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ESCALA VISUAL ANALGICA MODIFICADA PARA AVALIAR A EFETIVIDADE DA AURICULOTERAPIA NO ESTADO DEPRESSIVO: RELATO DE CASO Jeferson de Oliveira Salvi Farmacutico, Especialista em Acupuntura, Doutorando em Cincias Biomdicas no Instituto Universitrio Italiano de Rosrio (IUNIR). Endereo: Av. Antonio Igncio de Arajo 340, apto 03. CEP 14883-380, Jaboticabal, SP, Brasil. E-mail:[email protected]

RESUMO O presente estudo props uma ferramenta para avaliar a efetividade da Auriculoterapia no tratamento de um estado depressivo, bem como, se esta seria representativa ou no. Para tanto se desenvolveu uma escala analgica visual modificada daquela utilizada para a dor. Aplicada aps cada sesso para mensurar a satisfao do voluntrio (EVA-S) em relao ao tratamento. Concomitante a este teste avaliou-se a qualidade de vida, atravs do questionrio QSF-36, anterior ao tratamento e aps a quarta e oitava sesses. Os dados obtidos foram comparados para avaliao da expressividade dos testes, para qualificar os procedimentos da teraputica proposta. O estudo, observacional descritivo, tambm fez um relato terico de carter multidisciplinar considerando os diferentes aspectos relacionados ao desencadeamento das crises. Foi preconizado o nmero de oito sesses, equivalentes a 56 dias com intervalo de uma semana entre elas, a tcnica utilizada foi a da Auriculoterapia Ciberntica. Observou-se melhora percentual gradativa nos resultados da EVA-S e em relao qualidade de vida, aps a ltima sesso, todos os domnios avaliados pelo teste - Limitaes por Aspectos Fsicos e Emocionais, Vitalidade, Aspectos Sociais, Estado Geral de Sade, Sade Mental, Dor, Capacidade Funcional - demonstraram significativas evoluo. Concluiu-se que o presente estudo de caso foi capaz de responder ao proposto, uma vez que a utilizao da EVA-S pode ser validada pelo resultado do segundo teste, alm disso, a efetividade refletiu-se na melhora do prognstico e estabilizao do quadro. Para dados estatsticos significativos faz-se necessria a aplicao deste modelo fazendo uso de um clculo amostral condizente com a populao que apresente a patologia a ser tratada dentro do universo das diferentes tcnicas da que a Acupuntura engloba. Palavras-chave: desordem depressiva; acupuntura auricular, questionrio SF-36, escala visual analgica.

1 INTRODUO Vivemos em um modelo de sociedade que dita padres sobre diferentes aspectos comportamentais e de consumo. A competitividade do mercado profissional exige cada vez mais, pois h urgncia na obteno de informaes e concretizao de trabalhos. Falta disposio de tempo para prtica de hbitos alimentares saudveis e de lazer, enquanto isso, a instituio famlia tenta adaptar-se e sobreviver em harmonia. Esta realidade favorece o aumento de indivduos que apresentam desequilbrios patolgicos relacionados sade mental sem distino entre idade, gnero, raa ou posio social. A busca por estratgias e alternativas que venham avantajar ao tratamento convencional aloptico de extrema importncia, visto que, o prprio diagnstico da depresso e a escolha da farmacoterapia a ser utilizada so dificultados pela complexidade dos fatores envolvidos e pelas reaes adversas manifestadas devido ao uso de substncias prescritas e vendidas sob condies impostas pela lei. A regulamentao da Poltica Nacional de Prticas Integrativas e Complementares junto ao Sistema nico de Sade (SUS) uma grande conquista para o Brasil e para os profissionais acupunturistas (Ministrio da Sade, 2006). A valorizao fortalece a medicina preventiva por meio do conhecimento oriental, oferecendo subsdios para que pacientes escolham e faam uso de um recurso amplamente utilizado em outros pases. A Auriculoterapia um mtodo diagnstico e teraputico reconhecido pela Organizao Mundial da Sade (OMS) destinado ao tratamento das enfermidades fsicas e mentais atravs de estmulos de pontos situados no pavilho auricular e possui como base a Reflexologia. Com o objetivo de avaliar se a Auriculoterapia promove o melhoramento do estado depressivo, foram examinados os aspectos inicialmente referidos ao processo depressivo sob a luz de diferentes filosofias, propondo ento algumas ferramentas para determinar a progresso do tratamento: Escala Visual Analgica (EVA-S) e questionrio de qualidade de vida (Brasil SF-36).

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2 REFERENCIAL TERICO A medicina ortodoxa baseada em conceitos newtonianos, que dizem ser o nosso corpo uma mquina (modelo mecanicista) onde a funo do todo pode ser o produto da soma das partes. As doenas, segundo estes conceitos, so o produto de desequilbrios fsicoqumicos, que provocam disfunes e at leses fsicas (Delboni, 1988). A Organizao Mundial da Sade (WHO, 2010) define a depresso como um transtorno mental comum que pode tornar-se crnico ou recorrente, prejudicando consideravelmente a capacidade do indivduo de lidar com a vida diria, podendo ainda, em sua forma mais grave, levar ao suicdio. Ainda conforme a instituio estima-se que at o ano de 2020 a doena passar de quarto lugar, como principal contribuinte para a carga global de doenas, para a posio de segundo lugar, sendo que, j ocupa a liderana como principal causa de anos vividos com incapacidade. Em 2005 estimava-se um valor maior do que 340 milhes de pessoas como sendo portadoras de algum estado depressivo em todo mundo, sendo que 75% delas no recebiam qualquer tipo de tratamento (WMFH, 2005). Dados recentes publicados pelo IBGE (2010) revelam que dos 59,9 milhes dos entrevistados que foram identificados como portadores de doenas crnicas, por algum profissional da sade, 4,1% declararam-se portadores de depresso. O desenvolvimento dos antidepressivos tricclicos (ADT) deu incio ao tratamento farmacolgico e a partir da surgiram explicaes atravs de hipteses biolgicas, dentre elas sobressaem: a bioqumica, a que implica alteraes ao nvel dos receptores e a que envolve o sistema imunolgico (Fuentes, 2000 citado por Silva, 2006). Silva (2006) relata a hiptese monoaminrgica ou bioqumica defendendo que a partir dos mecanismos de ao dos ADT h um aumento na disponibilidade sinptica dessas monoaminas que voltam ao normal em certas reas do crebro, revelando que os neurotransmissores (noradrenalina e serotononia) podem estar diminudos nas sinapses em locais especficos durante um episdio depressivo. 2.1 ESTADOS DEPRESSIVOS: CONCEITOS ORIENTAIS (MTC) A medicina tradicional chinesa concentra-se na observao dos fenmenos da natureza e no estudo e compreenso dos princpios que regem a harmonia nela existente. Submetidos s mesmas influncias, o universo e o ser humano, so partes integrantes do universo como um 3

todo e, desta forma, a observao dos fenmenos que ocorrem naturalmente no primeiro, por analogia, estendem-se s leis fisiolgicas presentes no segundo que capaz de reproduzir os mesmos fenmenos naturais (Yamamura, 2001). Conforme Ross (1994), as atividades mentais, bem como as vitais, so produtos resultantes das atividades funcionais dos rgos e das vsceras. O corao (Xin) considerado o principal rgo de controle das atividades mentais administrando a funo fisiolgica do crebro, tendo como funo ainda, o domnio sobre a conscincia, o esprito, o raciocnio e o sono, sendo o sangue (Xue) a principal base material das atividades mentais do corpo humano. Souza (2007a) em seu estudo relata que a medicina tradicional chinesa reconhece e trata de cinco tipos primordiais de depresso, relacionados diretamente com a teoria dos cinco elementos: 1) Depresso gua: o paciente depressivo gua caracteriza-se por apresentar medo e fobia sem causa aparente, em ocasies de risco reduzido, hesita em encarar ou no consegue lidar com a situao. Apresenta apatia, falta de iniciativa, falta de confiana na capacidade de resolver situaes (de qualquer natureza), sensao de impotncia (inclusive sexual), podem ser pacientes que enfrentam problemas gnito- urinrios. 2) Depresso Terra: resultante da desarmonia do intelecto devido insuficincia energtica do Bao-Pncreas h destruio da calma e da claridade dos pensamentos, indivduo pode tornar-se antiptico, preocupar-se excessivamente, apresentar confuso e opresso torcica. 3) Depresso Fogo: envolve problemas afetivos ligados a rejeio e desapontamentos em relacionamentos interpessoais, acompanhada por uma frieza e distncia do paciente em relao a novos relacionamentos, h agitao excessiva e em casos extremos, pode gerar comportamentos manaco-depressivos. 4) Depresso Metal: geralmente decorrente de perdas materiais. A matriz emocional do elemento a tristeza que tem a capacidade de direcionar o indivduo aceitao, que a expresso mxima deste. O indivduo geralmente est ou sente-se de alguma forma, desprotegido. 5) Depresso Madeira: provocada por excesso de tenso e presso, evidencia-se em situaes de estresse contnuo e de fracasso, este estado depressivo ocasionado pela estagnao do Qi no fgado. Os pacientes subitamente perdem a direo e sua objetividade, quando forosamente experimentam mudanas repentinas perdem o sentido de viver, da vem a frustrao acompanhada pelo colapso e a falta de perspectiva.

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2.4 ESTADOS DEPRESSIVOS: CONCEITOS ESPIRITUALISTAS Para Solomon (2004) existe uma distino entre religio e espiritualidade, a primeira pode ser definida como uma instituio social e no espiritual, a segunda demonstra certa ligao com a cincia que aprimora o conhecimento e acaba por aprofundar a espiritualidade. O autor ainda defende que algumas religies levam ao no raciocnio pregando uma devoo sem opinio devido falta de questionamentos e, o quer que seja espiritualidade, no algo sem opinio e reflexo. O mdico e professor Cajazeiras (2010), em sua obra, reflexiona que para uma melhor compreenso da hiptese espiritista imprescindvel reconhecer que a viso esprita da etiopatogenia no mstica nem sobrenatural, pelo menos no que respeita ao significado atribudo a ambos. A cincia e a filosofia esprita adotam a lgica e a razo, demonstrando em primeiro lugar, a concretude do esprito, como ser circunscrito, no mais abstrato, baseado no modelo estrutural proposto em obras bsicas da doutrina. Franco (2001) afirma que existe uma linha muito estreita separando a sanidade do desequilbrio mental e h certa facilidade em transitar de um lado para o outro sem que se perceba uma mudana comportamental expressiva. O autor aponta fatores como a escassez de recursos financeiros e o impedimento social, dentre outros fatores, ocasionando a transferncia entre as faixas de sade mental. Por meio da manuteno da sade perispiritual ou da sua disfuncionalidade vibratria, h uma identificao com os genes compatveis com suas necessidades evolucionais, formandose um novo corpo; nos casos disfuncionais, o corpo poder apresentar repercusses mais profundas e imediatas ou comportar predisposio a certos estados nosolgicos, a depender da responsabilidade, da intensidade e cronicidade do problema que o individuo criou no usufruto do seu livre-arbtrio. As Emoes ou sentimentos negativos estariam relacionados com o grau de afetao ntima, a partir de sua ao e repercusso sobre defeitos que podem ser vistos como elementos desencadeantes ou agravantes dos estados depressivos. O orgulho visto como causa primria, pois a doena do ego que se encontra no processo de busca por privilgios. A raiva, a mgoa e o dio possuem ao lesiva sobre os tecidos perispirituais culminando na ecloso ou no agravamento de enfermidades relacionadas com a patologia depressiva, tais como cardiopatia coronria e cncer. A inveja e o cime so resultados da preocupao excessiva com a possibilidade de ser desprezado e incerteza quanto sua importncia e o valor pessoal. A culpa a reao natural 5

quanto compreenso de falhas e ao dever relativo convivncia e a conscincia (Cajazeiras, 2010). 2.5 A AURICULOTERAPIA A utilizao da Auriculoterapia como forma de tratamento retrocede antiguidade e tem apresentado maior divulgao em relao acupuntura sistmica na Europa antiga e no Oriente Mdio. H indcios que no antigo Egito, mulheres faziam uso de pontos auriculares como forma de contracepo (Souza, 2007b). Historicamente registros apontam para uma obra de Hipcrates, considerado o pai da medicina, denominada a Gerao, nesta obra, a descrio de cauterizaes no dorso da orelha levaria o paciente prtica sexual infecunda (Nogier, 2006). Hipcrates na obra O livro das Epidemias, indicava puno com estiletes nos vasos auriculares para o tratamento de processos inflamatrios (Souza, 2007b). A indicao de cortes nos vasos sanguneos da parte posterior da orelha para curar a impotncia sexual e a esterilidade masculina foi defendida pelo mdico grego Cipecladis (Nogier, 2006). A paternidade moderna indiscutivelmente francesa, reconhecida pela Organizao Mundial de Sade, graas ao trabalho do clnico Paul Nogier que tem a sua prioridade e importncia reconhecidas pela China. Sua primeira publicao realizou-se em 1956 por intermdio do boletim de Acupuntura da Frana e chegou at a China na poca da revoluo cultural, por volta de 1958. O pavilho auricular mantm relaes com os rgos e regies do corpo atravs de reflexos cerebrais, a inervao trplice e constituda pelos nervos: trigmeo, vago e plexo cervical superficial, h evidncias da participao dos ramos dos nervos facial e glossofarngeo (figura 1). De acordo com a filogentica, os pontos auriculares partem do centro para a periferia, no centro est localizado o sistema nervoso autnomo e na periferia encontra-se o sistema nervoso central.

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Figura 1. Nervos auriculares (Fonte: Google imagens) A transmisso do sinal atravs de um estmulo perifrico vai at o tlamo, passa atravs do cerebelo, do tronco cerebral, encfalo e a todos os ncleos cerebrais. Este evento torna a Auriculoterapia compatvel e indicada como forma de tratamento para as diversas enfermidades existentes. Nogier (2006) defende que os pontos da Auriculoterapia diferenciam-se dos pontos da Acupuntura Sistmica, pois so coordenados por um sistema flutuante e esto sujeitos s condies climticas e estado geral do paciente, ou seja, no h uma ao homolateral manifesta sendo esta cruzada ou s vezes atua no mesmo sentido, se esperaria a manifestao do ponto. Para Souza (2007b) os pontos seguem uma simetria ntida e definida em eixos verticais, horizontais e diagonais, tal simetria explicada pela disposio anatmica, dos vasos sanguneos que a irrigam e dos feixes nervosos que se espalham ao longo do pavilho. Desta forma os pontos seriam pr-definidos e indicados por correspondncia a atuar sobre o rgo ou regio, tambm defende a existncia de pontos que devem manter a denominao chinesa, como o Shenmen, devido ausncia de significado na linguagem ocidental que sintetize o termo. A medicina tradicional chinesa alega que a energia responsvel pela nutrio do canal da orelha penetra diretamente nela por meio dos pontos de acupuntura do canal unitrio Shao Yang (Triplo Aquecedor e Vescula Biliar), bem como do canal principal do Gan (Fgado). A

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exata localizao dos pontos auriculares e suas funes energticas, bem como a anatomia da orelha, so indispensveis para o tratamento (YAMAMURA, 2001). 3 MATERIAL E MTODOS 3.1 TIPO DE ESTUDO Observacional descritivo, estudo de caso. 3.2 DADOS DO PACIENTE Mulher, 25 anos, procurou pela primeira vez tratamento com acupuntura queixando-se de dores por toda coluna vertebral, especialmente na regio lombar. Relatou desnimo, falta de iniciativa e confiana em si e nas pessoas a sua volta. Apresentava certa dificuldade para pegar no sono e a qualidade deste estava prejudicada, conforme suas palavras: parece que eu durmo e no descanso. Durante a anamnese relatou ser diagnosticada pela medicina convencional como depressiva, faz tratamento farmacolgico com medicamentos controlados para o estado depressivo e para induo ao sono. 3.3 PROTOCOLO DAS SESSES Estabeleceu-se o total de oito sesses (56 dias) com intervalo de uma semana entre elas, fazendo uso exclusivo da Auriculoterapia ciberntica como forma de tratamento dentro do universo das tcnicas de Acupuntura. 3.3.1 Material Foram utilizadas agulhas auriculares estreis semi-permanentes de 1,5 mm, algodo e lcool 70% para o processo de assepsia, tintura de benjoim para remoo da oleosidade local e para a fixao da agulhas utilizou-se fita microporosa de cor bege. As agulhas foram inseridas com auxlio de pina anatmica para disseco de 12 cm. 3.3.2 Descrio da tcnica

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A tcnica empregada foi a Auriculociberntica (SOUZA, 2007b) na qual se utiliza a introduo das agulhas em trs pontos chaves nesta ordem: Shenmen, Rim e Simptico. Em primeiro lugar, realizou-se a manipulao das orelhas para inspeo e identificao de pontos dolorosos, aps a assepsia aplicou-se a tintura de benjoim para o desengorduramento do local. Utilizou-se preferencialmente o lado dominante do paciente, com auxlio de pina aplicou-se as agulhas semi-permanentes nos pontos pr-estabelecidos, sendo que, convencionalmente estas corresponderam ao nmero mximo de doze unidades. A seguir colocaram-se os pontos relacionados com as queixas do paciente e com o diagnstico clnico, pontos diagnsticos que indiquem doenas foram puncionados por ltimo. O paciente permaneceu de maneira confortvel, geralmente em decbito dorsal. A exceo da utilizao do lado dominante do paciente acontece quando se utiliza pontos bilaterais ou pontos que correspondem ao lado da regio ou rgo a ser tratado do lado oposto do mesmo. No retorno do paciente para uma nova sesso, novamente a anamnese foi realizada, ento se investigou os resultados obtidos e novos pontos foram escolhidos com base nos achados, porm, os pontos da ciberntica permaneceram inalterados. 3.3.3 Seleo dos pontos auriculares Os trs primeiros pontos escolhidos pertenceram ciberntica (figura 3), em seguida, utilizamos os pontos fixos que julgamos convenientes para a patologia, por exemplo: ponto da tenso, nervo vago e relaxamento muscular A escolha do repertrio dos pontos tambm dependeu da investigao de regies doloridas, queixas e da anamnese do paciente, no incio de cada nova sesso. 3.3.4 Avaliao da efetividade do tratamento Com o objetivo de avaliarmos a eficcia do tratamento com base na melhora dos sinais e sintomas apresentados pelo paciente, propusemos a utilizao de testes como ferramentas para este fim, j que encontramos na literatura discusses e resultados que se mostraram satisfatrios em diferentes trabalhos quando empregados. A escala visual analgica para satisfao (EVA-S) foi desenvolvida para que a opinio da voluntria seja quantificada e os resultados obtidos sejam considerados domnios expressivos

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usuais para avaliao do segmento teraputico utilizado. Aplicada aps o trmino de cada sesso, sua aplicao e entendimento foram de fcil execuo (anexo I). Os resultados obtidos com a EVA-S foram comparados com a evoluo da qualidade de vida da voluntria, mensurada atravs de questionamento da melhora na qualidade de vida (CICONELLI et al, 1999), disponvel no anexo II, fundamental para avaliao da expressividade do teste desenvolvido e sua posterior validao. Esta verso brasileira do teste (Brasil SF-36) foi desenvolvida a partir da verso inglesa Medical Outcomes Study (STEWARD; WARE, 1992), construdo para satisfazer normas psicomtricas necessrias para comparaes intergrupais. Dos quarenta conceitos sugeridos no estudo, oito foram selecionados: capacidade funcional, aspectos emocionais e fsicos, dor, estado geral da sade, vitalidade, aspectos sociais, aspectos e sade mental. Atravs do tempo, o questionrio foi sendo utilizado e aprimorado at a introduo da verso 2.0 (SF-36v2) para corrigir deficincias (WARE et al, 2000). Este Instrumento de avaliao genrica de sade, constitudo por 36 questes, foi traduzido para diversas lnguas. Para o clculo de cada domnio, faz-se necessria a utilizao da frmula que segue:Domnio: Valor obtido nas questes correspondentes Limite inferior x 100 Variao (Score Range)

Na frmula, os valores de limite inferior e variao (Score Range) so fixos e esto estipulados abaixo (tabela 1). Pontuao das Domnio Questes Correspondentes Capacidade funcional Limitao por aspectos fsicos Dor 03 04 07 e 08 10 4 2 20 4 10 Limite Inferior Variao

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Estado geral de sade Vitalidade Aspectos sociais Limitao por aspectos emocionais Sade mental

01 e 11 09 (itens: a, e, g, i) 06 + 10 05 09 (itens: b, c, d, f, h)

5 4 2 3 5

20 20 8 3 25

Tabela 1. Valores para clculo dos Domnios.

4 RESULTADOS E DISCUSSO A utilizao da escala visual analgica para mensurar a satisfao do paciente foi capaz de refletir a melhora do seu estado patolgico ao longo do tratamento. De acordo com o Grfico 1, podemos observar que atravs da auto-avaliao (EVA-S), aps a quarta sesso j obtivemos um aumento do valor percentual maior do que 100% e ao final do tratamento este valor quase que quadruplica em relao ao resultado aps a primeira sesso.

Grfico 1. Resultados da Escala Visual Analgica modificada para Satisfao. As diferentes escalas de auto-avaliao analgicas por serem de fcil aplicabilidade so amplamente utilizadas, estudos demonstram suas efetividades na mensurao de estados emocionais tais como o humor (KARINIOL, 1981; ZUARDI, 1981; DEL PORTO et al., 1983; BARTON et al., 1993.) e a dor (LEWIS, 1990; BUCKELEW et al., 1992; CAMPBELL; COULTHARD, 1993; CARAVIELLO et al., 2005). A melhoria da qualidade de vida do paciente, ao decorrer do tratamento, foi observada com a aplicao do questionrio SF-36 (CICONELLI et al., 1999), Castro et al (2003) definiu o QSF-36 como um bom instrumento para avaliar hemodilise. a qualidade de vida em pacientes em

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Berman et. al. (2004), em sua pesquisa, utilizou a auto-avaliao (QSF-36) e evidenciou a eficcia da acupuntura no tratamento de osteoartrite de joelhos, Vickers et. al (2004) obteve o mesmo xito ao mensurar os benefcios da acupuntura no tratamento de cefalias crnicas.

QSF36 (1 S)140 120 100 Valores (Raw Scale)

81,15 65 44 47,5

80 60

42 40 20 0 0 0 7 Tempo (Dias)Limitaes por Aspctos Fsicos Aspectos Sociais Dor

20

25

Limitaes por Aspectos Emocionais Estado Geral de Sade Capacidade Funcional

Vitalidade Sade Mental Valor Total

Grfico 2. Qualidade de vida antes da primeira sesso.

Antes da primeira sesso a voluntria apresentava considerveis limitaes relacionadas aos aspectos fsicos e emocionais, sendo que para esses valores, apresentados no grfico 2, 0 (zero) representa o pior estado possvel e 100 (cem), o melhor. Considerando a dor como queixa principal durante a anamnese (item 3.2) e como motivador da busca pelo tratamento, ao avaliarmos os resultados para o domnio Dor, anterior ao tratamento (grfico 2) e aps a quarta sesso (grfico 3), observou-se melhora estimada em 35%, ndice o qual aumenta ainda mais aps a ltima sesso (grfico 4), por volta dos 70% em relao ao dado inicial.

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QSF36 (4 S)140 120 102,8 Valores (Raw Scale) 100 80 60 40 25 20 0 28 Tempo (dias)Limitaes de Aspectos Fsicos Aspectos Sociais Dor Limitaes de Aspectos Emocionais Estado Geral de Sade Capacidade Funcional Vitalidade Sade Mental Valor Total

80 60 50 33,3 57 64 56

Grfico 3. Qualidade de vida aps a quarta sesso.

QSF36 (8 S)140 120 100 80 60 40 20 0 56 Tempo (Dias)Limitaes dos Aspectos Fsicos Aspectos Sociais Dor Limitaes dos Aspectos Emocionais Estado Geral de Sade Capacidade Funcional Vitalidade Sade Mental Valor Total

Valores (Raw Scale)

119,4

75 66,6

75 62,5

80 72 72

85

Grfico 4. Qualidade de vida aps a ltima sesso. 13

Com o decorrer do tratamento, aps a quarta sesso (grfico 3) podemos notar melhoras considerveis nas limitaes tanto fsicas quanto emocionais e, aps a oitava sesso (grfico 4), os valores aumentam em duas vezes (75) e dobram (66,6), respectivamente. O Estado Geral de Sade, logo aps o tratamento (grfico 4), alcanou valor que representa uma melhora percentual em torno de 70%, tambm podemos observar que aps o tratamento, o valor para o domnio Vitalidade triplicou e o relacionado aos Aspectos Sociais teve o seu valor duplicado. O valor total para o teste quando comparados os grficos de 2 a 4, evolui 38,25 pontos considerando que o pior resultado prximo a zero e o melhor prximo a 100.

Validao: EVA-S e QSF36140 120 100 Valores (%) 80 60 40 20 0 0 4 Tempo (semanas) 8

EVA-S VT

Grfico 5. Comparao percentual entre os testes. Estudo de casos semelhantes (PALHARI, 2009) usou apenas o Inventrio de Depresso de Beck, como forma de auto-avaliao e observou resultados positivos aps cinco sesses com Auriculoterapia. Atravs da comparao dos valores totais (grfico 5) obtidos com os testes, fica evidente o aumento progressivo dos resultados que refletem a melhora do prognstico e a eficcia da terapia utilizada. Ao concordarem entre si, o resultado do teste de auto-avaliao desenvolvido (EVA-S) validado pelo teste sugerido (QSF-36).

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5 CONSIDERAES FINAIS Observou-se que a Auriculoterapia foi eficaz para o tratamento da depresso e melhora da qualidade de vida da voluntria tratada neste estudo de caso.

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REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

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