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Setembro 2014 ALTO RISCO 3 Estarão os Bombeiros preparados para o Ébola? SUPLEMENTO DO JORNAL ALTO RISCO DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE BOMBEIROS PROFISSIONAIS (instituição de utilidade pública) N.º50 | 6ª Série | Setembro 2014

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Setembro 2014 ALTO RISCO 3

Estarão os Bombeiros preparados para o Ébola?

SUPLEMENTO DO JORNAL ALTO RISCO DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE BOMBEIROS PROFISSIONAIS

(instituição de utilidade pública)

N.º50 | 6ª Série | Setembro 2014

4 ALTO RISCO Setembro 2014 Setembro 2013 ALTO RISCO 5

6 ALTO RISCO Setembro 2014 Setembro 2014 ALTO RISCO 7

Destaques

6 Destaque 11

361º Meeting de Equipas de Salvamento em Meios Urbanos

30

ExposiçãoÉbola:

Reportagem

NotíciaVespa Asiática “assusta” Portugal

Perigo imediato e alerta total 5ª Edição NFPA-APSEI -

Prevenção e Segurança

Fernando CurtoPresidente da Associação Nacional

de Bombeiros Profissionais

Editorial

DiretorFilomena Barros

Diretor-AdjuntoSérgio Carvalho

RedaçãoCátia Godinho

Miguel Marques

GrafismoJoão Botas Gonçalves

PaginaçãoJoão Botas Gonçalves

FotografiaGab. Aud. ANBP

PublicidadePaulo Bandarra

PropriedadeAssociação Nacional

de Bombeiros Profissionais

Av. D. Carlos I, 89, r/c 1200 Lisboa

Tel.: 21 394 20 80

Tiragem20 000 exemplares

Registo n.117 011Dep. Legal n. 68

848/93

ImpressãoMX3

Há sempre novos desafios que se colocam aos Bombeiros

Nesta edição da revista Alto Ris-co destacamos a questão do vírus Ébola. O surto está a pre-ocupar o mundo, ao nível da Organização Mundial de Saú-

de, e, em particular, os países de África Oci-dental afetados com muitos casos e mortes.

A doença já chegou aos Estados Unidos e à Europa, em concreto à vizinha Espa-nha. Quanto ao nosso país, foi montado um dispositivo de alerta e resposta a qualquer caso suspeito ou confirmado. A Direção Geral de Saúde tem estado a coordenar o trabalho das equipas e hospitais de referên-cia e anunciou uma campanha de informa-ção ao público em geral. Neste, e noutros casos, o melhor é estar informado e saber o que fazer para se prevenir ou reportar um caso suspeito de Ébola. E isto vale para o cidadão comum, para as autoridades ofi-ciais, entidades privadas, etc. E para os bombeiros…

Há também um outro desafio para os bombeiros, bem diferente da sua atividade normal: em algumas autarquias no norte do território continental, a vespa asiática está a atacar as colmeias de mel, o que preocupa os apicultores e ambientalistas. Os Bombei-ros Sapadores de Braga, Municipais de Via-na do Castelo, Voluntários de Guimarães e de Felgueiras já foram chamados a intervir nas operações que os municípios desenvol-vem para travar esta ameaça da vespa.

Num outro plano, trazemos nesta edi-

ção um importante alerta: a alimentação dos bombeiros. Depois de horas a fio a trabalhar, nem sempre apetece pensar no que se come ou bebe. Mas os conselhos de quem sabe, e neste caso temos a opinião de uma nutricionista que é bombeira, vão, cer-tamente, ajudar os nossos leitores/bombei-ros a procurar ter mais cuidado com a ali-mentação e, com isso, a ter melhor saúde.

Um outro destaque tem a ver com o relatório da UNICEF sobe o impacto da cri-se nas crianças, em Portugal. Este primeiro estudo feito no nosso país denuncia o que falta no apoio aos mais pequenos, atingidos pelo desemprego e dificuldades financeiras dos seus pais. O relatório analisa também as políticas sociais em vigor, apontando os cortes nos subsídios como um fator que aumentou o risco de pobreza nos últimos anos. O assunto dá que pensar… até tendo em conta as medidas que estão previstas para o próximo Orçamento do Estado.

Nesta edição pode ainda ver as ima-gens que contam como foi o Dia Nacional do Bombeiro Profissional, assinalado a 11 de Setembro em Braga. Imagens de todos os que participaram na iniciativa organiza-da pela Associação Nacional de Bombeiros Profissionais, e que tem a importância de ser uma homenagem pública.

São também notícia os bombeiros que se destacam nas provas e competições desportivas internacionais.

Registe e partilhe! Boas leituras!

8 ALTO RISCO Setembro 2014 Setembro 2014 ALTO RISCO 9

Destaque

alarme, quando declarou estado de emer-gência internacional. Nos Estados Unidos os cientistas estimam que, no pior dos cenários, o ébola poderá matar um milhão de pessoas até o final de janeiro de 2015.

Em Portugal, são a Direção Geral de Saúde DGS) e o INEM que estão na linha da frente na prevenção, esclarecimento e trans-porte para os três hospitais preparados para receber doentes infetados com a doença.

Existe uma diretiva da DGS que proíbe os bombeiros de fazerem o transporte de doentes suspeitos de terem contraído a doença, tendo que seguir um protocolo que obriga as corporações a contactarem

No início do ano surgiram diversas notícias sobre um surto de ébola em alguns países da costa ocidental de África. Aos poucos, e com o decorrer

do ano, foram aumentando o volume de notícias e, proporcionalmente, o alarme junto da comunidade médica e respon-sáveis políticos. Atualmente, domina a agenda mediática, à medida que o risco de contágio no mundo ocidental aumenta significativamente.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) ativou em agosto todas as campainhas de

o INEM ou a Linha Saúde 24 e esperarem por uma das ambulâncias do Instituto Nacional de Emergência Médica para efe-tuar o transporte.

Mas algumas corporações de bombei-ros estão a preparar-se, com sessões de esclarecimento e equipamento próprio de proteção. É o caso dos Bombeiros Volun-tários do Barreiro, que fizeram uma sessão de esclarecimento na última semana de outubro.

Segundo o comandante desta corpora-ção, José Figueiredo, “fizemos esta sessão para serem esclarecidos os procedimentos a serem aplicados, em caso de contacto

Ébola: perigo imediato e alerta total

(Por Miguel Marques)

A Organização Mundial de Saúde divulgou números novos e devastadores sobre o ébola. O alerta é mundial e pode estar ao virar da esquina uma epidemia de grandes proporções. Todos os países prepararam planos de prevenção e combate ao ébola. Em Portugal as auto-ridades sanitárias e políticas, preparam todos os cenários. Algumas corporações de bombei-ros também estão a preparar-se com sessões de esclarecimento e compra de equipamento.

com doentes infetados”.Também “o nosso departamento médi-

co fez um plano de contingência para o ébola”. José Figueiredo, refere ainda que “foram adquiridos alguns equipamentos de proteção, para serem colocados nas ambulâncias, que tem como finalidade proteger os bombeiros enquanto não che-ga a ambulância do INEM”.

Apesar de não assumir diretamente, o comandante dos bombeiros sublinha que “temos de estar preparados para o pior cenário, onde os procedimentos a aplicar vão ser completamente diferentes”.

Alarme da OMSMargaret Chan, diretora-geral da OMS,

não poupou palavras para avisar sobre as consequências do ébola em países com um tecido social e um sistema político frágeis, como os da África Ocidental, onde a epi-demia já fez mais de 4000 mortos: “Nunca

vi uma crise de saúde ameaçar a própria sobrevivência de sociedades e governos em países já muito pobres. Nunca vi uma doença infeciosa contribuir tão fortemente para potenciais estados falhados”, citada pela BBC, no final de uma reunião de res-ponsáveis de saúde realizada nas Filipinas a 13 de outubro.

Chan declarou, através de um porta--voz, que o número de casos de infeções pelo vírus do ébola – que já ultrapassaram 8000, segundo dados da OMS – estava a crescer exponencialmente nos países mais afetados – Guiné-Conacri, Libéria e Serra Leoa.

Os números são assustadores, mos-tram a gravidade da doença e a rapidez com que se propaga. Segundo a Organiza-ção Mundial de Saúde, no início de Dezem-bro deverá haver entre 5.000 e 10.000 novos casos de ébola por semana. A taxa de mortalidade, essa, estima-se que conti-nue a ser muito elevada — 70% nos países mais afetados, a Libéria, a Serra Leoa e a Guiné-Conacri.

Para ajudar a conter o ébola nos países onde a epidemia surgiu, as autoridades norte-americanas enviaram 400 mil kits de cuidados médicos com batas protetoras, máscaras, luvas, cloro e medicamentos para a Libéria, país no centro do pior sur-to da doença, informou o jornal britânico “The Times”.

A epidemia do ébola, doença que está a infetar e a matar sobretudo na África oci-dental — mas já chegou aos Estados Uni-dos e à Europa —, matou até 14 outubro, 4.447 pessoas em 8.914 infetadas. Bruce Aylward, diretor-adjunto da OMS, expli-cou, porém, que estes números falham por defeito, uma vez que há uma grande quantidade de casos não registados. O número real de infetados nas capitais dos três países mais afetados deverá ser bas-tante maior — 1,5 maior na Guiné, duas vezes mais na Serra Leoa e 2,5 vezes mais na Libéria.

“Para este grupo de pessoas [da África Ocidental] que sabemos estarem doentes e cuja sorte conhecemos, a taxa de morta-lidade é de 70%, sendo este número idên-tico para os três países”, alertou o diretor adjunto da OMS, que é o responsável ope-racional desta agência da ONU.

A avalanche de números terríveis foi usada por Bruce Aylward para explicar que o mundo tem de se concertar para comba-

ter, em bloco e de forma eficaz, esta epide-mia. A comunidade internacional, disse em tom crítico, tem de “dar provas de maior determinação para responder de forma decisiva”.

As Nações Unidas traçaram já um obje-tivo, ambicioso, e que exige ações concer-tadas entre os países: travar a expansão da doença até 1 de Dezembro, altura em que se prevê que o número de casos vai aumentar exponencialmente. Para isso, quer criar mecanismos de segurança para o enterro dos mortos e garantir o iso-lamento de pelo menos 70% dos casos suspeitos. “É um projeto muito ambicio-so”, disse Aylward, considerando que a “propagação geográfica é um dos maiores desafios”.

O Centro para o Controle e Prevenção de Doenças (CCPD) dos Estados Unidos afirmou que poderá haver 1,4 milhões de infeções na Libéria e na Serra Leoa até o final de janeiro de 2015. O pior quadro possível considera ainda a possibilidade do vírus sofrer uma mutação e, assim, modificar a sua forma de contágio.

Emergência de saúde públicaO primeiro caso de contágio por ébola

na Europa surgiu em Espanha, com o con-tágio de uma auxiliar de enfermagem, que tratou um doente infetado com o vírus. Já antes deste caso, dois outros espanhóis tinham sido infetados em território africa-no mas, apesar dos esforços desenvolvi-dos, viriam a falecer em Espanha.

Agora, e depois de a OMS ter decla-rado a epidemia do ébola “emergência de saúde pública de carácter mundial” a 8 de agosto, o mundo despertou e foram imple-mentadas medidas sanitárias rigorosas e traçados planos de contingência para fazer face a esta doença, que não tem cura.

E Portugal está preparado?Num cenário em que apareça um doen-

te infetado com o vírus do ébola, as auto-ridades portuguesas asseguram que todos os cenários estão equacionados.

A DGS garante que os mecanismos para detetar, investigar, confirmar labo-ratorialmente e gerir os casos suspeitos estão a postos. As respostas estão arti-culadas com outras entidades, como as autoridades aeroportuárias e portuárias.

Foi criado um dispositivo de coordena-ção que se mantém alerta e que mobilizará

10 ALTO RISCO Setembro 2014 Setembro 2014 ALTO RISCO 11

os recursos adequados, se necessário. A DGS vai formar regularmente os profissio-nais da área e os cidadãos sobre o risco de infeção e as respostas apropriadas.

A DGS vai lançar ainda uma cam-panha de comunicação e sensibilização para a população sobre o ébola, para tra-var situações como as que se verificaram no Hospital de São João, em que uma doente com suspeitas da doença entrou pelo seu próprio pé na urgência. Antes já se havia deslocado a um hospital pri-vado, que negligenciou o protocolo que o obriga à comunicação do caso à linha Saúde 24 e à DGS. Caso o protocolo tivesse sido cumprido que encaminharia a paciente para ser transportada numa viatura do INEM. Uma falha no protocolo que levou a DGS a admitir que iria inves-tigar o caso, por ter havido negligência, ainda que sem consequências de saúde pública, admitiu publicamente o diretor--geral da de Saúde.

Francisco George, afirmou à agên-cia Lusa que o objetivo desta campanha é ajudar as pessoas a perceber quais os sintomas da doença, quais os países em que existe e os cuidados a ter para evitar a transmissão. “Vamos fazer uma vasta campanha, em vários meios, entre eles a televisão.”

O Ministério da Saúde admitiu que, em “caso de necessidade”, estariam previstas dotações adicionais para lidar com a doen-ça em Portugal, mas que “para já, as despe-sas, que são reduzidas, têm estado a cargo das unidades hospitalares e do INEM”.

Além da realização de simulacros e uma campanha de informação, o Governo admitiu avançar com iniciativas de medi-

ção da temperatura a viajantes que che-guem aos aeroportos.

Privados também têm plano“Já há planos de contingência em

todas as unidades. Seis das que têm atendimento médico permanente têm plano e, no Hospital da Luz, já foi testado várias vezes. Há equipamentos especiais que são exigidos”, disse um responsá-vel da Espíri to Santo Saúde à Agência Lusa. No Hospital de Loures e na Luz

“há um circuito específico, sem passar pela urgência. As pessoas vão lá e ficam fechadas, tocam uma campainha para evitar contactos. Está tudo assinalado. Lá dentro têm instruções”, diz a fonte da Espírito Santo Saúde.

Já na José de Mello Saúde, “está a apli-car-se o que estipula a DGS”, adianta a Lusa. Implica separação, mas não foram geradas unidades específicas. Foram criados grupos para gerir o protocolo e lidar com eventuais suspeitas e o seu isolamento.

Bombeiros com indicações genéricasTambém as autoridades de proteção

civil, em coordenação, preparam diferentes níveis de resposta ao surto do ébola. Ao nível dos bombeiros, existe uma diretiva de Pedro Lopes, diretor Nacional de Bombei-ros com indicações de como procederem perante uma infeção do vírus do ébola.

Estes procedimentos a adotar pelos bombeiros perante situações suspeitas, seguem as indicações da Direção Geral de Saúde.

O comunicado emitido por Pedro Lopes, em agosto, refere que a ANPC, atra-vés do Comando Nacional de Operações de Socorro e em estreita ligação com a Dire-ção Geral de Saúde, através do seu Oficial de Ligação, acompanha em permanência todo o processo”.

Vacinas vão chegar a tempo?No início de 2015, vão estar disponíveis

milhares de doses de vacinas experimen-tais contra o ébola, disse uma responsável da Organização Mundial da Saúde a 10 de outubro.

As vacinas são provenientes de duas empresas diferentes, a inglesa GlaxoS-mithKline e a norte-americana NewLink Genetics. “A GSK deverá ter 10 mil doses disponíveis [da vacina] no início do pró-ximo ano”, declarou Marie-Paule Kieny, da direcção da OMS, numa conferência de imprensa em Genebra, citada pela agência AFP. Já a NewLink Genetics, que também desenvolveu outra vacina, terá disponível “alguns milhares” de doses nos próximos meses.

Estas duas vacinas são ainda experi-mentais, obtiveram bons resultados nos testes feitos em primatas, mas ainda estão na primeira fase de ensaios clínicos em humanos. Esta fase inicial testa apenas a segurança da vacina, só depois se vai ana-lisar a eficácia na imunização dos humanos contra o ébola.

Há outras potenciais opções em cima da mesa para o tratamento da doença. Até ao final do ano, poderá haver algumas cente-nas de doses do medicamento experimental ZMapp, que já foi usado em alguns casos, mas que ainda não se comprovou a sua ver-dadeira eficácia. “Claramente este não é o tipo de escala que possa ter um impacto na curva da epidemia”, explicou a responsável da OMS, referindo-se ao número de doses futuras do fármaco.

1 - O que é o ébola?O ébola é um vírus identificado pela primeira vez em 1976, que provoca febres hemorrá-

gicas. Não existe vacina, nem tratamentos específicos, e a taxa de mortalidade situa-se entre os 25 por cento e os 90 por cento.

2 - Como ocorre a infeção?A infeção resulta do contacto direto com líquidos orgânicos de doentes - como sangue,

urina, fezes ou sémen. A transmissão da doença por via sexual pode ocorrer até sete semanas depois da recuperação clínica. O período de incubação da doença pode durar até três semanas.

3 - Os surtos:Desde 1976 registaram-se vários surtos, nenhum com tantos infetados e países atingidos

como o atual, que começou em fevereiro.4 - Países afetados:Até ao momento e neste surto, registaram-se casos na Guiné-Conacri, Libéria, Serra Leoa

e Nigéria.5 - Quais os sintomas?A febre costuma ser o principal sinal, acompanhada de fraqueza e de dores musculares,

de cabeça e de garganta. Outros sintomas são náuseas, diarreia, feridas na pele, problemas hepáticos e hemorragias interna e externa. Entre a infeção pelo vírus e os primeiros sintomas podem decorrer entre dois e 21 dias.

6 - Como se trata?Não existe cura nem um tratamento específico para a febre hemorrágica provocada pelo

vírus do ébola. A estes doentes são dados os tratamentos que costumam ser administrados nos cuidados intensivos, com destaque para a hidratação.

7 - Quais os hospitais portugueses de referência?Em Portugal, os hospitais para onde serão encaminhados os doentes suspeitos de esta-

rem infetados com o vírus do ébola são os hospitais Curry Cabral e Dona Estefânia, em Lisboa, e São João, no Porto.

8 - Qual o laboratório de referência?O laboratório de referência em Portugal é o Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge.9 - Qual é a resposta de emergência médica?O Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) tem equipas especializadas, com

formação específica e equipamento de proteção elevado. Serão estas equipas que irão acom-panhar os casos suspeitos ou de doença e encaminhá-los para os hospitais de referência.

10 - Que medidas as autoridades portuguesas têm em vigor (anunciadas pela Direção Geral da Saúde)?

a) Reforço da articulação internacional, nomeadamente com a OMS, com o European Centre for Disease Prevention and Control (ECDC), em Estocolmo, e com outros países;

b) Recomendação aos cidadãos para que ponderem viajar apenas em situações essen-ciais, tendo em atenção o princípio da precaução, apesar de não estarem interditadas, atual-mente, viagens internacionais para áreas afetadas;

c) Os viajantes são alertados para procurarem aconselhamento médico caso se verifique exposição ao vírus ou desenvolvam sintomas da doença;

d) Portugal tem em estado de prontidão mecanismos para detetar, investigar e gerir casos suspeitos da doença por vírus ébola, incluindo capacidade laboratorial para confirma-ção da doença;

e) Estão previstas medidas para facilitar o resgate e a repatriação dos cidadãos que possam ter estado expostos ao vírus.

Dez respostas a perguntas frequentes sobre o ébola

Fontes: (Fotos e recolha de Informação) Direção-Geral da Saúde, Organização Mundial da Saúde, Centro de Controlo e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças.

12 ALTO RISCO Setembro 2014 Setembro 2014 ALTO RISCO 13

Já foram acionadas algumas medidas de controlo na África Ocidental, nomeadamente iso-lamento, monitorização ativa dos casos e vigilância reforçada nas fronteiras. Se tem mesmo de viajar para um dos países afetados, siga os conselhos da DGS.

• Cumpra as regras de higiene básicas indicadas pelas autoridades de saúde locais. A prin-cipal é lavar as mãos com frequência, pois o vírus é facilmente eliminado pela ação do sabão, da lixívia, da secagem ou da luz solar (sobrevive pouco tempo em superfícies expostas ao sol).

• Evite estar próximo de pessoas com suspeita ou confirmação da doença. A regra tam-bém se aplica aos cadáveres, antes e durante as cerimónias fúnebres.

• Não mexa em nenhum material ou objeto usado no tratamento dos doentes. • Não contacte com animais selvagens, vivos ou mortos (macacos, morcegos, antílopes,

entre outros), nem consuma a sua carne. • Cozinhe muito bem os alimentos de origem animal (carne e leite) antes de os consumir.

A refrigeração e a congelação não inativam o vírus. • Procure imediatamente um médico se tiver algum dos sintomas da doença. • Durante a viagem (aérea ou marítima), informe a tripulação se sentir algum sintoma.• Vigie o seu estado de saúde nos 21 dias após a entrada em Portugal. Informe a Linha

Saúde 24 (808 24 24 24) se apresentar algum indício da doença ou em caso de contacto direto com algum doente sem proteção adequada. Relate a viagem recente e descreva a sintomatologia.

Recomendações para viajantes

A DGS elaborou um conjunto de recomendações, a seguir no caso de se estar perante um caso suspeito. Por exemplo, não transportar, de imediato, o “doente” suspeito que apresente os dois critérios, (clínico e epi-demiológico), sem contactar previamente e por telefone:

A linha Saúde 24 (Telefone: 808 24 24 24) ou o INEM/CODU (Telefone: 800 203 264) e proceder confor-me as instruções. Reportar ao CDOS – Centro Nacional de Operações de Socorro.

O sistema hospitalar português também se encontra preparado para a eventualidade de surgir alguém com suspeita de contágio pelo ébola. Assim, estão a postos três hospitais de referência para o ébola são o Hospital de São João, no Porto, e o Curry Cabral e o D. Estefânia, em Lisboa.

Atuação perante um caso suspeito

D.R

.

Conferência sobre prevenção e segurança reúne profissionais da segurança

Durante três dias esti-veram presentes no Centro de Congres-sos do Estori l espe-c ia l i s tas nac iona is e in ternac iona is na área da prevenção

e segurança , que debateram vár ios temas, reunidos em diversos painéis. Foram mais de 50 apresentações nas conferências, debates e ações de for-mação.

Ao mesmo tempo que decorr iam estes fóruns , em vár ios s tands as empresas de segurança e prevenção

mostraram os seus produtos e serv i-ços , tendo a inda rea l i zado demons-trações para os convidados e part ic i -pantes da “NFPA-APSEI Prevenção e Segurança”.

O evento contou com a presença de cerca de 1500 prof issionais de vár ias áreas da segurança, de várias ativida-des económicas de empresas e inst i -tuições. Entre elas, a Polícia Judiciária, PSP, Marinha Portuguesa, Universida-des de Ed imburgo, Ave i ro e Minho, ANACOM, Assoc iação Por tuguesa de Bancos , Assoc iação Por tuguesa de Seguradores, LNEC, ANA - Aeroportos,

CITEVE e EDP. Para os responsáve is da APSEI

foram at ing idos os pr inc ipa is obje t i -vos: sensibil izar para a cultura de pre-venção e segurança de pessoas e bens, divulgar os mais recentes conhecimen-tos e prát icas de segurança e poten-ciar contatos entre os profissionais de segurança.

O evento foi organizado pela APSEI, Assoc iação Por tuguesa de Seguran -ça, em parceria com NFPA, associação norte-americana National Fire Protec-tion Association, l íder mundial na pro-teção contra incêndio.

As principais empresas na área da prevenção e segurança estiveram presentes na 5 ª edição da “NFPA-APSEI Prevenção e Segurança”, que decorreu no Centro de Congressos do Estoril entre 29 de setembro e 1 de outubro.

Exposição

(Por Miguel Marques)

14 ALTO RISCO Setembro 2014 Setembro 2014 ALTO RISCO 15

Na sua intervenção abordou a questão dos testes em materiais e nas condições específicas em determinados ambientes. Quanto aos edifícios, qual a importância dos testes em materiais em relação à pre-venção?

É importantíssimo entender como um material, uma estrutura em si, se vai com-portar em qualquer incêndio que se possa dar nesse edifício, não só para a seguran-ça dos habitantes mas, também, para a segurança dos bombeiros que vão entrar no edifício.

Até pode ser que o material cumpra certas normas standard, mas se calhar não se adequam a certo tipo de situação que vai existir num edifício. É nosso dever como engenheiros e arquitetos, e como entidades aprovadoras, criarmos ambien-tes que são seguros.

Referiu que os testes standards não são adequados em determinadas circuns-tâncias. Como é que isso é possível?

Num teste standard analisa-se uma única falha. Quando temos uma estrutura não temos um só elemento, mas um com-ponente que interage com outros elemen-tos da estrutura, que pode ser do mesmo material ou de materiais diferentes. E os

testes standard não capturam esses tipos de comportamento. Ajudam-nos a preve-nir que a estrutura aqueça, mas não nos deixam entender como a estrutura se vai comportar.

Existem diferentes comportamentos do fogo conforme o tipo de materiais e os locais onde ocorre esse fogo?

Podem ser completamente diferentes os tipos de incêndio que se podem desen-volver e há vários parâmetros que afetam a dinâmica do incêndio. Até hoje já estão identificados 33 parâmetros diferentes e creio que há muitos mais por identificar. Um incêndio tem um comportamento que parece caótico. Temos estes parâmetros que afetam a dinâmica do incêndio, mas exigem muita da metodologia que imple-mentamos, que utiliza modelos empíricos. Em espaços diferentes, o tipo de abertura, ventilação, a estrutura, tudo isso vai afetar o tipo de incêndio que se pode dar nesse espaço.

Que medidas preventivas se podem adotar para evitar maiores danos pelos incêndios?

Existem equipamentos e sistemas de prevenção. Não acontecem muitos incên-

dios, mas quando se verificam são muito grandes e alastram. Temos que perceber (especialmente agora, que estamos a construir cada vez mais alto), a que esta-mos a expor os utilizadores dos edifícios. A escala de tempo é bastante diferente num edifício alto. Por exemplo, um edifício de dois ou três andares pode ter um certo tipo de equipamento de prevenção contra incêndio que, no fundo vai ser usado para que todas as pessoas que utilizam o edifí-cio possam ser evacuadas antes de serem afetadas.

Num edifício alto temos pessoas em muito maior altura, que vão percorrer todo o edifício para sair. O tipo de incêndio que pode alastrar nesse período temporal, mesmo com métodos de proteção, cos-tuma ser bastante maior. Num incêndio é muito provável que ele alastre num espaço de tempo mais curto do que há para as pessoas saírem. E esse tempo começa a ser relativo em relação ao comportamento da ação térmica. Temos que ter um maior entendimento de todo o comportamento dos materiais e das estruturas face aos incêndios que, provavelmente, num edifí-cio mais baixo ou com menos pessoas não é necessário, porque os métodos preventi-vos são suficientes em termos temporais.

A investigadora Cecília Abecassis Empis, professora Universidade de Edimburgo, Escócia, entrevistada pela Revista Alto Risco, falou sobre a sua intervenção nesta conferência. Sob o tema “Resposta dos materiais e estruturas a incêndio”, Cecília Empis abordou a questão do comportamento dos materiais e, por extensão, as estruturas compostas por estes, que exibem comportamentos específicos como resultado das mudanças de temperatura.

“É nosso dever, como engenheiros e arquitetos, criarmos ambientes que são seguros”

Entrevista a Cecília Empis, investigadora da Universidade Edimburgo

Entrevista

Em que circunstância é aplicada a regu-lamentação nacional de reação ao fogo?

As exigências de reação ao fogo apli-cam-se a revestimentos interiores e exte-riores, vãos envidraçados e respetivas proteções, tubagens, elementos de infor-mação, sinalização, decoração e publici-dade e telas de projeção, cortinas e telas e, ainda, elementos de mobiliário fixo.

Quais as principais exigências da regu-lamentação na reação ao fogo quanto a materiais, produtos e elementos?

São diversificadas desde a classe A1 (não-combustíveis) até a uma classe não

especificada, que se poderá entender quer como classe não determinada ou produ-tos com um desempenho particularmente desfavorável classe F, não satisfazendo as exigências da classe E).

A diversificação de exigências depende de múltiplos fatores (localização do produ-to no compartimento - teto, parede, pavi-mento - utilização tipo, local de risco, etc.),

Na sua intervenção disse que a nossa regulamentação é mais exigente nalguns pontos que a europeia. Quais as situações sem que é mais exigente?

Não existe uma legislação europeia.

Existem legislações nacionais dos vários Estados membros. Apesar da classif i-cação europeia de reação ao fogo ser comum (harmonizada), cada Estado membro define as suas próprias exigên-cias.

E em diversas situações há Estados membros que têm exigências mais restri-tivas (nomeadamente, no que respeita à reação ao fogo) do que outros.

Em algumas situações particulares as exigências nacionais são menos tolerantes do que as existentes em alguns Estados mas, eventualmente, idênticas às requeri-das em outros.

A atual legislação, publicada em 2008, estabelece diversos requisitos de desempenho de reação e de resistência ao fogo de materiais, de produtos e de elementos, com funções de revestimento, de comparti-mentação, de isolamento e de proteção. Pina Santos, investigador do LNEC revelou na sua intervenção as fragilidades da legislação em vários dominíos.

“Nova legislação tem revelado deficiências de que resultam menor segurança em caso de incêndio”

Pina Santos, investigador do LNEC

Entrevista

16 ALTO RISCO Setembro 2014 Setembro 2014 ALTO RISCO 17

O LNEC intervém obrigatoriamente em que situações de aplicação da regulamen-tação de reação ao fogo?

O LNEC não tem uma intervenção “obrigatória” na aplicação da regulamen-tação. No que diz respeito à reação ao fogo de produtos, elementos e compo-nentes de construção, o LNEC realiza: ensaios correntes de avaliação e de clas-sificação da reação ao fogo; ensaios de tipo inicial (ITT) com vista à marcação CE; ensaios incluídos no âmbito de apre-ciações técnicas e ensaios de estudo de desenvolvimento de soluções inovadoras.

Estes ensaios são solicitados tanto pela indústria (produção/comercializa-ção) e donos de obra quer por iniciativa do LNEC no caso de apreciações técnicas e de estudos de investigação.

O LNEC fiscaliza quem e em que cir-cunstâncias?

O LNEC não desenvolve ações de fis-calização no âmbito da aplicação da regu-lamentação de SCIE. A intervenção do LNEC em ações de verificação das cara-terísticas/desempenho dos produtos ou da verificação regulamentar restringe-se

a situações particulares expressamen-te solicitadas por entidades privadas ou públicas (garantia da qualidade, anoma-lias/incidentes dúvidas levantadas (em geral pelo dono dou pela fiscalização de obras).

Estruturas fiscalizadas pelo LNEC cum-prem normas existentes quanto ao fogo?

Nas intervenções solicitadas ao LNEC

e referidas no ponto anterior devem, cer-tamente, cumprir a legislação existente.

Os ensaios realizados pelo LNEC per-mitem antecipar todos os cenários numa situação de fogo?

Nem os ensaios realizados pelo LNEC nem por qualquer outro organismo podem antecipar todos os cenários numa situação de fogo.

Notícia

“Drones” patrulham Gerês

A Guarda Nacional Republicana (GNR) está a testar meios aéreos não tripulados na vigilância e prevenção de incêndios flo-restais. O projeto inédito de utilização de “drones” arrancou em zonas prioritárias do Alto Minho.

De acordo com comunicado da GNR, disponível no site, “a utilização de meios aéreos não tripulados surge no âmbito de um protocolo de cooperação assinado com um grupo tecnológico português TEKEVER”. O Projeto VIANA decorre deste acordo e está orientado para a vigilância e prevenção de incêndios florestais em zonas prioritárias Natura 2000, como o Parque Nacional Peneda Gerês e a Serra d’Arga.

Citado em comunicado, o Major-General da GNR Rui Moura defende que “a tecnologia tripulada remotamente, usada em coordenação com homens e meios no terreno, é uma ferramenta indispensável nas missões de preven-ção de incêndios, no apoio ao seu combate e na proteção da fauna e da flora e da própria vida humana”.

A formação, o treino e os primeiros treinos ocor-reram na penúltima semana de outubro, no Centro de Meios Aéreos de Arcos de Valdevez, distrito de Viana do Castelo, durante o Exercício PENEDA 14.

Durante o primeiro ano de utilização deste tipo de meios aéreos, estão previstas cerca de oito mil horas de voo na região do Alto Minho.

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18 ALTO RISCO Setembro 2014 Setembro 2014 ALTO RISCO 19

Gabinete Jurídico

destas duas situações tem as suas vanta-gens e desvantagens, ficando ao critério do contribuinte optar por fazer o IRS em conjunto ou em separado.

Declaração simplificada de IRSOs contribuintes abrangidos pela tribu-

Tributação separada do casalFazer o IRS em separado traz vanta-

gens, pelo que a proposta da comissão de reforma do IRS sugere que a tributação separada do casal seja a regra no IRS, podendo-se no entanto optar pela tribu-tação conjunta ou separada. Cada uma

tação separada podem beneficiar de uma declaração simplificada já pré-preenchida pela administração fiscal, sujeita apenas a confirmação por parte dos contribuintes.

Entrega da declaraçãoA lista de pessoas que não têm de

Principais medidas da reforma do IRS 2015

O Governo apresentou o projeto de reforma do IRS, para aplicar já em 2015. Esta con-templa muitas das conclusões sugeridas pela Comissão de Reforma do Imposto, outras medidas contempladas foram da autoria do Governo. As principais novidades que os contribuintes vão sentir, passam pela introdução do quociente familiar; as deduções pes-soais desaparecem para adultos e crianças com menos de três anos; uma nova dedu-ção de “despesas gerais” em que todas contam; e dinheiro gasto com educação e com tratamento autónomo.

Estas são as principais medidas apresentadas na reforma do IRS:

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a situação económica e financeira do país permitir, a ponderação do quocien-te familiar no IRS deverá ser alargada para os 0,4 em 2016 e para os 0,5 em 2017 no caso da tributação conjunta. Já na tributação separada, a ponderação do quociente familiar nestes anos é também dividida por dois.

A proposta de lei da reforma do IRS, refere ainda que os limites à aplicação

entregar o IRS crescerá com a dispensa de entrega de declaração de rendimen-tos aos contribuintes abrangidos pelo mínimo de existência e que recebam ape-nas rendimentos da categoria A e H. A administração fiscal tem de emitir uma certidão dos rendimentos destes contri-buintes para efeitos de apoios sociais, acabando-se também com a complicação de tentar fazer o IRS a zeros.

Quociente familiar de 0,3 por cada dependente e ascendente mas com limitesO Governo vai substituir o atual quo-

ciente conjugal do IRS por um quocien-te familiar, atribuindo uma ponderação de 0,3 pontos por cada dependente e ascendente do agregado familiar no cál-culo do rendimento coletável em sede de IRS no caso da tr ibutação conjun-ta. Se a declaração de rendimentos for entregue em separado, o ponderador é dividido por dois.

No entanto, o Governo impõe l imi-tes à redução da coleta resul tante da apl icação do novo quociente que, no caso da tributação separada, não pode ser superior a 300 euros nos agregados com um dependente, a 625 nos agre-gados com dois dependentes e a 1.000 euros nos agregados com três ou mais dependentes.

Se a opção for pela tributação con-junta, a redução à coleta não pode ser super ior a 600 euros nos agregados com um dependente, a 1.250 euros nos agregados com dois dependentes e a 2.000 euros nos agregados com três ou mais dependentes, segundo a proposta do Executivo.

O Governo prometeu ainda que, se

do quociente familiar devem ser aumen-tados «em 12,5% nos anos de 2016 e 2017».

Conceito de dependenteO conceito de dependente para efeitos

de IRS pode ser alargado (contemplando filhos até 25 anos a morar com os pais, sem receberem rendimentos) para uma menor tributação à família.

FONTE: Deloitte

20 ALTO RISCO Setembro 2014 Setembro 2014 ALTO RISCO 21

Vales sociaisAs entidades patronais poderão pagar uma percen-

tagem dos vencimentos aos trabalhadores de categoria A por intermédio de vales sociais de educação para filhos até os 16 anos.

Gastos com educação vão continuar abater ao IRSAs famí l ias vão poder cont inuar a contar com

as despesas de educação para abater o seu IRS. Na proposta de le i que o Governo env iou para a Assembleia da República prevê-se que possam ser dedutíveis aos rendimentos líquidos as despesas de educação até ao limite de 2250 euros por agregado. Para aquele teto global concorrem as despesas de educação e formação dos suje i tos passivos e dos seus dependentes, até ao l imite 1100 por cada ele-mento do agregado.

Desconto para desempregados e trabalhadoresOs desempregados e os trabalhadores por conta de

outrem que iniciem atividade por conta própria passam a beneficiar de uma redução de IRS de 50% no 1º ano e 25% no 2º.

Mobilidade do trabalhadorExclusão de tributação da compensação recebida

por se trabalhar numa localidade situada a mais de 100 quilómetros de casa.

Regime simplificadoFim da obrigatoriedade de permanência no regime

simplificado por 3 anos para os contribuintes que exer-çam uma atividade empresarial em nome individual ou prestem serviços neste regime.

ArrendamentosO arrendamento passa a ser encarado como uma ativi-

dade económica, podendo ser deduzidos os gastos supor-tados pelo contribuinte que receba rendimentos prediais.

Isenção de mais-valias obtidas pela alienação de casas de habitação

Esta proposta, que deverá ser transitória até 2020, prevê a exclusão de tributação das mais-valias obti-das com a alienação de imóveis de habitação própria quando esse valor for uti l izado para pagar total ou parcialmente o empréstimo contraído para a compra desse imóvel.

Bombeiros profissionaisOs bombeiros profissionais (sapadores e munici-

pais) poderão também ser afetados com esta reforma do IRS. Como acontece com os restantes funcionários públicos, os cálculos a efetuar devem ter em conta a situação familiar, o rendimento de referência mensal, entre outros parâmetros.

FONTE: Deloitte

Orçamento de Estado de 2015 A 15 de outubro a ministra das Finanças esteve na Assembleia da República para

entregar a proposta de Orçamento de Estado do Governo para 2015. As principais medidas deste documento, vão afetar famílias, funcio-

nários públicos e pensionistas. Mas vai ser na discussão na especialidade, que os ministros

vão detalhar perante os deputados as novida-des do OE para os seus ministérios.

Estas medidas vão afetar os bombeiros sapa-dores e municipais, dependentes das autar-

quias e, portanto, funcionários públicos.

Progressões na carreira congeladasAs progressões de carreira e as valo-

rizações remuneratórias na Administração Pública mantêm-se congeladas no próximo ano, embora o Governo admita a atribuição “excecional” de prémios de desempenho.

Mantêm-se congeladas “alterações de posicionamento remuneratório, progres-sões, promoções, nomeações ou gradua-ções em categoria ou posto superiores aos detidos”. Permanecem também suspensos “todos os procedimentos concursais ou concursos pendentes na Administração Pública e deixa de ser contabilizado o tem-po de serviço para efeitos de progressão de carreira.

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22 ALTO RISCO Setembro 2014 Setembro 2014 ALTO RISCO 23

Tabelas únicas de salários e suplementosAs tabelas únicas de remunerações e

de suplementos estarão em vigor em 2015. A simplificação do regime de suplementos, que já foi remetido para a Presidência da República, responde ao objetivo de “racio-nalização” destes acréscimos salariais. “Há um conjunto de anacronismos que deve-rá ser avaliado”, referiu a ministra das Finanças na apresentação do Orçamento de Estado, não excluindo que alguns dos suplementos possam vir a ser eliminados e, consequentemente, ter impacto no ven-cimento dos funcionários públicos.

Funcionários públicos recuperam 20% dos cortesNo próximo ano os funcionários públi-

cos vão reaver 20% do corte salarial que lhes está a ser aplicado desde 2011. Na prática, por exemplo, quem recebe entre 1500 e 2000 euros brutos e tinha um corte de 3,5%, terá um corte de 2,8%. A medida terá um impacto de 199 milhões de euros na despesa.

Pensões mínimas vão subirAs pensões mínimas, sociais e rurais,

vão ser beneficiadas com um aumento de 1%. É uma variação superior àquela que está prevista para a inflação. O ritmo de crescimento dos preços, diz o Governo, será de 0,7%.

CES a partir de 4.611,42 euros“As pensões, subvenções e outras pres-

tações pecuniárias de idêntica natureza, pagas a um único titular, são sujeitas a uma contribuição extraordinária de solidariedade, nos seguintes termos: 15% sobre o montan-te que exceda 11 vezes o valor do Indexante de Apoio Social (IAS) mas que não ultra-passe 17 vezes aquele valor e 40% sobre o montante que ultrapasse 17 vezes o valor do IAS”, lê-se no documento. Ou seja, uma vez que o IAS é de 419,22 euros, o corte de 15% será aplicado a pensões a partir de 4.611,42 euros e até 7.126,74 euros. A partir deste valor, o corte a aplicar será de 40%, segundo a versão preliminar do OE2015.

Subsídio de Natal dos funcionários públicos e pensionistas pago em duodécimosO subsídio de Natal dos funcionários

públicos e dos aposentados, reformados e pensionistas será pago em duodécimos no próximo ano, segundo o relatório da pro-posta do Orçamento do Estado para 2015. O mesmo irá suceder aos aposentados, reformados e demais pensionistas da Caixa Geral de Aposentações (CGA), bem como do montante adicional atribuído aos pen-sionistas do sistema de Segurança Social, que também “têm direito a receber mensal-mente, no ano de 2015, a título do subsídio de Natal, um valor correspondente a 1/12 da pensão que lhes couber nesse mês”

Isenção de IMI para 350 mil famíliasO número de famíl ias com isenção

permanente de pagamento do Imposto Munic ipal sobre os Imóveis ( IMI) va i subir de 300 mil para 350 mil no próxi-mo ano. Tudo porque a versão prelimi-nar da proposta do Orçamento do Esta-do aumenta de 14 630 euros para 15 295 euros o valor do rendimento anual dos agregados que podem benef ic iar daquela isenção.

Voltam as reformas antecipadasO acesso à reforma antecipada na

Segurança Socia l va i ser parc ia lmen-te descongelado em 2015. A part ir de janeiro, a saída para a reforma vai ser possível para quem tenha mais de 60 anos de idade e 40 anos de carreira con-tributiva.

Aumenta a taxa sobre gasolina e gasóleoO Governo pretende aumentar a con-

tribuição de serviço rodoviário, uma taxa paga pelos consumidores e que incide sobre a gasolina, o gasóleo e gás de petróleo l iquefeito (GPL). A taxa sobe dois cêntimos em cada um dos três casos: passará a ser de 8,7 cêntimos por litro de gasolina, de 11,1 cêntimos por litro de gasóleo e de 12,3 cêntimos por litro de GPL. O Orçamento antecipa um encaixe de 160 milhões com esta medida.

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Notícia

Inaugurado Centro de Formação de Proteção Civil na Madeira

Foi inaugurado no dia 20 de ou tubro o Cen t ro de Fo r-mação de Pro teção C iv i l e Bombe i ros e i n t eg ra o Núc leo de Ins ta l ações e de Fo rmação do Ser v i ço Regional de Proteção Civi l , IP -RAM. A obra t eve um inves t imen to de ma is de 250 mi l eu ros , com 85%

de fundos comunitár ios, no âmbito do Progra-ma Comuni tá r io INTERVIR, e 15 % (cerca de 40 mi l euros) ,supor tados pe lo orçamento do Serv iço Regiona l de Proteção C iv i l da Região Autónoma da Madeira.

De acordo com nota do Gabinete de Impren-sa , “este centro i rá dotar a Região Autónoma da Made i ra de um con jun to de in f r aes t ru tu -ras fundamenta is para a fo rmação dos agen -tes de p ro teção c i v i l e ou t ros in te r ven ien tes no socorro e emergência , permit indo o t re ino e a formação em múl t ip los cenár ios , desde o desencarceramento e desobstrução de pessoas v í t imas de ac identes de v iação , o co lapso de es t ru turas , busca e sa lvamento em ambiente urbano, o combate a incêndios urbanos e f lo-resta is , o manuseamento de equipamentos de combate a incêndios de pr imeira intervenção. Des ta forma, cont r ibu i r-se-á para uma maior aprox imação à rea l idade na fase da formação e treino dos agentes de proteção civi l , aumen-tando a sua cert i f icação e garant indo maiores níveis de eficiência e eficácia”.

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24 ALTO RISCO Setembro 2014 Setembro 2014 ALTO RISCO 25

Os cerca de seis mil acidentes envol-vendo bicicletas provocaram 134 mortos e 284 feridos graves, entre 2010 e 2013, sendo a colisão com veículos motorizados o desastre mais frequente, indicou a Autorida-de Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR) em conferência de imprensa realizada a 22 de outubro.

Segundo a ANSR (que em simul-tâneo apresentou uma campanha para prevenir os acidentes com ciclistas), os desastres com bicicletas representaram 4,5 por cento do total de desastres registados nas estradas portuguesas.

Os dados da Segurança Rodoviária adiantam que a maioria dos mortos e dos feridos graves resulta de acidentes registados dentro das localidades, embora nos últimos três anos o número de vítimas mortais tenha diminuído seis por cento.

Os distritos com maior número de mortos foram, entre 2010 e 2013, Aveiro, Faro e Lisboa, refere a ANSR, sendo que a é entre as 18 e as 21 horas que se verifica o maior número de acidentes envolvendo ciclistas.

Campanha de prevençãoPara promover o convívio entre utilizadores de bicicletas e

automobilistas e prevenir para comportamento de risco, a ANSR também apresentou a campanha “Segurança dos ciclistas, uma responsabilidade partilhada”, que vai passar nas televisões.

“Com os novos direitos que foram consagrados no Código da Estrada, é tentar que o convívio entre ambos (ciclistas e automobi-listas) e a partilha do espaço se faça o melhor possível e se consiga reduzir a sinistralidade decorrente dos problemas de convívio entre eles”, disse à agência Lusa o presidente da ANSR, Jorge Jacob.

A campanha pretende destacar a importância das bicicletas estarem iluminadas, uma vez que é ao fim do dia que a maioria dos acidentes acontece, e tentar que as distâncias, que os veícu-los têm que guardar das bicicletas, sejam cumpridas.

O presidente da ANSR adiantou que os utilizadores das bici-cletas ainda não se aperceberam de todas as regras que entraram em vigor a 01 de janeiro com o novo Código da Estrada, sendo um dos problemas a falta de iluminação.

“Há muitos ciclistas que ainda não têm as luzes adequadas e regulamentares. É um dos aspetos que tem que ser corrigido”, afirmou o responsável.

6 mil acidentes com bicicletas provocam 134 mortos em três anos

Notícia D.R

.Lisboa, Cascais e Porto na rota da “Capital Verde”

aval iadas em função de indicadores como atenuação das alterações climáti-cas e adaptação aos seus efeitos, trans-portes locais, zonas verdes urbanas que integram uma utilização sustentável do solo, natureza e b iodivers idade, qua-l idade do ar ambiente, qual idade do ambiente acústico, produção e gestão de resíduos, gestão da água, tratamen-to de águas res iduais , ecoinovação e emprego sustentável, eficiência energé-tica e gestão ambiental integrada.

Após uma avaliação técnica, as cida-des pré-selecionadas farão, em junho de 2015, uma apresentação a um júr i que, de acordo com comunicado da

Os municípios de Lis-boa, Cascais e Porto integram a l is ta de 12 cidades candida-tas ao Prémio “Capi-tal Verde da Europa”, de 2017. O galardão,

dest inado a local idades com mais de 100 mi l habi tantes, abrange todas as c idades dos 28 Estados-Membros da União Europeia, dos países candidatos a adesão (Turquia , Ant iga Repúbl ica Jugoslava da Macedónia) e do Espaço Económico Europeu (Islândia, Noruega e Liechenstein).

As candidaturas submetidas serão

Comissão Europeia, vai analisar, entre outros parâmetros, “as suas iniciativas de informação dos cidadãos e em que medida poder iam serv ir de modelo e promover boas práticas noutras cidades europeias”.

Além das cidades portuguesas são candidatas a este galardão Bursa (Tur-quia) , Cork ( I r landa) Essen (Aleme-nha), ‘S-Hertogenbosch Países Baixos), Istambul (Turquia) , Lathi (F inlândia) , Nimega (Países Baixos), Pécs (Hungria) e Umea (Suécia) são as outras cidades candidatas ao prémio.

A cidade vencedora será anunciada em junho de 2015 em Bristol, no Reino Unido.

A capital da Eslovénia Ljubljana ganhou este ano o prémio de capital europeia verde de 2016

Notícia

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Relatório

Crianças são quem tem maior risco de pobrezaAs crianças são o grupo de maior risco de pobreza em Portugal. Desde 2010, a situação tem vindo a piorar com as medidas de austeridade adotadas, que estão a ter um impacto direto no bem-estar das crianças ao nível da saúde e educação e dos apoios sociais às famílias, especialmente às mais carenciadas, segundo um relatório lançado pelo Comité Português para a UNICEF.

do pelas professoras Karin Wall e Ana Nunes de Almeida). Com base em inves-tigações recentes e dados estatísticos disponíveis, o estudo analisa a situação A

s crianças são o e lo mais frági l no nosso país com a adoção das múltiplas medi-das de austeridade verifica-das desde 2010, revela rela-

tório publicado pelo Comité Português da UNICEF: “As Crianças e a Crise em Portugal- Vozes de Crianças, Polít icas Públicas e Indicadores Sociais, 2013”. É um retrato sobre a rea l idade das crianças no nosso país num contexto de crise económica e financeira.

Este documento resulta de um estu-do elaborado por um grupo de investi-gadoras do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (coordena-

atual da infância na sociedade portugue-sa e as políticas públicas com impacto nas crianças e nas famílias com filhos.

“O índice de pobreza infant i l é um dos indicadores mais re levantes para qualquer sociedade, pois é um meio para aferir o modo como os governos estão a assegurar o bem-estar das camadas mais vulneráveis e é também um indica-dor do bem-estar da sociedade no seu todo”, afirmou Madalena Marçal Grilo, Diretora Executiva do Comité Português para a UNICEF, no documento divulga-do em outubro. “Os dados deste rela-tório não deixam margem para dúvidas. Ainda que em si mesmos não mudem

393.351Número de crianças e adolescentes até

aos 16 anos de idade que perderam o direi-

to ao abono de família

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r ia l ( i .e . famí l ias com di f iculdade ou incapacidade de pagar um empréstimo, renda de casa, contas no prazo previs-to; ter uma refeição de carne ou peixe a cada dois dias; fazer face a despesas imprevistas);

• 546.354 cr ianças perderam o direito ao Abono de Família entre 2009 e 2012. O acesso a esta prestação tornou--se mais restrito e os montantes atribu-ídos por criança diminuíram;

• Entre 2010 e 2013, registou-se uma redução no apoio económico do Estado às famílias, que em 2009 era já infer ior à média dos países da OCDE (1.71% e 2.61% do PIB prospect iva-mente), e um aumento dos impostos;

O estudo mostra também que as crianças têm consciência de que a crise está a comprometer o seu futuro enquan-to geração, antevendo as consequências negativas que esta poderá ter nos seus projetos de vida nos domínios da forma-ção, do emprego e da vida familiar.

Mas os desafios que a recuperação económica coloca ao Estado dão- lhe uma oportunidade única de mudar e adotar uma visão transformadora para o futuro, uma visão que ponha os direitos

a situação, os dados podem contribuir para a mudança, ident i f icando neces-sidades indispensáveis para informar políticas e avaliar os progressos.”

O estudo refere também a perceção das cr ianças sobre a cr ise e o modo como esta afeta a vida da sua famíl ia, com as crianças a darem as suas opi-niões, experiências e perspetivas para o futuro. As cr ianças expõem que o desemprego dos pais e a falta de ren-dimento estão a ref lect i r-se no seu dia-a-dia. A instabi l idade psicológica é também referida como causa de dete-rioração do ambiente familiar.

Alguns dos dados mais relevantes:• O risco de pobreza é mais elevado

em famílias com filhos, nomeadamente, em famíl ias numerosas (41,2%) e em famílias monoparentais (31%);

• Entre Outubro de 2010 e Junho de 2013, o número de casais desempre-gados inscritos no Centro de Emprego aumentou de 1.530 para 12.065 (cerca de 688%);

• Em 2012, cerca de uma em cada quatro cr ianças em Portugal (24%) vivia em agregados com privação mate-

das crianças no centro das políticas de resposta à crise, adianta o documento.

Neste sent ido o Comité Português para a UNICEF propõe um conjunto de estratégias e recomendações, nomea-damente:

• A criação de uma Estratégia Nacio-nal para a Erradicação da Pobreza Infan-til centrada nos direitos da criança e que promova uma intervenção integrada e coordenada das várias áreas sectoriais.

• Assegurar que as crianças são uma prioridade pol í t ica, especialmente em tempo de cr ise. O Governo deve ava-l iar o potencia l impacto das pol í t icas de resposta à crise na vida das crianças e na realização dos seus direitos. Deve ainda invest ir na educação da primei-ra infância e garant i r acesso gratui to a estes serviços a famílias com baixos rendimentos.

• Criação de uma ent idade para os Assuntos das Cr ianças e da Juventu-de que coordene e monitorize a aplica-ção da Convenção sobre os Direitos da Criança em Portugal.

• Garantir a participação cativa das crianças. O Governo e a Sociedade Civil

devem criar estratégias de participação cativa das crianças em processos deci-sórios que as afetam, garantindo assim o direito da criança a ser ouvida (Art. 12º da CDC).

• Desenvolver um sistema global e integrado de recolha de dados que abranja todos os aspetos da v ida das cr ianças. Uma recuperação da cr i -se baseada no respeito pelos direi tos humanos é a melhor estratégia para corrigir desigualdades, agravadas por cr ises sucessivas, para erradicar a pobreza e para promover coesão social.

46.342 Número de famílias que deixou de ter

direito ao Rendimen-to Social de Inserção entre 2010 e 2012, o que representa uma

quebra de 22,4%

Fotografia retirada da capa do Relatório da Unicef

28 ALTO RISCO Setembro 2014 Setembro 2014 ALTO RISCO 29

beneficiários do RSI recebiam por criança 93,59 euros mensais (112,30 euros, a par-tir da 3.ª criança/jovem). Em 2010 termina a majoração da 3.ª criança. Em 2012/2013, o valor que o Estado paga de RSI por crian-ça desceu para os 53,44 euros. E, em 2012, o Governo “expulsou” da medida todos os que possuíssem património imobiliário ou bens móveis (automóveis, embarcações, motociclos…) de valor superior a 25 mil euros. À semelhança do abono de família, o conceito de agregado familiar passou a incluir todos os elementos do agregado até ao 3.º grau em linha reta vertical. Exemplo: uma família composta por três adultos e

duas crianças poderia ter acesso ao RSI se tivesse um rendimento mensal inferior a 692,57 euros. Em Novembro de 2010, esta mesma família só tinha acesso ao RSI se o seu rendimento mensal fosse inferior a 644,36 euros. Desde meados de 2010 e, sobretudo, a partir do início de 2013, já só mantiveram direito ao RSI os detentores de um rendimento mensal inferior a 463,17 euros. Assim, em 2013, 37.649 crianças e adolescentes perderam o direito àquela prestação, no universo de 149.921 crianças e adolescentes que dele usufruíam no ano anterior.

Na Acão Social Escolar (ASE): comparticipação dos passes escolares deixou de ser universalApoia crianças e jovens estudantes

oriundos de famílias carenciadas que fre-quentam a escolaridade obrigatória. Abar-cam desde alimentação aos transportes escolares, passando pelo alojamento, bol-sas de mérito e auxílios económicos. No ano letivo de 2010/2011, a ASE abrangia, por exemplo, 43,8% dos alunos matricula-dos no 1.º ciclo do ensino básico e 51,4% dos alunos matriculados no 2.º ano. Entre

2009 e 2012, a despesa pública do Estado com a ASE manteve-se praticamente inalte-rada. Manteve-se a comparticipação anual em livros e em material escolar de cerca de 30 euros para os alunos do escalão A (1.º escalão do abono de família) e de 15 euros para os alunos do escalão B (2.º escalão do abono). No 2.º e 3.º ciclos do básico e no secundário mantêm-se também as compar-ticipações anuais em livros e material escolar em valores que oscilam entre os 130 e os 60 euros, consoante o escalão. A comparticipa-ção do Estado no valor dos passes escola-res, porém, diminuiu. Em 2011, a comparti-cipação em 50% do valor dos passes deixou de ser universal e passou a dirigir-se apenas às crianças e jovens de famílias pertencentes aos escalões A e B da ASE. Nos casos do escalão A, a comparticipação aumentou para os 60%, porém, diminuiu para os 25% no caso dos alunos do escalão B.

Fundo de garantia de alimentos: limite de rendimentos baixou dos 485 para os 419 eurosPara que, após o divórcio/separação

dos pais, as crianças não fiquem sem pen-são de alimentos, quando o progenitor que está obrigado a fazê-lo por tribunal não cumpre esse dever, o Governo passou a assegurar o pagamento daquela prestação nas famílias carenciadas. A partir de 2013, o acesso a este fundo ficou mais restrito, pois o limite de rendimentos a partir do qual a criança tem direito a esse apoio baixou de 485 euros para os 419,22 euros. Entre 2010 e 2012, as crianças a receber pensão de alimentos por via deste fundo aumentou cerca de 35% (13.294 crianças em 2010 e 17.915 em 2012). Porém, tendo-se tornado o acesso mais restrito, os autores do rela-tório prevêem que muitas crianças caren-ciadas possam ficar sem esse apoio.

Cheque-dentista: valor baixou dos 40 para os 35 eurosCriado em 2008 para as crianças até

aos 13 anos que frequentam o ensino públi-co ou privado não lucrativo, beneficiou em 2012 cerca de 400 mil crianças. Por razões orçamentais, o Governo suspendeu a emis-são dos cheques-dentista por dois meses em 2012. Retomou-o em 2013, mas com alterações: o valor de cada cheque diminuiu de 40 para 35 euros, embora, por outro lado, a cobertura do programa tenha sido alargada às crianças até aos 15 anos.

Cortes que agravaram a pobreza infantil em PortugalO abono de família deixou de ser uni-

versal em 2003, ano em que passou a depender dos rendimentos das famílias de acordo com cinco escalões de rendimen-tos. Em 2010, sofreu outro corte, com a exclusão das famílias dos 4.º e 5.º escalões de rendimento, o que, na prática, fez com que 546.354 crianças tivessem deixado de receber então o abono de família. Foi o equivalente a 30% dos beneficiários. Em 2010 ainda acabou a majoração de 25% sobre o valor do abono de família no 1.º e 2.º escalões e também a 13.ª prestação paga em Setembro para ajudar os pais a custear os encargos escolares. Atualmente, a 13.ª prestação paga-se apenas às crianças do 1.º escalão. Man-tiveram-se os apoios extra (mais 20%) para as famílias monoparentais e para as famí-lias mais numerosas. Quanto à variação das prestações, entre 2009 e 2012, fica apenas um exemplo: o valor mensal atri-buído por criança até um ano de idade diminuiu de 174,72 euros para 140,76 euros no 1.º escalão e de 144,91 euros para 116,74 euros no 2.º escalão – recorde-se as crianças incluídas nestes escalões inserem-se em agregados familiares com rendimentos inferiores a 419.22 euros mensais. Dos 826.709 milhões de euros gastos em abono de família em 2010, o Estado baixou bruscamente para os 555.497 milhões em 2011 e, mais ligei-ramente, para os 532.105 milhões em 2012.

No abono pré-natal: menos 35.396 abonos, entre 2009 e 2011Criado em 2007, é atribuído às mulhe-

res grávidas a partir da 13.ª semana de ges-tação e termina com o nascimento do bebé, altura em que entra em vigor o abono de família. Entre 2009 e 2011, deixaram de ser atribuídos 35.396 abonos pré-natais, o que equivale a uma diminuição de 28%.

No Rendimento Social de Inserção (RSI): valor por criança desceu de 93,59 para 53,44 eurosÉ a prestação que mais cortes tem

sofrido desde 2010. Não só em termos do número de beneficiários mas também nos montantes mensais atribuídos. Em 2009, os

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LO que dizem

as crianças

Porém, alguns adolescentes mostram-se preocupados com o futuro e têm consciência de que poderão ser eles próprios a sentir as

dificuldades, por exemplo, na procura de emprego. Quando nós sairmos da escola a dificuldade também

vai ser para nós.Gonçalo, 15, Centro urbano, Cl. Baixa, Família

nuclear, pais desempregados

Quando questionadas sobre o impacto da crise nas diferentes

gerações, uma percentagem significativa das crianças refere que os pais são os mais afectados pela crise no presente.Porque eles é que estão

em risco de ficar desempregados (…), os pais são mais afectados em termos

psicológicos,andam todos aflitos.Mariana, 15, Centro rural, Cl. Alta,

F. Nuclear ASim, falamos [sobre a crise]. Fazemos perguntas uns aos outros,

dizemos o que é que está diferente nas nossas casas e depois, às vezes, falamos que não percebemos nada da televisão. Tiramos

dúvidas uns aos outros… falamos que a crise agora é uma chatice.Eu, às vezes, pergunto coisas sobre a crise, que eu gostava de

saber, não sei… Pergunto por que é que nós tivemos tantas crises e continuamos a ter e por que é que não aprendemos…como é que se pode melhorar a crise e essas coisas todas.

Inês, 12, Centro urbano, Cl. Alta, família nuclear numerosa

Porque eles é que têm de pagar contas todas e se alguém ficar desempregado são eles... São eles

que ganham o dinheiro e sustentam as famílias. Os jovens não têm a mesma noção: só pensam em si próprios.

Rodrigo, 16, Centro urbano, Cl. Baixa, F. nuclear, mãe desempregada

Nós estudamos e estamos a trabalhar para o nosso futuro, são os nossos pais… que andam com o peso, eles é que andam sempre a pensar, tenho de trabalhar, tenho de

fazer isto para que não falte comida lá em casa. E pelo que eu vejo, eles preferem dar aos mais novos do que terem eles (…). Eu sei que estão preocupados, mas não querem fazer ver.

Sara, 15, Norte urbano, Cl. Baixa, F. recomposta

rFonte: “As Crianças e a Crise em Portugal: Vozes de Crianças, Políticas Públicas e

Indicadores Sociais 2013”, do Comité Português para a Unicef, e proposta de Orçamento

do Estado para 2015

Porque trabalham e não têm dinheiro

(…); eu não tenho a noção das dificuldades. Sacrificam-se mais por

nós.Isabel, 14, Norte

suburbano, Cl. Baixa, Família nuclear

M

30 ALTO RISCO Setembro 2014 Setembro 2014 ALTO RISCO 31

Cordão da Amizade

Crianças e famílias que não conseguem sair da pobrezaSandra e Henrique estão desempregados. Têm um filho de 5 anos, o “Ricky”. Podem perder a casa. Manuela tem 3 filhos, nem ela nem o companheiro recebem salário, vivem dos abonos e dos apoios da segurança social.Estas são duas famílias acompanhadas pelos voluntários do Cordão da Amizade. Dois retratos em que a pobreza persiste e afecta os mais novos.

para comer em casa”. Qualquer despesa extra, para uma famí-

lia que pouco ou nada tem, “é um drama”. “Falta a comida no dia-a-dia. E agora no

início do ano lectivo foram os livros e mate-rial escolar. As nossas famílias (explicam que “nossas” são as famílias acompanha-das pelo Cordão) não conseguem pagar as despesas ao final do mês, quanto mais ter dinheiro para coisas extra, mesmo que seja a escola”, desabafa Jaime Simplicio, que é também um dos voluntários do Cordão da Amizade, que é formado por funcionários da Rádio Renascença (grupo R/Com).

Além da distribuição de donativos ali-mentares, “sempre que temos, entregamos

“O que mais preocupa é que não há futuro para estas famílias e para estas crianças. Muitas vivem e vão viver sem-pre na pobreza”. Ana Rodrigues, jornalista, lembra que “os apoios sociais não chegam nem oferecem saídas para que estas famí-lias possam depender delas próprias”.

Vejamos o caso de Sandra e Henrique: têm baixas qualificações, não conseguem encontrar emprego. Acresce o facto de San-dra ser diabética. Não conseguem pagar a renda e podem ficar sem casa. As despesas mensais são pagas a muito custo. E quan-do o RSI não chega a tempo, acaba-se a comida. “E aparecem cá na rádio a pedir almoço para o filho, porque não têm nada

às famílias para que tenham comida para pôr na mesa”, o Cordão da Amizade promo-ve, todos os anos, pela altura do início das aulas, uma campanha para recolher mate-rial escolar.

Ana Rodrigues explica: “pedimos aos funcionários da Rádio Renascença, e mui-tos colaboram na compra do material que precisamos, por exemplo, cadernos, lápis, canetas, réguas, mochilas, enfim, tudo o que as nossas famílias nos pedem. Outros dão dinheiro para nós comprarmos”. Quan-do os donativos não chegam para comprar todo o material, “há sempre o recurso a amigos e familiares ou, então, o Cordão compra o que falta”.

D.R

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ninguém com emprego e a receber salário”. Nesses casos, reconhece, “a nossa ajuda pode ser, meramente, pontual”. E esta é uma das maiores preocupações deste gru-po de voluntários.

Jaime Simplicio, que é licenciado em Serviço Social pela Universidade Lusíada, afirma que “não chega dar um apoio de vez em quando, isso não consegue resolver o problema de fundo, que é a pobreza”.

Vejamos o caso de Manuela: tem 3 filhos, todos em idade escolar. Manuela é doente, tem estado a tentar ultrapassar uma depressão, o que dificulta a manuten-ção de qualquer emprego que apareça. Os filhos não podem faltar à escola para não perder o Rendimento Social de Inserção e os abonos. Mas há ainda um medo maior, segundo conta a voluntária Ana Rodrigues: “a Manuela vive um autêntico pânico de lhe poderem retirar os filhos, se a segurança social entender que ela não tem condições para os ter em casa. Ou se perderem a

É para isso que serve a conta bancá-ria aberta no Montepio Geral. Para lá vão os donativos financeiros que chegam ao Cordão da Amizade e que são canalizados para apoiar os mais diversos pedidos de ajuda, das famílias carenciadas. Além da compra de material escolar, “já serviu para comprar óculos, sapatos para uma senhora diabética, pagar contas atrasadas da luz e gás… e serve para comprar comida, em casos de urgência, quando não temos nada em stock…”.

Famílias que querem acreditar O Cordão da Amizade tem vindo a

apoiar centenas de famílias nos últimos anos. O número tem vindo sempre a cres-cer, mas, muitos casos não têm sequer “possibilidade de resposta da nossa parte”. Ana Rodrigues reconhece que “há casos de famílias em que é uma desgraça completa, sobretudo casos em que há muitas dívidas acumuladas, podem perder a casa e não há

casa e ficarem sem tecto. Mas a seguran-ça social também não dá resposta a esta família! Assim fica difícil, muito difícil para qualquer pessoa acreditar que pode mudar a vida”.

O trabalho dos voluntários do Cordão da Amizade é, no fundo, de “dar esperança e encaminhar os pedidos de ajuda para as respectivas entidades”. Sem desistir. Por-que além destas duas famílias “também temos o caso da Ana que tem 3 jovens em casa e vive há mais de 10 anos só com os apoios sociais, o caso da Elsa que, durante alguns meses, só pode contar com o salá-rio mínimo do filho, e outros casos….” . Ana Rodrigues e Jaime Simplicio dão voz ao desejo dos voluntários do Cordão: “não podemos deixar de acreditar. As famílias que apoiamos acreditam que há sempre uma porta para abrir… uma possibilida-de para terem um melhor dia e tentar uma vida melhor. Porque iríamos nós baixar os braços?”.

D.R

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32 ALTO RISCO Setembro 2014 Setembro 2014 ALTO RISCO 33

Notícia

No concelho da Póvoa de Lanhoso, os serviços municipais destruíram mais de 30 ninhos de vespa asiática. Em comunicado, emitido no final de outubro, a autarquia acrescenta que o trabalho de destruição decorre desde agosto e que tem contado com a ajuda de alguns apicultores. “ A ves-pa asiática é prejudicial, porque é predadora da abelha europeia, produtora de mel. Como consequência direta e económica, diminui a produção de mel e seus derivados. Como consequência ambiental, diminui a poliniza-ção vegetal, pondo em risco a biodiversida-de”, lê-se no comunicado.

Também em Felgueiras o aparecimen-to desta espécie de vespas e a constante solicitação dos bombeiros para destruir os ninhos, levou a que, de acordo com a agência Lusa, a corporação adquirisse, em setembro, equipamento apropriado, como dois fatos de apicultores, pulverizador para aplicação de

A presença da vespa veluti-na em Portugal tem sido reportada desde 2011, mas os danos que têm causado sobretudo no Norte do País têm gerado preocupação

entre autoridades e comunidades afetadas, com os bombeiros a serem frequentemen-te chamados a intervir. A vespa velutina, ou asiática, conhecida como uma espécie não-indígena, é considerada perigosa para as pessoas apenas quando perturbada. No entanto é uma predadora da abelha euro-peia para se alimentar (sendo entre junho e setembro que se regista a maior predação), o que afeta a produção de mel.

Durante o verão de 2014 foram repor-tados vários casos por municípios da Região Norte. Até ao final de 2013 foram identificados ninhos em doze concelhos do Norte do país.

inseticidas e um incinerador a gás.Já em Viana do Castelo, até ao início de

setembro, os Bombeiros Municipais tinham destruído 63 ninhos da espécie. Desde novembro de 2012, esta corporação registou a existência de 448 ninhos, 216 só em 2014. De acordo com informação disponível no site da autarquia, a validação e destruição é feita através de atos de queima em parceria com o Centro de Monitorização e Interpretação Ambiental de Viana do Castelo.

Em Braga, os bombeiros também foram chamados a intervir, eliminando mais de meia centena de ninhos.

Em Guimarães, a Câmara criou uma equipa de oito elementos para durante a semana proceder à eliminação dos ninhos. Em comunicado, a 22 de outubro, a autar-quia dava conta do Plano de Vigilância de Controlo de Vesta Asiática e de estar a eliminar “por meios próprios” os ninhos

A sua presença em Portugal tem sido reportada desde 2011, mas os danos que têm causado sobretudo no Norte do País têm gerado preocupação entre autoridades e comunidades afetadas. A vespa velutina, ou asiática, conhecida como uma espécie não-indígena, é considerada perigosa para as pessoas apenas quando perturbada. No entanto é uma predadora da abelha europeia para se alimentar (sendo entre junho e setembro que se regista a maior predação), o que afeta a produção de mel.

Vespa Asiática “assusta” Portugal

(Por Cátia Godinho)

daquelas vespas. Para esta operação, o município adquiriu materiais como “fatos de apicultor e luvas para a equipa de três jardineiros destacada para cada operação, cujo contributo inclui também as corpora-ções de Bombeiros Voluntários de Guima-rães e das Taipas”.

Contatada pela Revista Alto Risco, e questionada sobre o envolvimento dos bombeiros nestas operações, a Autorida-de Nacional de Proteção Civil, através do seu gabinete de imprensa, esclareceu que “estes casos (vespa velutina ou asiática) não se enquadram no domínio estrito de atuação da proteção civil, cujos objetivos são a prevenção de riscos coletivos ine-

rentes a acidentes graves e catástrofes”. É, no entanto, “possível obter a colabo-ração dos corpos de bombeiros (agentes de proteção civil) a título de prestação de serviços (à comunidade), à semelhança de outras prestações de serviços levadas a cabo por eventuais especializadas no con-trolo de pragas”. Adiantou, no entanto, que o controlo, a identificação e a localização de possíveis ninhos de vespas velutinas é feito pela Direção Geral de Alimentação e Veterinária.

Em Outubro, foi conhecido um plano de ação para a vigilância e controlo da ves-pa velutina em Portugal, desenvolvido pela Direção-Geral de Alimentação e Veterinária

(DGAV) e pelo Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas, com o contributo do Instituto Nacional de Investigação Agrá-ria e Veterinária e finalizado em articulação com as Comunidades Intermunicipais, Ser-viço de Proteção da Natureza e Ambiente da Guarda Nacional Republicana e Dire-ções Regionais da Agricultura e Pescas. Os objetivos do Plano passam pela vigilância e controlo da Vespa Velutina em território nacional “com vista à segurança dos cida-dãos, à proteção da atividade agrícola e do efetivo apícola, bem como à minimização dos impactos sobre a biodiversidade”.

(Fonte: Imagens e Gráfico-plano de ação para a

vigilância e controlo da vespa velutina)

Número de ninhos confirmados por Concelho

Ocorrências por Concelho validadas em (2013)

Ocorrências validadas de Vespa velutina em Portugal (2013)

A Vespa Velutina é uma espécie asiática com uma área de distri-buição natural que se estende pelas regiões tropicais e subtropicais do norte da Índia ao leste da China, Indochina e ao arquipélago da Indoné-sia. A subespécie introduzida na Europa é a vespa velutina nigrithorax, também chamada de vespa de patas amarelas. Vive no norte da Índia, Butão, China e nas montanhas de Sumatra e Sullawesi. Fora da sua área de distribuição, a Vespa Velutina foi recentemente encontrada na Coreia do Sul. Foi registada na Europa pela primeira vez em França, em 2004, onde terá sido introduzida acidentalmente. É uma vespa de grandes dimensões, podendo a rainha atingir os 3,5 cm. Cada ninho pode alber-gar cerca de duas mil vespas e 150 fundadoras, que no ano seguinte poderão vir a criar pelo menos seis ninhos.

D.R

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Bombeiros Voluntários de Felgueiras

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Técnico

Aconselhamento NutricionalNúria Marques

A nutrição e os bombeiros

cardíacas, diabetes, doenças respiratórias, distúrbios de sono, etc., que aumentam con-sideravelmente as probabilidades de aciden-te. A obesidade é proporcionalmente maior entre as fatalidades. A falta de desempenho físico e precária saúde podem limitar a res-posta do bombeiro a condições adversas e podem aumentar o risco de um evento fatal.

Não quero apontar o dedo a ninguém, nem que este “artigo” seja interpretado como uma acusação! Antes pelo contrário. Nas conversas que tenho habitualmente pelo quartel, e nas pausas para refeições os meus colegas, perguntam constantemente o que devem comer, o que é que engorda ou não, o que faz bem, etc. etc. . No meio “disto” sur-giu esta ideia e por isso vou partilhar algu-mas informações com todos. Espero que ao lerem, absorvam a informação e façam algu-mas mudanças e que vejam que a nutrição é muito mais que a palavra “dieta” .

Bebidas alcoólicas, um grande INIMIGO! Desde sempre que se associa os bom-

beiros voluntários ao consumo regular de cerveja. Não há que mentir! Sabemos a rea-lidade mas, no entanto, nos últimos tempos tem-se lutado para mudar esta “associação”.

Sou técnica de nutrição mas também sou bombeira volun-tária, já o sou há 10 anos. Cresci no seio dos bombeiros voluntários e grande parte da minha família pertence à cor-

poração. Não quero, de todo, impingir pro-dutos milagrosos nem dietas a ninguém! A nutrição pode ser um aliado para todos os bombeiros! Basta fazer algumas mudanças! Tal como muitos colegas consoante a minha disponibilidade, pertenço ao Dispositivo do DECIF, conheço a realidade e sei que a ali-mentação é descuidada por muitos, não só pelas condições nos Teatros de Operações, as refeições disponibilizadas pelas corporações mas também devido a hábitos errados que adotaram ao longo dos anos e que não é fácil inverter. Não é novidade nenhuma que ter um peso saudável é importante, muito importan-te mesmo! A condição física, psicológica, e o rendimento físico de um elemento com o peso ideal são na maioria dos casos superior a um elemento com excesso de peso. Exis-te também uma relação entre a obesidade e os acidentes de trabalho, pois pessoas com excesso de peso têm mais probabilidade de ter lesões músculo-esqueléticas. São pes-soas que têm mais tendência a ter doenças

Já existe a proibição em alguns corpos de bombeiros e as mentalidades têm mudado um pouco. Mesmo assim, existem muitos bombeiros que não compreendem a proibi-ção do consumo de bebidas alcoólicas e con-testam! Opiniões à parte, porque não se deve beber bebidas alcoólicas?

• As bebidas alcoólicas estimulam a função do aparelho urinário, facilitando a desidratação. Basta reparar que quando con-somem bebidas alcoólicas têm a sensação que não saem da casa de banho, mesmo bebendo em pouca quantidade;

• Com o consumo de bebidas alcoólicas, existe um sobrecarregamento do funciona-mento hepático, desacelera o processo de produção de energia e consequentemente aumenta a fadiga e diminuiu a resistência física;

• Outra contrapartida das bebidas alcoó-licas são as suas calorias. São consideradas “calorias vazias”, pois não fornecem nutrien-tes para o nosso organismo e engordam imenso. Por cada grama de álcool existem 7 kcal;

• O álcool diminui a glicose na nossa cor-rente sanguínea, sinalizando ao corpo que temos que comer algo para repor a glicémia;

• Ao ingerir bebidas alcoólicas, o nosso organismo tem um esforço “extra” pois tem que aumentar a produção de antioxidantes,

PerfilNúria Marques é técnica de nutrição e é bombeira voluntária na corporação de bombeiros voluntários de Pernes há 10 anos.

para limpar as toxinas geradas pelo álcool, o que acelera o processo de envelhecimento celular;

Como podem ver, as bebidas alcoólicas não são nada nossas “amigas” e consideran-do que num teatro de operações a hidratação é fundamental, devido à actividade física em condições extremas, estas devem ser banidas da rotina diária quando se encontram de ser-viço. Mesmo no fim de uma ocorrência, em que acham que “merecem” uma bebida alco-ólica ( 1 cerveja por exemplo), não o devem fazer! A reidratação é muito importante para recuperarem. Devem ingerir muita água! Dei-xo a dica que bebam bebidas com glicose e eletrólitos que permitem a completa res-tauração do balanço hídrico ( ex: bebidas desportivas) . Para além de nos desidratar, engordar sem dar nada em troca e nos enve-lhecer, ainda pensam que devem beber?

A importância da Hidratação: ÁGUA! Acho que todos sabem a importância da

água para o bom funcionamento do nosso corpo. Ela é a maior componente do nosso corpo constituindo 45% a 75% dele. Durante os trabalhos num incêndio, existem grandes perdas de líquidos e minerais. Por isso, a hidratação é fundamental para que o rendi-mento e a saúde não sejam afectados. Não tenho conhecimento de estudos sobre os bombeiros e o seu desgaste físico, mas habi-tualmente a taxa de transpiração oscila entre 1 a 2 litros por hora de exercício, juntando as condições extremas de um incêndio podemos deduzir que esse valor é superior!

Podem esgotar-se as nossas reservas de glicogénio, lípidos e proteína corporal sem que a vida corra um perigo real. No entanto há que ter muito cuidado! Pois quando a perca de água excede os 7% há um aumento da temperatura o que irá originar o sobreaque-cimento dos tecidos causando um choque térmico, e isso sim, pode ser fatal caso não haja uma intervenção. A desidratação origina uma série de sintomas : aumento da frequên-cia cardíaca, da temperatura, da respiração, da concentração do sangue, dificuldades na circulação, formigueiro nos pés e mãos, entre outros. É necessário manter uma hidratação gradual do corpo de forma a proporcionar um equilíbrio entre a que se “gasta” e a que se consome. Se este equilíbrio não for repos-to, a desidratação e a fadiga precoce serão inevitáveis!

Vários profissionais defendem que os desportistas devem ingerir bebidas isotóni-

cas após provas de 60 minutos, que apenas a água não repõe o equilíbrio hídrico. Visto que a nossa situação é diferente, somos outros “atletas” e em condições extremas, as bebi-das desportivas serão uma mais-valia pois o organismo perde os sais minerais através da transpiração e assim será muito mais fácil repor o equilíbrio.

Como me devo hidratar?• A ingestão de água não deve ser só

quando transpiramos. Devem beber água dia-riamente e com regularidade (cerca de 1,5 a 2 litros);

• Antes de iniciar os trabalhos, tentem ingerir um pouco de água (sei que não é fácil, mas entre equipar e chegar bebam alguns goles de água) pois não sabem quando irão beber água novamente;

• Sempre que tenham oportunidade ingi-ram um pouco de água com isotónicos (bebi-das desportivas). Na falta desta bebam água mas não abusem nas quantidades. Ingerir mais de 1 litro, se tiverem que retomar os tra-balhos, será muito e irá causar desconforto;

• Quanto estiverem numa pausa “maior” tentem comer alguns hidratos de carbono e beber água juntamente.

A água não pode faltar, e como se diz água não se nega a ninguém. Sempre que vos ofereçam águas, guardem-nas e controlem o vosso “stock”. Tentem sempre consumir as águas mais antigas e mais danificadas. Sei que apetece sempre beber a água muito fria e às vezes parcialmente congelada, no entanto, é um erro! A água muito fria pode ser preju-dicial porque a nossa temperatura corporal é muito elevada. E devido ao calor que somos expostos, pode ocorrer um choque térmi-co, que nos pode causar dores de estômago, dores de cabeça, sem falar no desconforto abdominal. Se bebermos a água muito fria, o

nosso estomago terá que aquecê-la até a tem-peratura ideal para ela “seguir” o caminho, por isso quanto mais fria tiver, mais tempo irá demorar, mais sede iremos ter. O ideal é beber água um pouco fresca.

ALIMENTOS que melhoram o desempenho físicoExistem alguns alimentos que têm pro-

priedades que melhoram o desempenho físi-co. Na grande maioria dos casos estes ali-mentos têm valores calóricos elevados mas munidos de nutrientes que nos ajudam bas-tante. Deixo aqui alguns:

• Amêndoas: nutrem e estimulam o sis-tema nervoso central e como são ricas em magnésio, previnem o aparecimento de cãi-bras musculares. Estas ajudam a combater o envelhecimento precoce ao reduzir os radi-cais livres, possuem um alto teor em ómega 3 que combate o mau colesterol. Este é o tipo de alimento que podem levar com vocês para as ocorrências. São resistentes, não se estra-gam com o calor e não precisam de arma-zenamento refrigerado. Façam sacos com pequenas doses e levem, sempre que tiverem um tempinho comam, não usem daquelas com sal adicionado ou açúcar ou mel, a forma natural é a melhor;

• Carnes Vermelhas: têm um valor muito alto de proteínas, em 100 gramas possuiu quase 50% das necessidades diárias de 1 adulto. Elas são fonte de nutrientes que aju-dam muito o desempenho muscular, tais como a mioglunulina, que promove o trans-porte de oxigênio para os músculos; a cre-atina, que ajuda a restaurar ATP (molécula produzida durante a respiração celular) após o esforço muscular; e a vitamina B12, que é indispensável para o funcionamento das células nervosas do corpo;

36 ALTO RISCO Setembro 2014 Setembro 2014 ALTO RISCO 37

• Azeite de Oliveira: contém uma alta concentração de antioxidantes e de gorduras saudáveis, que ajudam na manutenção da massa muscular e do sistema cardiovascular;

• Café: a cafeína é um neuro estimulante. Funciona como um “turbo”. Consumir café com moderação melhora o desempenho físi-co e estimula no organismo um aumento da actividade antioxidante. Infelizmente com o tempo, o corpo acostuma-se com a subs-tância e adapta-se, por isso, nesses casos, o estímulo terá o efeito atenuado. Para evitar esta situação, alternem as doses e os dias de consumo (dia sim, dia não por exemplo). Lembrem-se que a dose recomendada são 4 cafés por dia. O uso excessivo de café pode causar dependência e pode ser prejudicial à saúde;

• Iogurtes: é um dos derivados do leite mais saudáveis! Tem o cálcio que os ossos necessitam e, além disso, o iogurte equilibra a flora intestinal e previne o aparecimento de alterações gastrointestinais. Os iogurtes não devem ser levados para as ocorrências, pois com as altas temperaturas podem se estra-gar e causar intoxicações alimentares. No quartel aproveitem para comer os iogurtes com sementes de linhaça, chia,etc. ;

• Chocolate Preto: Tem propriedades antioxidantes que promovem a vasculariza-ção e por consequência promove o trans-porte de oxigénio para as células. Também possui cafeina. O chocolate ideal é o que contém pelo menos 70% de Cacau na sua composição, obviamente não é uma boa opção para levar mas comam-no enquanto estão no quartel.

Obviamente que a vossa alimentação não pode ser só á base destes alimentos. Estes são apenas alguns que melhoram o desempenho físico e que devem incluir na vossa alimentação. Devem manter uma ali-mentação equilibrada e variada! Devem evi-tar as frituras e apostar mais nos grelhados e nos cozidos mas até aí não há novidade nenhuma. Em vez de comerem doses muito grandes, experimentem comer primeiro uma sopa. É saudável, nutritiva, alimenta e dá aquela sensação de aconchego.

Comer demasiado ou mal pode causar CONGESTÃO Sei como é! Estar imenso tempo sem

comer, e quando nos aparece algo à frente, “devoramos” tudo! Existe muito a menta-lidade, especialmente por bombeiros mais velhos e mesmo quando não se encontram

em cenários de incêndios, de comer apenas uma ou outra refeição e geralmente refeições pesadas ( feijoadas,rancho,etc..) alegando que têm que comer para trabalhar, não podia estar mais errado! Temos que comer sim, mas ao longo do dia e refeições moderadas e saudáveis.

Comer grandes refeições e pesadas, pode ser perigoso. Na eventualidade de terem que sair logo a seguir, ou prossegui-rem com os trabalhos, podem ter uma con-gestão.

O que é uma congestão? É quando o processo de digestão, geral-

mente ao início, é interrompido ou é mal fei-to. Isto acontece porque durante a digestão uma maior quantidade de sangue no nosso organismo é direcionada para o estômago para ajudar no processo e se vamos fazer esforços e actividade física intensa esse “sangue” é direcionado para os músculos e assim o processo é interrompido.

Refeições mais ricas em gorduras, mais tempo demoram a ser digeridas. As refei-ções ditas “pesadas” requerem uma maior produção de suco gástrico para a digestão, o que pode provocar ardor em pessoas mais sensíveis. Além disso, é frequente sentirmo--nos cheios, sonolentos e pouco activos, após este tipo de refeições, o que não nos ajuda em nada!

Eis alguns conselhos, para melhorar a digestão:• Alimentos mais leves: Certos alimentos

são mais fáceis de digerir que outros, já refe-ri que refeições ricas em gordura dificultam a digestão. Os cereais, os derivados inte-grais, fruta e legumes são alimentos “leves”. São estes que devem incluir nas vossas refeições, são pobres em gordura e muito ricos em fibra;

• Mastigar bem: Basicamente a digestão consiste em reduzir e transformar os alimen-tos em partículas mais pequenas de maneira

a permitir a sua absorção pelo organismo. Quanto melhor mastigarmos os alimentos, mais fácil será a digestão no estômago. Uma boa mastigação modera o ácido gástrico e estimula os receptores sensoriais, pois dá o “sinal” de arranque para as secreções diges-tivas preparando tudo para a recepção dos alimentos;

• Beber água: Uma hidratação adequada mantém o equilíbrio de todas as reacções químicas e físicas do nosso organismo. Facilita a eliminação de toxinas pelos rins e previne a prisão de ventre. Àguas minerais com gás podem ajudar a digestão, os chás e infusões também.

• Preservar a flora intestinal: O nosso intestino é habitado por milhões de bacté-rias, a que se dá o nome de flora intestinal. Esta é indispensável para o bom funciona-mento do intestino e do trânsito intestinal. Os alimentos que têm um melhor impacto na flora são os iogurtes e leites fermenta-dos, pois contêm bactérias (fermentos lác-ticos). Uma boa partes destas bactérias, sobrevivem à digestão e chegam vivas ao intestino, que ao interagir com a outras que lá estão, melhoram a flora intestinal e evitam que bactérias nocivas se infiltrem no nosso intestino. Os alimentos com determinadas fibras alimentares, também favorecem um desenvolvimento saudável da nossa flora, são eles: banana, cebolas, alho, espargos, alho-francês, tomate, trigo e cevada.

Obviamente que num teatro de opera-ções temos que nos sujeitar às refeições dadas na logística. Não coloco isso em cau-sa! Refiro-me quando podemos controlar as nossas refeições no quartel bem como tentar sempre levar alguma comida connos-co. Aqui, como em tudo, o PLANEAMENTO é essencial. Organizem-se entre a equipa, levem comida que, mesmo com algum calor não se estraga (sabemos perfeitamente que mesmo dentro de uma geleira, aquece sem-pre) podem levar por exemplo: frutos secos, atum enlatado, salsichas enlatadas, bola-chas, barras de cereais, frutas desidratadas, entre outros.

Espero que tenha sido útil e que real-mente façam uso da informação que vos passo. Lembrem-se que cuidar das nossas capacidades físicas e psicológicas é um dever nosso! Desejo a todos um bom traba-lho, sempre em segurança! Cumprimentos da vossa colega,

Núria Rabuge dos Santos Marques Bombeiros Voluntários de Pernes

Notícia

Loulé volta a ganhar Bandeira VerdeO concelho de Loulé voltou a ser distinguido, a 19 de setembro, em Cantanhede, com o Galardão ECO-XXI (Bandeira Verde) como reconhecimento de boas práticas sustentáveis e qualidade ambiental. Foi o vencedor entre 33 municípios concorrentes ao prémio atribuído pela Associação Bandeira Europa (ABAE), pela quarta vez- terceira consecutiva. Alcançou uma percentagem superior a 80% no índice ECOXXI 2014, fazendo o pleno em vários pontos: informação dis-ponível aos munícipes, cooperação com a sociedade civil, conservação da natureza, (biodiversidade e geo-diversidade), produção e recolha seletiva de resíduos, mobilidade sustentável, qualidade do ar, informação ao público e turismo sustentável.

Criado em 2005, o galardão ECOXXI tem como objetivo principal galardoar os municípios nacionais que demonstrem um desempenho positivo em 21 indicadores de desenvolvimento sustentável, e reco-nhecer o esforço na implementação, a nível municipal, de medidas pró-ambientais. Entre elas, a promoção da educação ambiental, participação pública, ordena-mento do território e ambiente urbano, valorização de resíduos urbanos, abastecimento de água e sistemas de drenagem, mobilidade sustentável, qualidade do ambiente sonoro, agricultura sustentável, desenvolvi-mento rural e turismo sustentável.

Na atribuição deste prémio, o segundo e terceiro lugares foram ganhos pelos concelhos de Águeda e Pombal.

A Bandeira Verde fica hasteada no edifício dos Paços do Concelho, ao longo do ano, como símbolo máximo de um trabalho em prol do desenvolvimento sustentável

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Reportagem

1º Meeting de Equipas de Salvamento em Meios Urbanos

O Batalhão Sapadores do Porto realizou, entre os dias 10 e 12 de outubro o Primeiro Meeting de Equipas de Salvamento em Meios Urbanos (MESMU). O objetivo foi treinar e explorar ao máximo as diversas

operações de salvamento em caso de emergência e melhorar a resposta ao cidadão, “numa cultura de segu-rança que se pretende cada vez maior”, pode ler-se na nota informativa enviada para a Revista Alto Risco.

O encontro, que envolveu operacionais e população, permitiu que todos conhecessem locais nobres da cidade do Porto- Parque da Trindade, Avenida dos Aliados, Tor-res dos Clérigos, Rio da Vila e Largo de S. Domingos- e que se envolvessem na realização de exercícios que tes-

Pub

40 ALTO RISCO Setembro 2014 Setembro 2014 ALTO RISCO 41

taram as mais variadas operações de resgate.Neste evento, participaram os GIPS da Guarda

Nacional Republicana, Bombeiros Municipais de Santarém, Bombeiros Voluntários de Baião, Bom-beiros Voluntários Canas de Senhorim, Bombeiros Voluntários Montalegre, Bombeiros Voluntários Tirsenses, Bombeiros Voluntários de Vila Real, Cruz Verde e Escola Portuguesa de Salvamento.

Durante este evento decorreu ainda uma com-petição de Técnicas de Progressão na Vertical –TPV, entre 70 operacionais.

Na classificação final, no primeiro lugar ficou a Escola Portuguesa de Salvamento; no segundo lugar, os Bombeiros Voluntários de Montalegre e em terceiro lugar os Bombeiros Voluntários de Baião.

As provas decorreram no Centro Comercial Dol-ce Vita Porto, nas Antas.

Na nota informativa, o Batalhão Sapadores do Porto ressalva o facto de a corporação ser já “uma unidade de eleição para gerir em parceria com outras instituições o desenvolvimento do ensino, formação e treino nomeadamente a componente operacional que deverá ser transversal e comum a todas as organizações de proteção e socorro, numa realidade e desafios que se colocam aos bombeiros num futuro próximo”.

O 1º Challenge Crossfire Firefighter PortugalO

Jardim Luís de Camões, em Leiria, vai ser o palco do O 1º Challenge Crossfire Firefighter Portugal, no dia 16 de novembro. A organização é da Câmara Municipal de Leiria e dos Bombeiros Municipais de Leiria.

Este evento tem como base a modalidade Crossfit, na qual os bombeiros demonstram a sua preparação física. É utilizado todo o equipamento de proteção individual nas várias fases do exercício, nomeadamente no remo, agachamentos, burpees e virar um pneu com o peso de 228 quilos.

O evento vai contar com 40 equipas, com um total de 80 parti-cipantes originários de várias corporações de norte a sul do país. A Revista Alto Risco assistiu a uma sessão treino dos Bombeiros Municipais da Figueira da Foz para esta prova.

Horário:10:00 Início de Provas12:30 Almoço14:00 Continuação de Provas16:00 Demonstração da Box Crossfit Leiria18:00 Final18:30 Entrega de Prémios

Treino dos Bombeiros Municipais da Figueira da FozLevantamento de pneu com 228 quilos

Challenge Crossfire Portugal

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A formação superior em Segu-rança e Proteção Civil dota os Licenciados de qualificações ímpares. As competências multidisciplinares adquiridas (ver quadro e figura nes-te artigo), consideradas de

forma integrada, revelam-se potencialmente importantes no âmbito da eficácia das ativi-dades profissionais relacionadas com os pro-cessos, complexos, de prevenção e de miti-gação de riscos para os elementos expostos (populações, dimensões produtiva, económica e ambiental, etc.).

Justifica-se, assim, a apresentação do qua-dro seguinte, com os conteúdos curriculares que constituem o conhecimento académico genérico de um Técnico Superior de Seguran-ça e Proteção Civil quando conclui o primeiro ciclo de estudos (licenciatura). Esta informa-ção resulta da investigação de doutoramento desenvolvida pelo autor deste artigo, subordi-nada ao tema: “O Ordenamento do Território e a Formação Superior em Segurança e Proteção Civil (O conhecimento integrado dos Técnicos Superiores de Segurança e Proteção Civil e o seu contributo para uma gestão mais eficaz do risco com recurso aos Instrumentos de Gestão Territorial)”.

Técnico

Universidade Europeia | Laureate International Universities

João Rodrigues dos Santos

Conjunto genérico de Conteúdos Curriculares detidos por um Técnico Superior de Segurança e Proteção Civil

Adaptado de: SANTOS, J. R. (2014). O Ordenamento do Território e a Formação Superior em Segurança e Proteção Civil. Madrid: [s.e.]. Tese de Doutoramento. Facultad de Ciencias Sociales - Universidad Europea de Madrid. 618 p.

Conhecimento multidisciplinar e integrado detido por um Técnico Superior de Segurança e Proteção Civil

Fonte: SANTOS, J.R. (2014). Idem. p. 431.

Técnicos Superiores de Segurança e Proteção Civil Conteúdos Curriculares e Qualificações

Fuga de gás em parque de combustível testada em Ponta Delgada

Exercício

Uma fuga de gás no par-que de combustível da Sociedade Açoreana de Armazenagem de Gás (SAAGA), em Ponta Del-gada, foi o cenário mon-

tado para um simulacro. O objetivo foi testar a resposta a um caso de emergên-cia associada a uma falha de contenção de butano no parque GPL na Nordela, tendo sido acionados os planos de emer-gência interna e externa da SAAGA.O exercício, denominado de “Milhafre” arrancou pelas 15h32 do dia 23 de outu-bro, hora em que foi emit ido o alerta geral. A rutura parcial de uma tubagem nas instalações da SAAGA provocou um incêndio. Dois minutos depois, os Bombeiros Voluntários de Ponta Delgada saíram do quartel, chegando ao local do “sinistro” cerca das 15h40. Perto de 20

minutos depois, todos os funcionários das empresas localizadas na área do aci-dente e as crianças da Creche Associa-ção Bem Estar Infanti l de Santa Clara, já se encontravam no ponto de reunião.O incêndio f icou ext into pelas 16h07, pelo que os meios foram todos desmobi-lizados às 16h31. No simulacro, ficaram “feridas” duas pessoas: um colaborador que se encontrava no local e que sofreu queimaduras e outro que sofreu um acidente devido a uma queda ocorrida durante a evacuação.Estiveram envolvidas várias entidades, como os Bombeiros Voluntários de Pon-ta Delgada, Hospital, PSP, Polícia Maríti-ma, Polícia Municipal, Serviço Regional de Proteção Civil e Bombeiros dos Aço-res, aeroporto e a Porto dos Açores.No final, o presidente da Câmara Muni-cipal de Ponta Delgada, José Manuel

Bol ieiro, fez um balanço do exercício. Em declarações à comunicação social, o também responsável pela proteção civil do município, reconheceu terem sido detetadas falhas, admitindo a necessida-de de aperfeiçoar as comunicações entre as várias entidades, nomeadamente ser-viço 112, bombeiros e Suporte Imediato de Vida (SIV), além da criação de um sistema de mensagens mais eficaz. Na sequência do simulacro, foi ainda pos-sível concluir que é necessário criar um quadro onde cada entidade possa fazer marcações pertinentes co comando geral e instalar um relógio para se sinalizar, ao segundo, todas as intervenções.Como aspetos posit ivos, sal ientou a mobilização total das entidades envol-vidas, prontidão na reação e a disponi-bil idade das diversas instituições para o exercício.

Foto

C.M

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elga

da

Reunião de apresentação do Exercício com Presidente C.M.Ponta Delgada, José Manuel Bolieiro

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Publicidade distrai condutores idosos

As placas publ ici tár ias nas estradas aumentam a proba-bilidade de os idosos terem acidentes, revela um estudo sobre fatores de distração

ambientais da Universidade de Aveiro, divulgado no início de novembro.

Os idosos memorizam menos infor-mação, exibem tempos de reação mais longos e cometem mais erros e omis-sões em tarefas realizadas em ambientes que contenham distrações visuais, con-clui o estudo, do Departamento de Edu-cação da UA, revelado pela agência Lusa.

O trabalho de investigação preten-deu avaliar o efeito que os “distratores

ambientais” podem ter no desempenho cognit ivo da população idosa, especi-ficamente quando as tarefas envolvem estímulos visuais.

“Tomando por base a evidência de que ambientes distrat ivos prejudicam signif icativamente a capacidade de os idosos detetarem e responderem a estí-mulos, pode-se, por exemplo, prever consequências diretas na capacidade de condução dos idosos ou na realização de avaliações psicológicas em ambientes distrativos”, aponta o investigador em Psicologia do Departamento de Educa-ção da UA, Pedro Rodrigues, em decla-rações à Lusa.

O responsável pelo estudo, supervi-sionado pela investigadora Josefa Pan-deirada, sublinha que, no que respeita à condução, “pode-se prever uma maior probabilidade de acidentes nesta popu-lação quando a condução ocorre num ambiente rodoviário muito distrativo, de que é exemplo uma elevada frequência de placas publicitárias nas estradas”.

Esta previsão vem do facto de o estu-do ter relevado maiores dificuldades dos idosos em fi l trarem informações rele-vantes perante um ambiente que permite mais distrações, assim como tempos de resposta mais longos.

O estudo colocou à frente do computa-

Estudo Universidade de Aveiro

dor 40 idosos, com idades compreendidas entre os 60 e os 95 anos, de várias institui-ções sociais do distrito de Aveiro, que rea-lizaram testes de avaliação dos processos cognitivos básicos de atenção e memória.

Segundo Pedro Rodrigues, “no ambiente distrat ivo é mais provável o idoso não responder a estímulos-alvo, dar mais respostas erradas, memorizar menor quantidade de informação ou demorar mais tempo a responder a estí-mulos relevantes”.

O investigador explica que as impli-cações são variadas: “se um idoso está a ser avaliado psicologicamente num gabi-nete com muitos elementos distrativos,

poderá não estar a real izar as tarefas [particularmente as que envolvam estí-mulos visuais] com a devida atenção”. Uma situação que “pode pôr em causa a validade dos resultados obtidos e um tratamento futuro”.

A mesma situação sucede no contex-to médico quando o clínico está a tentar explicar um esquema visual de toma de medicação ao idoso. “Um ambiente alta-mente distrativo potencialmente dificul-tará a apreensão da informação, poden-do ter, por isso, consequências para a saúde do idoso”, diz Pedro Rodrigues.

“Em termos de desenvolvimento, as capacidades cognit ivas dos indiví -

duos desenvolvem-se desde a infância até à idade adulta e entram em declínio durante a fase de envelhecimento. Será de esperar por isso “que os distratores ambientais sejam mais prejudiciais ao desempenho cognitivo de crianças, ado-lescentes e idosos, do que ao desempe-nho de adultos”, refere.

Para Pedro Rodrigues, “se essa evi-dência se verificar em idades escolares”, é de admitir que as salas de aulas, que normalmente têm muitos elementos dis-trativos visuais, podem ter caraterísticas que se tornam prejudiciais às tarefas de aprendizagem, que naturalmente envol-vem atenção e memória”.

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Foto-reportagem

No Dia nacional de Bombeiros Profissionais, a 11 de setembro, cerca de 300 bombeiros rumaram a Braga para participarem na formatura organizada na Praça do Pópulo. Uma homenagem aos bombeiros que morreram no exercício das suas funções, numa alusão ao ataque terrorista às Torres Gémeas, em Nova Iorque, em 2001.

11 de Setembro

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Jornal da Associação Nacional de Bombeiros Profissionais Instituição de Utilidade Pública

Director: Filomena Barros Nº.146 - ano 13 Janeiro de 2011 Publicação Mensal Preço: €0,50 (iva incluído)Jornal da Associação Nacional de Bombeiros Profissionais Instituição de Utilidade Pública

Diretor: Filomena Barros Nº.178 - ano 16 Setembro de 2014 Publicação Mensal Preço: €0,50 (iva incluído)

Alt RiscoPub

Secretário de Estado admite mudanças legislativas para os bombeiros profissionais

Dia Nacional do Bombeiro Profissional - 11 de Setembro, Braga

pág.7

Paulo Cafôfo garante as 35 horas semanais para os Bombeiros Municipais do Funchal

pág.10

pág.17

ANBP atribui medalha de Mérito a Ricardo Rio

Câmara de Portimão aplica Taxa Municipal de Proteção Civil

Estarão os Bombeiros preparados para o Ébola?

SUPLEMENTO DO JORNAL ALTO RISCO DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE BOMBEIROS PROFISSIONAIS

(instituição de utilidade pública)

N.º50 | 6ª Série | Setembro 2014

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