçara. Entre idas e vindas, encontram grande resistência
dos fandangueiros que não querem mais falar sobre essa tradição. Afirmam eles que ofandango não existe mais e que sumiram todos os instrumentos!!! Esse estranho
acontecimento é o pano de fundo para a aventura vivida por essas crianças nas terrase águas de Cananéia, uma pequena cidade localizada no litoral sul de São Paulo.
Vivenciando as belezas naturais, culturais e históricas da cidade, as crianças decidemencontrar os instrumentos perdidos e aos poucos descobrem diferentes lendas,
histórias e causos. Eis ai o segredo para o reaparecimento dos instrumentos, ou seja,a contação de causos que estão guardados na memória dos antigos e que precisam serrepassados de geração em geração para manter vivo o saber-fazer caiçara por muitos
e muitos anos. A cada nova aventura, um novo causo...
Kauê Mateus XavierJANJÃO
Geovana Mandira CardosoROSINHA
Sabrina Cardoso da SilvaTÉO
Clóvis Ribeiro Xavier Jr.ARMANDO
ORGANOENGRENAGEMEquipe e parceiros de trampo...
Ivan Carlos NevesAgente Cultura Viva, Assistente
de Produção e Fotografia
Cleber R. ChiquinhoEducador, Produtor Audiovisual,Designer gráfico e Fotografia
Luiz C. MayerhoferEducador, Designer Gráfico
e Fotografia
Fernando OliveiraIdéia e Concepção, Educador,Produtor Executivo, Designer
Gráfico e Fotografia
Ricardo S. DuranEducador e Produtor Musical
Natália LatansioEducadora, Produtora
executiva, Produção Web eFotografia
Heloísa H. ValioGestão Financeira
Solange F. CubasAgente Cultura Viva
Aldrin KlimkeAgente Cultura Viva
Luana de MelloAgente Cultura Viva
Luma VitórioFigurinista e Auxiliar de
produção
Luana VitórioFigurinista e Auxiliar de
produção
Victor F. NevesAgente Escola Viva
Bruno PontesAgente Escola Viva
Luana Ap. SantosAgente Escola Viva
Fernando AvenaAgente Tuxauá, Consultor
Técnico e "Hacker dePlantão"
Christian Euzébio"Mexicano"
Educador, Consultor Técnicoe "Hacker de Plantão" na área
de produção musical
Gabriel AlmeidaJovem Aprendiz
Sérgio QueirozJovem Aprendiz
Banto PalmarinoEducador, Consultor Técnico
e "Hacker de Plantão" nasáreas de produção web e
designer gráfico
EDSON MENEZESNascido e criado na periferia deSampa, começou cedo a trilhar os
caminhos da arte. Em 2008, formou-seem Artes Plásticas. Trabalha como
ilustrador e cenógrafo. Já morou econviveu com os caiçaras de Cananéia.
WIL SHANTINascido numa comunidade de Niterói (RJ)desde pequeno aprendeu a arte de dese-nhar seguindo seu pai. Tatuador há maisde 12 anos é apaixonado pelas cores e
suas infinitas possibilidades. Hoje, reside evive a cultura caiçara em Cananéia...
ENRICO BATALHANascido em Niterói (RJ), formou-se em
Artes Visuais em 2010. Trabalha comoilustrador, professor e designer gráfico.
Participou do projeto "Em Busca doPoder" como diagramador, ilustrador eautor da serie "A Lenda do Ascarioth".
Agradecimentos especiais a Luis H. Tedesco (captura de imagens), Gislaine Filla (revisão dos textos), Alceu Estevam e Rone Costa (oficina de edição de som), Thiago Alvarez (Lester)(edição e masterização de canções), Ike Banto (finalização de arquivo livro) e Ricardo Vignini (produção das canções dos grupos Fandangueiros do Acaraú e Jovens do Itacuruça).
Esse livro int egra o conjunt o de produt os socia is do proje t o "Program a Puxirão - apoio ao fandango ca içara no m unicíp io d e Canané ia" f inanciado pe lo Inst it ut o do Pat r im ônio Hist ór ico e Art íst ico Naciona l ( IPHAN) at ravés doProgram a Naciona l do Pat r im ônio Im at er ia l (PNPI) - Edit a l d e se leção de proje t os t écnicos nº 0 0 1 /2 0 0 9 - "Apoio e Fom ent o ao Pat r im ônio Cult ura l Im at er ia l". NÃO PODE SER COM ERCIALI ZADO. DISTRIBUIÇÃO GRATUITA.