estÉtica do cabelo e comportamento …siaibib01.univali.br/pdf/elita luzia de souza.pdf ·...
TRANSCRIPT
1
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - UNIVALI PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO, EXTENSÃO E CULTURA -
ProPPEC GERÊNCIA DE PÓS-GRADUAÇÃO
ESPECIALIZAÇÃO PARA FORMAÇÃO PARA O MAGISTÉRIO SUPERIOR
ÉLITA LUZIA DE SOUZA
ESTÉTICA DO CABELO E COMPORTAMENTO PSICOSSOCIAL:
UM ESTUDO COMPARATIVO ENTRE MÉXICO, CHILE E BRASIL
Balneário Camboriú, SC 2009
2
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - UNIVALI PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO, EXTENSÃO E CULTURA -
ProPPEC GERÊNCIA DE PÓS-GRADUAÇÃO
ESPECIALIZAÇÃO PARA FORMAÇÃO PARA O MAGISTÉRIO SUPERIOR
ÉLITA LUZIA DE SOUZA
ESTÉTICA DO CABELO E COMPORTAMENTO PSICOSSOCIAL:
UM ESTUDO COMPARATIVO ENTRE MÉXICO, CHILE E BRASIL
Monografia submetida à Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI), como requisito parcial à obtenção do título de especialista no magistério superior.
Orientadora: Profª. Dra. Regina Célia Linhares Hostins.
Balneário Camboriú, SC 2009
3
ÉLITA LUZIA DE SOUZA
Esta Monografia foi julgada adequada e aprovada pelo Programa de Pós-graduação da
Universidade do Vale de Itajaí como requisito parcial para obtenção do título de Especialista
em Gestão e Criação de Moda, modalidade de Formação para o Magistério Superior.
Área de Concentração: Moda
Balneário Camboriú, 30 de outubro de 2009.
______________________________________________________ Profa. Dra.Regina Célia Linhares Hostins
UNIVALI - Campus de Balneário Camboriú Orientadora
4
RESUMO
O presente estudo analisa as preferências na estética dos cabelos femininos e suas influências no comportamento psicossocial de mulheres no Brasil, Chile e México. Identifica a preferência quanto à forma estética dos cabelos e às razões para escolha, em um grupo de pessoas frequentadoras de salões de beleza; determina o nível de influência ou os possíveis preconceitos em relação à forma estética dos cabelos, considerando o âmbito pessoal e profissional; analisa a interferência da situação financeira na realização do desejo e as formas alternativas que encontram para resolver essa questão e identifica um possível biótipo de cabelo predominante nas mulheres entrevistadas nos países em estudo. A pesquisa caracterizou-se como pesquisa de campo, de caráter exploratório. Valeu-se de dados coletados mediante aplicação de entrevista estruturada junto a 61 clientes de salões de beleza, sendo 26 no Brasil, na cidade de Balneário Camboriú (Santa Catarina); 16 no México, em Cancún (Quintana Roo) e 19 no Chile, em Santiago (Região Metropolitana). Os resultados indicaram diferenças importantes em relação às preferências e/ou aos posicionamentos dos brasileiros, comparados aos dos mexicanos e chilenos. Observou-se que no México e no Chile existem preferências por cabelos castanhos, ondulados e curtos a médios. No Chile há posições mais conservadoras com preferências por cabelos escuros, naturais, ou com cores mais próximas do natural, apenas para esconder os fios brancos. Além disso, optam por cabelos de tamanho médio. No Brasil, ao contrário, a maioria dos entrevistados prefere cabelos longos, lisos e loiros, seguido pelos pretos, médios e ondulados. No que se refere à aceitação social, por meio da estética dos cabelos, no Brasil a maioria dos entrevistados considera que esta exerce uma forte influência na aceitação social. No Chile, embora acreditem nessa influência, consideram-na em menor escala. No México observou-se total discordância desse pressuposto. Nos três países, para a maioria dos entrevistados a estética do cabelo contribui para a autoestima, a praticidade e a feminilidade. Percebeu-se que as pessoas cuidam dos cabelos para ficarem belas, de acordo com suas condições financeiras, não abrindo mão de nada para priorizar o cuidado com o cabelo. A mídia e os conselhos dos profissionais cabeleireiros influenciam fortemente os clientes no Brasil e no México, o que no Chile é considerado irrelevante, pois o importante é estar bela (o) para o sexo oposto. A pesquisa permitiu identificar preferências bastante diversas na estética dos cabelos nos distintos países pesquisados, o que evidencia a concepção de que o gosto e a capacidade de julgar o que é belo é influenciada pela cultura, pelas condições socioeconômicas, pela moda e pelos costumes de cada povo. Essa predominância do cultural, no entanto, não representa a existência de uma regra objetiva, nem tampouco um critério universal, que determine o que é belo. É o sentimento do sujeito, inserido em determinado grupo social o seu fundamento determinante. Palavras-chave: Estética pessoal. Beleza. Autoestima.
5
ABSTRACT
This study examines the aesthetic preferences of female hair and their influence on psycho-social behavior of women in Brazil, Chile and Mexico. Identify a preference regarding the esthetic form of the hair and the reasons for choice in a group of people enrolled in beauty salons, determines the level of influence or prejudice the potential for esthetic form of hair, considering both personal and professional; analyzes the interference of the financial situation in the wish fulfillment and finding alternative ways to resolve this issue and identifies a possible biotype hair prevalent in women interviewed in the study countries. The research was done as fieldwork, exploratory, relied on data collected by means of structured interviews with 61 clients of the salons, and 26 in Brazil, the city of Balneario Camboriu (Santa Catarina), 16 in Mexico, Cancun (Quintana Roo) and 19 in Chile, in Santiago (Metropolitan Region). The results showed important differences in preferences and / or positions of the Brazilians, compared to the Mexicans and Chileans. It was observed that in Mexico and Chile are preferences for brown hair, wavy and short to medium. In Chile there are positions with more conservative preferences for dark hair, natural or color closest to natural only to hide the gray. Also, opt for hair of medium length. In Brazil, by contrast, most respondents prefer long, straight and blond, followed by blacks, medium and wavy. With regard to social acceptance, through the aesthetics of the hair, in Brazil the majority of respondents believes that it exercises a strong influence on social acceptance. In Chile, although they believe this influence, consider it a lesser extent. In Mexico there was total disagreement with this assumption. In all three countries for the majority of respondents the aesthetics of hair contributes to self esteem, practicality and femininity. It was noticed that people care for the hair to stay beautiful, according to their financial condition, not giving up anything to prioritize the care of the hair. The media and advice from professional hairdressers strongly influence customers in Brazil and Mexico, which in Chile is considered irrelevant, as important to be nice to the opposite sex. The research identified very different preferences in the aesthetics of hair in the different countries surveyed, highlighting the idea that taste and ability to judge what is beautiful is influenced by culture, the socio economic conditions, the fashion and customs of each people. This predominance of cultural, however, belies the existence of an objective rule, nor a universal criterion, which determines what is beautiful. It is the feeling of the subject, inserted in a particular social group its essential determinant. Keywords: Aesthetics staff. Beauty. Self-esteem.
6
LISTA DE GRÁFICOS E TABELA
Gráfico 1 Faixa etária dos entrevistados ................................................................ 21
Gráfico 2 Renda mensal dos entrevistados ............................................................ 22
Gráfico 3 Preferência de forma, cor e tamanho do cabelo no Brasil ................... 23
Gráfico 4 Preferência de forma, cor e tamanho do cabelo no Chile .................... 23
Gráfico 5 Preferência de forma, cor e tamanho do cabelo no México ................. 23
Gráfico 6 Influência do cabelo na aceitação social ................................................ 25
Gráfico 7 Contribuição da estética do cabelo ......................................................... 26
Gráfico 8 Estética do cabelo como critério para as escolhas pessoais e
profissionais ..............................................................................................
27
Gráfico 9 Exclusão de atividade para priorizar o cuidado com os cabelos ......... 29
Gráfico 10 Frequência de ida ao cabeleireiro ........................................................... 29
Gráfico 11 Serviços realizados pelos clientes num salão de beleza ........................ 30
Gráfico 12 Corte de cabelo no México ...................................................................... 31
Gráfico 13
Tabela 1
Existe ou não preconceito social em relação a estética dos cabelos? ...
Predominância de desejos em relação aos cuidados com os cabelos ...
32
27
7
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 08
1.1 Objetivos da pesquisa .......................................................................................... 10
1.1.1 Objetivo geral ...................................................................................................... 10
1.1.2 Objetivos específicos ........................................................................................... 10
1.2 Aspectos metodológicos ...................................................................................... 10
2 CONTEXTUALIZAÇÃO TEÓRICA ............................................................... 12
2.1 Um breve resgate histórico.................................................................................. 12
2.2 Cabelos uma história de sedução e castigo: mitos e lendas ............................. 13
2.3 Autoimagem: cada cabelo uma mensagem .................................................... 15
2.4 Comportamento psicossocial e estética feminina .............................................. 19
2.5 Tendência X condicionamento .......................................................................... 20
3 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS............................. 21
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 35
REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 36 APÊNDICES .................................................................................................................. 37
8
1 INTRODUÇÃO
O ser humano se eleva a buscas extraordinárias e no ramo da beleza cultiva corpos e
reverencia estilos de roupas, de acessórios e de cabelos. Este, mais que desejo, torna-se
necessidade, seja por comodidade, facilidade, cultivo ao ego. Os cabelos, por exemplo,
passam a ser prioridade para muitos homens e mulheres que rejeitam sua forma genética e
buscam alternativas viáveis à consumação do seu desejo e necessidade. Essas alternativas
tornam-se parte da sua imagem. Simbolicamente, o corte, a cor e a disposição dos cabelos
demarcam a personalidade, a função social ou as mudanças de estilo de vida e
comportamento. Desde os primórdios das civilizações, o campo da estética representa um
sinal de mudanças físicas, psíquicas e comportamentais.
Quando o indivíduo nasce, os genes já marcaram sua trajetória estética, suas
características físicas e biológicas. Em alguns momentos desta existência esse indivíduo pode
desejar modificações na sua imagem, as quais, de certo modo, interferem na sua inserção
social e no seu comportamento no grupo. Alguns fatores podem influenciar este momento
existencial, criando um desejo que se sobrepõe aos estilos e às tendências já existentes e
considerados aceitáveis no grupo, porém em alguns casos esta modificação é bastante
drástica, a tal ponto que a própria genética não entenderia. Um movimento criador poderá vir
a ser uma tendência.
As sociedades, desde a Grécia antiga, privilegiam a juventude como sinal de potência
e vitalidade. Estar fora deste conceito leva o indivíduo a sentir-se incapaz de interagir, tanto
no âmbito profissional, como no social. A necessidade de uma imagem projetada, com o
maior nível de aceitação e aprovação, faz com que a indústria cosmética e os profissionais que
atuam no nicho da beleza e vaidade estejam imersos em um campo de aprimoramento
constante para atender aos desejos manifestos e/ou criar necessidades de consumo. “Fazer a
cabeça” de mulheres e homens, cada vez mais exigentes e psicologicamente mais afetados
pelo meio, não se torna uma mera tarefa, exige constância e treinamentos ininterruptos, que
caminhem com a evolução voraz deste consumismo.
Em face dessa realidade, em que desejos e necessidades socialmente criadas
interferem no comportamento psicossocial, a presente pesquisa tem como propósito analisar a
manifestação desse fenômeno na sociedade contemporânea, no que se refere às preferências
9
na estética dos cabelos femininos em países como Brasil, México e Chile, para determinar
comparativos entre preferências e diferenciais estéticos.
A crescente demanda, tanto industrial quanto de consumo de produtos e serviços para
alisamentos de cabelos, tem mostrado uma preferência significativa pela estética do cabelo
liso, seja ela por agentes químicos de mudança temporal na forma do cabelo ou pelo uso de
escovações e piastras ou chapinhas, como popularmente se conhece esta ferramenta. Resta
conhecer, com maior profundidade estas preferências, para identificar se elas se manifestam
em determinado segmento mais que em outro, se são um culto a um modelo específico de
mulher neste ou naquele país ou se estão generalizados, independente de nacionalidades.
Como pesquisadora, profissional na área de cabelos, com atuação nos países em
estudo, senti a necessidade de entender como os cabelos podem influenciar no comportamento
social e psicológico das pessoas e as razões pelas quais as mulheres são induzidas a diferentes
escolhas no Brasil, no Chile e no México. Observei, na prática, especialmente no Brasil,
grande preferência por procedimentos como escovas progressivas, definitivas e escovação lisa
seguida de pranchado de cabelo por mulheres de diferentes extratos sociais.
Mudanças de forma, textura ou cor de cabelo marcam o início de um ciclo de consumo
e, quando as condições financeiras não permitem recorrer a centros de beleza especializados
ou a profissionais capacitados para desenvolver trabalhos técnicos de maior risco, como por
exemplo, os alisamentos a base de hidróxidos, algumas lojas de cosméticos oferecem os
produtos para uso doméstico. Tais produtos nas suas indicações de uso não apresentam os
possíveis riscos de cortes químicos e, na maioria das vezes, ocasionam desastres caseiros de
proporções irreversíveis, como a deterioração total da haste do cabelo ou de partes do couro
cabeludo ou, ainda, queima do bulbo capilar (matriz do cabelo).
Na presente pesquisa analisa-se também o nível de interferência dos profissionais de
estética capilar nas escolhas das clientes, assim como influência de terceiros (amigos,
companheiros de trabalho, conselheiros, mídia e publicidade) nestas mudanças.
Espera-se que os resultados dessa investigação contribuam para identificar possíveis
diferenças e ou semelhanças no comportamento psicossocial das mulheres de países das
Américas Latina e Central e incrementar os estudos na área do comportamento social em
relação à moda, à estética capilar e à criação de estilos e tendências.
10
1.1 Objetivos da pesquisa
1.1.1 Objetivo geral
Analisar as preferências na estética dos cabelos e suas influências no comportamento
psicossocial de brasileiros, chilenos e mexicanos.
1.1.2 Objetivos específicos
• Identificar a preferência quanto à forma estética dos cabelos e às razões para escolha,
em um grupo de frequentadores de salões de beleza;
• Determinar o nível de influência ou os possíveis preconceitos em relação à forma
estética dos cabelos, considerando os âmbitos pessoal e profissional;
• Analisar a interferência da situação financeira na realização do desejo e as formas
alternativas que encontram para resolver essa questão.
• Identificar os fatores psicossociais que predominam na escolha da estética dos cabelos.
1.2 Aspectos metodológicos
Os procedimentos metodológicos empregados na presente investigação tomaram como
método a pesquisa de campo, de caráter exploratório, que se valeu de dados coletados
mediante aplicação de entrevista estruturada junto a clientes de salões de beleza nas cidades
de Balneário Camboriú (Santa Catarina – Brasil), Cancún (Quintana Roo – México) e
Santiago (Região Metropolitana – Chile).
A definição da amostra foi aleatória e o critério básico de escolha dos entrevistados
restringiu-se ao fato destes serem frequentadores de salões de beleza.
A população da pesquisa foi constituída por um público de diferentes idades e estilos,
todos frequentadores de salões de beleza em maior ou menor escala. No Brasil, responderam
ao questionário 26 pessoas, entre estes 10 homens e 16 mulheres; no México, foram
11
questionadas 16 pessoas, sendo 12 mulheres e 04 homens; no Chile, responderam ao
questionário 19 pessoas, 08 homens e 11 mulheres.
Para a construção das bases teóricas que orientaram a análise de dados, foram
consultadas fontes bibliográficas diversas: livros; revistas científicas; bases de dados e sites,
no sentido de levantar o conhecimento produzido sobre o tema, assim como identificar
possíveis referenciais que possibilitassem compreender em bases científicas o fenômeno em
estudo.
12
2 CONTEXTUALIZAÇÃO TEÓRICA
2.1 Um breve resgate histórico
Os cabelos, tendo uma função protetora, constituem uma pré-concepção de um objeto
que nos contêm e mantêm seguros, presta-se a ser utilizados frente a angústias, medos, sendo
um objeto de expressão de defesa. Encontra expressões também nos hábitos, costumes e
culturas dos povos em diferentes épocas e em seus mitos e contos. Os cabelos são da maior
importância para os mais imponentes povos em diferentes regiões e em diferentes épocas, está
associado à virilidade, à morte, à vergonha, à sedução, à humilhação, à religião. Alguns povos
relacionam os cabelos ao indivíduo depois mesmo de cortados, não podendo ser jogados fora,
por possuir características de “vivo” e “morto”, ou seja, mesmo depois da morte continua a
crescer por um tempo. Enquanto há cabelo = virilidade temos o mito bíblico de Sansão, que
perdeu sua virilidade após a mutilação do seu cabelo, fonte de poder e força.
Para muitos povos o primeiro corte de cabelo é ocasião de importante cerimônia. Entre
os Incas o corte do herdeiro se dava aos dois anos de idade, época em que também sofria a
dissociação da vida pré-natal e a ligação com sua mãe, através do desmame, perdendo o
símbolo da primeira infância, permitindo alcançar uma identidade própria. Os índios Xingu
raspam os pelos do corpo, incluindo a sobrancelha, por pensarem que podem assemelhar-se
aos macacos, porém os cabelos são considerados sensuais e para expressar sua dor pela morte
de entes queridos as mulheres cortam seus cabelos como expressão de perda.
A ideia de provocação sexual, ligando as madeixas ao desejo e à sedução, tomadas
como pecado, tem sua origem na tradição cristã. As mulheres, durante um longo período, não
expunham seus cabelos ao entrarem em igrejas ou em celebrações religiosas, as muçulmanas
não mostram seus cabelos em público e entre os judeus ortodoxos, após o casamento as
mulheres não se apresentam com os cabelos à mostra.
Pensando em um significado sexual, se pode dizer que a linguagem do cabelo sempre
foi uma alternativa de exibicionismo e pudor, relacionada com certa força feminina. Na
Antiguidade, sacrificava-se o cabelo para agradar aos deuses. Assim que Ptolomeu I, rei do
Egito, foi para a guerra, sua mulher, Berenice, cortou suas madeixas e as ofereceu a Afrodite,
para que o marido retornasse vivo.
Segundo a mitologia egípcia, quando a deusa egípcia Ísis soube do desaparecimento
de seu esposo, Osíris, que havia sido jogado no Rio Nilo em uma arca, cortou uma mecha de
13
cabelo para demonstrar sua tristeza e se pôs a procurá-lo por todo o reino (CAZZA HAIR,
2008).
Sempre se ouve falar de cabelo como força, sedução e beleza, mas para algumas
civilizações a falta de cabelo também contempla muitos significados. Na Grécia e no Egito
antigos, a calvície estava ligada à sabedoria. Atribui-se a Sócrates, que era careca, a frase:
"Mato não cresce em ruas ativas". Já os sacerdotes egípcios raspavam a cabeça para
demonstrar seu desinteresse por bens materiais. No caso dos monges budistas também são
expressão de renúncia e sacrifício quando raspados. Segundo comenta Oliveira (2007),
cabelos cortados rente marcavam humilhação e publicavam o delito, expondo socialmente os
criminosos. Os loucos quando recolhidos em instituições tinham o cabelo raspado como
forma de tirar-lhes a idoneidade.
Em uma história mais recente, a pintora mexicana Frida Kahlo, no autoretrato de 1940
aparece com um corte bem curto e terno masculino. Ao descobrir que seu marido Diego
Rivera tinha um caso com Cristina, sua irmã mais jovem, Frida, desconsolada, cortou os
cabelos, adorados por Diego. Punindo-o, ela punia a si própria e desligava-se de sua
feminilidade. O verso de uma canção surge pintado na parte de cima do quadro justificando
seu ato: "Olha, se te amei foi pelo teu cabelo. Agora que estás careca, já não te amo".
(KETTENMANN, 2006).
“Que atire o primeiro secador quem nunca pensou em tingir ou cortar os cabelos logo
depois de uma separação” afirma o psicólogo Aílton Amélio da Silva, professor do Instituto
de Psicologia da Universidade de São Paulo e autor do livro O Mapa do Amor. Em entrevista
a Revista Cazza Hair, o psicólogo concorda com a ideia de que a preocupação com o cabelo
está ligada à autoestima. "Até os animais cuidam de seus pelos com afinco. Se deixam de
fazê-lo, é porque algo não vai bem." (CAZZA HAIR, 2008).
2.2 Cabelos - uma história de sedução e castigo: mitos e lendas
Nos contos infantis os cabelos são utilizados como arma de conquista, oferenda,
instrumentos de punição para amantes infiéis e como o símbolo máximo da feminilidade.
Desde muito, ouvem-se estórias como a da personagem da mitologia grega Meduza, uma bela
jovem, desejada e admirada, orgulhosa principalmente dos seus cabelos. Seu crime foi unir-se
a Netuno num templo dedicado a Palas Atenas. Esta, em ciúme edípico e por ódio e inveja,
14
transformou-a em um monstro temido e denegrido e em lugar de seus lindos e admirados
cabelos, tinha cobras. Quem olhasse para ela ficaria petrificado, morto no terror. Esta mulher
foi odiada por ter a capacidade de inspirar desejo e, mesmo punida por Palas, Meduza
continua sendo uma mulher poderosa.
Rapunzel foi presa por sua mãe adotiva na torre de um castelo, com uma única janela.
Seus cabelos eram tão longos que formavam duas enormes tranças. Estas foram jogadas para
um príncipe que a ouve cantar, se apaixona e pede que jogue suas tranças para que ele suba e
salve-a da torre do castelo. Sua madrasta, por inveja, corta suas tranças, a abandona no deserto
e joga o príncipe do alto da torre causando sua cegueira. Muitos anos depois, o casal se
reencontra, as lágrimas de Rapunzel curam a cegueira do príncipe e eles viveram felizes para
sempre.
A sereia, personagem da mitologia greco-romana, representa uma figura combinada
entre masculino e feminino. Com corpo de peixe e tronco de mulher a sereia usualmente é
encontrada sobre as rochas, às margens dos lagos e mares, penteando seus lindos cabelos
longos e cantando. Ao admirar sua beleza e ouvir suas canções, os homens adormecem e são
levados para a profundeza das águas.
Iemanjá, orixá padroeira do Rio Ogum na África, padroeira do mar e dos amores no
Brasil, vaidosa, com seus lindos e longos cabelos negros, recebe pentes, perfumes e flores de
seus devotos, mas os marinheiros a temem porque com tanta beleza costuma levá-los para o
fundo do mar.
Iara, da mitologia Tupi, mãe d’água doce, senhora de muitas formas, nas noites de lua
cheia canta e penteia seus lindos e longos cabelos, sentada nas pedras dos rios. Por ser
extremadamente atraente, quem a vê fica cego e quem a ouve é levado para o fundo do rio.
Quando se ouve falar de contos como estes, vem à mente cabelos belos, longos,
sedosos e brilhantes. Será este realmente um símbolo sexual? Uma representação do pecado e
da perdição dos homens? Um ícone do ciúme e da inveja entre as mulheres?
Na história prevalecem diferentes códigos de beleza que, no entanto, se aproximam no
seu significado. Ter cabelos que sejam capazes de causar inveja indomável continua sendo o
sonho de muitas mulheres da antiguidade à contemporaneidade. A percepção que estas
demonstram quando se trata de feminilidade está intrínseca nos cabelos, algumas desejam
revelar esta atração, enquanto outras procuram de certa forma dissimulá-la.
15
2.3 Autoimagem: cada cabelo uma mensagem
As mensagens de bem-estar, felicidade, estima elevada, depressão, angústia, euforia,
insatisfação geralmente são visíveis na aparência física do ser humano e no que este projeta
por meio de gestos, atitudes e palavras. O corpo é espelho da alma.
É conhecido o fato de que quando uma pessoa não se sente plenamente satisfeita em
sua vida profissional ou afetiva, sua autoestima diminui. Quando se trata do emocional
abalado, advém o desejo súbito por mudanças na estética que envolvem: alterações no corte,
cor ou estilo dos cabelos, perda de peso e substituição das peças do vestuário. Uma das
alternativas que muitos encontram é seguir um padrão comportamental absolutamente oposto
ao vivido anteriormente.
Essa preocupação com a mudança e mais ainda com a mudança na estética em muito
se vincula aos resultados de estudos sobre comportamento social. Pesquisas indicam que 55%
da primeira impressão que as pessoas têm sobre o indivíduo é baseada em sua aparência e
ações, 38% em seu tom de voz e 7% no conteúdo da fala (NANFELDT, 1996).
Francine Terra (2007), consultora de imagem pessoal na reportagem “A importância
da imagem pessoal na sua vida”, comenta pesquisa realizada sobre “estilo”. De acordo com a
consultora, a orientação inicial aos entrevistados partia da seguinte afirmação: “Feche os
olhos e pense: o que você repara nos cinco segundos iniciais em que conhece alguém?” A
resposta predominante foi: primeiro, o sexo (homem ou mulher); segundo, o grupo racial,
étnico ou social, no que se referia aos atributos mais relevantes (uma garota negra, um homem
rico); terceiro, a aparência (a garota negra muito elegante, um homem rico gordo). Estes
aspectos denunciam o predomínio de valores relacionados ao gênero, à raça, à classe social e
à aparência estética nas relações estabelecidas no grupo social, notadamente nas sociedades
ocidentais.
Terra (2007) enfatiza que o cuidado com a imagem pessoal pode provocar mudanças
importantes na autoimagem. Assim para a consultora de imagem, o cuidado com a aparência é
tão importante quanto o cuidado com a formação de capacidades profissionais, pois significa
melhorar a autoestima e autoconfiança; ferramentas definitivas na direção de qualquer tipo de
conquista: seja uma nova(o) namorada(o), um novo trabalho, um grande desafio, um projeto,
um sonho.
Ter o cabelo bonito e bem tratado é o desejo de toda mulher, aponta o estudo
conduzido pelo antropólogo e especialista em marketing Clotaire Rapaille, citado por Fiori
16
(2009). A pesquisa reuniu dez grupos de mulheres no Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador, e
a maioria citou os cabelos como regulador da autoestima.
Para entender melhor o apego principalmente da mulher aos seus cabelos, Fiori (2009)
comenta que em 2008 a marca de xampus Seda realizou uma pesquisa global com 500
mulheres do Brasil, Estados Unidos, México, Índia, Tailândia e Rússia. De acordo com 90%
das entrevistadas, os cabelos podem transformar instantaneamente o visual de uma mulher e
para 40% delas os cabelos são o item mais importante da aparência, antes mesmo de roupas,
maquiagem e pele.
Ainda de acordo com o estudo desenvolvido por Fiori (2009), no Brasil, 42% das
entrevistadas garantiram já ter ficado o dia inteiro em casa por causa da insatisfação com as
madeixas, e 33% delas cancelaram encontros pelo mesmo motivo. Metade das entrevistadas
revelaram que, quando estão infelizes com seus cabelos, querem se esconder do mundo.
A Ipsos, multinacional francesa de pesquisas, a pedido da Galderma Brasil, ouviu
mulheres e homens brasileiros para saber qual o impacto dos cabelos em sua autoestima
(MACIEL, 2008). A pesquisa, de caráter qualitativo, foi aplicada em quatro grupos de
homens e mulheres, classe AB, de 25 a 55 anos, usuários de medicamentos para queda de
cabelos. O objetivo foi conhecer a relação das pessoas com os cabelos, o que mais as
preocupa e o que a calvície representa no imaginário deste público.
O estudo identificou algumas evidências importantes como:
• Os cabelos revelam o estilo e a identidade das pessoas;
• Ao falar de cabelos, homens mais velhos associam imediatamente à calvície;
• Para as mulheres, os cabelos estão ligados à feminilidade, enquanto que para os
homens representam virilidade;
• Homens não se preocupam diretamente com a beleza dos cabelos; o importante é
tê-los;
• Homens e mulheres valorizam mais os cabelos lisos;
• Para mulheres, queda de cabelos representa problemas de saúde e para os homens
envelhecimento.
Quando pensam em cabelo, as primeiras associações que homens e mulheres fazem
dizem respeito à beleza, à vaidade e à estética. Entre os mais velhos, umas das primeiras
lembranças relatadas foram "pouco cabelo, careca", evidenciando a preocupação do público
com a perda dos cabelos. Fica claro que o cabelo tem importante relevância para homens e
mulheres, à medida que este chama a atenção e imprime uma percepção em relação à pessoa.
17
A pesquisa da Ipsos citada por Maciel (2008) atesta que o cabelo está ligado à
autoestima e à segurança social. Os entrevistados demonstraram que o cabelo é um importante
elemento na formação da imagem pessoal, evidenciando o estilo, os valores das pessoas e o
cuidado que têm consigo mesmas. É como se os cabelos transmitissem uma mensagem,
denunciando sua personalidade, sua posição na sociedade e a forma de se relacionar com as
pessoas.
As mulheres afirmaram usar os cabelos para encantar, associando-os à sedução e à
sensualidade. Já os homens os entendem como forma de se apresentar. Para eles, a
preocupação com o estado do cabelo (corte, cor) é secundária.
Estas pesquisas e estudos demonstram a importância do cabelo na apresentação
pessoal de homens e mulheres, assim como os aspectos psicológicos e de posição social a ele
relacionados. Comprovam também o expressivo investimento da indústria de cosméticos em
pesquisas, com o propósito de conhecer mais de perto o comportamento do consumidor e de
gerar tendências de mercado.
A ideia de luminosidade faz com que a maioria das mulheres adote algumas mechas
claras nos cabelos, evidenciando seu desejo de pertencer a um grupo mais “seleto”. Marco
Antônio de Biaggi considera que Hollywood tem uma parcela de responsabilidade nisso: as
deusas do cinema são loiras, principalmente as sexy symbols, como Marilyn Monroe e Sharon
Stone. O cabeleireiro afirma que 70% das clientes querem sair do seu salão com alguma
mecha loira para registrar uma mudança. E essa nova fase também costuma ser acompanhada
por um novo cabeleireiro (CAZZAHAIR, 2009).
Seja qual for o motivo, os fios dourados são objetos de desejo e são incensados
também pela arte. É arrebatadora, por exemplo, a imagem de Vênus, de Botticelli, com seus
loiros cabelos, saindo de dentro de uma concha. Mas é também graças a Hollywood que
ocorre atualmente a redenção das morenas, a moreníssima Angelina Jolie foi eleita em 2009,
pelos leitores da revista masculina americana FHM (For Him Magazine), a mulher mais sexy
do mundo e a mais linda do planeta pela revista People (CAZZAHAIR, 2009).
O volume de investimento na colorimetria é de tal magnitude, que a indústria dos
cosméticos de colorações capilares no Brasil foi a que mais cresceu nos últimos dez anos.
Novos produtos de tratamento, alisamentos capilares e colorações chegam ao mercado todos
os dias, proporcionando assim uma lista diversificada de escolhas. Muitos produtos de beleza
prometem verdadeiros milagres, mas é sob a ótica de um verdadeiro profissional que se
poderá obter a imagem tão almejada (CAZZAHAIR, 2009).
18
Com o crescimento da indústria cosmética fez-se necessário um aprimoramento dos
profissionais de beleza, treinamentos constantes e capacitações rigorosas. Estudos
aprofundados em nível de graduação e pós-graduação também se tornaram necessários para
uma boa qualificação profissional. Os investimentos de grandes empresas cosméticas em
pesquisas científicas são uma realidade crescente, e o Brasil é foco de muitas empresas
multinacionais dada sua diversidade cultural.
A indústria cosmética L'Oréal também investe em pesquisas. "Nossa profissão é uma
ciência, por isso investimos tanto em pesquisa", diz Owen-Jones (apud AQUINO, 2003). A
L'Oréal destina à pesquisa mais de 3% do volume total de suas vendas. Nos centros de
pesquisa científica e avaliação espalhados por três continentes, foram gastos 450 milhões de
dólares e embora a L'Oréal continue sendo francesa, com Owen-Jones o grupo realmente se
globalizou. Hoje, 86% das vendas e 68% dos funcionários estão fora da França. Como o
conceito de beleza varia de país para país, e como a etnia e a cultura determinam o que é
valorizado na aparência, a L'Oréal observa todos os mercados em expansão, especialmente a
Ásia e a América Latina.
O marketing brasileiro da L'Oréal detectou a necessidade de criar um xampu para os
cabelos ondulados das brasileiras e pediu à sede um produto específico. Várias fórmulas
foram desenvolvidas em Paris, depois testadas em mulheres no Brasil. O resultado foi tão
bom que o produto passou a ser comercializado também com sucesso no México, no Chile e
nos Estados Unidos. A L'Oréal já cultiva cabelo in vitro e consegue, na proveta, um
crescimento de 1,5 centímetros em 45 dias, o mesmo do cabelo normal (AQUINO, 2003).
Novo, melhor e diferente. Estas são as três obsessões que norteiam as pesquisas de
cosméticos. O segmento que mais tem crescido nos últimos anos no Brasil é a cosmética de
alisamento capilar. Isso se deve ao elevado número de mulheres insatisfeitas com seus
cabelos, pois os anos em que o volume tomava conta das passarelas com grandes ombreiras e
cabelos vaporosos e cacheados ficaram para trás. A mulher contemporânea prefere cabelos
lisos, fáceis de manejar e que provoquem certo grau de satisfação pessoal, na hora em que ela
não pode recorrer ao salão de beleza para seu ritual (AQUINO, 2003).
19
2.4 Comportamento psicossocial e estética feminina
O que muitos consideravam belo na modernidade, muda de padrão nos dias atuais.
Mulheres com seus longos cabelos crespos tomados por prendedores de madrepérolas ou sob
um belo chapéu com flores e plumas eram o centro das atenções, evidenciavam seus vestidos
de tecidos caros e seus belos acessórios como: sombrinhas, luvas, mesmo que o calor
chegasse a 40 graus. O importante era a imagem - de posição e classe social - que se
projetava através dos tecidos e longos vestidos, seguindo sempre um modelo europeu. Porém,
os cabelos soltos somente eram visíveis nos seus leitos, em algum momento de sensualidade
junto ao esposo ou na intimidade do seu lar.
Os tempos foram tomando formas distintas e a representação de classe e posição social
passa a ser definida, por exemplo, pelo comportamento independente, prático e inteligente das
mulheres que lutaram por sua liberdade e autonomia. Na consciência de que a realidade era
outra, as necessidades da mulher se expandiram, e por fim apareceram as madeixas
incômodas, enormes, pesadas, até que em repúdio ao seu próprio lado feminino, ela corta seu
cabelo, curto, “a la garçom” para ser vista não como um objeto de porcelana, mas como um
ser de carne e osso, que pode produzir, pensar, dirigir, decidir.
Na moda, em 1918, Coco Chanel lança o corte do cabelo na altura do pescoço, modelo
que posteriormente é batizado com seu próprio nome, o “cabelo Chanel”. Por um pequeno
acidente doméstico, Chanel queima as pontas de seus cabelos com um secador, sem outra
opção, ela corta-o sozinha e foi sucesso imediato.
O tamanho dos cabelos denota algumas particularidades que merecem ser discutidas.
Questiona-se afinal por que mulheres com mais de 50 anos raramente deixam seus cabelos na
altura da cintura, enquanto mulheres com menos de 20 ou 30 anos dificilmente usam cabelos
curtos? Isto seria um tipo de lógica ou algo imposto pela sociedade? O que leva as mulheres
de mais idade se verem como “verdadeiras bruxas” com cabelos longos, ou mocinhas de
cabelo curto se sentirem mais “Joãozinho” mostrando assim menos feminilidade? Para poder
ter cabelos longos e bonitos é preciso ter um rosto sem marcas de expressão, ou sem rugas?
Associamos cabelo longo à juventude? Ou associamos juventude a tempos de liberdade?
Estará a estética de alguma maneira ligada aos conceitos de responsabilidade ou de exigências
impostas pelos demais?
Uma das explicações que mais ouvi das mulheres durante este estudo está relacionada
ao casamento, depois de casadas e com a chegada dos filhos, com limitações e possibilidades
20
de tempo reduzidas para seu cuidado pessoal, as mulheres se vêm obrigadas a cortar suas
madeixas. Seus cabelos se tornam “trabalhosos demais”, frente à tarefa primordial que
assumem, o cuidado do bebê. Sacrificam a coloração e o tamanho dos cabelos, abrem mão da
vaidade, da sua imagem e seu cartão de visita em troca do amor maternal.
2. 5 Tendência X condicionamento
Em relação ao comportamento, época e grupos sociais, na contemporaneidade vive-se
em tempos em que o “tempo” é pouco para cumprir uma rotina diária de vida. Tudo tem que
ter praticidade, conforto, beleza e proporcionar maior inserção no grupo social. Quando se
fala em cabelos, as mulheres são o principal foco. Neste mundo feminino, as mudanças de
cor, corte e textura são possibilitadas pela expansão da tecnologia que possibilita a
transformação imediata da imagem. A imagem projetada é símbolo de sua personalidade e de
seu estilo de vida.
Morin (2000) chamou “mundo do imaginário”, aquela sociedade e estilo de vida
voltada para a felicidade, para a exclusão da necessidade. Esse mundo nos é apresentado pela
mídia que lentamente impõe padrões de consumo. Esta necessidade de consumo perverso
imposto dia a dia pela publicidade, prometendo a felicidade, se integra ao mundo do cabelo.
As pessoas buscam qualidade, praticidade, beleza estética e comodidade, porém são tantos os
bombardeios publicitários, os questionamentos sobre imagem, as “novidades”, que é difícil
absorver toda esta informação em tão pouco tempo.
Nem sempre a projeção vai ao encontro do modelo criado para projetar, o espelho
pode não ser visto como o indivíduo se vê, a imagem criada pode ser contemplada de uma
maneira irreal ou fora da expectativa de conceito, parecer é diferente de ser.
Pode o indivíduo por um determinado momento existencial querer algo que no seu
entendimento racional é possível, porém no dia seguinte, este momento passou, e como fazer
para retroceder, desfazer, remediar o que foi feito? Quando uma mulher pensa em mudar algo
em sua vida, os cabelos são os mais cobiçados, entretanto, essa decisão deve ser consciente,
para não gerar uma insatisfação ainda maior, dado que as grandes mudanças estéticas
geralmente ocorrem em períodos de amor ou de dor.
21
4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Para conhecer melhor o que as mulheres e homens pensam sobre a estética dos
cabelos, a que significados relacionam e o que consideram essencial para sentirem-se bem,
porque alguns serviços são mais buscados que outros, se fez um estudo comparativo entre três
culturas completamente diferentes.
Nos três países as mesmas perguntas foram aplicadas a diferentes públicos com
atuações em diversas áreas profissionais, como: donas de casa, cabeleireiros, representantes
comerciais, empresários, servidores públicos, estudantes, vendedores, profissionais liberais,
engenheiros, executivos, sendo todos frequentadores de salão de beleza com rendas mensais e
faixa etária bastante diversificada, como pode ser observado nos gráficos a seguir.
Brasil
12%
50%
23%
15%
Até 24 anos 25 a 35 anos
36 a 45 anos acima de 45 anos
México
25%
37%
19%
19%
Até 24 anos 25 a 35 anos
36 a 45 anos acima de 45 anos
Chile
5%
32%
47%
16%
Até 24 anos 25 a 35 anos
36 a 45 anos acima de 45 anos
a) b) c)
Gráfico 1: Faixa etária dos entrevistados: a) Brasil; b)México e c) Chile. Julho - Agosto 2009.
Percebe-se pelos gráficos que a maioria dos entrevistados está na faixa etária de 25 a
45 anos (73% no Brasil; 56% no México; 79% no Chile), a menor faixa de entrevistados
possui menos que 24 anos e mais que 45anos. Isso demonstra que o poder aquisitivo para
gastos com beleza se acentua nestas mesmas proporções.
Foi perguntado aos entrevistados a sua renda mensal, uma vez que, para frequentar um
salão de beleza com certa periodicidade e manter a aparência nos padrões de beleza atual, é
necessário investimento. As respostas podem ser visualizadas no gráfico 2.
22
Brasil
38%
23%
23%
16%
Até 2 mil reais De 2 a 4 mil reais
Acima de 4 mil reais Não responderam
México
53%
22%
11%
14%
Até 2 mil reais De 2 a 4 mil reais
Acima de 4 mil reais Não responderam
Chile
36%
32%
0%
32%
Até 2 mil reais De 2 a 4 mil reais
Acima de 4 mil reais Não responderam
a) b) c)
Gráfico 2: Renda mensal dos entrevistados: a) Brasil; b) México e c) Chile. Julho - Agosto 2009.
Entre os entrevistados, alguns preferiram não declarar a renda mensal. Os valores das
moedas dos diferentes países foram aplicados em dólares e convertidos em reais para
comparar-se a renda mensal nos três países, percebe-se no gráfico 2 que a maioria dos
selecionados estão na faixa de renda de até 4 mil reais mensais.
O estado civil dos entrevistados revela que (não mostrado em gráfico) a maioria é
casada, separada ou divorciada. Os solteiros são em menor número, porém se observou que
não existe uma condição civil, nem tampouco uma faixa etária específica mais ou menos
preocupada com a beleza. Os que diferem são os recursos financeiros que se aplicam.
Os gráficos 3, 4 e 5 apresentam-se as preferências dos entrevistados em relação à
forma, ao tamanho e à cor do cabelo. Meu interesse era observar pontos de vista tanto de
homens quanto de mulheres em relação ao cabelo feminino nos diferentes países. Homens e
mulheres responderam sobre suas preferências para os cabelos femininos, os resultados são
apresentados nos gráficos a seguir.
23
Brasil
Cabelo Liso..57%Cabelo
crespo12%
cabelo ondulado
15%
cabelo cacheado
12%
cabelo afro4%
Cabelo Liso.. Cabelo crespo cabelo ondulado
cabelo cacheado cabelo afro
Brasil
cabelo longo45%
cabelo médio27%
cabelo curto12%
cabelo extra longo
8%
cabelo curtissimo
8%
cabelo longo cabelo médio cabelo curto
cabelo extra longo cabelo curtissimo
Brasil
cabelo preto27%
cabelo castanho
19%
cabelo loiro42%
cabelo grisalho
0%
cabelo colorido
8%
cabelo ruivo4%
cabelo preto cabelo castanho cabelo loiro
cabelo grisalho cabelo ruivo cabelo colorido
Gráfico 3: Preferência de forma, cor e tamanho do cabelo feminino no Brasil. Julho - Agosto 2009..
Chile
Cabelo Liso..20%
Cabelo crespo
20%
cabelo ondulado
55%
cabelo cacheado
5%
cabelo afro0%
Cabelo Liso.. Cabelo crespo
cabelo ondulado cabelo cacheado
cabelo afro
Chile
cabelo longo42%
cabelo médio53%
cabelo extra longo0%
cabelo curto5%
cabelo curtissimo
0%
cabelo longo cabelo médio cabelo curto
cabelo extra longo cabelo curtissimo
Chile
cabelo preto16%
cabelo castanho
79%
cabelo grisalho 0%
cabelo loiro5%
cabelo ruivo0%
cabelo preto cabelo castanho cabelo loiro
cabelo grisalho cabelo ruivo
C
Gráfico 4: Preferência de forma, cor e tamanho do cabelo no Chile. Julho - Agosto 2009.
México
Cabelo Liso..44%
Cabelo crespo
0%
cabelo ondulado
56%
cabelo cacheado
0%
cabelo afro0%
Cabelo Liso.. Cabelo crespo cabelo ondulado
cabelo cacheado cabelo afro
México
cabelo longo31%
cabelo médio25%
cabelo curto44%
cabelo extra longo
0%
cabelo curtissimo
0%
cabelo longo cabelo médio
cabelo curto cabelo extra longo
cabelo curtissimo
México
cabelo preto22%
cabelo castanho
34%
cabelo loiro22%
cabelo grisalho
0%
cabelo ruivo0%
cabelo colorido
22%
cabelo preto cabelo castanho cabelo loiro
cabelo grisalho cabelo ruivo cabelo colorido
Gráfico 5: Preferência de forma, cor e tamanho do cabelo no México. Julho - Agosto 2009.
24
México e Chile aproximam-se bastante em cor e forma de cabelos, existe uma
preferência por cabelos castanhos e ondulados, variando um pouco no México. Entre as
mexicanas, é comum o cabelo liso na sua forma natural. Elas ousam um pouco mais em cores,
optam por tons marrons e castanhos, e o loiro aparece timidamente em algumas mechas ou
luzes para as mais jovenzinhas. Com o passar dos anos e as “canas”, como dizem aos cabelos
brancos, optam por tons de louro escuro ou louro médio.
No Chile, tanto as mulheres quanto homens são mais conservadores, aplica-se o que
se chamaria “de quanto mais natural melhor’. Os cabelos na sua maioria são escuros
naturalmente, e quando o assunto é coloração, geralmente ocorre pelo fato de começarem a
aparecer os indesejáveis cabelos brancos. As mulheres preferem cores mais naturais e que se
assemelhem ao seu próprio tom.
O tamanho do cabelo difere no México, a pesquisa foi realizada em uma região de
muito calor, o que dá certa preferência aos cabelos curtos; no Chile a preferência foi pelos
cabelos médios, seguido do cabelo longo. No Brasil o cabelo curto não teve muita aceitação.
É no Chile que se vê a grande diferença, tanto homens quanto mulheres sugerem cabelos de
médio a longo para a mulher, e dizem que cabelo curto é para homens. Tanto no Chile quanto
no México não foram citados os cabelos afros, curtíssimos, extra longo, ruivos e grisalhos. O
que se assemelha em ambos os países.
Observa-se que no Brasil a maioria dos entrevistados prefere cabelos longos, lisos e
loiros, seguido pelos pretos, médios e ondulados. Em terceiro lugar são citados os cabelos
castanhos, crespos e cacheados, e por último os cabelos coloridos, ruivos e afros. Os grisalhos
não receberam citação alguma.
Essa preferência por cabelos loiros foi reforçada por Regina Casé no quadro “Vem
com tudo” no Programa Fantástico da Rede Globo (exibido no domingo, 07 de junho de
2009), quando apresentou uma pesquisa sobre a preferência pelos cabelos loiros e lisos. Casé
entrevistou morenas que aderiram às mechas e à coloração para se tornarem loiras, e em uma
forma cômica reforça: “a mulher já deveria nascer lisa e loira.”
Além disso, no Jornal do Almoço da RBS, na segunda feira, dia 08 de junho de 2009,
comentou-se novamente sobre a preferência dos cabelos loiros, longos e lisos, inclusive
mostraram em uma reportagem que os cabelos loiros no mercado custam o dobro dos escuros.
Percebe-se pela interpretação dos dados e justificativa de respostas dos entrevistados,
que nem todos possuem cabelos de acordo com sua preferência, muitas possuem um tipo de
cabelo, entretanto, preferem e acham bonito outro tipo de cabelo. Citações como “mantienen
25
el rasgo latino” ou “ gusto por lo original”, foram alguns comentários dos entrevistados,
marcando claramente uma linha de inspiração própria de cada país.
No Brasil, ao serem questionados sobre o porquê da preferência por determinada
forma de cabelo, responderam achar bonito, moderno, prático, básico e minimalista,
palavras pouco usadas no México ou Chile. Alguns homens citam que sempre gostaram de
mulheres com tal tipo de cabelo, pois deixa a mulher mais jovem, sensual. Alguns
respondem ainda que o cabelo loiro tem mais vida e brilho, outros preferem morenas com
cabelos longos e escuros. Também se observou que no Brasil as mulheres não se importam
muito com seu tom de pele para escolher o tom do seu cabelo, elas usam o que gostam, não
se importando estar dentro de um padrão de tons; mulatas de cabelo loiro, mulheres com
pele muito clara com cabelo vermelho ou preto, mas sempre marcam uma preferência, “que
seja liso”.
Foi questionado junto aos entrevistados se acreditavam que a forma, cor e tamanho
dos seus cabelos influenciavam na aceitação social (família, trabalho, amigos, namorado,
companheiros). Os resultados apresentam-se no gráfico 6.
Brasil
Sim96%
Não4%
Sim Não
México
Sim38%
Não62%
Sim Não
Chile
Sim63%
Não37%
Sim Não
a) b) c) Gráfico 6: Influência do cabelo na aceitação social: a) Brasil; b) México e c) Chile. Julho - Agosto 2009.
No Brasil a maioria expressiva (96%) dos entrevistados considera que os cabelos
influenciam na aceitação social, e é muito importante ver-se bem. No Chile essa concepção
também predomina (63%), porém em menor escala que no Brasil. No México, 60% dos
entrevistados discordaram desta ideia. Entre algumas respostas dos mexicanos para este
questionamento destacam-se: “porque o aspecto físico não te define como pessoa”, ou “desde
que não impacte não afeta em nada”.
Os brasileiros ressaltam que a aparência é tudo. Alguns comentam que as mulheres são
exigentes, que o dia a dia no trabalho requer um cabelo bem arrumado. Os homens citam que
26
precisam cuidar-se também, e que é necessário um pouco de vaidade masculina. Outro
comenta que gosta de ver sua esposa bonita e bem arrumada, por isso também precisa estar
bonito. Alguns observam que “o mundo é visual, por isso é necessário estar antenado”.
“Manter-se arrumado e limpo é significado de higiene”, e esse foi um ponto que todos
concordaram, a higiene é fundamental para um cabelo bonito e para uma boa apresentação
pessoal.
Pode-se afirmar que a aceitação no grupo está diretamente associada às pessoas que o
compõem e que o aspecto visual é importante, porém não é a base para ser bem ou mal aceito.
Entre os entrevistados houve quem considerasse que “nem sempre se tem o que se gosta ou o
que se deseja, porém isso não interfere no relacionamento do grupo”.
O gráfico 7 demonstra de que forma a estética do cabelo pode contribuir na vida do
entrevistado.
Brasil
76%
12%8%
0%
4%
Autoestima Praticidade
Feminilidade Masculinidade
Não é importante
México
50%
19%
25%
0% 6%
Autoestima Praticidade Feminilidade
Masculinidade Não é importante
Chile
74%
0%
21%5% 0%
Autoestima Praticidade Feminilidade
Masculinidade Não é importante
a) b) c) Gráfico 7: Contribuição da estética do cabelo para a vida pessoal e profissional: a) Brasil; b) México e c)
Chile. Julho - Agosto 2009.
A autoestima foi a contribuição mais citada pelos entrevistados, assim como a
praticidade e a feminilidade. Poucos (4% no Brasil; 6% no México e 0% no Chile)
comentaram que a contribuição da estética do cabelo não é importante.
Esses resultados reafirmam o destacado no capítulo anterior, quando da discussão
sobre as pesquisas realizadas por diferentes meios e indústrias de cosméticos. O cabelo é
ponto alto para a autoestima, é uma espécie de termômetro, em que se observa o estado
emocional e a representação que a pessoa faz de si e da sua posição no grupo. Comprova-se
também no posicionamento dos entrevistados a compreensão de que uma pessoa satisfeita
com seu aspecto físico demonstra mais segurança, maior credibilidade em si própria, e é
capaz de refletir isso por meio da sua aparência.
27
A quarta questão indagava ao entrevistado se ele considerava ou não o critério estético
para suas escolhas pessoais e profissionais, conforme resultado evidenciado no gráfico 8.
Brasil
Sim69%
Não31%
Sim Não
México
Sim75%
Não25%
Sim Não
Chile
Sim74%
Não26%
Sim Não
a) b) c) Gráfico 8: Estética do cabelo como critério para as escolhas pessoais e profissionais: a) Brasil; b) México e c) Chile. Julho - Agosto 2009. O critério estético dos cabelos foi considerado pela maioria dos entrevistados (69% no
Brasil; 79% no México; 74% no Chile) como um fator de relevância, principalmente para o
mercado de trabalho. Alguns consideraram que no trabalho é uma necessidade estar sempre
bem, outros afirmaram que a aparência diz muito sobre a personalidade e o comportamento
de uma pessoa. “O visual e boa presença”, portanto, são importantes para avaliação no
momento de uma contratação profissional.
A minoria dos entrevistados (31% no Brasil; 25% no México; 26% no Chile)
desconsidera o critério da estética capilar por não acharem importante, alguns ressaltaram que
“devem ser avaliadas outras coisas no momento de uma contratação”, “a beleza não define a
pessoa”. Mas concordam que a boa presença conta muito no momento de conseguir um
trabalho.
Foi solicitado aos entrevistados que enumerassem de 1º a 6º lugar, de acordo com a
ordem de sua preferência, as prioridades na realização do seu desejo em relação aos cuidados
com os cabelos. Tais preferências são apresentadas na tabela 1.
Tabela 1 - Predominância de desejos em relação aos cuidados com os cabelos. Julho - Agosto 2009. Prioridades Brasil México Chile
Beleza 1º 1º 1º
Propaganda /mídia 3º 4º 6º
Conselho do Cabeleireiro 4 º 3 º 3 º
Condição financeira 2 º 2 º 4 º
Conselho de amiga (o) 5 º 5 º 5 º
Conselho do sexo oposto 6 º 6 º 2 º
28
A tabela 1 demonstra que no Brasil os itens beleza e condição financeira foram os
mais citados, seguido pela propaganda/mídia e conselho do cabeleireiro, depois conselho de
amiga e por último conselho do sexo oposto. No México o estudo se assemelhou bastante com
o Brasil, mas a propaganda/mídia foi menos importante. Os entrevistados nesse país
selecionaram o conselho do cabeleireiro como terceira opção.
No Chile o panorama se diferencia um pouco, a beleza sempre está em primeiro lugar,
mas o sexo oposto tem grande influência sobre a decisão do outro, seguido pelo conselho do
cabeleireiro, a condição financeira, o que dizem os amigos e por último a propaganda/mídia.
Isso também confirma o gosto pelo natural, pelo latino, pela conservação de traços que
identificam um povo. A mídia no Chile, como na maioria dos países, está direcionada a um
público mais “belo”, não expressando a realidade do povo. É comum ver na TV mulheres
com um padrão de beleza diferente do que se vê nas ruas. Este tipo de marketing usado pelas
TVs e meios de comunicação no Chile se iguala a quase todos os países da América do Sul,
onde os protótipos escolhidos para a publicidade e programas de TV geralmente são pessoas
de olhos claros, loiras, homens e mulheres com corpos esculturais, que não representa o
aspecto físico que se vê na população predominantemente latina.
Os meios de comunicação geralmente usam protótipos que não se assemelham ao
biotipo dos povos. O padrão eleito na publicidade, tanto no Brasil, quanto no México ou
Chile, é representado por pessoas lindas, esbeltas, olhos claros, cabelos maravilhosos.
Conclui-se então que as pessoas cuidam dos cabelos para ficarem belas, mas conforme
suas condições financeiras. A mídia e os conselhos dos profissionais cabeleireiros influenciam
fortemente os clientes no Brasil e no México, já no Chile é irrelevante, o que conta é estar
bela (o) para o sexo oposto.
O gráfico 9 apresenta atividades que os clientes abririam mão para priorizar os
cuidados com os cabelos.
29
Brasil
lazer38%
alimentação0%
roupa8%
estudos46%
nada0%
outros8%
lazer alimentação roupa estudos nada outros
México
lazer31%
alimentação0%roupa
25%estudos
0%
nada44%
outros0%
lazer alimentação roupa estudos nada outros
Chile
5%
0%
5%
0%
79%
11%
lazer alimentação roupa estudos nada outros
a) b) c)
Gráfico 9: Exclusão de atividades para priorizar o cuidado com os cabelos: a) Brasil; b) México e c) Chile. Julho - Agosto 2009.
A maioria dos entrevistados (Gráfico 9) nos três países não abriria mão de nada para
priorizar o cuidado com os cabelos; tentariam conciliar as atividades, pois já consideram um
valor para investir na beleza e estética dos cabelos. Porém se tivessem que sacrificar alguma
coisa seria o lazer: deixariam de ir ao cinema, fazer um passeio, ou uma viagem, mas o
primordial como a alimentação não seria sacrificado, ou seja, ninguém deixaria de comer para
ir ao cabeleireiro. Uma minoria deixaria de comprar roupa, ou deixaria de sair um fim de
semana, ou de ir jantar em um bom restaurante para gastar com os cabelos.
Em relação à freqüência com que recorrem ao cabeleireiro, o gráfico 10 demonstra:
BrasilTres vezes por
senana12%
Duas vezes por semana
4%
Quinzenalmente30%
Semanalmente8%
Mensalmente19%
Outros27%
Tres vezes por senana Duas vezes por semana Quinzenalmente
Semanalmente Mensalmente Outros
México
Tres vezes por senana
0%
Duas vezes por semana
0%
Quinzenalmente21%Semanalme
nte5%
Mensalmente
43%
Outros31%
Tres vezes por senana Duas vezes por semana
Quinzenalmente Semanalmente
Mensalmente Outros
Chile
Tres vezes por senana
0%
Duas vezes por semana
0%
Quinzenalmente
21%Semanalmente
0%
Mensalmente42%
Outros37%
Tres vezes por senana Duas vezes por semana
Quinzenalmente Semanalmente
Mensalmente Outros
a) b) c)
Gráfico 10: Frequencia de ida ao cabeleireiro: a) Brasil; b) México e c) Chile. Julho - Agosto 2009.
30
Observa-se que no Brasil a maioria dos entrevistados costuma ir ao cabeleireiro
quinzenalmente, alguns mensalmente e a opção outros citada no questionário se refere a
semanalmente. No México e Chile a frequência da visita é mensal.
Quanto aos serviços mais procurados, a grande maioria das mulheres faz coloração e
corte de cabelo, seguido pelos homens que frequentam os salões a cada mês e meio ou dois
meses, porque recorrem somente ao corte de cabelo. Uma minoria visita o salão
quinzenalmente, ou seja, de todos os modos os entrevistados costumam ir ao cabeleireiro,
com maior o menor intervalo de tempo.
Para evidenciar os diferentes serviços e quantificar os mais procurados, perguntou-se
aos entrevistados quais os serviços que eles buscam com maior frequência. O resultado
evidencia-se nos gráficos a seguir.
Brasil2%
0%
10%
14%
14%6%8%
30%
16%
Alisamento com chapinha Permanente
Escova progressiva Coloração
Mechas ou Luzes Hidratação
Relaxmento Corte de cabelo
escova
Chile
4% 0%4% 8%
8%
12%0%
60%
4%
Alisamento com chapinha Permanente
Escova progressiva Coloração
Mechas ou Luzes Hidratação
Relaxmento Corte de cabelo
escova
a) b)
c) Gráfico 11 - Serviços realizados pelos clientes num salão de beleza: a) Brasil; b) México e c) Chile. Julho - Agosto 2009.
México
0%
0%
0%
58%24%
6%
0% 12%
Alisamento com chapinha Permanente
Escova progressiva Coloração
Mechas ou Luzes Hidratação
Relaxmento escova
31
O gráfico 12 mostra um porcentual de 100%, que se refere ao corte de cabelo no
México.
México
100%
1
Gráfico 12 – Corte de cabelo no México - Julho - Agosto 2009.
Parte importante deste estudo encontra-se nos gráficos 11 e 12, nos quais se podem
observar os diferentes serviços relacionados ao cabelo, oferecidos aos clientes na maioria dos
salões de beleza dos diferentes países. O estudo mostra que o serviço mais procurado pelos
clientes é o corte de cabelo. No México, a procura é de 100% (gráfico 12), pois eles preferem
manter os cabelos curtos ou medianamente curtos, o que justifica a grande demanda para este
serviço, seguido de coloração. As luzes ou mechas não são um ponto forte para os mexicanos
entrevistados. Não houve a opção para alisamentos, permanentes, escovas progressivas ou
relaxamento. Poucas pessoas buscam pelo serviço de escovação simples ou hidratação.
No Chile a coloração cai de maneira assombrosa em decorrência da resistência das
mulheres à sedução das cores artificiais. Estas procuram usar seus cabelos naturalmente até
uma idade em que realmente seja necessário usar um produto químico para cobrir os cabelos
brancos. Por possuírem tom de pele e cabelos naturalmente mais escuros, devido à presença
significativa de eumelaninas (pigmentos melânicos de cor escura), a apoptose ou morte
programada destas células responsáveis pela cor acontece mais tarde, portanto, o cabelo
branco chega geralmente em idade tardia. A opção pelas hidratações, mechas, depois escova
progressiva, relaxamento e por último alisamento seguem com opções mais tímidas. O
permanente não foi citado por nenhum dos entrevistados chilenos.
No Brasil os números modificam-se sensivelmente: o permanente não foi citado,
entretanto, há expressiva procura por relaxamento, escovas progressivas e escovações
32
seguidas de prancha. Esse dado mantém coerência com as respostas anteriores que indicavam
a preferência das brasileiras pelos cabelos lisos. Colorações e mechas igualam-se em
quantidades e o corte ficou com 30% da preferência.
Para finalizar a pesquisa, perguntou-se aos entrevistados se eles consideravam que
existe preconceito social em relação à estética dos cabelos. As respostas podem ser
observadas no gráfico 13.
Brasil
Sim85%
Não15%
Sim Não
México
Sim88%
Não12%
Sim Não
Chile
Sim58%
Não42%
Sim Não
a) b) c)
Gráfico 13: Existe ou não preconceito social em relação a estética dos cabelos? : a) Brasil; b) México e c) Chile. Julho - Agosto 2009. Entre os entrevistados no Brasil, 85% disseram que existe preconceito sim, pois
muitas pessoas são julgadas pela aparência, forma e tipo de cabelo. “O mundo em que se vive
é extremamente competitivo”, afirmaram alguns deles. Outros citam que cabelos loiros com
raiz escura são muito feios, e denotam descuido, concordando de certa maneira com a
pesquisa da Unilever, indicando que, no Brasil, 42% das entrevistadas garantem já ter ficado o
dia inteiro em casa por causa da insatisfação com as madeixas, e 33% delas dizem também ter
cancelado um encontro pelo mesmo motivo. Muitas das garotas entrevistadas (50%) sentem
que, “quando estão infelizes com seus cabelos querem se esconder do mundo”; outros
recomendam que quando o cabelo não está bom, melhor é não sair de casa, pois as pessoas
comentam o fato.
Em relação à idade e ao tamanho do cabelo, alguns entrevistados ressaltaram que uma
mulher mais velha deve usar cabelos mais curtos, coloridos, modernos e práticos, pois cabelos
longos são para moças e “não fica bem uma senhora de mais idade usar um cabelo comprido
ou com os fios prateados a mostra”. Na relação cabelo/idade, Isabelle Walter, do
departamento de comunicação internacional do grupo L’OREAL em entrevista à Aquino
(2003) diz que os "Cabelos pintados reduziram muito a diferença entre as gerações, e que isso
33
está longe de ser uma futilidade da indústria de cosméticos, pois influencia a psicologia e o
humor da mulher". Ela reforça ainda que "de qualquer maneira, o que se persegue é a
sensação de bem-estar, que não é necessariamente sinônimo de juventude".
Os entrevistados defendem também o fato de as que pessoas são julgadas pelos
cabelos maltratados, mas infelizmente algumas vezes não possuem condições financeiras para
frequentar periodicamente um salão de beleza e se conformam com o uso de um cabelo feio.
Outras pessoas são discriminadas por terem estilos diferentes, cabelos coloridos e
penteados exóticos, o que leva as pessoas a dizerem que fazem parte de ‘gangs’. Alguns
poucos entrevistados (15%) não consideram que existam preconceitos em relação à estética
dos cabelos, pois de acordo com eles, os cabelos refletem personalidade, e o preconceito é em
relação a outras condições e escolhas. Alguns citam que “o importante é ser feliz, e observam
que cada tribo tem o seu estilo, cabendo a você identificar o seu”.
No México, 88% dos entrevistados disseram que existe preconceito e enfatizaram:
“Cada uno es libre de tener la imagen con la qual se sienta bien, pero desgraciadamente ante
la sociedad como te véen te jusgan, y ante todo la imagen vende”. “La gente tiende a criticar
lo que según ellos no es correcto, eso se debe a la forma en que fueron creados…”. “Porque
como te véen te tratan.”. “Muchas veces en los trabajos no te piden experiencia pero si que
tenga buena presentación personal.”
Portanto, a apresentação pessoal é quesito indispensável, “a imagem vende”, e se julga
muito as pessoas pela aparência. Apenas 12% dos entrevistados responderam que não existe
preconceito, um deles disse que nos dias de hoje já não se julga pela aparência e sim pelo
conhecimento e outros valores de maior importância.
No Chile, as repostas dos entrevistados foram bem equilibradas, ou seja, 58% deles
responderam que existe o preconceito, enquanto 42% afirmaram que não. Algumas citações
podem ser evidenciadas: “ Si. Se llevas un corte extraño eres discriminado.” “La aparencia
personal es mas que eso, incluye todo, ropa, cuidados personales y la llave del auto que
manejas…”, “Si. Porque en Chile somos el país de los prejuicios” , “Porque estamos
acostumbrados a solo algunas formas y señalamos al que se sale de este marco.”,“Yo creo que
no, aqui lo que influye es el color de piel...”.
Como se pode observar nas respostas, é bastante complexo o tema da discriminação
em muitas ordens, como a cor da pele, a situação econômica, a aparência física deve estar
totalmente dentro de padrões impostos em um quadrado, para não chamar a atenção, não ser
diferente.
34
O Chile é um país que se encontra bem marcado pelas diferenças entre as classes
sociais. Percebe-se muito preconceito entre as gerações. Por um lado há uma sociedade mais
fechada, a de maior idade, a que sofreu mais com uma ditadura que persistiu até os anos de
1990, em que nada se podia fazer, tudo era proibido e mal visto, de outro lado há os jovens
adolescentes mais ousados, mais liberais em relação aos padrões sociais e estéticos, engajados
em outros projetos e com outros objetivos, por isso pensam menos na aparência.
35
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo desenvolveu-se de forma produtiva e resultou em constatações bem
significativas. Foi possível identificar nos gráficos preferências bastante evidentes na estética
dos cabelos nos distintos países, com um entendimento de que cada cultura tem sua própria
forma de interpretar o belo. O estudo comparativo teve como objetivo principal reconhecer
princípios e valores estéticos relacionados ao cabelo das mulheres brasileiras, mexicanas e
chilenas. Pode-se observar que efetivamente no Brasil existe um protótipo estético de cabelos
lisos e esta predominância se diferencia dos demais países que fizeram parte deste estudo.
Foi possível observar que tanto mulheres quanto homens contemplam a beleza dos
cabelos como fator determinante para sua autoestima, entretanto dos três países em estudo as
brasileiras foram identificadas como mulheres que menos aceitam seus cabelos como
geneticamente determinados. Tal fato contribui para compreensão da maior demanda no país
por serviços com tratamentos químicos como: alisamentos, relaxamentos e escovas
progressivas, para enquadrar-se nos padrões estéticos exigidos pelo meio.
Essa constatação permite entender os bombardeios de novos produtos para alisamento
capilar e novas marcas cosméticas de coloração no Brasil. Entre os produtos para alisamento
encontramos uma imensa gama de marcas prometendo verdadeiros milagres por conta do
Formoldeído, adorado pelos profissionais do cabelo e pelas mulheres que o usam nas escovas
progressivas, perseguido pelos serviços de saúde, com infinitas inquietudes a respeito do seu
real potencial maligno.
Entre os produtos no mercado que hoje realizam o sonho das brasileiras por cabelos
lisos e saudáveis de forma econômica, o Formoldeído é uma boa opção financeira, fácil de
trabalhar, sem problemas de corte químico. Contribui de modo ágil para que a cliente tenha
seu sonho realizado, quase ao mesmo tempo em que teria uma escovação tradicional, pagando
um valor módico. Afinal, como se observou nos resultados do estudo para manter um cabelo
bonito e não sofrer psicologicamente por uma imagem que não seja bem aceita no âmbito
pessoal ou profissional, algumas pessoas sacrificam outras prioridades, pois a primeira
impressão é a que fica.
36
REFERÊNCIAS
AQUINO, Ruth de. Muito além do batom: a L'Oréal, o maior produtor mundial de cosméticos, sabe que as mulheres não são todas iguais. Veja online, n. 1784, 8 jan. 2003. Disponível em: <�http://veja.abril.com.br/080103/p_082.html>. Acesso em 03 jun. 2009. CAZZAHAIR COSMÉTICS. Cabelos e emoção: um novo cabelo, uma nova mulher. Disponível em: < ttp://www.cazzahair.com.br/magazine/index.php?option=com_content&taskview152>. Acesso em 02 jun. 2009. FIORI, Vera. Cabelos: moldura do rosto e da alma feminina. Disponível em: < http://br.noticias.yahoo.com/s/14052009/25/entretenimento-cabelos-moldura-rosto-da-alma.html&printer=1>. Acesso em: 20 maio 2009. KETTENMANN, Andréa. Fidra Kahlo. Dor e paixão. Paisagem distribuidora de livros Ltda. 2006. MACIEL, Daniela. Bem-estar: segundo a pesquisa cabelo bonito aumenta a auto-estima dos brasileiros. A Platéia: variedades, Sant’Ana do Livramento, 17 fev. 2008. MORIN, Edgar. O paradigma perdido: a natureza humana. 6.ed. Mem Martins: Europa-America, 2000. NANFELDT, Susan. Plus stile: guide to looking great. Nova Iorque: Plume Book, 1996. OLIVEIRA, Marina Trench. Cabelos: da etologia ao imaginário. Revista Brasileira de Psicanalise, v. 41, n. 3, p. 135-151, 2007. TERRA, Francine. A importância da imagem pessoal na sua vida. 2007. Disponível em: <http://www.ricardoxavier.com.br/index.php?acao=reportagem&subacao=ler&categoria=6&iarea=2&i=2>. Acesso em: 10 maio de 2009.
37
APÊNDICES
38
APÊNDICE A
Questionário aplicado no Brasil
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ ALUNA: ÉLITA LUZIA DE SOUZA ENTREVISTA PARA O CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO E CRIAÇÃO DE MODA ESTÉTICA DE CABELO X COMPORTAMENTO
1 -Qual a forma de cabelo que você prefere?
( ) Liso ( ) Longo ( ) Preto
( ) Crespo ( ) médio ( ) Castanho
( ) Ondulado ( ) Curto ( ) Loiro
( ) Cacheado ( ) Extra longo ( ) Grisalho
( ) Afro ( ) Curtissimo ( ) Colorido
Justifique porque.
2- Você acredita que a forma, cor e tamanho dos seus cabelos influencia na sua aceitação no grupo social, (família, trabalho, amigos, namorado, companheiro)?
( ) Sim ( ) Não
Porque?
3- A estética ( forma, cor, tamanho) do seu cabelo, contribui para sua:
( )Auto estima ( ) Praticidade ( ) Feminilidade
( ) Masculinidade ( )Não é importante
4- Você considera o critério estético dos cabelos para suas escolhas pessoais e profissionais?
( ) Sim ( ) Não
Porque?
5- O que predomina na realização do seu desejo em relação aos cuidados com os seus cabelos.
Enumere em ordem de preferência.
( ) Sua beleza ( ) Sua condição financeira
( ) Propaganda/mídia ( ) Conselho de amiga(os)
( ) Conselho do seu cabeireiro(a) ( ) Conselho do sexo oposto
39
6- O que você abriria mão para priorizar os cuidados com seus cabaelos?
Assinale:
( ) Atividade de lazer.
( ) Alimentação.
( ) Compra de roupas.
( ) Estudos.
( ) Não abre mão de nada.
( ) Outros
7- Com que frequência você vai ao cabeleireiro?
( ) Três vezes por semana.
( ) Duas vezes por semana.
( ) Quinzenalmente.
( ) semanalmente.
( ) Outra. Qual?
8- No salão é comum você fazer:
( )Alizamento ( ) Coloração ( ) Relachamento
( ) Permanente ( ) Mechas ou luzes ( ) Corte de cabelo
( ) Escova progressiva ( ) hidratação ( ) escova
9- Voce considera que existe preconceitos sociais en relação a estética (forma, tamanho, cor) dos cabelos ?
( ) Sim ( ) Não
Justifique.
Identificação
Sexo: Idade: Ocupação:
Renda: Estado civil:
40
APÊNDICE B
Questionário Aplicado no México e Chile
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ ALUNA: ÉLITA LUZIA DE SOUZA ENTREVISTA PARA O CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO E CRIAÇÃO DE MODA ESTÉTICA DE CABELO X COMPORTAMENTO
1 - ¿Cual es la forma de cabello que prefieres? (mujeres)
( ) Lacio ( ) Largo ( ) Negro
( ) Crespo ( ) mediano ( ) Castaño
( ) Ondulado ( ) Corto ( ) rubio
( ) Con rulos ( ) Extra largo ( ) Canoso
( ) Motudo ( ) Muy corto ( ) Rojos/ Cobrizos
Justifique porque.
2- ¿ Tu crees que la forma, color y largo de tus cabellos influye en la aceptación en tu grupo social (familia, trabajo, amigos, esposo(a), compañero)?
( ) Si ( ) No
¿Porque?
3- La estética (forma, color, largo) de tu cabello, contribuye para:
( ) Auto estima ( ) Practicidad ( ) Feminidad
( ) Masculinidad ( ) No es importante
4- ¿Consideras el criterio estético de los cabellos para tus elecciones personales y profesionales?
( ) Si ( ) No
Porque?
5- ¿Que prioridades antepones en lo que deseas en relación a los cuidados con tus cabellos?
Enumere en orden de tu preferencia. ( de 1 a 6)
( ) Tu belleza
( ) Tu condición financiera
( ) Propaganda/medios de comunicación
( ) Consejo de amiga(os)
41
( ) Consejo de tu peluquero(a)/estilista
( ) Consejo del sexo opuesto
6- ¿Lo que tu dejarías de obtener por priorizar los cuidados de tus cabellos? Marque:
( ) Actividades/ diversión
( ) Alimentación.
( ) Compra de ropa.
( ) Estudios.
( ) No dejaría de obtener nada
( ) Otros
7- ¿Con que frecuencia asistes al salón de belleza?
( ) Tres veces por semana.
( ) Dos veces por semana.
( ) Quincenalmente.
( ) semanalmente.
( ) Otra. Cual?
8- En el salón es común que tu hagas:
( ) Alisado/plancha ( ) Coloración ( ) Alisado Químico
( ) Base ( ) Mechas o reflejo ( ) Corte de cabello
( ) Hidratación ( ) Masajes ( ) Bruching
9- ¿Tu consideras que existe prejuicio social en relación a la estética (forma, largo, color) de los cabellos ?
( ) Si ( ) No
Justifique.
Identificación
Sexo: Edad: Ocupación:
Renta aprox: Estado civil: