Escrito pouco mais de uma década após a ressurreição de Cristo, o livro de Tiago nos oferece o primeiro vislumbre da igreja cristã primitiva. Além disso, Tiago, irmão de Jesus, é um excelente exemplo de transformação da descrença para a fé. Ele se tornou um líder respeitado da igreja cristã primitiva. Em sua carta, ele nos dá discernimento de como a fé e as obras trabalham juntas e explica por que isso é importante.

“Vós sois Meus amigos, se fazeis o que Eu vos mando”.

João 15:14

Conhecer as circunstâncias históricas, a vida e a fé na igreja cristã primitiva e a importante contribuição que o livro de Tiago faz para essa compreensão, e a relevância que ele tem para a igreja hoje.

Experimentar a esperança, sabendo que Deus pode transformar fraqueza em força, para que, como Tiago, possamos nos mover da dúvida para a fé.

Escolher agir de acordo com nossas crenças para seguir as instruções de Deus sobre a maneira de viver a vida cristã.  

A carta de Tiago nos dá um dos primeiros vislumbres do cristianismo judaico antes do seu desaparecimento na confusão das controvérsias judaico-cristãs e antes da marginalização dos judeus pela igreja predominantemente gentílica do segundo século e nos séculos posteriores.

Quatro pessoas no Novo Testamento são chamadas Tiago: dois estão entre os doze discípulos (Mc 3:17, 18); há o pai de Judas (outro dos doze, mas não Judas Iscariotes, Lc 6:16) e um dos irmãos de Jesus (Mc 6:3). Desses quatro, apenas o irmão de Jesus viveu o suficiente e foi destacado o bastante na igreja para ter escrito tal carta. Por isso, acreditamos que foi Tiago, irmão de Jesus, quem escreveu esse livro do Novo Testamento.

Tiago, Irmão de Jesus

Tiago se tornou rapidamente líder da igreja em Jerusalém. Após ser resgatado da prisão pelo anjo (em 44 d.C.), Pedro queria que Tiago soubesse o que tinha acontecido com ele (At 12:17). Cinco anos depois, Tiago presidiu o Concílio de Jerusalém e anunciou sua decisão. Paulo o mencionou primeiro, antes de Pedro e João, em sua lista das “colunas” em Jerusalém (Gl 2:9). Vários anos depois desse acontecimento (58 d.C.), quando Paulo levou para os pobres de Jerusalém a coleta de diversas igrejas, os delegados de cada igreja colocaram as ofertas aos pés de Tiago (leia, de Ellen G. White, Sketches From the Life of Paul [Esboços da Vida de Paulo], p. 208, 209).

Tiago, o crente

Alguns podem se surpreender com o fato de que Tiago se refira a crença e fé dezenove vezes nessa breve carta, mais do que suas referências a obras e justificação combinadas! Na verdade, a importância da fé é enfatizada logo no início do primeiro capítulo em conexão com provações e súplica por sabedoria (v. 3, 6). Isso mostra que Tiago não estava apenas escrevendo a crentes, mas que ele esperava que eles tivessem certa qualidade de fé. Como veremos, o simples ato de crer é de pouco proveito; a verdadeira fé tem certas credenciais reconhecíveis. Ou seja, a verdadeira fé será revelada na vida e no caráter dos cristãos.

Tiago e o evangelho

De acordo com Atos 11, o evangelho se espalhou para os gentios bem cedo, a partir de Antioquia. Assim, “as doze tribos” provavelmente se referem aos cristãos como um todo. Parece não ter havido diferentes congregações com base na etnia. Por isso, o Concílio de Jerusalém logo teve que decidir se os crentes gentios deviam primeiro se tornar judeus sendo circuncidados (At 15:1-6), a fim de se tornar cristãos.

Às doze tribos dispersas entre as nações

Tiago teve a oportunidade de observar Jesus em Sua infância, juventude e idade adulta. Então, em algum momento, ele não apenas acreditou em Jesus como Messias, mas se tornou líder dos cristãos em Jerusalém. No entanto, Tiago não chama a si mesmo de irmão, mas de “servo” (Tg 1:1) de Jesus. Ele aprendeu claramente a humildade e a verdadeira sabedoria. Não surpreende que esses também sejam temas importantes de sua carta (Tg 1:9-11, 21; 3:13-18; 4:6-10).

Tiago e Jesus

A carta de Tiago é, essencialmente, um manual sobre vida cristã prática. Pode até ter sido o primeiro livro do Novo Testamento (escrito em algum momento entre 44 e 49 d.C.). Ou seja, além de ser um livro sobre teologia, ele também nos diz como viver a vida cristã.

Conclusão

A carta de Tiago parece um manual prático sobre a vida cristã. Ela nos diz como lidar com a dúvida e a tentação (1:6-15). Descreve o tipo de atitude que devemos ter para com os ricos e os pobres (2:1-7, 14-17). Aprendemos sobre a importância de controlar nossas palavras (3:1-12) e como orar de maneira eficaz (4:2, 3; 5:15-18). Também encontramos muitas joias de sabedoria que vale a pena destacar: “Seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar” (1:19); “A sabedoria [...] lá do alto é, primeiramente, pura [...] imparcial, sem fingimento” (3:17); “Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes” (4:6); “Sujeitai-vos, portanto, a Deus; mas resisti ao diabo, e ele fugirá de vós” (4:7).

Conclusão

Pelo exemplo e pela carta de Tiago, aprendemos que a fé não é fundamentada nas coisas visíveis; em vez disso, a verdadeira fé é revelada na vida e no caráter do cristão.

Ao estudarmos essa carta, é importante ter em mente que Tiago escreveu sobre a maneira de viver como cristão, não como se tornar cristão. Essa importante distinção coloca sua epístola à parte das cartas de Paulo, principalmente Romanos e Gálatas, que se concentram mais em como somos salvos. Provavelmente isso também explique por que Tiago fala sobre a importância das obras, mas, ao contrário de Paulo, nunca se refere às “obras da lei” (ver Rm 3:20, 28; Gl 2:16; 3:2, 5, 10).

Conclusão