esquema resolução comercial

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Direito Comercial I Como resolver um caso prático? 1. Ver o tipo de acto em causa. Se é facto jurídico, acto jurídico, negócio jurídico, facto natural... doutrina (CA vs MC). 1.1 Ver sentido objectivo (art. 2.º/ 1.º parte, art. 230.º actividade – MC + CA, art. 463.º). i) Possibilidade de actos comerciais por analogia . Contra: letra da lei, razão histórica / Favor: MC e CA através de analogia legis e iuris. 2. Ver sentido subjectivo (art. 2.º/ 2º parte). i) É comerciante? Art. 13.º, também o art. 230.º organização. ii) Tem capacidade? (art.7.º Ccomercial que remete para o CC) 2.1 Prática de acto de comércio? 2.2 Profissionalidade? (lucro, prática reiterada, tendencialmente exclusiva - quando todos os bens estão afectos à actividade comercial - e juridicamente autónoma). 3. Natureza exclusivamente civil? 4. Resulta o contrário do próprio contrato? Temos sempre de fazer estas perguntas de ambos os lados , isto é, do lado do comprador e do lado do vendedor. Só assim sabemos quando temos um acto misto (quando temos um lado comercial e outro civil). João Andrade Nunes

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Page 1: esquema resolução Comercial

Direito Comercial I

Como resolver um caso prático?

1. Ver o tipo de acto em causa. Se é facto jurídico, acto jurídico, negócio jurídico, facto

natural... doutrina (CA vs MC).

1.1 Ver sentido objectivo (art. 2.º/ 1.º parte, art. 230.º actividade – MC + CA, art. 463.º).

i) Possibilidade de actos comerciais por analogia. Contra: letra da lei, razão histórica

/ Favor: MC e CA através de analogia legis e iuris.

2. Ver sentido subjectivo (art. 2.º/ 2º parte).

i) É comerciante? Art. 13.º, também o art. 230.º organização.

ii) Tem capacidade? (art.7.º Ccomercial que remete para o CC)

2.1 Prática de acto de comércio?

2.2 Profissionalidade? (lucro, prática reiterada, tendencialmente exclusiva - quando

todos os bens estão afectos à actividade comercial - e juridicamente autónoma).

3. Natureza exclusivamente civil?

4. Resulta o contrário do próprio contrato?

Temos sempre de fazer estas perguntas de ambos os lados, isto é, do lado do comprador e do lado do vendedor. Só assim sabemos quando temos um acto misto (quando temos um lado comercial e outro civil).

Quando temos um acto misto, o art. 99.º do Ccomercial diz-nos que se aplica a todos o regime comercial. Porém, no caso de existirem dívidas, o art. 100.º, parágrafo único, refere que a regra do art. 99.º não é extensiva aos não comerciantes nem aos seus actos.

Basicamente, temos sempre de dissecar o art. 2º Ccomercial para resolver o caso.

Vejamos:

São considerados actos de comércio todos aqueles que se acharem especialmente regulados neste código, e, além deles, todos os contratos e obrigações dos comerciantes, que não forem de natureza exclusivamente civil, se o contrário do próprio acto não resultar.

- São considerados actos de comércio (ponto 1)

- todos aqueles que se acharem especialmente regulados neste código (ponto 1. sentido

objectivo).

- todos os contratos e obrigações dos comerciantes ( ponto 2. Dissecar o art. 13.º. Ver se há

capacidade, qual o acto de comércio praticado, ver se há profissionalidade (lucro, prática

João Andrade Nunes

Page 2: esquema resolução Comercial

reiterada, juridicamente autónoma e tendencialmente exclusiva) ou se é Sociedade

Comercial: se for, preenche logo os requisitos todos). Possibilidade de interpretação mista

do art. 230.º Ccom (OA + Profa. CP)

- não forem de natureza exclusivamente civil (ponto 3.) Doutrina (CA vs OA)

- se o contrário do próprio acto não resultar (ponto 4.). Há conexão com o comércio? Se a

resposta for positiva, qual a finalidade? Ex. caso do comerciante que compra o quadro para a

sua mulher como presente (acto civil, CV). O mesmo homem compra o quadro para vender

a outra pessoa (acto comercial, art.463.º/1)

Actos acessórios

COUTINHO DE ABREU: acto de comércio acessórios são aqueles que devem a sua comercialidade aos facto de se ligarem ou conexionarem a actos mercantis.

Podemos dizer que um acto passa a ser comercial, por conexão a um acto objectivamente comercial, ainda que não o seja subjectivamente ?

Há doutrina que responde positivamente, ou seja, todos os actos de não comerciantes que se conectassem com um acto objectivamente mercantil seriam um actos de comércio – teoria do acessório.

Porém, a doutrina maioritária, responde negativamente, ou seja, não admite o recurso à analogia iuris. Não parece legítimo afirmar um princípio geral de que todo e qualquer acto de não comerciante quando conexionado com actos objectivos de comércio passa a ser um acto comercial.

Não obstante, COUTINHO DE ABREU, entende ser legítimo qualificar comerciais certos actos de não comerciantes por serem análogos a actos acessórios de comércio previstos na lei (analogia legis).

João Andrade Nunes