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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BRASÍLIA – UniCEUB FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS – FASA CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL HABILITAÇÃO EM PUBLICIDADE E PROPAGANDA DISCIPLINA: MONOGRAFIA PROFESSOR ORIENTADOR: FERNANDO ANTÔNIO PEREIRA BRAGA ÁREA: LINGUAGEM PUBLICITÁRIA Estrangeirismos na publicidade brasileira Roney Luis de Mendonça Borges 20427490 Brasília, outubro de 2007

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Page 1: Estrangeirismos na publicidade brasileiraPublicidade, tem como definição a finalidade lucrativa, de vender, persuadir, despertar desejos ao consumidor. Publicidade: Conjunto de técnicas

CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BRASÍLIA – UniCEUB FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS – FASA CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL HABILITAÇÃO EM PUBLICIDADE E PROPAGANDA DISCIPLINA: MONOGRAFIA PROFESSOR ORIENTADOR: FERNANDO ANTÔNIO PEREIRA BRAGA ÁREA: LINGUAGEM PUBLICITÁRIA

Estrangeirismos na publicidade brasileira

Roney Luis de Mendonça Borges 20427490

Brasília, outubro de 2007

Page 2: Estrangeirismos na publicidade brasileiraPublicidade, tem como definição a finalidade lucrativa, de vender, persuadir, despertar desejos ao consumidor. Publicidade: Conjunto de técnicas

Roney Luis de Mendonça Borges

Estrangeirismos na publicidade brasileira

Trabalho ao curso Publicidade e Propaganda, como requisito parcial para a obtenção ao grau de Bacharel em Comunicação Social do UniCEUB – Centro Universitário de Brasília Prof. Fernando Antônio Pereira Braga. Msc.

Brasília, outubro de 2007

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Roney Luis de Mendonça Borges

Estrangeirismos na publicidade brasileira

Trabalho ao curso de Publicidade e Propaganda, como requisito parcial para a obtenção ao grau de Bacharel em Comunicação Social do UniCEUB – Centro Universitário de Brasília

Banca Examinadora

_____________________________________ Prof. Fernando Antônio Pereira Braga, Msc

Orientador

__________________________________ Prof. Flor Marlene Lopez

Examinadora

__________________________________ Prof. Bruno Assunção Nalon

Examinador

Brasília, outubro de 2007

Page 4: Estrangeirismos na publicidade brasileiraPublicidade, tem como definição a finalidade lucrativa, de vender, persuadir, despertar desejos ao consumidor. Publicidade: Conjunto de técnicas

A Deus por me guiar até aqui, e pela crença que adquiri nele através das conquistas,

do esforço e das dificuldades que consegui superar.

Agradeço aos meus pais, por permitirem que eu escolhesse meu caminho e pelo

apoio financeiro que me possibilitou concluir este curso.

À minha irmã, a minha família, aos meus amigos que finalmente presenciarão a

minha formatura e aos caros colegas da publicidade, em especial, os “pederneiros”

que sobreviveram com os trabalhos de fim de semana até o último semestre.

Page 5: Estrangeirismos na publicidade brasileiraPublicidade, tem como definição a finalidade lucrativa, de vender, persuadir, despertar desejos ao consumidor. Publicidade: Conjunto de técnicas

Ao professor Fernando Braga por ter me conduzido de maneira satisfatória nessa

reta final.

A todos os professores que tive a oportunidade de tirar proveito dos conhecimentos

acadêmicos e profissionais.

Agradeço em especial pelo apoio e pela dedicação, ao professor Mauro Castro, que

me passou muitos conhecimentos nos dois últimos semestres, às professoras Flor,

Carol e Maíra pelo carinho e atenção.

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RESUMO

Esta monografia aborda um estudo sobre os usos de termos estrangeiros na língua portuguesa como processo de evolução lingüística, e também como forma de descaracterização do Português. Além disso, será abordado o surgimento dos neologismos, de que maneira os estrangeirismos passaram a incorporar a língua portuguesa, como influenciaram a publicidade brasileira e qual o papel do uso da língua estrangeira nos anúncios publicitários. Palavras chave: estrangeirismo, neologismo e publicidade.

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 9 

1.1 Tema ..................................................................................................................... 9 

1.2 Justificativa ............................................................................................................ 9 

1.3 Objetivos .............................................................................................................. 10 

1.3.1 Objetivo geral ................................................................................................... 10 

1.3.2 Objetivos específicos ........................................................................................ 10 

1.4 Problemas de pesquisa ....................................................................................... 10 

1.5 Hipóteses ............................................................................................................. 10 

2 METODOLOGIA ..................................................................................................... 11 

DESENVOLVIMENTO .............................................................................................. 12 

3 Definições gerais .................................................................................................... 12 

3.1 O que é Publicidade ............................................................................................ 12 

3.2 O que é Propaganda ........................................................................................... 12 

3.3 As diferenças entre Publicidade e Propaganda ................................................... 12 

4 A História da Publicidade e Propaganda ................................................................ 15 

5 A História da Propaganda no Brasil ........................................................................ 18 

6 Neologismo ............................................................................................................. 21 

6.1 Gírias, neologismos populares ............................................................................ 22 

6.2 Neologismo por empréstimo ................................................................................ 24 

6.2.1 Empréstimos do Latim e do Grego ................................................................... 25 

6.2.2 Empréstimos do árabe ...................................................................................... 25 

6.2.3 Empréstimos do Francês .................................................................................. 26 

6.2.4 Empréstimos do Inglês ..................................................................................... 27 

7 Estrangeirismo ........................................................................................................ 29 

7.1 Traduções do estrangeirismo .............................................................................. 31 

7.2 Estrangeirismos específicos ................................................................................ 31 

7.2.1 Jornalismo ........................................................................................................ 31 

7.2.2 Esporte ............................................................................................................. 32 

7.2.3 Economia .......................................................................................................... 33 

7.2.4 Informática ........................................................................................................ 34 

7.2.5 Música .............................................................................................................. 35 

7.2.6 Gastronomia ..................................................................................................... 36 

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8 Estrangeirismo na publicidade ................................................................................ 39 

9 CONCLUSÃO ......................................................................................................... 45 

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 47 

ANEXOS ................................................................................................................... 49 

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1 INTRODUÇÃO A publicidade moderna desempenha papel fundamental para convencer uma pessoa

a consumir determinado produto. Varias estratégias são planejadas para que o

receptor da propaganda tenha vontade de ver a peça e consequentemente consumir

o produto. O texto publicitário é um dos elementos mais importantes para que isso

aconteça, mesmo que a mensagem usada não faça parte do vocabulário da língua

que a pessoa fale. Hoje, a língua portuguesa sofre várias influências de outros

idiomas, o inglês é o principal. Para os modernistas, este recurso contribui para o

processo de evolução das línguas em geral. Na publicidade, é muito freqüente o uso

de termos estrangeiros, de gírias e de verbetes populares. A utilização desses

termos é uma fonte de enriquecimento para a comunicação, uma maneira de deixá-

la mais flexível. Essas praticidades nos anúncios servem para aproximar a

linguagem escrita da linguagem falada, decorrente disso, fazem com que o leitor se

identifique com o produto anunciado. Porém, nem todos anunciantes e agências que

veiculam os anúncios na mídia, usam na medida certa o recurso da língua

estrangeira. O grande problema encontrado em diversas propagandas é o uso

exagerado, não importa qual público será atingido, e sim, se a pessoa vai se

interessar em comprar o produto. Neste trabalho, o estrangeirismo foi abordado com

a finalidade de mostrar casos que há vantagens e desvantagens do uso da língua

estrangeira na publicidade.

1.1 Tema Estrangeirismos na publicidade brasileira

1.2 Justificativa Outros idiomas são incorporados na fala e na escrita de forma involuntária na língua

portuguesa, por isso, o estrangeirismo tem pouca repercussão, deve-se ao fato de

ser um tema ideológico purista, que defende a restrição de termos e expressões

estrangeiras na língua e vai contra o processo de evolução lingüística.

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1.3 Objetivos 1.3.1 Objetivo geral

Debater e denunciar a invasão lingüística que vem sendo realizada através da

publicidade brasileira.

1.3.2 Objetivos específicos

• Relatar a Historia da Publicidade e da Propaganda

• Descrever como surgem os neologismos e expor exemplos dos empréstimos

lingüísticos do neologismo

• Identificar os estrangeirismos na publicidade

• Explicar porque os estrangeirismos são usados

1.4 Problemas de pesquisa O uso de estrangeirismos põe em questão um alerta para a língua portuguesa: o

emprego de termos e expressões estrangeiras contribui para evolução ou para

descaracterização da língua?

1.5 Hipóteses Hipótese 1: As influências culturais de outros países farão com que as pessoas se

interessem mais pela língua estrangeira por razões educativas.

Hipótese 2: A descaracterização ocorrerá, provavelmente, termos antigos serão

extintos e com o passar dos anos, substituídos por neologismos baseados na língua

dominante vigente.

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2 METODOLOGIA

Este trabalho de monografia tem limitação monográfica, devido ao fato de

ser um assunto pouco explorado com fontes e referências limitadas. Ele foi realizado

com base em pesquisas bibliográficas e, complementarmente, com análise de peças

publicitárias.

“A pesquisa pode ser considerada um processo formal com método de

pensamento reflexivo que requer um tratamento científico e se constitui no caminho

para se conhecer a realidade ou para se descobrir verdades parciais. Significa muito

mais do que apenas procurar a verdade: é encontrar respostas para as questões

propostas, utilizando métodos científicos.” (LAKATOS, 2001, p. 43)

A monografia pode ser classificada como um estudo de pesquisa teórica e

de pesquisa bibliográfica, além de ser um estudo com hipóteses científicas e fontes

textuais.

A pesquisa teórica consiste em questões mais amplas como generalizar e

definir leis mais extensas, estruturar sistemas e modelos teóricos, relacionar e unir

hipóteses em uma visão mais unitária do universo e gerar novas hipóteses por força

de dedução lógica. (RUIZ, 1996, p. 50).

Pesquisa bibliográfica tem como base, fontes teóricas publicadas para

levantamento e análise do que já foi produzido com relação a um determinado

assunto que se adota como tema de pesquisa científica. (RUIZ, 1996, p. 58).

Faz parte deste trabalho, as pesquisas baseadas em hipóteses científicas,

nas quais, a opinião do pesquisador tem a função de buscar evidências posteriores

e observáveis que a sustentem e comprovem. (RUIZ, 1996, p. 54).

As fontes referem-se aos textos originais, ou textos de primeira mão sobre

determinado assunto. Esses textos, pela importância que tiveram ou que lhes

atribuíram geraram toda uma literatura mais ou menos ampla. (RUIZ, 1996, p. 58).

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DESENVOLVIMENTO

3 Definições gerais 3.1 O que é Publicidade

Publicidade, no sentido geral, é promover algo, sem intenções diretamente

comerciais, seja um acontecimento jornalístico, a divulgação de um produto ou da

imagem de um artista famoso, uma denúncia de algum político, uma pessoa que

queira aparecer na televisão para ter os conhecidos “15 minutos de fama” ou até

mesmo a difusão das religiões na rua ou na TV. Enfim, qualquer ato que se torne

público.

3.2 O que é Propaganda

Termo usado para designar a comunicação de fins comerciais, mídia paga,

pode ser comercial para televisão, um anúncio em rádio, revista, painéis urbanos,

peças descartáveis como panfletos, faixas, cartazes etc. Tudo é denominado

propaganda, algo para divulgar a venda de produtos e serviços.

3.3 As diferenças entre Publicidade e Propaganda

Muitos confundem os dois termos no Brasil, a maioria distingue como

sinônimos, na área de Comunicação Social, a propaganda é o anúncio publicitário,

as peças veiculadas, e a publicidade é a campanha, todo processo de divulgação do

produto ou serviço. Porém, alguns publicitários e comunicadores discordam, uns

preferem adotar o conceito internacional, com isso, surgem dúvidas e gera confusão

entre as duas palavras. Em inglês, a palavra “propaganda” ao pé da letra, com grafia

similar, não existe traduzida para língua inglesa, advertising é a tradução para o que

se considera propaganda no Brasil, já publicity, fica claro que é publicidade em

Inglês.

O conceito de Publicidade e Propaganda no livro “Publicidade – Uma

Introdução” de Eugênio Malanga descreve o significado contrário dos termos.

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Segundo o autor, historicamente, a Propaganda surgiu no fim do século XVI devido

aos trabalhos missionários da Igreja Católica, nos quais cardeais espalhavam a fé

cristã em países de outras religiões, conseqüente disso, o conceito de Propaganda

passou a ser interpretado como atividades que influenciavam o homem para fins

religiosos, políticos e cívicos, propagar idéias sem objetivos comerciais. E

Publicidade, tem como definição a finalidade lucrativa, de vender, persuadir,

despertar desejos ao consumidor.

Publicidade: Conjunto de técnicas de ação coletiva utilizada no sentido de promover o lucro de uma atividade comercial, conquistando, aumentando ou mantendo cliente. Propaganda: Conjunto de técnicas das de ação individual utilizada no sentido de promover a adesão a um dado sistema ideológico. (MALANGA, 1987, p. 11)

A diferença citada por Malanga, mesmo que os dois tenham significados

diferentes, tem fatores semelhantes com relação aos métodos e meios utilizados.

Para ele, a propaganda envolve questões ideológicas, de persuadir o indivíduo a

crer em certa ideologia, atingem os grupos sociais e as classes profissionais, já a

publicidade tem o mesmo objetivo de persuasão, atinge os mesmos grupos e

classes, mas para fins comerciais.

Propaganda: É ideológica, é grátis, é dirigida ao individuo, apela para os sentimentos morais, cívicos religiosos, políticos etc. Publicidade: É comercial, é paga pelo consumidor, é dirigida à massa, apela para o conforto, prazer, instinto de conservação etc. (MALANGA, 1987, p. 12)

Em um livro mais recente, “A queda da Propaganda” de Al Ries e Laura

Ries, na “Nota da Revisão Técnica”, os conceitos das duas palavras se assemelha

mais aos que são usados atualmente no Brasil, se opõe ao significado colocado por

Eugênio Malanga.

Propaganda: Comunicação persuasiva de cunho comercial, que visa, prioritariamente, à venda de algum produto ou serviço, ao reforço de uma lembrança de alguma marca (um anúncio em uma revista, um comercial de televisão etc.). Publicidade: Divulgação orientada, mas sem argumentação diretamente comercial (o trabalho de assessoria de imprensa na divulgação de um produto, o resultado das relações com os públicos-alvo de determinada marca etc.). (RIES, 2003, p. 5)

Publicidade e Propaganda caminham para a mesma direção, com objetivos

quase iguais, decorrente disso, entendedores e profissionais da área interpretam os

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dois termos como sinônimos, a única diferença são os fins de cada um, mesmo que

haja contradição entre os significados para uns e outros como foi citado. A inversão

dos conceitos não chega a influir no objetivo final, somente na teoria que gera

confusão.

Neste trabalho, será adotado o conceito de que a Publicidade tem como

definição o ato de promover ideologias religiosas, políticas e cívicas. Dentro do

conceito publicitário estará englobando a Propaganda, que tem apenas o ato de

estimular o consumo para fins comerciais.

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4 A História da Publicidade e Propaganda

Conforme pesquisas realizadas por estudiosos, pode-se dizer que a

propaganda é uma atividade tão antiga quanto à existência da civilização. Relatos

de historiadores contam que nos primórdios, poderia haver um manifesto de

propaganda quando homens das cavernas colocavam peles de animais na entrada

da caverna com o intuito de comercializá-las, de fazer alguma espécie de troca.

O primeiro indício de propaganda surgiu, segundo relatos de um papiro

egípcio localizado no Museu de Londres. No livro “Introduction of Advertising” de

Arthur Judson Brewster, Hebert Hall Palmer e Robert G. Ingraham, os autores

descrevem que nesse papiro, a atividade publicitária se iniciou por meio de uma fuga

de escravo, o documento era de 1000 a.C., na época, os escravos eram

mercadorias, mesmo que fossem vendidos na linguagem oral, era um manifesto de

propaganda.

Prosseguindo com a linguagem oral, na Grécia Antiga, o discurso político era

uma das atividades mais realizadas da época, foi assim que surgiu a publicidade,

oradores conhecidos discursavam em prol das ideologias políticas daqueles tempos.

Já a propaganda, as primeiras foram encontradas na China, em tabuletas que

sinalizavam lugares que comercializavam produtos. Em Roma, há dois mil anos,

havia tabuletas e placas para indicar a venda de mercadorias, além desse tipo de

propaganda, a divulgação por meio da fala também era praticada.

Com o passar do tempo, a propaganda e a publicidade tornaram-se mais

concretas, o ato de persuasão, de incentivar ao consumo, a crença em ideologias

políticas e religiosas, além das idéias, os meios e veículos aumentaram. A partir do

século XVI, as artes passaram a incorporar o cotidiano das pessoas, peças teatrais e

atrações artísticas em arenas, era freqüentada inicialmente pela classe plebéia e

posteriormente com a popularização e reconhecimento dos espetáculos, a classe

burguesa.

A sofisticação das arenas desenvolveu-se com o tempo, os ricos

costumavam ir escondidos em véus, com a criação de balcões, surgiu à divisão de

classes nos eventos públicos. Mas ainda nesta época não havia uma forma

específica para se divulgar um espetáculo, a maneira como se alertava o público era

através de uma bandeira, que se hasteava para indicar se aconteceria a peça. Se

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não havia um tipo de comunicação estabelecida para espetáculos, não poderia

haver para comerciantes que prestavam serviços, os estabelecimentos não tinham

nenhuma sinalização do tipo de negócio, a única saída era simbolizar com objetos

que remetiam o serviço, frutas na entrada para indicar uma quitanda, cabeça de boi

para açougue, peruca para barbearia, queijo para indicar uma padaria ou uma

conveniência. Essas alternativas são denominadas como publicidade evocativa.

Com esse tipo de publicidade, a simbologia dos negócios era uma espécie

de marca para os comerciantes, mesmo que na Idade Média, a propaganda não

tenha uma evolução relevante, os símbolos já mostravam um desenvolvimento da

identidade visual no século XVI.

Quando surgiu a imprensa, inventada por Gutemberg, foram registrados os

primeiros passos para evolução dos meios de comunicação, a mídia impressa até

hoje é um das mídias mais procuradas entre os veículos de comunicação, com a

modernização da publicidade e da propaganda, os primeiros anúncios pagos foram

adotados por norte-americanos e ingleses, com o passar dos anos, os espaços

publicitários e os anunciantes foram aumentando, o interesse de vários comerciantes

cresceu.

Pouco mais tarde, aparecem na França, os primeiros panfletos e cartazes

impressos eram feitos por artistas renomados como Toulose-Lautrec e Chéret, logo

após, os impressos chegam aos Estados Unidos. Isso foi um marco para historia da

propaganda, o cartaz passou a ser a peça mais utilizada por anunciantes.

Na era industrial, a propaganda ganhou mais reconhecimento, a

necessidade das indústrias de produzirem em massa e aumentar o consumo fez

com que as empresas anunciassem mais, devido a isso, a tecnologia se

desenvolvia, a propaganda atraía mais clientes e surgiam novos mercados de

produtos e serviços.

No início do século XX, a publicidade já contava com alguns artigos

diferenciais impostos pelos Estados Unidos, que começava a mudar a mentalidade

de antigamente, que as pessoas consideravam a propaganda como um meio de

burlar e manipular o comércio. Um fato marcante neste período foi a introdução de

anúncios coloridos.

Anos após a Primeira Guerra Mundial, na década de 20, a primeira rádio nos

EUA foi a KDKA, mais um meio de espalhar a cultura e educação ao público. Em

função de custos altos para manter uma estação de rádio funcionando, as emissoras

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com pouca verba não puderam continuar a transmitir os programas diários e

fecharam as portas. Com isso, surgiram os anúncios, uma alternativa para as rádios

continuarem as transmissões. Mesmo com restrições ao tipo de publicidade

dos anunciantes, as emissoras conseguiram superar as dificuldades e se

mantiveram no ar.

Depois da Segunda Guerra, a televisão chega aos lares das pessoas, a

princípio, a novidade era a imagem e o som. A propaganda chegou ao mesmo para

anunciar produtos e serviços através de um aparelho de televisão nas casas das

famílias. Uma inovação para quem anuncia e consome. Nos primeiros anos,

qualquer tipo de transmissões era ao vivo, seja programas de auditório ou um

anúncio publicitário, no começo, o anunciante nem sempre tinha o retorno esperado,

mas com o tempo isso mudou o video-tape para evitar os imprevistos na gravação, a

tecnologia evoluiu, a televisão ganhou imagem a cores, em pouco tempo, ficou cada

vez mais sofisticada, e hoje se pode assistir a grandes produções na propaganda

com qualidade do cinema moderno.

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5 A História da Propaganda no Brasil

A propaganda brasileira surge no fim do século XIX, uma forma encontrada

para atender às necessidades do comércio e da indústria para divulgar produtos e

serviços à comunidade. O meio mais utilizado para se anunciar uma mercadoria era

o jornal, em seguida, o tradicional “boca-a-boca”, cartazes, painéis pintados e

panfletos. Em jornais, podiam ser anunciados escravos, fazendas, casas,

propriedades urbanas, serviços individuais como guias, escrivães, relojoeiros etc.

Ainda no século XIX, surgem às primeiras ilustrações em anúncios, os textos

publicitários deixam de ter as mensagens menos diretas, as poesias passam a

incorporar as mídias pelo Brasil. Ao longo do tempo, os meios de comunicação

foram se aperfeiçoando, assim aumentaram a qualidade de impressão gráfica e o

aumento dos formatos.

No século XX, as revistas aparecem como mais um meio para produtos e

serviços serem anunciados. A propaganda fica mais forte com o passar dos anos, os

anúncios ganham mais vida, criatividade, irreverência e humor.

O primeiro anunciante a ganhar destaque na publicidade brasileira foi a

cervejaria Antarctica, pioneira em anúncios bem elaborados. Anos depois,

apareceram as marcas estrangeiras, algumas multinacionais que ingressaram no

mercado como: Nestlé, Colgate, General Eletric, Ford etc. As inovações iam

surgindo, a primeira campanha realizada no Brasil foi a Bayer, que inovou ao

produzir mensagens em um conjunto de peças publicitárias.

A “invasão” das empresas estrangeiras não parava, porém os anúncios

importados, não tinham nenhuma adaptação para a cultura brasileira, a propaganda

chegava ao Brasil com ilustrações politicamente corretas, mas não fazia parte dos

costumes do público brasileiro, mesmo assim, as empresas tiveram retorno pelo fato

de que na época, qualquer tipo de anúncio gerava resultado para o anunciante.

Mais tarde, com o excesso de anúncios estrangeiros, nas décadas de 60 e

70, já em agências de publicidade são produzidos e adaptados para o público

brasileiro.

Entre a década de 20 e 30, é marcada pelo ingresso da Ayer, a primeira

agência de publicidade norte-americana no Brasil. A agência chega para atender a

montadora de automóveis Ford. Além disso, a Ayer chegou para introduzir ao lado

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da agência J.W. Thompson, as primeiras propagandas com fotografias. Mesmo que

no estilo norte-americano, gera um grande impacto na sociedade. Neste período,

também chega ao Brasil o rádio, o meio de comunicação que a partir desta época se

torna o veículo mais importante entre todas as mídias. Com isso, a propaganda

decolou, ganhou áudio, mais dinamismo e retorno, outro grande marco para aqueles

tempos. O formato do anúncio para a rádio se resumia em textos com e sem fundo

musical, além de jingles, trilhas sonoras de pequena duração.

Na década de 40, problemas começaram a surgir em função da Segunda

Guerra Mundial, época das trocas comerciais fez com que os anos 40 deixassem a

publicidade em baixa, de 1945 até o início da década de 50, serviu para limpar a

sujeira que afetou a economia e a população brasileira.

Ainda em 1949, são criados a Associação Brasileira de Propaganda (ABA), o

Conselho Nacional de Imprensa (CNI) e a Associação Brasileira de Agências de

Propaganda (ABAP). Um ano depois, a televisão chega ao Brasil.

A chegada da TV revolucionou o mercado publicitário brasileiro, com um

veículo que mostrava imagem e som, deu outros rumos ao cenário da publicidade e

da propaganda, conceitualmente, as duas foram incorporadas ao Marketing, que

iniciou-se por meio de estratégias para atingir metas de vendas, promoções foram

realizadas para atrair mais pessoas e pesquisas de mercado para conhecer o

público-alvo. Isso deu um novo impulso para o desenvolvimento da publicidade no

país.

Os primeiros anúncios transmitidos, basicamente eram de eletrodomésticos,

produtos para as donas-de-casa, alimentos e automóveis, coincidência ou não com

as propagandas do século XXI, as mulheres eram alvos da publicidade em geral.

A década de 60 foi marcada pela chegada do homem à Lua, pelo

tropicalismo, pelos centros comerciais, além da pílula anticoncepcional. Na

propaganda, as artes visuais com colagens deram destaques aos anúncios àquela

época. Em 1965, a propaganda brasileira passa a ter regras por medida de lei, a Lei

4.680 definiu que passaria de 17,65% para 20% a remuneração paga as agências

das verbas investidas pelos anunciantes na mídia. Com isso, os negócios cresceram

em relação a criação e ao desenvolvimento de tecnologias.

Até os anos 70, a propaganda passa por transmissões ao vivo, poucos anos

depois, com a sofisticação e o desenvolvimento da tecnologia, os video-tapes

chegam ao Brasil e dá o fim às improvisações na propaganda brasileira. Entre a

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década de 70 e 80, é criado o Festival de Cannes, e o publicitário até hoje em

atividade no mercado, Washington Olivetto ganha o primeiro Leão de Ouro. Após

essa premiação, abrem-se várias as agências de publicidade no eixo Rio - São

Paulo.

Já no fim dos anos 90, a globalização impulsiona uma nova realidade

econômica no mundo, obrigando as agências a reorganizar seus métodos de

atendimento e de criação para atender os clientes de acordo com as necessidades

do mercado daquela época e dos dias de hoje.

No Século XXI, a publicidade no modo geral continua sendo a responsável

pelo crescimento e sustentação da maioria dos anunciantes, seja de pequeno,

médio e grande porte, as empresas renomadas chegam a investir milhões com

propaganda, o retorno chega a atingir no mínimo três vezes mais do que foi

investido, isso prova que a publicidade brasileira cresce mesmo com severas

restrições a alguns tipos de comerciais, o mercado publicitário não sofre grandes

perdas, isso só estimula as agências a tornarem-se mais criativas e versáteis.

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6 Neologismo

A velocidade dos acontecimentos, a rapidez como as coisas mudam, a cada

instante, novos elementos surgem, isso faz com que a língua se inclua neste

processo de transformação, não seguir com o progresso da língua é ficar atrasado,

fora do tempo das palavras. O processo de criação de novos termos, de novas

palavras e expressões denomina-se neologismo. Palavras podem surgir tanto na

própria língua quanto da influencia das línguas estrangeiras, em função disso, a fala

constantemente está em renovação, a necessidade de comunicação que tem o

homem faz com que as pessoas se atualizem de novos termos e expressões.

Involuntariamente, porém, nem todos costumam adotar o uso de gírias, verbetes ou

expressões populares. São os puristas, radicais, escritores, jornalistas, idosos e

outros.

Modos informais atualmente são muito usados tanto na fala quanto na

escrita, incluem-se os vícios da linguagem, uso de novas palavras e de termos

criados nos diversos idiomas. Segundo o livro “O que é neologismo”, de Nelly

Carvalho, esses vícios, considerados há alguns anos o modo incorreto do uso

devido da língua, hoje são mais aceitáveis que os termos formais.

A língua, espelho da cultura reflete essa busca frenética de novidade, evoluindo rapidamente introduzindo novos termos, logo aceitos. Se vocábulos novos foram considerados pelos gramáticos “vícios” da linguagem, hoje em dia são aclamados e consagrados, de imediato. (CARVALHO, 1984, p. 7-8)

Seguindo o conceito de neologismo no livro de Nelly Carvalho, pode-se falar

que a criação lexical, ou seja, o neologismo é movido pelos avanços científicos e

tecnológicos, pela globalização. “Estão os neologismos ligados a todas as inovações

nos diversos ramos de atividades humana, seja arte, técnica e ciência, política e

econômica.” (CARVALHO, 1984, p. 8). Pode-se também dizer que novos termos

contribuem para linguagem em geral, a evolução tecnológica encaminha a

linguagem para novos rumos, influências sociais e políticas modificam com o passar

dos anos, com isso, a língua sofre alterações ou ganha novos termos.

Isso se dá pela integração do mundo por meios de comunicação como

televisão, rádio, jornais, revistas, internet e outros.

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Pela rede mundial de computadores, pessoas interagem, se relacionam,

conhecem outras culturas, mesmo que seja em outra cidade do próprio país, esta é

a maneira mais comum hoje em dia, via páginas de relacionamento, de músicas,

vídeos, internautas podem conhecer costumes de outros povos, estudar, se

comunicar com quem quiser daí surgem as influências de culturas estrangeiras.

Tomando por base neste trabalho a língua portuguesa, os mais recentes

neologismos vêm da internet, pode-se citar abreviações para dar praticidade na

digitação em um bate-papo virtual, são exemplos usados em comunicação por rede

de computadores ou de celulares: tc (teclar), vc (você), qq (qualquer), blz (beleza),

mlq ou mlk (moleque), net (internet), bjs (beijos), rs (risos), on (online, ligado na

rede), off (offline, desligado na rede) etc.

Existem também neologismos “pessoais”, palavras criadas por pessoas que

escrevem obras literárias, poesia, peças teatrais, textos publicitários, roteiros de

cinema etc. “... são os neologismos criados pelos poetas, escritores, cronistas, e

humoristas. Expressam um modo de ver e sentir original, diferente e por vezes

crítico.” (CARVALHO, 1984, p. 10).

Inserir ou criar novos termos faz parte da cultura mundial, processo evolutivo

na qual as pessoas se expressam com o intuito de mostrar às outras pessoas a

enorme diversidade que eles podem se comunicar.

6.1 Gírias, neologismos populares

A gíria é proveniente de expressões criadas por grupos sociais para

substituírem termos formais por palavras não-convencionais, com o fim de restringir

ou dar destaque a comunicação dentro desses grupos.

Neologismos populares na língua portuguesa vêm de diversas origens como

o tupí, expressões africanas e o Espanhol, termos mais novos são influencias do

anglicismo, ou seja, da língua inglesa.

As gírias são empregadas por todas as faixas etárias de jovens e adultos de

vários grupos e classes sociais. Os adolescentes têm maior facilidade de criar

termos giriáticos em função de estarem ligados o tempo todo entre amigos,

conversando na internet e assistindo televisão, isso faz com essa classe de jovens

usem mais verbetes criados por eles mesmos. A grande influência está nas ruas, na

internet, nos filmes, na publicidade, vários fatores contribuem para essa criatividade

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de formar novas expressões. Porém, isso não é exclusividade dos mais novos,

adultos usam de maneira adequada a idade, mas as influencias são praticamente as

mesmas.

Segundo o site de pesquisas “wikipedia”, as gírias podem ser classificadas

em gírias de grupo e gírias comuns, as de grupos são usadas por grupos fechados,

a utilização delas tem por fim distinguir da linguagem convencional ou formal, além

do intuito de diferenciar das linguagens das outras pessoas para se sentirem em

evidência na forma como se comunicam.

Gíria de grupo - A gíria de grupo é usada por grupos sociais fechados e restritos, que têm comportamento diferenciado. (...) O uso de termos gírios dá aos falantes um sentimento de superioridade, serve como signo de grupo, contribuindo para o processo de auto-afirmação do indivíduo. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Gíria, acessado em: 30 de setembro de 2007).

Já as comuns, são gírias que deixam de ser restritas e se tornam populares,

usadas para deixar a linguagem menos séria e informal, serve para mostrar

modernidade na fala, estar por dentro da linguagem atual, além de ser um recurso

para se expressar melhor entre as pessoas. O uso delas deixou de ser uma

referência pejorativa, no sentido de ignorância e falta de instrução escolar.

Gíria comum - Quando o uso da gíria de grupo expande-se, passa a fazer parte do léxico popular e torna-se uma gíria comum. É usada para aproximar os interlocutores, passar uma imagem de modernidade, quebrar a formalidade, possibilitar a identificação com hábitos e falantes jovens e expressar agressividade e injúria atenuada. Torna-se um importante recurso da comunicação devido a sua expressividade. A gíria comum é usada na linguagem falada por todas as camadas sociais e faixas etárias por isso deixam de estar ligada à falta de escolaridade, à ignorância, à falta de leitura. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Gíria, acessado em: 30 de setembro de 2007).

A gíria quando se torna um neologismo comum, quando gera grande

repercussão, em função da praticidade de uso que a palavra tem, decorrente disso

pode chegar facilmente aos meios de comunicação. Ainda no site “wikipedia”, uma

inserção de um termo que seja pronunciado algumas vezes na mídia atinge grande

parte das pessoas. Uma expressão que tem um impacto é trabalhada para atingir

pessoas de diversos grupos, sejam elas com um bom nível de conhecimento ou não.

Os termos são elaborados de forma que envolva hábitos da fala e da escrita em

palavras que todos possam compreender. Esse método é muito usado pelos jornais

mais populares com a finalidade de deixar a linguagem escrita mais próxima da

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linguagem falada, hoje em dia o uso de gírias é tão habitual que passam

despercebidos pelas pessoas que lêem o jornal.

Os meios de comunicação de massa têm influência cada vez maior sobre os fenômenos da linguagem. Ao utilizarem as gírias em seus programas e reportagens, contribuem para a difusão destes termos por todas as camadas sociais. A cultura de massa precisa uniformizar a produção, então busca elaborar seus programas e textos de forma a atingir um receptor padrão que pode ser culto ou inculto. Surge a norma lingüística da mídia, que mistura hábitos orais e escritos numa linguagem compreensível por todos. (...) Estes termos são usados pela imprensa para aproximar o texto da linguagem oral, buscando a quebra da formalidade e a aproximação com o leitor. Alguns termos têm seu uso tão difundido que o leitor nem percebe que é uma gíria. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Gíria, acessado em: 30 de setembro de 2007).

6.2 Neologismo por empréstimo

Processo neológico que recebe termos estrangeiros por adoção. Como

referência podem-se citar os estrangeirismos que incorporam em outras línguas.

Inicialmente quando uma palavra estrangeira é usada em outra língua, ela

não pode ser considerada um empréstimo, o emprego de um estrangeirismo não

quer dizer que ele passou a fazer parte da língua original.

Historicamente, a adoção de termos estrangeiros é mais antigo do que

muitos pensam, segundo a conclusão de pesquisas realizadas pela autora Nelly

Carvalho, no livro “Empréstimos lingüísticos” citado no site “filologia.org.br”.

“O empréstimo lingüístico é tão antigo quanto a história da língua, ou melhor, quanto a própria língua.” “Em todo estado de língua há algo de diacrônico”. (http://www.filologia.org.br/ixcnlf/16/07.htm, acessado em: 01 de outubro de 2007).

No livro “O que é neologismo”, até a etapa que a palavra de outro idioma

seja emprestada definitivamente à língua, existem processos de aceitação, em

primeiro caso, termos estrangeiros chegam denominados como peregrinismo. O

estrangeirismo chega a princípio na sua grafia de origem, se for adotado na fala e

escrita, o termo é adaptado à língua de origem, caso contrário, se a palavra for

adotada e a forma escrita não sofrer alterações é denominado como xenismo.

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(...) tomando como exemplo cartoon. Só será empréstimo posteriormente, quando adotado verdadeiramente pela integração na forma da língua e pelo uso corrente de falantes. Passa então a não ser notado como um termo estrangeiro: cartum. Se o termo importado permanece na grafia original, mesmo sendo muito usado, será um xenismo. (...) Palavras como skate, shopping, gay, show continuam em sua forma original, sendo por tanto xenismos. São empréstimos: biônico, vídeo-cassete, estande, mixagem, jingle, drincar, mídia, pôster, folder, turnê. (CARVALHO, 1984, p. 56).

6.2.1 Empréstimos do Latim e do Grego

Os empréstimos provêm de vários idiomas, os mais antigos são o Latim e o

Grego, as línguas são tão influenciadas pelas outras, que o próprio Latim incorporou

o Grego, uma curiosidade sobre a adoção de termos latinos ou greco-latinos é que

os mesmos não sofrem tanta discussão por puristas e outros entendedores quanto

ao emprego de estrangeirismos mais atuais como o anglicismo, alguns seriam até a

favor da volta do Latim devido ao fato de ser uma língua erudita, a linguagem da

sabedoria, isso deve-se ao fato de serem mais antigas, tem opiniões favoráveis por

questões históricas e não econômicas como acontece com as línguas modernas nos

dias de hoje.

Com o passar dos tempos, palavras latinas e gregas foram adaptadas para o

Português, são diversas as palavras de origem latina e grega, das que possuem a

grafia original, em maior parte estão presentes em linguagens específicas como na

linguagem jurídica: habeas corpus, lato sensu, a quo, corpus delicti, vade mecum,

curriculum vitae etc. Outras linguagens são tão específicas que passam

despercebidas para quem ler um livro, um jornal, uma revista, um texto publicitário,

ou as mídia em geral, por serem inúmeras e impossível de contar quantas provêm

do latim e do grego, pode-se citar alguns exemplos adaptados para o Português

como automóvel, cômodo, domicílio, televisão, telescópio etc.

6.2.2 Empréstimos do árabe

A língua árabe é a segunda que mais possui empréstimos na língua

portuguesa, a contribuição veio de forma para construir derivações de vogais em

função do idioma ter o artigo invariável “al”, ainda podendo simplificar por “a”, termos

mais específicos originários do árabe influenciaram as palavras com predominância

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na alimentação e na agricultura, além de nomeação de tipos de locais e profissões

como são citados no site “ciência e cultura”, onde está o artigo “A Renovação Lexical

nos Domínios de Especialidade” de Ieda Maria Alves.

(...) os empréstimos do árabe são relevantes para a constituição dos domínios da agricultura e da alimentação (arroz, alface, algodão, azeite, cenoura,…), denominações territoriais (aldeia, bairro…), ofícios (alfaiate, alferes…). (http://www.cienciaecultura.bvs.br/pdf/cic/v58n2/a13v58n2.pdf, acessado em: 01 de outubro de 2007).

6.2.3 Empréstimos do Francês

O galicismo ou francesismo se deu pelo império francês na Europa no

século XIX até meados do século XX, quando os Estados Unidos obtiveram o

comando do mercado econômico e tecnológico, automaticamente, o domínio da

primeira língua mais falada no mundo.

Nesse período, as influências do Francês vieram da Revolução Francesa, do

romantismo, da arte e da literatura. Com o passar dos anos, o comércio chegava ao

Brasil, perfumes, livros, bijuterias, bebidas, tudo de requinte e “glamour”,

conquistaram o povo brasileiro. Porém, puristas e radicais defensores contra a

invasão de termos estrangeiros, se reuniram com uma ação de combate ao então

chamado “Barbarismo”, que bem adiante se tornou o termo atual “Estrangeirismo”,

avessos à aquisição de novas palavras no Português, manifestaram apenas o uso

de neologismos, que para eles era indispensáveis, já os Barbarismos totalmente

dispensáveis como pode-se ler no site “filologia.org.br” a referência de Celso Cunha,

parte que é colocado a origem do Barbarismo.

Lembremos a reação dos puristas portugueses e brasileiros, que viam, na entrada dos galicismos, uma nova "ofensiva dos bárbaros", como bem a definiu Celso Cunha. O termo barbarismo chegou mesmo a ser empregado como sinônimo de galicismo. Lembremos, por exemplo, a relação de formações latinas para substituírem estrangeirismos proposta por Castro Lopes em Neologismos indispensáveis e barbarismos dispensáveis. (...) (http://www.filologia.org.br/hilmaranauro/lexicograficaeincorporacao.html, acessado em: 01 de outubro de 2007).

Com essa atitude o galicismo mesmo que incorporado à língua portuguesa,

não tinha sua grafia alterada ao ser empregado no Português.

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Hoje, a língua portuguesa ainda possui antigos termos emprestados do

Francês já há algum tempo, abajur, toalete, gourmet, apetite, nécessaire, entre

outros. 6.2.4 Empréstimos do Inglês

As influências da língua inglesa iniciaram após a década de 50 quando o

francesismo deixou de ser unânime entre as línguas mais “emprestadas” aos

idiomas de origem.

Como é vista nos dias de hoje, o que prevalece é a questão econômica,

após os anos 40, o poder dos Estados Unidos crescia demasiadamente, a

divulgação da cultura norte-americana passou a ser mais intensa e muito valorizada.

Esportes, cinema e música eram o que se mais exportavam para os outros países,

com o tempo, a tecnologia entrou em constante evolução, a informática tornou-se

uma ferramenta indispensável para a população, daí surgiram termos e expressões

da língua inglesa, a internet no fim do século XX invadiu empresas e lares,

decorrente disso, a comunicação com o mundo não poderia se falar outra língua a

não ser o Inglês.

Atualmente, a língua portuguesa tem milhares de termos aportuguesados do

Inglês, pode-se dizer que o Português foi e ainda é “bombardeado” pela língua

inglesa, mais para o lado norte-americano que o lado europeu.

O emprego de termos em inglês na língua portuguesa causa algumas

discussões até por inserções de palavras da língua inglesa em dicionários de

Português, segundo o artigo publicado no site “filologia.org.br” da crítica que o

jornalista Fernando Jorge faz sobre o Dicionário Houiass da Língua Portuguesa, ele

repudia a inserção de verbetes estrangeiros com a grafia do idioma de origem em

um dicionário de língua portuguesa.

Em artigo publicado na Revista Imprensa na edição 166 de novembro de 2001, Fernando afirma que “o Houaiss não é um autêntico dicionário do nosso idioma”. O fato de encontrarem-se registradas nessa obra palavras da língua inglesa em sua grafia original é, por ele, considerado “vergonhoso”, sinal “de subserviência, de submissão, de desnacionalização”. (...) “num dicionário do nosso idioma só devem ser aceitas as palavras inglesas que foram aportuguesadas”. (Jorge, Fernando; Revista Imprensa, ed. 166, Novembro, 2001, artigos, http://www.filologia.org.br/ixcnlf/16/07.htm, acessado em: 01 de outubro de 2007).

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Exemplos como esses põem em questão a necessidade de empréstimos de

palavras ou expressões de outros idiomas, por um lado se coloca em discussão a

modernidade e a evolução da língua, e por outro a descaracterização, o resgate dos

valores da língua portuguesa. Neste caso, é impossível ter um ponto final.

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7 Estrangeirismo

A língua portuguesa historicamente sempre sofreu influências de outros

idiomas, o estrangeirismo é um dos meios de neologismos por empréstimos mais

presentes na língua portuguesa, foram introduzidos em decorrência de influências

econômicas, culturais e tecnológicas. É constante a inserção de verbetes de outras

origens no Português. Como foi citado anteriormente, Nelly Carvalho comentou no

livro “Empréstimos Lingüísticos” que a incorporação de outras línguas acontece

desde que a língua é viva, até hoje foram diversas as influências, com destaque no

século XIX, época do domínio do francesismo, que só foi perder espaço para o

anglicismo apenas na metade do século XX, entre o fim da década de 40 e início

dos anos 50. Depois disso, o Francês ficou muito restrito ao mundo da moda, único

ramo que a maioria dos termos vem do francês. Desde então, o anglicismo domina

as “invasões” lingüísticas, seja por modismo ou por modernidade dos idiomas.

Atualmente, línguas como o árabe, italiano, espanhol, alemão e outras, não chegam

a influenciar tanto como a língua inglesa.

Muitos puristas defendem a língua portuguesa contra a invasão de termos

estrangeiros. Alguns lingüistas, escritores, poetas, políticos e radicais discutem as

expressões estrangeiristas como submissão aos países de Primeiro Mundo.

Influências científicas, tecnológicas, econômicas e sócio-culturais seriam para eles,

uma descaracterização da língua, um dos maiores temores dos puristas.

A sugestão da maioria deles seria a substituição das palavras estrangeiras

por outras totalmente diferentes porem cabíveis ao Português, termos pouco comuns

da língua falada e escrita. No livro “1001 estrangeirismos de uso corrente em nosso

cotidiano”, de José De Nicola, Ernani Terra e Lorena Menon explicam como seria a

forma adequada pelos puristas traduzirem o termo “Futebol”.

(...) “Golaço” – em que os falantes aportuguesaram a forma inglesa Goal e a ela acrescentaram o sufixo aumentativo -aço –, que não significa “gol grande” e sim “gol espetacular”, um “supergol”? Por outro lado, puristas chegaram a sugerir as fomas vernáculas “balípodo” e “ludopédio” para substituir o termo “futebol”. Os falantes, sábios como sempre, repudiaram a idéia. (TERRA, 2003, p. 8).

Já os “modernistas” da língua, ou seja, aqueles mais flexíveis, mais

contemporâneos, como lingüistas, escritores, poetas e cantores de opiniões

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contrárias ao purismo. Além desses, pertencentes a outras classes favoráveis ao

estrangeirismo, são cantores pop e alternativos, empresários, publicitários, jovens e

adolescentes etc. Eles usam sem receio algum, às vezes passam despercebidos.

Entre os cantores nacionais, eis uma música de Zeca Baleiro na qual é citado no

livro “1001 estrangeirismos de uso corrente em nosso cotidiano”. Na letra da música,

o compositor ironiza e coloca em discussão o emprego de estrangeirismos do dia-a-

dia na língua portuguesa.

“Samba do Approach” Venha provar meu brunch Saiba que eu tenho approach Na hora do lunch Eu ando de ferryboat Eu tenho savoir-faire Meu temperamento é light Minha casa é hi-tech Toda hora rola um insight (TERRA, 2003, pág. 7).

Para os entendedores, seria uma evolução da língua, adaptação ao

desenvolvimento da fala e da escrita. Pode-se dizer que é inevitável o emprego de

expressões estrangeiras no mundo globalizado de hoje, a comunicação tem que ser

rápida e eficaz, isso se torna maior do que as tentativas de frear os estrangeirismos

de uma pequena parcela de pessoas ligadas ao purismo da língua. No livro

“Estrangeirismos na Língua Portuguesa”, de José Pedro Machado, no

esclarecimento do autor, ele cita a presença do estrangeirismo em todas as línguas

e que o português sofre influências a longo tempo que são dificilmente percebidas.

“Não deve haver idiomas sem estrangeirismos e alguns destes também em Português não são de hoje nem de ontem, pois já têm idades de vários séculos, dai não repararmos que são importações já nacionalizadas.” (MACHADO, 1996, p. 14).

Outro exemplo de lingüistas favoráveis ao uso de palavras estrangeiras é

Mattoso Câmara, falecido em 1970, um comentário dele com relação ao assunto

está inserido no inicio da apresentação do livro “1001 estrangeirismos”, os autores

citam os dizeres do lingüista que faz uma metáfora para transpor ao leitor de a

língua não é imutável, ela sempre estará em constante progresso de acordo com a

necessidade de sofrer alterações da própria língua.

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“Pode-se dizer, em essência, que o purismo consiste em imaginar a língua com uma espécie de água cristalina e pura, não deve ser contaminada. Perde-se a noção de que ela é um meio de comunicação por excelência, ou, para mantermos o símile, a água de uma turbina em incessante atividade e mais ou menos turva pela própria necessidade de sua função.” (TERRA, 2003, pág. 7).

7.1 Traduções do estrangeirismo

Geralmente em uma matéria jornalística ou em um discurso público, citações

na língua estrangeira não podem ser colocadas sem a explicação de um termo

usado na frase, a pessoa que fala ou escreve um texto com a expressão em outro

idioma, deve sempre traduzir a palavra citada, a não ser que o termo possa ser

traduzido sem que perca o sentido. Na construção de texto, dependendo do termo, o

uso do estrangeirismo pode alternar com a palavra traduzida para facilitar o

desenvolvimento do texto. No livro “Neologismo” de Ieda Maria Alves, a autora

explica como se procede para alternar entre um termo estrangeiro e a tradução do

mesmo.

A tradução do estrangeirismo pode acontecer sob forma de alternância, em que ora é empregada a unidade lexical estrangeira, ora a tradução portuguesa. Por esse procedimento, o inglês fiberglass concorre com seu equivalente “fibra de vidro”: “Fiberglass de Dudi Maria Rosa (tit.). Este é um trabalho feito em poliéster com fibra de vidro por Dudi M. Rosa, que faz parte da exposição do artista [...]” (ALVES, 1994, p. 77).

7.2 Estrangeirismos específicos

O emprego de termos estrangeiros encontra-se com facilidade em diversas

áreas como no jornalismo, no esporte, no cinema, na musica, na informática, nos

jogos virtuais, na publicidade, na culinária, em quase todas as linguagens. Em

Português, a freqüência é grande principalmente nos vocábulos técnicos.

7.2.1 Jornalismo

No jornalismo, o uso de termos estrangeiros é comum em matérias ou

artigos, palavras desconhecidas podem ser mencionadas, dependendo do contexto,

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o que se lê pode-se subentender do que se trata. Na maioria dos assuntos, o texto é

compreendido. Com base no livro “Neologismo – Criação Lexical” de Ieda Maria

Alves, um termo usado em uma matéria feita sobre a jamonaria – loja típica de

alimentação da Espanha, o que se explica no texto não é o significado da palavra e

sim o que se faz nela.

Agradável aos olhos, Madri também pode ser extremamente agradável ao estômago, Desde uma tarde numa jamonaria – onde se passa horas degustando presuntos, azeitonas e salames acompanhados por vinho ou cerveja – as opções são as mais variadas para todos os gostos e bolsos. (ALVES, 1994, p. 73).

7.2.2 Esporte

No esporte, a influência maior é a do anglicismo, ou seja, da língua inglesa.

Os norte-americanos dominam também essa área, isso eles exportam sem esforço

algum, tudo em função da cultura estadunidense fanática por esporte e pela

divulgação dos espetáculos dos tradicionais jogos. Um exemplo básico de termo

exportado dos EUA é o basquetebol, por si só já remete ao basketball, que no Brasil

o termo com o passar dos anos se resumiu ao basquete.

Outro modelo de estrangeirismo do esporte é o tênis que veio do tennis,

palavra que nos Estados Unidos, antigamente era uma marca de sapatos esportivos.

Neste esporte de elite, o sistema de pontuação é um pouco conhecido por quem

pratica e aprecia o ponto mais famoso, não só no tênis, é o match point, termo raro

de ser traduzido para “ponto do jogo”. Do Inglês mundial, outros esportes que

ganharam nova grafia e foram adaptadas para a língua portuguesa são: football,

handball e voleyball, conseqüentemente ficaram futebol, handebol e voleibol, este

último, a exemplo do basquete, abreviou-se, com o tempo ficou apenas vôlei.

No automobilismo, a “Formula 1” é citada como exemplo no livro

“Neologismo – Criação Lexical”, palavras técnicas criadas somente para dar

praticidade à linguagem dos pilotos e equipes de corrida. Isso não é exclusividade

do esporte, ocorre em diversas linguagens também. Neste caso, apenas

apreciadores ou conhecedores do esporte, acostumados com os termos específicos

da F-1 e automobilismo em geral sabem do que se trata quando são mencionados.

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Ayrton Senna foi o pole-position pela 13a vez em uma temporada de 16 corridas (...) Faltavam dois minutos para o final da ultima sessão classificatória para GP australiano quando Ayrton fez a sua flying lap (volta rápida). (ALVES, 1994, p. 73).

Na modalidade mais praticada no Brasil, o futebol, em boa parte, os termos

influentes de outros países se adaptaram a língua portuguesa e outros entraram em

desuso. A palavra “pênalti” veio do inglês penalty, de penalidade e do próprio gol na

qual a inglesa é goal. Um dos raros exemplos que ficou obsoleto, ainda mencionado

por alguns técnicos e árbitros é o corner que significa canto, no futebol, escanteio.

Atualmente, a palavra universal, de puro modismo, é a dos bons costumes do futebol

bem jogado, do jogo limpo e honesto, denominado de Fair Play, termo que

coincidentemente passou a ser usado e falado por cronistas e jogadores do futebol

brasileiro após a Copa dos Estados Unidos em 1994, quando a Federação

Internacional de Futebol (FIFA) lançou a campanha do jogo leal, que acabou virando

uma marca no esporte.

Exemplos de exagero acontecem justamente em modalidades com aspecto

jovem, moderno, da boa forma, da geração saúde, do século XXI, termos criados

para comunicar os praticantes em apenas uma linguagem. No ramo de academias

de ginástica e dos esportes radicais, alguns verbetes já são bem conhecidos,

dificilmente serão traduzidos ou adaptados para o português. Alguns vocábulos são

específicos dessas tribos, como na “malhação” tem spinning, body pumping,

personal trainning, leg press, running, nos esportes radicais, trakking, mountain bike,

wake board, snow board, wind surf, kite surf, entre outros. E em cada modalidade,

quase cem por cento das manobras têm os nomes de origem inglesa, em pouco

casos, a língua portuguesa aparece. Quanto mais nova for a linguagem, mais difícil

do Inglês ser traduzido para o idioma local.

7.2.3 Economia

Na linguagem econômica não é muito diferente, palavras e termos

específicos são empregados em função da adaptação da linguagem universal do

mercado financeiro e do mundo dos negócios, pode-se citar exemplos bem comuns

como leasing, business, merchandising, know-how, dow-jones etc. Algumas palavras

técnicas devido ao uso constante, acabaram sendo inseridas no Novo Aurélio como

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é relatado no livro “Neologismo” de Ieda Maria Alves. O autor do comentário

inserido faz uma crítica para comparar a linguagem estrangeira usada à

dependência econômica do Brasil, ele destaca o desconhecimento das pessoas do

próprio idioma, no caso a língua portuguesa. Economistas, que podem ser

interpretados por empresários, políticos, investidores e outros, segundo Antônio

Houaiss, utilizam essas palavras vindas do Inglês por modismo ao invés de buscar

conhecer mais o Português.

“Não há duvida de que essa dependência da língua inglesa, quase crônica no meio financeiro, reflete proporcionalmente a dependência econômica do Brasil em relação a meca do capitalismo monopolista, o que não é desculpa para alguns, como o dicionarista Antônio Houaiss. Para ele, mais que um modismo, trata-se de uma ‘subserviência mental dos economistas, derivada da extrema ignorância que tem da língua portuguesa’. Noventa por cento dessas palavras e conceitos poderiam ser substituídos por termos adequados do português”. (ALVES, 1994, p. 74).

7.2.4 Informática

Nesta classe, o uso do Inglês é muito freqüente, as influências do anglicismo

partiram desse setor, após a Segunda Guerra Mundial, a tecnologia cibernética

revolucionou o mercado, nomenclaturas da informática tomaram conta da população

mundial, a comunicação passou a incorporar termos e expressões da língua inglesa,

a princípio apenas por necessidade, com o tempo, por modismo, status, e hoje, pelo

fator comercial e por não haver mais saída.

Verbetes computacionais em conversas de especialistas chegam a esconder

o Português em algumas discussões entre programadores, analistas de sistemas e

engenheiros da computação, os termos são puramente técnicos, a exemplo dos

esportes radicais citados anteriormente, dificilmente sofrem ou sofreram alterações

na grafia e na pronúncia, a língua inglesa mais uma vez está em evidência na

linguagem cotidiana.

O domínio anglicista é evidente, principalmente na computação, no livro

escrito por Mattoso Câmara Júnior, “Princípios de lingüística geral” presente no site

“uninove.br”, em um trecho da obra, o autor descreve sobre a comunicação

universal, que as pessoas não escolheram apenas falar inglês pelo simples poder

que a língua tem, mas pela globalização, a possibilidade de comunicar com povos

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de outros países em uma só língua, ainda faz uma relação da empresa Microsoft

que espalha seus produtos pelo mundo, porém para saber manusear aplicativos e

acessórios do sistema precisa ter o domínio da língua inglesa.

(...) homens preferem falar a língua que lhes permite se movimentar no planeta, portanto se os Estados Unidos é potência e dominante na área de informática é natural que as palavras referentes ao assunto sejam conservadas em sua forma original. (...) a americana Microsoft espalhada pelo mundo inteiro. Para entender todos os programas, os sistemas, enfim, todas as vantagens oferecidas pela alta tecnologia são necessárias o conhecimento de toda linguagem envolvida, conseqüentemente se torna indispensável o conhecimento da língua inglesa que funciona como língua materna quando falamos em informática. (http://www4.uninove.br/ulisses/inove/pdf/edilene_penteado_8A3_2004.pdf, acessado em: 29 de setembro de 2007).

Empréstimos vindos da informática tornaram-se mais freqüentes desde a

chegada da internet no Brasil, nos últimos anos, além dos vícios de linguagem como

abreviações para deixar o papo virtual mais prático, também há os termos

aportuguesados da informática, tais como deletar (delete), formatar (format), acessar

(acess), clicar (click), plugar (plug), conectar (connect), além dos xenismos, grafias

que permanecem as mesmas que o idioma de origem como upgrade, download,

browser, mouse, cooler, drive, scanner etc.

Palavras totalmente originárias da língua inglesa, um país modelo de

resistência aos estrangeirismos, a França, resiste até na adoção desses termos que

a tradução nem sempre é eficaz, um caso a parte, no Brasil tudo é aceitável

involuntariamente pela maioria, isso já faz parte da língua e cultura brasileira.

7.2.5 Música

Assim como as influências lingüísticas acompanham em constante

velocidade a evolução da língua, a linguagem musical segue o mesmo ritmo, é

através da música que a língua também se renova. Porém o estrangeirismo na

língua portuguesa continua, mesmo quando se fala das bandas nacionais, a

incorporação de termos e adaptações estrangeiras para o Português ocorre tanto

nos nomes de cantores e grupos musicais quanto nas letras das músicas, exemplos

como Los Hermanos, Skank, Natiruts, Engenheiros do Hawaii, Chico Science,

Carlinhos Brown, entre outros.

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Em uma letra da banda brasiliense de Reggae Natiruts, na música “Meu

reggae é roots”, é feita uma relação do patriotismo pelo Brasil com o uso comum do

estrangeirismo.

Meu Reggae é Roots Palavras também Mas o meu coração É brasileiro... (NATIRUTS, 1998)

As letras de Reggae nacional estão entre as que mais incorporam termos e

expressões estrangeiras, na maioria, a língua predominante é a inglesa.

Existem diversas bandas brasileiras que por preferência cantam somente em

inglês, o estilo musical com maior índice é o tradicional Rock, exemplos como as

bandas de heavy-metal Sepultura e Angra, há grupos que por opção tocam e

cantam apenas músicas de bandas internacionais, um exemplo é o cantor Emerson

Nogueira, que canta sucessos do Rock Clássico. Nesses casos, o estrangeirismo

não chega a ocorrer sobre o Português, o que acontece é o esquecimento da língua

portuguesa em função do poder exercido pela língua estrangeira. Esse poder

influenciou até um dos mais renomados cantores da Música Popular Brasileira, no

disco “A Foreign Sound”, em tradução livre “Um som forasteiro”, de Caetano Veloso

lançado em 2004, todas as letras são cantadas em inglês, no mesmo ano, Caetano

durante um show em São Paulo, fez comentários sobre o poder da língua

estrangeira relatado por Marcelo Costa do “Portal Terra”.

"Minha paixão é a língua portuguesa", disse Caetano Veloso para o público (...) A frase surgiu no meio do show, após Caetano cantar uma longa seqüência de músicas em inglês e se preparar para apresentar a única música inédita do repertório do show, o sambinha Diferentemente. Porém, se a língua pátria é a paixão, "o inglês é o poder", diz o músico logo depois. (http://musica.terra.com.br/interna/0,,OI317814-EI1267,00.html, acessado em 02 de outubro de 2007).

7.2.6 Gastronomia

No ramo de gastronomia, as influências vêm de diversos países, exemplos

de estrangeirismo como fast food, self-service, drive-thru, gourmet, milk-shake,

sundae, banana split, fondue, Petit gâteau, saquê, croissant, pizza, entre vários

outros nomes ligados à alimentação.

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Essas palavras têm influências em maior parte dos Estados Unidos, nomes

que mantêm a grafia ao ser incorporada no vocabulário da língua portuguesa e de

outros idiomas.

O fast food inclui-se em junkie food, ou seja, a alimentação rápida está

contida nas comidas não-nutritivas, pode-se exemplificar com outras palavras vindas

do Inglês, tais como bacon, cookies, hamburgers, cheeseburgers, brownies etc. O

excesso de termos estrangeiros na gastronomia se deve ao fato de a cultura norte-

americana também estar presente em todos os setores de consumo, seja no de

automóveis, tecnologia, brinquedos, eletrodomésticos, transportes entre outros.

A maior rede mundial de lanchonetes, o McDonald’s, responsável por ser o

“divisor de águas” no mercado em que atua, leva os “McProdutos” e o Inglês para

todos os lares por meio da publicidade dos hambúrgueres e sobremesas feitos pela

empresa. O sanduíche mais conhecido mundialmente, o precursor da empresa, o

Big Mac, deu início junto com o Cheeseburger e o Hamburger à difusão do

McDonald’s em todo mundo, são os únicos lanches que não têm os nomes

traduzidos ou adaptados para os outros idiomas, exceto no mercado alimentício de

rua, como no Brasil, que o cheeseburger tornou-se X-burger, e assim originou outros

nomes de outros sanduíches tais como X-tudo, X-salada, X-bacon, X-egg etc.

Com a febre alimentícia norte-americana, o McDonald’s é uma referência

quase impossível de ser batida. Para “fisgar” clientes da rede estadunidense, no

Brasil, muitas lanchonetes tentam atrair clientes com sanduíches similares, de maior

porte, hoje em dia, de qualidade até superior e com nomes chamativos. Com relação

aos nomes definidos é quase provável que um sanduíche lançado por uma empresa

terá um estrangeiro, de preferência em Inglês.

Um dos maiores concorrentes brasileiros, o Bob’s, lanchonete tradicional no

país, lançou na década de 80, o “Big Bob”, supõe-se que o nome foi escolhido para

concorrer diretamente com o Big Mac. Atualmente, o cardápio tem alguns lanches

tais como Double Cheeseburger, Double Cheddar e Double Grill Bacon. Mais um

motivo para dar razão à dependência econômica brasileira aos Estados Unidos.

Outra rede dos EUA, o Burger King, começou a se instalar no Brasil para

concorrer mais ainda com o McDonald’s, decorrente disso, trouxe diversos

sanduíches de nomes estrangeiros, conseqüentemente mais termos e expressões

estrangeiras. Exemplos do Burger King: Whopper, Chicken Whopper, Chicken

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Sandwich, Chicken Tender, além das promoções Combo, Hamburger Deluxe e

Crispy Chicken.

Porém, há modelos de lanchonetes que não aderem em excesso termos da

língua inglesa, como a rede brasiliense Giraffa’s, as origens têm como objetivo se

identificar com a cultura brasileira, a maioria dos sanduíches e pratos são baseados

na culinária brasileira.

O mercado de alimentação brasileiro ficou refém da invasão norte-

americana, há muito tempo, nomes em Português perderam a força e na

publicidade, o impacto persuasivo. É mais uma prova do poder da globalização que

atinge todas as classes sociais e se alastra por todas as partes do mundo.

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8 Estrangeirismo na publicidade

A publicidade não poderia deixar de ser influenciada pelos estrangeiros,

principalmente por causa da proposta difusiva e comercial dessa área, na qual a

propaganda tem o compromisso de despertar interesses e desejos de compra do

consumidor em prol dos anunciantes e do público-alvo. A publicidade na TV, no

rádio, na mídia externa, na mídia impressa e virtual, em todos os veículos de

comunicação, eles têm um enorme poder de persuasão, e para isso, qualquer

linguagem que dê resultado é sempre bem-vinda. As pessoas são educadas e

influenciadas a cada segundo pela publicidade, seja ela para fins ideológicos ou

comerciais, independente das expressões que serão usadas para conquistar o

público.

As influências da publicidade estrangeira no Brasil começaram no fim do

Século XIX, com a introdução de propagandas francesas, devido à importação de

jóias, perfumes, roupas e acessórios diversos. Na década de 30, com a chegada de

agências de publicidade dos Estados Unidos, a J.W. Thompson e a Ayer, a língua

inglesa iniciou o processo de dominação do mercado publicitário, em meados dos

anos 40, viam-se muitos anúncios de “fora”, eles eram apenas traduzidos, não

importava a mensagem que se passava e sim o produto anunciado.

A grande vantagem da incorporação de agências dos EUA foi a

profissionalização da publicidade, com isso, contribuiu para que as agências

desenvolvessem mais os setores internos das empresas, seja no marketing, na

criação e no planejamento. Cada área teve grandes resultados, diretores de arte

começaram a produzir anúncios bem elaborados e organizados, com estrutura

equilibrada, textos diagramados e produtos bem destacados. No marketing, foram

criadas estratégias, promoções de venda e pesquisas de mercado. Já no

planejamento, a definição de como seriam desenvolvidas as campanhas, como

seriam criadas e produzidas.

Devido à eficiência das agências norte-americanas, o mercado publicitário

brasileiro deu um grande passo e não parou de crescer, a partir da década de 50,

via-se na maioria, anúncios de empresas estrangeiras, termos em Inglês e Francês

predominavam a publicidade brasileira. Com o tempo, agências nacionais foram

aparecendo mais no mercado para concorrer com as estrangeiras, anúncios

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passaram a ser produzidos e adaptados para o Brasil. Mais tarde, surgiu o Festival

de Cannes, a propaganda brasileira recebeu e vem recebendo várias premiações, a

cada ano o Brasil é indicado e ganha troféus no festival.

Desde o fim da década de 90, a publicidade já segue outras tendências, o

mercado publicitário estabilizou, o processo de criação se tornou mais prático e mais

ágil, porém ficou mais restrito e o grau de criatividade e de inovação aumentou. A

tecnologia, a internet e a globalização permitiram que as pessoas pudessem adquirir

conhecimentos de outras culturas, assim as linguagens estrangeiras passaram a ser

aceitas sem restrições pela publicidade e muito mais pelo próprio consumidor.

O estrangeirismo, uso em excesso de termos e expressões de outros

idiomas, hoje em dia, passa despercebidos pela maior parte das pessoas, a

publicidade brasileira e mundial ganhou muito com isso, devido a facilidade de

compreensão e interpretação da língua estrangeira, mais especificamente a língua

inglesa, que atualmente é quase universal.

Baseados nisso, as empresas multinacionais apostam nessa questão

universal, de exportar a linguagem para outros países por meio das propagandas

com o slogan original como o “Just do it” da empresa de material esportivo, Nike,

outros exemplos de slogans que não se adaptam para o idioma local: Nokia –

“Connecting people”, Adidas – “Impossible is nothing”, Honda – “The Power of

Dreams”, Johnnie Walker “Keep Walking” etc.

Um exemplo bem propício à discussão é da empresa de eletroeletrônicos e

acessórios diversos, a Philips, que recentemente lançou o novo mote de campanha

“Sense e Simplicity”, no Brasil, a artista que divulga a marca no filme publicitário é a

cantora Ivete Sangalo, durante o comercial o slogan é pronunciado várias vezes por

ela e por vozes de fundo enquanto imagens de produtos da marca transitam com a

cantora.

O motivo dessas mensagens não traduzidas é um tipo de estratégia adotada

já há algum tempo pelas grandes empresas, justamente para universalizar o

conceito em uma só língua, a razão disso é permitir que as pessoas associem a

frase de um determinado conceito com os desejos das mesmas, possibilitando

assim, a identificação com a marca do produto.

Apesar de o slogan ser impactante para as marcas consolidadas no

mercado, para a maioria das empresas que não chegaram a um patamar elevado,

isso não é o suficiente para conquistar os consumidores. Os textos que fazem

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aproximar um produto de uma pessoa são conceitos um pouco mais diretos, frases

adequadas ao público-alvo, que sensibilizam e atraem as pessoas. Unir o útil ao

agradável para obter sucesso nas vendas seria definir bem os conceitos e escolher

bem as frases, talvez com isso, pode encaminhar para ser uma campanha de

grande promessa e de um excelente retorno para o anunciante. Nos dias de hoje, a

linguagem do cotidiano influi muito para que redatores publicitários produzam textos

apropriados e persuasivos, ou seja, textos de impacto.

No Brasil, os exageros no uso de termos estrangeiros nas vias públicas, em

shoppings e também em anúncios publicitários, levaram o deputado Aldo Rebello a

propor projeto de Lei contra o estrangeirismo na língua portuguesa, bem semelhante

ao decreto recente do governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda que

aboliu o uso de “gerundismos” nos órgãos públicos do DF. Exemplos de anúncios

em lojas de shoppings são termos adaptados para o Inglês como liquidações que

viram Sale ou 20, 30, 50% Off, nos serviços de atendimento ao cliente (SAC), as

empresas preferem chamar de Call Center, em informes publicitários quando uma

montadora de automóveis comunica ao público que deverá ser realizada a

substituição de uma peça do produto, isso é chamado de recall. Outro exemplo

muito freqüente na publicidade em geral, veiculada nos anúncios de diversos setores

do mercado são os serviços de entrega em domicílio, o delivery.

A língua estrangeira, dependendo do conceito e da finalidade da marca, é

um elemento muito importante para conquistar as pessoas, principalmente se o

público for de jovens adultos e adolescentes, que geralmente consumem marcas de

empresas de materiais e acessórios esportivos, de vestuário casual, de informática,

de video-games etc. Essas linguagens tendem sempre a utilizar termos estrangeiros,

como de costume, a língua inglesa, que se incorpora na maioria dos anúncios. Um

exemplo recente é um anúncio de evento de skate destinado ao público menor de 18

anos publicado no site do Clube de Criação de São Paulo.

“2o Desafio Skate Park Tent Beach – A sua chance de dar um show sobre 4

rodas antes dos 18 anos, 06 e 07 de outubro – Prêmios Radicais!”.

(http://www.ccsp.com.br, acessado em 11 de outubro de 2007. Anexo “A”).

Exemplos como esse, não mostram uma tendência de mercado, e sim uma

constante linguagem que dificilmente sofrerá restrições ao uso de expressões

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estrangeiras. Neste caso, a linguagem da adolescência é um pouco mais aberta que

a linguagem adulta, porque os adolescentes de hoje usam estrangeirismos na

mesma quantidade que falam gírias, e às vezes, o estrangeirismo se torna uma gíria,

no caso, um neologismo. Isso é conseqüência da idade, que futuramente o costume

pode passar para a fase adulta.

Em um anúncio de página dupla veiculado em revistas, do anunciante Asics,

para o público adulto praticante de atividades esportivas, nessa propaganda é feita

uma relação do treinador pessoal de academia com o estilista particular do provável

consumidor da marca de tênis.

“Enfim, o seu Personal Trainer vai concordar com o seu Personal Stylist –

Novo Gel-Kinsei – Asics, sound mind, sound body”.

(http://www.ccsp.com.br, acessado em 11 de outubro de 2007. Anexo “B”).

Anúncio típico destinado ao público que se preocupa com o corpo, com a

aparência, que busca status e boa forma. Nada impede o uso de palavras em Inglês,

mas nesse anúncio da Asics, o estrangeirismo é evidente, o que entra em questão é

o interesse comercial e não ideologias puristas que são simplesmente ignoradas, na

verdade, em maior parte dos textos da publicidade moderna.

Outra propaganda que segue a mesma linha do último exemplo, no uso de

expressões estrangeiras, é do anunciante Coberil, que presta serviços de pintura

asfáltica, o anúncio é bem simples, imagem de uma pista de rua com a pintura de

uma espécie de tatuagem no asfalto com uma mensagem rápida e fácil de ser

compreendida, porém em Inglês.

“‘I love Mom’ – Pintura asfáltica para toda a vida - Coberil”.

(http://www.ccsp.com.br, acessado em 11 de outubro de 2007. Anexo “C”).

A intenção desse anúncio foi tirar a expressão popular “Mãe, eu te amo!”

para uma mensagem mais requintada e bem elaborada “I love Mom”, as duas frases

realmente dão dois sentidos, o estrangeirismo mais uma vez, provavelmente vai

atingir o público-alvo, não muito apenas pela mensagem e sim pelo conjunto artístico

do anúncio.

Mais um modelo de estrangeirismo na publicidade vem do anunciante de

automóveis Fiat, para divulgar o Cartão Fiat Credicard, a idéia da peça para revista

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foi baseada em um antigo “viral” que era visto em camisetas comercializadas no

litoral brasileiro, o “No Stress” e o “Yes Stress”.

“No Stress Yes Cartão – Peça já o seu.”.

(http://www.ccsp.com.br, acessado em 11 de outubro de 2007. Anexo “D”).

Nesse exemplo, o estrangeirismo tem um aspecto mais popular, a linguagem

utilizada mostra como a língua portuguesa está acostumada com expressões

estrangeiras, o uso desses termos remete à facilidade de adquirir o automóvel por

meio de um cartão de crédito sem passar por complicações.

Com relação aos nomes de marcas nacionais, o uso de palavras na língua

inglesa ou em outros idiomas é muito comum atualmente, as empresas buscam a

idéia de sofisticação, inovação, superioridade, elegância, e até a questão de

universalizar a marca. Ramos de atividade que usam com mais freqüência nomes

estrangeiros ou misturam o Português com o Inglês são empresas de informática,

materiais esportivos, vídeo locadoras, roupas de marcas famosas, brinquedos e lojas

infantis em geral.

Um anúncio de mídia externa, de um anunciante de loja para crianças deixa

clara a constante influência da língua inglesa sobre o mercado brasileiro.

“Tots Store – Estação de ser feliz!”.

(http://www.ccsp.com.br, acessado em 11 de outubro de 2007. Anexo “E”).

Outras referências de anúncios que têm como objetivo apresentar o produto

com requinte e elegância por meio de estrangeirismos são as empresas de

construção civil. Os empreendimentos imobiliários, em maior parte, possuem nomes

de outros idiomas. Nesse ramo de atividade, a qualidade de vida oferecida pelas

empresas, geralmente seguem os padrões de conforto, bom gosto e bem estar, o

que se passa ao consumidor é a técnica da propaganda lúdica para conquistar o

receptor, associado a isso, mais uma vez termos estrangeiros requintados e

sofisticados são elementos imprescindíveis para que o anunciante tenha um retorno

satisfatório.

“Top Life Club Residence – Seja mais que Top, seja Top Life”.

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(http://www.toplifemrv.com.br, acessado em 12 de outubro de 2007. Anexo

“F”).

Nesse exemplo, o estrangeirismo é usado sem menor receio, o exagero

chega a um limite que pode ridicularizar a mensagem passada ao receptor. O nome

do empreendimento já é extenso, e ainda complementado pelo slogan que além de

redundante, se vê mais palavras estrangeiras. Às vezes, o estrangeirismo não é

muito eficaz quando a intenção é passar uma mensagem elegante, harmônica e

refinada. Esse é um modelo de propaganda apelativa com relação ao uso de

estrangeirismos, é possível descrever textos mais limpos sem a descaracterização

da língua portuguesa.

Todos os exemplos mostrados seguem diversas intenções e objetivos

comerciais que superam qualquer tipo de moderação textual ou ideologias puristas.

Na publicidade e na propaganda, a finalidade das marcas é o sucesso e o

crescimento empresarial, para a maioria das empresas no mercado, o que importa é

a venda e não a defesa de uma ideologia por uma pequena parcela de pessoas, que

hoje em dia é considerada antiquada.

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9 CONCLUSÃO

A defesa contra o uso de estrangeirismos não seria um manifesto de

xenofobia, e sim, uma atitude tomada para valorizar e promover a língua portuguesa

como uma língua que possui um vocabulário vasto a ser ainda muito explorado.

Incorporações de neologismos e xenismos, hoje em dia são bem recebidas, porém

muitos confundem ao usar um termo estrangeiro, pensam logo em modernidade ou

superioridade e esquecem em dar sentido e rápida compreensão à mensagem. Na

propaganda, isso acontece por toda parte, na maioria dos anúncios, os

estrangeirismos poluem o texto, leva o receptor a fazer a leitura apenas da imagem

e esquecer-se da mensagem que é passada no texto.

A dependência econômica reflete muito na cultura brasileira com relação aos

saudosismos de outras culturas e idiomas, a publicidade tira proveito disso, é pela

razão de que um aparelho Total Shape provavelmente venderá mais que o

“Torneador Total”, por meio dessas colocações que a propaganda de produtos com

nomes estrangeiros sobressaem-se aos nacionais, mas o grande problema é

quando o uso domina uma peça publicitária.

Existem vários modelos de estrangeirismo na publicidade, o uso comum da

língua estrangeira, mais especificamente a língua inglesa, prova-se que a linguagem

usada é livre, não tem apenas a liberdade de ser usada, também tem a função de

melhor convencimento do receptor, com a tecnologia que inova diariamente e com a

globalização que interage mais pessoas a cada instante, a língua, inevitavelmente

evolui junto, o uso bem adequado vende muito mais fácil, é isso que importa para a

maioria dos anunciantes. O Brasil sofre influências de outras culturas a todo instante,

sejam elas boas ou ruins, para a propaganda, os fatores positivos tirados disso são

primordiais, já para a língua portuguesa nem tanto, mas é uma maneira de torná-la

mais dinâmica e flexível.

Puristas pecam quando desejam a abolição de termos estrangeiros, sendo

que a língua portuguesa não é uma língua pura, sofre influências desde que a língua

existe já o estrangeirismo que se deve extinguir, em função do uso excessivo sobre

o idioma original. O Português enriquece com a mistura de outros idiomas, com

adaptações de palavras estrangeiras, ao mesmo tempo, com empréstimos de

neologismos. Porém, é sufocado com o excesso, o uso demasiado faz com que a

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língua portuguesa perca a essência e a identidade, neste caso, os puristas têm

razão, a descaracterização do Português em certas ocasiões é absurda, em

algumas, chega ao ridículo. Na publicidade, o exagero seria uma forma de querer

vender por obsessão, sem ter o devido conhecimento da importância que tem a

língua portuguesa.

Para uma melhor compreensão de todos, o que se poderia praticar na

publicidade, era focar um pouco menos o lado comercial e repassar ao público

consumidor uma mensagem transparente, sem poluição estrangeira, apelações

comerciais em prol do retorno financeiro. Pode-se tomar com base a comunicação

em defesa do meio ambiente, empresas que divulgam a marca e lembram-se da

questão ambiental, mesmo que seja estratégico o manifesto, é um trabalho muito

mais complexo, não se deve abolir essas contribuições para a evolução da língua

portuguesa, e sim, como os anúncios de cerveja, promover o uso com moderação,

neste caso, moderar o emprego da língua estrangeira, porque tudo em excesso faz

mal.

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ANEXOS

Anexo “A”

Anexo “B”

Page 50: Estrangeirismos na publicidade brasileiraPublicidade, tem como definição a finalidade lucrativa, de vender, persuadir, despertar desejos ao consumidor. Publicidade: Conjunto de técnicas

Anexo “C”

Anexo “D”

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Anexo “E”

Anexo “F”