estatÍstica de acidentes do trabalho de 2012 a...
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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ
DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE CONSTRUÇÃO CIVIL
ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABAL HO
LEANDRO SOARES DE OLIVEIRA
ESTATÍSTICA DE ACIDENTES DO TRABALHO DE 2012 A 2015
MONOGRAFIA
CURITIBA
2015
LEANDRO SOARES DE OLIVEIRA
ESTATÍSTICA DE ACIDENTES DO TRABALHO DE 2012 A 2015
Trabalho de Monografia apresentada como requisito parcial à obtenção do título de Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho, do Departamento Acadêmico de Construção Civil, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Orientador: Prof. Dr. Rodrigo Eduardo Catai
CURITIBA
2015
LEANDRO SOARES DE OLIVEIRA
ESTATÍSTICA DE ACIDENTES DO TRABALHO DE 2012 A 2015
Monografia aprovada como requisito parcial para obtenção do título de Especialista no Curso de Pós-Graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho, Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR, pela comissão formada pelos professores: Banca:
_____________________________________________ Prof. Dr. Rodrigo Eduardo Catai (orientador) Departamento Acadêmico de Construção Civil, UTFPR – Câmpus Curitiba. ________________________________________
Prof. Dr. Adalberto Matoski Departamento Acadêmico de Construção Civil, UTFPR – Câmpus Curitiba.
_______________________________________ Prof. M.Eng. Massayuki Mário Hara
Departamento Acadêmico de Construção Civil, UTFPR – Câmpus Curitiba.
Curitiba 2016
“O termo de aprovação assinado encontra-se na Coordenação do Curso”
Este trabalho é dedicado à minha esposa Gisele e meus filhos Luana e Luan, (os
quais eu amo tanto), que por muitas vezes privaram-se de momentos de lazer
e descanso para proporcionar-me a oportunidade de realizar um projeto de
vida pessoal, sem o qual não há evolução e para assim proporciona-los uma melhor
qualidade de vida. Aos meus pais, Vitório e Maria José, pelo
carinho, dedicação e esforço para me proporcionar a melhor criação. Como diz
em Proverbio 22:6 “Educa a criança no caminho em que deve andar; e até quando
envelhecer não se desviará dele”, levo muito isso comigo e sei o orgulho deles em
me ver finalizando mais essa etapa. E claro, não poderia faltar, à Deus e à Jesus Cristo, o meu salvador, que me
abençoou a chegar até aqui e cumprir a promessa em minha vida.
AGRADECIMENTOS
Agora que estou muito próximo da conclusão da Especialização, vem a minha
lembrança muitas pessoas que me apoiaram de muitas formas e que
acompanharam minhas angustias e alegrias. Pessoas essas que acreditaram no
meu esforço em buscar conhecimento e sempre me estimularam a sempre buscar
mais e dizendo que eu estava trilhando o caminho certo.
Ao Prof.º Catai, pelo apoio nas fontes de pesquisa e constante estímulo para
minha pesquisa acadêmica e dedicação durante a elaboração deste trabalho.
Aos demais Professores e colegas da turma CEEST 32, pela convivência e
conhecimento adquiridos durante esses meses de curso, convivência essa que
sentirei saudades.
“Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso. Tomem sobre vocês a minha carga e aprendam de mim, pois
sou manso e humilde de coração e vocês encontrarão descanso interior. Pois a
minha carga é suave e leve.” (Mateus 11:28-30)
RESUMO
OLIVEIRA, Leandro Soares de. Estatística de Acidentes de 2012 a 2015 . 2015. 51 folhas. Trabalho de Monografia (Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho) - Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Curitiba, 2015.
Este trabalho visa analisar de forma estatística os acidentes ocorridos nos anos de 2012 a 2015 de uma grande empresa de Curitiba, a fim de proporcionar dados para ações que visem à redução dos acidentes. A metodologia foi levantar todos os acidentes ocorridos nos últimos 4 (quatro) anos e mostrar de formas gráficas que tipos de funcionários mais se acidentam (próprios ou contratados), quais as funções, dias da semana dos acidentes, partes do corpo atingidos, horários e idades dos acidentados. Os Indicadores de acidentes serão analisados neste trabalho a fim de se discutir que os limites são estabelecidos para medir o desempenho por determinado período e ajustados conforme política da empresa, a fim que propor ações preventivas de para redução de acidentes no ano seguinte. Serão detalhadas as ações que foram tomadas durante os anos para a redução do número de acidentes. Os resultados encontrados mostram que as ações tomadas pela empresa resultaram na diminuição gradativa dos acidentes de trabalho, concluindo que houve uma redução de 49% dos acidentes.
Palavras-chave: Acidentes de Trabalho. Indicadores de Acidentes. Ações de prevenção dos Acidentes.
ABSTRACT
OLIVEIRA, Leandro Soares. Accident Statistics 2012-2015 . 2015. 51 leaves. Working Monograph (Specialization in Labour Safety Engineering) - Federal Technological University of Paraná. Curitiba, 2015.
This work aims to analyze statistical shape of the accidents occurred in the years 2012-2015 a large Curitiba company, to provide data to actions aimed at reducing accidents. The methodology was to raise all accidents in the last four (4) years and show graphic shapes what types of employees more are injured (own or hired), which functions, weekdays from accidents, body parts affected, schedules and ages of the victims. Accidents indicators will be analyzed in this work in order to argue that the limits are designed to measure the performance for a certain period and adjusted as company policy in order to propose preventive actions for accident reduction the following year. Will detail the actions that have been taken over the years to reduce the number of accidents. The results show that the actions taken by the company have resulted in the gradual reduction of occupational accidents, concluding that there was a reduction of 49% of accidents.
Keywords: Work accidents. Accident indicators. Actions to prevent accidents.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1- A realidade dos trabalhadores no contexto da Revolução Industrial.......... 18
Figura 2 – Comparativo de números de mortes. ....................................................... 22
Figura 3 – Valores Gastos pelo INSS em 2013. ........................................................ 24
Figura 4 – Gráfico com total de acidentes de 2012 a 2015. ...................................... 31
Figura 5 – Gráfico de Acidentes por Tipo de Acidente – ASA / ACA. ........................ 32
Figura 6 – Gráfico do Percentual de Acidentes – ASA / ACA.................................... 32
Figura 7 – Gráfico do Percentual de Acidentes – Próprio x Contratado. ................... 33
Figura 8 – Gráficos do Total de acidentes por tipo de funcionários. .......................... 34
Figura 9 – Gráfico de Acidente por função em 2012 - Contratado. ........................... 34
Figura 10 – Gráfico de Acidente por função em 2012 – Próprio................................ 35
Figura 11 – Gráfico de Acidente por função em 2013 - Contratado. ......................... 35
Figura 12 – Gráfico de Acidente por função em 2013 – Próprio................................ 36
Figura 13 – Gráfico de Acidente por função em 2014 - Contratado. ......................... 36
Figura 14 – Gráfico de Acidente por função em 2014 – Próprio................................ 37
Figura 15 – Gráfico de Acidente por função em 2015 - Contratado. ......................... 37
Figura 16 – Gráfico de Acidente por função em 2015 – Próprio................................ 38
Figura 17 - Gráfico de Acidente por função em 2012 a 2015 - Contratado. .............. 38
Figura 18 – Gráfico de Acidente por função em 2012 a 2015 – Próprio. ................... 39
Figura 19 – Gráficos com os Dias da Semana dos acidentes – 2012 a 2015. .......... 39
Figura 20 – Gráficos com os horários dos acidentes – 2012 a 2015. ........................ 40
Figura 21 – Gráfico da Parte do Corpo Atingido nos acidentes – 2012 a 2015. ........ 41
Figura 22 – Gráficos da idade dos acidentados – 2012 a 2015. ............................... 41
Figura 23 – Indicador do TFSA. ................................................................................ 42
Figura 24 – Indicador do TFCA. ................................................................................ 43
Figura 25 - Indicador do TG. ..................................................................................... 43
Figura 26 – Indicador do TOR. .................................................................................. 44
Figura 27 – Total de desvios 2012 a 2015. ............................................................... 46
Figura 28 – Categoria dos desvios – 2012 a 2015. ................................................... 46
Figura 29 – Alerta de Risco de acidentes com as Mãos em Máquinas. .................... 47
Figura 30 – Acidentes com as Mãos. ........................................................................ 48
Figura 31 – 10 Regras de Ouro. ................................... Erro! Indicador não definido.
LISTA DE SIGLAS
SMS Segurança, Meio Ambiente e Saúde.
NBR Norma Brasileira.
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas.
TFSA Taxa de Frequência de Acidente Sem Afastamento.
TFCA Taxa de Frequência de Acidente Com Afastamento.
TG Taxa de Gravidade.
OHSAS Occupational Health and Safety Assessment Services.
OIT Organização Internacional do Trabalho.
CLT Consolidação das Leis do Trabalho.
CRFB Constituição da República Federativa do Brasil.
MTb Ministério do Trabalho.
NR’s Normas Regulamentadoras.
MTE Ministério do Trabalho e Emprego.
INSS Instituto Nacional de Seguro Social.
AGU Advocacia-Geral da União.
PFG Procuradoria-Geral Federal.
TRF4 Tribunal Regional Federal da 4.ª Região.
SST Segurança e Saúde no Trabalho.
SAT Seguro Acidente de Trabalho.
TOR Taxa de Ocorrências Registráveis.
ASA Acidente Sem Afastamento.
ACA Acidente Com Afastamento.
DP Dias Perdidos.
DD Dias Debitados.
PT Permissão de Trabalho.
DDS Diálogo Diário de Segurança.
OLA Ordem, Limpeza e Arrumação.
AST Análise de Segurança da Tarefa.
LV da AR Lista de Verificação da Análise de Risco.
DSS Diálogo Semanal de Segurança.
EPI Equipamento de Proteção Individual.
CAT Comunicação de Acidente de Trabalho.
RPA Relatório Preliminar do Acidente.
RTA Relatório de Tratamento da Anomalia.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 14
1.1 OBJETIVOS ................................................................................................. 15
1.1.1 Objetivo Geral ............................................................................................ 15
1.1.2 Objetivos Específicos ................................................................................. 15
1.2 JUSTIFICATIVAS ............................................................................................. 15
2 ACIDENTE DE TRABALHO .................................................................................. 16
2.1 DEFINIÇÕES DE ACIDENTES ........................................................................ 16
2.1.1 Lei Nº 8213, de julho de 1991 da Previdência Social ................................. 16
2.1.2 NBR 14280 – Cadastro de acidente do trabalho ........................................ 16
2.2 A HISTÓRIA DOS ACIDENTES DE TRABALHO ............................................. 17
2.3 O SURGIMENTO DAS NORMAS REGULAMENTADORAS DE SAÚDE E
SEGURANÇA DO TRABALHO .............................................................................. 20
2.4 OS ACIDENTES DE TRABALHO NO BRASIL ................................................ 22
2.4.1 Ações do Governo para redução dos Acidentes de Trabalho .................... 24
2.5 POR QUE DIMINUIR OS ACIDENTES DE TRABALHO .................................. 25
2.6 GESTÃO DOS ACIDENTES ............................................................................ 27
3 METODOLOGIA ..................................................................................................... 30
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................... 31
4.1 INDICADORES DOS ACIDENTES .................................................................. 42
5 AÇÕES DESENVOLVIDAS PARA REDUÇÃO DOS ACIDENTES ........................ 45
6 CONCLUSÕES ...................................................................................................... 49
14
1 INTRODUÇÃO
A Engenharia de Segurança do Trabalho tem como princípio assessorar e
propor medidas de controle para reduzir ou eliminar os riscos de acidentes no
ambiente de trabalho, assim como a responsabilidade de cuidar da saúde e
integridade dos trabalhadores.
Segurança do Trabalho deve ser um valor e estar enraizado em todos os
níveis da organização, não deve ser uma prática somente da área de SMS
(Segurança, Meio Ambiente e Saúde) e sim de todas as áreas, a começar pela Alta
Administração da empresa de forma a atingir também toda a liderança.
Segundo Lafraia (2011) observa-se que o alcance de um desempenho
excepcional em segurança representa mais benefícios econômicos do que aumento
de custos. Além disso, a excelência em SMS traz algumas vantagens para a
organização: melhora os resultados dos negócios ao mesmo tempo em que previne
acidentes e danos à saúde, melhoram as práticas gerenciais, melhora a
produtividade e reduz custos operacionais.
Toda atividade econômica por mais simples há o risco de ocorrências de
Acidentes de Trabalho, mas, um ambiente com os riscos devidamente mapeados,
procedimentos com foco em segurança bem estruturados, lideranças cientes da
importância da segurança e os executantes bem treinados nos procedimentos e nas
ferramentas de gestão como, por exemplo, relatar desvios, diminuíram e muito a
probabilidade da ocorrência de um acidente.
Este trabalho concentra em realizar um mapeamento das ocorrências de
acidentes de trabalho de 2012 a 2015, a fim de dar subsídios às ações preventivas e
redução dos números de acidentes.
15
1.1 OBJETIVOS
1.1.1 Objetivo Geral
Esta monografia tem como objetivo geral realizar uma análise dos acidentes
ocorridos de 2012 a 2015, em uma grande empresa do sul do Brasil.
1.1.2 Objetivos Específicos
Esta monografia tem como objetivos específicos:
• Analisar o quantitativo de Acidentes Com e Sem Afastamentos no período
analisado;
• Analisar quais os tipos de funcionários mais se acidentam, se são
funcionários Próprios ou Contratados;
• Analisar quais as funções que mais se acidentam;
• Verificar o horário e o dia da semana que mais ocorrem os acidentes de
trabalho;
• Analisar quais as faixas etárias que estão se acidentando;
• Analisar as partes do corpo atingidas nos acidentes;
• Apresentar as ações tomadas para diminuição dos Acidentes de Trabalho.
1.2 JUSTIFICATIVAS
A justificativa desta monografia foi analisar os acidentes de 2012 a 2015 de
forma a mapear as ocorrências, possibilitando propor ações direcionadas para a
diminuição dos acidentes a fim de minimizar as consequências relacionadas a ele.
As consequências dos acidentes vão além do custo para a empresa, elas também
tem um cunho social, pois afeta o acidentado e seus familiares, colegas de trabalho
e a sociedade em geral.
16
2 ACIDENTE DE TRABALHO
2.1 DEFINIÇÕES DE ACIDENTES
Os acidentes são em sua totalidade situações que resulta uma série de
combinações como: fatores técnicos, fisiológicos, psicológicos ao qual possui uma
relação direta com a atividade e a máquina, o meio ambiente, as condições
ergonômicas em que as ações são realizadas e com a fadiga pela própria condição
de trabalho da atividade (TANABE, 2014).
Para efeito são aplicadas algumas definições segundo Normas e Leis,
aplicando-se as seguintes definições:
2.1.1 Lei Nº 8213, de julho de 1991 da Previdência Social
Segundo a Lei Nº 8213, de julho de 1991 da Previdência Social, acidente de
trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo
exercício do trabalho, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que
cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade
para o trabalho.
Ainda segundo a Lei são considerados acidentes de trabalho as doenças
profissionais, assim atendida ou produzida ou desencadeada pelo exercício do
trabalho peculiar a determinada atividade e também as doenças do trabalho, assim
atendida a adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em que o
trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente.
Ainda são considerados segundo a Lei os acidentes de trajeto que ocorrem
no percurso da residência para o local de trabalho ou deste aquela, qualquer que
seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do trabalhador.
2.1.2 NBR 14280 – Cadastro de acidente do trabalho
Segundo a NBR 14280 de fevereiro de 2001 da ABNT – Associação
Brasileira de Normas Técnicas, acidente de trabalho é uma ocorrência imprevista e
17
indesejável, instantânea ou não, relacionada com o exercício do trabalho, de que
resulte ou possa resultar lesão pessoal.
A NBR 14280 ainda define o acidente de trajeto como um acidente sofrido
pelo empregado no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para
aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive de propriedade do
empregado, desde que não haja interrupção ou alteração de percurso por motivo
alheio ao trabalho.
Outras definições da NBR 14280 são as doenças do trabalho decorrentes do
exercício continuado ou intermitente de atividade laborativa capaz de provocar lesão
por ação mediata e as doenças profissionais causadas pelo exercício de atividade
especificas, constante de relação oficial.
2.2 A HISTÓRIA DOS ACIDENTES DE TRABALHO
No início do século XVIII, após a revolução industrial na Inglaterra, a
economia passava por uma mudança gradativa para as atividades artesanais em um
sistema de produção mecanizada. Neste período, a burguesia visava por maiores
lucros, menores custos e maior produção em menor tempo, buscando melhores
alternativas para produção de mercadorias. Com o crescimento populacional, essa
demanda de produção era necessária para abranger o consumo em um todo
(MONTOUX, 1989). (TANABE, 2014).
Que o trabalho é fonte de lesões, adoecimento e morte é fato conhecido
desde a Antiguidade. Embora de modo esparso, há citações de acidentes de
trabalho em diversos documentos antigos. Há inclusive menção a um deles no Novo
Testamento de Lucas (o desabamento da Torre de Siloé), no qual faleceram dezoito
prováveis trabalhadores. Além dos acidentes de trabalho, nos quais a relação com a
atividade laboral é mais direta, também existem descrições sobre doenças
provocadas pelas condições especiais em que o trabalho era executado. Mais de
dois mil anos antes da nossa era, Hipócrates, conhecido como o Pai da Medicina,
descreveu muito bem a intoxicação por chumbo encontrada em um trabalhador
mineiro. Descrições do sofrimento imposto aos trabalhadores das minas foram feitas
ainda no tempo dos romanos (ROSEN, 1994, p. 39-40, p. 45-46; MENDES, 1995, p.
5-6). Em 1700, o médico Bernardino Ramazzini publicou seu famoso livro De Morbis
18
Artificum Diatriba, no qual descreve minuciosamente doenças relacionadas ao
trabalho encontradas em mais de 50 atividades profissionais existentes na época
(RAMAZZINI, 1999). Apesar dessas evidências, não há informação de qualquer
política pública que tenha sido proposta ou implementada para reduzir os riscos a
que esses trabalhadores estavam submetidos. Nesses períodos, as vítimas dos
acidentes/doenças relacionadas ao trabalho eram quase exclusivamente escravos e
pessoas oriundas dos níveis considerados como os mais inferiores da escala social.
(FUNDACENTRO, 2012)
Durante a Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra em meados do século
XVIII, houve um aumento notável do número de agravos relacionados ao trabalho.
Isso decorreu do uso crescente de máquinas, do acúmulo de operários em locais
confinados, das longas jornadas laborais, da utilização de crianças nas atividades
industriais, das péssimas condições de salubridade nos ambientes fabris, entre
outras razões. Embora o assalariamento tenha existido desde o mundo antigo, sua
transformação em principal forma de inserção no processo produtivo somente
ocorreu com a industrialização. (FUNDACENTRO, 2012)
Figura 1- A realidade dos trabalhadores no contexto da Revolução Industrial.
Fonte: Santos, (2015).
A conjunção de um grande número de assalariados com a percepção
coletiva de que o trabalho desenvolvido era fonte de exploração econômica e social,
levando a danos à saúde e provocando adoecimento e morte, acarretou uma
inevitável e crescente mobilização social para que o Estado interviesse nas relações
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entre patrões e empregados, visando à redução dos riscos ocupacionais. Surgem
então as primeiras normas trabalhistas na Inglaterra (Lei de Saúde e Moral dos
Aprendizes, de 1802), que posteriormente foram seguidas por outras semelhantes
nas demais nações em processo de industrialização (ROSEN, 1994, p. 302-315). A
criação da Organização Internacional do Trabalho (OIT), em 1919, logo após o final
da Primeira Grande Guerra, mudou acentuadamente o ritmo e o enfoque das
normas e práticas de proteção à saúde dos trabalhadores, sendo atualmente a
grande referência internacional sobre o assunto. (FUNDACENTRO, 2012)
No Brasil, o mesmo fenômeno ocorreu, embora de forma mais tardia em
relação aos países de economia central. Durante o período colonial e imperial (1500-
1889), a maior parte do trabalho braçal era realizada por escravos (índios e negros)
e homens livres pobres. A preocupação com suas condições de segurança e saúde
no trabalho era pequena e essencialmente privada. O desenvolvimento de uma
legislação de proteção aos trabalhadores surgiu com o processo de industrialização,
durante a República Velha (1889-1930). Inicialmente esparsa, a legislação
trabalhista foi ampliada no Governo Vargas (1930-1945) com a Consolidação das
Leis do Trabalho (CLT), instituída pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943
(BRASIL, 1943). Dentro da linha autoritária, com tendências fascistas, que então
detinha o poder, essa legislação buscou manter as demandas sociais e trabalhistas
sob o controle do Estado, inclusive com a criação do Ministério do Trabalho,
Indústria e Comércio, em 26 de novembro de 1930 (MUNAKATA, 1984, p. 62-82).
Boa parte dessa legislação original foi modificada posteriormente, inclusive pela
Constituição da República Federativa do Brasil (CRFB), de 10 de outubro de 1988
(BRASIL, 1988c). Porém, muitos dos seus princípios e instituições continuam em
vigor, tais como os conceitos de empregador e empregado, as características do
vínculo empregatício e do contrato de trabalho, a Justiça do Trabalho e o Ministério
Público do Trabalho, a unicidade e a contribuição sindical obrigatória, entre outros. A
fiscalização do trabalho, então formalmente instituída, só passou a ter ação
realmente efetiva vários anos depois. (FUNDACENTRO, 2012)
20
2.3 O SURGIMENTO DAS NORMAS REGULAMENTADORAS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
Em decorrência das mudanças ocorridas na CLT com a sanção da Lei nº
6.514/1977, em 8 de junho de 1978 é aprovada pelo Ministro do Trabalho a Portaria
MTb no 3.214 (BRASIL, 1978), composta de 28 Normas Regulamentadoras,
conhecidas como NR’s – uma delas revogada em 2008 –, que vêm tendo a redação
modificada periodicamente, visando atender ao que recomendam as convenções da
OIT. As revisões permanentes buscam adequar as exigências legais às mudanças
ocorridas no mundo do trabalho, principalmente no que se refere aos novos riscos
ocupacionais e às medidas de controle, e são realizadas pelo próprio MTE, inclusive,
por delegação de competência pela Secretaria de Inspeção do Trabalho. As NR’s
estão em grande parte baseadas em normas semelhantes existentes em países
economicamente mais desenvolvidos. (FUNDACENTRO, 2012).
As NR’s da Portaria nº 3.214/1978 são as seguintes atualmente:
• NR-1 – Disposições Gerais.
• NR-2 – Inspeção Prévia.
• NR-3 – Embargo ou Interdição.
• NR-4 – Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do
Trabalho – SESMT.
• NR-5 – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – Cipa.
• NR-6 – Equipamento de Proteção Individual – EPI.
• NR-7 – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO.
• NR-8 – Edificações.
• NR-9 – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA.
• NR-10 – Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade.
• NR-11 – Transporte, Movimentação, Armazenagem e Manuseio de Materiais.
• NR-12 – Máquinas e Equipamentos.
• NR-13 – Caldeiras e Vasos de Pressão.
• NR-14 – Fornos.
• NR-15 – Atividades e Operações Insalubres.
• NR-16 – Atividades e Operações Perigosas.
• NR-17 – Ergonomia.
• NR-18 – Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção.
21
• NR-19 – Explosivos.
• NR-20 – Líquidos Combustíveis e Inflamáveis.
• NR-21 – Trabalho a Céu Aberto.
• NR-22 – Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração.
• NR-23 – Proteção Contra Incêndios.
• NR-24 – Condições Sanitárias e de Conforto nos Locais de Trabalho.
• NR-25 – Resíduos Industriais.
• NR-26 – Sinalização de Segurança.
• NR-27 – Registro Profissional do Técnico de Segurança do Trabalho no Ministério
do Trabalho (revogada pela Portaria MTE nº 262, de 29 de maio de 2008).
• NR-28 – Fiscalização e Penalidades.
• NR-29 – Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho Portuário.
• NR-30 – Segurança e Saúde no Trabalho Aquaviário.
• NR-31 – Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura, Pecuária, Silvicultura,
Exploração Florestal e Aquicultura.
• NR-32 – Segurança e Saúde no Trabalho em Serviços de Saúde.
• NR-33 – Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados.
• NR-34 – Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção e
Reparação Naval.
• NR-35 – Trabalho em Altura.
• NR-36 – Segurança e Saúde no Trabalho em Empresas de Abate e
Processamento de Carnes e Derivados.
As NR’s são a base normativa utilizada pelos inspetores do trabalho do MTE
para fiscalizar os ambientes de trabalho, onde eles têm competência legal de impor
sanções administrativas, conforme já discutido anteriormente. O processo de
elaboração e reformulação destas normas é necessariamente longo, começando
pela redação de um texto-base inicial, consulta pública, discussão tripartite, redação
do texto final, aprovação pelas autoridades competentes e publicação na imprensa
oficial. Todo o processo pode levar anos. (FUNDACENTRO, 2012)
22
2.4 OS ACIDENTES DE TRABALHO NO BRASIL
Segundo a reportagem da Gazeta do Povo do Mauri Konig de julho de 2015,
com o titulo: “Trabalho mata mais do que epidemia no Brasil”, relata que há uma
tragédia em curso no Brasil, da qual pouco se fala e que nada tem a ver com
guerras ou desastres naturais. Ainda assim se trata de uma tragédia, pela
quantidade de vítimas e a gravidade das sequelas. Foram 5 milhões de vítimas num
intervalo de apenas sete anos, com 19,5 mil mortos e 101 mil inválidos. Esses
brasileiros não estavam em conflitos e tampouco pegavam em armas quando
morreram ou ficaram mutilados. Eles estavam trabalhando.
Ainda segundo o Konig (2015) os acidentes de trabalho ostentam números
de uma epidemia para a qual o Brasil não encontra solução. As vítimas registradas
no período entre 2007 e 2013 – dados mais atuais do Instituto Nacional de Seguro
Social (INSS) que a Gazeta do Povo usou como base para a reportagem –
demonstram que os acidentes de trabalho matam seis vezes mais do que a dengue,
doença sazonal que todo verão impõe aos brasileiros o medo em escala
epidemiológica.
Figura 2 – Comparativo de números de mortes.
Fonte: Gazeta do Povo – Vida & Morte no Trabalho (2015).
No mesmo período de sete anos, o país teve 5,3 milhões de casos de
dengue, número equivalente aos acidentes de trabalho. Menos letal, a doença
matou 3.331 pessoas, média de 475 por ano, contra 19.478 óbitos no trabalho, ou
2.780 por ano – os 720 mil acidentes anuais ainda deixam 14,5 mil inválidos
permanentes. Cabe lembrar que, ano após ano, o combate à dengue mobiliza todo o
país, um esforço que não se vê no combate aos perigos no trabalho. (KONIG, 2015).
23
Segundo a matéria da Revista Proteção – Anuário Brasileiro de Proteção
2015 o Brasil retrocedeu na prevenção de acidentes em 2013, ao registrar 717.911
acidentes (acréscimo de 0,55% em relação a 2012) e 2.797 mortes (acréscimo de
1,05%), o país segue acumulando prejuízos de toda ordem. Perdas financeiras com
a concessão de benefícios acidentários, redução da produtividade e vidas
precocemente interrompidas pelas más condições de saúde e segurança no
ambiente laboral são os danos mais visíveis de uma realidade na qual os
indicadores negativos avançam quando deveriam recuar.
Konig (2015), ineficiência do poder público é a principal causa do alto índice
desses acidentes, junto com a falta de prevenção e a terceirização da mão de obra.
O Estado é incapaz de fiscalizar e de criar medidas preventivas, razão pela qual o
Judiciário e o Ministério Público têm tentado ocupar esse vazio para não deixar o
trabalhador tão à deriva, além de ineficiente.
Analisando os dados da Fiscalização do Trabalho fornecidos pelo Sistema
Federal de Inspeção do Trabalho, verifica-se que as 143.263 ações fiscais
empreendidas em 2013 (redução de 7,19% em relação a 2012), apesar de menos
numerosas, tiveram resultados mais expressivos. O contingente de 22.100.810
trabalhadores alcançados pelas ações fiscais em 2013 representa quase a metade
(45,15%) dos 48.948.433 trabalhadores com carteira assinada deste mesmo ano e é
o maior número contabilizado pela Fiscalização desde 2000 (acréscimo de 17,49%
em relação à 2012). (Revista Proteção, 2015)
Dos 5 milhões de acidentes de trabalho ocorridos no Brasil entre 2007 e
2013, data da última atualização do anuário estatístico da Previdência Social, 45%
acabaram em morte, em invalidez permanente ou afastamento temporário do
emprego. Só nesse período, o desembolso do Instituto Nacional do Seguro Social
(INSS) com indenizações aos acidentados foi de R$ 58 bilhões. Além da pensão por
morte e invalidez, o INSS paga ainda o salário do segurado a partir do 16º dia de
ausência no emprego. (KONIG, 2015).
Segundo o Konig (2015) só em 2013, o INSS pagou R$357 milhões em
benefícios por acidentes de trabalho. Uma parte se refere a afastamentos
temporários do emprego, mas ano após ano a conta vai crescendo porque uma
parte desses benefícios se destina a pensões por morte ou invalidez permanente.
Numa conta atualizada para 2015, somente o custo gerado pelos acidentes entre
24
trabalhadores com carteira assinada que são notificados e identificados nas
estatísticas oficiais é estimado em R$ 70 bilhões.
Figura 3 – Valores Gastos pelo INSS em 2013.
Fonte: Gazeta do Povo – Vida & Morte no Trabalho (2015).
Existem ainda outros custos que escapam às estatísticas oficiais. Esses
custos vão além dos benefícios previdenciários, já que a eles se somam os gastos
indiretos no Sistema Único de Saúde (SUS), com seguros de acidentes ou ações
nos tribunais de Justiça, por exemplo. O SUS, que é universal, atende um grande
número de pessoas que se acidentam e adoecem no mercado informal cujas
despesas correm por conta do Ministério da Saúde e não do INSS. Nesse ponto, às
estatísticas oficiais se incorporam estimativas as mais variadas. (Mauri Konig, 2015).
2.4.1 Ações do Governo para redução dos Acidentes de Trabalho
Segundo o Konig (2015) Empresas que contribuíram para a ocorrência de
acidentes de trabalho por negligência ou por descumprir as normas de segurança
estão sendo condenadas a devolver o valor pago pelo INSS como benefícios a
trabalhadores vítimas de acidentes e seus familiares. Desde 1994, a Advocacia-
Geral da União (AGU) ajuizou 3.940 ações regressivas acidentárias, metade delas
só nos últimos cinco anos.
A Procuradoria-Geral Federal (PGF), órgão da AGU responsável pelas
ações, tem obtido decisões favoráveis em 70% delas. Cerca de R$ 730 milhões de
ressarcimento por benefícios como auxílio-invalidez e pensão por morte já foram
25
pedidos na Justiça. Desde 2010, mais de R$ 10 milhões já foram devolvidos aos
cofres do INSS como resultado da atuação da procuradoria. (KONIG, 2015).
Chefe da Divisão de Gerenciamento de Ações Regressivas e Execução
Fiscal Trabalhista, o procurador federal Nícolas Francesco Calheiros vê muito mais
do que o ressarcimento pecuniário. Para ele, quando a ação regressiva começa a
pesar no bolso de quem teve culpa, surge o fator pedagógico. É quando as
empresas começam a perceber os custos dos acidentes de trabalho e tendem a
evitá-los obedecendo às normas de segurança. (KONIG, 2015).
A AGU tem procurado priorizar casos coletivos e de maior relevância.
Processos como o da Frangosul, condenada neste ano pelo Tribunal Regional
Federal da 4.ª Região (TRF4) a ressarcir em mais de R$ 1 milhão o INSS pelos
gastos com benefícios previdenciários pagos a 111 trabalhadores que sofreram
lesões e desenvolveram doenças enquanto trabalhavam na empresa. (KONIG,
2015).
O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) lançou em março a Estratégia
Nacional para Redução de Acidentes do Trabalho, buscando ampliar as ações para
redução dos acidentes e doenças de trabalho no Brasil. Dos quatro eixos da
estratégia, dois estão ligados à fiscalização de segurança e saúde e intensificação
da fiscalização dos acidentes de trabalho e dois estão ligados à mobilização da
sociedade pela prevenção de acidentes de trabalho. (KONIG, 2015).
Segundo o Konig (2015) o objetivo é prevenir os acidentes e a consequente
redução dos gastos do INSS. O ministério tem desenvolvido ações de segurança e
saúde no trabalho, em especial por meio dos auditores fiscais do trabalho. Entre
1996 e 2014, foram desenvolvidas 2,7 milhões de ações fiscais em segurança e
saúde no trabalho.
2.5 POR QUE DIMINUIR OS ACIDENTES DE TRABALHO
Segundo o Guia de Análise de Acidente do Trabalho – MTE (2010) os locais
de trabalho existem riscos e medidas de controle que devem ser adotadas para
eliminá-los ou reduzi-los a fim de prevenir acidentes e doenças. A ocorrência de um
acidente indica que as medidas de controle de risco eram inadequadas ou
insuficientes.
E porque então analisar os acidentes de trabalho?
26
Ainda segundo o Guia do MTE os acidentes e doenças relacionados ao trabalho
causam sofrimento e problemas para os trabalhadores, suas famílias, outras
pessoas e as empresas, gerando custo elevado para as empresas e para a
sociedade. As análises dos constituem importante ferramenta para o
desenvolvimento e refinamento do sistema de gerenciamento de riscos.
Uma adequada avaliação das condições de segurança e saúde proporciona
conhecimento dos riscos associados com as atividades laborais, contribuindo para a
transformação das condições de trabalho. Medidas de controle de risco bem
planejadas, associadas com supervisão adequada, monitoramento e gestão efetiva
de SST (Segurança e Saúde no Trabalho), podem garantir que as atividades no
trabalho sejam seguras. (MTE, 2010)
Além dos motivos acima relacionados no Guia do MTE, diversas razões
legais justificam a realização das análises, as Normas Regulamentadoras (NR’s) do
MTE determinam que as empresas analisem e capacitem os trabalhadores para
realizar análises de acidentes de trabalho, as próprias NR’s exigem ainda que os
empregadores planejem, controlem e monitorem as condições de SST, inclusive
fornecendo aos trabalhadores informações sobre riscos e medidas de controle.
A Previdência Social, por meio de ações regressivas, pode pleitear o
ressarcimento dos benefícios decorrentes de acidentes e doenças do trabalho cujos
fatores relacionados incluam a não observação das normas de segurança e saúde
no trabalho. A legislação previdenciária prevê a majoração das alíquotas do Seguro
de Acidente do Trabalho - SAT em função da incidência de acidentes e doenças
relacionados ao trabalho na empresa. A Constituição Federal, em seu artigo 7º,
inciso XXVIII, estabelece indenização por danos decorrentes do trabalho e o Código
Civil prevê indenizações em certas circunstâncias, independentemente de dolo ou
culpa por parte das empresas. (MTE, 2010).
E como se ganha com uma boa análise dos acidentes?
A identificação das maneiras pelas quais as pessoas estão expostas a riscos que
podem afetar sua segurança e saúde, a compreensão do quê ocorreu, de como o
trabalho foi realmente executado e de como e por que as coisas deram errado. O
reconhecimento de deficiências no controle de riscos no trabalho de forma a
possibilitar alterações e melhorias da gestão de SST e a possibilidade de troca de
informações sobre os riscos entre empresas, fabricantes e fornecedores.
27
2.6 GESTÃO DOS ACIDENTES Segundo Lafraia (2011) o sucesso de uma Organização depende cada vez
mais de conhecimento, habilidade, criatividade, motivação e comprometimento de
sua força de trabalho. O sucesso das pessoas, por sua vez, depende, cada vez
mais, de oportunidades para aprendizado e de um ambiente favorável ao pleno
desenvolvimento de suas potencialidades. Pessoas com habilidades e competências
distintas formam equipes de alto desempenho, quando encontram autonomias para
alcançar objetivos bem definidos.
Ainda segundo Lafraia (2011) alguns itens mostram atitudes e
comportamentos de pessoas que trabalham em Organizações que alcançaram a
excelência em SMS:
• Consideram SMS um valor. Agir de forma segura está acima de qualquer
outra coisa.
• Acreditam que todos os acidentes podem ser evitados.
• Estão envolvidas em atividades para a melhoria da segurança, tais como
participação na investigação de acidentes, criação ou revisão de regras de
segurança da área.
• Tem autonomia e responsabilidade para tomar medidas de prevenção de
acidentes que garantam a própria segurança e a de outros.
Um Sistema de Gestão eficaz deve integrar elementos abrangentes de forma
a garantir que os diversos fatores que compõem a Organização estejam adequados
à prevenção de acidentes. Existem diversas variáveis que precisam ser tratadas
para se assegurar o sucesso na implementação de um Sistema de Gestão. O maior
objetivo deve ser alcançar uma cultura de excelência em SMS, na qual todos se
sintam responsáveis por SMS e atuem todo tempo respeitando os pilares. Nesta
cultura as pessoas vão além de suas “obrigações”, passando a identificar
comportamentos e condições de risco e atuando para corrigi-los. (LAFRAIA, 2011).
Então a segurança pode competir com a produtividade e qualidade apenas se
for documentada em termos de realização de indicadores proativos. Como isso é
possível? Através da ênfase nos processos e sistemas que diminuem os índices de
acidentes da Organização. Em paralelo, torna-se necessário estabelecer um sistema
de medição que acompanhe as conquistas de segurança continuamente e as
apresente a toda força de trabalho. Duas características principais de um Sistema de
28
Gestão pautado por indicadores proativos é focar no processo e não em resultados
reativos e consistência e implementação de um processo e não de um programa.
(LAFRAIA, 2011).
As lideranças muitas vezes voltam sua atenção para resultados reativos em
vez de se concentrarem nos processos (sistemas, comportamentos e atitudes)
responsáveis por tais resultados. Quando as Organizações levam em consideração
as práticas que contribuem para a segurança, neste caso, os processos de
segurança são melhorados e, consequentemente, observa-se a redução de taxas de
frequências dos acidentes. O desafio para a melhoria e o aprendizado na área de
Segurança é o de resistir à tentação de gerenciar os acidentes. Torna-se
fundamental identificar os fatores críticos proativos, que são as práticas e os
processos contidos no Sistema de Gestão. (LAFRAIA, 2011).
A NBR 14280 estabelece 3 equações para controle de Indicadores de
Acidentes o TFSA (Taxa de Frequência de Acidentes Sem Afastamento), TFCA
(Taxa de Frequência de Acidentes Com Afastamento) e o TG (Taxa de Gravidade).
A empresa do estudo em questão além dos 3 indicadores dispostos na NBR 14280
adota um 4º indicador, o TOR (Taxa de Ocorrências Registráveis), a seguir as
equações dos 4 indicadores de controle dos acidentes:
• TFSA - Taxa de Frequência de Acidentes Sem Afastamento
���� =�º ��. �� ��� ������� � 1.000.000
���� (1)
• TFCA - Taxa de Frequência de Acidentes Com Afastamento
���� =�º ��. �� ��� ������� � 1.000.000
���� (2)
• TG - Taxa de Gravidade
�� =(�� + ��) � 1.000.000
���� (3)
29
Logo:
DP – dias perdidos (estipulado pelo nº de dias de afastamento)
DD – dias debitados (são dias não realmente perdidos que devem ser debitados por
morte ou incapacidade permanente, total ou parcial, de acordo com o estabelecido
no quadro 1 de 3.4.4. da NBR 14280).
• TOR - Taxa de Ocorrências Registráveis
�"� =(�º ��. �� ��� ������� + �º ��. �� ��� �������) � 1.000.000
���� (4)
De acordo com a Norma OHSAS 18001:2007 no item 4.5.3 que trata de
Investigação de incidentes, não conformidades, ações corretivas e ações
preventivas, estabelece que a organização deva estabelecer e manter um ou mais
procedimentos para registo, investigação e análise de incidentes, de forma a:
a) determinar as deficiências subjacentes na SST e outros fatores que
podem ser causa ou contribuir para a ocorrência de incidentes;
b) identificar a necessidade de ações corretivas;
c) identificar a necessidade de ações preventivas;
d) identificar oportunidades para melhoria contínua;
e) comunicar os resultados destas investigações.
As investigações devem ser realizadas dentro de um prazo razoável.
Qualquer necessidade identificada para ação corretiva ou oportunidade para ação
preventiva deve ser tratada através de acordo entre as partes interessadas. Os
resultados das investigações de incidentes devem ser documentados e mantidos.
(OHSAS 18001:2007)
30
3 METODOLOGIA
A realização do presente estudo deu-se em uma grande empresa de Curitiba,
empresa com mais de 40 anos de atividade e situada em uma área de 10 milhões de
metros quadrados. Dentro do seu corpo de trabalhadores encontram-se funcionários
próprios e também funcionários contratados totalizando mais de 2.000 funcionários,
entre próprios e contratados, sendo que os funcionários contratados são sua
maioria.
Esta monografia foi realizada com base em um estudo de caso único e teve
como técnica de coleta de dados uma pesquisa documental nos registros dos
acidentes de trabalho da empresa nos anos de 2012 a 2015.
Segundo Richardson (1999), a pesquisa quantitativa é caracterizada pelo
emprego da quantificação, tanto nas modalidades de coleta de informações quanto
no tratamento delas por meio de técnicas estatísticas e também segundo Malhotra
(2001, p.155), a pesquisa qualitativa proporciona uma melhor visão e compreensão
do contexto do problema. (OLIVEIRA, 2011)
Esta monografia, portanto envolve um trabalho quantitativo com técnica de
análise de conteúdo, o trabalho foi planilhar os acidentes de trabalho registrados de
2012 a 2015, levantando as principais informações que é o objetivo deste estudo
através dos documentos como: CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho), RPA
(Relatório Preliminar do Acidente) e o RTA (Relatório de Tratamento da Anomalia).
Foram estudados os acidentes de trabalhos ocorridos nos anos de 2012 a
2015, sendo que, os acidentes de 2015 foram analisados até o final do mês de
novembro de 2015 para o fechamento deste estudo, o tratamento das informações
deu-se através de sistemas de registros da empresa.
Os principais itens objetos deste estudo foram:
� O total de acidentes de 2012 a 2015;
� Quantidade de Acidentes Com e Sem Afastamento (ASA e ACA);
� Quantidade de Acidentes com funcionários próprios e contratados;
� Acidentes por função dos acidentados, separados por próprios e contratados;
� Horários dos acidentes e os dias da semana;
� As partes do corpo atingidas nos acidentes;
� A idade dos acidentados;
31
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Depois de finalizado o levantamento das informações e dos dados que eram
necessários, deu-se inicio aos estudos e os resultados estatísticos que se obteve
através deste estudo será mostrado neste item de Resultados e Discussões.
A figura 4 mostra o gráfico com o total de acidentes registrados nos anos de
2012 a 2015 e percebesse a diminuição gradativa das ocorrências, diminuição essa
de 49% dos registros de acidentes de trabalho de 2015 em relação aos acidentes
registrados em 2012. Essa queda gradativa no número de acidentes ano-a-ano foi
fruto de um plano de ação estudado ao fim do ano de 2012 e nos anos seguintes o
plano foi revisado e novas ações e programas foram implantados, o plano de ação e
as ações serão tratadas no capítulo seguinte.
Figura 4 – Gráfico com total de acidentes de 2012 a 2015.
Fonte: O autor (2015).
Outro estudo foi sobre a tipologia dos acidentes de trabalhos de forma a
identificar se as ocorrências foram Com ou Sem Afastamento (ACA ou ASA), desta
forma há subsídio para a empresa identificar entre as ocorrências como está a
gravidade dos acidentes. A figura 5 mostra o gráfico dos acidentes identificados por
ASA – Acidente Sem Afastamento e ACA – Acidente Com Afastamento dos anos de
2012 a 2015. Da mesma forma evidencia-se uma diminuição dos Acidentes Sem
Afastamento em 46% de 2015 em relação a 2012, apesar de ter havido um aumento
de 30% de ASA de 2014 para 2015.
32
Figura 5 – Gráfico de Acidentes por Tipo de Acidente – ASA / ACA.
Fonte: O Autor (2015).
Figura 6 – Gráfico do Percentual de Acidentes – ASA / ACA.
Fonte: O Autor (2015).
Nos 4 anos analisados foram registrados um total de 111 acidentes, a figura
6 mostra que 83% (92 acidentes) dos acidentes ocorridos foram de Acidentes Sem
Afastamento, o que pode-se concluir que foram acidentes de menor gravidade
(classe 1 – Primeiros Socorros e classe 2 – quando houve algum tratamento médico
mas sem afastamento). Os outros 17% (19 acidentes) foram de Acidentes Com
Afastamento, considerados classe 3, acidentes esses de maior gravidade que
ocasionou o afastamento do funcionário de suas atividades laborais por um certo
período, podendo ser de 1 dia ou até o afastamento pelo INSS.
33
Figura 7 – Gráfico do Percentual de Acidentes – Próprio x Contratado.
Fonte: O Autor (2015).
Na figura 7 o gráfico mostra o percentual dos acidentes divididos em
acidentes ocorridos com funcionários Próprios e com Contratados. Analisando o
gráfico pode-se perceber que o tipo de funcionários que mais se acidentam são os
funcionários contratados com 67% (74 acidentes) dos acidentes ocorridos e 33%
dos acidentes registrados (37 acidentes) ocorreram com funcionários próprios. Uma
das explicações para esses números são o fato da empresa possuir um número
maior de contratados do que de funcionários próprios, outra justificativa é que os
funcionários contratados estão mais envolvidos nas atividades de riscos como as
atividades de manutenção e quanto aos funcionários próprios na sua maioria estão
envolvidos em atividades administrativas e de fiscalização ficando parte dos
funcionários envolvidos na operação da planta.
Já no gráfico da figura 8 consegue-se ver os registros dos acidentes ano-a-
ano separados por funcionários Próprios e Contratados e percebe-se que os
números de acidentes com os contratados diminuíram em 56% de 2015 em relação
aos números de 2012. Já com os funcionários próprios a diminuição foi um pouco
menor, 43% de 2015 em relação aos números de 2012.
34
Figura 8 – Gráficos do Total de acidentes por tipo de funcionários.
Fonte : O Autor (2015).
As funções que mais sofreram com acidentes de trabalho em 2012 dos
contratados foram os Serventes com 8 acidentes isso significou quase 20% do
número de acidentes do ano, seguido das funções de Auxiliar de Cozinha e
Montador de Andaimes ambos com 3 acidentes cada conforme é mostrado na figura
9.
Figura 9 – Gráfico de Acidente por função em 2012 - Contratado.
Fonte: O Autor (2015).
Já no gráfico da figura 10 consegue-se ver que a função que mais se acidenta
entre os funcionários próprios é o Téc. Operação com 9 acidentes que significa 21%
do total de 2012. Somando os acidentes que envolveram Serventes e Téc.
35
Operação, somente estas 2 funções foram responsáveis de mais de 40% dos
acidentes em 2012.
Figura 10 – Gráfico de Acidente por função em 2012 – Próprio.
Fonte: O Autor (2015).
Figura 11 – Gráfico de Acidente por função em 2013 - Contratado.
Fonte: O Autor (2015).
Com a diminuição do número de acidentes de 2012 para 2013 as funções que
sofreram com acidentes de trabalho foram diluídos e mais funções aparecem no
gráfico. A função que mais se destacou em 2013 dos contratados foram os
Mecânicos com 4 acidentes, seguidos das funções de Servente, Caldeireiro e Téc.
Instrumentação com 2 acidentes cada conforme é mostrado na figura 11. Já no
36
gráfico da figura 12 a função que mais se acidentou entre os funcionários próprios
continuou sendo o Téc. Operação com 4 acidentes, seguido do Téc. Químico com 2
acidentes.
Figura 12 – Gráfico de Acidente por função em 2013 – Próprio.
Fonte : O Autor (2015).
Figura 13 – Gráfico de Acidente por função em 2014 - Contratado.
Fonte: O Autor (2015).
As funções entre os contratados que mais sofreram acidentes foram as de
Caldeireiro e Montador de Andaimes com 4 acidentes cada, seguidos das funções
de Servente e Torneiro Mecânico com 2 acidentes, representando um total de 54%
dos números de acidentes de 2014 conforme mostra a figura 13.
37
A figura 14 mostra o Téc. Operação com 5 acidentes, seguido do Téc. Químico com
1 acidente.
Figura 14 – Gráfico de Acidente por função em 2014 – Próprio.
Fonte: O Autor (2015).
As funções que mais sofreram com acidentes de trabalho em 2015 dos
contratados foram os Caldeireiros e Serventes com 2 acidentes cada, as demais
funções que aparecem no gráfico da figura 15 foram diluídas com 1 acidente cada.
Figura 15 – Gráfico de Acidente por função em 2015 - Contratado.
Fonte: O Autor (2015).
Já no gráfico da figura 16 consegue-se ver que a função que mais se acidenta
entre os funcionários próprios é o Téc. Operação com 7 acidentes que significa 33%
38
do total de 2015. Somando os acidentes que envolveram Serventes, Caldeireiros e
os Téc. Operação foram responsáveis de mais de 52% dos acidentes em 2015.
Figura 16 – Gráfico de Acidente por função em 2015 – Próprio.
Fonte: O Autor (2015).
Figura 17 - Gráfico de Acidente por função em 2012 a 2015 - Contratado.
Fonte: O Autor (2015).
Nos quatros anos analisados verificou-se que a função que mais sofreu
acidentes entre os contratados foram os Serventes com 14 acidentes, seguidos das
funções de Caldeireiros e Montadores de Andaimes, significa que 52% dos
acidentes nestes quatro anos entre os contratados foram com essas funções como
mostra o gráfico da figura 17. Essas funções estão ligadas diretamente com
39
atividades de maiores riscos como Construção Civil, Manutenção Industrial e
Montagem de Andaimes em toda planta.
Figura 18 – Gráfico de Acidente por função em 2012 a 2015 – Próprio.
Fonte: O Autor (2015).
Analisando o gráfico da figura 18 o Téc. Operação aparece com 25 acidentes
nos quatros anos analisados entre os funcionários próprios, significa que 67% dos
acidentes aconteceram com Téc. Operação. A função do Téc. Operação é o mais
presente na área industrial devido ser ele o responsável pelas liberações das PT’s
(Permissão de Trabalho) e a outras atividades ligadas aos equipamentos das
unidades em Operação as quais eles são responsáveis.
Figura 19 – Gráficos com os Dias da Semana dos acidentes – 2012 a 2015.
Fonte: O Autor (2015).
40
Outro item deste estudo foi à verificação em que dia da semana mais
ocorriam os acidentes, a dúvida era se o fato da volta do final de semana ou se à
proximidade dele interferiam nos acidentes. E conforme mostra o gráfico da figura 19
os picos dos maiores números dos acidentes não foram a Segunda e a Sexta-feira,
apesar de terem também números significativos, mais sim registrados no meio da
semana na Terça, Quarta e Quinta-feira que somaram 70 dos 111 acidentes
registrados nos quatro anos ou 63% dos acidentes.
Em que horário ocorrem mais acidentes? Essa pergunta pode ser respondida
analisando o gráfico da figura 20, a primeira área tracejada mostra os horários entre
09:00 e 11:59 no período da manhã onde ocorreram 38% dos acidentes registrados
nos quatro anos do estudo, pode-se analisar dois fatos: o horário de trabalho inicia-
se às 07:30 geralmente as empresas realizam o DDS (Diálogo Diário de Segurança)
logo pela manhã e após os funcionários são liberados para as frentes de trabalho. O
Téc. Operação de cada área é o responsável pela liberação das PT’s juntamente
com a SMS, efetivamente os trabalhos iniciam-se por volta das 08:30. O outro fato é
com à proximidade do almoço, às 11:00 inicia-se o horário do almoço, o que leva a
ansiedade em terminar a tarefa e ir almoçar, essa ansiedade pode levar a pressa e a
descuidos durante as atividades e em consequência, os acidentes.
A outra área tracejada corresponde ao período da tarde, onde ocorreram 45%
dos acidentes, mas uma faixa especifica chama atenção que é do período das 15:00
às 16:59, a maioria das empresas tem seus horários de saída às 16:30 e uma
pequena parte às 17:20, entramos em uma análise similar quanto a ansiedade e
pressa em terminar a atividade para ir embora levando a ocorrência de acidentes.
Figura 20 – Gráficos com os horários dos acidentes – 2012 a 2015.
Fonte: O Autor (2015).
41
Figura 21 – Gráfico da Parte do Corpo Atingido nos acidentes – 2012 a 2015.
Fonte: O Autor (2015).
Um importante item do estudo dos acidentes analisados foi à parte do corpo
atingida nos acidentes, segundo o Mauri Konig (2015) os dedos das mãos são os
órgãos do corpo mais vulneráveis entre os trabalhadores. Os brasileiros mutilam ou
incapacitam 135 mil deles todos os anos em acidentes de trabalho. A soma chega a
um milhão de dedos perdidos no período de sete anos analisado pela reportagem
nos anuários estatísticos da Previdência Social.
Conforme mostra o gráfico da figura 21 os dedos e as mãos foram às
partes do corpo mais atingidas, responsáveis por 44% dos acidentes seguido de
acidentes no rosto. As mãos e os dedos são mais vulneráveis devido às atividades
serem desenvolvidas com as mãos, seguindo aí a tendência conforme a reportagem
de Mauri Konig que os dedos são a parte do corpo mais atingido em acidentes de
trabalho.
Figura 22 – Gráficos da idade dos acidentados – 2012 a 2015.
Fonte: O Autor (2015).
42
O último dado analisado foi à idade dos acidentados, a dúvida era se o fator
idade interferia na ocorrência dos acidentes e como pode observar no gráfico da
figura 22 os picos de idade que mais sofreram de acidentes de trabalho foram as
faixas de 20 – 29 anos, 30 – 39 anos e de 40 – 49 anos, responsáveis por 86% dos
acidentes registrados.
A faixa de idade de 20 a 49 anos são de pessoas ativas profissionalmente,
neste caso, não sendo a idade uma causa importante das ocorrências de acidentes.
4.1 INDICADORES DOS ACIDENTES Foi mostrado anteriormente que números de acidente diminuíram ano-a-ano,
porém quando se trata de Indicadores essa diminuição não é percebida, devido que
os limites são estabelecidos para medir o desempenho por determinado período e
ajustados conforme política da empresa.
O primeiro indicado que analisado foi o TFSA (Acidente Sem Afastamentos)
de 2012 a 2015 teve uma redução significativa no valor Limite do Indicador,
ocasionando que em determinado ano o limite era atingido e no ano seguinte não. O
gráfico da figura 23 mostra o Indicador do TFSA (calculado conforme equação
número (1)) em 2012 o Limite foi de 6,67 e não foi atingido, assim como em 2015
não será, devido ter um Limite de 2,18. Já em 2013 e 2014 o limite foi atingido e
tinham como valores 6,38 e 4,33 respectivamente. Isso mostra que apesar da
diminuição dos Acidentes Sem Afastamento o valor do Limite do Indicador também
sofre diminuição para que as ocorrências nos anos seguintes sejam menores.
Figura 23 – Indicador do TFSA.
Fonte: O Autor (2015).
43
O segundo indicado que analisado foi o TFCA (Acidente Com Afastamentos)
de 2012 a 2015. O gráfico abaixo da figura 24 mostra o Indicador do TFCA
(calculado conforme equação número (2)) em 2012 o Limite foi de 0,33 e não foi
atingido, em 2013, 2014 e 2015 o limite foi 0,42, sendo que em 2013 e 2014 o limite
também não foi atingido, agora em 2015 o limite será atingido. Os Acidente com
Afastamento deram uma oscilada e em 2015 houve apenas uma ocorrência o levou
o atingimento do Limite no ano de 2015.
Figura 24 – Indicador do TFCA.
Fonte: O Autor (2015).
Figura 25 - Indicador do TG.
Fonte: O Autor (2015).
O terceiro indicador analisado foi o TG (Taxa de Gravidade) de 2012 a 2015.
O gráfico da figura 25 mostra o Indicador do TG (calculado conforme equação
número (3)) em 2012 o Limite foi de 11 e não foi atingido, em 2013, 2014 e 2015 o
44
limite foi 14, sendo que em 2012, 2013 e 2014 o limite também não foi atingido,
agora em 2015 o limite será atingido. O TG leva em consideração os Acidentes com
Afastamento e como em 2015 houve apenas uma ocorrência o que levou ao
atingimento do Limite no ano de 2015.
O quarto indicado que analisado foi o TOR (Taxa de Ocorrências
Registráveis) de 2012 a 2015 teve uma redução significativa no valor Limite do
Indicador, ocasionando que em determinado ano o limite era atingido e no ano
seguinte não. O gráfico da figura 26 mostra o Indicador do TOR (calculado conforme
equação número (4)) em 2012 o Limite foi de 7,00 e não foi atingido, assim como em
2015 não será porque tem um Limite de 2,60. Já em 2013 e 2014 o limite foi atingido
e tinham como valores 6,80 e 4,75 respectivamente. O TOR está ligado aos
acidentes com e sem afastamento, mostrando também que a diminuição do
Indicador é para que haja ações também para diminuição dos acidentes.
Figura 26 – Indicador do TOR.
Fonte: O Autor (2015).
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5 AÇÕES DESENVOLVIDAS PARA REDUÇÃO DOS ACIDENTES
Uma das principais ações para a redução dos números dos acidentes foi o
trabalho na base para a redução do número de desvios. Uma forma simplificada de
explicar a Pirâmide de Bird é, ao tratar e diminuir os desvios temos como
consequência também a diminuição dos acidentes. Mas falar em ações para a
diminuição dos desvios é falar em ações que vão confrontar o fator humano e o
comportamental. Várias ações foram tomadas nesse sentido:
� 1º - toda a força de trabalho passou por treinamento sobre
Comportamento Seguro e o tema também foi incluso na Integração de forma
permanente.
� 2º - as empresas contratadas começaram a passar por Inspeções de
Campo mensais a fim de identificar os desvios nas frentes de trabalhos e
possibilitando que a empresa monte o plano de ação para corrigi-los de forma a
evitar recorrências.
� 3º - foi instituído o dia do OLA (Ordem, Limpeza e Arrumação) onde
todas as empresas foram a campo para organizar, limpar e descartar todo material
sem utilização, além de deixar as frentes de trabalho organizadas. O Programa de
OLA foi instituído de forma permanente sendo exigida das empresas que
mantenham suas frentes de trabalhos limpas e organizada assim como canteiros e
oficinas.
� 4º - a implementação da ferramenta AST (Análise de Segurança da
Tarefa), teve o objetivo de fazer com que o executante antes de realizar sua
atividade preenchesse o check-list da AST de forma que observasse se seu local de
trabalho está limpo e organizado, suas ferramentas estão todas disponíveis e sem
avarias para o uso, se todas as recomendações da PT e da LV da AR (Lista de
Verificação da Análise de Risco) foram atendidas e se há algum outro risco adicional
que não foi verificado, assim garantindo um trabalho seguro e de risco de acidente
minimizados.
Como mostra o gráfico da figura 27, observa-se a queda dos números dos
desvios registrados no Audicomp foram gradativas ano-a-ano, uma redução de 57%
dos desvios registrados em 2015 em relação a 2012, lembrando que os números de
desvios de 2015 são até novembro para fechamento deste estudo.
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Figura 27 – Total de desvios 2012 a 2015.
Fonte: O Autor (2015).
O gráfico da figura 28 mostra a queda do número de desvios registrados de
OLA e de Procedimentos, as 2 categorias de maiores registros. Esse gráfico mostra
que as ações deram resultados esperados com a diminuição dos desvios e em
consequência a diminuição também dos acidentes.
Figura 28 – Categoria dos desvios – 2012 a 2015.
Fonte: O Autor (2015).
Outra ação tomada para a diminuição dos acidentes foi à elaboração de
DSS’s (Diálogo Semanal de Segurança) para envio as empresas contratadas com
temas específicos. Temas esses são estudados de acordo com o que está em
destaque na semana, por exemplo: os números de desvios registrados durante a
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semana foram de falta do uso de EPI’s (Equipamento de Proteção Individual), então
o tema da semana que será enviado será sobre o uso do EPI.
Ainda nessa mesma ação do envio do DSS, toda vez que acontece um
acidente é elaborado um Alerta de SMS sobre o acidente e enviado as empresas
contratadas para a divulgação da força de trabalho, o mais importante é a
aprendizagem da empresa com o “erro” da outra, possibilitando ações preventivas
para que um acidente similar não ocorra na outra empresa.
Outra ação tomada, mas agora voltada para as lideranças foi à elaboração do
Boletim de SMS, que tem como objetivo munir as lideranças de informações sobre
estatísticas de acidentes, desvios e entre outras informações para trabalhar com a
força de trabalho.
Devido à quantidade de acidentes envolvendo Mãos e Dedos foi realizado
uma campanha nas empresas contratadas a fim de conscientizar o trabalhador no
cuidado das Mãos e Dedos durante a execução das tarefas. Cada empresa realizou
sua campanha com treinamento e material visual de alertas e identificação de
máquinas ou ferramentas que possam causar algum tipo de lesão nas mãos e
dedos. A figura 29 mostra uma placa fixada na máquina como forma de alerta.
Figura 29 – Alerta de Risco de acidentes com as Mãos em Máquinas.
Fonte: A empresa (2015).
Mediante as ações de prevenção realizadas pelas empresas contratadas para
a diminuição dos acidentes com as mãos, pode-se observar como conforme mostra
a figura 30 do gráfico com Acidentes com as mãos, que houve uma redução de 50%
de 2015 com relação ao total em 2012.
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Figura 30 – Acidentes com as Mãos.
Fonte: O Autor (2015).
Uma última ação recente da empresa foi o lançamento da campanha das 10
Regras de Ouros, que tem como objetivos prevenir danos às pessoas e fortalecer a
cultura de segurança de processo. A maioria da força de trabalho segue as Regras
na maior parte do tempo, mas a meta é que todos sigam as Regras sempre.
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6 CONCLUSÕES
Com as informações do estudo conclui-se que as ações tomadas pela
empresa resultaram na diminuição gradativa dos acidentes. Foram detectados 111
acidentes nos anos de 2012 a 2015 e houve uma redução de 49% dos registros dos
acidentes de trabalho. Desses 111 acidentes 83% deles foram de Acidentes Sem
Afastamento e 17% foram de Acidentes Com Afastamento. Em 2012, 2013 e 2014
os acidentes sem afastamento diminuíram ano-a-ano com um aumento do número
em 2015. Na contra mão veio os acidentes com afastamento que vinham crescendo
gradativamente de 2012, 2013 e 2014 e caiu a um acidente em 2015, mas o mais
importante é que o número total de acidentes diminuiu.
Outra conclusão foi de que 67% dos acidentes acontecem com os
contratados, o que serviu para direcionar as ações tomadas para as empresas
contratadas, como: realizar maior número de Inspeções de Campo nos canteiros e
nas frentes de trabalho, implantar as AST’s e os DDS’s específicos.
Foi observando também a queda dos números dos desvios registrados, então
conclui-se que com as ações preventivas tomadas durante esse período, ações
essas baseadas em estudos e planejamento observou-se resultados contundentes e
que a grande maioria dos acidentes podem ser evitados fazendo-se o simples,
podendo sim chegar ao ACIDENTE ZERO.
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REFERÊNCIAS
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