espaço mariano nº 1 - ano 4

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Espaço Mariano

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Ano 4

Na Capa: Jesus entre os doutores da Lei, no Templo de Jerusalém (cf. Lc 2,47).

Via Matris das Servas de Maria Reparadoras – Centro de Espiritualidade Maria Mãe da Vida – Campo Grande Rio de Janeiro/RJ

APRESENTAÇÃO

É com alegria que apresentamos o primeiro número de Espaço

Mariano de 2013. Em harmonia com a CF, deste ano, que

contempla o tema sobre a juventude, Irmã Monica ajuda a olhar

Maria de Nazaré, como uma jovem, e tomar um maior

conhecimento sobre sua atitude diante do projeto de Deus

explicitado através do seu consciente pronunciamento: “Eis-me

aqui”! Esta jovem, portanto, impulsiona cada cristão/ã a também

reconsiderar seu chamado no seguimento de Jesus, e como está

sendo colocado em prática através das atitudes de “ouvir” e de

segui-Lo comprometendo-se no serviço aos irmãos. Nesta mesma

direção, Irmã Corina, apresenta-nos o contexto pedagógico de

Jesus através da parábola do Bom Samaritano, ajudando-nos a

pensar na própria vida e descobrir, momento por momento, os

apelos de Deus revelados no rosto de cada irmão que encontramos

ao longo do caminho. Temos também, a alegria de acolher a

experiência de vida de algumas pessoas que, rezando, assimilaram

e se comprometeram de garantir, no hoje da história, a presença de

Maria discípula, companheira de caminhada, mãe solicita e cheia

de ternura em relação ao próximo, ou seja, “dizer o nome de

Maria”, significa reconhecer e testemunhar que todo nome pode

estar cheio de graça, que o Reino chega caminhando com a

história!

A Redação

I Uma jovem, Maria de Nazaré. Uma atitude, “Eis-me aqui”.

Jesus, após sentir-se envolvido pela educação da grande família na qual nasceu: sua mãe, seu pai e sua cultura, sentiu dentro de si o específico apoio materno. Portanto, desde Belém até Nazaré, age propondo “novidades”, e no coração de Maria, incluindo seu terno e firme olhar, experimentou em sua existência ser a mãe, discípula/companheira que soube servi-Lo. Como comprovação dessa sincronia mãe/filho, João, o evangelista, afirma: “... quando morria na cruz a mãe/discípula estava ali (cf. Jo 19, 25), apesar dos outros evangelistas Mateus, Marcos e Lucas narrarem a presença das “mulheres que o seguiam” (cf. Mt 27,55; Mc 15,40; Lc 23,49), não especificaram a jovem de Nazaré, Maria, a mãe.

Antes de prosseguir, vale apena lembrar que neste ano de 2013, quem nos conduzirá na experiência do seguimento a Jesus Cristo, será São Lucas, discípulo de Paulo e de Pedro.

Não era judeu, mas atento ao que ouviu sobre um judeu cujo nome da mãe “... é Maria” (cf. Lc 1,27), por isso, tem muito a dizer sobre Maria e quando fala dela, pensa nas comunidades do seu tempo que viviam espalhadas pelas cidades do império romano. Maria para ele, nas afirmações de Carlos Mesters e Mercedes Lopes: “era o modelo da comunidade fiel; é a legítima representante de todos os pobres que têm esperança; ela percebe a presença de Deus e se alegra com sua grandeza (Lc 1, 46-47); no Magníficat, percebe-se que ela é subversiva porque subverte, as relações de humilhação propondo a acolhida e a igualdade, isto é, de baixo pra cima, pois Deus escolhe os pobres, os excluídos, por primeiro. Não por acaso que seu filho Jesus de Nazaré, seguiu os passos dela nesse caminho (cf. O avesso é o lado certo, Círculos bíblicos sobre o Evangelho de Lucas, CEBI, Autores já citados).

Afetuosa mãe da primeira comunidade cristã continua como companheira na arte de confirmar o rosto do Filho, às mulheres e

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aos homens de hoje. Observando bem seu comportamento em uma festa de família junto com o filho e seus discípulos, narrada apenas por um evangelista, em Caná da Galileia ao pronunciar aos serventes: “Fazei tudo o que Ele vos disser”, no hoje de cada cristão/ã, podemos acolher essa “fala” mariana como “obedecer ao Mestre”, pois a palavra “obedecer” vem do latim, ab audire, cujo significado é dar ouvidos, escutar bem. Então, obedecer é um “saber ouvir” que gera como resposta uma atitude...

Encontramos uma atitude na sequência dessa narração da festa em Caná:

“... os discípulos creram Nele. Depois disso, Jesus desceu para Cafarnaum com sua mãe, seus irmãos e seus discípulos”. Ela não fica na festa, podemos deduzir que também soube escutar bem o que havia “sugerido” aos serventes e sua atitude foi, fazer parte do grupo “discipular”! Daqueles que souberam ouvir e como resposta: a atitude de permanecer com Ele, de seguí-Lo!

Caná, Nazaré, Cafarnaum, Jerusalém, lugares onde a experiência do chamado e do seguimento, tanto para homens como para mulheres e no meio esteve a jovem Maria de Nazaré, foi registrada. Para nós o Rio de Janeiro 2013, será também o lugar onde rapazes e moças, mulheres adultas e homens adultos qual grande e única família, registrarão suas atitudes de “ouvir” e “seguir” Jesus Cristo.

Nós Servas de Maria Reparadoras e Associação Nossa Senhora das Dores, você leitor/a, conhecendo a jovem Maria de Nazaré que no seu tempo foi a aprendiz, a contemplativa, a que guardava no coração o que via e ouvia (cf. Lc 2,19.51), com esse estilo nos uniremos, numa única atitude: “Eis-me aqui, envia-

me” (Lema da CF, 2013).

Ir. Maria Monica G. Coutinho, smr Rio de Janeiro

Qual dessas imagens corresponde à reflexão? Escolha uma delas para lhe ajudar exercitar o jeito mariano de “guardar no coração” o que leu, refletiu, partilhou.

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II O Seguimento de Jesus Cristo

à luz da Parábola do Bom Samaritano

O contexto deste episódio é a longa “caminhada” de Jesus rumo a Jerusalém. Um caminho aonde o Mestre vai dando a conhecer o seu projeto aos seus discípulos, que fazem o percurso ao seu lado. Portanto, é num contexto “pedagógico” que surge a “parábola do Bom Samaritano”. A parábola situa-nos na estrada, cerca de 30 quilômetros, entre Jerusalém e

Jericó. Era uma estrada conhecida por ser perigosa. Toda vez que Jesus tem uma coisa importante para comunicar, ele conta uma história, uma parábola, para ajudar as pessoas a pensar na vida e descobrir em si mesmas os apelos de Deus. Meditar uma parábola é como olhar num espelho para observar de perto nossa maneira pessoal de viver. Na parábola do Bom Samaritano, Jesus procura levar o Doutor e todos/as nós, a descobrir em que consiste a dinâmica do Seguimento e o Amor Solidário (cf. Lc 10, 29-37).

A resposta ao seu chamado exige entrar na dinâmica de seguir a sua “prática” de comer com publicanos e pecadores (cf. Lc 5,29-32), de acolher os pequenos e as crianças (cf. Mc 10,13-16), de curar os leprosos (cf. Mc 1,40-45), falar com a Samaritana (cf. Jo 4,1-26), numa palavra, ele nos dá o imperativo de fazer-nos próximos, especialmente com o que sofre, de gerarmos uma sociedade sem excluídos.

A admiração pela pessoa de Jesus, seu chamado e seu olhar de amor, despertam uma resposta consciente e livre desde o mais íntimo do coração do discípulo, da discípula. A contragosto o Doutor responde à pergunta de Jesus: "Na sua opinião, quem dos três se tornou o próximo do homem assaltado”? “Aquele que praticou misericórdia com ele”. De tanto desprezo que ele tinha pelo samaritano, nem disse o nome dele. E Jesus completa: “Vá e faça você a mesma coisa!” A condição de próximo não depende da

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raça, do parentesco, da simpatia, da vizinhança ou da religião. A humanidade não está dividida em “próximos” e “não-próximos”...

Uma sugestão, diante da opção de ser discípulo/a: Para você saber quem é o seu próximo, é só você se

aproximar, mover-se de compaixão, e envolver outras pessoas na ação solidária da misericórdia. Se você se aproximar, o outro será o seu próximo. Depende de você e não do outro! Assim, o Seguimento tem no vértice essa dinâmica de movimento partindo da experiência da Pessoa de Jesus que leva ao compromisso concreto com a vida, fazer-se próximo/a das pessoas onde vivemos, trabalhamos, encontramos, e daquelas que precisamos ir ao seu encontro.

Jesus saiu ao encontro de pessoas em situações muito diferentes: homens e mulheres, pobres e ricos, judeus e estrangeiros, justos e pecadores, convidando-os a segui-Lo. E hoje, continua convidando homens, mulheres, jovens a fazer experiência de seu amor que leve a um compromisso que gera vida. Por isto mesmo, o discípulo/a há de ser uma pessoa que torna visível o amor que leva ao compromisso gratuito com a vida mais excluída.

Outra sugestão: coloque atenção na última parte da parábola. Ela ajudará mais um pouco na reflexão sobre a opção de Seguimento de Jesus Cristo: Pela estrada passou um samaritano que parou sem medo de correr riscos ou de adiar os seus esquemas e interesses pessoais, cuidou do ferido e o salvou. De fato, ele conseguiu que o próprio dono da pensão assumisse gratuitamente a ajuda ao assaltado. Gratuitamente, sim! Pois, o dono da pensão não pediu dinheiro. Foi o samaritano que o ofereceu espontaneamente. Trata-se da partilha de quem assume o outro como irmão/ã, como próximo. É a missão de quem segue Jesus; fazer-se próximo sem exclusões e anunciar o Reino sem fronteiras, tendo Santa Maria, a discípula, como companheira de caminhada, que nos orienta no seguimento de seu Filho Jesus Cristo.

Ir. Corina Bressan, smr Rio de Janeiro

A partir do que foi lido, é possível trocar saberes? Então:

Como essa parábola, “empurra” você a continuar como cristã/ão comprometida/o?

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III Saboreando no coração, como Maria

Aos participantes do retiro em preparação ao Advento/Natal 2012, foi apresentado dentro do tema proposto pela equipe, entre textos bíblicos, músicas e projeção de vídeos, uma das maneiras criativas que Dom Pedro Casaldáliga tem de demonstrar seu afeto a Maria, a poesia: Dizer teu nome Maria

“É dizer que a pobreza comprou os olhares de Deus! Dizer teu nome, Maria, é dizer que a Promessa vem com leite de mulher! Dizer teu nome, Maria, é dizer que a carne veste o silêncio do Verbo! Dizer teu nome, Maria, é dizer que o Reino chega caminhando com a história! Dizer teu nome, Maria, é dizer ao pé da cruz e nas chamas do Espírito! Dizer teu nome, Maria, é dizer que todo nome pode estar cheio de graça! Dizer teu nome, Maria, é dizer que toda morte pode ser também a Páscoa! Dizer teu nome, Maria, é chamar de toda sua causa, nossa alegria! Dizer teu nome, Maria, é dizer que todo o nome pode estar cheio de graça!”

Com esse poema, Casaldáliga revela expressões sábias e densas de conteúdo, resultado de uma intensa experiência de Deus e da sua Mãe. Estas, ao serem ouvidas através do canto solene e harmonioso de Kristina Pérez e Lula Barbosa, ressoaram interiormente no grupo dos retirantes, que os conduziu a uma maior aproximação afetiva e efetiva de Maria, a Mãe do Salvador.

Motivados a expressar a própria densidade experimentada aconteceu uma linda partilha sobre os frutos do ouvir, do acolher e contemplar a experiência de fé deste bispo, nosso irmão, comprometido como Maria no cuidado da vida dos pequenos e

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humildes. Por isso, ele conseguiu não somente “dizer” o nome de Maria, mas detectar e transmitir as atitudes concretas desta grande mulher, em relação a Deus, à história, a cada um de seus filhos e filhas.

Temos, então, a alegria de acrescentar à experiência de Dom Pedro Casaldáliga, neste Espaço Mariano, a ressonância de algumas pessoas sobre o que hoje significa para elas, “traduzir” o nome de Maria, ou seja, ela mesma, em atitudes a serem vividas no dia a dia:

Ana Lúcia, expressou-se assim: Dizer teu nome, Maria, é...

compreender os incompreendidos, lembrar dos esquecidos, olhar para os que estão acamados!

Dizer teu nome, Maria, é... viver a alegria de esperar, cantar a esperança do encontro, saborear a força que vem de Deus, contemplar as maravilhas que Ele nos deu!

Dizer teu nome, Maria, é... saber servir sem nada pedir, aceitar sem questionar o que Deus determina, refletir, meditar, antes de falar, passar a paz a quem eu encontrar!

Dizer teu nome, Maria, é... sentir o amor florescer, um fogo que vem nos aquecer, um dar e receber um abraço de proteção!

Dizer teu nome, Maria, é... saber que todos somos seus filhos, irmãos, guardar no coração o que vai além da razão, sentir sem pedir a proteção, confiar e segurar na tua mão!

NN. Deixou-nos sua inspiração: Dizer teu nome, Maria, é...

contemplar a luz que é Jesus, 7

obter a graça da força do Espírito, vencer com ânimo as dificuldades e os desafios que a vida

conduz, ter a consciência de que sem Jesus não obtemos a vitória! É acreditar sem limites, confiar que Ele nos conduz, fazer tudo o Ele nos disser, guardar todas as coisas no coração! É pensar que existem tantas Marias que padecem pelos seus

filhos, pedir à Mãe que o Filho atende, manifestar-te em tantas Marias!

Augusta, poetizou dessa maneira: Dizer teu nome, Maria, é dizer que teu amparo é a veste iluminada

que vem de Deus, e que nos dá a direção! Dizer teu nome Maria é encontrar-te nos olhos inocentes das

crianças, nas carências dos idosos, na ansiedade dos jovens, na imprudência de tantos adultos!

Dizer teu nome, Maria, é encontrar-te no zelo, no amor, e no carinho das pessoas nas suas relações com as outras!

Dizer teu nome, Maria, é perseverar nesse Amor!

Roselene, escreveu sua partilha Dizer teu nome, Maria, é...

falar de Sacrário vivo, falar de extrema aceitação, falar de muita fidelidade a Deus, falar de pureza, falar de extremo sofrimento, falar de perdão.

Dizer teu nome, Maria, é... guardar no coração e vivenciar as verdades de Deus, abraçar com amor a Deus, todo desconforto de uma situação geradora de conflito, amor incondicional ao Pai, ser acolhida por Ele, confiar, acima de tudo, nas promessas de Deus,

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acolher o Salvador, acolher a Luz, acolher o Filho Jesus, presente que ela nos deu!

► Convidamos a reler a poesia, envolver-se no Nome de Maria, e dizer/partilhar sua oração de louvor ao Criador.

Comunidade Centro de Espiritualidade Maria Mãe da Vida Campo Grande – Rio de Janeiro

O apelo de Maria aos serventes nas Bodas em Caná é um apelo a ser acolhido e vivido no nosso dia a dia, a fim de que o “vinho bom” esteja presente em todas as mesas, e a festa da vida continue acontecendo no coração de cada família, comunidade, Igreja e nação. Assim, “Dizer o nome de Maria”, ou seja, viver sua atitude solidária em favor da vida, significa garantir sua presença atuante no mundo atual. Assim seja sempre!

ÍCONE DOS SERVOS DE MARIA

2013

O Calendário dos Servos de Maria é dedicado, para o ano de 2013, à venerável Madre Elisa Andreoli (1861-1935), fundadora das Servas de Maria Reparadoras. É um dom precioso para conhecer a Família dos Servos e Servas através das figuras, ou seja, de pessoas que melhor interpretaram e viveram a proposta de vida desta Família religiosa. O Calendário contém 13 pinturas que se

encontram nas casas da Congregação. Além disso, contém 12 sínteses que apresentam a vida, a espiritualidade e os escritos de Madre Elisa; a história e o carisma das Servas de Maria Reparadoras. Estas sínteses=pequenos trechos, são enriquecidas (enriquecidos) também por imagens dos lugares onde Madre Elisa viveu (SMR, Riparazione Mariana, 4/2012, Rovigo – Itália, p.25).

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