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67 66 Crianças com pais dependentes químicos já são maioria nos abrigos brasileiros e, entre elas, prevalecem as nascidas do crack. Abandonadas ao nascer ou retiradas da guarda da família, elas precisam batalhar pela vida desde que estão na barriga da mãe – e, depois, torcer para encontrar um lar. Conheça histórias de quem venceu o preconceito ao adotar meninos e meninas nessas condições e de uma mulher que superou o vício para cuidar de seu bebê UM RECOMEÇO PARA OS FILHOS DO Reportagem Maria Clara Vieira / Fotografia Guilherme Zauith/Editora Globo ESPECIAL Ester, hoje com 3 anos, foi abandonada pelos pais dependentes de crack quando ainda era um bebê de 15 dias CRACK

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Crianças com pais dependentes químicos já são maioria nos abrigos brasileiros e, entre elas, prevalecem as nascidas do crack. Abandonadas ao nascer ou retiradas da guarda da família, elas precisam batalhar pela vida desde que estão na barriga da mãe – e, depois, torcer para encontrar um

lar. Conheça histórias de quem venceu o preconceito ao adotar meninos e meninas nessas condições e de uma mulher

que superou o vício para cuidar de seu bebê

Um recomeço para os

filhosdo

Reportagem Maria Clara Vieira / Fotografia Guilherme Zauith/Editora Globo

especial

Ester, hoje com 3 anos, foi abandonada pelos pais dependentes de crack quando ainda era um bebê de 15 dias

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Eram 3 horas da madrugada quando o telefone tocou na Ilha do Governador, Rio de Janeiro, na casa de Djalma da Silveira Gusmão Júnior, 50 anos, técnico em telecomunica-ção. Ele atendeu. Do outro lado da linha, um pedido de aju-da: uma bebê de apenas 15 dias havia sido jogada pela jane-la da casa onde vivia com os pais dependentes de crack, na comunidade Morro do Barbante, a poucos minutos dali. Os dois abandonaram o local. Quem ligou foram os vizinhos. Djalma e sua esposa na época, Mônica, realizavam trabalho social na região havia mais de dez anos, por intermédio da igreja evangélica que frequentavam. Por isso, mantinham contato com as famílias de lá. Eles correram para socorrer a recém-nascida, Ester. A criança foi levada até a Unidade de Pronto Atendimento mais próxima, onde recebeu os cuida-dos necessários. Ao ver o hematoma na cabeça da bebê, a assistente social perguntou o que tinha acontecido. O casal explicou que conhecia os pais da criança, e que eles eram usuários de drogas. Diante da gravidade da situação, o epi-sódio foi comunicado imediatamente à Vara da Infância.

O caso de Ester, infelizmente, não é exceção. A dependên-cia química e a negligência dos pais são as principais causas da perda da guarda no Brasil. Em 2013, 81% dos acolhimentos de crianças em abrigos aconteceram por esses motivos, segundo o levantamento do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). Também fazem parte da lista o abandono (78%) e a violência doméstica (57%), entre tantos outros problemas.

Existem hoje 45.237 crianças e adolescentes vivendo nes-sas instituições pelo Brasil, segundo o Cadastro Nacional de Crianças Acolhidas. Não são divulgadas informações so-bre quantas delas têm pais usuários de drogas, mas os pro-fissionais envolvidos com a assistência são categóricos ao

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afirmar que elas já são maioria tanto nos abrigos como na fila de adoção. “As razões para o acolhimento das crianças se misturam. O fato de os pais usarem drogas por si só não leva à perda da guarda. Mas isso costuma se associar à fal-ta de cuidados e abusos. Nesse cenário, o crack é uma das drogas que mais fulmina a capacidade de autocontrole dos responsáveis e os leva a praticar atos de violência”, esclare-ce Antônio Carlos Ozório Nunes, promotor da Comissão da Infância e Juventude do CNMP.

O prOcessO de adOçãOEster ficou bem e, depois de dois dias, pôde deixar o hospital. O casal, então, quis ficar com a bebê. “Fomos encaminhados para a Vara, às 11 horas da manhã, onde aguardamos a sen-tença judicial, que saiu às 20 horas”, lembra Djalma. A guar-da dos pais biológicos foi suspensa e passada provisoriamen-te a eles – e não só a de Ester, mas também a de seus irmãos Pietro, que tinha 1 ano, e as gêmeas Isabelly e Isadora, 4 anos. Djalma e Mônica, que acompanhavam a trajetória da família, viram a mãe biológica grávida dos quatro bebês, entre longos sumiços e breves reaparições, mas sempre muito debilitada pela dependência. “A Justiça entendeu que deveríamos tomar conta deles provisoriamente porque tínhamos condições e eles não tinham mais nenhum familiar, mais ninguém”, diz. Assim começou o processo de adoção.

Após quatro meses, Mônica sofreu um infarto fulminan-te e morreu. Mas Djalma não desistiu de adotar as crian-ças. “Peguei a documentação e decidi que continuaria com o processo. Levou quase três anos. Consegui a guarda defi-nitiva há poucos meses.” Nesse meio-tempo, encontrou uma nova parceira, a empresária Fanny, que assumiu por com-pleto a criação dos quatro ao seu lado. As crianças os cha-mam de pai e mãe, mas sabem de sua história.

Hoje, Ester tem 3 anos, Pietro, 4, e as gêmeas Isabelly e Isadora, 8. Todos estão crescendo saudáveis, sem sequelas do consumo de crack, e têm um baita pique. “Eu levanto todo dia às 6 horas da manhã. É uma loucura a nossa ro-tina. Levo as crianças à escola e, quando chego em casa à noite, ajudo nos estudos. Só paro depois das 21 horas, quando vão dormir”, conta o incansável Djalma, que já era pai de quatro filhos biológicos, de 17, 20, 25 e 27 anos. “Não imaginava ser pai de quatro crianças novamente. São coisas que acontecem e não podemos prever. Elas me dão muita felicidade”, afirma.

SEGUNDO PESQUISA DA FIOCRUZ, 78 mIl mUlhERES SÃO USUáRIAS DE

CRACk NO bRASIl.

Há poucos meses, Djalma conseguiu a guarda definitiva de Ester e de seus três irmãos, Pietro, Isabelly e Isadora. As crianças chamam ele e a mulher, Fanny, de pai e mãe

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as mulheres e a drOgaAs cracolândias, locais a céu aberto onde ocorrem a compra e o consumo do crack, não são mais exclusividade das grandes me-trópoles. O uso da droga se alastrou, percorrendo todo o terri-tório nacional como um pavio aceso. De norte a sul, até cidades muito pequenas como Cantá, em Roraima, com cerca de 15 mil habitantes, e Miraguaí, no Rio Grande do Sul, com menos de 5 mil, declaram ter alto nível de problemas relacionados ao cra-ck, conforme aponta a Confederação Nacional de Municípios.

O mais comum é ver homens fumando a droga, mas as mu-lheres também estão lá. Estima-se que elas representem 21% dos 370 mil usuários de crack no Brasil. Os números são da Pes-

quisa Nacional sobre o Uso de Crack feita em 2013 pelo Minis-tério da Saúde e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A maioria delas vive nas ruas e paga até R$ 10 por uma pedra. Para conse-guir dinheiro, fazem bicos esporádicos, pedem na rua, pegam emprestado com a família, furtam, roubam e se prostituem.

É nesse cenário triste e degradante criado pelo vício que mui-tos bebês são gerados. Apesar de o ministério distribuir gratui-tamente camisinhas e outros métodos contraceptivos nas Uni-dades Básicas de Saúde, as gestações acontecem. “As mulheres que usam crack são as mais vulneráveis entre os vulneráveis. Sa-bemos que 50% delas engravidam ao menos uma vez durante o consumo regular da droga”, informa Vitore Maximiano, secre-tário nacional de políticas sobre drogas do Ministério da Justiça.

Foi o que aconteceu com Vânia Silva Castro, 28 anos. Ela começou a usar cocaína aos 16 e, aos 24, conheceu o crack. “Cheguei a me casar no Paraná, mas meu marido não aguen-tava mais o meu vício. Então, arrumei minhas coisas e viajei para São Paulo. Parei primeiro na praça da Sé e fiquei por lá usando crack. Eram pelo menos dez pedras por dia. Aí minha barriga começou a crescer. Eu já tinha saído grávida do Paraná e não sabia”, conta. Ela diz que não comia quase nada na época e pegava o que sobrava no chão, após as feiras de rua.

Para se livrar da dependência e evitar que o bebê fosse tirado de seus cuidados, Vânia, ainda grávida, aceitou se internar no Hospital Lacan, em São Bernardo do Campo (SP), que é uma instituição privada conveniada à Secreta-ria do Estado de Saúde. Lá, recebeu tratamento por quatro meses. Depois de se recuperar, deu à luz Davi, hoje com 6 meses. “Acho que sem Deus e sem o apoio das pessoas, eu não teria conseguido. Penso em viver no futuro com meus outros dois filhos, o Cristiano, 10 anos, e o Kevin, 7, que moram com parentes. Estou muito feliz agora. A mudança na minha vida foi muito grande”, comemora ela, que hoje vive com uma tia em São Vicente (SP).

um lar para quem precisa Nem todas as mulheres conseguem se recuperar como Vânia. Muitas são vencidas pela droga e voltam às ruas, de modo que seus filhos têm de ser encaminhados aos abrigos. Em um pri-meiro momento, a Justiça tenta a reinserção das crianças com outros membros da família ou com os próprios pais, caso eles aceitem se tratar. Só quando não há mais perspectivas de rein-serção é que elas entram na fila de adoção.

Apesar do vício, a maioria das mães não abandona os filhos recém-nascidos. “Das 65 mulheres dependentes que deram à luz em nosso hospital em 2013, apenas duas foram embora e deixaram os bebês. Em 2014, não houve nenhum caso assim”, revela Tania Lucena, assistente social do Hospital Materni-dade Leonor Mendes de Barros, na zona leste de São Paulo, para onde são encaminhadas muitas mulheres dependen-tes em trabalho de parto. Ela afirma que sua experiência na maternidade desmistifica a ideia de que elas abandonam os bebês após o nascimento. “Pelo contrário. As mães, mesmo muito debilitadas, não desejam ficar sem os filhos e reagem com agressividade a essa possibilidade”, diz.

Por outro lado, se essas mulheres continuam consumindo drogas de forma que prejudique a criação dos filhos, a Justiça pode encaminhá-los a abrigos infantis. No abrigo Ana Caroli-na, por exemplo, localizado em Ramos, zona norte do Rio de Janeiro, os números são sazonais, mas a instituição já chegou a ter 90% de suas crianças provenientes de mães usuárias de crack. Só em 2014, o abrigo acolheu 61 bebês e crianças de até 4 anos nessa condição. Felizmente, 25 deles foram reinseridos na família de origem e outros 25 conseguiram pais adotivos. Em Belo Horizonte (MG), onde cerca de 600 crianças vivem em abrigos, 158 bebês foram tirados da guarda de suas mães em 2014 por conta do uso de crack.

“O crack causa danos em todos os órgãos do usuário. No cérebro, pode ocorrer até atrofia”, explica Hewdy Lobo, psi-quiatra e diretor clínico do Hospital Lacan (SP). Para o be-bê, os riscos incluem baixo crescimento fetal e malforma-ções de órgãos. Segundo o médico, não existe comprovação de que há danos permanentes às crianças.

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Perfil das mulheres dePendentes de crack no Brasil

usuários de crack

O AbRIGO ANA CAROlINA (RJ) ChEGOU A tER 90% DE SUAS CRIANçAS NASCIDAS

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Funcionária alimenta bebê na Unidade de Reinserção Social Ana Carolina, no Rio de Janeiro. No ano passado, o abrigo recebeu 61 bebês e crianças de até 4 anos filhos de usuárias de crack

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fonte: Pesquisa Nacional Sobre o Uso de Crack (Fiocruz)

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Quando pequenas, elas costumam precisar de atenção psi-cológica imediata e requerem cuidado do pediatra com possí-veis doenças infecciosas. Lobo também explica que a depen-dência química é causada, em parte, pela herança genética. Por isso, filhos biológicos de dependentes precisam de mais atenção preventiva contra as drogas.

amOr sem fimMesmo sabendo de tudo isso, a bióloga Valeria Postiglione, 35 anos, e seu marido, Bruno, abriram os braços e o coração e de-ram um exemplo de amor ao adotar uma criança que teve pais biológicos usuários de drogas. “Quando preenchemos o perfil da criança que desejávamos, não vimos esse fato como um em-pecilho. A nossa filha veio da região central de São Paulo. Sa-bemos que a mãe foi usuária de crack e outras drogas, não fez pré-natal e abandonou o bebê no hospital onde deu à luz”, conta Valeria, que tem diabetes e optou por não engravidar.

Durante o cadastro na fila de adoção, deve-se preencher um formulário indicando o perfil de criança que se busca: cor, ida-de, sexo, irmãos etc. Também é preciso informar se ela pode ser portadora de alguma doença ou ter pais biológicos usuá-rios de drogas. Ao aceitar as diversas possibilidades de origem, as chances de conseguir um filho aumentam muito. “Cada vez mais, as pessoas estão sensibilizadas para essa questão. Assim, o processo de adoção ocorre mais rápido do que quando se ide-aliza determinado bebê que não existe. É preciso lembrar que a vida é incerta, até mesmo o filho biológico é incerto – nun-ca se sabe como ele nascerá”, diz a juíza Dora Martins, da Va-ra da Infância e Juventude Central de São Paulo. Ela enfatiza que é preciso aceitar o passado da criança e não adianta querer apagá-lo. “Até o bebê deve ter sua história preservada, ele tem direito a isso. Não dá para passar um pano e começar do zero.”

Dos mais de 45 mil meninos e meninas em abrigos no Brasil, apenas 5.620 são considerados aptos a serem adotados, de acor-do com o Cadastro Nacional de Adoção. “Muitas das crianças acolhidas retornam às suas famílias biológicas quando possí-vel”, elucida o promotor Antônio Nunes. Na lista dos que dese-jam adotar, são 32.854 pretendentes – um número tido como alto. Mas a quantidade de crianças na fila demora a diminuir porque grande parte quer um perfil específico. “Muitos buscam um bebê de até 6 meses, que seja menina e branca. A pessoa que quer adotar tem de entender que não pode trabalhar com um ideal que não existe”, diz a juíza Dora Martins.

Pouco mais de um ano após o início do processo de adoção, Valeria e Bruno receberam a tão esperada indicação de quem poderiam adotar. “Nós acreditamos que o meio e o amor que você dá para a criança transformam o futuro dela. A Clarice chegou com 7 meses e se adaptou superbem”, conta a mãe, fe-liz. A menina tem agora 10 meses. “Às vezes, penso que ela não nasceu de mim, mas com certeza nasceu para mim. É um amor que não dá para explicar. Queremos adotar mais dois.”

os riscos para a criançaO que é?O crack é derivado da cocaína, comercializado como pedra e fumado em cachimbo. Age no cérebro de forma rápida e intensa. Basta usar poucas vezes para se tornar dependente. Segundo a Organização Mundial de Saúde, o consumo se tornou questão de saúde pública no mundo por causar aumento da violência, propagação de doenças infecciosas e exposição de fetos à substância química.

quais sãO Os efeitOs nO bebê? Não há conhecimento científico claro sobre as sequelas para as crianças, afirma o psiquiatra Hewdy Lobo, diretor clínico do Hospital Lacan (SP). Filhos de dependentes exigem mais cuidados de saúde, pois costumam nascer prematuros e com problemas respiratórios. Isso se associa também ao hábito de vida das mães: não se alimentam bem, vivem em condições precárias, estão expostas a doenças sexualmente transmissíveis e não fazem pré-natal. Alguns bebês sofrem crises de abstinência caso a mulher tenha usado crack durante toda a gravidez. O processo inclui tremores e costuma passar algumas horas após o parto. “Não dá para dizer que as crianças terão prejuízos severos permanentes. Muitas sequelas podem vir do álcool e do tabaco, que também são usados por essas mulheres. Os maiores prejuízos são familiares e financeiros, porque o usuário não consegue ter uma vida social normal”, diz a psiquiatra Patricia Hochgraf, coordenadora do Programa da Mulher Dependente Química do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP.

e quandO a criança é dependente?É comum que crianças que convivem com pais usuários acabem provando a substância e se viciem – inalar apenas a fumaça dos pais não é prejudicial. O tratamento deve ser feito com especialistas e, se possível, sem uso de medicamentos. Casos graves pedem internação para desintoxicar. A boa notícia é que a Pesquisa Nacional Sobre o Uso de Crack, da Fiocruz, revela não ser tão frequente a presença de crianças nos locais de consumo da droga.

cOmO lidar cOm O ladO psicOlógicO e as lembranças dessas crianças?O passado delas não deve ser apagado, mas os pais não precisam contar tudo de uma vez. “Não há necessidade de antecipar os fatos se a criança não perguntar. A melhor coisa é esperar e, à medida que surgirem as demandas, os pais adotivos respondem as dúvidas. Cada caso é um caso”, ensina Regina Célia Veiga da Fonseca, psicóloga e professora das Faculdades Pequeno Príncipe (PR). Se a criança teve contato com a família usuária e tem lembranças, é preciso fazê-la entender que essas pessoas estavam doentes e que ela não deve se sentir culpada por aquilo que presenciou, como situações de violência. “Com amor e atenção, é possível superar. O ser humano tem resiliência para passar pelas adversidades. Psicólogos e escola também podem ajudar nessa tarefa”, diz Regina.

Valeria e Bruno com a filha Clarice, adotada no final do

ano passado, aos 7 meses. A mãe biológica era usuária

de crack e abandonou a bebê no hospital. O casal

ainda planeja adotar mais duas crianças

especial

no site Entrevista com a antropóloga Taniele Rui, que estuda locais de consumo de crack no Brasil.