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2012/2013 Fernando Miguel Pinto Leite Montenegro de Sá Estimulação elétrica do núcleo anterior do tálamo e outros núcleos cerebrais para tratamento da epilepsia refratária março, 2013

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2012/2013

Fernando Miguel Pinto Leite Montenegro de Sá

Estimulação elétrica do núcleo anterior do tálamo e outros

núcleos cerebrais para tratamento da epilepsia refratária

março, 2013

Mestrado Integrado em Medicina

Área: Neurociências clínicas e saúde mental

Trabalho efetuado sob a Orientação de:

Professor Doutor Rui Vaz

Trabalho organizado de acordo com as normas da revista:

Sinapse

Fernando Miguel Pinto Leite Montenegro de Sá

Estimulação elétrica do núcleo anterior do tálamo e outros

núcleos cerebrais para tratamento da epilepsia refratária

março, 2013

Faculdade de Medicina da Universidade do Porto

Hospital de S. João, Porto

Estimulação elétrica do núcleo anterior do tálamo e outros

núcleos cerebrais para tratamento da epilepsia refratária

Sá, Fernando*; Vaz, Rui**

* Aluno do 6º ano do Mestrado Integrado em Medicina da Faculdade de

Medicina da Universidade do Porto

** Diretor do Serviço de Neurocirurgia do Hospital de S. João; Professor

Catedrático Convidado da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto

Correspondência para:

Departamento de Neurociências Clínicas e Saúde Mental

Alameda Prof. Hernâni Monteiro

4200 – 319 Porto

Correio eletrónico: [email protected]

Telemóvel: 919096820

Estimulação elétrica do núcleo anterior do tálamo e outros núcleos cerebrais para tratamento da epilepsia

refratária - Sá, F e R. Vaz - Alameda Prof. Hernâni Monteiro, 4200-319 - [email protected].

Resumo

Introdução: A epilepsia é um grupo de doenças cerebrais que afeta quase 1%

da população mundial, sendo uma causa major de morbilidade. A abordagem

de primeira, segunda e terceira linha consiste em farmacoterapia – no entanto,

mais de 1/3 dos doentes apresenta epilepsia refratária ao tratamento médico. A

principal alternativa é a cirurgia de resseção, mas apenas 20-40% dos doentes

é elegível. A estimulação elétrica de núcleos cerebrais apresenta-se como uma

opção para os não candidatos a cirurgia ressectiva.

Objetivos: O principal objetivo deste trabalho é identificar o atual papel da

estimulação cerebral profunda na epilepsia, revendo os alvos cerebrais já

utilizados e clarificando as indicações e benefícios na qualidade de vida

resultantes da aplicação desta técnica.

Desenvolvimento: A estimulação cerebral pode ser realizada de forma contínua

ou intermitente programada (open-loop) ou num sistema de resposta ao início

da atividade epileptiforme cerebral (closed-loop). Há mais estudos sobre a

estimulação open-loop, aplicada sobre vários alvos cerebrais - os núcleos

talâmicos, o hipocampo e outros. O núcleo anterior do tálamo é o alvo mais

estudado, com especial relevo para o estudo SANTE. Os resultados para cada

núcleo cerebral são desenvolvidos ao longo do texto, com especial foco nos

parâmetros utilizados e eficácia obtida correspondente. A estimulação closed-

loop foi alvo de um recente estudo em grande escala, apresentando resultados

encorajadores, embora ainda haja pouca evidência da sua aplicação.

Conclusões: A estimulação elétrica cerebral tem vindo a demonstrar ser uma

técnica segura e eficaz, apresentando-se como mais uma arma nos pacientes

com epilepsia refratária sem indicação para cirurgia ressectiva. Apesar de

atualmente se enquadrar como uma opção paliativa, os seus resultados por

vezes ultrapassam as expectativas. A aprovação desta técnica a nível europeu

demonstra o interesse crescente, e deve motivar a realização de investigações

direcionadas para a otimização dos parâmetros e alvos de estimulação.

Palavras-chave: Epilepsia refratária; estimulação cerebral profunda; tálamo.

Título do cabeçalho: ECP na epilepsia

Electrical stimulation of the anterior nucleus of the thalamus and other brain nuclei for the treatment of

refractory epilepsy - Sá, F e R. Vaz - Alameda Prof. Hernâni Monteiro, 4200-319

[email protected].

Abstract

Background: Epilepsy is a group of brain disorders that affects nearly 1% of the

world population and is a major cause of morbidity. The first, second and third

line approach consists of pharmacotherapy - however, more than one third of

patients have medically refractory epilepsy. The main alternative is resection

surgery, but only 20-40% of these patients are eligible. For the others, electrical

stimulation of brain nuclei is presented as an additional therapeutic technique.

Objectives: The main objective of this work is to identify the current role of deep

brain stimulation in epilepsy, reviewing brain targets in use and clarifying the

indications and benefits in quality of life resulting from this technique.

Results: Brain stimulation can be performed continuously or intermittently

scheduled (open-loop) or through a system of response to early brain

epileptiform activity (closed-loop). There are more studies about the open-loop

stimulation, applied to various brain targets – like the thalamic nuclei,

hippocampus, and cerebellum, among others. The anterior nucleus of the

thalamus is currently the most studied subject, with particular emphasis on the

SANTE study. The results for each brain nuclei are developed throughout the

text, with a particular focus on the parameters used and corresponding

effectiveness obtained. The closed-loop stimulation was recently the target of a

large-scale study, and also presented encouraging results, although there is still

little evidence for its implementation.

Conclusions: The electrical brain stimulation has shown to be a safe and

effective technique, presenting itself as a therapeutic tool for patients with

refractory epilepsy not indicated for resection surgery. Although currently fit as a

palliative option, the results may sometimes exceed the expectations. The

adoption of this technique at European level demonstrates its growing interest,

and should motivate the realization of studies about the optimization of

parameters and targets of stimulation.

Keywords: Refractory epilepsy; deep brain stimulation; thalamus.

Heading Title: DBS for epilepsy

Índice de tabelas

Tabela I – página 17 – Esquema de categorização da eficácia das intervenções

terapêuticas na epilepsia – Nível 1.

Tabela II – página 32 e 33 – Resumo dos parâmetros de estimulação de alguns

dos principais estudos clínicos sobre ECP em open-loop em diferentes alvos

anatómicos, respetiva classificação das crises e eficácia na redução das

mesmas.

Lista de abreviaturas

ECP – Estimulação cerebral profunda

EEG – Eletroencefalograma

ENV – Estimulação do nervo vago

ERTM – Epilepsia refratária ao tratamento médico

FDA – US Food and Drug Administration

MSE – Morte súbita em epilepsia

NAT – Núcleo anterior do tálamo

NC – Núcleo caudado

NCM – Núcleo centromediano

NST – Núcleo subtalâmico

RMN – Ressonância magnética nuclear

SNC – Sistema nervoso central

TC – Tomografia computadorizada

Introdução

A epilepsia é um grupo de doenças cerebrais cujo diagnóstico consiste na

identificação de pelo menos um ataque epiléptico associado à presença de

uma alteração ou distúrbio cerebral permanente que aumente o risco de outra

convulsão [1, 2]. É uma causa major de morbilidade, afetando quase 1% da

população mundial, com uma incidência anual de 50/100 000 pessoas [3].

Atualmente define-se epilepsia refratária ao tratamento médico (ERTM) quando

dois antiepilépticos, em mono ou politerapia, tolerados e bem prescritos, não

conseguem manter os doentes sem crises [4]. Estima-se que 30-45% dos

doentes epilépticos são ou podem tornar-se refratários [5]. Estes doentes têm

maior risco de status epilepticus e morte súbita em epilepsia (MSE) [6].

O tratamento atual para epilepsia tem como primeira, segunda e terceira

linha a terapia farmacológica com antiepilépticos que, quando eficazes,

previnem as crises por suprimirem a excitação neuronal rápida e excessiva que

dá início às mesmas [7, 8]. Quando se torna ERTM, o tratamento de eleição

atual consiste na ressecção cirúrgica - remoção parcial ou completa da região

que inicia as crises [9]. No entanto, apenas 20 a 40% da população com ERTM

é elegível para cirurgia [10].

Para os pacientes não elegíveis, para os que recusam cirurgia ressectiva

ou quando a resseção não se demonstra eficaz, apresentam-se como opções a

estimulação do nervo vago (ENV) ou a estimulação cerebral profunda (ECP). A

ECP consiste na estimulação elétrica de zonas cerebrais específicas (como o

núcleo anterior do tálamo - NAT), colocando-se um ou mais elétrodos

permanentes no cérebro de um doente sob anestesia local ou geral.

Posteriormente implanta-se um gerador de impulsos na parede torácica ligado

aos elétrodos [6]. Este tratamento encontra-se disponível na Europa desde a

sua aprovação em 2010, no entanto a evidência sobre a eficácia da ECP na

epilepsia refratária é ainda limitada [6].

O primeiro estudo controlado, randomizado e duplamente oculto (SANTE)

apresentou a ECP como uma técnica segura e eficaz, obtendo resultados

positivos utilizando-a no núcleo anterior do tálamo de pacientes com ERTM

focal ou secundariamente generalizada [11]. Outros estudos foram

apresentando também resultados encorajadores, decorrendo atualmente um

importante estudo multicêntrico europeu (MORE) sobre ECP [12].

O guia de procedimentos de intervenção NICE considera a ECP como

uma boa adição às opções disponíveis, podendo obter redução da frequência

de crises epiléticas, redução do risco de MSE e da necessidade de fármacos e

efeitos laterais concomitantes, podendo ser capaz de melhorar a qualidade de

vida dos pacientes e dos seus cuidadores [6].

Os principais objetivos desta revisão são:

Identificar o atual papel da estimulação cerebral profunda na

epilepsia;

Rever os melhores alvos cerebrais para a aplicação de

estimulação elétrica para controlo de crises;

Clarificar as indicações para a aplicação da estimulação cerebral

profunda na epilepsia;

Identificar resultados sobre melhorias da qualidade de vida de

doentes com epilepsia refrataria ao tratamento médico;

Resumir os resultados da estimulação cerebral profunda no

controlo de crises e diminuição de medicação anti-epiléptica.

Métodos

Para esta revisão bibliográfica fizeram-se pesquisas periódicas, a última

das quais a 15 de Janeiro de 2013, em 3 bases de dados online – Pubmed, Isy

web of knowledge e Scopus. A pesquisa principal foi realizada na Pubmed com

a query correspondente sendo "Epilepsy"[Majr] AND "Electric Stimulation

Therapy"[Majr:noexp]. Outras pesquisas foram realizadas, com o termo

“epilepsy” isoladamente e conjugado com “deep brain stimulation”, “surgery”,

“vagal nerve stimulation”, “anterior nucleus of the thalamus” e “epidemiology”.

Foram incluídos artigos com texto completo em português ou inglês. Alguns

artigos indisponíveis foram requisitados diretamente aos autores. Outros

artigos de interesse foram identificados partindo de revisões prévias do tema.

Citou-se um total de 98 referências bibliográficas.

Epilepsia – breve revisão

A epilepsia é o distúrbio cerebral caracterizado por uma predisposição

persistente para gerar convulsões epilépticas, associado às condições

neurobiológicas, cognitivas, psicológicas e sociais consequentes desta

condição. Esta definição de epilepsia requer a ocorrência de pelo menos uma

convulsão epiléptica, que se define como uma apresentação transitória de

sinais e/ou sintomas devidos a uma atividade neuronal cerebral excessiva ou

síncrona [1, 2]. O status epilepticus é uma circunstância especial, com

convulsões recorrentes e prolongadas; a clínica e a análise de um

eletroencefalograma (EEG) são normalmente suficientes para o diagnosticar

[1].

A epilepsia pode ser classificada de diversas formas:

Pelo tipo de convulsão em focal (quando surge numa rede

neuronal localizada num só hemisfério cerebral), generalizada (se

desde o início atinge redes neuronais de ambos os hemisférios)

ou inclassificável;

Pela etiologia, em genética, estrutural/metabólica ou

desconhecida;

Pela síndrome, contabilizando, entre outros aspetos, a idade de

início, as características do EEG e o tipo de convulsão, que

depois permitem um diagnóstico específico com implicações

terapêuticas e de prognóstico [13].

A epilepsia é a segunda causa mais comum de doença cerebral crónica.

Em países desenvolvidos, a incidência anual de epilepsia aproxima-se de 50

por 100 000 pessoas [3], com uma prevalência de 5-10 por 1000 pessoas,

tendo ainda maior expressão em países em vias de desenvolvimento [14].

Aproximadamente 50% dos casos de epilepsia iniciam-se nos dois extremos da

vida, com metade destes a surgirem ainda antes do primeiro ano de vida [15].

Na população jovem as principais causas prendem-se com doenças genéticas,

congénitas ou do desenvolvimento. A alta incidência na população idosa pode

explicar-se com as alterações demográficas existentes, com um aumento do

número de pessoas com morbilidades significativas a sobreviverem até idades

mais avançadas, sendo nesta população, a principal causa, a doença

cerebrovascular [15].

No que à fisiopatologia diz respeito, atualmente considera-se que a

transição de ondas cerebrais normais para um comportamento epileptiforme é

provavelmente causada por um grande envolvimento e recrutamento neuronal,

secundários à combinação de uma conectividade aumentada, uma elevada

transmissão excitatória, uma falência de mecanismos de inibição e alterações

nas propriedades neuronais intrínsecas [2]. Estudos recentes demonstram que

o EEG começa a ficar menos caótico em grandes áreas do córtex antes da

convulsão, sugerindo que ocorre uma sincronização generalizada prévia à

transição epileptiforme [16].

Variações genéticas podem determinar causas, suscetibilidades,

mecanismos, síndromes, resposta ao tratamento, prognóstico e consequências

da epilepsia a vários níveis. Várias epilepsias monogénicas de transmissão

mendeliana são conhecidas, mas são raras. Uma mesma síndrome pode ter

diferentes variações quanto à alteração genética existente – epilepsia

mioclónica juvenil, por exemplo. Inversamente, diferentes mutações num

mesmo gene podem causar síndromes epilépticas diferentes [17, 18]. No

entanto, as epilepsias mais comuns serão, provavelmente, resultado de

interações complexas de condições ambientais a agirem sobre uma

suscetibilidade hereditária, mediada por variações em alguns genes

particulares [19].

O diagnóstico de epilepsia é essencialmente clínico, integrando a

descrição das crises com a idade e co morbilidades do paciente com o auxílio

de investigações neurofisiológicas – padrão de EEG com atividade epiléptica

interictal [2]. A imagiologia cerebral - especialmente a ressonância magnética

nuclear (RMN) - tem feito grandes progressos a identificar causas e

consequências estruturais e funcionais, sendo especialmente importante em

indivíduos candidatos a cirurgia [20].

O tratamento reside na utilização de drogas antiepilépticas, funcionando

como abordagem de primeira, segunda e terceira linha, em mono e politerapia,

atuando de forma a suprimir a despolarização rápida e excessiva dos

neurónios que iniciam as convulsões - não curam, de facto, as alterações

subjacentes [8]. Com esta abordagem, aproximadamente 2/3 dos pacientes

atingem uma remissão a longo prazo das crises, sendo as recaídas pouco

frequentes [15]. Estudos farmacogenéticos prometem melhor individualização

de tratamento para cada paciente [2], mas, atualmente, para o restante 1/3 de

doentes, as opções atuais incidem na ressecção cirúrgica da região iniciadora

das convulsões ou outras opções neurocirúrgicas, como a neuro estimulação

ou a estimulação cerebral profunda (ECP) [6, 21, 22].

Epilepsia refratária – definição e abordagens

A definição de epilepsia refratária ao tratamento médico (ERTM)

obedece a um sistema com dois níveis hierárquicos, com um primeiro nível no

qual se define a resposta às intervenções terapêuticas [tabela I], e um segundo

nível definindo a ERTM como uma falência de controlo sustentado de crises,

definido no nível anterior, por dois antiepilépticos tolerados e apropriadamente

escolhidos, quer seja em monoterapia ou em combinação [4].

As três principais causas para a falência terapêutica são a escolha

inapropriada de fármacos, uma baixa adesão ao plano terapêutico ou um estilo

de vida que favoreça o surgimento de crises. Assim, após incapacidade para o

controlo de crises com um antiepiléptico, estas causas devem ser desde logo

avaliadas e corrigidas [23]. Excluídas estas possibilidades, e com a

manutenção de crises, deve realizar-se a referenciação do doente para um

centro especializado para confirmação do diagnóstico e avaliação de terapias

possíveis [23, 24].

Na epilepsia generalizada refratária, a etiologia deve ser explorada pois

algumas situações clínicas podem ter tratamento curativo (por exemplo, um

défice de biotinidase ou dependência de vitamina B6) [25].

À medida que um antiepiléptico falha, a probabilidade de manutenção de

uma vida livre de crises diminui – numa população de doentes com epilepsia

recentemente diagnosticada, 50.4% dos pacientes estiveram livres de crises

pelo menos durante 1 ano aquando do início de tratamento eficaz com o

primeiro antiepiléptico [4, 26]. Esse valor baixou para 10.7% quando um

segundo esquema foi necessário, e 2.7% para o terceiro [4]. Outros estudos

demonstram que mesmo quando é possível obter controlo com alterações ao

esquema terapêutico inicial, há uma elevada probabilidade de recidiva [27].

Atualmente estima-se que 30-45% dos doentes diagnosticados com

epilepsia são ou podem tornar-se refratários [5]. A mortalidade nestes casos

aumenta entre 4 a 7 vezes comparativamente com a população geral, havendo

também maior mortalidade secundária a acidentes relacionados com

convulsões e uma prevalência de depressão major 2 a 3 vezes maior do que

em doentes com epilepsia controlada [23, 28, 29]. A principal causa de morte

entre pacientes com ERTM é a morte súbita, especialmente em indivíduos com

menos de 40 anos – é 24 vezes mais comum nestes pacientes do que na

população geral [30, 31], e só através da eliminação das crises é que a

mortalidade consegue ser reduzida [31, 32]. A qualidade de vida dos indivíduos

afetados é também bastante inferior, com comorbilidades médicas,

psiquiátricas e comportamentais frequentemente associadas [23].

Torna-se assim evidente a necessidade de obter controlo das crises

epilépticas, especialmente nos doentes aos quais a terapia médica continuada

não oferece bons resultados, de forma a melhorar a mortalidade, morbilidade e

qualidade de vida. Das várias abordagens possíveis para os pacientes com

ERTM, a cirurgia ressectiva, a ENV, a ECP e a radio cirurgia (com gamma

knife, para epilepsia focal com origem em zonas cerebrais de difícil acesso

cirúrgico) são opções atuais [33]. É importante não só saber selecionar os

candidatos cirúrgicos, como também saber para onde encaminhar os doentes

não selecionáveis e ainda aqueles em quem a cirurgia não se demonstrou

eficaz [11, 33, 34].

Tabela I - Esquema de categorização da eficácia das intervenções terapêuticas

na epilepsia* – Nível 1

1 – Ausência de convulsões

Ausência de qualquer tipo de

convulsão durante 12 meses ou durante

o triplo do maior intervalo entre crises

antes da intervenção

A – sem efeitos laterais 1A

B – com efeitos laterais 1B

C – efeitos laterais indeterminados 1C

2 – Falha Terapêutica

Doente não fica livre de convulsões

após terapêutica adequada

A – sem efeitos laterais 2A

B – com efeitos laterais 2B

C – efeitos laterais indeterminados 2C

3 – Outcome indeterminado

Sem informação suficiente para

avaliar o resultado de uma intervenção

e/ou dos seus efeitos laterais

A – sem efeitos laterais 3A

B – com efeitos laterais 3B

C – efeitos laterais indeterminados 3C

*a nomenclatura não implica qualquer gradação ou hierarquia

Adaptado de Kwan et al [4]

Cirurgia

Várias abordagens estão agora disponíveis para doentes com ERTM,

devendo ponderar-se o tratamento cirúrgico para todos os pacientes com esse

diagnóstico [2, 5, 35]. Atualmente, a maioria dos pacientes só é referenciada

para cirurgia após um período médio de duração da mesma de 20 a 25 anos

[36]. Este atraso é provavelmente responsável por um número significativo de

mortes evitáveis [37], sendo também um dos fatores que diminui a eficácia do

tratamento cirúrgico [36].

Os procedimentos cirúrgicos podem dividir-se em curativos ou paliativos,

sendo os paliativos indicados para situações onde não se pode remover o foco

epiléptico – são exemplos as transsecções subpiais múltiplas [23, 34].

Quanto aos procedimentos curativos, a seleção de pacientes processa-

se em duas fases – a primeira consiste em identificar potenciais candidatos

cirúrgicos e a segunda em determinar, para cada indivíduo, se a relação

risco/benefício é aceitável [37]. Para a primeira fase, é necessário cumprir três

critérios [37]: (i) o paciente (ou progenitores de crianças ou de pacientes com

défices intelectuais) deve compreender o objetivo da avaliação pré cirúrgica e

concordar com a possibilidade de tratamento cirúrgico, (ii) o paciente deve

cumprir os critérios para diagnóstico de ERTM e (iii) a imagiologia e informação

clínica existentes devem ser consistentes com a possibilidade de uma

síndrome epiléptica corrigível por cirurgia. Neste ponto enquadram-se as

síndromes focais, com zonas cerebrais epileptógenas únicas não

sobreponíveis a áreas cerebrais importantes, e também algumas formas de

epilepsia generalizada, como a síndrome Landau-Kleffner, a epilepsia

multifocal parcial relacionada com esclerose tuberosa, entre outras [38, 39].

Deve depois ser realizada uma avaliação pré cirúrgica cuidada e

individualizada, identificando a quantidade mínima necessária de tecido

cerebral a ser retirado para que o paciente possa ter uma vida livre de crises (a

zona epileptogénica) [37]. Assim, deve ser integrada informação da história

clínica sobre os sintomas iniciais das crises e informação do EEG e da RMN

[40].

Algumas etiologias de epilepsia são reconhecidamente beneficiadas pela

abordagem cirúrgica, como a esclerose do hipocampo [35, 41]. No entanto, a

cirurgia na epilepsia continua a ser subutilizada, apesar da forte evidência

(classe I) a favor da sua aplicação nos candidatos ideais [42].

Na presença de epilepsia focal refratária, a cirurgia de ressecção mais

realizada é a amigdalohipocampectomia. Num estudo randomizado controlado,

esta cirurgia resultou no controlo de 58% das crises a 1 ano dos pacientes com

ERTM, enquanto ajustes do esquema farmacológico apenas o conseguiu em

8% dos pacientes [9]. Outros estudos demonstram resultados superiores a

favor da cirurgia aplicada a epilepsia com foco identificado, atingindo até os

90% de eficácia [41].

A cirurgia de resseção encontra-se contraindicada em pacientes com

múltiplos focos envolvidos na génese das convulsões, em situações onde seja

impossível localizar satisfatoriamente o foco epileptogénico, quando ocorre

sobreposição da zona epileptogénica com córtex funcional ou se o doente não

reunir condições anestésicas ou cirúrgicas [41].

Assim, e apesar de comprovadamente eficaz, há uma percentagem de

doentes que mesmo submetidos a tratamento cirúrgico não fica com o seu

quadro clínico controlado. Além deste facto, apenas aproximadamente 40%

dos pacientes com ERTM são candidatos para cirurgia ressectiva [10, 43],

havendo necessidade de outras abordagens, como a ENV ou a ECP.

Neuromodulação

Estimulação do nervo vago (ENV)

A ENV foi aprovada na Europa em 1994 e pela US Food and Drug

Administration (FDA) em 1997 para controlo sintomático adicional da epilepsia

refratária focal e da depressão, sendo indicada para doentes com idade igual

ou superior a 12 anos [41, 44]. O mecanismo de ação consiste na estimulação

do nervo vago esquerdo via impulsos elétricos através de um implante

subcutâneo cervical contendo um elétrodo helicoidal e um gerador de impulsos

programável [41, 45]. O gerador é implantado sob a clavícula esquerda, com

anestesia local e em ambulatório, colocando-se os elétrodos diretamente na

porção cervical do nervo vago esquerdo – evita-se assim o risco de bradicardia

que deriva da estimulação do nervo vago direito, que tem mais ações cardíacas

[34, 45]. Apesar de vários estudos considerarem que o mecanismo de ação

não está completamente esclarecido, está comprovada a relação entre a ENV,

e o aumento da atividade do locus ceruleus e dos núcleos do rafe, com uma

maior libertação de noradrenalina a nível do SNC, sendo este o principal

mediador aparentemente envolvido no efeito antiepiléptico desta terapia [34,

46].

É possível programar a intensidade da corrente utilizada, a duração e

frequência dos pulsos, a temporização dos ciclos e a intensidade e duração de

pulsos-extra (pulsos despoletados pela comunicação de um íman sobre o

estimulador) [47]. Esta última possibilidade é útil para que o próprio doente

possa ativar o estimulador durante a aura ou no início da crise, aplicando um

impulso e diminuindo ou anulando a atividade convulsiva [48].

A ENV é uma terapia normalmente reservada para os casos de ERTM

não candidatos a cirurgia ressectiva [49]. Uma boa resposta a esta terapia é

definida por uma redução de 50% das crises, sendo atualmente atingida em 1/3

a 1/2 dos pacientes onde é utilizada [50]. Pacientes mais novos, com displasia

cortical ou descargas interictais unilaterais têm maior probabilidade de

responder melhor ao tratamento. Outras síndromes, como a síndrome de

Lennox-Gastaut, tem na ENV uma opção terapêutica paliativa útil, quando o

tratamento farmacológico falha [25]. A ENV é uma terapia geralmente bem

tolerada, podendo surgir efeitos laterais como alterações da voz durante o

período de estimulação, ou sintomas como odinofagia, tosse, dispneia e

parestesias [45]. Os sintomas laríngeos são relatados com maior frequência do

que os efeitos laterais indicados nos estudos sobre ECP [51].

No entanto, não é possível predizer quem beneficiará mais da ENV, e

mesmo a maioria dos doentes com boa resposta não fica livre de crises. É

portanto importante explorar outras possibilidades, como a ECP.

Estimulação Elétrica Cerebral

A estimulação elétrica cerebral (ou estimulação cerebral profunda –

ECP) já se demonstrou segura e eficaz no tratamento de doenças do

movimento, como a Doença de Parkinson ou o tremor essencial (com

estimulação com altas frequências sobre o núcleo subtalâmico e tálamo,

respetivamente), e doenças neuropsiquiátricas [52]. Inicialmente aplicada no

tratamento da ERTM nos anos 70 por Cooper e colaboradores, tem sido uma

técnica com interessantes resultados [53].

Procedimento cirúrgico

O procedimento cirúrgico envolve a colocação de um elétrodo de

estimulação cerebral no alvo anatómico, utilizando uma técnica cirúrgica

estereotáxica com recurso a ressonância magnética nuclear (RMN), tomografia

computadorizada (TC) ou sistemas de visualização direta. A localização

intraoperatória é muitas vezes acompanhada por micro-registos e avaliação

dos efeitos produzidos pela estimulação [54, 55]. É inicialmente introduzido um

elétrodo de registo e são avaliadas as características locais e a frequência e

características dos disparos neuronais. Os componentes a utilizar incluem os

elétrodos, os cabos de ligação e o gerador de impulsos implantável, sendo este

último inserido normalmente numa bolsa subclavicular [55]. Pós-

operatoriamente confirma-se a localização do sistema de ECP com RMN ou

TC, e o início da estimulação realiza-se em 10-30 dias após a cirurgia [54, 55].

Mecanismo de ação

A aplicação de pulsos elétricos tem como objetivo interromper o circuito

neuronal envolvido no surgimento da crise [53]. Há dois conceitos

neurofisiológicos que podem explicar a ação da ECP. O primeiro baseia-se na

função de redes neuronais importantes para o desenvolvimento de crises,

especialmente o sistema reticulo-talâmico-cortical e os seus mecanismos de

controlo – como exemplo, o estímulo do núcleo anterior do tálamo (NAT)

envolvido no circuito de Papez, que parece estar envolvido na fisiopatologia

das epilepsias do lobo temporal, pode alterar as respostas talâmico-corticais e,

assim, permitir melhor controlo das crises [53, 56]. O segundo conceito reside

na capacidade da estimulação da zona epileptogénica poder induzir um efeito

inibitório da mesma, e até mimetizar uma resseção evitando défices

neurológicos (como perda de memória após resseção do hipocampo) [53]. Para

o primeiro conceito, a aplicação de estímulos de forma contínua ou intermitente

programada parece ser a mais adequada (open-loop), enquanto para atuar

diretamente na zona epileptogénica será necessário um circuito fechado que

detete o início da crise e realize a descarga elétrica no intuito de a terminar –

estimulação de resposta (closed-loop) [53]. Ambos os tipos de estímulo

(estimulação programada e estimulação de resposta, respetivamente)

apresentam benefícios, não sendo ainda claro qual será mais eficaz [53]. O

estudo multicêntrico, randomizado, controlado e duplamente oculto SANTE (n =

109) utilizou estimulação intermitente programada no NAT e apresentou

resultados bastante encorajadores, sendo atualmente um dos mais importantes

estudos realizados nesta área [11]. Um outro estudo randomizado,

multicêntrico, controlado e duplamente oculto (n = 191), realizado pelo RNS

system in epilepsy study group (o Neuropace RNS trial) utilizou estimulação de

resposta em focos epilépticos pré-determinados tendo sido publicado em 2011

também com resultados positivos [57].

Alvos de ECP em open-loop e respetivos resultados

Apesar de o NAT ser o alvo neste momento mais utilizado, muitos outros alvos

anatómicos foram e são estudados como locais de aplicação da ECP.

Cerebelo – Cooper e colaboradores, nos anos 70, iniciaram os estudos

de aplicação da ECP para tratamento de epilepsia, mas os seus resultados não

foram reproduzíveis [58]. Alguns estudos em animais contribuíram também

para a diminuição do interesse sobre a estimulação cerebelar [56]. No entanto,

recentemente, através de um estudo randomizado controlado duplamente cego

realizado em 5 pacientes com ERTM por crises motoras, foi retomado o

interesse nessa possibilidade – foi utilizada uma estimulação de 10 Hz sobre o

córtex cerebelar superomedial, que obteve uma redução média de crises de

41%, em 6 meses, obtendo uma diferença estatisticamente significativa para as

crises tónicas e tonicoclónicas com uma eficácia mantida durante os 2 anos de

seguimento do estudo [59]. Pensa-se que a estimulação cerebelar pode ativar

as células de Purkinje, e estas, através das suas características inibitórias,

diminuem a excitação sobre o tálamo, levando a que haja também uma

diminuição das projeções excitatórias talâmico-corticais [55]. No entanto,

apesar da estimulação do cerebelo aparentar possuir efeitos antiepilépticos

nalguns pacientes, não há ainda determinação concreta dos seus reais efeitos

supressores, pelo que mais estudos serão necessários [56].

Tálamo

Existem várias vias de interação entre os núcleos talâmicos e o córtex, o que

desde os anos 80 tem levado a que este seja um alvo privilegiado de

investigação, havendo alguma evidência clínica de que a sua estimulação

continuada permite uma redução da frequência e gravidade das crises

epilépticas [56].

– Núcleo centromediano – O núcleo centromediano (NCM) é parte do

sistema reticulo-talâmico-cortical e modula a excitabilidade neuronal do córtex

[60]. Este motivo levou Velasco e colaboradores a explorarem a estimulação

deste núcleo para tratamento de ERTM, mais especificamente para a síndrome

de Lennox-Gastaut e para as crises tónico-clónico generalizadas. O

procedimento foi considerado benéfico, apresentando uma diminuição média

de 80% das crises e melhorias comprovadas da qualidade de vida dos

pacientes envolvidos [61]. Neste estudo foi utilizada estimulação bilateral a 130

Hz, com duas horas diárias de estímulo através de ciclos de 1 minuto de

estimulação por 4 minutos de repouso [61]. Poucos estudos com animais

existem atualmente, mas os resultados dos mesmos apontam para que uma

estimulação próxima dos 130 Hz sobre o núcleo parafascicular (equivalente do

complexo centromediano-parafascicular dos primatas) seja adequada para

interromper crises focais do hipocampo em modelos de ratos com epilepsia

mesiotemporal [62]. No entanto, e tendo em conta a pequena dimensão destes

estudos, mais investigações são necessárias para perceber o papel deste

núcleo na modulação das crises epilépticas [56].

- Núcleo anterior do tálamo (NAT) – É um alvo interessante, devido ao

seu tamanho relativamente pequeno mas adequado para a realização de

técnicas de estereotaxia, e ao facto de ter projeções para estruturas límbicas,

afetando assim várias regiões cerebrais [55]. O NAT recebe projeções do

hipocampo através do fórnix, dos corpos mamilares e do fascículo mamilo-

talâmico, comunicando também com o córtex cingulado, córtex entorrinal e

novamente com o hipocampo – interage com o circuito de Papez, que está por

sua vez envolvido nalgumas formas de epilepsia, como a epilepsia do lobo

temporal [56]. Além disso, a sua posição afastada de estruturas vasculares

torna a técnica cirúrgica menos arriscada [55]. O primeiro estudo a utilizar este

alvo para tratamento de ERTM foi realizado por Upton e Cooper, nos anos 80,

e vários se seguiram [53, 56]. Apesar de alguns estudos em modelos animais

de epilepsia crónica não atingirem consenso sobre a eficácia da estimulação do

NAT na epilepsia [63, 64], vários estudos clínicos foram sendo realizados, com

resultados interessantes, inicialmente para casos de epilepsia generalizada e

posteriormente para ERTM de origem focal [65-68]. Foram utilizados sempre

estímulos de elevada frequência, igual ou superior a 90 Hz, com pulsos de 90

µs de largura aplicados de forma contínua ou intermitente [53] pois a realização

de estímulo elétrico do NAT com baixa frequência acaba por facilitar o

aparecimento de crises convulsivas [69]. Quatro ensaios clínicos abertos e

independentes entre si demonstraram uma diminuição significativa de crises

em 12 dos 18 pacientes envolvidos no total [65-67, 70]. Uma das dúvidas que

surgiram com estes estudos foi a da possibilidade do principal efeito da ECP se

dever a uma microlesão do NAT criada pela colocação dos elétrodos [67].

Para que as dúvidas relativamente ao mecanismo de ação, segurança e

eficácia da ECP no NAT fossem esclarecidas, foi realizado um estudo

multicêntrico, randomizado, controlado com dupla ocultação – o estudo SANTE

[11]. Este estudo realizou estimulação bilateral do NAT em 109 pacientes com

ERTM do tipo focal, implantando elétrodos em todos e posteriormente

dividindo-os em dois grupos. Numa primeira fase, durante 3 meses, um grupo

(54 pacientes) esteve com ECP ativa enquanto o grupo controlo esteve com

ECP inativa. A estimulação foi realizada com 5V em pulsos de 90 µs, a 145 Hz.

O grupo com ECP ativa obteve em 3 meses uma redução 29% superior na

frequência das crises, quando comparado com o grupo controlo. O efeito de

microlesão como única explicação para os resultados da ECP foi assim

excluído após análise dos resultados do estudo SANTE [11]. Realizou-se

depois um período de 2 anos onde ambos os grupos estiveram com ECP ativa.

A frequência de crises reduziu 56% com a estimulação, comparativamente com

a linha basal, e 67% dos pacientes conseguiram obter uma redução de pelo

menos 50% das suas crises após 37 meses de seguimento. Um total de 14

pacientes (12,7%) esteve totalmente livre de crises durante pelo menos 6

meses, e 8 deles (7,2%) esteve livre de crises durante pelo menos 1 ano [11].

Este estudo apresentou assim resultados positivos numa grande população,

comparáveis e até ligeiramente superiores a alguns dos estudos mais

pequenos já realizados [65-67, 70]. Uma revisão mais detalhada indica que os

pacientes com epilepsia de origem no lobo temporal demonstram mais

benefícios com ECP do NAT, o que pode ser explicado pelo papel deste núcleo

cerebral no circuito límbico de Papez [11].

O estudo MORE é um estudo europeu, multicêntrico, randomizado e

controlado, duplamente oculto, envolvendo aproximadamente 200 pacientes

para realização de estimulação bilateral do NAT em situações de ERTM focal

com ou sem generalizações secundárias. Apresenta um período de seguimento

de 2 anos e tem a intenção de avaliar a aplicação e eficácia da ECP no padrão

de tratamento europeu assim como o seu benefício a longo prazo (mais de 12

meses). Tem também como objetivos, entre outros, a intenção de avaliar os

efeitos adversos presentes (com especial atenção aos sintomas depressivos),

identificar alterações induzidas pela ECP na qualidade de vida dos pacientes,

quantificar o recurso aos cuidados de saúde e identificar fatores preditivos de

resposta ao tratamento. Este estudo está ainda em curso e a publicação dos

seus resultados poderá fortalecer a evidência da eficácia da estimulação

elétrica cerebral bilateral sobre o NAT [12].

Por forma a esclarecer se os efeitos obtidos pela ECP eram mantidos ao

longo do tempo, foram realizados alguns estudos com períodos de seguimento

alargados. O acompanhamento a longo prazo dos pacientes envolvidos no

estudo SANTE identificou uma melhoria dos resultados inicialmente

apresentados, com uma redução da frequência das crises de 69% ao longo de

5 anos [71]. Um estudo de 2012, com um tempo de seguimento dos pacientes

de 39 meses, indica que a eficácia da ECP a curto prazo é o melhor preditor de

resposta a longo prazo [51]. Outros estudos recentes com seguimentos a longo

prazo (> 2 anos) têm sido recentemente publicados, evidenciando uma

manutenção dos efeitos benéficos da estimulação do NAT nos pacientes que a

curto prazo apresentaram melhorias, embora recomendem a realização de

estudos de maior magnitude para obtenção de conclusões mais sólidas [51, 67,

72]. Apesar disso, e baseado nos estudos de ECP sobre o NAT, este

tratamento foi aprovado na Europa para pacientes com ERTM sem indicação

para cirurgia ressectiva [6].

Gânglios da base

Os dados clínicos e experimentais atualmente disponíveis demonstram um

papel privilegiado destas estruturas no controlo, geração e propagação de

descargas epiléticas pelo córtex [56]. A inibição da porção reticular da

substância negra, através de estímulo do estriado, do globo pálido ou inibição

do núcleo subtalâmico, parece ter um importante papel nesse efeito [73].

- Núcleo caudado (NC) – Provas experimentais indicando que a

estimulação deste núcleo em modelos animais tem propriedades antiepilépticas

levaram a que alguns grupos de investigadores estudassem a realização de

estimulação de baixa frequência (4-8Hz) do mesmo, tendo obtido resultados

interessantes com diminuição de descargas epileptiformes locais e

generalizadas [54]. Os estímulos de maior frequência demonstraram-se

prejudiciais. A estimulação de baixa frequência parece ser capaz de diminuir a

frequência das convulsões generalizadas, focais complexas e focais

secundariamente generalizadas [54]. Apesar de mais estudos serem

necessários, o núcleo caudado poderá tornar-se num alvo terapêutico para

modulação da epileptogenicidade cortical [56].

- Núcleo subtalâmico (NST) – A estimulação de alta frequência

demonstrou ter alguns efeitos protetores em modelos animais de crises

geradas pela injeção de cainato na amígdala ou pela inalação de fluorotil [74,

75]. A estimulação deste núcleo permite a inibição da parte reticulada da

substância negra (RSN), o que permite um efeito antiepiléptico comprovado em

vários modelos animais [73]. Um estudo francês realizou estimulação do NST

em 5 pacientes, com estímulos de alta frequência (130 Hz), tendo obtido uma

redução média de 64,2% das crises em 4 deles – o único paciente onde tal não

foi evidente era um caso grave de epilepsia noturna autossómica dominante do

lobo frontal, manifestada através de crises tónicas [76]. Este e outros estudos

indicam que a estimulação do NST tem resultados positivos nalguns casos de

epilepsias focais que envolvam a área central e também em síndromes

generalizadas como a síndrome de Lennox-Gastaut e a síndrome de Dravet

[75, 76]. As crises tónicas envolvem circuitos do tronco cerebral que não são

inibidos pela inibição da RSN, facto que está de acordo com os estudos dos

modelos animais existentes [73, 76]. Um estudo controlado randomizado e

duplamente cego sobre a estimulação do NST estava a ser realizado em

França (STIMEP) mas foi recentemente cancelado devido a insuficiente

adesão. Mais estudos realizados num maior número de doentes são ainda

necessários, pois os resultados publicados de momento, apesar de bastante

encorajadores, não são suficientes para concluir sobre os critérios de seleção e

os parâmetros de estimulação ideais [73, 76].

- Porção reticulada da substância negra (RSN) – Vários estudos em

animais confirmaram que a inibição da RSN tem um potencial efeito

antiepiléptico, não sendo ainda claro se o próprio efeito do estímulo do NST se

deve exclusivamente ao seu efeito inibitório sobre esta porção cerebral [73]. O

estímulo sobre a RSN não deve ser realizado de forma contínua devido ao já

mencionado período refratário [74]. Assim, novos estudos estão a ser

realizados para verificar se a aplicação de estimulação de resposta neste alvo

cerebral terá melhores resultados [56].

Hipocampo

A epilepsia do lobo temporal é uma das síndromes mais comuns,

estando associada com frequência a farmacorresistência [77]. O tratamento

cirúrgico consegue tornar livres de crises mais de 50% dos pacientes que

realizam resseção de estruturas do lobo temporal mesial ou lobectomia

temporal anterior – no entanto, devido aos riscos de perda de memória e

linguagem, doentes com focos bilaterais ou unilaterais com extensão ao lobo

dominante podem não ter indicação cirúrgica [5, 45, 78].

As crises do lobo temporal parecem ter origem no hipocampo [55, 79].

Um estudo prospetivo duplamente oculto de Velasco e colaboradores aplicou

ECP no hipocampo de 9 pacientes com ERTM focal ou secundariamente

generalizada cujo foco inicial estava identificado no hipocampo. Os resultados

foram positivos, com 5 dos participantes a terem uma diminuição de crises

superior a 95% enquanto os restantes tiveram reduções entre os 50 e os 70% -

estes últimos apresentavam lesões anatómicas, como esclerose do hipocampo,

identificáveis em neuroimagem [80]. No entanto, um estudo randomizado,

controlado e duplamente oculto (n = 4) realizado em pacientes com epilepsia

mesial do lobo temporal demonstrou uma diminuição das crises de apenas

15%, o que não foi considerado estatisticamente significativo para nenhum dos

pacientes [68, 81].

Dois estudos multicêntricos, randomizados, controlados e duplamente

ocultos sobre a ECP do hipocampo no tratamento de epilepsia mesial temporal

foram iniciados – o METTLE e o CoRaStir. Apesar do primeiro ter sido

abandonado antes de atingir qualquer resultado, o estudo CoRaStir está ainda

em curso, aguardando-se resultados capazes de esclarecer o papel da

estimulação elétrica do hipocampo [82]. Este estudo pretende comparar a

realização de amigdalohipocampectomia com a realização de estimulação

elétrica do hipocampo, em pacientes com ERTM focal, com crises de início no

lobo temporal, e que apresentem uma alteração estrutural identificável por

ressonância magnética no lobo temporal medial, compatível com esclerose do

hipocampo. Serão comparados três grupos de pacientes - um grupo submetido

a amigdalohipocampectomia, um grupo submetido a ECP do hipocampo e

outro grupo que colocou os elétrodos mas cuja estimulação apenas se inicia 6

meses depois do início do estudo, servindo como grupo de controlo inicial.

Além da avaliação e comparação do número e intensidade das crises durante

os primeiros 6 e 12 meses após as intervenções, procurar-se-á avaliar a

existência de melhores resultados a nível de efeitos laterais, qualidade de vida

e perturbações de humor com a utilização da ECP em vez da cirurgia [82].

Parâmetros de estimulação

Vários parâmetros são atualmente aplicados, sendo este um dos

principais problemas identificados pela literatura atual – alguns estudos

sugerem a criação de uma abordagem que pré-avalie os alvos de estimulação

e quais os parâmetros utilizados, para posteriormente comparar e apurar os

resultados mais promissores [53]. Todos os estudos, no entanto, assumem a

necessidade de manter um acompanhamento rigoroso após o início da

estimulação, para a maximizar e adaptar às características de cada paciente.

O início da estimulação ocorre normalmente entre o 10º a 30º dia após a

cirurgia de implantação dos elétrodos. Em sistemas de estimulação contínua ou

intermitente é normalmente escolhida uma frequência de 90 – 130 Hz, com

uma largura de 60 – 90 µs e uma amplitude de 4 – 5 V para o NAT [55]. O

estudo SANTE utilizou uma frequência de 145 Hz com pulsos de 90 µs de

largura e amplitude de 5 V, numa estimulação intermitente programada de 1

minuto ligada por cada 5 minutos desligada [11]. Outros estudos utilizam

amplitudes mais altas, de 10 V [70]. Alterando o alvo anatómico também os

parâmetros devem ser alterados. A título de exemplo, para o núcleo caudado

utilizam-se parâmetros de 4-8Hz, para o cerebelo, 10 Hz e para o núcleo

centromediano, 20-130 Hz [54]. Estes parâmetros são depois adaptados

individualmente para cada doente [55]. Está comprovada a existência de um

período refratário cerebral ao estímulo, de cerca de 60 segundos [83], o que no

caso de estimulação contínua pode significar estímulo “inútil” ou prejudicial –

esse problema é evitado através da estimulação intermitente programada ou da

estimulação de resposta [56].

Apresenta-se aqui uma tabela [tabela II] com os diferentes parâmetros

de estimulação utilizados por alguns dos principais estudos já publicados,

juntamente com o tipo de crises que os doentes apresentavam e respetiva

eficácia na redução das mesmas. A avaliação da eficácia é apresentada como

percentagem e número de doentes com uma diminuição de crises considerada

estatisticamente significativa (com p <0.05). No estudo SANTE indica-se a

percentagem de pacientes que apresentou uma redução de crises superior a

50%, comparativamente com os registos pré-operatórios.

Tabela II – Resumo dos parâmetros de estimulação de alguns dos principais estudos

clínicos sobre ECP em open-loop em diferentes alvos anatómicos, respetiva

classificação das crises e eficácia na redução das mesmas.

Estudo Alvo Parâmetros

estimulação

Tipo de crises % de doentes

com

diminuição de

frequência de

crises (nº de

doentes)

Hodaie et al.,

2002

NAT 100 Hz, 10 V,

90 µs

CTCG primárias e

secundárias, crises

focais complexas,

crises focais

motoras e crises

atónicas.

100% (5)

Kerrigan et al.,

2004

NAT 100 Hz, 1-10V CTCG secundárias

e crises focais

simples ou

complexas.

20% (1)

Osorio et al.,

2007

NAT 175 Hz, 4,1 V,

90 µs

Epilepsia

mesiotemporal

100% (4)

Lim et al., 2007 NAT 90-110 Hz, 4-

5V, 60-90 µs

CTCG e crises

focais complexas

100% (4)

SANTE, 2010 NAT 145 Hz, 5V,

90µs

Crises focais com ou

sem generalização

secundária.

67%

Chabardes et

al., 2002

NST 130 Hz Crises motoras

tonicoclónicas,

crises motoras

tónicas, crises

motoras clónicas e

crises hipermotoras.

60% (3)

Velasco et al.,

2006

NCM 130 Hz, 0.4-

0.6 mA

Síndrome Lennox-

Gastaut

77% (10)

Cont. - Tabela II – Resumo dos parâmetros de estimulação de alguns dos principais

estudos clínicos sobre ECP em open-loop em diferentes alvos anatómicos, respetiva

classificação das crises e eficácia na redução das mesmas.

Estudo Alvo Parâmetros

estimulação

Tipo de crises Redução da

frequência

de crises %

(nº de

doentes)

Chkhenkeli et

al., 2004

NC 4-8 Hz Epilepsia

mesiotemporal

82% (14)

Cooper et al.,

1976

Cerebelo 10 Hz Crises tonicoclónicas

generalizadas, crises

mioclónicas e

psicomotoras

66% (10)

Wright et al.,

1984

Cerebelo 10 Hz, 5 mA Status epilepticus,

crises atónicas,

ausências complexas

e crises mioclónicas.

0%

Velasco et al.,

2005

Cerebelo 10 Hz, 3.8 mA Crises generalizadas 100% (5)

Tellez-Zenteno

et al., 2006

Hipocampo 190 Hz, 90 ms Epilepsia temporal

mesial

0%

Velasco et al.,

2007

Hipocampo 130 Hz, 450

µs, 300 µA

Crises focais com

origem no lobo

temporal

100% (9)

Boex et al.,

2011

Hipocampo 130 Hz Epilepsia mesial do

lobo temporal

75% (8)

NAT – núcleo anterior do tálamo; NCM – núcleo centromediano; NST – núcleo

subtalâmico; NC – núcleo caudado; CTCG – crises tonicoclónicas.

Adaptado de X. L. Zhong et al., 2011 [84]

Estimulação de resposta (closed-loop)

A estimulação de resposta acrescenta ao sistema de elétrodos um

microprocessador que regista o EEG do paciente e, através de um algoritmo de

análise, ajusta os parâmetros de estimulação [85]. Nestes sistemas utilizam-se

descargas de até 5 segundos, variando entre 1 e 333 Hz, 1-12 mA com pulsos

de 40 – 1000 µs de largura. Se a crise se mantiver, os pulsos repetem-se [85].

Sendo um circuito fechado pode também prolongar a vida útil da bateria [82].

A utilização de um sistema de estimulação cortical de resposta foi

estudada recentemente por Morrel e colaboradores, com um estudo

multicêntrico, randomizado, controlado e duplamente oculto publicado em

2011, o Neuropace RNS Trial. Os 191 adultos integrados no estudo foram

randomizados em 2 grupos, e um mês após implantação realizou-se

estimulação apenas num deles (grupo com ECP ativa). Durante 3 meses foi

realizada uma fase de comparação – fase de estimulação oculta - entre os dois

grupos. Verificou-se uma diminuição de crises de 37,9% no grupo com ECP

ativa, enquanto no grupo controlo o valor atingiu apenas os 17,3%. Esta

diferença foi considerada significativa (p=0,008). No grupo com estimulação

ativa, ao fim dos 3 meses, 29% dos participantes tinham uma redução de crises

superior a 50%. Posteriormente, ambos os grupos estiveram submetidos a

estimulação, numa fase de ensaio aberto, e as crises foram reduzindo ao longo

de 2 anos – no final do estudo atingiu-se uma percentagem total de 46% de

indivíduos com diminuição de crises superior a 50% [57]. Embora este estudo

forneça evidência clínica de classe I relativamente à eficácia deste tipo de

estimulação, a experiência atual é ainda considerada insuficiente para

recomendar estimulação cortical direta através de sistemas de estimulação de

resposta, pelo que mais estudos se recomendam [47, 57]. Uma das questões a

necessitar de maior avaliação é a da possibilidade do efeito desta técnica se

dever maioritariamente a uma ação maioritariamente anti-convulsivante do que

anti-epiléptica, sendo necessário avaliar a sua aplicação a longo prazo [86].

Apesar de encorajadores, os resultados publicados não dão respostas

definitivas, sendo recomendados estudos clínicos e em modelos animais para

obter mais conclusões [56].

Qualidade de vida

A ECP aparenta ser capaz não só de diminuir a frequência das crises

como de aumentar a qualidade de vida dos pacientes, especialmente naqueles

em que a dose máxima de antiepilépticos já foi atingida [87]. No estudo SANTE

foi avaliada a qualidade de vida dos pacientes utilizando testes

neuropsicológicos e os modelos LSSS (Liverpool seizure severity scale) e

QoLIE-31 (Quality of life in epilepsy). Os resultados apresentados foram

positivos, com melhorias significativas no QoLIE-31 [5,0 ± 9,2 (n = 102) no 13º

mês; 4,8 ± 9,3 (n = 98) no 25º mês], e no inquérito LSSS [-13,4 ± 21,4 (n = 103)

e -12,4 ± 20,7 (n = 99) no 13º e 25 mês de seguimento respetivamente] [11]. As

lesões causadas pelas convulsões também diminuíram em 25% entre o grupo

estimulado e o grupo controlo [11], diminuindo assim o impacto das mesmas

nas rotinas diárias dos pacientes.

O estudo do Neuropace RNS trial apresentou resultados positivos em 9

dos 16 pontos da escala de Qualidade de Vida na Epilepsia, Inventório-89,

após 2 anos de estudo, resultado considerado estatisticamente significativo

[57]. A avaliação através de testes neuropsicológicos também demonstrou

melhorias significativas a nível da linguagem, memória, atenção/concentração,

funções sociais e de trabalho e das preocupações com a própria saúde [57].

Diminuição da medicação – A avaliação deste parâmetro torna-se

complicada pois nos principais estudos (multicêntricos, randomizados

controlados e duplamente ocultos) a medicação é mantida constante durante

todo o período do estudo ou, quando é permitida liberdade de alteração de

dosagem, nenhuma avaliação estatística é apresentada. Ainda assim, parece

possível que a estimulação elétrica de núcleos cerebrais permita reduzir a

medicação mantendo o doente um bom controlo das crises [76].

Critérios de inclusão

Os critérios de inclusão dos estudos analisados variam entre si, mesmo

para a estimulação de um mesmo alvo cerebral. Atualmente encontra-se

apenas aprovada a realização de ECP para tratamento de ERTM focal ou

secundariamente generalizada [6]. Um estudo de grande magnitude já com

resultados publicados sobre este tema, o estudo SANTE, utilizou os seguintes

parâmetros: pacientes com idades entre os 18 e os 65 anos, com crises focais

incluindo crises secundariamente generalizadas, num mínimo de 6 por mês

mas não mais de 10 por dia, registadas num diário a 3 meses, e com os

critérios de diagnóstico de ERTM presentes. Ao início do estudo os pacientes

deveriam estar medicados com entre um a quatro fármacos antiepilépticos.

Foram excluídos os doentes com condições que interferiam com o implante de

elétrodos ou com a execução do restante protocolo: 1) doenças médicas ou

neurológicas progressivas; 2) presença de crises não epilépticas; 3) QI <70; 4)

incapacidade de realização de testes neuropsicológicos ou de preenchimento

dos diários das crises e 5) gravidez. Caso os doentes estivessem a realizar

ENV, os estimuladores eram retirados [11]. Outros estudos indicam a

necessidade de existência de um cuidador confiável capaz de acompanhar o

paciente durante os vários passos necessários até à conclusão do estudo [70].

No estudo Neuropace, com estimulação cortical de resposta, os critérios

utilizados acrescentaram a necessidade de identificar 1 ou 2 focos epilépticos

individualizados através de testes estandardizados [57].

O estudo MORE, ainda em curso, inclui pacientes com diagnóstico de

ERTM que apresentem diários durante 2 meses pré-implantação relatando a

frequência e o tipo de crises, com consentimento informado devidamente

preenchido. Como fatores de exclusão são considerados os casos de

preenchimento incompleto de diários, as situações de gravidez ou a inscrição

(ou intenção de inscrição) em outros estudos que possam ser fator de confusão

na avaliação dos resultados [12].

De salientar que todo o procedimento deve ser realizado por uma equipa

multidisciplinar envolvendo um neurologista, um neurofisiologista, um

neurorradiologista e um neurocirurgião [6].

Efeitos laterais

Os efeitos laterais apresentados nos estudos com ECP para o

tratamento de ERTM têm sido sobreponíveis aos da aplicação da ECP para

tratamento de doença de Parkinson [72]. Vários pequenos estudos relatam

ausência de efeitos laterais atribuíveis à estimulação ou ao procedimento de

colocação de elétrodos [65, 87]. Um caso de erosão grave de pele sobre o local

de implantação foi relatado num estudo de 5 doentes de 2002 [70], e pequenas

hemorragias intracranianas foram detetadas noutro estudo em 2008 [72]. Num

estudo duplamente oculto realizado utilizando estimulação de resposta (closed-

loop) sobre o hipocampo em pacientes com epilepsia focal de origem no lobo

temporal (n=9) teve de se retirar os elétrodos a 33% dos participantes após 3

anos de estimulação, devido ao aparecimento de erosões da pele no local do

implante [80]. Outros estudos identificaram como efeitos laterais situações de

nistagmo, ideação paranoide, alucinações, anorexia e letargia [66, 88].

No estudo SANTE, os principais efeitos laterais relacionados com a

colocação dos aparelhos foram parestesias (18,2% participantes), dor no local

de implante (10,9%) e infeção do local de implante (9,1%) – estes efeitos foram

diminuindo ao longo do tempo de seguimento do estudo. Dezoito pacientes

(16,4%) desistiram devido aos efeitos laterais após implantação, mas nenhum

desistiu durante os 3 meses de fase oculta. Os relatos de parestesias não

estavam associados a nenhum dos grupos em específico, e ao longo de todo o

estudo, dos 14 pacientes que desenvolveram infeção do local de implante, em

9 deles foi retirado o aparelho – três pacientes, mais tarde, reimplantaram os

elétrodos e não desenvolveram qualquer problema. Um paciente sofreu uma

hemorragia subdural com hemiparesia registada uma semana após o evento.

Hemorragias assintomáticas foram visualizadas em neuro imagem em 4,5%

dos pacientes. Défices de memória foram relatados em 13%, mas não foram

considerados graves nem eram identificáveis pelos testes neuro psicológicos –

as queixas resolveram entre 12 a 476 dias. Durante o estudo registaram-se 5

mortes, nenhuma delas relacionadas com a estimulação: uma ocorreu antes da

implantação de elétrodos (possível MSE), duas por MSE, um afogamento e um

suicídio com provável ligação à sua vida pessoal [11]. O diagnóstico de

depressão foi realizado em 15% dos pacientes tratados com ECP (com um dos

casos considerado grave), comparativamente com apenas 2% do grupo

controlo [11]. Assim, recomenda-se apresentar a indicação da possibilidade de

agravamento de sintomas depressivos. Ao longo das diversas fases do estudo

foram identificados 23 novos tipos de crises em 20 doentes (14 crises parciais

simples, 3 parciais complexas 4 crises secundariamente generalizadas e 2

crises generalizadas). Cinco participantes (4,5%) desenvolveram ainda status

epilepticus, embora 2 desses casos surgissem antes do início da estimulação

em pacientes que falharam o seu esquema terapêutico normal, e um terceiro

caso surgisse apenas 1 ano após o término da ECP. Dos dois casos restantes,

apenas um teve de ser hospitalizado. É importante referir que durante este

estudo, no grupo com ECP ativa houve um paciente com 210 crises parciais

em 3 dias, que surgiam no período de 1 min de estimulação ligada – este

problema foi corrigido com alteração da voltagem de 5 para 4 V [11]. Isto

demonstra a importância do acompanhamento individualizado de cada paciente

submetido a este tratamento.

Um estudo clínico multicêntrico encontra-se a decorrer atualmente, com

o objetivo de avaliar a taxa de morte súbita inexplicada associada a epilepsia

em pacientes com diagnóstico de ERTM, que tenham realizado ou estejam a

realizar estimulação bilateral do NAT, num período total de 5 anos. Este estudo

pretende ainda juntar a informação que obtiver com aquela apresentada pelo

estudo SANTE de forma a obter uma estimativa mais exata da taxa de morte

súbita nestes pacientes [89].

O estudo Neuropace RNS trial relatou ausência de deterioração em

qualquer das avaliações neuropsicológicas realizadas, incluindo avaliação de

indicadores de alterações de humor, sendo a estimulação geralmente bem

tolerada [57]. No primeiro mês após implantação houve 12% de participantes

que relataram a presença de efeitos laterais, resultado favorável quando

comparado aos riscos dos tratamentos alternativos. Dos efeitos laterais mais

severos, foram detetadas hemorragias intracranianas em 9 pacientes (4,7%),

sendo três delas causadas por traumatismo encefálico pós convulsão e as

restantes 6 por situações pós-cirúrgicas. Destes casos, apenas 4 foram

considerados graves, e mesmo esses não deixaram qualquer sequela. Infeções

relacionadas com a implantação ou com o local de incisão surgiram em 10

pacientes (5,1%) e implicaram a remoção dos aparelhos em 4 deles. Seis

participantes faleceram, um por linfoma, um outro cometeu suicídio após

historial de depressão e os restantes quatro (2,1%) faleceram por MSE – estes

resultados são compatíveis com os valores estimados para a população

epiléptica geral [90].

A ECP é, portanto, uma terapia considerada segura, como já

comprovado em estudos realizados no âmbito da doença de Parkinson [47, 91].

Opções de futuro

Potenciais novos tratamentos incluem a determinação exata do local das

crises com consequente tratamento focal [2]. O controlo das crises é um dos

objetivos do desenvolvimento de novos aparelhos a serem empregues na

epilepsia. Algumas das alternativas futuras a serem atualmente exploradas

consistem na criação de sistemas químicos de entrega focalizada das drogas,

terapia génica ou de radiação [2, 47, 92].

Dentro das hipóteses promissoras surge a estimulação magnética

transcutânea. A estimulação magnética transcutânea pode assumir-se como

um método não invasivo de estimulação do córtex. Tem apresentado

resultados díspares em vários estudos, supondo-se atualmente que a eficácia

esteja relacionada com a proximidade do foco epiléptico a áreas de córtex que

sejam passíveis de estimulação por este método [47]. Assim, bobines

eletromagnéticas têm sido desenvolvidas de forma a otimizar a estimulação

[93]. Alguns estudos apresentaram resultados positivos, com diminuição da

frequência de crises através da aplicação de pulsos intermitentes [94, 95]. Um

estudo randomizado controlado (n=21) apresentou uma redução na frequência

das crises estatisticamente significativa [96], mas esses resultados não foram

tão evidentes num outro estudo controlado com placebo (n=43) [97]. De realçar

que a utilização de estimulação magnética transcraniana com parâmetros de

estimulação não testados deve ser realizada com especial cuidado em

pacientes com patologia que facilite o surgimento de crises como é o caso da

epilepsia, devido à existência de relatos de convulsões despertadas pela

estimulação nalgumas (raras) situações [47, 94].

O arrefecimento reversível do neocórtex ou do hipocampo pode atenuar

a atividade epileptiforme do EEG e crises subsequentes – em modelos animais

tal já foi comprovado [92]. Atualmente, o principal problema da sua utilização

reside nas dificuldades técnicas da sua implementação em humanos, motivo

que tem limitado a realização de ensaios clínicos [47, 92].

Dentro das tecnologias em estado precoce de desenvolvimento

encontra-se a optogenética, que é uma nova técnica capaz de controlar a

excitabilidade de populações específicas de neurónios através da luz, embora

ainda só tenha demonstrado eficácia em cortes de hipocampo – a sua

aplicação em humanos exigirá mais estudos [47]. A eficácia em cortes de

hipocampo de rato submetidos à ação prévia de um vetor vírico para expressão

de proteínas ativadas pela luz foi comprovada [98]. Apesar da possibilidade de

selecionar ativamente zonas cerebrais específicas poder vir a ser concretizada

através da evolução desta técnica, a sua aplicação prática futura para o

tratamento da epilepsia é questionável [47].

Conclusão

Apenas a nível europeu é que a ECP se encontra aprovada como opção

terapêutica, decisão tomada após a publicação do estudo SANTE. As atuais

indicações consistem no tratamento de pacientes com ERTM aos quais a

cirurgia ressectiva não se apresenta como uma intervenção terapêutica eficaz

[6]. A FDA afirma ser necessária a realização de estudos mais claros sobre a

relação risco/benefício, embora haja um parecer positivo de um conjunto de

conselheiros da FDA para a aprovação da ECP sobre o NAT como

possibilidade terapêutica para pacientes com ERTM focal com ou sem

generalização secundária [87].

Dos vários alvos cerebrais utilizados para estimulação, tem-se agora

experiência de maior qualidade com o NAT. Após a exposição de resultados do

estudo SANTE, as questões sobre a utilidade da ECP no tratamento da ERTM

foram mudando – apesar da eficácia e segurança estarem aparentemente

demonstradas, falta agora otimizar e sistematizar a abordagem utilizada. É

assim necessário compreender que a escolha dos alvos e parâmetros

utilizados deve ser individualizada para cada doente. No próprio estudo

SANTE, as melhorias foram mais evidentes para pacientes com epilepsia do

lobo temporal comparativamente a outros focos originários de atividade

epiléptica, sendo assim possível sugerir o NAT como um núcleo preferível a ser

estimulado perante epilepsia temporal [11]. Ainda assim, algumas dúvidas

subsistem sobre quais os parâmetros de estimulação ideais para cada alvo e

para tipo de epilepsia. O estudo MORE poderá ajudar no esclarecimento

destas questões, ajudando ainda à identificação de fatores preditivos de

tratamento e a verificar a eficácia da ECP na população europeia.

De acordo com a literatura já aqui referenciada, a estimulação de

resposta (closed-loop) apresenta resultados encorajadores, merecendo mais

investigações tendo em vista a sua aprovação futura como uma alternativa de

tratamento para a ERTM. O NST e o hipocampo são também alvos com

resultados interessantes, sendo que a publicação de estudos de maior

magnitude, como o ainda em curso CoRaStir, podem introduzir novos e

importantes dados no conhecimento atual. Outras abordagens poderão ser

úteis para explorar ainda mais o potencial desta terapia: será benéfica a

conjugação de sistema de resposta programada (open-loop,) para um efeito

contínuo, com sistemas de estimulação de resposta (closed-loop) para

interromper as crises que forem surgindo?

Os efeitos na qualidade de vida ficaram identificados especialmente no

estudo SANTE e no estudo do Neuropace RNS trial, através de questionários

estandardizados que apresentaram evidentes melhorias. Este é um ponto-

chave tendo em conta o importante efeito negativo que a ERTM tem na vida

diária destes doentes. A redução de medicação anti-epiléptica com

manutenção do controlo das crises é um fator importante para os doentes e

para a sua vida diária, permitindo diminuição dos efeitos laterais intrínsecos

aos fármacos. É assim um parâmetro útil para futuras avaliações, havendo de

momento poucos registos apesar dos muitos estudos que dão liberdade na

prescrição medicamentosa após alguns anos de seguimento pós-implantação.

A ECP não parece poder vir a substituir o tratamento cirúrgico na

totalidade, especialmente nos casos onde a cirurgia já demonstrou uma

eficácia notável (como a esclerose do hipocampo, por exemplo) [45]. Deve,

assim, ser enquadrada como uma alternativa importante para aqueles que por

diversos motivos não estão indicados para a realização de cirurgia. O perfil de

efeitos laterais parece ser melhor na ECP, e a avaliação da sua segurança tem

indicado resultados sobreponíveis aos obtidos no estudo da aplicação deste

tratamento nas doenças motoras do SNC.

Os objetivos terapêuticos da implementação desta alternativa de

tratamento devem permanecer como paliativos, apesar de nalguns casos os

resultados ultrapassarem as expectativas. Ainda assim, se aplicada de acordo

com as indicações atuais, a ECP parece ser uma eficaz opção a oferecer a

pacientes outrora considerados irremediavelmente condenados a uma vida de

crises frequentes.

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98. Tonnesen, J., A.T. Sorensen, K. Deisseroth, C. Lundberg, e M. Kokaia,

Optogenetic control of epileptiform activity. Proc Natl Acad Sci U S A,

2009. 106(29): p. 12162-7.

Agradecimentos

Agradeço ao Professor Doutor Rui Vaz pela paciência, interesse, sugestões e

apoio disponibilizados ao longo da execução deste trabalho.

Anexos

SINAPSE

A SINAPSE é uma revista médica, propriedade da Sociedade Portuguesa de

Neurologia (SPN), publicada em edição clássica e em suporte electrónico.

A SINAPSE é orgão oficial da Sociedade Portuguesa de Neurologia (SPN), incluindo

as secções e os grupos de estudos, da Liga Portuguesa Contra a Epilepsia (LPCE),

da Sociedade Portuguesa de Cefaleias (SPC), da Sociedade Portuguesa de Estudos

de Doenças Neuromusculares (SPEDNM) e da Sociedade Portuguesa de

Neuropatologia (SPNp).

Princípios gerais

A SINAPSE orienta-se pelos seguintes princípios gerais:

1. Defesa e promoção da Neurologia Clínica portuguesa; 2. Apoio empenhado e independente às iniciativas de SPN, LPCE, SPC,

SPEDNM, SPNp, espelhando os seus estadios de desenvolvimento e

contribuindo para a sua consolidação e robustez;

3. Prática da Neurologia Clínica como vocação primordial; 4. Trabalhos transversais, integradores ou promotores da unidade da Neurologia

como interesses privilegiados;

5. Preservação da memória das instituições como preocupação permanente; 6. Especialidades médicas afins e neurociências como interesses potenciais; 7. Abertura e acessibilidade a pessoas e a instituições; 8. Procura de qualidade técnico-científica, formal e estética; 9. Rigor e pedagogia na aplicação sistemática das normas do “ICJME-

International Committee of Medical Journal Editors” (http://www.icmje.org); 10. Garantia de independência científica e editorial, relativamente aos Órgãos

Sociais da SPN, patrocinadores ou outras entidades; 11. Predisposição para a mudança.

Órgãos da SINAPSE 1. Administração. É composta por três elementos da Direcção da SPN (Presidente,

Vice-Presidente para a área editorial e Tesoureiro), sendo responsável pelas

componentes económicas, financeiras e logísticas.

2. Director. É nomeado pela Direcção da SPN, podendo ser membro dos Órgãos

Sociais ou independente; estabelece a orientação global, a preparação e execução

das edições, ouvido o Conselho Editorial.

3. Conselho Editorial. É nomeado pela Direcção da SPN, mediante proposta

fundamentada do Director, sendo os seus membros sócios independentes dos Órgãos

Sociais; compete ao Conselho Editorial participar nas grandes opções de natureza

editorial, científica e estética.

4. Conselho Científico. É, por inerência, o Conselho Científico da SPN, competindo-

lhe garantir o rigor ético e técnico-científico das publicações.

Normas de candidatura

1. Os trabalhos candidatos a publicação serão inéditos, e não deverão ser enviados

para outras publicações.

2. Deverão ser remetidos por correio electrónico, em documentos anexos (attached

files) Microsoft Word™, em qualquer versão actual.

3. Deverão ser evitados símbolos, sublinhados, palavras em maiúsculas, bolds,

itálicos, notas de topo ou de rodapé, e artifícios formais.

4. As páginas não deverão ser numeradas.

5. Deverão ser redigidos em português ou em inglês. Poderão, excepcionalmente,

aceitar-se trabalhos em francês ou espanhol.

6. Da primeira página constarão: título do trabalho, nome próprio, apelido,

departamento ou serviço, instituição, profissão, cargo, endereço, telemóvel e correio

electrónico de todos os autores.

7. A segunda página incluirá: o título do trabalho, o nome dos autores, o resumo, as

palavras-chave e o título de cabeçalho; a morada institucional e o endereço de correio

electrónico a incorporar no artigo.

8. A terceira página será a versão em inglês da segunda página, se o artigo foi

redigido em português (e vice-versa). Se o artigo for redigido em francês ou espanhol,

a terceira e quarta página serão versões em português e Inglês, respectivamente.

9. As restantes folhas incluirão as diferentes secções do trabalho. Os trabalhos

originais incluirão as seguintes secções: introdução/objectivos, metodologia,

resultados, discussão/conclusões e bibliografia. Os casos clínicos serão estruturados

em introdução, caso clínico, discussão e bibliografia. As revisões incluirão, pelo

menos, introdução, desenvolvimento, conclusões e bibliografia. Os editoriais e as

cartas estarão isentos de organização em secções. No texto das secções, a

identificação institucional será evitada, podendo ser acrescentada, se imprescindível,

no fim do processo de avaliação e antes da publicação do artigo.

10. As tabelas e figuras deverão ser enviadas em documento adicional Microsoft

Word™, uma por página, precedidas por uma página que inclua as notas

correspondentes. As figuras serão enviadas em ficheiros GIF ou JPEG.

11. Os agradecimentos ou menções particulares constarão em página própria.

12. Os compromissos particulares ou institucionais (patrocínios, financiamentos,

bolsas, prémios) serão expressos obrigatoriamente em página adicional.

Regras para elaboração do trabalho

1. Título Será claro e informativo, representativo do conteúdo do artigo e captando a atenção

do leitor. Não terá iniciais ou siglas, nem excederá vinte palavras. Sub-títulos

genéricos ou vulgares como “caso clínico” ou “ a propósito de um caso clínico” não

serão aceites.

2. Autores e instituições A autoria exige, cumulativamente, contribuições substanciais para:

a) concepção e desenho, ou aquisição de dados, ou análise e interpretação

de dados;

b) redacção ou revisão crítica de uma parte importante do seu conteúdo

intelectual;

c) responsabilidade pela aprovação da versão final.

Cada um dos autores deve ter participado suficientemente no trabalho para assumir

responsabilidade pública pelo seu conteúdo.

A obtenção de financiamento, a colecção de dados ou a supervisão da equipa de

investigação não justificam a autoria.

Todas pessoas designadas por autores devem cumprir os critérios; nenhuma pessoa

qualificada para autoria deve ser excluída.

Membros do grupo de trabalho (coordenadores, directores, técnicos, consultores), que

não cumpram os critérios internacionais de autoria, poderão ser listados em

“agradecimentos”.

O número de autores será parcimonioso, particularmente em “Casos Clínicos”.

A inclusão e compromisso do nome das instituições é da responsabilidade dos

autores.

3. Resumo O resumo tem um limite máximo de 400 palavras. Não deve incluir abreviaturas. Deve

apresentar-se estruturado.

Originais: Introdução, Objectivos, Metodologia, Resultados e Conclusões.

Revisões: Introdução, Objectivos, Desenvolvimento e Conclusões.

Casos clínicos: Introdução, Caso Clínico e Conclusões.

O resumo será coerente com o conjunto doo artigo.

4. Palavras-chave

Devem ser incluídas até seis palavras-chave, na língua original do artigo e em inglês,

preferencialmente previstas na lista do Medical Subject Headling List of the Index

Medicus.

5. Cabeçalho Versão reduzida do título, para eventuais efeitos de composição gráfica.

6. Introdução / Objectivos Exposição, completa e sucinta, do estado actual do conhecimento sobre o tema do

artigo.

Expressão clara das motivações e objectivos que levaram ao planeamento do

trabalho.

7. Metodologia Descrever os critérios de selecção do material do estudo e o desenho do mesmo.

Usar unidades internacionais.

Assinalar os métodos estatísticos.

8. Resultados Devem ser escritos os dados relevantes.

Os dados constantes de tabelas ou figuras não devem, em princípio, ser repetidos no

texto.

As tabelas devem ser nomeadas em numeração romana (p. ex.: Tabela IV), por ordem

de aparecimento no texto.

As figuras devem ser nomeadas em numeração árabe (p. ex.: Fig. 4.), pela ordem de

aparecimento no texto.

A responsabilidade de protecção dos direitos de figuras previamente publicadas é da

responsabilidade dos autores.

A publicação de fotografias de pessoas exige a completa dissimulação da sua

identidade ou uma folha assinada de consentimento informado e parecer de uma

Comissão de Ética de uma instituição pública..

9. Discussão Não voltar a apresentar resultados, evitando redundâncias.

Não mencionar dados que não foram apresentados nos resultados.

Dar-se-á relevo aos aspectos novos, reflectir sobre as limitações e justificar os erros

ou omissões.

Relacionar os resultados com outros estudos relevantes.

As conclusões deverão basear-se apenas nos resultados.

Poderão fazer-se recomendações.

10. Bibliografia

As referências bibliográficas devem ser identificadas no texto através de numeração

árabe, entre parêntesis, ao nível da linha.

Devem ser numeradas segundo a ordem de aparecimento no texto.

A referência deve incluir o apelido e inicial de todos os autores; se o artigo tiver mais

de seis autores, devem ser referidos apenas os três primeiros, seguindo-se a

expressão et al.

Os nomes dos autores devem ser seguidos por título do artigo, abreviatura da revista

segundo as recomendações do List of Journals Indexed in Index Medicus, ano de

edição, volume, primeira e última página.

As referências a livros devem incluir o título do livro, seguido do local de publicação,

editor, ano, e páginas relevantes.

Se alguma referência se encontrar pendente de publicação deverá descrever-se como

“in press”. A referência a comunicações pessoais não é aceitável.

11. Dúvidas ou casos omissos Serão resolvidos de acordo com as normas do ICMJE (http://www.icmje.org).

Processo de Avaliação e Edição

1. A SINAPSE notificará o primeiro autor, imediatamente após a recepção do

trabalho;

2. A SINAPSE poderá devolver imediatamente o trabalho aos autores para

correcções formais, de acordo com as normas de publicação; 3. Após recepção definitiva, o trabalho será enviado a todos os membros do

Conselho Editorial, que sugerem os revisores adequados (membros do

Conselho Editorial, do Conselho Científico ou independentes). Os revisores

não terão ligações às instituições constantes do trabalho. Os membros do

Conselho Editorial e os revisores não serão informados dos nomes e

instituições dos autores;

4. Os autores terão acesso aos pareceres anónimos dos revisores; 5. Os autores terão quinze dias úteis para alterar o artigo e/ou contestar as

revisões;

6. As respostas serão analisadas pelo Conselho Editorial, podendo ser remetidas

aos revisores para novo parecer;

7. A Direcção da SINAPSE assumirá a aceitação ou rejeição do trabalho para

publicação, após análise e interpretação final de todos os documentos;

8. Os autores terão acesso aos conjunto dos documentos, em caso de rejeição do

trabalho, mantendo-se oculta a identidade dos revisores. Os trabalhos aceites serão publicados na edição seguinte da SINAPSE, após

assinatura de uma norma de responsabilidade e transferência de direitos por todos os

autores. Por critérios editoriais, a Direcção da SINAPSE poderá acordar com os

autores o adiamento da publicação.