essência

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Planejamento Gravidez Futuro e mais! FERTILIZAÇÃO IN VITRO SER MÃE OU NÃO SER? ADOÇÃO Nesta edição: Descubra o que elas pensam sobre a maternidade Entenda o método de inseminação e conheça a história de Gabriel Fique por dentro do processo e conheça as mães de coração Como as mulheres ocupam o espaço do trabalho e lidam com a relação profissão x filhos VIDA FEMININA

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Suplemento produzido para a disciplina de Jornalismo Impresso II, 2015, do curso de Jornalismo da Unesp, câmpus Bauru, sob a orientação do Prof. Dr. Angelo Sottovia Aranha

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Page 1: Essência

Planejamento Gravidez Futuro e mais!

FERTILIZAÇÃO IN VITRO

SER MÃE OU NÃO SER?

ADOÇÃO

Nesta edição:

Descubra o que elas pensam sobre a maternidade

Entenda o método de inseminação e conheça a história de Gabriel

Fique por dentro do processo e conheça as mães de coração

Como as mulheres ocupam o espaço do trabalho e lidam com

a relação profi ssão x fi lhos

VIDA FEMININA

Page 2: Essência

REDAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO Érica Francisco Travain Aguiar, Gabriela Vanni Arroyo, Gabriele

Rodrigues Alves da Silva, Lais Fernanda Esteves, Mariana Uberti Kohlrausch e Marília

Campos Munhoz

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “Júlio de Mesquita Filho”

Reitor: Dr. Julio Cezar DuriganVice-reitora: Dra. Marilza Vieira Cunha Rudge

FACULDADE DE ARQUITETURA, ARTES E COMUNICAÇÃO – FAAC

Diretor: Dr. Nilson GhirardelloVice-diretor: Dr. Marcelo Carbone CarneiroDEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL Chefe: Dr. Juarez Tadeu de Paula XavierVice-chefe: Dr. Angelo Sottovia Aranha

CURSO DE JORNALISMOCoordenador: Dr. Francisco Rolfsen Belda

Vice-coordenadora: Dra. Suely MacielPLANEJAMENTO GRÁFICO EDITORIAL IIProfessor: Dr. Francisco Rolfsen Belda

JORNALISMO IMPRESSO IIProfessor: Angelo Sottovia Aranha

ÍCONES flaticon.com e freepik.com COR DOS ÍCONES iconsdb.com

ILUSTRAÇÃO DE CAPA João MenighinFONTES CHANNEL E MAGNOLIA LIGHT dafont.com

Essência PRIMEIRA EDIÇÃO - BAURU, MAIO DE 2015

Nesta edição:

Planejamento.........................3

Gravidez............................................4

Adoção.....................................................7

Carreira.........................................................9

Futuro..........................................................10

Cuidado, a essência da vida O dia das mães é uma data festejada desde a Grécia Antiga, sendo

que, naquela época, marcava a chegada da primavera. Hoje, no Brasil, comemoramos esse dia todo segundo domingo do mês de maio, no outono, estação propícia para a renovação das folhas. Nesta edição, o Essência apresenta como é ser mãe nos dias atuais, quando o planejamento familiar bate à porta, a gravidez se torna uma fase especial e a adoção realiza sonhos. Você ainda vai conferir como as mães se adaptaram ao universo tecnológico, sem abandonar o zelo e a proteção, e como elas lidam com as mudanças, seja no crescimento ou no falecimento dos filhos. Esta é uma edição dedicada ao ser mãe, seja você mulher ou homem, jovem ou mais velho, que transforma o cuidar na Essência da vida. Boa leitura!

Decidiu ter um bebê? Então, prepare o bolso!

Conheça os tipos, a fertilização in vitro e o anjo Gabriel

Esclareça suas dúvidas! E mais: visite a Casa do Menor Renascer

Maternidade e vida profissional é um dilema para a mulher? Descubra!

Filhos casados e mães tecnológicas: como lidar com tantas mudanças?

Page 3: Essência

lheres que fogem do padrão são rotuladas. As “donas de casa” são vistas como “infe-

riores” e as que decidem abrir mão da mater-nidade são julgadas “in-completas”.

No caso da bancária Natali Ro-drigues, ser mãe foi um sonho em sua vida. Ela

conta que, apesar de inicial-mente não ter a maternidade

que não inclua a maternida-de”, avalia Cynthia.

Apesar de alguns familia-res se mos-trarem de-sapontados em relação à sua escolha, não houve críticas. En-tretanto, ela já ouviu de alguns ho-mens co-me n t á r i o s do tipo: “mu lhe re s que não querem ter filhos são egoístas”. Na sua opinião, mu-

Gastos Classe A Classe B Classe C Classe D

Moradia*Alimentação, babá, energia, telefone, TV a cabo

R$ 345.000 R$ 298.200 R$ 61.400 R$ 28.800

Educação*alimentação escolar, berçário, ensino fundamental, médio e universidade, cursos diversos, materiais didáticos, livros, mesada e transporte

R$ 703.644 R$ 395.900 R$ 185.100 Nulo

Lazer e Entretenimento*academia, clube e associações, cinema, teatro, shows, festas de aniversário, viagens, férias e passeios

R$ 421.024 R$ 94.800 R$ 38.800 R$ 4.800

Outros*reserva financeira, saúde, tendências e vestuário

R$ 616.934 R$ 189.200 R$ 121.800 R$ 20.100

TotalR$ 2.086.000 R$ 948.100 R$ 407.140 R$53.700

Planejamento

A chegada de um filho pode mudar para sempre a vida de uma mulher. Porém, antes de vivenciar a experiência, é pre-ciso refletir sobre o mundo da maternidade.

A gerente comercial Cyn-thia Laus conta que, desde a infância, imaginava um dia ter filhos. Entretanto, chegou à conclusão de que ser mãe não fazia parte dos seus planos e, na verdade, é a sociedade que cobra essa função das mulhe-res. “Nunca foi uma vontade verdadeira, um sonho, nada. A nossa sociedade não dá espaço para que as meninas possam imaginar algum futuro

como prioridade, após os 30 anos, percebeu que um filho era algo que faltava em sua vida e, quando se tornou mãe, seus pensamentos mudaram.

Segundo Natali, o mundo moderno oferece vantagens às mães, como a independência financeira e a liberdade para tomar decisões. Entretanto, o acúmulo de funções contribui para uma rotina corrida. Ela se divide entre as tarefas da casa, os cuidados com a filha e o trabalho e acredita que a tecnologia se torna um proble-ma se a interação com diversas pessoas começa a interferir no relacionamento mãe e filho.

Ser ou não ser mãe? Eis a questão...

Conheça a história de duas mulheres e a sua relação com a maternidade

3

Por Lais Esteves

Quanto custa um filho?

O planejamento de um filho envolve muitos fatores, entre eles está a questão financeira.Os custos na criação de um fi-lho podem chegar a dois mi-lhões de reais, do nascimento até os 23 anos. As despesas variam, de acordo com a ren-da familiar e a faixa etária da criança, segundo o Instituto Nacional de Vendas e Trade Marketing (INVENT).

Educação, saúde, alimenta-ção e vestuário estão entre os principais itens que consomem o orçamento familiar. Além das necessidades básicas, há os gastos com lazer.

De acordo com o Prof. Dr. Elton Eustáquio Casagrande, do Departamento de Eco-nomia/Núcleo de Conjuntu-ra e Estudos Econômicos da UNESP, os gastos devem ser estudados de modo que não comprometam o orçamento familiar. Para ele, os pais po-dem consultar especialistas na

área de previdência privada e fazer uma poupança ainda na infância.

Segundo o professor, uma forma de poupar é economizar nos gastos na área de tecno-logia, como celulares. Além disso, a educação financeira é considerada vital e a mesada é importante para educar.

Os gastos com educação, especialmente durante a uni-versidade, ocupam boa parte da renda familiar. Na maioria das vezes, os filhos saem de casa e os pais devem arcar com as contas. Para evitar pro-blemas, Casagrande sugere a poupança e cita casos de famí-lias que investem em imóveis para obter retorno por meio do aluguel ou da valorização.

A bancária e mãe Viviane Felício conta que as maiores despesas vieram depois do quinto mês de gestação. Para lidar com os custos, ela procu-rava fazer pequenas compras

Gastos com alimentação, moradia, lazer e educação podem chegar a dois milhõesPor Lais Esteves

por mês. Ela optou por um enxoval personalizado, com itens de sua preferência. Nes-se caso, o chá de bebê foi algo que diminuiu os gastos, pois ela ganhou diversos produtos.

O lazer também faz parte dos gastos. Por isso, ela pro-cura ter cautela e não incenti-var o consumismo do filho, op-

O mundo moderno oferece

vantagens às mães, como

independência financeira e liberdade de

decisão

Fonte: Ivent - Instituto Nacional de Vendas e Trade Marketing

tando por passeios ao ar livre, em parques ou no zoológico.

Viviane acredita que os pais devem conduzir a criança: “se a cada pedido o fizermos pen-sar na real necessidade, con-seguiremos dar a ele uma vida saudável e sem futilidades. Gosto que ele reflita se real-mente precisa daquilo”.

Page 4: Essência

Gravidez

Gravidez é um estágio especial e que requer cuidados Além da gestação comum, há outras três; a gravidez gemelar, a psicológica e a ectópica

A gravidez gemelar é co-nhecida por trazer gêmeos à vida, sendo eles univitelinos ou bivitelinos. Cerca de um terço dessas gestações dão à luz a univitelinos, que dividem a mesma placenta e são gerados a partir da fe-cundação do mesmo óvulo. Por outro lado, dois terços das gestan-tes gemelares dão à luz dizigóticos, que são fe-cundados por óvulos e espermatozoides dife-rentes que habitam pla-centas distintas durante a gestação.

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Yasmin e Nicolas são os xodós da família

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Por Marília Munhoz

são meus filhos. Eles são uns amores, companheiros. O tra-balho é dobrado, os compro-missos são dobrados, mas as recompensas são múltiplas”.

Entre os tipos de gravidez

está a psicológica, que tam-bém é chamada de pseudocie-se e a ectópica.

Afetando mulheres que de-sejam ser mães ou as que têm muito medo de engravidar, o primeiro tipo é considerado um transtorno psicológico.

De acordo com a psicóloga Ana Keila Salviato, é um fenô-meno raro com ocorrência de uma grávida em cada 20 mil gestações. Ela explica que há possíveis causas para a gravi-dez psicológica, entre elas o desequilíbrio emocional, baixa auto-estima, aborto recente,

infertilidade e depressão. Os sintomas são iguais aos

de uma gravidez real, pois há estímulo psicológico com au-mento de prolactina no sis-tema endócrino. Os sintomas

res. Mas além de tratamento com medicamentos, é preciso acompanhamento com psicó-logos ou psiquiatras, afirma Ana Keila.

são enjoos, desejos alimenta-res, ausência de menstruação, crescimento de barriga e das mamas e produção de leite.

Ana Keila afirma que, em casos mais graves, “a mulher pode apresentar transtorno de personalidade, sintomas psi-quiátricos como humor instá-vel e reativo, problemas com a identidade e impulsividade”.

A melhor indicação para mulheres com sintomas de gravidez psicológica é buscar ajuda profissional e partilhar seus problemas para que o tratamento seja eficaz. O diag-nóstico de gravidez psicológica é feito por meio de entrevis-tas com a paciente e familia-

A mãe de gêmeos, Angelita Melo, conta que estar grávida foi uma surpresa, mas ain-da mais surpreendente, estar grávida de gême-os, pois por ter endome-triose, era praticamen-te impossível ser mãe. Ela e seu marido, Silas Melo, sonhavam desde crianças serem pais de gêmeos.

“Silas queria dois be-bês: um para cuidar du-rante o dia e outro pra cuidar durante a noite”, afirma Ange-lita de forma bem humorada. E assim vieram Yasmin e Nico-las.

Quando se trata de gesta-ção gemelar, o planejamento para receber os bebês é mi-nucioso. Para Angelita e Silas o trabalho não foi fácil, mas a organização ajudou nos cui-dados, pois sempre se reve-zavam quando o assunto era choro, hora de mamar e troca de fraldas.

Sobre o fato de ser mãe de gêmeos, Angelita não tem pa-lavras para descrever: “Nossa, a minha sensação foi maravi-lhosa! Eu achava que nada era real. Olho até hoje e penso:

Em pensamento

História

Outro tipoJá a gravidez ectópi-

ca tem esse nome por ocorrer no endométrio e, em 90% dos casos, a fecundação se insta-la na trompa uterina. O ginecologista e obstetra João José Aguera Júnior afirma que o início do pré-natal é semelhan-te ao de uma gestação comum. Porém, os sin-tomas de gravidez ectó-pica começam a apare-cer por volta da sétima semana de gestação, quando os tecidos do órgão começam a apre-sentar rupturas.

A partir daí, os sinto-mas comuns são a dor abdominal, o sangra-mento vaginal ou atraso menstrual em pacientes com o resultado de tes-te de gravidez positivo.

“Frente a pacientes de ris-co, o ultrassom às seis sema-nas de gestação é primordial. Nesse momento, poderemos diagnosticar grande parte das gravidezes ectópicas, ainda ín-tegras e há grande chance de se fazer um tratamento con-servador, não cirúrgico, inclu-sive para preservar a fertilida-de futura”, afirma o obstetra.

Conforme explica João José Aguera, dentre os fato-res de riscos, encontram-se as mulheres que apresentaram gravidez ectópica prévia, in-fecções nas trompas, endome-triose, reprodução assistida ou uso de DIU. Essas mulheres devem ter acompanhamento especial durante o pré-natal.

Previamente

Page 5: Essência

Gravidez

Métodos de fecundação são aliados na realização de sonhos

Reprodução assistida auxilia e dissemina o milagre da maternidade

Quando o assunto é repro-dução assistida, vários trata-mentos podem ser indicados, de acordo com as necessida-des do casal. Contudo, é preci-so auxílio clínico, que ajudará no sucesso da concepção.

De acordo com o gineco-logista e obstetra João José Aguera Júnior, avaliações ini-ciais são importantes para identificar os possíveis proble-mas que dificultam a fecunda-ção e servem como prepara-ção nos tratamentos futuros.

Por serem inúmeras as cau-sas de infertilidade, há mé-todos que atendem diversas situações, como é o caso da fertilização in vitro, que é o

método mais utilizado em clí-nicas de reprodução assisti-da. Segundo o obstetra, esse procedimento pode ser eficaz “tanto para paciente que te-nha tido uma obstrução tubá-ria por uma infecção por cla-mídia (doença sexualmente transmissível) ou para outra com esterilidade sem causa aparente”.

Nos casos de mulheres que não querem se submeter a métodos artificiais de fecun-dação, há outras alternativas como adoção, doação de ga-metas e barriga de aluguel, sendo que algumas ainda es-tão restritas no Brasil, confor-me afirma Aguera.

A recepção animada de dois cachorrinhos avisa que naque-la casa há uma novidade. As evidências estão nas fotos, na mesinha ao lado do sofá e na cadeira de balanço. Os deta-lhes da sala de estar compro-vam onde estava o foco da fa-mília: no bebê de cinco meses que estampava a maioria dos quadros. O Gabriel. É perceptí-vel sua semelhança com Carla Floret Turini, de 30 anos, mãe, enfermeira e dona dos olhos azuis iguais aos do filho.

Na tentativa de engravi-dar durante um ano, Carla fez tratamentos para estimu-lar a ovulação, já que possui a Síndrome do Ovário Policís-

tico, caracterizada por peque-nas bolsas contendo material líquido ou semi-sólido que se desenvolvem nos ovários e im-pedem a ovulação.

Segundo seu médico, não era impossível que ocorres-se a gestação naturalmente, mas isso poderia levar tempo e adiaria os planos imediatos que Carla havia traçado para ser mãe.

Foi então que viu no tra-tamento in vitro, uma opor-tunidade. Em uma clínica es-pecializada de Ribeirão Preto, iniciou um pré-tratamento que consistia em injeções para es-timular a ovulação. Geralmen-te, depois da injeção, são pro-

Por Mariana Kohlrausch

Gabriel é amor e esperança

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duzidos vários folículos pelo ovário, mas no caso de Carla, somente um fora produzido. Esta seria a única chance para o desenvolvimento do trata-mento, já que outras tenta-tivas estavam fora dos orça-mentos do casal.

Eles insistiram. Viajavam todos os dias para Ribeirão Preto, faziam acompanhamen-to médico, e o único folículo se transformou em um óvulo.

“Todas as minhas fichas es-tavam apostadas na fertiliza-ção. Pensava que daria certo, mas, ao mesmo tempo, tinha a realidade mostrando o con-trário: eu só tinha um folículo crescendo e não tinha mais di-nheiro”, conta.

A resposta de gravidez só viria 14 dias após a implanta-ção do óvulo. Alimentando as expectativas e a ansiedade, Carla fazia testes de gravidez diariamente.

“Eu estava tão angustiada que, quatro dias antes do re-sultado, pedi para Deus que me desse um conforto de al-guma forma. Pedia: se eu não estiver grávida, me fala que não e pronto. Se eu estiver,

O presente chamado Gabriel

Por Marília Munhoz

me fala para eu ficar menos preocupada”, recorda-se.

Da sala, começamos a ouvir um choro que vinha do quarto. Era o Gabriel acordando as-sustado. A conversa continuou com ele sorrindo e olhando para tudo com curiosidade. “Ele é tudo. Foi de longe o momento mais lindo da minha vida. É um pedaço de mim que faltava”, diz Carla sobre o filho.

No fim da conversa, a mãe afirma que Gabriel significa a fé, pois, para ela, Deus agiu para que tudo desse certo. “É um amor que não tem como explicar, pois só se sabe o que é amor de verdade depois que se tem um filho”, garante.

Page 6: Essência

Gravidez

Eduardo Pavan, da Catedral do Divino Espírito Santo.

Para os evangélicos da Igre-ja Internacional da Graça de Deus, o ser humano não foi criado para morrer e é por isso que existe o sentimento de perda. Entretanto, na visão do auxiliar de pastor Murilo Ce-sar Lopes “como Jesus Cristo este-ve na cruz do calvá-rio por nós, cremos que podemos alcançar a vida eter-na mesmo após a morte”. O Espiritismo vê a morte como um processo de reencarnação que acontece de tempos em tempos com o mesmo espíri-to. Sandro Sella, coordenador do grupo Mocidade Espírita do Centro Paz e Amor, observa

que o falecimento prematuro pode fazer com que as pessoas se questionem sobre a justiça divina e a existência de Deus, mas explica que os espíritas se resignam diante do aconte-cimento por acreditarem que “quebra-se apenas o laço físi-

co e o amor de verda-de per-manece”.Entretan-to, quando ocorre o falecimen-to de um filho, inde-

pendentemente das crenças, o apoio de quem está próximo

é muito importante. As três religiões com maior número de fiéis no Brasil podem até discordar sobre o que aconte-ce depois da morte, mas em um aspecto caminham juntas: buscam confortar.

Para padre Marcos, estar presente é mais importante do que ter que dizer algo. Na Igreja Internacional da Graça de Deus, durante o dia há mi-nistros para atenderem e ora-rem por quem os procura. No Centro Paz e Amor, um grupo de orientação fraterna acolhe as pessoas que buscam ajuda. Assim, por maior que seja a dor, as mães sempre encon-trarão apoio e força.

A espiritualidade no falecimentoQuando a perda acontece, buscar apoio é uma saída

Por Gabriela Arroyo

Persistência vence abortos naturaisApesar da dor, sonho de ser mãe não é adiado

Por Gabriele AlvesNão é fácil lidar com a perda

de um filho em qualquer épo-ca da vida. Mas quando se tra-ta de aborto natural, 15% das gestações são interrompidas por esse motivo, de acordo com estudo da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo realizado no ano de 2012.

Para o obstetra Joélcio Fran-cisco Abbade, doutor em Obs-tetrícia e Mastologia e mem-bro da Associação Brasileira de Educação Médica, são inú-meras as causas dos abortos espontâneos e cada mulher os encara de uma maneira: “esse tipo de aborto pode ocorrer pela falta de progesterona nos dois primeiros meses de gesta-

ção, que acarreta insuficiência de corpo lúteo”, afirma Joélcio Francisco.

Para mulheres que venham a apresentar um quadro de abortamento de repetição, o mais ade-quado é uma invest igação clínica, labo-ratorial e com exames de imagem para tentar identifi-car a possível causa dessa situação”.

Esse quadro de abortos re-petidos foi vivenciado pela mé-dica veterinária Viviane Franco

do Vale, quando decidiu ser mãe aos 31 anos. Viviane en-gravidou quatro vezes e todas as suas tentativas foram por

fert i l i zação in vitro, “a primeira vez que engra-videi, o pro-ced imen to deu positivo no resultado do exame de sangue, mas quan-do fizemos o primeiro ul-

trassom, não havia indícios do bebê”.

Tentamos pela segunda vez e consegui engravidar, seria

um casal. Contudo, ao com-pletar a 18ª semana meu colo estava aberto, fiquei quase um mês internada, acabei entran-do em trabalho de parto e per-di os dois. Na terceira tentati-va, o corpo não reabsorveu o embrião”, conta.

A veterinária não deixa de comentar que foi um proces-so muito doloroso, “há um luto que prevalece quando você passa por isso” , mas na quarta tentativa nasceram duas crian-ças. A menina faleceu, mas o menino sobreviveu e hoje está com dois anos.

O especialista ainda alerta que os principais riscos para a mulher no aborto natural são o sangramento e a infecção.

Catedral do Divino Espírito SantoPraça Rui Barbosa, 3-30, Bauru

Centro Espírita Paz e AmorRua Luiz Delbem, 30, Vila Medon, Americana

Igreja Internacional da Graça de DeusRua sete de setembro, 662, Americana

(14) 3222-3166

(19) 3462-3505

(19) 3462-9931

6

“Ser mãe exige atenção, paciência, tolerância, tempo, responsabilidade... Mas é prazeroso, é

gratificante”Viviane do Vale

“Por que Deus permite que as mães vão-se embora?”. É com uma indagação que Car-los Drummond de Andrade começa seu poema ‘Para sem-pre’. Nele, fala da pequenez dos filhos diante da grandeza revestida de doçura que são as mães. Por outro lado, o que o poeta não fala é que as mães também se assustam com a morte e que o medo maior não está em partir, mas em perder um filho.

Muitas vezes, quando a per-da acontece, a religiosidade acaba se tornando um apoio. Pois, as religiões são capazes de trazer conforto espiritu-al. Os católicos, por exemplo, acreditam na ressureição. Ou seja, na vida após a morte. “Quando terminamos nos-sa missão aqui na Terra, nós vamos junto de Deus e per-manecemos com Ele eterna-mente”, afirma o padre Marcos

“Mãe é luz que não apaga quando

sopra o vento”Carlos Drummond de Andrade

Page 7: Essência

Adoção

Quando a responsabilidade bate à portaA Casa do Menor Renascer abriga jovens abandonados há 22 anos

Por Érica Travain

A brinquedoteca da instituição é utilizada por 27 crianças Fo

to: É

rica

Trav

ain/

2015

7

Adriane tem psicólogo na terça, a mãe do João Miguel vem visitá-lo na quinta e Lua-na tem equoterapia. Trabalho árduo? “Cansativo, mas vale a pena”, diz a cuidadora Cristina Pereira, ou Tia Doce, como é mais conhecida pelas crianças. Ela trabalha na Casa do Menor Renascer há oito anos, cuidan-do de bebês, crianças e ado-lescentes.

Inaugurada em 21 de agos-to de 1993, a entidade sedia-da em Agudos (SP) abriga 27 menores de zero a 18 anos que sofreram maus tratos ou foram neglicenciados pelos pais ou responsáveis.

Os custos são pagos por meio de verbas federais, esta-duais e municipais e é o muni-cípio que dá a maior porcen-tagem por manter os Recursos Humanos da instituição. Ainda são realizados eventos com o objetivo de arrecadar mais re-cursos financeiros e, de acordo com a coordenadora da Casa do Menor Renascer, Natalie Monteiro Kauffman, a propos-ta é que, até 2017, os abrigos atendam à, no máximo, 20 crianças.

Kauffman explica que a en-tidade conta com 24 cuidado-ras. 12 delas trabalham diaria-mente: o primeiro turno (com seis pessoas) vai das 7 às 19 horas e o segundo turno (com outras seis cuidadoras) funcio-na das 19 às 7 horas do dia seguinte.

A coordenadora do Renas-cer diz que a instituição “é a casa deles. Eles têm tudo o que uma criança tem. Eles vão ao cinema e fazem tudo o que crianças fazem”. De acordo com Cristina Pereira, as cui-dadoras se apegam demais às crianças, mas, segundo ela é preciso separar o profissional do emocional.

A instituição

Rotina agitada

Diariamente, ela chega às 7h, dá o café e verifica o painel da entrada com compromis-sos como consultas médicas e exames da semana. “Eu faço diferente: pego meu caderni-nho e marco os compromissos do dia inteiro”, conta.

As funcionárias também pre-cisam ficar atentas aos horá-rios dos remédios, que ficam guardados em um armário no refeitório da instituição.

A limpeza é feita no período da noite, quando as funcioná-rias lavam os banheiros e lim-pam o local. Segundo Cristina, durante o dia, elas “deixam o local em ordem, passam um paninho, porque de dia é corri-do, menos no sábado e domin-go”. As funcionárias da noite vestem pijamas nas crianças, colocam-nas para dormir, dão mamadeira e as medicações necessárias. “Fazem papel de mãe mesmo”, afirma.

Como acontece com pais e responsáveis, as cuidadoras também precisam ensinar di-reitos e deveres aos pequenos. “A gente sempre fala pra ter disciplina, não ficar brigando, respeitar o amiguinho”, conta

Cristina. Antes das refeições, as crianças agradecem pelo alimento por meio de orações. Segundo Doce, as religiões são respeitadas na instituição. Alguns adolescentes são cató-licos e frequentam a cateque-se aos sábados. No domingo à noite, uma pastora – que ajuda a entidade e, recentemente, adotou duas crianças – busca outros três adolescentes para levá-los à igreja. “Porque Deus é um só e a gente não pode obrigar”, diz.

A irmã de Cristina trabalha

na cozinha da entidade e conta que são servidas seis refeições diárias para as crianças. O al-moço é servido às 11h30min.

Casos reais

Ajude a Renascer com alimentos, material de limpeza e higiene, roupas e brinquedos. Também é possível fazer atividades de recreação com as crianças, basta agendar as datas pelo telefone

(14) 3262-2021

DOAÇÕES

Tia Doce conta a história de Cleitinho, um bebê que morou na instituição em 2009. Ele precisava ser alimentado por

sonda devido à falta de oxige-nação no cérebro que sofreu durante um procedimento ci-rúrgico. Por passar mal e ter de ser levado, quase sempre, ao Hospital Estadual de Bauru com urgência, o menino fora transferido para uma clínica em Botucatu quando ainda ti-nha um ano de idade. “A casa inteira chorou”, lembra a cui-dadora. Mas “agora, ele está melhor, foi adotado e está an-dando”.

A funcionária conta que mui-tas crianças retornam à casa para visitá-la depois que são adotadas. A visita mais recen-te foi de Quiara, uma garota que não tinha o céu da boca e fez tratamento no Hospital de Reabilitação de Anomalias Cranofaciais da Universidade de São Paulo, em Bauru. Quia-ra havia saído da entidade há seis anos. “Depois de mui-tos anos que ela foi adotada, acredita que ainda reconhece a gente? Ela fala o nome! Sig-nifica que ela não esqueceu”, diz Tia Doce.

O Renascer também promo-ve festas para os aniversarian-tes no último domingo do mês. Normalmente, eles recebem doações de bolos e salgados, mas se o número não é sufi-ciente para alimentar a todos, eles compram os quitutes por conta própria.

Ao ser questionada sobre as dificuldades do dia a dia, Cris-tina revela que há muito o que fazer, mas é recompensador. E para ela, acima de tudo, é preciso gostar do que faz e ter amor pelo trabalho.

Page 8: Essência

De sorriso aberto ao saber que o assunto era adoção de crianças no Brasil, Larissa Fur-tuoso não pensou duas vezes em passar o contato de sua mãe, Ana Claudia Souza, em Bauru, que se dispôs, com en-tusiasmo, a contar como foi o processo de adoção de sua fi-lha mais nova. “O sistema de adoção é muito burocrático no Brasil, tivemos que passar por psicólogos, assistentes sociais e até psiquiatras. O casal tem que estar disposto a esperar, mas no nosso caso, mesmo assim, não encontramos bar-reiras para optar por uma filha adotiva”, conta Ana Claudia.

De acordo com estudo do Instituto Brasileiro de Geogra-fia e Estatística (IBGE) realiza-do em 2012, a formação fami-liar composta por pai, mãe e filhos biológicos já não é pre-dominante no país. As famílias se diversificam e seu conceito, para nossa legislação, está in-timamente ligado à afetivida-de fundada no respeito e na comunhão de vida.

Adoção

Adoção abre portas para o sonho de ser pai e mãe Estruturas familiares se diversificam e a fila de quem adota continua

Por Gabriele Alves

8

Quem pode adotar no Brasil atualmente?Kelly Canela: Uma pessoa solteira, homem ou mulher,

independentemente da orientação sexual. Para a adoção por um casal, é necessário o casamento civil ou união estável,

devendo ser comprovada a estabilidade familiar.

E no caso de casais homoafetivos?

K.C: A legislação não disciplina expressamente a possibilidade de adoção por casal homoafetivo. Todavia, também não há qualquer impedimento. A análise constitucional do tema

não permite a proibição do direito de adotar por casais

homoafetivos, sob pena de se ferir o direito de isonomia e o

exercício da cidadania.

E o estágio de con-vivência, o que é?K.C: Quando for indicada

uma criança para a adoção, será iniciado o estágio de convivência com o acompanhamento da

Justiça e da equipe técnica responsável. Após esse

momento, iniciará a ação de adoção e a guarda da criança

será confiada ao adotante.

Onde demonstrar interesse pela adoção?

K.C: Em uma Vara de Infância e Juventude, onde

deve apresentar uma petição.

“Mãe não vê diferença e nem obstáculos pra amar e cuidar de um filho. O que faria e faço por minha filha biológica, faria e faço pela adotiva. Na

verdade não há diferença, as duas são filhas e pronto”Ana Claudia Souza adotou uma criança

“Poder dar a mamadeira, brincar e dar banho, colocar a roupa na boneca, tudo isso é fascinante. Sem dúvida, somos muito mais homens

hoje do que antes de sermos pais”Rogério Koschek adotou quatro crianças

nossa família já existiam casos de adoção. Tínhamos vontade, condição e sabíamos que ela seria bem aceita”, conta.

Nova família

Em 2014, eles receberam a proposta de conhecerem qua-tro irmãos que estavam abri-gados desde outubro de 2013. Tratavam-se de uma menina de 11 anos, outra de dois, um menino de um ano e um bebê de apenas cinco meses, sendo que as três crianças mais no-vas nasceram quando a mãe já era soropositiva. “No primeiro contato, em visitação pública ao abrigo, já saímos com a certeza de que aquelas quatro crianças seriam nossos filhos. Nós já tínhamos os escolhidos, faltava apenas que eles nos adotassem”, conta Rogério.

Então, iniciou-se o estágio de convivência, momento com visitas regulares ao abrigo em que as crianças estavam. Posteriormente, foi permitido que o casal levassem-nas para casa e que retornassem ao abrigo para passar a noite. Já as próximas etapas permitiram que as crianças passassem o final de semana com eles. “Em 11 de junho de 2014 foram ex-pedidos os termos de guarda e eles passaram definitivamente a viver conosco”, afirma Rogé-rio, contente.

“Nós já tínhamos os escolhidos, faltava

apenas que eles nos adotassem”

Rogério Koscheck

Lares brasileirosHoje, 50,1% das famílias

brasileiras são formadas por casais sem filhos, cuja união é homoafetiva, mães solteiras, netos com avós e as famílias “mosaicos”, em que o casal se une e passa a morar com os filhos do parceiro (a) de outros relacionamentos. Simultanea-mente, o interesse pela ado-ção vem crescendo. Em 2014, eram 30.900 interessados que estavam na fila de adoção, para 5.456 crianças aptas a serem adotadas e, segundo a Corregedoria Nacional de Jus-tiça, esse fato é positivo.

São muitos os motivos que levam as pessoas optarem pela adoção. No caso de Ana Claudia, um dos fatores foi a descoberta da endometriose que a impossibilitaria de ter mais filhos. “Além disso, em

No Rio de Janeiro, Rogério Koscheck e seu marido tam-bém ingressaram no mundo da adoção para aumentar a famí-lia. Em 2013, iniciaram na Vara da Infância e da Juventude os primeiros passos para consoli-dar o plano de adotar um me-nino e uma menina de até seis anos, de qualquer etnia e com a possibilidade de serem por-tadores de doenças tratáveis. Até maio daquele mesmo ano, fizeram a apresentação de de-clarações, certidões e cumpri-ram as exigências que são pe-didas pela legislação.

Após as análises cartoriais e avaliação feita pelo Ministé-rio Público, a equipe técnica, composta pela assistente so-cial e pela psicóloga no pro-cesso, aprovou as condições materiais e psicológicas do ca-sal. “Nesse tempo, eu e meu marido já tínhamos ampliado nosso perfil para a possibili-dade de adotarmos até três crianças entre oito e nove anos, então percebemos que se tratavam de crianças fora do perfil dos habilitados pelo Cadastro Nacional de Adoção (CNA)”, recorda-se.

Afinal, como funciona o processo? A advogada Kelly Canela, doutora em Direito Privado pela Universidade de São Paulo, explica que po-dem ser adotadas crianças com até 12 anos incompletos e adolescentes entre 12 e 18 anos de idade, segundo o Es-tatuto da Criança e do Ado-lescente. Os requisitos são:

Como adotar

Page 9: Essência

“Quando eu estava de cinco meses peguei um freela de um mês. No fim, acabaram me contratando como pessoa jurídica e eu fiquei até depois da

gravidez. Para mim não foi um sacrifício, mas logo depois que o Felipe nasceu eu já não tinha leite, pois fiquei apenas um mês e meio em casa após o parto, já que só recebia os dias em que trabalhava e não tinha direito a licença maternidade. Meu marido acabou curtindo mais essa fase de recém-nascido do nosso filho. Mesmo

assim não acho que faltei enquanto mãe”

sa, como mulher – e não mais como historiadora –, comenta que muitas amigas suas, tam-bém professoras, “prestaram concursos em vários lugares do Brasil e acabaram se mu-dando para longe. Com isso, algumas continuaram soltei-ras e, em alguns casos, não

foi por opção, mas porque as escolhas que elas fizeram as levaram a isso, por mais que sonhassem com o casamento e os filhos”.

A psicóloga Ana Carla Viei-ra considera que o ser mulher pode trazer sofrimentos sig-nificativos. “Algumas psico-patologias como depressão, transtornos de ansiedade e de

Carreira

Por Gabriela Arroyo

Ao pensar sobre o papel da mulher na sociedade, a pri-meira ideia que vem à mente é como as mulheres são mul-titarefas. Afinal, grande parte delas cuida dos filhos, da casa, do trabalho e do marido. Mas será que esse comportamento é realmente novo? É claro que não! A resposta é da doutora em História, Lourdes Conde Feitosa, que considera ‘mulher’ um grupo muito amplo de pes-soas para ser tratado como algo único. Os grupos de mulheres mais bem definidos começam a ser percebidos ao levar em consideração que as funções e o comportamento que se es-pera da mulher são aspectos determinados pela classe social na qual ela está inserida, escla-rece Lourdes.

“As mulheres brasileiras de classes mais populares sem-pre trabalharam”, ressalta Fei-tosa. Quem ocupava o papel de ficar em casa e cuidar dos filhos eram as mulheres mais abastadas, das classes média e alta. Ao observar a segunda metade do século XIX, a histo-riadora esclarece que mais de 70% da mão de obra fabril era composta por mulheres. Isso se dava porque o trabalho fe-minino era desvalorizado, em relação ao trabalho masculino.

A inserção da mulher no es-paço do trabalho começou a se alterar a partir de 1930, quan-do as ideias de raça voltaram ao cenário social com grande força. Tais ideias reforçavam o pensamento machista em que o sexo masculino era superior

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Maternidade não é o fim da vida profissionalSer mulher está além da dicotomia entre trabalho e filhos

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A mulher ainda é vista pela ideologia patriarcal, de modo a ser considerada frágil

por engravidar

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estresse podem aparecer após longas situações de isolamen-to, tristeza ou privação de prazer. Então, pode ser que, devido às exigências sociais, que a mulher é empurrada a cumprir, algumas dessas coi-sas surjam com maior intensi-dade” comenta Ana Carla.

Entretanto, a psicóloga con-sidera que o cerne da questão não está na escolha da mulher entre ser mãe ou ter uma car-reira, pois esses dois aspectos também não são a vida da mu-lher em si, mas algumas das muitas partes que a forma.

Neste caso, para Ana Carla, a discussão central está em como a mulher ainda é vista pela ideologia patriarcal. Des-sa maneira, ser considerada frágil por engravidar torna-se apenas mais um reflexo do pensamento preconceituoso e machista que existe dentro da sociedade atual.

ao feminino tanto em aspectos intelectuais quanto físicos.

“Mas é claro que nesse mes-mo período você vai encontrar mulheres lutando, como é o caso das operárias anarquis-tas”, ressalta a historiadora, ao considerar também que, mes-mo com avanços, a mulher do século XXI ainda não é tratada igual ao homem. A diferença que existe hoje não se relacio-na somente com aspectos físi-cos e emocionais, mas com o fato de as mulheres terem um “grande defeito” na visão mer-cadológica: elas engravidam.

Não é incomum, na socie-dade atual, ver mulheres que ocupam grandes cargos adia-rem a maternidade ou até mes-mo não optarem por ela. Às vezes, não ser mãe não chega a ser uma escolha, mas uma consequência do fato de que a mulher se dedicou à carrei-ra. Sobre isso, Lourdes Feito-

Taís Castilho Editora-chefe da Editora Alto Astral

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mas natural e saudável.Gabriela entende que a ado-

ção - ficar na casa de quem já faz faculdade há mais tempo - é importante para os calou-ros porque os veteranos são as pessoas que vão apresen-tar os lugares dentro e fora da universidade. “E o mais interessante é que, quando se consegue manter esses la-ços, passa-se a ter uma família unespiana”, conta.

“A Gabriela que saiu daqui e a Gabriela que voltou são bem diferentes!”, afirma a ad-vogada recém-formada. Para ela, a maior dificuldade foi se conscientizar de que precisava fazer todas as coisas, mesmo sabendo que não era fácil. “Afi-nal, quem é que gosta de ficar lavando louça?”, brinca Ga-briela. Ela explica que era pre-ciso respeitar o espaço comum com quem morava e manter a casa sempre arrumada.

Para Giovana, “a maturida-

ver que o filho não apresenta atitudes maduras dentro de casa, não é hora de ele voar”, explica a psicóloga Giovana Ri-vabene. Para ela, os pais têm de prestar atenção se o filho ajuda nos afazeres domésti-cos, se é organizado com seus compromissos e como lida com o dinheiro.

Gabriela e Elizabete conver-savam todos os dias por tele-fone e, com o tempo, essa fre-quência diminuiu. “No último ano, a gente se falava uma vez por semana”, conta a mãe. “No começo, foi muito difícil convi-ver com a saudade”, relembra.

A psicóloga diz que esse sentimento é natural. “É saudável a saudade, só que ela não pode limitar a vida do adolescente”, explica. “Hoje, tem o Whatsapp, a Internet, o Facebook, o Skype. Todas essas ferramentas vem para agregar”, afirma Giovana. Para ela, é um processo doloroso,

Qual o maior medo dos pais quando o filho – em idade uni-versitária – precisa sair de casa para estudar? Ele vai cuidar dos afazeres domésticos, vai às festas, organizará as suas finanças e vai conhecer pes-soas novas... Para Elizabete Nunes, ao deixar sua filha Ga-briela sair de casa – ela iria se mudar de Macatuba (SP) para Franca (SP), a quase 300 km de distância – o maior medo era o de a adolescente (com apenas 17 anos na época) não se adaptar.

Já Gabriela não teve medo no começo. “Bem ao contrário, estava eufórica e ansiosa por-que sempre desejei.”, conta. Ela conheceu Franca quando se matriculou no curso de di-reito da Universidade Estadual Paulista (Unesp). Gabriela se mudou em 2009 e hoje mora novamente com os pais.

Mudar de cidade para es-tudar pode ser complicado. É preciso que os pais e respon-sáveis estejam atentos às ati-tudes dos adolescentes. “Ao

Futuro

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Chega um momento em que os filhos crescem e saem da casa dos pais para levar uma vida independente, na maioria das vezes, isso ocorre por cau-sa do casamento. Muitas famí-lias passam por esse processo. E, embora seja algo comum, as mães têm dificuldade para lidar com essa situação.

Benedicta Rosa Obeidi tem 78 anos e conta sobre a sua experiência quando a filha saiu de casa para se casar. Apesar se verem todos os dias, foi um momento difícil, pois as duas

eram muito unidas. “Éramos companheiras inseparáveis. Senti um vazio muito grande”, admite Benedicta.

Apesar de morarem na mes-ma cidade, ela sente que a distância entre as duas ficou maior. Benedicta relembra os momentos juntas, como, por exemplo, quando saiam para fazer compras ou viajar. Entre-tanto, mãe e filha costumam se ver com frequência. “Nos vemos e almoçamos juntas todos os dias, além disso, ela passa em casa para me visitar

todas as tardes”, conta a mãe. De acordo com Benectida, isso faz com que ela se sinta pró-xima de sua filha mesmo que morem em casas diferentes.

Além da relação materna, Benedicta fala sobre o genro. Ela considera o relacionamen-to entre eles muito bom e, apesar de existirem pequenos conflitos, ele a considera como uma mãe. Além disso, o casal se respeita, algo que ela consi-dera o mais importante.

O caso de Benedicta é muito comum e até esperado. Ao ver

os filhos ganhando autonomia e saindo de casa o sentimento de saudade surge no coração dos pais. No entanto, algumas mães têm maior dificuldade em lidar com essa nova fase da vida dos filhos. Esse pro-blema é chamado de Síndro-me do Ninho Vazio.

A situação pode ficar mais severa quando a falta dos fi-lhos em casa leva à depres-são. É importante que as mães consigam retomar a vida e ocupar sua rotina com outras atividades e hobbies.

O casamento muda tudoAs dificuldades vividas quando os filhos deixam a casa dos pais

Por Lais Esteves

de é um processo, não é uma água divisória: saiu de casa, vai estar maduro. Em cada idade, a gente vai acumulan-do competências para alguma coisa”. A psicóloga explica que sair de casa é consequência de um processo que faz parte da vida e que, com essa liberdade que o calouro ganha, dá para fazer amigos, aproveitar as festas e ainda cuidar da pró-pria casa.

“Dá medo, saudade, uma angústia talvez, mas a vida é assim. Não existe amadureci-mento sem dor”, conclui.

Quando Gabriela saía para as festas, a maior preocupa-ção de Elizabete era com re-lação às bebidas, “de alguém colocar alguma coisa no copo dela”, conta a mãe. “Depois de um tempo, acho que ela se acostumou, porque o câmpus era pequeno e as festas não eram tão grandes assim”, Ga-briela adiciona.

A saudade

Medo de mãe

Maturidade

Por Érica Travain

Coração de mãe também sofreAs preocupações que aumentam quando as crianças crescem e vão estudar fora

Page 11: Essência

Futuro

11

Foi no começo de 2012 que Liane Grevenhagen, de 55 anos, cabelereira e mãe de três filhos, criou uma conta no Facebook. Com os filhos tomando rumos diferentes, ela precisava ficar por dentro do universo deles e criar vias de contato. Primeiro foi a filha mais velha, Izana, que casou e saiu de casa. Depois, Isadora, a mais nova, começou a faculdade e foi morar longe dos pais. Era a primeira a sair da cidade, já que os outros dois fizeram faculdade em cidades da região de Não-Me-Toque, pequeno município no norte do Rio Grande do Sul, onde Liane e os mais velhos vivem até hoje.

Com a mudança da filha mais nova para Balneário Camboriú, em Santa Catarina, a distância física aumentou, mas o mun-do digital conseguiu reduzir os quilômetros que as separam. Por meio das redes sociais e aplicativos de celular, Liane fica mais próxima da caçula e está em contato constante

com a mais velha e o netinho Eduardo, de apenas dois anos de idade.

Instagram, Whatsapp e Facebook já fazem parte do dia a dia de Liane. “Utilizo a internet diariamente, pois a comunicação é muito mais acessível e instantânea. Tenho três filhos e sempre que preciso saber de algo vou diretamente ao Whatsapp. Também uso o FaceTime, pois é um contato visual direto”, afirma.

Não é só para conversar com os filhos que as mães estão aderindo às redes sociais. Segundo pesquisa online feita pela M.Sense, especialista em pesquisas do mercado digital, em abril de 2013, 91% das mães brasileiras com filhos até 18 anos utilizaram as redes para postar fotos deles; 54% comentaram sobre eles e 14% postaram vídeos. Além disso, a maioria curte páginas no Facebook que são relacionadas

à infância e adolescência e 49% buscam informações diariamente sobre os mesmos assuntos de interesse.

No caso de Liane Grevenhagen, suas pesquisas são diferentes e provam que o uso da internet vai além da preocupação com os filhos. Ela utiliza as redes sociais diariamente para ler notícias, reportagens e blogs sobre saúde física e mental, moda, decoração e notícias do Brasil e do mundo.

A inserção das mães no ci-berespaço modifica as rela-ções familiares e elas se tor-nam peças importantes nesse fenômeno da atualidade. Para Liane, a internet “trouxe novos hábitos, pois antes se usava apenas o telefone. Com a in-ternet, a comunicação se tor-nou instantânea”.

Cada filho que cria uma con-ta no Facebook traz sua mãe para um mundo cheio de opor-tunidades. Mulheres como Lia-ne provam que a internet tam-bém é lugar delas.

O uso das redes sociais e de tecnologias, como os smar-tphones, traz benefícios às mães, mas pode deixá-las mais inseguras. “Com quem meus filhos conversam? O que pos-tam nas redes?” são pergun-tas que não saem das mentes dos pais. Com isso, a vigilância é para saber se o filho está em segurança na internet. Mas o que fazer? Vigiar e intervir, ou deixar os filhos livres?

Denise Gebara, mãe de Anna Laura, de 13 anos, e Anna Ca-rolina, de 21, costuma ver o

que as filhas postam, mas não observa as conversas e tam-bém não monitora o celular. Para ela, “é preciso acompa-nhar as páginas para saber o que está acontecendo, mas ter se-nha não é ne-cessário”.

Já Doroteia Castilho, mãe de Matheus, de 18 anos, costuma ver o perfil dos amigos do filho para co-nhecê-los melhor. Ela afirma que não lê as conversas dele,

mas que se o filho esquecer al-guma conta aberta ela entra, discretamente, para ver o teor.

As opiniões dos pais são di-vergentes e muitas dúvidas

surgem sobre o assunto. Se-gundo a psi-cóloga Norma F i g u e i r e d o , equilíbrio deve

ser a palavra-chave na hora de pensar essas questões. Ela acredita que, antes de qual-quer atitude, os pais devem conversar e orientar seus fi-

lhos sobre os perigos que exis-tem no mundo online. Ficar atentos às redes sociais dos fi-lhos é normal e traz segurança para os pais, mas é preciso ter limites na vigilância.

Segundo Norma, os filhos devem ter a liberdade de utili-zar a internet e os pais devem observar as atitudes deles no diariamente. Para ela, só é vá-lido os pais terem senhas, ou invadirem contas pessoais, se todos estiverem cientes disso e for em casos extremamente necessários e pontuais.

Elas se preocupam, e muito!Como lidar com a liberdade da internet e a educação dos filhos?

Por Mariana Kohlrausch

É preciso ter limites na vigilância, diz

psicóloga

Por Mariana Kohlrausch

Agora elas fazem intervenções instantâneas Inseridas no meio online, as mães mostram os relacionamentos mudaram

A interação

Page 12: Essência

E para você, o que é ser mãe?

Ser mãe também significa superação. “Sim,

minha força está na solidão. Não tenho medo nem de

chuvas tempestivas nem das grandes ventanias soltas”

(Clarice Lispector)

Mãe é vida e benção: “Tens o dom divino de ser mãe”

(Cora Coralina)

“Mãe é o lugar onde se pode chorar sem sentir vergonha”

(Rubem Alves)

Para muitos mãe é vida, fé e força. É tudo! “Mãe: são

três letras apenas, as desse nome bendito, três letrinhas, nada mais e

nelas cabe o infinito”(Mario Quintana)

Mãe é conselho, é também confiança! E como diria o poeta: “Mãe não tem limite, é

tempo sem hora, luz que não apaga quando sopra o vento e chuva

desaba”(Carlos Drummond de Andrade)

Em suas múltiplas formas, sabemos que além do amor, muitos outros sentimentos estão envolvidos nesse exercício de cuidado e proteção. O Essência fez uma pesquisa com 80 pessoas para saber como elas descreveriam o conceito “mãe”

em uma única palavra. O resultado? Você confere logo abaixo.