estado e balanÇo da exploraÇÃo dos recursos...

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1 Project CONSDEV, n°ICA 4-2001-10043 (INCO-DEV Programme, European Commission, Research Directorate-General) Coherence of Conservation and Development Policies of Coastal and Marine Protected Areas in West Africa Cohérence des politiques de conservation et de développement des aires marines protégées marines et côtières en Afrique de l’Ouest Coerência das politicas de conservação e de desenvolvimento das áreas protegidas marinhas e costeiras na Africa Ocidental ESTADO E BALANÇO DA EXPLORAÇÃO DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS Síntese regional (PNBA,RBDS, RBABB) Por Jean-Yves Weigel (IRD), Jean Worms (PNBA), Samuel Diémé (DPN), Aristides O. Da Silva (INEP) IRD/PNBA/DPN/UICN Guiné Bissau Dakar-Nouakchott-Bissau, Outubro 2002 Ref: CONSDEV Síntese/WP1/03

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Project CONSDEV, n°ICA 4-2001-10043(INCO-DEV Programme, European Commission, Research Directorate-General)

Coherence of Conservation and Development Policies of Coastal and MarineProtected Areas in West Africa

Cohérence des politiques de conservation et de développement des airesmarines protégées marines et côtières en Afrique de l’OuestCoerência das politicas de conservação e de desenvolvimento das áreas protegidas

marinhas e costeiras na Africa Ocidental

ESTADO E BALANÇO DA EXPLORAÇÃO DOS RECURSOSNATURAIS RENOVÁVEIS

Síntese regional (PNBA,RBDS, RBABB)

Por Jean-Yves Weigel (IRD), Jean Worms (PNBA), Samuel Diémé (DPN),Aristides O. Da Silva (INEP)

IRD/PNBA/DPN/UICN Guiné Bissau

Dakar-Nouakchott-Bissau, Outubro 2002

Ref: CONSDEV Síntese/WP1/03

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ABREVIAÇÕES

ACGEBA : Appui à la Conservation, la Gestion, la Valorisation de l'Écosystème du Banc d’Arguin (Apoio à Conservação, Gestão, Valorização do Ecossistema do Banc d’Arguin)

AMCP : Aire Marine et Côtière Protégée (Área marinha e costeira protegida)CIPA : Centro de Investigaçao Pesqueira AplicadaCGRN : Cellule de Gestion des Ressources Naturelles

(Núcleo de Gestão dos Recursos Naturais)CNPS : Collectif national des pêcheurs du Sénégal

(Colectivo Nacional dos Pescadores do Senegal)CNROP : Centre National de la Recherche Océanographique et des Pêches

(Centro Nacional da Pesquisa Oceanográfica e das pesqueiras)CRODT : Centre de Recherches Océanographiques de Dakar-Thiaroye

(Centro de Pesquisas Oceanográficas de Dakar- Thiaroye)CVGRN: Cellule Villageoise de Gestion des Ressources Naturelles

(Núcleo aldeão de gestão dos recursos Naturais)DEFCS : Direction des Eaux, Forêts, Chasses et de la Conservation des Sols

(Direção das águas, florestas, caças e conservação dos solos)DEEC : Direction de l’Environnement et des Etablissements Classés

(Direção do Meio ambiente e dos sítios tombados)DPCA : Direction de la Pêche Continentale et l’Aquaculture

(Direção da pesca continental e da aquacultura)DPN : Direction des Parcs Nationaux

(Direção dos parques nacionais)EPEEC : Equipe Pluridisciplinaire sur les Ecosystèmes

(Equipe Pluridisciplinar sobre os ecossistemas)FENAGIE : Fédération Nationale des GIE de Pêche

(Federação Nacional dos GIE de pesca)GIE : Groupement d’Intérêt Economique

(Agrupamento de interesse económico)GPC : Gabinete de Planificação CosteiraIFAN : Institut Fondamental d’Afrique Noire

(Instituto Fundamental de África negra)INEP : Instituto National de Estudos e PesquisaIRD : Institut de Recherche pour le Développement

(Instituto de pesquisa para o desenvolvimento)MAB : Man and Biosphere (Homem e biosfera)ONG : Organisation non Gouvernementale (Organização não governamental)ORSTOM : Office de la Recherche Scientifique et Technique

(Ofício da Pesquisa científica e técnica)OP : Organisations Paysannes

(Organizações camponesas)PNBA : Parc National du Banc d’Arguin

(Parque Nacional do Banc d’Arguin)PNDS : Parc National du Delta du Saloum

(Parque Nacional do Delta do Saloum)RBABB : Réserve de Biosphère de l’Archipel Bolama-Bijagos

(Reserva de biosfera do Arquipélago Bolama-BijagósRBDS : Réserve de la Biosphère du Delta du Saloum

(Reserva de biosfera do delta do SaloumRNR : Ressources Naturelles Renouvelables

(Recursos Naturais Renováveis)UCAD : Université Cheikh Anta DIOP de Dakar

(Universidade Cheikh Anta DIOP de Dakar)UICN : Union Mondiale Pour la Nature

(União Mundial para a natureza)UNESCO : United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization

(Organização educacional, científica, e cultural das Nações Unidas )

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ÍNDICE

1. Introduçao......................................................................................4

2. Diversidade dos contextos e estado dos recursos naturaisrenovaveis...........................................................................................5

2.1. O contexto geografico e ambiental.........................................................................6

2.2. Estado da fauna aquatica e dos recursos haliêuticos..............................................11

2.3. Estado da avifauna e da fauna terrestre..................................................................13

2.4. Estado da vegetaçao lenhosa..................................................................................15

3. Exploraçao e uso dos recursos naturais renovaveis...................17

3.1. Recursos haliêuticos...............................................................................................17

3.2. Exploraçao e evoluçao da fauna terrestre .............................................................20

3.3. Exploraçao e uso da vegetaçao lenhosa.................................................................21

3.4. A exploraçao e uso agricola e pastoral...................................................................24

4. Conclusao e recomendaçoes.........................................................27

Bibliografia........................................................................................31

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1. Introdução

Frente ao fracasso dos métodos clássicos de gestão dos recursos renováveis e dosecossistemas marinhos e costeiros, as áreas marinhas protegidas (AMCP), na África do Oestecomo afora, apareceram como laboratórios de campo únicos, claramente delimitadosespacialmente e dotados de quadros jurídicos, regulamentares e institucionais particulares.Segundo seus fundadores, as AMCP, sob a forma de parques nacionais ou de reservas debiosfera, têm de permitir a conciliação de conservação da biodiversidade e preservação dosecossistemas com um desenvolvimento harmonioso das populações residentes e ribeirinhas.A tarefa é difícil, dado o contexto de exploração e de uso dos recursos renováveis em zonacosteira, especialmente dos recursos haliêuticos, contexto que evoluiu extremamente duranteas duas últimas décadas, principalmente na África do Oeste. Com efeito, embora os principaisfactores de evolução - o crescimento demográfico e a propagação da economia de mercado -não sejam exclusivos à África do Oeste, pois estão ligados à globalização, seus impactosforam particularmente fortes e provocaram mudanças radicais nas dinâmicas de exploração,de valorização, e nas modalidades de acesso aos recursos renováveis nesta região do mundo.

Entre os factores de evolução mais importantes, dois merecem uma atenção especial:por um lado, o crescimento notável das populações permanecendo na faixa costeira(fenómeno de litoralização) com o corolário do aumento rápido da pressão nos recursosrenováveis; por outro lado, o incentivo de mercados diversificados cujos raios de acção setornam cada vez mais amplos, compelindo as populações locais, de uma economia desubsistência, a uma economia de mercado, por uma progressão muitas vezes mal controladaque provoca transtornos ecológicos, tecnológicos e sociais importantes.

Objecto da presente síntese, as três AMCP oeste-africanas, o Parque Nacional do Bancd’Arguin (PNBA), a Reserva de Biosfera do Delta do Saloum (RBDS), a Reserva de Biosferado Arquipélago Bolama-Bijagós (RBABB), adoptaram procedimentos as vezes diferentespara tentar conciliar as necessidades muitas vezes contradictórias de conservação edesenvolvimento socio-económico. Frente à complexidade e à diversidade dos dados, umbalanço do estado, do uso e da exploração dos recursos naturais renováveis impõe-se, demodo a obter uma base firme para interpretar e analisar as situações actuais e, maisimportante ainda, para poder, se for preciso, propor melhoramentos aos quadros defuncionamento existentes.

Esta síntese assenta-se em três documentos de estudo tratando do balanço do estado, douso e da exploração dos recursos naturais renováveis: primeiro documento relativo ao PNBA,realizado por Jean Worms, segundo documento relativo à RBDS realizado por Samuel Diémé,e o terceiro documento relativo à RBABB, por Aristides O. Da Silva. Esta síntese se interessaprimeiro à diversidade dos contextos geográficos, depois ao estado dos recursos naturaisrenováveis, e enfim à exploração e uso desses recursos, antes de propor uma conclusão erecomendações.

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2. Diversidade dos contextos e estado dos recursos naturaisrenováveis

Mapa 1. Localização das três áreas marinhas e costeiras protegidas estudadas

Embora pertencendo todas ao domínio intertropical, as três AMCP possuemcaracterísticas geográficas diferentes. O Parque Nacional do Banc d’Arguin (PNBA), situadopor ambos os lados do vigésimo paralelo, costeia o litoral mauritano por mais de 180 km ecobre uma superfície de 12 000 km2 composta igualmente de áreas marítimas e terrestres.Situada no litoral senegalês, a Reserva de Biosfera do Delta do Saloum (RBDS) circunda umasuperfície de 180 000 hectares que inclui um amplo estuário formado pelo delta do rio Saloumno Norte, do Rio Diombos no centro, e do rio Bandiala, e um conjunto continental orlandoeste estuário. Situada ao largo da Guiné-Bissau, a Reserva de Biosfera do ArquipélagoBolama-Bijagós (RBABB) cobre a totalidade do Arquipélago dos Bijagós, ou seja 10 000km2, assim como uma pequena área continental historicamente assujeitada a Bolama, antigacapital colonial.

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2.1. O contexto geográfico e ambiental

2.1.1. O Parque Nacional do Banc d’Arguin

Mapa 2 : O Parque Nacional do Banc d’Arguin

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Dum ponto de vista climático, o Parque Nacional do Banc d’Arguin (aprox. 20° Norte),situado inteiramente em zona sariana árida, é marcado por precipitações muito raras1 quepermitem só o desenvolvimento de uma flora sariana difusa, cuja repartição depende acima detudo da natureza do solo. Só uma faixa costeira estreita se beneficia de uma humidaderelativamente maior devido à evaporação marinha, gerando uma faixa vegetal essencialmentecomposta de plantas halófilas.

Relativamente ao domínio costeiro e marítimo, o PNBA caracteriza-se topograficamentepor uma plataforma continente-oceano pouco acentuada, pois assistimos aqui à desaparição deum deserto sariano numa zona marinha pouco funda (5 metros de água a 50 km da costa) ondeantigos estuários convergiram e acumularam imensos sapais atravessados por canais ecobertos, por partes, de pastos de plantas marinhas (pastagens) submersos. Como sinal dopassado estuarino do Banc d’Arguin, podemos mencionar nas suas águas hiper-salgadas apresença de Ciclideos e da etmalose (Djafal). De um ponto de vista hidrológico, a subidasubsequente de águas profundas frias, ricas em elementos nutritivos minerais e orgánicos(upwelling), graças ao impulso dos alísios (outwelling), gera um produtividade biológicaelevada, pois a combinação de luz solar e de fortes concentrações de nutrientes provoca umaexplosão da produção primária, fitoplâncton e plantas marinhas. Combinado à presença depastagens marinhas, esse fenômeno revela-se através da presença notável de peixes,invertebrados, e de mamíferos marinhos, assim como de aves aquáticas.

Relativamente ao domínio terrestre, todos os tipos de paisagens desérticas sãorepresentados no Parque: campos de dunas vivas (ergs), cordões dunares orientados nordeste-suloeste formados de barcanes deslocando-se sob a força dos ventos dominantes, vastosconjuntos de dunas ogolianas fixas (>15 000 anos), interdunários, antigos leitos de oueds maisou menos vegetalizados, zonas de aluviões, lajes de grés e cristas calcáreas, bacias deevaporação em solos hiper-salgados (sebkhas). Apesar da aridez prevalecendo nesta área, adiversidade florística é impressionante: mais de 200 espécies vegetais foram lá recenciadas,sejam essas espécies arbóreas e arbustivas típicas de zonas áridas ou de plantas costeiras ehalófilas.

Se o pastoralismo sempre foi a principal actividade das populações frequentandoepisodicamente esta zona conforme a flutuação das zonas pastoráveis, um pequeno grupomultiétnico orientou-se para a exploração dos recursos haliêuticos : os Imraguen, cujo númeroé estimado a 1 500. Esses praticaram primeiro a pesca num ritmo sazonal (pesca à tainha), e,mais recentemente, durante o ano inteiro, conforme um fenômeno de sedentarização iniciadono começo do século vinte.

1 A área do PNBA situa-se entre os Isoietas 50 et 70 mm mas, entre 1973 e 1995, recebeu menos de 15 mm porano.

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2.1.2. A reserva de biosfera do Delta do Saloum

Mapa 3 : A reserva de Biosfera do Delta do Saloum

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A RBDS distingue-se pela diversidade de seus meios que lhe confirem papéis e funçõesmúltiplos : habitat e espaço de alimentação para a fauna (aves migradoras, peixes, cetáceos,moluscos, crustáceos, … ), proteção do litoral graças aos seus mangais, os mais setentrionaisda África ocidental, sítio de reprodução (nidificação, desova, etc.), preservação dabiodiversidade com suas áreas marinhas protegidas, habitat humano e espaço económico(agricultura, criação de gado, pesca, turismo). O clima é de tipo sudanês a sudano-saheliano.É marcado há três décadas por uma diminuição da pluviometria média e a um deslocamentodos isoietas em direção ao sul. Globalmente, a RBDS situa-se entre os isoietas de 600 e800mm, mas nos anos de boa pluviometria, as precipitações podem atingir 1000 mm.

O esquema da RBDS pode dividir-se em três grandes conjuntos :- O domínio insular, composto de três grandes grupos de ilhas separados por três braçosmarinhos principais : as ilhas do Saloum no Norte, as ilhas de Betenti no centro, e as ilhasFathala no Sul. Este território é retalhado por uma rede de canais (ou bolongs) e caracterizadopela presença majoritária de arvores de mangal (paletúvios). Só as zonas arenosas e fora doalcance das marés podem possuir uma vegetação de terra firme.- O domínio continental que é limitado em sua parte baixa pelo cordão de paletúvios quedeixa primeiro aparecer grandes áreas de “tannes” (salgadio, ervosos ou vivos), e depois aterra firme. Esta caracteriza-se por uma alternância de florestas abertas, de savanas arbustivase de zonas de culturas. Com uma extensão de 11 800 ha, a floresta de Fathala, incluída noPNDS, abriga mais de 400 espécies vegetais cujo povoamento pode ser dividido em estratosdiferentes, formando assim uma floresta aberta.- O domínio marítimo cumpre uma função importante de reprodução e de engorda para umasérie de espécies de origem marinha (sardinelas, etmaloses, garoupas, barracudas). Com odeficit pluviométrico e a erosão costeira que provocou a abertura do cordão litoral deSangomar em 1987, a colonização do estuário por espécies de origem marinha ou de afinidademarinha acentuou-se.

A população da RBDS, estimada a 150 000 moradores, agrupa no domínio insularprincipalmente Sereres que praticam a pesca e a rizicultura, no Suloeste Socés e Mandinguesque associam cultura e criação de gado, no Leste e no Nordeste Sereres, Wolofs, e outrasetnias que praticam agricultura de sobrevivência, agricultura de renda e arboricultura. Ocontrabando com a Gambia parece trazer lucros significativos.

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2.1.3. A reserva de Biosfera do Arquipélago Bolama-Bijagós

Map 4 : A Reserva de Biosfera do Arquipélago Bolama-Bijagós

Da RBABB emergem 88 ilhas, das quais 42 têm uma superfície ipmortante. A Reserva éfortemente marcada por sua insularidade, por sua hidrografia e seu clima.

A insularidade explica o carácter endémico de certas espécies vegetais e animais, o querepresenta um grande interesse para a conservação. O que tem um papel fundamental nacaracterização do meio ambiente natural e na diversidade biológica é a origem, o afastamentoda costa e a superfície das ilhas. A fisionomia actual do Arquipélago foi modelada pelaelevação do nível do mar e pela inundação do antigo delta do Rio Geba, os valestransformando-se em canais.

No plano hidrográfico, o Arquipélago está no confluente da influência estuarina (RioGeba, Rio Cacheu), da influência das correntes costeiras ladeando o litoral, da influência domarulho oceânico e das marés de tipo semi-diurno cuja amplitude é relativamente importantepara a África do Oeste, e da influência sazonal do upwelling. Essas várias influênciasexplicam a forte produtividade, devida ela mesma à riqueza em matérias orgânicas e emfitoplâncto que se revela através de uma biodiversidade aquática única na África do Oeste; omangal, que cobre quase o terço da superfície das ilhas, contribuindo para o enriquecimentodo ambiente. A amplitude das marés tem por consequência a existência de quase 1 600 km2de zonas inter-tidais, por parte consituídas de zonas arenosas que com maré baixa servem dehabitat para moluscos, especialmente as arcas, ou combés (Anadarae senelis), por outra parteconsituídas de sapais que servem de local de engorda ás aves, em particular limícolas.

No plano climático, o Arquipélago apresenta duas estações bem diferenciadas: umaestação seca de novembro até abril e uma estação de chuvas de maio até outubro,

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caracterizada por precipitações anuais abundantes, oscilando entre 2 000 e 2 500 mm. Essaforte pluviometria explica a densidade de formação vegetal e favorece também a rizicultura, aagricultura de subsistência, a silvicultura, ou a arboricultura de renda (cajueiros).

O moradores do Arquipélago, estimados a 25 000, definem-se como pertencendo avários grupos étnicos nos quais predominam os Bijagós, os Papel e os Beafadas. Ocupantesancestrais das ilhas, os Bijagós, cujas fortes tradições marítimas foram contrariadas pelosPortugueses, praticam essencialmente a rizicultura, a agricultura de subsistência, e também aarboricultura. Atraídos pela riqueza haliêutica do Arquipélago, pescadores profissionais(senegaleses, guineenses, serra-leoneses, ou ganenses) desenvolvem um esforço de pescapreocupante.

2.2. Estado da fauna aquática e dos recursos haliêuticos

2.2.1. O Parque Nacional do Banc d’Arguin

Desde a criação do PNBA, o estado da ictiofauna e dos recursos haliêuticos foi descrito,entre outros, por Cosson (Cosson and al, 1996), por Wolff and al. (1993), Bak e Nieuwlan(1993), Jager (1993), Francour (1987), Sevrin-Reyssac (1983).

A fauna ictiológica é rica em número de espécies, mas conhece fluctuações deabundância das espécies migradoras, especialmente a tainha (Mugil cephalus), ligadas aalternância de estações fria e quente e aos ciclos de reprodução. Entre os peixes de fundo maisrepresentados, podemos mencionar as raias, os sparídeos, ariideos e os scianídeos. Noconcernente aos pelágicos, fora os mugilídeos já mencionados, devemos notar a presença deconcentrações importantes de tubarões e sardinelas. Quanto aos invertebrados marinhosbênticos, associados aos sapais, eles ocupam um lugar importante na rede alimentar,assumindo a ligação entre produtores primários de clorofila e consumidores superiores, comoos caranguejos que invadem o estrão por milhões durante a maré baixa. De maneira geral, afauna ictiológica do Banc d’Arguin é pouco estudada, e de modo fragmentário.

Os mamíferos marinhos são representados pelas Focas-monge (Monachus monachus)do Cabo Branco, os delfins e as orcas. Os répteis, representados por várias espécies detartarugas: algumas recapturas no Arquipélago dos Bijagós evidenciam uma relação entre aspopulações encontradas na Mauritânia e aquelas que se reproduzem na Guiné-Bissau. Mesmoque os delfins não sejam mais consumidos e as tartarugas não sofram mais de pesca própria,essas espécies são, muitas vezes, vítima das redes para tubarões. Não existe verdadeiroprograma para a avaliação de abundância, para estudos de ciclos biológicos das populaçõesdos mamíferos marinhos ou de tartarugas que poderia permitir uma apreciação do estado dosestoques.

A riqueza haliêutica do Banc d’Arguin, ligada às características biogeográficasexcepcionais de seu ecossistema, é um tema importante para a periferia do Parque na medidaem que esses ecossistemas representam um papel fundamental na renovação dos estoquesexplorados pela pesca industrial e artesanal fora do Parque. Mas essa riqueza é também umtema importante para o ecossistema costeiro e marinho regional inteiro, dadas as relaçõesdemonstradas de certas espécies com outras áreas marinhas protegidas. Assim, o Bancd’Arguin é um sítio de reprodução de certos tubarões (Rhizoprionodon acutus, Rhinopteramarginata), e de alimentação para os juvenis da raia-guitarra (Rhinobatos cemiculus) e otubarão-martelo (Sphyrna lewini); o Arquipélago dos Bijagós, e, em escala menor, a fachadamarítima do Delta do Saloum, um local de eclosão para as tartarugas frequentando o Bancd’Arguin.

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2.2.2. A reserva de Biosfera do Delta do Saloum

Desde a criação da RBDS, o estado da ictiofauna e dos recursos haliêuticos foiapresentado pelo programa “Système pêche de l’Estuaire du Sine Saloum” CRODT /ORSTOM / Universidade de Montpellier II, e especialmente por Pape Samba Diouf (1996), eanteriormente por Séret (1983).

O complexo estuarino do Delta do Saloum, formado dos três braços do Saloum,Diomboss e Bandiala, semeado de ilhas cercadas pelos bolongs e cobertas de mangais,constitui um conjunto de biótopes favoráveis ao desenvolvimento da fauna aquática e dapesca.

Um estudo sistemático dos povoamentos ictiológicos, recenseando mais de cemespécies, confirmou a riqueza específica global do estuário do Saloum que se explicaria peladiversidade dos habitats (braços principais, bolongs, mangais, diversidade dos sedimentos defundo, etc.) e pela baixa rejeição marítima da riqueza trófica proveniente da remineralizaçãoda matéria orgânica produzida no mangal, seguindo o deficit pluviométrico e a ausência deenchente. As famílias ou espécies muito exploradas pela pesca são a etmalose (Djafal), asCarangidae, Gerreidae, Lutjanidae, Haemulidae, as Sciaenidae, Cichlidae, Mugilidae,Polunemidae, Sphyraenidae, Soleidae et Cynoglossidae. As famílias ou espécies poucoexploradas são as sardinelas, as Rhynobatidae, as Sparidae, as Belonidae, as Elopidae. Osseláquios (raias e tubarões) vítimas de uma sobre-pesca durante as últimas duas décadas, estãodiminuindo nitidamente.

Os mamíferos marinhos são representados pela passagem de algumas baleias (nodomínio marítimo), pelos delfins, vários relatórios atestando sua diminuição, pois eles sãovítimas das redes de pesca enquanto sua carne não é consumida, enfim por alguns e rarosmanatins nos canais onde se alimentam de brotos de paletúvios, de algas, e bebe a partir dasraras nascentes de resurgência de água doce.

Enquanto aos répteis, podemos mencionar as tartarugas para as quais o Delta do Saloumé lugar de passagem, bem como de nidificação, na ponta de Sangomar e na fachada marítimade Palmarin Ngallou, as tartarugas sendo ameaçadas apesar das campanhas de sensibilização.Podemos também mencionar, na parte estuarina, o crocodilo do Nilo que soube se adpatar àságuas saloubre, e, mesmo que sua população seja muito reduzida, o varano do Nilo (Varanusniloticus).

A bio-ecologia e a exploração do camarão do género pnaeus do Delta do Saloum forammuito bem estudadas em relação com a exploração intensiva de Penaeus notialis cujo ciclovital tem lugar no mar em estuário. No contexto “hyperhalino” do Saloum, o aumento dasalinidade durante as últimas duas décadas provocou uma migração precoce,consequentemente a diminuição do tamanho médio.

Enquanto aos moluscos, só possuímos algumas observações fragmentadas sobre a bio-ecologia e a exploração dos bivalves, especialmente a ostra Crassostrea gasar, o Combé(arca), Anadara senilis, e os Cymbium. Depois de mais de duas décadas marcadas pelasvariações importantes do ambiente ligadas à seca e à actividade humana, a distribuição dasostras foi modificada e sua qualidade baixou. Quanto aos Cymbium et às arcas, elesconsitutem um recurso bem representado no estuário, em particular nas embocaduras doSaloum, do Diomboss e do Bandiala.

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2.2.3. A reserva de Biosfera do Arquipélago Bolama-Bijagós

As campanhas oceanográficas experimentais desenvolvidas entre 1993 e 1994 pelo Centrode Pesquisa Aplicadas à Pesca (CIPA) permitiram a caracterização do ambiente marinho e asprincipais áreas de interesse ecológico, assim como a identificação das espécies (Lafrance,1994). Medidas por várias expedições oceanográficas dentro e a beira do Arquipélago, asdensidades elevadas de larvas ou de peixes juvenis, crustáceos ou moluscos, testificam seupapel fundamental enquanto área de reprodução ou de engorda para várias espécies. Umacoletânea de informações sobre a pesca do tubarão revelou a diminuição de sua população(Ducrocq, 1997). As tartarugas marinhas foram estudadas por Fortes, Pires e Bellini (1998), etambém por Broderick e Catry (1998).

A riqueza fitoplantônica foi atestada pela abundância de Thalassosiria, de Tabellaria, deBacillaria e sobre tudo de Lauderia, mesmo que as diatomáceas formem o grupo maisfrequente.

O recenseamento de 154 espécies de peixes ossudos confirma a riqueza da biodiversidademarinha do Arquipélago. Podemos distinguir os peixes da família dos Clupeidae, osSciaenidae costeiros e estuarinos, os Sparidae, os Carangidae, os Lutjanidae, osCynoglossidae, os Ariidae, os Gerreidae, os Mugilidae, os Haemulidae. Os peixescartilaginosos são altamente representados pelos tubarões da família dos Carcharinidae e dosRhinobatidae, e as raias, em primeiro lugar a raia.

Uma dezena de espécies de moluscos, em primeiro lugar as sibas, os compés (Anadarasenelis), o búzio-tintureiro, os Cymbium, as ostras de mangal , e nove espécies de crustáceos,dos quais os caranguejos e o camarão sofrem uma pesca ou coleta intensiva.

Os mamíferos marinhos são representados pelos grandes delfins, roazes da Guiné (delfins)presentes mais na proximidade dos mangais, e pelos hipopótamos que frequentam os braçosde mar e voltam para a terra no crepúsculo para alimentar-se.

A comunidade dos répteis marinhos aquáticos é composta de duas espécies decrocodilos, e antes de tudo de cinco espécies de tartarugas marinhas que acham noArquipélago seu principal sítio de desova em toda a costa da África do Oeste, especialmenteno Parque Nacional Marinho das Ilhas de João Vieira e Poilão onde quase 2 000 tartarugasvêm desovar cada ano. Devemos também mencionar o manatim cuja comunidade maisimportante, à escala da sob-região, é abrigada no Arquipélago, e que pertence à mitologiaBijagó. Enfim, como no Delta do Saloum, existe uma comunidade de varano do Nilo(Varanus niloticus).

2.3. Estado da avifauna e da fauna terrestre

2.3.1. O Parque Nacional do Banc d’Arguin

A avifauna foi objecto de todas as atenções dos pesquisadores. Podemos citar os estudosde Brown (s.d.), de Wetlands International (Anonym, 1999), de Girard (1998), de Gowthorpeand Lamarche (1996, 1995), de Trotignon (1991), de Wolff e Smit (1990), de Meninger,Duiven and Van Spanje (1990), de Campredon (1987), de Lunais (1984), Altenburg,Engelmoer, Mes (1983), de Mayaud (1982). Quanto à fauna terrestre do PNBA, ela éapresentada por Boudouresque,C.F., Campredon, P., Kane,H. (1987).

A avifauna é muito importante, como confirmam as enormes concentrações de limícolaspaleárcticas que, depois de sua reprodução durante a primavera no norte da Europa e daRússia, migram progressivamente para o Sul para passar o inverno na África do Oeste. Maisde dois milhões dessas aves param no PNBA entre outubro e março, evidenciando a fantásticaprodutividade desse ambiente onde os migradores acham abrigo e comida em abundância. Ao

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longo do ano, o Parque abriga muitas aves que nele se reproduzem, em particular nas ilhotasda parte sul. Recenseamentos regulares, terrestres e aéreos, permitem que as fluctuações deabundância sejam acompanhadas de um ano para o outro. Em compensação, o impacto dessesfluxos maciços no funcionamento do ecossisema do Banc d'Arguin, especialmente em relaçãoao ciclo da matéria orgânica consumida e rejeitada, tem ainda de ser estudado.

A fauna terrestre é rara, pois ela diminuou muito nestas últimas décadas, por causa deuma caça não controlada e da seca persistente. Se os oryx, as gazelas dama e as avestruzesdesapareceram totalmente, no entanto subsiste uma população de algumas gazelas dorcas nailha de Tidra. Os predadores como os chacais e as hien-raiadas, e, em escala menor, asraposas e os fenneques, resistiram melhor, tendo que mudar seu regime alimentar paraadaptar-se à desaparição de suas presas tradicionais consequentemente à seca. Não existeestudo regular da fauna terrestre.

2.3.2. A Reserva de Biosfera do Delta do Saloum

A avifauna da RBDS foi estudada por vários autores nos quais Vangeluwe (2001),Peeters (2000, 1998), Keijl (2000), le WIWO (1997). Enquanto à grande e média fauneterrestre da RBDS, ela foi objecto de um estudo conjunto ORSTOM (Ofício da pesquisacientífica e técnica) - DPN (Direção dos Parques Nacionais) - DEFCS (Direção das águas,florestas, caças e da conservação dos solos) - UICN (União Mundial para a natureza),realizado por Galat, Galat-Luong, Ndiaye, Guèye, Sambou et Dia I.M.(2002), etanteriormente por Diouck (1995), Chiasera (1992), Dupuy e Verschuren (1982).

O recenseamento da avifauna terrestre da RBDS de 1998 forneceu elementos dedistribuição, densidade e abundância relativas para cinco espécies de aves de savana e defloresta, ou seja a Grande-abetarda, o Grande-calau da Abissinia ou Alma-beafada, a Galinha-das-rochas, a Pintada e os Francolins. No concernente às aves aquáticas, a RBDS possui umagrande diversidade de espécies e lhes oferece múltiplos habitats e também sítios importantesde descanso e nidificação. Com efeito, numerosos migrantes paleárcticos, pricipalmente oslimícolas, apreciam os sapais muito produtivos em micro-organismos. Em Janeiro de 1997,um total de 102 000 aves aquáticas, distribuído em 76 espécies, foi enumerado. Assim, aRBDS e o PNDS cumprem facilmente os critérios de zona húmida de importânciainternacional ; além do mais a RBDS é considerada hoje como primeiro sítio mundial dereprodução de Garajaú-real com 21000 ninhos registos.

No concernente aos mamíferos terrestres, os mais comuns são nove espécies deprimatas, a hiena, o chacal, as ginetas e as civetas, os facoheros, a gazela-pintada, os roedorese outros pequenos carnívoras, e o varano de savana (Varanus exanthematicus). Os antílopestornaram-se raros fora do Parque Nacional do Delta do Saloum.Quanto aos répteis, os mais numerosos são os pequenos lagartos, mas podemos numerartambém na Reserva muitas cobras (víboras, cobras-cuspideiras, gibóias, etc.)

2.3.3. A reserva de Biosfera do Arquipélago Bolama-Bijagós

Os estudos de Altenburg, Wymenga, Zwarts (1992) seguidos por estudos de Asbirk etPetersen (1998), permitiram revelar a importância do Arquipélago dos Bijagós para aavifauna. O total da fauna terrestre foi estudado por Limoges e Robillard (1991b) assim comopor Paris (1994).São 225 as espécies de aves que foram recenseadas no Arquipélago que é o segundo sítio deinvernada das espécies paleoárcticas na costa africana depois do Banc d’Arguin. Descobertosna maré baixa, importantes sapais permitem que mais de um milhão de aves se alimentem.Trata-se basicamente de limícolas (maçaricos, pilritos, tarâmbolas, borrelhos, etc… ) dos quais

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mais de 700 00 indivíduos vêm cada ano passar a estação invernal sob os trópicos, antes devoltar em abril para seus locais de reprodução na Europa. Outras aves, papagaios, garças,colhereiros, ibis, gaivotas e garajaús, reproduzem-se no Arquipélago, especialmente nasilhotas onde os predadores são raros.Um total de 21 espécies de mamíferos terrestres foi recenseado. Seus habitats predilectos sãoas grandes ilhas do Arquipélago. Nas espécies notáveis, podemos mencionar a a gazela, oantílope, a gineta, o macaco-verde (Heliosciurus gambianus), o porco-espinho, o mangusto, ofacohero, a lontra, os roedores e outros pequenos carnívores.Muitos répteis frequentam as ilhas do Arquipélago, tais como os as giboias, as víboras, ascobras-verdes, as cobras-cuspideiras, aos quais devemos acrescentar os varanos de savana(Varanus exanthematicus) e os pequenos répteis (lagartos, camaleões).

2.4. Estado da vegetação lenhosa

2.4.1. O Parque Nacional do Banc d’Arguin

A flora do PNBA foi apresentada por Monod (1988) e anteriormente por Boudouresque,Campredon, Kane (1987). No domínio continental , assistimos desde a grande seca dos anos1970-80 à disparição quase total dos pastos. Lembramos que a pluviometria anual passou de80 mm a 30 mm, e depois a 72 mm, respectivamente para os períodos de 1950-1972, 1973-1997 e de 1998-2001. Desde 1998 e a volta a uma pluviometria mais próxima da norma nestazona climática (aproximadamente 70 mm por ano), estaríamos assistindo à volta de certasespécies em termos de árvores e herbáceas apreciadas pelos camelídeos.

Quanto aos recursos florestais, são muito limitados na área, e pouco ou não utilizados.As populações residentes, sedentárias e nômades dentro do Parque, recolhem a madeira secamas usam acima de tudo o carvão de madeira importado de Nouakchott e o gaz para acozinha. Não temos conhecimento de exploração, recente ou antiga, do mangal residual deAvicenia germinans (paletúvio branco).

Enfim, enquanto aos outros recursos naturais, devemos mencionar que se ainda nãoocorreu nenhuma prospecção relativa aos recursos mineiros dentro ou perto do Parque, areactivação recente da exploração petrolífera, offshore e inshore, é preocupante. Dois blocosabertos à prospecção (blocos 9 e 10) foram atribuídos em 2001 e incluem nos seus limites osdomínios marinho e continenal do PNBA. Os contactos do Estado Mauritânio ao mais altonível permitiram por enquanto que as operações sejam suspensas no território do Parque, masé preciso manter a vigilância.

2.4.2. A Reserva de Biosfera do Delta do Saloum

A flora e a vegetação lenhosa da RBDS foram estudadas, entre outros, por Ba e Sambou(1999), Lykke (1996), e mais especificamente, no concernente ao mangal, por Marius (1985).

A situação da RBDS, zona de transição entre o domínio soudano-guineense no Sul e odomínio sahelo-sudanês no Norte, proporciona-lhe uma relativa riqueza florística marcada poruma flora lenhosa composta de mais de 188 espécies agrupadas em 50 famílias, e umadiversidade de formações florestais que superpõem-se, das florestas de galerias até as savanas,passando pelas florestas abertas. A RBDS é o limite Norte da área de distribuição denumerosas espécies lenhosas guineenses que são todavia pouco abundantes. As áreas maisricas localizam-se a nível da floresta de Fathala com 125 espécies (66%), Sangako com 81espécies (43%), Keur Sambel com 58 espécies (31%), Falia com 54 espécies (29%) e Sipocom 51 espécies (27%).

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O mangal que cobre uma superfície de 170 km2 com seis espécies características(Rhizophora racemosa, Rhizophora mangle, Rhizophora harrisonii, Avicennia africana,Laguncularia racemosa, Conocarpus erectus) constitui uma das formações mais setentrionaisdesse tipo na África do Oeste. A evolução dessas formações de mangal é muito dependentedas condições climáticas e hidrológicas. Com efeito, se o mangal é uma formação quedepende antes de mais nada do ritmo das marés, ele é também sensível às variações dosíndices de salinidade da água. Os efeitos da seca que tocou o Senegal há várias décadas foramreforçados no caso do mangal pelo fenômeno de estuário inverso do Delta do Saloum.

As áreas de cultura dos terrenos aldeãos da RBDS caracterizam-se por uma baixadensidade do coberto vegetal. Á proximidade das habitações, notaremos o desenvolvimentodo “neem” (Azadirachta indica) e a expansão de plantações de cajueiros. A nível dos vales, avegetação é composta de espécies sudano-guineenses, fontes de múltiplos usos para aspopulações, e que constituem também habitats essenciais para a fauna.

Os principais factores de degradação da vegetação da RBDS são os desmatamentosabusivos, as retiradas de lenha de fogo, as queimadas de mato, os cortes selectivos ilegais deespécies de valor. A esses factores junta-se uma forte pressão do gado, além dos factoresnaturais como a diminuição das chuvas, a salinização dos solos e os ataques das sementes decertas espécies por insectos parasitas. As espécies mais vulneráveis e ameaçadas de dispariçãosão aquelas que têm mais afinidades com a sub-região guineense.

2.4.3. A reserva de Biosfera do Arquipélago Bolama-Bijagós

O inventário e o estudo da vegetação lenhosa que foram realizados por Vidigal e Bastonem 1993, foram seguidos por uma cartografia das formações vegetais. Este estudodemonstrou a repartição da ocupação do solo por várias formações vegetais: em primeirolugar palmares (41%), seguidos pelo mangal denso ou semi-denso (25%), a savana seca(15%), as culturas e os solos de vegetação empobrecida (7%), savanas húmidas (5%),florestas danificadas (5%), culturas e tanes que são terras salgadas (2%).

Os palmares são então a formação vegetal mais representativa da região e podemdistinguir-se seguindo sua densidade. O abate selectivo das palmeiras nas zonas de riziculturade sequeiro parece explicar a expansão desses palmares naturais que têm uma capacidade deadaptação a longos períodos de seca.

Os mangais, basicamente consituídos de Avicennia africana e de Rhizophora mangle,desempenham um papel fundamental na estabilização do litoral, na luta contra a erosão, naprevenção contra os ventos; eles são também essenciais para a fauna aquática, como refúgio,zona de desova e de alimentação. Há dez anos, eles cobriam 43 000 hectares cujo terço éconcentrado no Parque Nacional das Ilhas de Orango.

As savanas arbustivas, que suportam alguns raros arbustos e herbáceas, e onde asespécies lenhosas são raras, desempenham um papel importante na estabilização das zonasarenosas.

As florestas degradadas são generalmente compostas de um estrato superior discontínuo,constituído por árvores de tamanho grande, de um estrato intermediário dominado porpalmeiras adultas, de um estrato inferior muito denso caracterizado pela presença depalmeiras mais jóvens, de cipós e de algumas espécies arbustivas.

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3. Exploração e uso dos recursos naturais renováveis

3.1. Recursos haliêuticos

3.1.1. O Parque Nacional do Banc d’Arguin

Desde a criação do PNBA, as características da exploração e do uso dos recursoshaliêuticos do Banc d’Arguin foram principalmente decritas pelo CNROP (2001), Kinadjian(2001), Worms (Worms and al, 2001), pelo projecto ACGEBA (CNROP,2000;CNROP,2001), por Maigret e Ould Abdallah (1976), Robineau (1995), Jenny (1995).

A exploração dos recursos haliêuticos é efectuada pelos Imraguen que ocupam novevilas distribuídas ao longo da costa, para um total de cerca de 1 500 pessoas. Ocupantes dessacosta há tempos immemoriais2, eles são os únicos autorizados a praticar uma exploraçãocontrolada dos estoques haliêuticos dentro dos limites do Parque, onde o uso de barcos amotor é absolutamente proibido. Os Imraguen praticam uma pesca tradicional, seja a pé, comuso de redes, principalmente para a captura da tainha amarela (Mugil cephalus), ou seja comredes malhadas maiores, a partir de uma centena de lanchas (embarcações a vela latina deorigem canária) activas. Há uma década, raias e tubarões são as presas principais dessa pescaoportunista incentivada pela abertura, no início dos anos 90, do mercado muito remuneradorpara a barbatana seca de tubarão a destinação da Ásia, e, mais recentemente, para a carnefumada-salgada exportada no Senegal e no Gana. Devemos acrescentar ao esforço de pescalegal, a pesca ilícita ligada ao grande desenvolvimento da pesca artesanal nos anos 90, mastambém às incursões de pequenos arrastões congeladores, e de barcos pescadores de camarão,embora o sistema de vigilância implementado pelo PNBA a partir de 1998 seja um obstáculopara essa pesca ilegal.

No final dos anos 80, as populações residentes estão frente a uma lógica de mercado queelas apreendem só parcialmente. A concepção tradicional da pesca, essencialmente voltadapara a subsistência, com extração dos recursos correspondendo às necessidades reais e comvalorização da totalidade dos peixes capturados graças a técnicas de transformação peritas(tishtar- peixe seco-, óleo de peixe e ovas secas) que ocupam toda a comunidade e revelamuma perícia admirável era, de facto, ecologicamente duradoura. Os Imraguens eram então osmelhores defensores de seu meio ambiente. A renúncia a suas tradições sob a influênciacombinada da rarefacção brutal de suas espécies-alvo, principalmente as tainhas, e desolicitações cada vez mais insistentes de actores exteriores incentivando-os a praticar outrostipos de pesca, especialmente de seláquios, teve consequências extremamante destabilisantespara eles e para o meio ambiente.

Conforme a demanda exterior, a pesca concentrou-se em espécies, raias e tubarões,muito frágeis por causa da peculariedade de seus ciclos biológicos, e cuja exploração, mesmorelativamente moderada, não pode ser duradoura. A implementação de novas técnicas depesca, se ela revela a excepcional plasticidade dos Imraguen, também aumentou nitidamentesuas dívidas, consequentemente sua dependência ao exterior, devido à compra de engenhos depesca caros. Os pescadores tornaram-se productores extrativistas que não têm mais o mínimocontrole sobre os corcuitos de transformação e não se beneficiam do valor acrescido.Transformação e comercialização são quase sempre entre mãos estrangeiras ao Parque. Arenúncia à pesca e às técnicas tradicionais provoca a perda progressiva de uma perícia única,parte íntima de uma “cultura Imraguen” agora ameaçada de extinção. 2 Os cronistas acompanhando os primeiros exploradores portugueses no século XV já descriviam a pesca dosImraguen (Valentim Fernandes, in de Cenival et Monod, 1938).

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A constatação da exploração actual dos recursos haliêuticos revela primeiro o estado dedestruturação social -pois as raias e os tubarões não são transformados nem consumidos-, edepois a queda do auto-consumo com tendência à mono-exploração. Porém, devido a umapolítica voluntarista de reorientação do esforço de pesca do PNBA, as capturas de seláquiosestão diminuindo desde 1999, em particular dos pequenos tubarões (Rhizoprionodon acutus),pois elas passaram de 700 toneladas em 1997 a 550 toneladas em 2000. Mas, emcompensação, as capturas de peixes ossudos estão aumentando nitidamente, o que não deixade ser preocupante, desde 1997: um forte aumento sobre os mugilídeos, os sparídeos, oslinguados, e os sciaenídeos: de 300 toneladas em 1997 a mais de 1000 toneladas em 2000.

3.1.2. A reserva de biosfera do Delta do Saloum

Desde a criação da RBDS, as características da exploração e do uso dos recursoshaliêuticos no Delta do Saloum foram descritas no campo da pesca dos peixes e doscrustáceos por autores tais como Dème et al (2000, 2001), Bousso (1996), Le Reste e Diallo(1994) e relativamente aos moluscos marinhos, por Grandcolas (1995), Descamps (1991),Seck (1986). Porém, tanto a ausência de estudos aprofundados das dinâmicas de exploração,quanto dados demasiado fragmentários, junto com a falta de colheita de dados biológicos demodo contínuo sobre os moluscos marinhos, dificultam o estabelecimento de um balanço daexploração dos recursos aquáticos.

A população de pescadores em toda a região é estimada mais de 7 000 pessoas, cujosdois terços estão instalados nas vilas insulares. Estes dados têm de ser completados por umaestimação do número de pescadores Nhomincas migrantes em direção ao exterior da zona doSine-Saloum. Em 1999, o número de unidades de pesca com pirogas foi estimado entre 1 700(estação seca) e 1 900 (estação de chuva). Observamos uma especialização segundo o sexo e avila de actividade de coleta e pesca. As mulheres são geralmente quem coleta ostras, arcas(combés), búzios-tintureiros, ou transformadoras do peixe que os homens da vila lhesvendem. Algumas vilas especializaram-se na coleta e na transformação das conchas, outras natransformação do peixe, outras na secagem das ostras, sem que essas actividades sejamexclusivas entre si.

Distinguindo os meios de pesca (marinho, continental, mixto), podemos observar quequase 90% das unidades de pesca evoluem em águas continentais, uma parte importante nodois meios (10%), e uma minoridade exercendo suas actividades no alto mar. A rede deemalhar derivante de fundo, a rede de emalhar derivante de superfície, o cerco de praia, a redede emalhar de cerco, a rede “killi”, e a rede fixa para pesca do camarão constituem a panópliado pescador do Delta. No ano 2000, as quantias obtidas em peixe e camarão foram avaliadas amais de 15 000 toneladas, incluindo 80% de etmalose (djafal), as outras espécies relevantessendo a tainha, o Bagre, o bicuda, as tilapias, e ótolitos. No concernente aos moluscosmarinhos (ostra, arca – combé- Cymbium, búzio-tintureiro), os ciclos de maré desempenhamum papel capital na actividade de coleta que interessa especialmente as mulheres quecontrolam esse sector. No ano 2000, as quantias de moluscos marinhos catados foi estimada a2 600 toneladas, nas quais 1 600 toneladas de arcas (combés), quase 500 toneladas de búzio-tintureiros, quase 350 toneladas de ostras, e 50 toneladas de Cymbium.

Relativamente à valorização das capturas, devemos distinguir a comercialização dosprodutos do mar e a transformação artesanal.

A comercialização do peixe organiza-se essencialmente com destino a Dacar e àPequena Costa, em volta dos grandes centros de pesca situados no continente, tais comoMissirah, Ndangane e Djifère para o peixe e o calamar, e Foundiougne. Ele é limitado pelasdificuldades de evacuação ligadas à grande dispersão dos acampamentos e vilas de pescadoresno Delta e à má qualidade das pistas e das estradas.

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Mas a transformação artesanal permanece a principal perspectiva económica para apesca das espécies mais abundantes e de pouco valor agregado, através da salmoura, dafermentação-secagem, do salgadura-secagem, da defumação. Em termos de valor agregado ede emprego, a transformação artesanal do peixe e dos moluscos está longe de ser umaactividade marginal. A maioria dos produtos de transformação artesanal são exportados para oresto do Senegal, a Gâmbia, a Guiné o ou Burkina-Faso. Os obstáculos à transformaçãoartesanal estão concentrados no acesso à matéria-prima e nas más condições de transformação(perdas importantes, falta de higiene).

A constatação da exploração dos recursos haliêuticos da Reserva de Biosfera do Deltado Saloum confirma uma exploração (15 000 toneladas) intensiva, e refere como sempre àspotencialidades do meio. A pesca à etmalose (djafal) parece dispor ainda dum potencialexplorável importante, mas uma dúvida permanece sobre a sustentabilidade das técnicasusadas,o que justifica um estudo aprofundado da dinâmica de exploração nas vilas eacampamentos de pesca do Delta. No concernente às outras espécies de peixes, especialmenteos peixes de fundo com alto valor comercial, os dados coletados localmente são muitofragmentários, mas o diagnóstico geral de sobre-exploração da Pequena Costa possui a maiorprudência. Enquanto as pesqueiras de camarão, a ausência de coleta de dados biológicoscontínuos não permite mencionar a sustentabilidade da exploração desse recurso, emboravários estudos já antigos revelem a sobre-exploração (Le Reste et Diallo, 1994). Quanto aosmoluscos marinhos, não existe nehuma base de dados biológicos que permitiria julgar oestado de exploração, embora o empioramento climático, a pressão demográfica, odesenvolvimento da fumagem do peixe, que traduziram-se por uma deflorestação localizadado mangal que consitui o meio natural do moluscos marinhos, e suscita algumas procupaçõesobre os estado dos estoques.

3.1.3. A reserva de Biosfera do Arquipélago Bolama-Bijagós

As modalidades de exploração e de uso dos recursos haliêuticos na RBABB foramanalisadas por Aristides Da Silva (2001a, 2001b), Alfredo Simão Da Silva e P.Rabna (2000),Imbali and Da Silva A.O. (1999) para a totalidade da pesca artesanal, por Ducrocq (1997)para os seláquios, por Maretti (1996, 1993) a propósito da coleta de moluscos.

Para os Bijagós, a pesca permanece essencialmente uma actividade de subsistênciavoltada para o consumo familiar, com uma tecnologia simples e barata (piroga monoxyla eausência de motor) tal como as redes de tipo “tresmalho” para pesca da tainha, linhas parapescar peixes de fundo, e barragens de pedra ou de vegetais, cujas capturas eram geralmenteusadas nas cerimônias. Existe também tradicionalmente, principalmente da parte dasmulheres, uma intensa exploração dos moluscos nos bancos de areia. De modo geral, existealgumas modalidades de regulação do acesso às pesqueiras e da regulação do esforço depesca: período de pesca, tamanho dos engenhos de pesca, repartição do produto, idolatria doslocais de pesca, especialmente dos fundos rochosos mais produtivos.

Junto com esta pesca de subsistência, ou de pequena produção mercantil, desenvolveu-seuma pesca artesanal profissional através dos pescadores migrantes Nhomincas senegaleses,serraleoneses, guineenses, ganenses, cuja capacidade de pesca pode ser sem comparação coma pesca tradicional praticada no Arquipélago, e permitir saídas de vários dias: as pirogaspodem atingir 18 metros, com motores de 25 a 40 CV, e com porãos para peixe. Todos essespescadores praticam uma pesca com alvo definido, especialmente tubarões e raias-guitarracuja barbatana, uma vez seca, é destinada ao mercado asiático, as etmaloses (djafal) e ariidaeque eles fumam nos acampamentos de pesca e que são comercializadas dentro do continentevia Bissau, ou, depois de terem sido trazidos no país de origem dos migrantes, os peixes de

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fundo que são destinados aos hotéis e aos acampamentos turísticos, ou às feiras de Bissau.Um exemplo caricatural de acampamento de pesca situa-se na ilhota de Porcos, no Noroesteda RBABB, que ajunta cerca de 1 000 pescadores estrangeiros. A economia de mercado estáinvadindo também a coleta de moluscos, pois uma parte coletada é vendida em Bissau, e atéexportada no Senegal.

Devemos também mencionar uma pesca industrial nocturna ilícita a partir deembarcações com pavilhões estrangeiros, que aumenta exponencialmente, mas cuja extraçãonão é conhecida, por falta de meios de fiscalização. Enfim, não devemos esquecer a pescadesportiva, ligada ao desenvolvimento turístico, cujas retiradas (em diminuição) não tiveramimpacto significativo sobre o estado do recurso até agora, masque serve como indiciadorempírico de abundância.

Finalmente, a pressão dos mercados exteriores e interiores concretizou-se através docrescimento exponencial do esforço de pesca que levou certos autores a estimar as capturas naRNANN a 25 000 toneladas. Entre 1994 e 1998, as capturas da pesca artesanal teriamcrescido de 40%, junto com a capacidade de pesca: o número de acempamentos de pescatriplicou em des anos para até 30 acampamentos, os pontões de desembarque passaram de 131em 1991 a 150 em 1997 e o número de pescadores em 1998 era estimado a 8 000, incluindosó 20% de pescadores definindo-se como bijagós. De modo geral, o aumento muitoimportante da capacidade e do esforço de pesca gerou uma situação preocupante caracterizadapela multiplicação dos conflitos entre pescadores migrantes e pescadores nativos, entrepescadores artesãos e pescadores desportivos, entre autoridades locais e autoridadesnacionais, algumas concedendo autorizações a pescadores artesão estrangeiros. Esta situaçãolevou os moradores de certas ilhas, em particular Canhabaque, Orango Grande, a reivindicarcom violência a dominação do território terrestre e marinho, e a intervir frente as autoridadespara anular as licenças de pesca e e limitar a pesca ilícita industrial.

3.2. Exploração e evolução da fauna terrestre

3.2.1. O Parque Nacional do Banc d’Arguin

No Parque Nacional do Banc d’Arguin, não se pode falar de exploração da faunaterrestre, seja por caça legal ou ilegal, dada a quase extinção da grande e média fauna. Aaparição quase simultânea dos vehículos 4x4 e doas armas de precisão nos anos 60 foi o fimda fauna sahelo-sariana, destruída por uma intensa caça ilícita. Porém, se a volta das chuvasse confirmar, assitiremos talvez a uma reconsituição progressiva do capital faunístico.

3.2.2. A reserva de biosfera do Delta do Saloum

Os balanços de campanhas de caças revelam a regressão da fauna grande e média, assimcomo o vigor da caça ilícita (IREF, 2001). Essa constatação é confirmada pelosrecenseamentos da fauna grande e média efectuados por Galat, Galat-Luong, Ndiaye, Guèye,Sambou, Dia I.M. (2002). Em todo lugar do Delta, a fauna regressou, salvo certas espéciescomo os chacais a nível das ilhas, e os macacos (exceto o macaco procolobus badius) noParque, cujas populações permanecem a um nível relativamente importante. De modo geral, apressão sobre os recursos naturais é muito forte. A exploração comercial (caça lega e ilegal)consitui a primeira ameaça, combinada a extensão da terras agrícolas, à divagação dosrebanhos e às queimadas de mato que danificam os habitats.

A caça concessionada é um meio de regulação e de exploração racional da fauna, se elafor praticada em locais apropriados: não é o caso no Delta do Saloum, além do facto que porcausa da degradação das zonas de caça, os detentores da concessão de caça, as vezes,

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praticam também caça ilegal no sítio tombado. Em várias zonas a caça baixou muito porcausa da sobre-exploração e da falta de ordenação: não há praticamente nenhum inventário dafauna, nem poças d’água, ou zonas de refúgio contra o fogo, enquanto o coberto vegetalcontinua estragando-se.

No concernente à caça ilegal, as espcies-alvos são diferentes conforme a região eco-geográfica considerada. Na parte continental, são essencialmente os facocheros quem sofremais da caça comercial ilícita, pois os antílopes já tornaram-se muito raros, bem como outrosmamíferos terrestres tais como os cefalofos , o antílope tragelaphus scriptus, o leptailurusserval, o babuíno de Guiné (babouin de Guinée) e o macaco Procolobus badius ameaçado deextinção. Nessas ilhas, os manatins, cuja carne é muito prezada, sofrem de capturas acidentaispelos pescadores e caça ilícita organizada, efectuada por certos pescadores especializados;mas as aves de água também, cujos óvos são puncionados pelas populações locais. No mar,de Djinak à Joal, as tartarugas e o delfins são as principais vítimas da caça ilegal ou capturasacidentais, devido à proliferação de engenhos de pesca nos estuários do Delta; as tartarugascapturadas são raramente liberadas, pois sua carne é apreciada pelas populações autóctones.

A constatação do estado e da exploração da fauna salienta formas de retiradas muitoprejudicáveis que não se increvem na durabilidade, pois cada vez mais violadoras dosequilíbrios naturais e danificadoras do ambiente. Para alcançar o objectivo de gestãoduradoura dos recursos faunísticos da RBDS, alguma medidas devem ser aplicadas: reformaro modo de gestão da caça concessionada, realizando um inventário anual da fauna antes daabertura de cada campanha de caça, determinando quotas conforme às potencialidades decada área, e providenciando poças d’água; permitir uma melhora coordenação entre os actores(DPN, DEFCS, parceiros exteriores, etc.), e, enfim, elaborar um plano de luta contra a caçailícita.

3.2.3. A reserva de Biosfera do Arquipélago Bolama-Bijagós

De modo geral, os limites impostos pela sociedade Bijagó na exploração ou no uso dosrecursos naturais renováveis contribuem voluntariamente ou fortuitamente para uma relativapreservação da fauna terretre. Esses limites são resultado de proibições espaciais outemporais, com sanções em caso de infracção. Assim, as ilhas de João Vieira, Meio, Cavalos,Bane et Egumbane são locais de iniciação; na grande ilha de Rubane não se pode enterrar osfalecidos, nem edificar sua sepultura, nem, acima de tudo, construir habitações. No entanto, acolonização de certas ilhas pelos pescadores, junto com a instalação de acampamentos depesca, acentua a pressão antrópica e tem por consequência a destruição do habitat de certasespécies, e até um aumento das extrações pela caça. Por outro lado, a demanda pelos turistasde espécies raras ou protegidas (por exemplo certos papagaios) contribui para a rarefacção dafauna terretre.

3.3. Exploração e uso da vegetação lenhosa

3.3.1. O Parque Nacional de Banc d’Arguin

A síntese da situação e da evolução da vegetação lenhosa do Delta do Saloum é dePirard (2002). Ela fundamenta-se, no concernente à RBDS inteira sobre os estudos do UICN(1996), da UNSECO e de Diop (1998), no concernente ao uso da vegetação lenhosa sobre osestudos de Thiam (1994), no concernente à exploração, ao uso e à gestão do mangal sobre osestudos de Sarr (2000), de Pellequer (2000), de l’Hoir (2000), de Leruse (2000), de Werner(1995), de Cormier Salem (1994), d’Agbogda e Doyen (1985).

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3.3.1.1. O mangal

Ao contrário das zonas florestais de terra firme onde os usos múltiplos são reconhecidose fortemente explorados, os paletúvios providenciam essencialmente madeira (muito densa eresistente) e as funções ecológicas do mangal são o que torna-o um ecossistema de usosdiversificados (coleta de moluscos e ostras, pesca). Vamos apresentar todavia os diversos usosalimentícios e medicinais registrados, mencionando que estes estão cada vez mais acessórios.

No concernente à lenha de forno para uso doméstico (cozinha), não existem dadosprecisos sobre a proporção “madeira de mangal / madeira de mato” para o consumo de lenhade forno das vilas periféricas ao mangal, mas dada a obrigação de ter pirogas para oabastecimento em madeira de mangal, e dada a dificuldade deste trabalho (acesso muito maisdifícil que no mato), consideramos que a madeira de mangal não pode ultrapassar 50% doabastecimento em lenha de forno dessas vilas. As mulheres cuidam de cortá-la.

Quanto à lenha de forno comercializada, é empregada na cozinha, na defumação dospeixes e pelos padeiros tradicionais. Mas o principal destino da lenha de forno de mangalcomercializada é actualmente a fumagem do peixe. Desde alguns anos, assistimos a umamultiplicação dos fornos de defumação usados por migrantes guineenses que exportam suaprodução para a Guiné ou o Burkina-Faso. Em 2002, 12 002 toneladas de madeira depaletúvios teriam então sido queimadas nesses 259 fornos, se estimamos que essesfuncionaram, em média, 4 meses por ano. Esses números assustadores, mesmo se devem serconsiderados com prudência, dão uma idéia das retiradas efectuadas e da necessidade deadministrar esses recursos.

A madeira de mangal é usada como madeira de construção, pois tem fama de ser muitodensa, muito dura, e resistente ao cupim. Ela tem fama de ser muito resistente e durável paraas populações locais, o que explica seu uso local e também o ramo que desenvolveu-se emdireção a Kaolack. Os exploradores são ilhéus, ou proprietários de grandes pirogas a motor,ou locatários. A metade deles declara comprar autorização de derribamento às ordens dasEaux et Forêts (Águas e Florestas) que normalmente definem a área de exploração autorizada.Os grossistas e semi-grossistas encontram-se em Kaolack e compram lotes importantes devaras que são encaminhadas lá antes da revenda a retalho para os empresários, pedreiros eparticulares. Os outros usos do mangal têm a ver exclusivamente com a farmacopéia: asfolhas, frutas, e raizes são usadas.

A constatação da exploração do mangal refere-nos à pressão demográfica e à evoluçãodas condições hidrológicas (estuário inversado) e climáticas, cujo empioramento foisalientado acima. A constatação é difícil de fazer dada a ausência de dados confiáveis sobre aprodutividade das diferentes camadas do mangal, as superfícies cobertas por essas camadas,as quantias de madeira verde e de madeira seca exploradas anualmente e a dinâmica domangal consequentemente à sua exploração. Sem concluir a uma sobre-exploração - pois oconsumo, mesmo com uma hipótese alta, ficaria abaixo da produção lenhosa -, a maiorprudência é recomendada visto o aumento do consumo doméstico ligado ao aumentodemográfico, bem como à fumagem do peixe em grande escala que se desenvolve nas ilhas.

3.3.1.2. Palmeiras e cibes

Os palmares situam-se essencialmente no Leste e no Oeste do eixo Sokone-Karange nasilhas de Niokio, Dionwar, Falia, Moundé. Seu uso limita-se principalmente à safra de vinhode palma, à coleta de cachos de palmeira para a fabricação do óleo de palma e ao corte defolhas destinadas à confecção dos telhados. Os palmares da RBDS sofreram os acasos

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climáticos que geraram uma forte salinidade, e também queimadas de mato e, de maneiramais geral, a acção humana.

Os povoamentos de cibes são principalmente disseminados através das ilhas de Fayako,Moundé, Falia, Niodior, e na floresta tombada de Sangako. O cibe é usado pelos homens porsua madeira de serviço, suas folhas servindo para a confecção de telhados de cabanas e deplantas medicinais, pela parte carnuda de sua fruta que pode ser consumida, e por sua seivafermentada. É usado pela fauna selvagem também, para suas folhas e seus brotos. Ospovoamentos de cibe, em quase todo lugar, são danificados, essencialmente por causa daacção humana, apesar de existência de uma regulamentação suposta protegê-los.

3.3.2. A reserva de biosfera de Bolama-Bijagós

As modalidades de exploração e uso da vegetação lenhosa assim como sua evoluçãoforam analizadas de modo geral pelo UICN(2001) e Bouju (2001), por Bia (2000), peloGabinete de Planificação Costeira (2000), por Da Silva A.O, Da Silva A.S., Rabna (2000), porBiai (1998), por Campredon and al. (s.d.), e relativamente ao mangal, por Ribordy, Taveira,Da Silva A.S (1993), Limoges e Robillard (1991c); no concernente à extração de óleo depalma por Ferraz and Alves (1997), por Alves (s.d.) e Baio (s.d.), enquanto às plantasmedicinais por Indjai and Da Silva (F.C.S.) (1997) e Campos and Indjai (1996), e noconcernente às potencialidades apícolas, por Gomes Sa and al. (s.d.).

A exploração das palmeiras tem um papel fundamental para as populações residentes naRBABB. Assim sua exploração permite a extração do vinho de palmeira, do óleo de palma,do óleo palmista para a engorda de porcos, do palmito para a alimentação humana, a extraçãodas raízes para a medicina tradicional, de folhas e ramos para a construção de cercas, devários objectos usuáis, de material de pesca (gamboas, nassas); enfim o tronco é usado para osvigamentos e para drenar os campos; todas essas actividades são efectuadas não somentepelos Bijagós, mas também pelas outras etnias que povoam o Arquipélago, especialmente emNago, Maio, Chedia, Formosa, Carache et Bubaque. Num período de onze anos (de 1982 a1993), a superfície dos palmares teria se reduzido de 40% sob o efeito dos desmatamentospara a rizicultura de sequeiro, mas a importância dessa regressão tem de ser confirmada pelosexpertos. Existe uma gestão tradicional dos palmares, geralmente pelos representantes daúltima faixa etária iniciada como camabi (adulto jóvem), mas também das autoridadessuperiores do tabanca (vila) e dos donu di tchon (clã proprietário). Temos que notar que emBolama, antiga capital colonial, subsistem ainda algumas grandes plantações de coqueiros,palmeiras a óleo, e cajueiros.

A exploração do mangal atinge a madeira de paletúvio usada como lenha de forno parauso doméstico, para a fabricação de sal, e também para a defumação do peixe que sedesenvolve de maneira descontrolada e preocupante em mais de trinta acampamentos, com oaumento dos fluxos migratórios de pescadores estrangeiros assentados com suas famílias.Uma forma de exploração indireta do mangal é a apicultura que é amplamente praticada nazonas de mangal. Como no caso da RBDS, uma constatação sobre a exploração do mangalnão pode se assentar sobre dados confiáveis enquanto à produtividade e à superfície dasdiferentes estratas do mangal, assim como a dinâmica do mangal consequente à suaexploração. Porém, durante os últimos quarenta anos, tomando o exemplo das ilhas de Orangoque abrigam o terço do mangal do Arquipélago, a superfície ocupada pelo mangal na grandeilha de Orango teria regressado em 10%

A regressão da floresta sob-húmida explica-se pela pressão antrópica aliada a um certoempioramento climático, todavia menos evidente que aquele tocando o Delta do Saloum.Uma causa maior de deflorestação foi a plantação de cajueiros, especialmente na ilha deBolama e na pequena parte continental da RBABB. Uma outra causa dessa deflorestação é o

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corte de árvores (Alstonia congensis, Daniella oliveri, Chlorofora regia) para a construção depirogas destinadas à venda. Ess actividade está particularmente próspera em Enu eCanhabaque.

3.4. A exploração agrícola e pastoral

3.4.1. O Parque Nacional de Banc d’Arguin

Não existe evidentemente nenhuma actividade agrícola nesse meio desértico.Enquanto à criação de gado, trata-se da criação de camelídeos que Correra (2001) estudou. Ospercursos pastorais dos camelídeos foram quase abandonados durante os períodos de seca,enquanto antigamente os grandes percursos eram situados em volta dos pontos de água emproximidade ao PNBA. O gado era então conduzido mais para o Leste e o Sudeste, em funçãodas condições climáticas. Parece que o regresso duma pluviometria mais clemente tenhatrazido os criadores de gado de volta para seus comportamentos de antanho, com o coroláriodessa nova situação: uma pressão pastoral no PNBA. Com efeito, assistimos a uma voltasazonal importante, de setembro a dezembro, importantes rebanhos de camelídeos, na partecontinental do PNBA e especialmente no Affezal, importante cordão dunar vivo, orientadonordeste-suloeste, que desfrutava uma excelente fama diante dos pastores nómades enquantocorredor de transumância.

3.4.2. A Reserva de Biosfera do Delta do Saloum

A exploração agrícola e pastoral da RBDS é abordada pela formação dos agro-pastores(PROCORDEL, 2002), num estudo da prática do pousio para forragens (Mbengue, 2001),num relatório do “Service de l’Elevage” (Serviço da Criação de gado) do departamento deFoundiougne (Anônimo, 2001), pela estimação das superfícies semeadas (Direction desStatistiques Agricoles – Direção das estatísticas agrícolas, 2000), no recenseamento nacionalda agricultura (Direction des Statistiques Agricoles, 1999), por uma análise dastransformações da agricultura no Saloum meridional (Sarr, 1992).

Dentro da RBDS, as áreas onde a agricultura e a criação de gado são actividadesdominantes são os municípios de Sokone, Passy, Djilor, e Toubacouta. Globalmente, dentroda RBDS, a actividade agro-pastoral particularmente importante explica-se por umapluviometria relativamente elevada à escala do Senegal, pela riqueza relativa de seus solos,por uma população activa numerosa, estimada a 150 000 moradores distribuídos entre Sereres(40%), Wolofs (30%), Peuhls e outras etnias (Mandingues, Socés etc..). Distinguimos duasestações: uma estação húmida que dura do final de outubro até junho, e uma estação dechuvas de três a quatro meses com precipitações maximais em agosto. De modo geral, asituação agro-pastoral caracteriza-se por uma integração agricultura-criação de gado, sobretudo no município de Toubacouta.

Relativamente à agricultura, 60 000 hectares cultivados dividem-se igualmente entreculturas de renda, em primeiro lugar, (das quais) o amendoim (40 000 toneladas), e culturasde subsistência (milho-painço, arroz, sorgo, milho) cuja produção foi estimada a 30 000toneladas em 2001. A isso devemos acrescentar uma produção hortaliça (batata, cebola,salada) muitas vezes exportada na Gambia, e a produção fruteira (mangas, laranjas, mexiricas,limões).

No concernente à arboricultura, ela toca principalmente a mangueira e acima de tudo ocajueiro. Este, presente no departamento de Foundiougne, e mais especificamente na regiãodo Niombato, beneficiou de um projecto de plantação da Cooperação Alemã. Enquanto aosusos do cajueiro, podemos distinguir a comercialização ou o auto-consumo da castanha, a da

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fruta, diretamente antes ou então depois da fermentação para produzir álcool, a quantidade demadeira seca e a fabricação de carvão de madeira. Enfim, as plantações lineares de cajueirostêm uma função de proteção e de pára-vento, e a decomposição de suas folhas contribui para aformação de húmus. As plantações de cajueiro estão em relativo bom estado graças a um solorico, mesmo se não é raro encontrar plantações destruídas por queimadas de mato, devido ànegligência dos proprietários (que instalaram os pára-fogo tarde demais).Enquanto à criação de gado, encontramos uma criação extensiva importante (bovinos, ovinos,caprinos), e também um gado integrado às fazendas (bovino para tracção, cavalos,eqüinos,asíninos). A importância desses números explica-se pela produção de leite e de carne, e alémdisso pela generalização da tracção bovina, eqüina ou asínina que contribui nitidamente para aredução do tempo de trabalho na fazenda, e pela fertilização animal (recolha dos animais) nasfuturas parcelas cultivadas. Devemos mencionar uma repartição espacial heterogênea dogado, pois a criação de gado é principalmente praticada nos municípios de Djilor eToubacouta. Os recursos pastoris são os percursos ou pastos naturais, os pousios, os resíduosde safras de cereais, as cascas de amendoim e de feijão niébé, as folhas das lenhosas eespinhosas. O pousio e os pastos naturais consituem um nó privilegiado das relações entreagricultura e criação de gado, no quadro d gestão agro-pastoral.

A constatação da exploração agrícola na RBDS refere à existência duma populaçãoactiva relativamente jovem praticando a agricultura ou a criação de gado, a um ecossistemafavorável às culturas de sequeiro, hortaliças e fruteiras (presênça de baixas e de rios), a umasuperfície agrícola útil aceitável e a uma boa pluviometria, a feiras hebdomadáriasimportantes.

Relativamente a agricultura, as pesquisas realizadas concordam em notar a fraqueza dosrendimentos agrícolas e o aumento possível da produtividade. Essa produtividade baixa édevida ao carácter grossero do material agrícola implementado pelos camponeses, à baixarenovação desse material, à baixa disponibilidade em entrantes (adubos, sementes pestícidas),à falta de domínio das técnicas de conservação dos produtos da safra, e à não-aplicação dastécnicas de defesa e de resaturo dos solos.

No concernente à criação de gado, os dados disponíveis revelam o uso relativamenteracional dos percursos pastorais e dos resíduos de safra (aos quais devemos acrescentar ospães de amendoim disponíveis) que satisfazem globalmente as necessidades dos animais.Porém, podemos notar três tipos de coações que a criação de gado tem de enfrentar:queimadas de mato que destroem milhares de hectares de tapete herbáceo, exploraçãoirracional dos lenhosos e epinhosos (caprinos e criadores), o desmatamento abusivo nasparcelas de cultivo. A insuficiência de alimentação animal em pasto natural cria perdas depeso importantes em fim de estação seca e fragiliza o gado que se expõe à carências edoenças.

3.4.3. A reserva de biosfera de Bolama-Bijagós

Os recursos agrícolas, arborícolas e pastorais são apresentados nos “Actes de l’Atelier”(Actos da Oficina) organizados pelo Ministério da Agricultura (2000), e numa síntese do GPC(2000), no diagnóstico do estado do meio ambiente feito por Da Silva A.O, Da Silva A.S.,Rabna (2000), nas proposições do Plano de Ordenação da RBABB por Limoges e Robillard(1991a, 1991c), no estudo socio-económico do INEP (s.d).

O sistema de cultura mais comum é a rizicultura itinerante de sequeiro em queimadasflorestais (m’pam-pam) que se caracteriza por uma alternância de períodos de cultura ealqueive. Depois de um ano de cultura, o solo é tradicionalmente deixado em alqueive duranteum período de 6 a 12 anos, em função da densidade de população; durante os períodos dealqueive, a vegetação cresce de novo e garante a estabilidade do solo, cuja fertilidade está

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assim renovada. Trata-se de um sistema extensivo que necessita a disponibilidade de umasuperfície importante de terras cultiváveis e um sistema de gestão elaborado. De facto, estesistema extensivo obriga as famílias a efectuar migrações periódicas nas outras ilhas paracultivar suas parcelas disseminadas. A produção da rizicultura itinerante foi estimada para atemporada de cultura de 1998/99 a 3 600 toneladas para uma superfície de 3 200 hectares.Porém, a pressão demográfica leva a uma redução do tempo de alqueive que seria actualmentede quatro a seis anos, o que contribua para o empobrecimento do coberto vegetalde litoral,para a erosão marinha, para o ressecamento dos rios, assim como para a diminuição dosrendimentos.Um outro sistema de cultura comum é a rizicultura de regadio em baixas de água doce(bolanha) que produziu 1 700 toneladas numa superfície de 1 300 hectares para a temporadade cultura 1998/99. Antigamente muito comum na ilha de Bolama, a rizicultura de regadio emágua salobra, que exige uma forte intensidade de mão de obra, foi abandonada por causa dasalinização provocada pela diminuição da pluviosidade, e pelo êxodo da mão de obraimprescindível para implementar e manter os sistemas de irrigação em direção a Bissau. Aprodução de cereais segundárias (basicamente milho-painço e sorgo) era estimada a 200toneladas em 1999, a produção hortaliça não é conhecida mas houve um forte aumento,especialmente para satisfazer a demanda turística e o crescimento da cidade de Bissau.Enquanto à produção de cana-de-açúcar, ela ultrapassaria 50 toneladas.

A arboricultura fructífera está em pleno desenvolvimento, especialmente as laranjeiras,limoeiros, mangueiras e bananeiras. Mas as plantaçãoes de cajueiros produziriam mais de 300toneladas e ocupariam uma superfície de mais de 500 hectares no Arquipélago.A repartição geográfica deixa aparecer uma especialização da ilha de Bolama e da partecontinental que dela depende, nas culturas hortaliças e de cereais, ou mais recentemente nacultura de árvores fructíferas, culturas que suplantam a rizicultura de regadio em baixas deágua doce e a rizicultura de regadio em água salobra, por causa da falta de terras. Nas ilhas deGalinhas, Formosa, Bubaque, Soga, Carache e Caravela, a cultura dominante é a riziculturaitinerante e a exploração de palmeiras. As ilhas de Formosa e de Caravela, e sobre tudo a ilhade Uno, têm um potencial de água doce que permite praticar a rizicultura em baixias. Nasilhas de Orango e de Uno convivem a rizicultura em baixias, a rizicultura itinerante, e acultura de algumas leguminosas. Enquanto a Nago e Chedia, a exploração das palmeiras épredominante.

A criação de bovinos, ovinos, caprinos e porcos é praticada por duas razões: obter rendae praticar as cerimônias. Até um período recente, e ainda em certas ilhas, o gado está deixadoa sós durante a estação seca, pelo contrário durante a estação das chuvas ele é agrupado epreso para evitar que ele danifique as culturas . A acentuação da ocupação do espaço tende areduzir a divagação do gado. Um recenseamento de 1999 enumera 8 000 bovinos, 15 000caprinos, 20 000 porcos, 36 000 galináceos, 1 800 palmípedes. A evolução do gado debovinos durante os últimos trinta anos revela uma diminuição depois da Independência e até ofim dos anos 1990, e depois uma subida de novo do gado, para atingir o nível do períodocolonial. Trinta anos depois, a demanda dos mercados urbanos suplantou a demanda colonial.

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4. CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES

A ausência de estudos sistemáticos, tanto sobre a dinâmica das populações de peixe, dafauna terrestre ou da vegetação lenhosa, quanto sobre as dinâmicas de exploração e devalorização desses recursos, aos quais devemos acrescentar os recursos agrícolas e pastorais,dificulta o estabelecimento de um balanço incontestável da exploração e do uso dos recursosnaturais renováveis das três AMCP envolvidas. Todavia, uma avaliação do estado, daexploração e do uso dos recursos naturais renováveis pode ser completada usando umamodelização Ecopath para representar o estado do ecossistema marinho ou estuariano, assimcomo para elaborar esquemas de planejamento das pescas, primeira etapa para uma gestãoecossistémica das áreas marinhas e costeiras protegidas. Duas tentativas de aplicaçãoconfirmam isso, uma no ecossistema do Banc d’Arguin, outra no ecossistema do Delta doSaloum a partir dos dados disponíveis : o primeiro documento, relativo à modelizaçãoEcopath da evolução da produção de peixe dependente de várias estratégias de planejamentodas pescas; o segundo documento, relativo à aplicação do procedimento Ecopath aoecossistema.

Comum às três AMCP, a exploração maciça dos seláquios é particularmentepreocupante, além do mais porque tem consequências detruturantes para as comunidades depescadores envolvidas : dependência ligada às dívidas, redução da autosuficiência protéica,modificação das relações de géneros prejudicando as mulheres. Os dados fragmentáriosdisponíveis mais recentes revelam uma situação alarmante no Arquipélago dos Bijagós, sobretudo na fachada marítima do Saloum, a situação no Banc d’Arguin tendo melhoradotendencialmente, depois de uma ação voluntarista do PNBA.

A exploração é também intensiva no concernente a peixes de fundo, mesmo que oaumento do esforço não tenha as mesmas consequências nas relações de gêneros, na medidaem que uma parte importante das capturas é transformada artesanalmente. Esta exploraçãointensiva já é antiga, no Delta do Saloum, mas é relativamente recente tanto no Bancd’Arguin, consequentemente à reorientação do esforço de pesca dos seláquios encorajado peloPNBA, quanto no Arquipélago dos Bijagós com o desenvolvimento de novas técnicasintroduzidas pelos pescadores-artesãos Nyominka senegaleses, e com a violação dasdisposições regulamentares pela pesca industrial.

Signos de sobre-exploração do camarão foram salientados por estudos desenvolvidosnos anos 90 no Delta do Saloum. No Arquipélago dos Bijagós, as incursões illícitas dosbarcos de pesca industrial de camarão parecem ser o que ameaça os estoques ; incursões queforam reduzidas no Banc d’Arguin depois do estabelecimento de um sistema de vigilânciaoperacional.

Só os pequenos pelágicos, em primeiro lugar os etmaloses, poderiam aguentar,eventualmente, um esforço de pesca elevado, em particular no Delta do Saloum, sob reservado estudo sistemático da dinâmica de seu povoamento e de sua exploração.

Quanto à coleta de moluscos marinhos, ela é também intensiva no Delta do Saloum,enquanto o deflorestamento localizado do mangal contribui para alterar o estado dos estoques.A melhoria na aplicação dos regulamentos tradicionais para o acesso aos recursos noArquipélago dos Bijagós explica que a situação esteja menos preocupante que no Delta doSaloum.

Do Sul ao Norte, o estado da fauna terrestre está se degradando sob o efeito doempioramento climático (seca seguida pelo aumento da salinização no Delta do Saloum) e deextrações prejudicáveis (caça ilegal na RDBS ou no PNBA). A situação relativamentesatisfatória no Arquipélago explica-se pela abundância original e pelo vigor dos regulamentos

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tradicionais. Assim, as três AMCP conhecem situações contrastadas : à riqueza relativa daRBABB opõe-se à pobreza do PNBA caracterizada pela quase extinção da fauna do Sahel.Enquanto à RBDS, ela está numa situação intermediária e contrastada entre a zona integradaao PNDS, relativamente preservada, e o resto da Reserva, cuja fauna terrestre é vítima de umamá gestão das zonas de caça concessionada e da caça ilegal.

A constatação da exploração da vegetação lenhosa leva-nos à relação entre consumo eprodução lenhosos. A propósito do mangal, enquanto relatamos um consumo importante sob aforma de lenha de forno para uso doméstico - sobre tudo para a defumação do peixe -, bemcomo madeira de construção, é difícil concluir para uma sobre-exploração, mesmo que estaexista em certas partes da RBDS ou da RBABB. Com efeito, só existem dados fragmentários,devido à ausência de dados sistemáticos sobre a produtividade das várias camadas do mangal,sobre as superfícies cobertas por essas camadas, sobre as quantias de madeira verde e demadeira seca exploradas anualmente, e sobre a dinâmica do mangal decorrente a suaexploração. No concernente aos palmares, a situação é contrastada : se na RBDS elessofreram do empioramento climático mas também de queimadas de mato tais como nasflorestas de cibe não é o caso na RBABB. Quanto as plantações de cajueiros, novaarboricultura de renda para a sob-região, elas estendem-se tendencialmente no suloeste daRBDS e no Arquipélago dos Bijagós inteiro.

Exceto, evidentemente, o PNBA, zona desértica sem potencial agrícola, e com potencialde criação de gado limitado àlguns pastos sazonais frequentados por rebanhos de camelídeos,à arboricultura e à silvicultura, a agricultura e a criação de gado são actividadesparadoxalmente predominantes nas AMCP seguintes : RBDS e RBABB. As actividadesagrícolas explicam-se pela pluviometria favorável (no suloeste do Delta do Saloum e noArquipélago dos Bijagós inteiro), por um ecossistema favorável à culturas de sequeiro, seja decereais (arroz, milho-painço, sorgo), de leguminosas (amendoim, feijão) ou culturashortaliças, igualmente favoráveis à silvicultura (palmares) ou à arboricultura (árvoresfructíferas, cajueiros). As actividades de criação de gado caracterizam-se geralmente por suaintegração à agricultura (fertilização das parcelas cultivadas ou em pousio, uso de resíduosagrícolas). Porém, as práticas tradicionais de gestão agro-silvícolas ou agro-pastorais, maisdifundidas no Arquipélago que no Delta do Saloum, associadas a melhores condiçõesclimáticas, explicam que o balanço da agricultura e da criação seja melhor. Pelo contrário, naRBDS, a multipliação das queimadas de mato e a exploração menos controlada da vegetaçãolenhosa, gera algumas preocupações.

A conclusão sobre o papel das AMCP como vector de conservação dos recursosnaturais renováveis e de desenvolvimento social e económico é relativamente positivo,mesmo se contrastado.

Positivo na medida em que o conjunto de regulamentos e proibições impede aexploração sem desleixo dos recursos que teria levado sem dúvida à exploração ainda maisintensiva dos recursos haliêuticos, faunísticos, lenhosos, agrícolas ou pastorais.

Balanço contrastado conforme o estatuto da AMCP, o período considerado, a AMCPconsiderada, e conforme o recurso natural considerado.

O estatuto de Parque Nacional parece providenciar melhor proteção para os recursosnaturais renováveis, como no Parque Nacional do Banc d’Arguin, no Parque Nacional doDelta do Saloum (integrado à RBDS), no Parque Nacional Marinho de João Vieira-Poilão ouno Parque Nacional das Ilhas de Orango (integrados à RBABB), embora seja evidente queestas zonas foram escolhidas por causa da pequena pressão antrópica que nelas se exercia.Porém, a presência de um Parque dentro de uma Reserva pode ter efeito perverso em termos

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de conservação, pois quem se beneficia dos cuidados da atenção da administração é o Parque,e as populações residentes consideram que a questão de conservação se aplica menos àReserva de Biosfera : é o que resultou das primeiras pesquisas efectuadas na RBDS naperiferia do PNDS.

O período de estudo parece também ter um papel importante : durante os últimos vinteanos, assistimos globalmente a um empioramento em termos de conservação dos recursos,que podemos atribuir à pressão antrópica cada vez mais forte, e, simultaneamente, à melhoriada situação socio-económica provocada pelo aumento da demanda. De modo geral,observamos que a pressão demográfica, em primeiro lugar interna (quase duplicação dapopulação da RBDS desde sua criação em 1981), mas também externa (migrações Saint-Louisienses, senegaleses, na periferia do PNBA, migrações Nyominka senegaleses em direçãoà RBABB), teve consequências negativas na extração de todos os RNR (recursos nãorenováveis). Constatamos também que as três AMCP não são protegidas da explosão da pescaartesanal em todo o litoral oeste-africano, devido entre outras causas à abertura e à demandade novos mercados, inclusive pelos seláquios e os peixes de fundo, fonte direta ou indireta derenda dos moradores.

O balanço das AMCP é também contrastado conforme a área protegida considerada.No nível atual de conhecimento, a situação do PNBA e da RBABB em termos de conservaçãoparece ser menos crítica que a da RBDS. Três causas podem explicar este fenômeno.

A primeira é o melhor acompanhamento no campo das actividades dos moradores. Nocaso do PNBA, a implementação deste acompanhamento foi tardio (1997) e explica-se pelasituação preocupante gerada pela pesca intensiva dos seláquios, a pesca ilegal e, de modogeral, por uma pressão de pesca descontrolada vindo da periferia do Parque. No caso daRBABB, a ampla difusão do plano de gestão, junto a eficiência do sistema de rádiocomunautário desempenhou um papel decisivo. A reflexão sobre a criação de um observatóriodo mangue, desenvolvida em parceria com os moradores, também teve um papel importante.No entanto, um esforço muito importante relativamente ao acompanhamento ecológico esocio-econômico nas três AMCP tem de ser implementado: reforçar o acompanhamento parao PNBA e a RBABB, introduzir esse acompanhamento na RBDS.

A segunda causa é a existência de um sistema de vigilância. Neste campo, o PNBApode servir de exemplo com a implementação, em 1998, de um sistema de vigilância marinhaque reduziu em grande parte as incursões ilegais de barcos de pesca industrial e de pirogas amotor de pesca artesanal. A implementação de uma vigilância terrestre nas três AMCP éimprescindível para manter a sustentabilidade da exploração da fauna terrestre, da vegetaçãolenhosa, dos recursos agrícolas e pastorais, mas também para enquandrar o ecoturismo.

A terceira causa é o esforço realizado em termos de gestão participativa.Esforço tardio mas eficiente no caso do PNBA foi o estabelecimento de oficinas de

concertação desde 1998 reunindo cada ano as autoridades do Parque e as populações, ondesão apresentados os resultados dos programas de pesquisa e onde medidas de gestão econtrole são propostas e adoptadas por consenso. Desde a implementação deste procedimento,a pesca dos seláquios foi dividida por dois, e, além disso, uma nova dinâmica estádesenvolvendo-se, que modifica as relações entre vilas. No caso da RBDS, o esforço degestão participativa ficou basicamente num nível conceitual, pois o plano de gestão da RBDSsó existe há dois anos (ou seja, vinte anos depois da criação da Reserva), mesmo queconcertações com os moradores tenham sido engajadas para elaborar esse plano de gestão quedeve implementar gestão integrada participativa, com, a nível de cada comunidade rural, uma“núcleo de gestão dos recursos naturais” (Cellules de Gestion des Ressources Naturelles,CGRN) incluindo representantes de “núcleos aldeãos de gestão dos recursos naturais”

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(Cellules Villageoises de Gestion des Ressources Naturelles, CVGRN). A respeito daRBABB, o esforço precoce, anterior à criação da reserva, em termos de concertação com osmoradores, e, depois, a elaboração de um plano de gestão incluindo três grandes programas(conservação, desenvolvimento sustentável, pesquisa científica) e uma zonagem da Reserva, acriação de uma estrutura de gestão na forma de Assembléia da Reserva de Biosfera doArquipélago Bolama-Bijagós, a criação de uma estrutura de coordenação, de uma estrutura deatendimento técnico e de animação situadas na Casa do Meio Ambiente de Bubaque que tempor âmbito de valorizar as sabedorias tradicionais e a cultura Bijagós, comprovam sem dúvidaa realidade da gestão participativa integrada. Esta assenta-se num sistema de informaçãogeográfica muito denso (Cuq and al., 2000).

O esforço referente à gestão participativa deve ser prolongado no caso do PNBA e daRBABB, tem de ser realmente implementado no caso da RBDS. De modo geral, este esforçonecessita a valorização do patrimônio cultural das populações residentes, e especificamente oreconhecimento da contribuição das mulheres em termos de conservação e dedesenvolvimento socio-económico.

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