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1 ESTADO DE GOIÁS POLÍCIA MILITAR COMANDO DA ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR CURSO DE FORMAÇÃO DE PRAÇAS APOSTILA DE PREVENÇÃO E REPRESSÃO ÀS DROGAS E ENTORPECENTES 2017

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ESTADO DE GOIÁS POLÍCIA MILITAR

COMANDO DA ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR CURSO DE FORMAÇÃO DE PRAÇAS

APOSTILA DE PREVENÇÃO E REPRESSÃO ÀS DROGAS E

ENTORPECENTES

2017

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SUMÁRIO

1 PROBLEMÁTICA DAS DROGAS E SUAS REPERCUSSÕES SOCIAIS ................ 4

1.1 Breve história das drogas: a longa trajetória das substâncias psicotrópicas com

o passar dos milênios .............................................................................................. 4

1.2 Antecedentes históricos ..................................................................................... 7

1.3 Aspectos técnicos sobre as drogas .................................................................. 10

1.4 Custos sociais decorrentes do uso abusivo de drogas .................................... 11

2 DROGAS, CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO .......................................................... 12

2.1 Conceitos ......................................................................................................... 13

2.2 Classificação das drogas ................................................................................. 13

2.2.1 Quanto aos efeitos no Sistema Nervoso Central (SNC) ............................ 13

2.2.2 Quanto ao aspecto legal ............................................................................ 14

2.3 Fases de atuação das drogas no ser humano ................................................. 15

2.3.1 Resistência ................................................................................................ 15

2.3.2 Tolerância .................................................................................................. 15

2.3.3 Dependência .............................................................................................. 15

2.3.4 Síndrome de abstinência ........................................................................... 16

2.3.5 Escalada .................................................................................................... 16

2.3.6 Overdose ................................................................................................... 17

2.4 Características, forma de uso e efeitos das drogas ......................................... 17

2.5 Efeitos das drogas na gravidez ........................................................................ 21

2.6 Doenças que o uso de drogas podem causar .................................................. 22

3 CONTROLE, PREVENÇÃO E REPRESSÃO ........................................................ 23

3.1 Principais órgãos e estruturas de prevenção ................................................... 23

3.1.1 SENAD (Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas) .......................... 23

3.1.2 Observatório Brasileiro de Informações sobre Drogas (OBID) .................. 24

3.1.3 Fundo Nacional Antidrogas (FUNAD) ........................................................ 25

3.1.4 Subvenção Social ...................................................................................... 25

3.1.5 Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas ........................................... 25

3.1.6 Programa Crack, é Possível Vencer .......................................................... 26

3.1.7 Estratégia Nacional de Segurança nas Fronteiras (ENAFRON) ................ 26

3.2 Ministério Público ............................................................................................. 27

3.2.1 Poder Judiciário- Justiça Terapêutica ........................................................ 27

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3.3 Grupo Executivo de Enfrentamento às Drogas ................................................ 28

3.4 A nível de Policia Federal, Polícia Militar e Polícia Civil ................................... 29

3.4.1 Polícia Federal .......................................................................................... 29

3.4.2 Polícia Militar ............................................................................................. 29

3.4.2.1 PAISPM ............................................................................................... 29

3.4.2.2 PROERD (Programa Educacional de Resistência às Drogas e à

Violência) ......................................................................................................... 30

3.4.2.3 Comando de Operações De Divisas (COD) ........................................ 33

3.4.3 Policia Civil ................................................................................................ 34

3.4.3.1 Escola sem drogas .............................................................................. 34

3.4.3.2 Ser livre ............................................................................................... 34

3.5 Conselhos Estaduais de Políticas sobre Drogas .......................................... 35

3.6 Conselhos Municipais de Políticas sobre Drogas ......................................... 35

4 TRÁFICO DE DROGAS ......................................................................................... 36

4.1 Rotas do tráfico no Brasil ................................................................................. 39

4.2 Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006 – Lei de Drogas ................................ 41

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 45

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1 PROBLEMÁTICA DAS DROGAS E SUAS REPERCUSSÕES SOCIAIS

O uso de drogas lícitas e ilícitas tem causado preocupação a nível

mundial e, embora seja um fenômeno antigo na história da humanidade, constitui

atualmente um grave problema de saúde pública. A Organização Mundial de Saúde

(OMS) considera esta problemática como uma doença crônica e recorrente, que

acarreta sérias consequências individual e social. Presentes em todas as classes

sociais, as drogas se configuram como um dos grandes problemas da atualidade,

ameaçando os valores políticos, econômicos e sociais. Além disso, contribuem para

o crescimento dos gastos com tratamento médico e internação hospitalar, elevando

os índices de acidente de trânsito, de violência urbana e de mortes prematuras e

trazendo enorme repercussão social e econômica para a sociedade contemporânea.

1.1 Breve história das drogas: a longa trajetória das substâncias psicotrópicas

com o passar dos milênios

• 5400 - 5000 A.C. Um jarro de cerâmica descoberto no norte do Irã, com resíduos

de vinho resinado, é considerado a mais antiga evidência da produção de bebida

alcoólica.

• 4000 A.C. Os chineses são, provavelmente um dos primeiros povos a usar a

maconha. Fibras de cânhamo descobertas no país datam dessa época.

• 3500 A.C. Os sumérios, na Mesopotâmia, são considerados o primeiro povo a usar

ópio. O nome dado por eles à papoula pode ser traduzido como "flor do prazer“.

• 3000 A.C. A folha de coca é costumeiramente mastigada na América do Sul. A coca

é tida como um presente dos deuses.

• 2100 A.C. Médicos sumérios receitam a cerveja para a cura de diversos males,

segundo inscrições em tabuletas de argila.

• 2000 A.C.Hindus, mesopotâmios e gregos usam o cânhamo como planta medicinal.

Na Índia, a maconha é considerada um presente dos deuses, uma fonte de prazer e

coragem.

100 A.C. Depois de séculos, o cânhamo cai em desuso na China e é empregado

apenas como matéria-prima para a produção de papel.

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• Século 11 Hassan Bin Sabah funda a Ordem dos Haximxim, uma horda de

guerreiros que recebia, em sua iniciação, uma grande quantidade de haxixe, a resina

da Cannabis.

• 1492 O navegador Cristóvão Colombo descobre os índios usando tabaco durante

suas viagens ao Caribe.

• Século 16 Américo Vespúcio faz na Europa os primeiros relatos sobre o uso da

coca. Com a conquista das Américas, os espanhóis passam a taxar as plantações.

• Século 16 Durante a expansão marítima para o Oriente, os portugueses adotam a

prática de fumar ópio.

• 1550 Jean Nicot, embaixador francês em Portugal, envia sementes de tabaco para

Paris.

• Século 17 O gim é inventado na Holanda e sua popularização na Inglaterra no

século 18 cria um grave problema social de alcoolismo.

• Século 18 O cânhamo volta a ser usado no Ocidente, como planta medicinal.

Alguns médicos passam a usá-lo no tratamento da asma, tosse e doenças nervosas.

• Século 19 Surgem os charutos e cigarros. Até então, o tabaco era fumado

principalmente em cachimbos e aspirado na forma de rapé.

• 1845 O pesquisador francês Moreau de Tours publica o primeiro estudo sobre

drogas alucinógenas, descrevendo seus efeitos sobre a percepção humana.

• 1850-1855 A coca passa a ser usada como uma forma de anestesia em operações

de garganta. A cocaína é extraída da planta pela primeira vez.

• 1852 O botânico Richard Spruce identifica o cipó Banisteriopsiscaapi como a

matéria-prima de onde é extraída a ayahuasca.

• 1874 Com a mistura de morfina e um ácido fraco semelhante ao vinagre, a heroína

é inventada na Inglaterra por C.R.A. Wright.

• 1874 A prática de fumar ópio é proibida em San Francisco (EUA). A Sociedade para

a Supressão do Comércio do Ópio é fundada na Inglaterra, e só quatro anos depois

as primeiras leis contra o uso de ópio são adotadas.

• 1884 O uso anestésico da cocaína é popularizado na Europa. Dois anos depois,

John Pemberton lança nos EUA uma beberagem contendo xarope de cocaína e

cafeína: a Coca-Cola. A cocaína só seria retirada da fórmula em 1901.

• 1896 A mescalina, princípio ativo do peyote, é isolada em laboratório

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• 1898 A empresa farmacêutica Bayer começa a produção comercial de heroína,

usada contra a tosse.

• 1905 Cheirar cocaína torna-se popular. Os primeiros casos médicos de danos

nasais por uso de cocaína são relatados em 1910. Em 1942, o governo dos EUA

estima em 5.000 as mortes relacionadas ao uso abusivo da droga.

• 1912 A indústria farmacêutica alemã Merck registra o MDMA (princípio ativo do

ecstasy) como redutor de apetite. A substância, porém, não chega a ser

comercializada.

• 1914 A cocaína é banida dos EUA.

• 1930 Num movimento que começa nos Estados Unidos, a proibição da maconha

alcança praticamente todos os países do Ocidente.

• 1943 O químico suíço Albert Hofmann ingere, por acidente, uma dose de LSD-25,

substância que havia descoberto em 1938. Com isso, ele descobre os efeitos da mais

potente droga alucinógena.

• 1950-1960 Cientistas fazem as primeiras descobertas da relação do fumo com o

câncer do pulmão.

• 1953 O exército norte-americano realiza testes com ecstasy em animais O objetivo

era investigar a utilidade do agente em uma guerra química.

• 1956 Os EUA banem todo e qualquer uso de heroína.

• 1965 O LSD é proibido nos EUA. Seus maiores defensores, como os americanos

Timothy Leary e Ken Kesey, começam a ser perseguidos .

• 1965 Alexander Shulgin sintetiza o MDMA em seu laboratório. Ao mastigá-lo, sente

"leveza de espírito" e apresenta a droga a psicoterapeutas.

• Anos 70 O uso da cocaína torna-se popular e passa a ser glamourizado. Nos anos

80, o preço de 1 Kg de cocaína cai de US$ 55 mil (1981) para US$ 25 mil (1984), o

que contribui para sua disseminação.

• 1977 Início da "Era de Ouro" do ecstasy. Terapeutas experimentais fazem

pesquisas em segredo para não chamar a atenção do governo.

• Década de 80 Surge o crack, a cocaína na forma de pedra. A droga, acessível às

camadas mais pobres da população tem um alto poder de dependência.

• 1984 A Holanda libera a venda e consumo da maconha em estabelecimentos

específicos - os coffee shops.

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• 1984 O uso recreativo do MDMA ganha as ruas. Um ano depois, a droga é proibida

nos EUA e inserida na categoria dos psicotrópicos mais perigosos.

• 2001 Os EUA dão apoio financeiro de mais de US$ 2 bilhões ao combate ao tráfico

e à produção de cocaína na Colômbia.

• 2003 O governo canadense anuncia que vai vender maconha para doentes em

estado terminal. É a primeira vez que um governo admite o plantio e comercialização

da droga.

Fonte: Revista Galileu Especial nº 3 - Agosto/2003

1.2 Antecedentes históricos

Conforme citado por Hamilton Biscalquini Jr, no seu artigo: Visão

Histórica e Contextualizada do Uso de Drogas, que foi publicado em 28 de setembro

de 2015. O uso de substâncias psicoativas é um fenômeno que acompanha a

humanidade em diversos períodos de sua história, variando segundo critérios relativos

a cada cultura, a cada época. Ao longo da história, os homens utilizaram os produtos

naturais para obter um estado alterado de consciência, em vários contextos − como

no religioso, místico, social, econômico, medicinal, cultural, psicológico, militar e,

principalmente, na busca do prazer. A alteração deste estado de consciência tinha por

objetivo proporcionar melhor ligação com o sobrenatural/divino, como no caso do

álcool, que era usado para favorecer o contato com os deuses.

Na cultura grega e romana, o uso de bebidas alcoólicas, que já era de

domínio destas culturas, não se apresentava tão somente identificado com os rituais

religiosos que, via de regra, permitiam um estado alterado de consciência, mas

difundia-se como prática social relacionada às múltiplas facetas sociais, tais como

festas, bodas, triunfos, vitórias, datas expressivas, jogos e todo tipo de manifestação

de confraternização. Com o advento das conquistas se difundiram também para

outros povos, bem como a implementação de outros usos. No período medieval,

durante a ascendência e poder da Igreja, muitas pessoas, por conhecerem os efeitos

psicoativos de plantas, foram mortas pela inquisição para não colocar em risco o poder

dominante da época. O uso de substâncias psicoativas, com exceção do álcool, era

restrito e combatido.

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O álcool, no final da Idade Média, que era somente usado na forma

destilada, propiciou sua disseminação/ consumo. Na Idade Moderna, fatores como as

grandes navegações e a Revolução Industrial - capitalismo (dominação e exploração)

propiciaram a concentração urbana, e a produção de bebidas passou a ser

industrializada, aumentando o consumo de álcool. A intensificação do contato com

outros continentes e países facilitou o intercâmbio de outras drogas. Portanto, é o

período no qual o consumo de substâncias psicoativas tomou proporções

preocupantes, pois, no início deste período, muitos retornaram de colônias localizadas

na Ásia, Índia, África e no continente americano para seus países de origem, trazendo

o costume de utilizar certas substâncias psicoativas para prazer ou como remédio.

Ao final do século XIX, há um grande consumo de ópio, álcool, cigarro

e xarope de coco, e nota-se o início do uso de medicação injetável. No século XX,

ocorrem duas guerras mundiais que incrementam o uso de anfetaminas para

aumentar o rendimento dos soldados e da morfina para aliviar a dor dos feridos, sendo

que os sobreviventes retornavam trazendo esta prática com outra intencionalidade,

ou seja, a busca do prazer. Na década de 50 e 60, com o fortalecimento do capitalismo

no mundo ocidental pós-guerra, houve uma grande necessidade de mão de obra. Este

modelo econômico exigia, porém, que os trabalhadores fossem rápidos, ativos e,

principalmente, sóbrios.

Os jovens europeus e norte-americanos, que representavam uma

parcela significativa da população, rebelam-se contra esse modelo econômico. Os

jovens americanos, principalmente, não aceitaram o chamado “sonho americano”, que

preconizava igualdade de oportunidades, liberdade e prosperidade para todos, na

medida em que observavam esse sonho desvanecer-se diante de uma realidade que

era dura, injusta e brutal, para vários segmentos da sociedade. Essa rebeldia, porém

era ameaçadora para a ordem social. Na França, não foi diferente. Os jovens

organizaram-se em movimentos estudantis em Paris, que se espalharam pela Europa.

O movimento hippie nos EUA questionava os valores da economia capitalista,

buscando alternativas para viver, em que o prazer, a sexualidade (pílula

anticoncepcional), o afeto e a religiosidade passam a ser fundamentais, formando-se

comunidades de vida alternativas, na qual a cooperação é fundamental entre seus

membros. Sexo, drogas e Rock’nroll são expressões da “juventude transviada”, que

ameaçavam o sistema vigente, com o uso acentuado principalmente de duas

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substâncias alucinógenas: maconha e LSD. Em 1961, os EUA propõem uma

resolução na ONU que é seguida até os dias atuais, em que o consumo de drogas

ilícitas é criminalizado.

Nos anos 80, ocorre uma intensificação do uso de drogas psicoativas

com acentuação para as sintéticas (produzidas em laboratório, como anfetaminas,

ecstasy e outras) e estabelece-se a maior organização de “cartéis internacionais de

drogas”, tendo na Colômbia sua concentração (cartel de Cali - Pablo Escobar). Com

organização e ramificação pelo mundo, o tráfico de drogas passa a ser a segunda

maior economia do mundo (só perde para a informática - produção de softwares e

computadores) até os dias de hoje, mesmo com a ação repressora dos EUA e outros

países que formam uma verdadeira ação de guerra ao tráfico de drogas.

A década de 90 foi marcada por um grande consumo de cocaína,

numa visão mais individualista e de prazer fugaz pela vida, onde o importante é

desfrutar o momento. Atualmente, o neoliberalismo e a globalização vêm sendo

disseminados e seguidos por diversas nações, entre elas, o Brasil. Essa nova

concepção econômica é caracterizada por uma redução da qualidade dos serviços

públicos, como a saúde e a educação, bem como pela diminuição de proteção aos

indivíduos mais carentes social e economicamente. Nesta ótica, o desemprego, a

doença, o analfabetismo, a violência e a dependência ao uso de substâncias

psicoativas passam a ser vistas como problemas não gerados pela sociedade, mas

apontados como deficiências do próprio sujeito e, neste sentido, em um país com

desníveis sociais e econômicos acentuados como o Brasil, para uma grande parte da

população excluída, o uso de substâncias psicoativas pode ocorrer para amenizar o

sofrimento, diferentemente da busca pelo prazer como maior característica dos

usuários dos países desenvolvidos. Diante disto, a sociedade brasileira procura

formas de conter o avanço do consumo das substâncias psicoativas legais e ilegais,

estando neste quadro o uso indiscriminado de medicamentos (OLIVEIRA, 1992).

De fato, desde os povos mais antigos, que faziam uso ritual tradicional

de drogas que, de uma forma mais direta, não acarretava danos sociais ocasionados

por estes rituais que se prestavam para gerar proximidade com o criador e com as

coisas não possíveis, até as sociedades contemporâneas, onde o consumo de drogas

psicoativas toma a forma de grave problema internacional, jurídico, policial e de saúde

pública, que se inicia com a expansão do estilo de vida contra cultural, primeiramente

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nas classes médias, a partir da década de 60 −, o uso de substâncias psicoativas

mudou radicalmente e na sua essência finalidades e rito de uso (VELHO, 1980).

O abuso de drogas atual perpassa várias classes e instâncias sociais,

relacionando-se com doenças e delinquência, entre outros problemas. Reconhecendo

a gravidade das repercussões desse abuso na saúde das populações e seu custo

social, a comunidade internacional empreende importantes esforços para controlá-lo

(VELHO, 1994).

Ações governamentais, visando o controle das drogas, desenvolvem-

se em diversas nações e envolvem a cooperação entre países. Incluem financiamento

e cooperação técnica que, em alguns casos, demanda deslocamentos de

equipamentos e de militares entre países. Na esfera jurídica, verificam-se

reformulações legais, revisando o alcance de punições de condutas relacionadas ao

consumo, produção e tráfico de drogas. Instituições sanitárias e educacionais

investem, por todo o mundo, recursos financeiros e humanos na pesquisa e no

controle do fenômeno (SENAD, 1998). Apesar de tudo isso, registra-se um aumento

no uso/ abuso e na dependência das diversas drogas, particularmente naquelas mais

baratas, de maior difusão social e lamentavelmente na de maior impacto social – o

crack. Também tem se registrado o aparecimento de novos tipos de drogas e, de

forma singular, o recrudescimento de velhas dependências que estão além e no

entorno da própria droga, como a compulsão pelo jogo, pelo sexo, pela internet, pelo

consumo de mercadorias – que, guardando as devidas proporções, se assemelham à

drogadição (COSTA; REBOLLETO; LOPES, 2007).

1.3 Aspectos técnicos sobre as drogas

Vários indicadores mostram que o consumo de drogas tem atingido

formas e proporções preocupantes no decorrer deste século, especialmente nas

últimas décadas. As consequências, diretas e indiretas, do uso abusivo de

substâncias psicoativas são percebidas nas várias interfaces da vida social: na família,

no trabalho, no trânsito, na disseminação do vírus HIV entre usuários de drogas

injetáveis, seus (suas) parceiros (as) e crianças, no aumento da criminalidade, etc.

São justamente os “custos sociais” decorrentes do uso indevido de drogas, cada vez

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mais elevados, que tornam urgente uma ação enérgica e adequada do ponto de vista

da saúde pública.

Embora muitos estudos e ensaios sobre intervenções nos contextos

motivados pelo fenômeno do uso indevido de drogas estejam sendo realizados, ainda

nos deparamos com barreiras, tais como os interesses econômicos envolvidos na

produção e venda de drogas (lícitas e ilícitas), a incompreensão social do problema e

a falta de recursos (humanos e materiais) adequados para o seu tratamento. Ainda

são insuficientes as investigações que abordam a questão em suas múltiplas

dimensões, pois os estudos se reduzem, na sua quase totalidade, aos diagnósticos

de situações e investigações sobre a consequência mais dolorosa do uso de drogas:

a morte.

Quanto às políticas públicas em matéria de drogas, durante décadas,

a maioria dos países (incluindo o Brasil) privilegiou a repressão das substâncias

ilícitas, mas pouco se fez no campo da prevenção por meio da educação para a saúde.

Paralelamente, as drogas lícitas, em particular o álcool e o tabaco, não mereceram

nenhuma atenção e até foram alçadas, pela publicidade, à condição de promotoras

de sucesso, poder, bom gosto e finesse.

Há sinais de que essas atitudes estejam mudando, e uma maior

sensibilidade e adequação dos profissionais preocupados com o uso indevido de

drogas possam nos conduzir a embates além dos de caráter moral, ideológico e

metodológico. É possível que sejam apontadas as necessidades de uma reflexão mais

aprofundada e corajosa sobre o uso de drogas em nossas sociedades e que respostas

mais libertárias e mais contextualizadas possam apresentar como alternativas

plausíveis para a construção de uma sociedade mais pacífica, justa e tolerante.

1.4 Custos sociais decorrentes do uso abusivo de drogas

Para estimar os custos relativos ao uso e abuso de drogas (lícitas e

ilícitas) em termos de saúde pública, as pesquisas têm se pautado, principalmente,

nos gastos com tratamento médico, na perda de produtividade de trabalhadores

consumidores abusivos de drogas e nas perdas sociais decorrentes de mortes

prematuras. Nos anos 90, o custo anual estimado nos Estados Unidos era superior a

100 bilhões de dólares e quase 20 bilhões no Brasil. Atualmente estima-se que estes

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custos tenham se tornado cinco vezes maior, tanto nos Estados Unidos quanto aqui

no Brasil.

O Relatório do I Fórum Nacional Antidrogas (SENAD, 1998) reportava

que, no Brasil, os custos decorrentes do uso indevido de substâncias psicoativas

estavam estimados em 7,9% do PIB por ano, ou seja, cerca de 28 bilhões de dólares

(SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE - SP, 1996). Custo decorrente do tratamento

de doenças ligadas ao uso de tabaco, que correspondiam a 2,2% do PIB nacional e

que os custos totais para o SUS das patologias relacionadas com uso de tabaco

elevam-se a R$ 925.276.195,75 (CHUTTI apud BUCHER, 1992). Contudo, o tabaco

não é usualmente incluído nas estatísticas sobre dependência química. A assistência

especializada no tratamento das drogas ilícitas consumia, em contrapartida, o

equivalente a 0,3% do PIB (BUCHER, 1992).

Segundo aquele Relatório, as internações decorrentes do uso abusivo

e da dependência do álcool e outras drogas também comportam importantes custos

sociais. No triênio de 1995 a 1997, mais de 310 milhões de reais foram gastos em

internações decorrentes do uso abusivo e da dependência de álcool e outras drogas.

Ainda neste mesmo período, o alcoolismo ocupava o quarto lugar no grupo das

doenças que mais incapacitam, considerando a prevalência global. Se multiplicarmos

isso tudo por cinco, teremos hoje uma razoável ideia dos custos sociais do uso abusivo

de drogas.

2 DROGAS, CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO

Drogas – origem da palavra droga: (do francês drogue, 'ingrediente de tintura ou de

substância química e farmacêutica', de origem controversa; provavelmente derivado

do neerlandês droge vate, tonéis secos, de onde, por substantivação, droge passou

a designar o conteúdo, o 'produto seco'; ou do árabe dúrawá, 'bala de trigo'1 ), em seu

sentido original, é um termo que abrange uma grande quantidade de substâncias -

desde o carvão vegetal à aspirina.

As drogas são substâncias químicas de origem sintética, quando

processadas industrialmente, ou natural, quando extraídas em altas concentrações a

partir de órgãos vegetais (as folhas), ou de substâncias provenientes de secreção

animal ou de estruturas fúngicas entre outras.

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2.1 Conceitos

Droga: Qualquer substância que introduzida em um organismo vivo pode mudar o

seu funcionamento normal (OMS).

Drogas naturais: são aquelas que, mesmo consumidas sem nenhum tratamento,

obtêm-se o efeito desejado. Ex.: maconha, cogumelos alucinógenos.

Drogas sintéticas: são criadas em laboratórios, em geral como remédios e seu uso

contínuo acarreta danos à saúde. Ex.: anfetaminas, sedativos, LSD...

Fármaco: do grego phármakon, que significa não apenas a substância de uso

terapêutico (medicamento), mas também veneno.

Medicamento: produto farmacêutico, tecnicamente obtido ou elaborado, com

finalidade profilática, curativa, paliativa ou para fins de diagnóstico (ANVISA).

Remédio: qualquer meio utilizado para tratar as doenças.

Drogas psicotrópicas: substâncias com ações no sistema nervoso central (SNC) que

produzem alterações de comportamento, humor e cognição, possuindo grande

propriedade reforçadora sendo, portanto, passíveis de autoadministração (uso não

sancionado pela medicina).

Entorpecente: entorpecimento define um estado de depressão do Sistema Nervoso

Central (torpor).

2.2 Classificação das drogas

Este é um ponto fundamental de referência e que tem levado pessoas

a abusar das drogas pelas sensações agradáveis que proporcionam ao agirem sobre

o aparelho psíquico. Ao lado, é claro, das sensações agradáveis (ou de recompensa),

recreacionais, vêm as lesões e os muitos danos por vezes inarredáveis e irreparáveis.

É, portanto, uma opção de risco calculado que alguém faz, ao abusar de drogas.

2.2.1 Quanto aos efeitos no Sistema Nervoso Central (SNC)

Adota-se a seguinte classificação das drogas: excitantes, depressoras

e alucinógenas. As drogas, no entanto, de acordo com a personalidade, o tempo de

uso, as condições sócio-ambientais e a dosagem, podem ter mais de uma ação

psicotrópica (atuação sobre o sistema nervoso central).

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a- Estimulantes ou excitantes: são as drogas que aumentam o funcionamento do

SNC.

Ex.: Anfetaminas, cocaína, cafeína...

b- Depressoras: são drogas que diminuem a velocidade de funcionamento do SNC.

Ex.: Bebidas alcoólicas, barbitúricos, ansiolíticos, narcóticos, solventes, inalantes,

opiáceos...

c- Perturbadores ou despersonalizantes: são drogas que alteram o funcionamento

do SNC.

Ex.: LSD, êxtase, maconha...

2.2.2 Quanto ao aspecto legal

Drogas lícitas: compra e venda estão autorizadas por legislação específica. São:

Drogas medicamentosas (tranqüilizantes, analgésicos, etc.); Drogas sem finalidade

terapêutica (álcool e tabaco); Drogas industriais (cola, esmalte, fluídos, solventes,

etc.).

Drogas ilícitas: é toda e qualquer substância química ou composto químico natural

ou artificial que tenha efeito psicoativo e que seja proibida por lei. A Lei nº 11.343/2006,

traz.

“Art. 1º Esta Lei institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas -

Sisnad; prescreve medidas para prevenção do uso indevido, atenção e reinserção

social de usuários e dependentes de drogas; estabelece normas para repressão à

produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas e define crimes.

Parágrafo único. Para fins desta Lei, consideram-se como drogas as substâncias

ou os produtos capazes de causar dependência, assim especificados em lei ou

relacionados em listas atualizadas periodicamente pelo Poder Executivo da União.

Art. 2o Ficam proibidas, em todo o território nacional, as drogas, bem como o plantio,

a cultura, a colheita e a exploração de vegetais e substratos dos quais possam ser

extraídas ou produzidas drogas, ressalvada a hipótese de autorização legal ou

regulamentar, bem como o que estabelece a Convenção de Viena, das Nações

Unidas, sobre Substâncias Psicotrópicas, de 1971, a respeito de plantas de uso

estritamente ritualístico-religioso.

Parágrafo único. Pode a União autorizar o plantio, a cultura e a colheita dos vegetais

referidos no caput deste artigo, exclusivamente para fins medicinais ou científicos, em

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15

local e prazo predeterminados, mediante fiscalização, respeitadas as ressalvas

supramencionadas.

Art. 3o O SISNAD tem a finalidade de articular, integrar, organizar e coordenar as

atividades relacionadas com:

I - a prevenção do uso indevido, a atenção e a reinserção social de usuários e

dependentes de drogas;

II - a repressão da produção não autorizada e do tráfico ilícito de drogas.”

2.3 Fases de atuação das drogas no ser humano

As drogas agem alterando as comunicações neurais, podendo

produzir efeitos de acordo com o tipo de droga e a sua ação com o neurotransmissor

envolvido. E muitas dessas drogas causam dependência como o álcool; os

estimulantes; os opiáceos; os inalantes; a nicotina; a maconha. E a retirada brusca

pode levar ao aparecimento de uma gama de sinais e sintomas que constituem a

síndrome de abstinência.

2.3.1 Resistência

Nesta fase o organismo de opõe ao uso de drogas, tentando expelir as

substancias utilizadas, através de tosse, vomito, diarréia, dores de cabeça entre

outros.

2.3.2 Tolerância

A tolerância acontece quando o organismo acaba por se acostumar

ou fica tolerante à droga, ou seja, a droga faz a cada dia menos efeito. Assim para se

obter o que se deseja, é preciso ir aumentando cada vez mais as doses.

2.3.3 Dependência

A dependência pode ser definida como o consumo repetido,

permanente e compulsivo de uma droga, o organismo torna-se dependente daquela

substância. Estão divididas em:

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16

- Dependência psíquica: que pode ser definida como um desejo compulsivo de estar

e manter-se sob o efeito de uma determinada droga e costuma manifestar-se através

de um estado de agitação e ansiedade provocado pela ausência dos efeitos. Embora

a dependência psíquica seja uma componente constante da dependência, a rapidez

com que se desenvolve varia consoante as características químicas das drogas e os

aspectos psicológicos e socioculturais do indivíduo que as consome. No entanto, a

dependência psíquica de drogas como a heroína, a cocaína ou determinados

medicamentos com efeito tranquilizante é muito mais rápida do que a provocada pelo

álcool.

- Dependência física: Como as drogas alteram e desequilibram o funcionamento

orgânico, o seu excesso e repetido consumo costuma provocar uma dependência

física, ou seja, para se adaptar e poder funcionar de forma adequada, o organismo é

obrigado a desenvolver uma série de mecanismos, fazendo com que o organismo não

consiga funcionar corretamente sem o consumo da droga, depois de se estabelecer a

dependência física.

2.3.4 Síndrome de abstinência

É um quadro de alterações físicas, ocasionadas pela falta da droga

no organismo. Estas alterações variam de acordo com o tipo de droga, com a

frequência do uso, com a quantidade utilizada e com o estado físico do usuário. Por

exemplo, o alcoolista, quando privado do álcool, apresentará um quadro de síndrome

com tremores e sudoreses, náuseas e vômitos, podendo chegar, em casos mais

graves até a delirium tremuns, coma ou morte. Na maioria dos casos, quanto maior

for a dependência física, mais intensa será a síndrome de abstinência.

2.3.5 Escalada

A escalada, como o próprio termo indica, refere-se a um aumento no

consumo de drogas. Pode ocorrer de duas maneiras:

• Pela passagem de um consumo ocasional para um consumo mais intenso, em

função da tolerância desenvolvida;

• Pela passagem de uma droga "leve" para outra considerada mais "pesada",

em função da natureza dos efeitos procurados.

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17

2.3.6 Overdose

O termo overdose significa superdose ou dose excessiva de droga

capaz de provocar falência dos órgãos vitais, e até mesmo a morte do indivíduo. O

usuário perde o controle das doses em busca de maiores efeitos e pode morrer

acidentalmente. Geralmente está consciente do risco que corre. Caso a pessoa seja

socorrida a tempo, poderá sobreviver. Um grande número de mortes por overdose

poderia ser evitado se o indivíduo recebesse o socorro adequado.

O usuário em crise por overdose deve receber imediatamente um

atendimento especializado. Os amigos que o encaminharem ao hospital estão

protegidos pelo anonimato, não correm o risco de serem delatados. Na realidade, a

maioria das mortes por overdose não chega aos noticiários porque são ocultadas

pelas famílias, atribuindo-as a uma parada respiratória de origem desconhecida.

2.4 Características, forma de uso e efeitos das drogas

As drogas causam atualmente um grande problema na sociedade.

Algumas iniciativas importantes foram criadas para evitar que a juventude entre nesse

mundo sem volta (na maioria das vezes).

As drogas são substâncias químicas, naturais ou sintéticas, que

provocam alterações psíquicas e físicas a quem as consome e levam à dependência

física e psicológica. Seu uso sistemático traz sérias conseqüências físicas,

psicológicas e sociais, podendo levar à morte em casos extremos, em geral por

problemas circulatórios ou respiratórios. É o que se chama overdose. Além das drogas

tradicionais, os especialistas também incluem na lista o cigarro e o álcool.

As vias de administração são utilizadas de acordo com cada droga,

desde que entre em contato com a parte interna do corpo, entre as principais podemos

citar: oral, nasal, intramuscular, subcultânea, intradérmica, ocular, vaginal, anal.

Uma vez entrando dentro do organismo o sangue irá se

responsabilizar por conduzi-la à todas as partes vivas do organismo, principalmente

no cérebro.

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18

Os efeitos das drogas podem ser observados em todo o organismo

pois elas afetam o sistema nervoso central e podem causar diversas doenças, mas

elas também afetam negativamente a família e a sociedade. Na tabela 01, logo abaixo

podemos observar os efeitos das drogas no organismo da pessoa.

Tabela 01: Caracterização das drogas segundo os efeitos imediatos (positivos e negativos) e efeitos

tardios do consumo contínuo

Droga

Efeitos imediatos

Efeitos tardios do

consumo contínuo

Positivos são os

que o

toxicodependente

procura

Negativos mais

frequentes na

sobredosagem e

em fases tardias

do consumo

continuado

Opiáceos

(ex.: heroína)

Elimina a

ansiedade e

depressão,

promove a

confiança, euforia

e extremo bem-

estar

Cólicas

abdominais,

confusão mental,

convulsões,

paragem

respiratória por

inibição dos

Centros

Respiratórios e, se

não houver

assistência

terapêutica rápida,

a morte

Anorexia,

emagrecimento e

desnutrição,

obstipação,

impotência ou

frigidez sexual,

esterilidade,

demência, confusão

e infecções várias

(hepatites, Sida,

endocardites quando

a administração é

endovenosa)

Benzodiazepinas

Elimina a

ansiedade e a

tensão muscular.

Promove a

desinibição

Diminuição da

coordenação

motora, do

equilíbrio,

hipotensão,

Emagrecimento,

ansiedade,

irritabilidade e

agressividade,

grande labilidade

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19

psicológica e o

sono "para dormir

e esquecer"

bradicárdia,

paragem

respiratória e

morte

emocional,

depressão com risco

de suicídio

Álcool Igual às

benzodiazepinas

Igual às

benzodiazepinas

Polineurite,

impotência ou

frigidez sexual,

amnésia, diplopia

(visão dupla), cirrose

hepática, labilidade

emocional,

agressividade

extrema e demência

irreversível (devido à

destruição

irreversível de

células cerebrais)

Inalantes

(tintas, lacas,

colas, gasolina,

solventes,

aerossóis, etc.)

Igual às

benzodiazepinas

Embriaguez,

alucinações,

diplopia (visão

dupla), paragem

respiratória, coma

e morte

Doenças graves do

fígado, rim e sangue

(leucemias), e

demência irreversível

Anfetaminas

Ecstasy

Cocaína

Estado de grande

auto-confiança,

euforia e energia.

Aumento efémero

da capacidade de

concentração,

memorização,

rapidez de

associação de

ideias, maior força

Secura da boca,

suores, febre,

hipertensão e

arritmias

cardíacas,

irritabilidade,

agressividade,

tremores e

convulsões,

Emagrecimento,

irritabilidade, delírios

paranóides

(sensação de ser

perseguido por

organizações

secretas, etc.)

A perfuração do

septo nasal é uma

complicação típica do

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muscular e

diminuição da

fadiga, sono, fome,

sede ou frio

delírios

paranóides

A exaustão

contínua pode

provocar

desidratação,

problemas

cardíacos, renais

e morte

A cocaína está

frequentemente

associada à

perfuração do

septo nasal

consumo inalado de

cocaína

O ecstasy está

raramente associado

a crises de flashback

Canabinóides

Elimina a

ansiedade e

promove sensação

de bem-estar,

desinibição, maior

capacidade de

fantasiação,

visualização da

realidade com

mais intensidade

(cores e sons mais

distintos)

Secura da boca,

reacções de

ansiedade e

pânico

(paradoxalmente

mais comuns em

fumadores

experientes),

agressividade e,

excepcionalmente,

alucinações

Pode desencadear

uma doença mental

(psicose) nos raros

indivíduos

predispostos

Síndrome

"amotivacional"

(provavelmente

apenas em grandes

consumidores

predispostos)

Alucinogénios

(ex.: LSD)

Forte exaltação

das percepções

sensoriais (cores e

sons mais

intensos),

sinestesias

(transferências das

Má viagem ou

"badtrip" em que o

consumidor tem

sensação intensa

de pânico e

delírios

paranóides que

Crises psicóticas

com delírios e

alucinações

Flash-backs ou

períodos efémeros

nos quais o ex-

consumidor volta a

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impressões de um

sentido para outro:

ouve-se cores e

vê-se sons).

Sensação de

levitação,

despersonalização

mística em que o

indivíduo se sente

unido ao Universo

deixando de ser

uma unidade

individualizada

podem durar até

cerca de 2 dias

Estas reacções

descontrolados

provocam

ocasionalmente

acidentes mortais

sentir os efeitos do

consumo até um ano

depois de deixar de

consumir

Tabaco

Relaxamento

psicológico,

facilitador da

concentração

Aumento do ritmo

cardíaco e

hipertensão, tosse

e problemas

cardíacos e

vasculares graves

em indivíduos

predispostos

Doenças pulmonares

e cancros

Doenças vasculares

(enfarte do

miocárdio, acidentes

vasculares cerebrais,

gangrena dos

membros e

impotência sexual)

Fonte: António Paula Brito de Pina © Portal de Saúde Pública, 2000.

2.5 Efeitos das drogas na gravidez

Os efeitos das drogas na gravidez podem ser observados na mulher

e no bebê. Além dos efeitos que já citamos anteriormente, o consumo de drogas

durante a gravidez pode levar ao aborto ou ao parto pré-maturo.

Os efeitos das drogas nos bebês podem ser observados ainda

durante a gravidez e podem ser:

Restrição do crescimento;

Baixo peso para a idade gestacional;

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Malformação congênita.

Depois do nascimento do bebê, ele poderá sofrer uma crise de

abstinência das drogas pois o seu organismo já estará dependente. Neste caso o bebê

irá chorar muito, ficar muito irritado e terá dificuldade para se alimentar, dormir e

respirar, necessitando de internamento hospitalar.

2.6 Doenças que o uso de drogas podem causar

São várias as doenças que as drogas podem causar, desde doenças

simples com mais sérias e até mesmo a morte. Tais como:

- AIDS e doenças venérias: doença incurável que se pega através do contato direto

com fluido corporal do indivíduo contaminado, como ao partilhar seringas ou no

contato íntimo desprotegido.

- Endocardite infeciosa: as drogas injetáveis podem levar micro-organismos, que

infectam as válvulas cardíacas e prejudicam seu funcionamento. Além disso, pode

aumentar o tamanho do coração, dificultando a passagem de sangue, gerando outras

complicações.

- Enfisema pulmonar e DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica): causado

pela presença de pequenas partículas de pó que se instalam nos alvéolos ou

destruição destes pelas sustâncias químicas das drogas, inaladas ou fumadas, não

permitindo as trocas gasosas.

- Desnutrição: o uso de drogas compromete o sistema que regula a fome e o

indivíduo deixa de comer, ficando desnutrido.

- Comprometimento cerebral: o uso de drogas pode causar lesões permanentes no

cérebro e comprometer todo o estado de saúde do usuário.

- Cirrose, hepatite ou câncer no fígado: diagnosticadas principalmente nos usuários

que consomem grandes quantidades de bebidas alcoólicas.

- Insuficiência renal: devido ao acúmulo de toxinas no sangue, os rins ficam

sobrecarregados e deixam de filtrar o sangue corretamente, gerando a doença.

- Distúrbios comportamentais: depressão, euforia, perda do sentido da realidade e

outras.

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23

Existem muitas outras doenças que podem ser causadas pelo uso

das drogas, e a sua gravidade vai depender da quantidade de droga ingerida, que

com o passar do tempo, tende a ser cada vez maior.

3 CONTROLE, PREVENÇÃO E REPRESSÃO

Prevenir quer dizer: "preparar; chegar antes de; evitar (um dano ou

um mal); impedir que algo se realize". A prevenção significa um conjunto de medidas

para evitar o aparecimento de uma doença ou problema. Vamos trabalhar com três

(03) níveis de prevenção: primária, secundária e terciária.

- Prevenção primária: O objetivo é evitar que o uso de drogas se instale ou retardar

o seu início.

- Prevenção secundária: Destina-se às pessoas que já experimentaram drogas ou

usam-nas moderadamente e tem como objetivo evitar a evolução para usos mais

freqüentes e prejudiciais. Isso implica um diagnóstico e o reconhecimento precoce

daqueles que estão em risco de evoluir para usos mais prejudiciais.

- Prevenção terciária: Diz respeito às abordagens necessárias no processo de

recuperação e reinserção dos indivíduos que já têm problemas com o uso ou que

apresentam dependência.

3.1 Principais órgãos e estruturas de prevenção

Existe um esforço mutuo de vários órgãos e estruturas que se

esforçam para minimizar os danos causados pelas drogas.

3.1.1 SENAD (Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas)

A SENAD realiza estudos e pesquisas de abrangência nacional, na

população geral e em grupos específicos, sobre a situação do consumo de drogas no

Brasil e seu impacto nos diversos domínios da vida da população. Os dados obtidos

subsidiam a implementação das políticas públicas setoriais e fornecem à sociedade

informações fidedignas e atualizadas sobre o tema.

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24

Em parceria com instituições públicas e privadas, a SENAD articula o

desenvolvimento de cursos de capacitação dirigidos aos diferentes atores sociais que

trabalham diretamente com o tema drogas e também aos multiplicadores de

informações de prevenção. Este esforço tem permitido a formação e articulação de

uma ampla rede de proteção social, formada por conselheiros municipais,

educadores, profissionais das áreas de saúde, de segurança pública, entre outros. Os

cursos são gratuitos e realizados na modalidade de Ensino a Distância (on-line).

A SENAD atua, ainda, na implementação de projetos estratégicos de

abrangência nacional que ampliam o acesso da população às informações, ao

conhecimento e aos recursos existentes na comunidade, como, por exemplo, o

serviço telefônico gratuito VIVAVOZ, a Rede de Pesquisa, Projeto Lua Nova, Terapia

Comunitária, entre outros. Estes projetos são realizados em parcerias com órgãos do

Governo, comunidade científica e organizações não-governamentais.

A SENAD produziu a série “Por Dentro do Assunto”, composta por

sete publicações, cada uma dirigida a um público específico, com enfoque na

perspectiva de educação e de mobilização comunitária, considerando os recursos

existentes na própria comunidade. Você poderá baixar as publicações no portal do

OBID - www.obid.senad.gov.br - ou solicitar pelo e-mail [email protected].

3.1.2 Observatório Brasileiro de Informações sobre Drogas (OBID)

O OBID é um instrumento do Governo Federal vinculado à SENAD,

que tem como missão reunir, gerenciar, analisar e divulgar informações sobre drogas,

incluindo dados de estudos e pesquisas nacionais e internacionais. Desenvolvido em

forma de Portal, com acesso livre a qualquer usuário da internet, o OBID disponibiliza

entre outras informações, pesquisas, estatísticas, notícias e artigos científicos

relacionados ao tema drogas; links para outros sites; publicações e cartilhas

disponíveis para download e a relação de instituições públicas e privadas que se

dedicam ao tratamento e assistência de usuários e dependentes de drogas. O OBID

também abriga outros portais: Internacional; do Conselho Nacional de Políticas sobre

Drogas; dos Conselhos Estaduais e Municipais sobre Drogas de todo o País e Mundo

Jovem.

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25

3.1.3 Fundo Nacional Antidrogas (FUNAD)

É um fundo gerido pela SENAD constituído, basicamente, de recursos

originados de bens e valores apreendidos do narcotráfico. Estes recursos destinam-

se a:

- Projetos de interesse do Sistema Nacional de Políticas sobre Drogas – SISNAD;

- Instituições sem fins lucrativos e órgãos governamentais que atuam na redução da

oferta ou demanda de drogas.

3.1.4 Subvenção Social

A Subvenção Social é uma modalidade de transferência de recursos

financeiros públicos para organizações governamentais e não-governamentais, sem

fins lucrativos, com o objetivo de cobrir despesas de custeio no desenvolvimento de

ações nas áreas de redução da demanda de drogas.

A SENAD, de acordo com a disponibilidade orçamentária, publica,

regularmente, editais para realização de processo seletivo de Projetos para a

modalidade de Subvenção Social.

Esta iniciativa visa dar maior transparência ao processo de avaliação

e seleção de projetos, bem como democratizar o acesso aos recursos públicos. As

instituições do seu município poderão se cadastrar e encaminhar projetos após

abertura de Edital para receber a subvenção.

3.1.5 Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas

O Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas (CONAD) é um órgão

colegiado, de natureza normativa e de deliberação coletiva, responsável por

estabelecer as macro-orientações a serem observadas pelos integrantes do SISNAD,

em suas respectivas áreas de atuação. Integra a estrutura básica do Ministério da

Justiça, que o preside.

O CONAD desempenha os papéis político-estratégicos de assessorar

o Presidente da República no provimento das orientações globais relativas à redução

da demanda e da oferta de drogas no País e promover a articulação, a integração e a

organização da ação do Estado.

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26

3.1.6 Programa Crack, é Possível Vencer

É o programa lançado pelo Governo Federal com a finalidade de

prevenir o uso e promover a atenção integral ao usuário de crack, bem como enfrentar

o tráfico de drogas. Tem por objetivo aumentar a oferta de serviços de tratamento e

atenção aos usuários e seus familiares, reduzir a oferta de drogas ilícitas por meio do

enfrentamento ao tráfico e às organizações criminosas e promover ações de

educação, informação e capacitação.

A meta é que as redes de atenção à saúde, a assistência social e as

ações de prevenção nas escolas tenham sido ampliadas, fortalecidas e, sobretudo,

integradas, aumentando e melhorando sua capacidade de acolhimento aos usuários

de drogas e apoio a familiares; que estas redes contem com profissionais de saúde,

educação, assistência social, lideranças comunitárias capacitadas no tema e com

programas de prevenção nas escolas em execução; e que espaços urbanos,

anteriormente ocupados com cenas de uso do crack, comecem a ser revitalizados,

trazendo mais segurança às comunidades.

Também é meta a integração das operações das forças de segurança

pública dos três níveis de governo, equipados para o combate ao tráfico e repressão

aos traficantes.

3.1.7 Estratégia Nacional de Segurança nas Fronteiras (ENAFRON)

Conjunto de políticas e projetos do Governo Federal, que tem por

finalidade melhorar a percepção de segurança pública junto à sociedade e garantir a

presença permanente das instituições policiais e de fiscalização na região de fronteira

do Brasil, otimizando a prevenção e a repressão aos crimes transfronteiriços, por meio

de ações integradas de diversos órgãos federais, estaduais e municipais.

Os objetivos são:

- Promover a articulação dos atores governamentais, das três esferas de governo,

no sentido de incentivar e fomentar políticas públicas de segurança, uniformizar

entendimentos e ações e otimizar o investimento de recursos públicos nas regiões

de fronteira.

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27

- Enfrentar os ilícitos penais típicos das regiões de fronteira e promover um bloqueio

e a desarticulação das atividades de financiamento, planejamento, distribuição e

logística do crime organizado e dos crimes transnacionais, cujos efeitos atingem os

grandes centros urbanos e a sociedade brasileira com um todo.

3.2 Ministério Público

O Plano Integrado de Enfrentamento ao Crack e outras Drogas, tem

por objetivo coordenar as ações federais de prevenção, tratamento, reinserção social

do usuário do crack e outras drogas, bem como enfrentar o tráfico, em parceria com

estados, municípios e sociedade civil.

O Plano é composto de ações de aplicação imediatas e ações

estruturantes. Dentre as ações imediatas destacam-se aquelas voltadas para o

enfrentamento ao tráfico da droga em todo o território nacional, principalmente nos

municípios localizados em região de fronteira e a realização de uma campanha

permanente de mobilização nacional para engajamento ao Plano.

As ações estruturantes, organizam-se em torno dos seguintes eixos:

integração de ações de prevenção, tratamento e reinserção social; diagnóstico da

situação sobre o consumo do crack e suas consequências; campanha permanente de

mobilização, informação e orientação; e formação de recursos humanos e

desenvolvimento de metodologias.

3.2.1 Poder Judiciário- Justiça Terapêutica

A Justiça Terapêutica é um conjunto de medidas que visa aumentar a

possibilidade de os infratores usuários e dependentes de drogas entrarem e

permanecerem em tratamento, modificando seus anteriores comportamentos

delituosos para comportamentos socialmente aceitos e positivos. O Programa Justiça

Terapêutica acredita no potencial de recuperação dos usuários de drogas, ao

possibilitar a reinserção familiar e social dos infratores. Representa um novo

paradigma no enfrentamento da violência e da criminalidade.

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3.3 Grupo Executivo de Enfrentamento às Drogas

O Grupo Executivo de Enfrentamento às Drogas foi criado pela Lei

Estadual nº 17.834, de 1º de novembro de 2012, com a finalidade de coordenar e

operacionalizar as políticas públicas sobre prevenção e repressão às drogas e

tratamento de seus dependentes.

O Grupo Executivo criado pelo art. 1º é constituído pelos titulares das

seguintes Secretarias de Estado e entidade autárquica:

I – Secretaria de Estado de Cidadania e Trabalho;

II – Secretaria de Estado de Gestão e Planejamento;

III – Secretaria de Estado da Segurança Pública e Justiça;

IV – Secretaria de Estado da Educação;

V – Secretaria de Estado da Saúde;

VI – Agência Goiana de Esporte e Lazer;

VII – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás –FAPEG–;

VIII – Secretaria de Estado da Cultura e

IX – Secretaria de Estado da Casa Civil.

Constituem receitas do Fundo Especial de Enfrentamento às Drogas

–FEDRO–, as provenientes de:

I – dotações orçamentárias que lhe forem destinadas pelo Estado de Goiás;

II – recursos diretamente arrecadados;

III – recursos provenientes de convênios celebrados nos âmbitos federal, estaduais e

municipais;

IV – parcerias com a iniciativa privada;

V – auxílios e subvenções;

VI – doações e contribuições de pessoas físicas e jurídicas;

VII – outras rendas eventuais extraordinárias que, por disposição legal ou por sua

natureza, lhe forem destinadas.

VIII – recursos provenientes do pagamento previsto na alínea “d” do inciso II do art. 6°

da Lei n° 16.898, de 26 de janeiro de 2010.

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3.4 A nível de Policia Federal, Polícia Militar e Polícia Civil

3.4.1 Polícia Federal

Compete à Polícia Federal: CF/88 Art.144, §1º, II: - prevenir e reprimir

o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem

prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de

competência. Estrutura em Goiás:

• Superintendência Regional de Goiás – Goiânia-GO;

• Delegacia de Anápolis;

• Delegacia de Jataí;

3.4.2 Polícia Militar

Compete à polícia militar: CF/88, art 144, § 5º: a polícia ostensiva e a

preservação da ordem pública. Além dos serviços ordinários e extraordinários a

Polícia Militar de Goiás tem os programas:

3.4.2.1 PAISPM

Programa de Atenção Integral à Saúde do Policial Militar, PAISPM, que

está regulado pela Portaria 1.381 de 13 de abril de 2011, é voltado aos policiais

militares da ativa e reserva, seus familiares e pensionistas que sofram de dependência

química. Fica situado no Hospital da Polícia Militar de Goiás. O programa é realizado

com base em uma reunião semanal. Os participantes recebem apoio de uma equipe

de saúde multiprofissional e orientações sócio-educativas. Trabalha com grupos,

dentre eles o de Hipertensão, Diabetes e Tabagista/alcoolismo.

O PAISPM é um programa de prevenção secundária que tem seu

objetivo primordial voltado para o publico interno (policiais militares e seus familiares).

Os atendimentos podem ser agendados, voluntariamente, no Departamento de

Serviço Social pelo telefone: (62) 3235-6157, e/ou encaminhados via ofício pelos

Comandantes de Unidades. O policial militar e familiares também podem encaminhar

e agendar atendimento.

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3.4.2.2 PROERD (Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência)

Histórico do PROERD: Em Janeiro de 1983, o Chefe de Polícia Daryl F. Gates, do

Departamento de Polícia de Los Angeles (L.A.P.D.), reuniu-se como Dr. Harry

Handler, Superintendente do Distrito Escolar Unificado de Los Angeles (L.A.U.S.D.)

para discutir sobre como parar o ciclo gerador do abuso de drogas, das condutas

criminosas e das prisões relacionadas ao abuso de drogas.

Os policiais do L.A.P.D. estavam lidando com cidadãos infratores

cujos pais e avós haviam sido julgados na esfera criminal, repetidas vezes, devido ao

abuso de drogas.

Como resultado daquela reunião, foi designada uma força tarefa,

composta por integrantes do L.A.P.D. e do L.A.U.S.D., para desenvolver um programa

de prevenção ao abuso de drogas destinado às crianças do Ensino Fundamental.

A força tarefa estudou muitos programas de prevenção já existentes

antes de criar o Drug Abuse Resistance Education (D.A.R.E.). Ficou estabelecido que

os currículos devessem ser ministrados por policiais especialmente selecionados e

treinados. Os membros da força tarefa chegaram à conclusão de que os alunos

perceberiam os policiais como os mais confiáveis para aplicar o programa devido à

experiência deles em lidar com as consequências advindas do abuso de drogas.

O LAPD identificou o programa de prevenção como uma extensão

natural das ações de polícia comunitária. Foram selecionados dez policiais para

participar de um treinamento de cinco semanas, que os capacitou para aplicar as

lições do D.A.R.E. em 50 escolas do L.A.U.S.D..

Ao contrário dos outros esforços preventivos existentes à época, o

Programa D.A.R.E. não tinha suporte financeiro dentro do orçamento do

Departamento de Polícia de Los Angeles. Assim, em 1984, sob a liderança do Sub-

Chefe de Polícia aposentado, Glenn Levant, foi criado o Conselho Consultivo de

Prevenção Criminal (C.P.A.C.) para financiar o Programa D.A.R.E. e outras atividades

relacionadas aos esforços preventivos do L.A.P.D..

Espalharam-se as notícias sobre o Programa, o que resultou em

grande volume de solicitações de outras comunidades (fora de Los Angeles), para

implementação de programas de prevenção consistentes como o D.A.R.E.. Para

atender à crescente demanda. O C.P.A.C. expandiu-se e tornou-se DARE California.

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O DARE California financiou a implantação do programa em todo o Estado,

oferecendo treinamento aos policiais, lições do currículo, materiais suplementares e

orientações técnicas.

Com o crescimento do sucesso e da fama do Programa D.A.R.E., a

demanda por implantação do programa cresceu em todos os Estados Unidos e

também pelo mundo. Nesse sentido foi criada, em 1989, a ONG intitulada DARE

America.

Sobre o programa: O PROERD consiste em uma ação conjunta entre as Policias

Militares, Escolas e Famílias, no sentido de prevenir o abuso de drogas e a violência

entre estudantes, bem como ajudá-los a reconhecer as pressões e as influências

diárias que contribuem ao uso de drogas e à prática de violência, desenvolvendo

habilidades para resisti-las.

O PROERD é um programa de caráter preventivo, sem fins lucrativos,

religiosos ou políticos, voltado para crianças e adolescentes do ensino fundamental e

para os Pais. A sua aplicação consiste em aulas semanais aplicadas por policiais

militares devidamente preparados através de cursos de formação e uma análise de

sua vida pregressa, onde são requisitos fundamentais, o policial não ser usuário de

drogas nem praticante de violência. Os policiais militares fardados estarão

acompanhados pelos professores responsáveis pela turma. Diante do aumento do

consumo de drogas proibidas ou não, entre crianças e adolescentes em idade escolar,

torna-se necessário um trabalho efetivo e contínuo de prevenção de uso de drogas,

entre os jovens que ainda não tiveram contato com tais substâncias.

Objetivos do PROERD: A prevenção ao uso de drogas entre crianças e adolescentes

em idade escolar, o qual será desenvolvido através de:

1. Fornecimento de informações aos estudantes sobre álcool, tabaco e drogas

afins;

2. Ensinar os estudantes, as formas de dizer não às drogas;

3. Ensinar os estudantes a tomar decisões e as conseqüências de seus

comportamentos;

4. Trabalhar a auto-estima das crianças, ensinando-as a resistir às pressões que as

envolvem.

O PROERD não foi implantado para ser mais uma campanha de

prevenção ao uso de drogas, mas sim, para preencher um hiato que é atribuído a

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Polícia Militar pelas Constituições Federal e Estadual e pelo Estatuto da Criança e do

Adolescente, desenvolvendo nas crianças atitudes voltadas a resistir a pressão da

oferta de drogas e uso da violência.

Em Goiás: O programa foi iniciado em 1998. Ao longo de sua história no Estado, o

Proerd já atingiu mais de 167 municípios goianos, chegando à marca de 770 mil

formandos. Somente neste primeiro semestre de 2017 foram atendidos 5464

estudantes, distribuídos em 37 escolas goianas.

O Programa tem os currículos para Educação infantil, 5º ano, 7º ano

e o currículo Pais. O carro chefe aqui no Brasil é o currículo 5º ano que consiste em

12 lições, com aulas semanais aplicadas ao longo do semestre. As exposições são

ministradas por policiais militares fardados e acompanhados pelos professores da

turma. São oferecidas várias atividades interativas e construtivas, que levam em

consideração as experiências do cotidiano dos alunos e, sobretudo, exploram suas

potencialidades. As aulas são dinâmicas e contam com dramatizações e estudo de

casos.

As lições desenvolvidas ao longo do programa são centradas em

objetivos como: adquirir habilidades e conhecimentos para reconhecer e resistir à

pressão dos companheiros quando do oferecimento de drogas; desenvolver a

autoestima; aprender técnicas de como estar seguro; aprender a lidar com o estresse

e a resolver conflitos; aprender a tomar decisões por si mesmo e ajudar na redução

da violência; adquirir noções de cidadania e considerar as consequências dos atos de

vandalismo e de violência.

Em salas de aula, os policiais militares também detectam dentre as

crianças aquelas que são vítimas de maus tratos, bullying, violência sexual, bem como

pais que são usuários e traficantes de drogas. Diante dessas situações, os instrutores

fazem relatórios ao Comando da Polícia Militar e estes são encaminhados à Delegacia

de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), Conselho Tutelar Regional,

Ministério Público da Infância e da Juventude, e ao Juizado da Infância e Juventude.

No Brasil, o projeto foi implantado em 1992, pela Polícia Militar do

Estado do Rio de Janeiro e, hoje, é adotado em todo o Brasil.

O PROERD é um programa de prevenção primária, por trabalhar com

crianças e adolescentes para que não entrem para o mundo das drogas.

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3.4.2.3 Comando de Operações De Divisas (COD)

O Comando de Operações de Divisas – COD, foi criado em 28 de

dezembro de 2011, sendo, no seu nascedouro, subordinado ao Comando de Missões

Especiais, posteriormente passando a integrar ao Comando de Policiamento

Rodoviário – CPRv e atualmente o Comando de Policiamento Especializado - CPE. O

Comando de Divisas tem como foco a implantação de ações efetivas de policiamento

preventivo e/ou repressivo nas divisas de nosso Estado, objetivando um sistemático

combate à criminalidade de maior potencial. Diante desta nova dinâmica operacional,

foi necessário o desenvolvimento de constante treinamento e capacitação, a

realização de estudos específicos, bem como a busca de pessoal, para que o COD,

Unidade Operacional Tática da Polícia Militar, fosse efetivamente instalado e

operacionalizado na data de 20 de abril de 2012.

O COD, progressivamente, vem sendo estruturado como uma força

policial militar protetora das divisas do Estado de Goiás, estando preparado para fazer

frente às ações delituosas, tais como: o tráfico de armas, o tráfico de drogas, o roubo

a bancos, o roubo à carga, o contrabando, entre outros.

A atuação consiste em operações e ações específicas, advindas de

uma sistemática própria de atuação, embasada numa doutrina de tropa tática

especial, que deve estar em constante evolução e mutação, buscando a antecipação

às nuances da delituosidade penal, especialmente a típica de divisas.

Atualmente, regulamentos operacionais da Polícia Militar, como o

POP (Procedimento Operacional Padrão), normatizações diversas de utilização de

força letal e não letal e normatização doutrinária própria de ações táticas em rodovias

e áreas adjacentes são empregadas, rotineiramente, nas constantes ações

desencadeadas pela Unidade. Nesta nuance foi elaborado o POP-COD, para se

aperfeiçoar e levar maior homogeneidade nas ações desenvolvidas pela tropa

operacional.

Em pouco mais de cinco anos de atuação, há de se considerar a

existência de um resultado satisfatório, comprovado através das diversificadas

ocorrências registradas. Por outro lado, é importante frisar a sensação de segurança

transmitida à sociedade local, onde há presença do COD, percebida através dos

manifestos das pessoas locais.

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Relativo às atividades de segurança e combate ao crime nas

fronteiras do país em divisas de estados, há que se registrar que Goiás é o único

estado da federação não fronteiriço possuidor de Unidade Tática de Divisa. Esta

realidade insere Goiás, através do COD, no cenário nacional de efetiva ação de

segurança pública voltada para as fronteiras e divisas de estados.

3.4.3 Policia Civil

Compete à polícia civil: CF/88, art 144, § 4º:as funções de polícia

judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares.

-Delegacia Estadual de Repressão a Narcóticos – DENARC.

-Grupos de Repressão a narcóticos – GENARC.

-Grupo de Repressão a Crimes Rurais e de Divisas.

3.4.3.1 Escola sem drogas

Programa governamental foi criado em 1993, em decorrência da

consciência institucional da Polícia Civil de que, somente a repressão às drogas não

resolveria este problema que envolve saúde e segurança pública, cujo custo social é

elevado e enfraquece a sociedade.

Tem como objetivo geral a atividade de polícia comunitária e como

objetivo específico a Prevenção Primária, levar informações sobre os malefícios e

consequências do uso indevido de drogas. O público alvo são estudantes,

preferencialmente, adolescentes, também jovens adultos, pais e multiplicadores.As

palestras do programa Escola Sem Drogas são gratuitas e poderão ser requisitadas

por escolas, universidades, entidades filantrópicas e religiosas, associações de classe

e empresas em geral.

3.4.3.2 Ser livre

Programa da Polícia Civil do Estado de Goiás, voltado para ações

preventivas e repressivas às drogas. Visa alcançar a sociedade com a realização de

pesquisas, cursos, palestras e atendimentos. O trabalho será desenvolvido por

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policiais civis, voluntários, servidores públicos de diversas áreas e representantes de

organizações não-governamentais, já treinados pela Academia da Polícia Civil.

3.5 Conselhos Estaduais de Políticas sobre Drogas

O Conselho Estadual de Políticas sobre Drogas tem por finalidade

atuar como instância de assessoramento ao Governo do Estado na promoção de

articulação, integração e organização do Estado para o desenvolvimento de

programas de redução da demanda, dos danos e da oferta de drogas.

O Conselho receberá apoio técnico, administrativo e financeiro da

Secretaria Cidadã, que custeará as despesas referentes a deslocamentos para visitas,

palestras, cursos ou viagens dos Conselheiros, em participação de eventos estaduais

e nacionais. As despesas são destinadas exclusivamente a alimentação, estadia,

passagens, deslocamentos e aquisições de materiais didáticos para o uso dos

Conselheiros.

Principais atribuições:

• Propor a Política Pública Sobre Drogas;

• Elaborar planos de atuação geral;

• Supervisionar, controlar e fiscalizar as atividades relacionadas com a prevenção de

tráfico e uso de entorpecentes e de substâncias que determinem dependência física

ou psíquica;

• Exercer outras competências, em consonância com o objetivo do Sistema Nacional

de Políticas Públicas Sobre Drogas.

3.6 Conselhos Municipais de Políticas sobre Drogas

O COMAD atua como instância de assessoramento do Governo local

e de coordenação das atividades de todas as instituições e entidades municipais,

responsáveis pelo desenvolvimento das ações referentes à redução da demanda e

dos danos, assim como movimentos comunitários organizados e representações das

instituições federais e estaduais existentes no município e dispostas a cooperar com

o esforço municipal.

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4 TRÁFICO DE DROGAS

Até o começo do século XX, o Brasil não tinha qualquer controle

estatal sobre as drogas que eram toleradase usadas em prostíbulos frequentados por

jovens das classes média e alta, filhos da oligarquia da República Velha.

No início da década de 20, depois de ter se comprometido na reunião

de Haia (1911) a fortalecer o controle sobre o uso de ópio e cocaína, o Brasil começou

efetivamente um controle.

Naquele momento, o vício até então limitado aos “rapazes finos”

dentro dos prostíbulos passou a se espalhar nas ruas entre as classes sociais

“perigosas”, ou seja, entre os pardos, negros, imigrantes e pobres, o que começou a

incomodar o governo.

Em 1921, surge a primeira lei restritiva na utilização do ópio, morfina,

heroína, cocaína no Brasil, passível de punição para todo tipo de utilização que não

seguisse recomendações médicas. A maconha foi proibida a partir de 1930 e em 1933

ocorreram as primeiras prisões no país (no Rio de Janeiro) por uso da droga.

Essa proibição se estende até hoje com uma certa variação. Mesmo

proibidas, as drogas continuaram a ser consumidas e aumentou a violência em torno

do tráfico, com o surgimento de grandes grupos de traficantes, como o Comando

Vermelho, no Rio de Janeiro.

Nos anos 60 e 70, no presídio de segurança máxima de Ilha Grande,

presos comuns e guerrilheiros urbanos dividiram os mesmos espaços e trocaram

“experiências”.

Em 1975, anistiados, os guerrilheiros deixaram o presídio mas os

presos comuns continuaram lá e passaram a usar, no dia-a-dia, as táticas de

organização aprendidas com os companheiros da guerrilha.

Com elas, sobreviveram e dominaram outros grupos do complexo

penitenciário.

Organizaram um grupo de auto-defesa, chamado Falange Vermelha,

que em pouco tempo mudaria o nome para Comando Vermelho e se transformaria

num dos maiores grupos do crime organizado no Brasil e no mundo.

No início dos anos 80, o Comando Vermelho já dominava o sistema

prisional do Rio de Janeiro. Além disso, quando seus integrantes cumprem suas

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penas e são liberados, o comando conquista também as ruas e suas ideias se

espalham para além das grades.

No início desse processo, foram formados grupos para fazer assaltos

a bancos. Com o tempo perceberam que há um outro negócio mais lucrativo e menos

arriscado do que os constantes assaltos a agências bancárias: o tráfico de drogas.

No final dos anos 70 e início dos 80, o aumento do consumo de

cocaína na Europa e nos Estados Unidos fez também elevar a produção e o tráfico

nos países andinos e apareceram as primeiras “empresas narcotraficantes", como a

liderada por Pablo Escobar, que passaram a produzir cocaína para exportação.

É no início dos anos 80 que o Brasil aparece como rota para o

escoamento de cocaína para os EUA e a Europa.

Nesse cenário, o Comando Vermelho aparece como uma organização

inserida na nova dinâmica internacional do narcotráfico e passa a dominar o mercado

de drogas no varejo no Rio de Janeiro.

Aparecem os “donos-do-morro”, que se aproveitam da ausência do

governo, impõem suas próprias regras e passam a “mandar” nas favelas, onde

instalam sua “autoridade”.

Em contrapartida, passam a ajudar a população com atitudes

assistencialistas: distribuição de comida e gás de cozinha e pagamentos de enterros

e batizados.

O Estado responde com a presença de soldados nos morros, ataque

a pontos de vendas e prisão de traficantes. Os conflitos são diários com mortes de

ambos os lados e são criadas polícias de elite, com o propósito de combater o tráfico.

Mas o comércio de drogas já havia tomado proporções enormes.

Como demorou a ver e combater o problema, o governo não consegue vencer os

traficantes. O Comando Vermelho (CV) continua a intimidar e a traficar.

Do Rio passa a enviar a droga a outros Estados, principalmente para

São Paulo. Em 2000, os “laços” entre Rio e São Paulo se solidificam quando o CV faz

parceria com o PCC (Primeiro Comando da Capital), facção criminosa paulista, e

juntos passam a traficar drogas.

Tida como a maior e mais antiga guerrilha das Américas, as Farc –

Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – chegaram a ter 35 mil homens.

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Fundada em 27 de Maio de 1964, durante uma guerra interna na

Colômbia, a organização, que vive nas selvas e montanhas, passou a sobreviver,

especialmente, da produção e venda de cocaína e papoula.

As Farc produzem 39% da droga colombiana. Outra parte de sua

“receita” o grupo obtém com as centenas de sequestros que realiza no país. Calcula-

se em 250 milhões de dólares o montante que a organização chegou a conseguir com

resgates.

Provavelmente desde 1980, as Farc montaram na Amazônia bases

para o tráfico de drogas e de armas. Em 2004, o juiz federal Odilon de Oliveira, de

Ponta Porã, na fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai, revelou que as Farc

se instalaram no Paraguai, na fronteira com o Brasil e passaram a treinar traficantes

de São Paulo e do Rio de Janeiro.

Deram cursos de guerrilha e também de sequestros aos bandidos das

duas maiores facções criminosas do Brasil: O PCC e o Comando Vermelho. “Eles

treinam brasileiros lá para agir aqui” disse o juiz. Segundo ele, as quadrilhas de

narcotraficantes brasileiros são os principais “clientes” na compra da cocaína

produzida pelas Farc. Antes de chegar ao Brasil, a cocaína é levada para o Paraguai.

O pagamento é feito em dólares ou armas. Ponta Porã é a segunda cidade do país

em lavagem de dinheiro, perdendo só para Foz do Iguaçu (Paraná).

Os “empresários” da cocaína no Brasil “legalizam” o dinheiro

conseguido com o tráfico de drogas, com a compra de hotéis, bingos, redes de

farmácia, postos de gasolina, bares, lojas de automóveis, fazendas e gado.

Outra forma utilizada por eles e descoberta pelo governo brasileiro foi

a compra de bilhetes premiados da loteria. Um esquema montado com donos de

lotéricas e funcionários de órgãos públicos funcionava da seguinte forma: os bilhetes

ou jogos premiados eram “comprados” dos ganhadores, assim o traficante ou político

justificava o dinheiro que tinha dizendo que ganhou na loteria.

Nas fraldas do bebê, várias pedras de crack. Bonecas de porcelana

cheias de papelotes de cocaína. Com o estudante de medicina, cinquenta

comprimidos de êxtase.

Imagens de Nossa Senhora Aparecida recheadas de cocaína. Drogas

num fundo falso de uma falsa bíblia. Vestido de padre, um jovem arriscou embarcar

num avião com quatro quilos de cocaína sob a batina.

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Num caminhão, brinquedinhos de papai-noel para crianças pobres

com cocaína dentro. Noutro, 300 quilos de maconha escondidos sob um

carregamento de arroz.

Tem sido assim em todo o Brasil. No atacado ou no varejo, os

traficantes tentam levar suas “mercadorias” aos consumidores.

4.1 Rotas do tráfico no Brasil

Existem diferentes rotas que trazem a cocaína e a maconha para o

Brasil. Há as rotas caseiras, destinadas ao transporte da droga consumida pelos

brasileiros, as rotas internacionais, nas quais a droga simplesmente passa pelo país

que é usado como corredor das drogas que têm como destino final os Estados Unidos

e a Europa, e as rotas mistas, que são aquelas em que as drogas vêm para o Brasil e

parte fica no país para consumo e outra parte segue para o exterior.

A maior parte da cocaína vem da Colômbia, e boa parte da maconha

vem do Paraguai. Apesar do Brasil produzir maconha, principalmente no “Polígono da

Maconha”, área do semiárido nordestino, a quantidade não é suficiente para a

demanda interna e, por isso, os traficantes importam a erva do Paraguai.

A principal dificuldade que o Brasil tem para evitar o contrabando e a

entrada de drogas e armas no país é o tamanho de suas fronteiras.

São 16 mil quilômetros só por terra. Para combater o tráfico feito por

via aérea, em 2004 foi regulamentada a lei 7.565, conhecida como a “Lei do Abate”,

que permite que aeronaves consideradas suspeitas (que não tenham plano de vôo

aprovado) sejam derrubadas em território nacional.

Com medo, os contrabandistas de armas e drogas que usavam o

espaço aéreo para transportar suas mercadorias, voltaram a usar as rotas terrestres.

Segundo a Polícia Federal, grande parte das armas e drogas também chega pelo mar.

O tráfico de armas é um negócio que também movimenta milhões de

dólares, só perdendo para o de drogas. Calcula-se que das 17 milhões de armas que

existem no país, 4 milhões estejam nas mãos do crime organizado.

Tanto as drogas como as armas chegam ao Brasil por meio dos

formiguinhas, pessoas que as transportam em veículos particulares, ou pelos grandes

traficantes que fazem encomendas de quantidades que chegam via terra, mar e, muito

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pouco atualmente, por ar. Nessa negociata, muitas vezes, os bandidos pagam suas

contas com trocas de produtos.

É o caso da rota Brasil-Suriname: os brasileiros vão até o país onde

compram armas e pagam com drogas. É pelo Suriname que entra boa parte das

armas produzidas na Europa, como o fuzil russo AK-47 e metralhadoras antiaéreas

trazidas da Ásia.

Armas que interessam aos traficantes brasileiros e a facções

criminosas, como o PCC e o CV, para continuar com o controle dos pontos de drogas

e a continuidade dos crimes.

Mandar a droga para fora tem um motivo muito especial para os

traficantes: o preço. Para se ter uma ideia, o quilo da cocaína na Colômbia custa US$

2 mil, chega ao Brasil por US$ 4,5 mil, nos Estados Unidos custa US$ 25 mil e na

Europa vale US$ 40 mil. No Oriente Médio e no Japão atinge seu maior valor: US$ 80

mil o quilo.

O Brasil também recebe drogas de outros países, numa rota inversa.

O haxixe (a maior parte produzido no Norte da África), por exemplo, é distribuído para

a Europa e também para o Brasil. O ecstasy, fabricado principalmente na Europa, é

igualmente trazido para o Brasil. Muitas vezes esse tráfico é feito por "mulas" que

levam cocaína para a Europa e trazem o ecstasy, uma das anfetaminas mais usadas

no país, em troca. São muitas as portas de entrada das drogas no Brasil. Em

novembro de 2007, a polícia apreendeu na cidade de Umuarama (PR) 500 quilos de

maconha, que vinham do Paraguai. A droga, segundo a polícia, entrava no Brasil por

Guaíra e pertencia ao PCC, que tinha montado uma base em Umuarama. De lá

mandavam a maconha para São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná, ao preço de R$

1.000,00 o quilo. Só nesse “posto” descoberto pela polícia era comercializada uma

tonelada de maconha por semana.

O Brasil se difere do Paraguai, Peru, Bolívia e Colômbia por não ser

produtor e por ser o ponto mais importante de trânsito para as drogas produzidas nos

quatro países. Mas há tempos o Brasil não é mais só corredor em direção a Europa e

Estados Unidos. O país passou a ser um importante consumidor de drogas, em

especial, de maconha e cocaína. Um mercado ativo e em expansão que conquistou

especialmente os jovens. Um documento divulgado pela ONU em 2006 cita que no

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Brasil o narcotráfico “emprega” mais de 20 mil “entregadores” de drogas, a grande

maioria jovens de 10 a 16 anos que ganham salários de US$ 300 a US$ 500 por mês.

Na divisa de Pernambuco (sertão pernambucano) e Bahia, às

margens do Rio São Francisco, 14 municípios no Nordeste do Brasil têm como

principal atividade o cultivo da maconha.

É a maior área de plantio da erva na América do Sul. Jovens e

trabalhadores rurais são cooptados pelo tráfico e trabalham de dez a 12 horas diárias

de cinco a seis meses por ano.

O Ministério Público do Trabalho de Pernambuco calcula que sejam

40 mil trabalhadores nessa região só no plantio de maconha, sendo dez mil crianças

e adolescentes. O cultivo da maconha na área começou em 1977.

Do “produtor” o quilo saía por R$ 200 e depois de passar pelos

“intermediários” chegava aos grandes traficantes por mil reais o quilo.

4.2 Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006 – Lei de Drogas

“Institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas -

Sisnad; prescreve medidas para prevenção do uso indevido, atenção e reinserção

social de usuários e dependentes de drogas; estabelece normas para repressão à

produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas; define crimes e dá outras

providências.

TÍTULO I

DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 1o Esta Lei institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas -

SISNAD; prescreve medidas para prevenção do uso indevido, atenção e reinserção

social de usuários e dependentes de drogas; estabelece normas para repressão à

produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas e define crimes.

Parágrafo único. Para fins desta Lei, consideram-se como drogas as substâncias ou

os produtos capazes de causar dependência, assim especificados em lei ou

relacionados em listas atualizadas periodicamente pelo Poder Executivo da União.

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Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo,

para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação

legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas:

I - advertência sobre os efeitos das drogas;

II - prestação de serviços à comunidade;

III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo.

§ 1o Às mesmas medidas submete-se quem, para seu consumo pessoal, semeia,

cultiva ou colhe plantas destinadas à preparação de pequena quantidade de

substância ou produto capaz de causar dependência física ou psíquica.

§ 2o Para determinar se a droga destinava-se a consumo pessoal, o juiz atenderá à

natureza e à quantidade da substância apreendida, ao local e às condições em que

se desenvolveu a ação, às circunstâncias sociais e pessoais, bem como à conduta e

aos antecedentes do agente.

§ 3o As penas previstas nos incisos II e III do caput deste artigo serão aplicadas pelo

prazo máximo de 5 (cinco) meses.

§ 4o Em caso de reincidência, as penas previstas nos incisos II e III do caput deste

artigo serão aplicadas pelo prazo máximo de 10 (dez) meses.

§ 5o A prestação de serviços à comunidade será cumprida em programas

comunitários, entidades educacionais ou assistenciais, hospitais, estabelecimentos

congêneres, públicos ou privados sem fins lucrativos, que se ocupem,

preferencialmente, da prevenção do consumo ou da recuperação de usuários e

dependentes de drogas.

§ 6o Para garantia do cumprimento das medidas educativas a que se refere o caput,

nos incisos I, II e III, a que injustificadamente se recuse o agente, poderá o juiz

submetê-lo, sucessivamente a:

I - admoestação verbal;

II - multa.

§ 7o O juiz determinará ao Poder Público que coloque à disposição do infrator,

gratuitamente, estabelecimento de saúde, preferencialmente ambulatorial, para

tratamento especializado.

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CAPÍTULO II

DOS CRIMES

Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender,

expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar,

prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que

gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou

regulamentar:

Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a

1.500 (mil e quinhentos) dias-multa.

§ 1o Nas mesmas penas incorre quem:

I - importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire, vende, expõe à venda, oferece,

fornece, tem em depósito, transporta, traz consigo ou guarda, ainda que

gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou

regulamentar, matéria-prima, insumo ou produto químico destinado à preparação de

drogas;

II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou em desacordo com

determinação legal ou regulamentar, de plantas que se constituam em matéria-prima

para a preparação de drogas;

III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de que tem a propriedade, posse,

administração, guarda ou vigilância, ou consente que outrem dele se utilize, ainda que

gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou

regulamentar, para o tráfico ilícito de drogas.

§ 2o Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso indevido de droga: (Vide ADI nº 4.274)

Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa de 100 (cem) a 300 (trezentos)

dias-multa.

§ 3o Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa de seu

relacionamento, para juntos a consumirem:

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e pagamento de 700 (setecentos) a

1.500 (mil e quinhentos) dias-multa, sem prejuízo das penas previstas no art. 28.

§ 4o Nos delitos definidos no caput e no § 1o deste artigo, as penas poderão ser

reduzidas de um sexto a dois terços, vedada a conversão em penas restritivas de direitos,

desde que o agente seja primário, de bons antecedentes, não se dedique às

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atividades criminosas nem integre organização criminosa. (Vide Resolução nº 5, de

2012)

Art. 34. Fabricar, adquirir, utilizar, transportar, oferecer, vender, distribuir, entregar a

qualquer título, possuir, guardar ou fornecer, ainda que gratuitamente, maquinário,

aparelho, instrumento ou qualquer objeto destinado à fabricação, preparação,

produção ou transformação de drogas, sem autorização ou em desacordo com

determinação legal ou regulamentar:

Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 1.200 (mil e duzentos)

a 2.000 (dois mil) dias-multa.

Art. 35. Associarem-se duas ou mais pessoas para o fim de praticar, reiteradamente

ou não, qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta Lei:

Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.200

(mil e duzentos) dias-multa.

Parágrafo único. Nas mesmas penas do caput deste artigo incorre quem se associa

para a prática reiterada do crime definido no art. 36 desta Lei.”

Art. 36. Financiar ou custear a prática de qualquer dos crimes previstos nos arts. 33,

caput e § 1o, e 34 desta Lei:

Pena - reclusão, de 8 (oito) a 20 (vinte) anos, e pagamento de 1.500 (mil e quinhentos)

a 4.000 (quatro mil) dias-multa.

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