estratégias alternativas de desenvolvimento

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Estratégias alternativas de desenvolvimento Desenvolvimento e alterações estruturais no processo de crescimento económico Introdução Foi solicitado na Disciplina de Economia de Desenvolvimento, um relatório sobre um dos temas constantes do programa lectivo de Administração Publica (pós-laboral), unidade curricular ministrada pelo Senhor Professor Doutor António Rebelo de Sousa, para tal resolvi abordar o Ponto V – Estratégias alternativas de desenvolvimento. O elemento fulcral deste relatório foi o suporte teórico que utilizei, o livro “Manual de Economia e Desenvolvimento – Apontamentos” do professor desta unidade curricular editado em 2009 pelo I.S.C.S.P. o qual serviu de base de consulta e elemento orientador das varias pesquisas efectuadas sobre o tema. Resumo

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Estratégias alternativas de desenvolvimento

Desenvolvimento e alterações estruturais no processo de crescimento económico

Introdução

Foi solicitado na Disciplina de Economia de Desenvolvimento, um relatório

sobre um dos temas constantes do programa lectivo de Administração Publica (pós-

laboral), unidade curricular ministrada pelo Senhor Professor Doutor António Rebelo de

Sousa, para tal resolvi abordar o Ponto V – Estratégias alternativas de desenvolvimento.

O elemento fulcral deste relatório foi o suporte teórico que utilizei, o livro

“Manual de Economia e Desenvolvimento – Apontamentos” do professor desta unidade

curricular editado em 2009 pelo I.S.C.S.P. o qual serviu de base de consulta e elemento

orientador das varias pesquisas efectuadas sobre o tema.

Resumo

Pretendeu-se com este relatório analisar as estratégias alternativas de

desenvolvimento para tal e para melhor compreensão do tema começou-se por abordar

as teorias de desenvolvimento que vigoravam até meio do século XX, passando-se a

analisar os modelos alternativos de desenvolvimento, compostos: pelo modelo de

especialização primária, modelo de substituição de importações, modelo de

desenvolvimento equilibrado e modelo de especialização industrial e de diversificação

de serviços.

As diversas teorias de desenvolvimento

“O conceito de crescimento distingue-se do de desenvolvimento

económico, na medida em que este implica saltos quantitativos e modificações

qualitativas no processo económico, as quais derivam por sua vez de inovações

introduzidas nesse processo por agentes interiores”. António Rebelo de Sousa (2009)

O Modelo de Lewis

Existem diversas teorias sobre crescimento económico, entre outros, o modelo

de Lewis de desenvolvimento (Arthur Lewis - 1954), o modelo de desenvolvimento de

Ranis e Fei (Ranis e Fei – 1964), o modelo de desenvolvimento de Schumpeter (1982),

o modelo estruturalista, a teoria de base de exportação de Richardson (1973),o modelo

das vantagens competitivas dinâmicas e o modelo de Harrod-Domar.

Para Lewis uma economia subdesenvolvida consiste em dois sectores, um sector

pequeno ao qual chamou de “moderno” e um sector muito grande que apelidou de

“tradicional”; este modelo de dois sectores tornou-se a principal teoria do processo de

desenvolvimento nos países menos desenvolvidos que tinham uma excesso de mão-de-

obra durante as décadas de 60 e 70. O processo de crescimento económico baseia-se no

desenvolvimento do sector moderno através da transferência de mão-de-obra

proveniente do sector tradicional e da reaplicação dos lucros gerados pelo sector

tradicional.

O modelo dualista de Lewis, parte do pressuposto de que a mão-de-obra é

ilimitada no sector tradicional, pelo que o salário real iguala o salário de subsistência, a

transferência de trabalhadores de um sector para o outro não implica qualquer tipo de

redução de produção no sector tradicional e ainda considera o sector “moderno” de

insuficiente composto por comércio, administração publica e industria.

Para países pobres, o crescimento é lento porque o sector de transformação é

pequeno ou inexistente não existindo uma fonte de investimentos nem a possibilidade

de haver poupança.

Apesar do modelo de desenvolvimento de Lewis ser conforme a experiência

histórica do crescimento económico do ocidente, a realidade contemporânea dos países

do terceiro mundo não é a mesma.

O modelo de Ranis & Fei

O modelo de Ranis e Fei foi desenvolvido a partir do modelo de Lewis embora

os autores tenham efectuado diversas criticas aos pressupostos usados.

Ranis e Fei utilizam os seguintes pressupostos: recursos parcos e pouco

diferenciados, grande parte da população activa está na agricultura, existe uma taxa de

crescimento demográfico muito elevada, elevado desemprego oculto na agricultura e o

comercio externo praticamente inexistente.

Ao sector moderno fazem corresponder o sector industrial e o sector tradicional

corresponderá ao sector tradicional, consideram que a reafectação da mão-de-obra é o

fulcro do processo de desenvolvimento e dividem em três fases.

A primeira fase é quando surge o sector moderno ou industrial podendo

designar-se de fase de pré-arranque, na fase de arranque efectivo concretizando-se o

“big-push” ou “esforço mínimo critico”, nesta fase inicia-se o processo de transferência

de mão-de-obra do sector agrícola para o sector industrial, formando-se neste ultimo

grandes lucros, que sendo reinvestidos, dão origem a um desencadeamento do processo

de industrialização, e estando criadas as condições para o “big-push”, que origina a

materialização do arranque económico acentuado pelo surgimento de uma classe média

com algum significado.

A segunda fase é o período em que a produtividade marginal do factor produtivo

de trabalho na agricultura começa a ser superior a zero até igualar o salário institucional

acompanhado pela diminuição de emprego no sector “tradicional” que conduz a uma

redução do produto agrícola, esta quebra dá origem a uma diminuição de emprego dado

a produtividade marginal passar a apresentar-se crescente.

A transferência de mão-de-obra não afecta o total de excedente agrícola, em

virtude do consumo da população transferida (produção agrícola) ser superior à

produção agrícola, registando-se até um aumento do excedente de produção agrícola

total, no entanto este aumento não é proporcional ao incremento do volume de mão-de-

obra empregue no sector industrial o que dá origem a uma diminuição da capitação do

produto agrícola disponível para este sector, provocando ao subida dos preços dos

produtos provenientes da agricultura.

Segundo estes autores a subida dos preços dos produtos agrícolas provoca o

aumento dos salários reais na industria atingindo-se o “shortage point”, ao chegarmos a

esta fase de influência endógena, estão criadas as condições para a existência de uma

economia com um sector moderno que apresenta uma dimensão critica que lhe permite

ser competitiva à escala internacional.

Por fim pode ou não surgir uma terceira fase que inicia-se no ponto ao partir do

qual a produtividade marginal atingida no sector “primário” iguala o salário

institucional, chegando a ser superior a este, passando os salários deste sector a ser alvo

de comportamento concorrencial é o chamado “commercialization point” ou “ponto de

capitalização total”.

Esta economia que a manter um ritmo adequado de aceleração nas taxas de

produtividade, poderá transformar-se, a curto médio prazo, numa economia

desenvolvida com um crescimento auto-sustentado, no pressuposto dessa evolução ter

sido acompanhada do progresso tecnológico graças aos lucros gerados acumulados em

cada período atingindo-se aquilo que alguns autores designam de fase de

amadurecimento, ao qual correspondem estruturas produtivas e organizacionais de

qualidade superior.

O modelo de Schumpeter

Para Schumpeter a produção consiste no essencial da combinação de forças

produtivas materiais e imateriais, o qual resulta um produto especifico em cada unidade

produtiva (produto social), os produtos materiais são o trabalho, os recursos naturais e

os meios de produção; os produtos imateriais são a tecnologia e a organização que

condicionam a natureza e o nível de actividade económica.

O desenvolvimento pode resultar dos seguintes casos distintos: o surgimento de

um novo bem ou de uma nova qualidade de mercadoria; a adopção de um novo método

de produção (progresso tecnológico); conquista ou abertura de um novo mercado; a

conquista de uma nova fonte de suprimento das matérias-primas ou produtos semi-

industrializados e a execução de uma nova organização.

Este modelo considerava que a capacidade de criatividade e invenção do homem

eram inesgotáveis, com especial enfoque no empresário na tecnoestrutura.

Schumpeter acreditava no advento socialista, ao qual ele caracterizava como um

sistema institucional, em que uma autoridade central tem o controlo dos meios de

produção e da própria produção, adaptando regras de funcionamento de uma economia

de mercado, podendo chegar a um rendimento superior ao do capitalismo, este modelo

aproxima-se mais de um modelo de “socialismo de produção” do que um modelo

colectivista.

O modelo estruturalista

O modelo estruturalista pretende chegar à “síntese de convergência de várias

“escolas” do pensamento económico compatibilizando métodos e esquemas de

integração racionalizada de diversos tipos de politicas económicas”1

Para se poder aferir da abordagem estruturalista devemos caracterizar o conceito

de estrutura:

As estruturas não são apenas económicas porque anteriormente correspondem a

um conjunto social mutável no tempo.

As estruturam não se limitam ao quadro de agentes sociais e das redes de fluxo

criadas ou transmitidas por esses mesmos agentes mas também aos mecanismos

que explicam a orientação e a dimensão desses fluxos.

As estruturas não são fechadas sobre si mesmas, antes apresentam-se ligadas

entre si.

O processo de desenvolvimento deveria começar por concentrar-se em sectores

estratégicos, no fundo aqueles com maior nível de produtividade e de desenvolvimento

tecnológico e em regiões prioritárias, com a possibilidade de maximização de

externalidades resultantes de investimentos estruturais, podendo ser desequilibrado e

assimétrico mas que no longo prazo tenderiam para uma situação de equilíbrio.

Numa fase inicial parte do investimento seria concentrado em sectores de

suporte do desenvolvimento e outra parte para infra-estruturas que abarcariam a mão-

de-obra liberta, conciliando a obtenção de elevados níveis de produtividade, com o

incremento de produção e acumulação de excedente, criando condições para um

consumo endógeno e absorção de mão-de-obra liberta pelo sector tradicional.

Os modelos estruturalistas sem a associação do processo de internacionalização

e de globalização da economia mundial, podem conduzir à eternização da adopção de

politicas proteccionistas ou a excessiva intervenção do estado no mercado.

A aposta no desenvolvimento sustentado implica a conciliação entre a analise

estrutural e a aplicação de politicas conjunturais com a gradual liberalização do

comércio e dos movimentos de factores, o que faz com que este modelo não contenha

muitas dessas características.

A Teoria da Base de Exportação de Richardson

A Teoria da Base de Exportação considera as exportações como a principal força

do processo de desenvolvimento, o crescimento nesta teoria depende da  dinâmica das

actividades económicas básicas que, por sua vez, incentivam o desenvolvimento  de

actividades complementares, as actividades básicas vendem a sua produção a outras

regiões,  sendo, portanto, a força motriz da economia.

O rendimento de uma região ou país aumentaria desde que inserido num espaço

de integração ou de pelo menos de liberalização de trocas, com o acréscimo de gastos

públicos, com o aumento da propensão marginal a consumir e a investir e diminuiria

com o aumento da região ou país em consumir bens importados tudo isto partindo do

principio de que não existe alterações, tudo mantêm-se constante “ceteris paribus”.

O crescimento económico teoricamente falando é positivo para todos, embora

possa suceder que uns beneficiam mais do que outros, daí se poder aferir que a

globalização poderá ser benéfica para todos embora com diferentes intensidades.

O modelo das vantagens competitivas dinâmicas a tendência para a criação de

blocos de integração regional, entre países que já conseguiram atingir um certo grau de

desenvolvimento.

Este modelo surgiu em função das limitações dos modelos convencionais, tal

significou privilegiar uma dinâmica desenvolvimentista suportada pelas novas

tecnologias e mão-de-obra qualificada bem como o aumento do coeficiente de

intensidade capitalista, neste modelo importa analisar os blocos de integração

económica.

O modelo de Harrod-Domar

O modelo de Harrod-Domar (1930) sugere que poupanças provejam de fundos

que são emprestados para propósitos de investimento.

Para Harrod-Domar a taxa de crescimento da economia depende: do nível de

poupança e relação/razão das poupanças e da produtividade do investimento; isto é, da

relação ou razão de capital-produção da economia.

Este modelo analisa os ciclos empresariais, sendo adaptado depois para se

compreender o crescimento económico dependente da quantidade de trabalho e capital,

países em desenvolvimento têm uma provisão abundante de trabalho, o que falta é um

capital físico que retarda ou detém o crescimento económico e consequentemente o seu

desenvolvimento.

Mais capital físico gera crescimento económico, investimento líquido (isto é,

investimento tanto alto como baixo, necessário para substituir o capital desgastado -

depreciação) conduz a mais bens de produção (apreciação do capital) que gera maior

produção e renda. Renda mais alta permite níveis mais altos de poupança.

O crescimento económico requer políticas que encorajam poupança e ou gerem

avanços tecnológicos que mais baixa relação razão de capital-produção.

Críticas ao modelo: difícil de estimular o nível desejado de poupanças

domésticas, resolver o hiato de poupança pedindo emprestado exógenamente que causa

mais tarde problemas de reembolso de dívida, a existência de lucros marginais

decrescentes em relação ao equipamento de capital. Assim cada unidade sucessiva de

investimento é menos produtiva e a razão relação entre capital e produção eleva-se

aumenta, o crescimento económico é uma condição necessária mas não suficiente para

desenvolvimento e a estrutura de sector da economia importante (isto é agricultura,

indústria, serviços)

Estratégias alternativas de desenvolvimento

Para Hollis Chenerey (1979) a transição das economias subdesenvolvidas para

as industrializadas passa por um conjunto de características comuns de transição de

todas as economias e de factores de diversidade resultantes dessas mesmas transições.

Os factores comuns seriam: variações semelhantes na função consumo resultante

do aumento do rendimento, a acumulação de capital físico e humano fruto do aumento

“per capita” do factor produtivo de trabalho, um acesso a tecnologias idênticas e o

acesso ao comércio mundial.

Os factores de diversidade são: a existência de diversos objectivos sociais e

diferentes politicas, a existência de diferentes recursos naturais, as diferentes dimensões

dos países, à existência de diferentes acessos ao capital externo e às próprias variações

nos factores de uniformidade ao longo do tempo.

Para a análise dos padrões alternativos de especialização deve-se considerar dois

conceitos: o de “Trade Orientation”, orientação do comércio e o de “Production

Orientation”, orientação de produção.

Para um TO>0,10, constata-se que o país em causa está primariamente orientado

para as exportações, para um TO entre -0,10 e 0,10, o país em causa está orientado para

o comércio e para um TO <-0,10, será um país de cariz industrial.

No caso da produção temos se o PO >0,07 é um país orientado primariamente,

se o PO estiver entre -0,07 e 0,07 é um país normalmente orientado e se o PO for <-0,07

então estamos perante um país industrialmente orientado.

Com esta análise de Chenery, tenta-se definir os principais traços

caracterizadores de experiências alternativas de transição, considerando uma grande

multiplicidade de variáveis explicativas do processo de desenvolvimento.

Os modelos alternativos de desenvolvimento

Do modelo de especialização primária

O modelo de especialização primária caracteriza-se por ser orientado

primariamente quer do ponto de vista do comércio quer do ponto de vista da produção

ou seja TO <0,10 e PO >0,07.

As economias que assentam a sua estratégia de desenvolvimento num modelo de

especialização primária, baseiam a expansão da sua actividade produtiva no

aproveitamento de recursos naturais, como é o caso dos países produtores de petróleo.

Existem países que também adoptaram esta estratégia não produtores de petróleo, são

claramente mais débeis.

Estas economias são muito dependentes do investimento externo, constatando-se

um grande desfasamento entre o desenvolvimento primário e o industrial, dado o

desenvolvimento primário estar associado a recursos naturais e o desenvolvimento do

sector moderno resulta da acumulação de capitais e ou de investimento externo.

Neste modelo a diversificação da oferta interna apresenta-se reduzida e o

mercado interno é restrito, dificultando o aumento do sector industrial; raros foram os

modelos que conseguiram ir além do “big-push”, nem em caso algum foi possível

chegar ao “commercialization point”.

Em suma, os modelos de especialização primária têm uma oferta interna pouco

diversificada, são muito dependentes do exterior e o mercado endógeno é inexistente,

não sendo possível atingir o “shortage point” na perspectiva de Ranis & Fei.

Alguns dos países que aplicaram este modelo são: a Nigéria, a Tanzânia, o Irão,

a Venezuela e Angola.

Do modelo de substituição de importações

Os modelos de substituição de importações, estão em muitos casos

historicamente ligados a experiências de nacionalismo exacerbado, do ponto de vista do

comércio, são primariamente orientados e no que respeita à produção são o

industrialmente ou normalmente orientado TO >0,10 e PO <0,07.

A principal preocupação deste modelo é de fazer surgir um sector industrial,

recorrendo-se a capitais externos, procurando criar condições para atrair esses mesmos

capitais através de politicas de proteccionismo não se optando pela liberalização do

comércio, no fundo como as importações não são permitidas, originando a instalação no

país de empresas estrangeiras, gerando riqueza, através de formação de mais-valias e da

criação de postos de trabalho.

Este tipo de modelo assenta em mecanismos como: os direitos aduaneiros,

restrições quantitativas e incentivo no investimento com esquemas de isenção de

impostos e de outros incentivos económicos e ou financeiros.

Este modelo quando aplicado temporariamente tem permitido, em alguns casos

uma fase de arranque económico com um crescimento acelerado, verificando-se em

simultâneo alterações significativas da oferta e da procura e o surgimento de um sector

moderno competitivo a nível internacional, chegando a atingir o “shortage point”, no

entanto estas economias têm grande dificuldade em passas deste ponto devido ao

impacto negativo da politica proteccionista que em virtude das politicas aduaneiras,

provocam a subida dos preços dos bens importados originando uma inflação importada,

esta situação provoca um efeito em cadeia nos salários, afectando as estruturas de custos

das empresas em geral, deste modo os preços dos bens tendem a subir, afectando tanto

a economia doméstica como o sector exportador, para manter a competividade

desvaloriza-se a moeda o qual irá novamente induzir a uma inflação importada.

Em suma o modelo de substituição de importações é proteccionista, enfoca no

apoio a uma industrial nacional, podendo gerar uma dinâmica favorável a um “ciclo

infernal” de inflação, desvalorização e inflação novamente. Houve exemplos de países

que atingiram o “commercialization point” embora não tenham chegado ao uma

economia auto-sustentada, na perspectiva de Ranis & Fei.

Alguns dos países que o adoptaram: Brasil, União Indiana, Uruguai e Chile.

Do modelo de desenvolvimento equilibrado

As economias sem recursos naturais e sem procura externa seguiram por um

desenvolvimento equilibrado, por um lado sem recursos naturais significativos não

estão em condições de optar pelo modelo de especialização primário, por outro lado não

existe dotação de factores (falta de capital), não permitindo a implementação de uma

estratégia para a expansão do sector industrial, mas sim uma especialização deste sector

sendo o TO entre -0,10 e 0,10 e o PO entre -0,07 e 0,07.

Muitos países optaram por este modelo embora tenham passado pelo modelo de

substituição de importações, o modelo de desenvolvimento equilibrado, é orientado

tanto no comércio como na produção, conduzindo a um crescimento homogéneo de uma

forma moderada, permitindo evitar o agravamento de assimetrias e criando condições

para um ulterior desenvolvimento sustentado do economia em causa.

A aplicação deste modelo suscita as mesmas questões do modelo de Harrod-

Domar, em regra o modelo de desenvolvimento equilibrado apresenta-se como, uma

preparação de um modelo de especialização industrial e de diversificação de serviços.

Exemplo de países que adoptaram este modelo: Marrocos, Peru, Irlanda, Grécia

e Síria.

Do modelo de especialização industrial e diversificação de serviços

O modelo de especialização industrial o qual se caracteriza por ser

industrialmente orientado quer do ponto de vista comercial como industrial, TO <0,10 e

PO <0,07.

As economias que optaram por este modelo, apresentam de um modo geral um

sector industrial competitivo à escala internacional, verificando-se a utilização mais

eficiente dos meios dos factores produtivos.

Algumas das economias optaram por um modelo de especialização industrial os

chamados NIC´s (New Industrialized Countries), designadamente os chamado “Gang of

four” constituído pela Coreia do Sul, por Hong-Kong, por Singapura e Taiwan, os quais

caracterizavam-se simultaneamente por apresentarem uma grande quantidade de mão-

de-obra bem como o acesso ao capitais externos, todavia este conjunto de países não

conseguiram atingir o desenvolvimento auto-sustentado porque não atingiram o

“commercialization point”.

As economias que utilizam este tipo de modelo são abertas ao exterior chamadas

de pequenas economias abertas.

Numa fase inicial baseavam a sua especialização em vantagens comparativas

decorrentes dos baixos custos de produção, passando depois a apostar na qualidade dos

produtos de exportação acompanhado de uma estratégia de “marketing” visando atingir

novos mercados.

Casos houve em que se passou do modelo de especialização primária para o

modelo de substituição de importações e mais tarde, para o modelo de desenvolvimento

equilibrado, também noutros se transitou de um modelo de substituição de importações

para um modelo de especialização industrial, existindo até a passagem do modelo de

especialização primária, para um modelo de especialização industrial como é o caso do

Egipto.

Em suma o modelo de especialização industrial e de diversificação de serviços

apresenta-se aberto, competitivo, com enfoque na especialização nos sectores intra e

inter sectorial, com o objectivo de aumentar a produtividade, acompanhada de uma

politica de marketing, associando aos produtos uma boa imagem nos mercados de

consumidores potenciais.

Alguns dos países que adoptaram este modelo são: os já referidos NIC´s, Egipto,

Portugal e Israel.

Considerações Finais

Na análise dos processos de transição tem que se analisar o facto de o

crescimento sustentado implicar sempre um alargamento do mercado consumidor

interno, com crescente sofisticação e diversificação da procura, o que origina uma

expansão do sector de bens transaccionáveis a par da expansão do sector de bens não

transaccionáveis.

De todos os modelos alternativos, o de especialização industrial e de

diversificação de serviços é o que apresenta numa perspectiva de longo prazo com o

objectivo de atingir o “commercialization point” no fundo o crescimento auto-

sustentado.