escravidão no brasil do século xix

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ESCRAVIDÃO NO BRASIL DO SÉCULO XIX: ESTRUTURA E COTIDIANO COLÉGIO JAPÃO PROFESSOR: ANDERSON TURMAS: 73 E 74 DISCIPLINA: HISTÓRIA

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Page 1: Escravidão no Brasil do século XIX

ESCRAVIDÃO NO BRASIL DO SÉCULO XIX: ESTRUTURA E COTIDIANO

COLÉGIO JAPÃO

PROFESSOR: ANDERSON

TURMAS: 73 E 74

DISCIPLINA: HISTÓRIA

Page 2: Escravidão no Brasil do século XIX

ESCRAVIDÃO: DEFINIÇÃOModo de Exploração do homem pelo homem a partir da construção de uma distinção entre grupos sociais exploradores e explorados perpetuação da escravidão a partir do comércio e/ou da reprodução natural.

Escravo desumanizado pelo explorador: tratado como uma “coisa”, uma propriedade jurídica a serviço daquele que adquire por compra sua força de trabalho.

Todavia, o escravo era sim, um humano e como tal estabelecia relações sociais e estratégias de resistência a este status jurídico.

Escravidão moderna: introduzida pelos colonizadores europeus do século XVI a partir de relações comerciais com os Estados Africanos, retirando os negros de suas terras e culturas e os enviando para as áreas colonizadas (as Américas) como mão-de-obra escrava. Justificação ideológica dos europeus, brancos e cristãos: inferioridade intelectual e moral dos negros africanos.

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ESCRAVIDÃO: DEFINIÇÃO

Contradição europeia: Defendiam as liberdades dentro dos seus estados em formação, mas admitiam a escravidão e a desigualdade nas suas colônias....

“... O estudo da escravidão deve enveredar pelas relações sociais, notando as resistências e as acomodações, os conflitos e as negociações que podiam existir entre senhores e escravos. Ou seja, deve-se ter como referencial as multifacetadas relações interpessoais entre senhores e escravos.” (SILVA, 2010, p.113)

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ESCRAVIDÃO: A ESTRUTURA NO BRASIL COLONIAL E IMPERIAL

ECONOMIA: predomínio das grandes propriedades monocultoras Grandes pedaços de terra na mão de poucos e com a produção de um tipo de produto. EX: Nordeste Açucar – Sudeste Café

Tais produtos eram exportados para a Metrópole Portuguesa, que em troca enviava manufaturados que não podiam ser produzidos na Colônia. Por exemplo, as vestimentas.

Escravos principal força de trabalho dentro das propriedades. OBS: Também existia trabalho livre, mas em bem menor número.

PÓS-INDEPENDÊNCIA DO BRASIL O Sistema econômico não se altera: grandes fazendeiros seguem produzindo visando a exportação. A produção industrial no Brasil é frágil e o trabalho escravo seguia predominando.

ESCRAVIDÃO INIBIA A ENTRADA DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL NO BRASIL

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ESCRAVIDÃO: A ESTRUTURA NO BRASIL COLONIAL E IMPERIAL

PRESSÃO INGLESA PELO FIM DA ESCRAVIDÃO: Interesses religiosos e morais os QuakersInteresses econômicos Industriais e empresários interessados em abrir mercados consumidores para os produtos ingleses no Brasil. Para isso, precisavam de consumidores Trabalhadores livres que recebessem salários!

1831 – Lei “para inglês ver” decretava o fim do tráfico de escravos no Brasil, mas não vingou e o contrabando de escravos só cresceu.

1845 – Lei Bill Aberdeen lei do parlamento inglês que autorizava o aprisionamento de Navios Negreiros – começava a cessar de vez a entrada de escravos no Brasil.

Os grandes fazendeiros começavam a ceder e o fim da escravidão era questão de tempo... Embora ainda fizessem uso do tráfico interno de escravos: comercialização de mão-de-obra dentro do Brasil.

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ESCRAVIDÃO: A ESTRUTURA NO BRASIL COLONIAL E IMPERIAL

LEIS DECISIVAS:1850 – Lei de Terras impedia a possibilidade de adquirir terras sem que fosse pela compra. Na prática, impedia pessoas mais pobres de ter propriedades.1850 –Lei Eusébio de Queirós Extinção do tráfico de escravos.1871 – Lei do Ventre Livre filhos de escravos nasciam “livres” (até os 21 anos ficava sob guarda do senhor)1885 – Lei dos sexagenários Libertava os escravos acima dos 60 anos1888 – Lei Áurea Abolia a escravidão definitivamente

MOVIMENTO ABOLICIONISTA:

Atuação importante em favor do fim da escravidãoCaráter urbano profissionais liberais, empresários, trabalhadores livres, colonos, negros libertos.Argumentos: desumanidade; entrave ao desenvolvimento econômico; estimulava o ócio; desvirtuava a natureza humana, etc.

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ESCRAVIDÃO: CONDIÇÕES DE VIDA, COTIDIANO E RESISTÊNCIA

• VESTIMENTAS, MORADIA, ALIMENTAÇÃO E ASSISTÊNCIA:

Calças e camisas de algodão – renovação das roupas em geral apenas uma vez por ano! Recebendo no máximo três mudas por ano.

Senzalas de pau-a-pique, cobertas de folhas de madeira; dormiam em geral em esteiras sob madeiras.

A dieta incluía farinha, feijão, charque e, eventualmente, a cachaça.

Assistência médica precária, permitindo a proliferação de doenças entre a escravaria. “Mal nutridos, mal vestidos, minados por verminoses e febres, pela tuberculose e a sífilis, varíola e cólera, submetidos a um intenso trabalho que atingia 18 horas por dia, os escravos morriam em grande número” (COSTA, 1999, p.284)

Crenças religiosas para a cura das moléstias.

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ESCRAVIDÃO: CONDIÇÕES DE VIDA, COTIDIANO E RESISTÊNCIA

• VESTIMENTAS, MORADIA, ALIMENTAÇÃO E ASSISTÊNCIA:

Duração média do tempo de trabalho de um escravo: 15 anos

Mortalidade infantil: atingia 88% da população escrava.

• FAMÍLIA E LICENCIOSIDADE

Proporção de Mulheres/Homens nas senzalas: 1 mulher para 5 homens!

Impossibilidade de construir famílias aos moldes cristãos consentimento dos senhores para as relações sexuais “promiscuas” o que não significa que a senzala fosse um lugar sem regras ou limites.

Relações entre proprietários e escravos tática para garantir a liberdade, embora nem sempre o senhor garantisse ou assumisse o relacionamento com escravas...

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ESCRAVIDÃO: CONDIÇÕES DE VIDA, COTIDIANO E RESISTÊNCIA

•RELAÇÕES DE AFETIVIDADE E PRECONCEITO RACIAL

Existia relações de afeto entre brancos e negros: as mucamas ou mães negras(babás) que cuidavam dos filhos dos fazendeiros e estabeleciam uma relação de amizade; crianças brancas que tinham amigos na senzala, etc.

Entretanto, longe de suavizar a escravidão, tais relações de compadrio e paternalistas não escondiam que ainda se tratava de um sistema de dominação do homem pelo homem por mais afeto que houvesse nas relaçoes pessoais, ainda era uma relação social entre dominador e dominado.

Mesmo entre abolicionistas, predominava o pensamento de que o negro era inferior intelectualmente ao branco! Ter amizade não significava dar espaços para a autonomia dos negros.

O racismo implícito na relação escravista permaneceria forte,e ainda hoje herdamos tal pensamento....

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ESCRAVIDÃO: CONDIÇÕES DE VIDA, COTIDIANO E RESISTÊNCIA

• CASTIGOS FÍSICOS E RESISTÊNCIA:

Chicote, palmatória, açoite, tronco, argolas no pescoço Principais formas de castigoRazões: tentativas de insurreições, assassinatos de senhores, desrespeito aos senhores e a sua família.

Era comum a deformação física ou mesmo a morte de escravos por excesso de castigo.

Vigilância aos escravos para impedir organizações de insurreições.Todo escravo que não tivesse na sua fazenda antes das 10 horas da noite era preso; era comum o uso de anúncios de jornais oferecendo recompensa para quem achasse escravos fugidos.

Todavia, isso não impedia que houvessem reuniões, fugas e insurreições entre os escravos!

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ESCRAVIDÃO: CONDIÇÕES DE VIDA, COTIDIANO E RESISTÊNCIA

• CASTIGOS FÍSICOS E RESISTÊNCIA:

Levantes de resistência: Revolta dos malês (Bahia- 1835) -> Escravos muçulmanos se insurgiram contra os proprietáriosAcabou fortemente reprimida, mas mostrou a capacidade dos escravos em reagirem ao sistema escravista!

População livre apoiava as forças do governo denunciando escravos fugidos

Surgimento dos Quilombos locais em que os escravos fugidos se reuniam e formavam uma comunidade autonôma.

Capitães-do-mato Funcionário das fazendas especializados em “caçar pretos” fugidos.“Insurreições, , crimes, fugas, trabalhos mal executados, ordens não cumpridas, pachorra e negligência eram formas dos escravos protestarem.” (COSTA, 1999, p.295)

Page 12: Escravidão no Brasil do século XIX

ESCRAVIDÃO: CONDIÇÕES DE VIDA, COTIDIANO E RESISTÊNCIA

• CULTURA E RELIGIOSIDADE:

-Mescla de tradições africanas- Processo de reinterpretação das culturas africanas mescla cultural entre a cultura africana e a brasileira-Cristianismo e religiões afro: Os escravos mantiveram suas tradições sob roupagem católica

-A partir do cristianismo, os africanos mantiveram na essência as suas práticas religiosas!

-Os senhores liberavam, no campo, as festas em dias importantes para os escravos. Na cidade, era mal visto pela população e o governo não aceitava.

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ESCRAVIDÃOBIBLIOGRAFIA

AMANTINO, M; FREIRE, J. Amor em cativeiro. IN: Revista de História da Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro, ano 8, nº 89, Fevereiro de 2013.

COSTA, Emília Viotti. O escravo na grande lavoura. IN: Da monarquia a república: momentos decisivos. Ed. UNESP, São Paulo, 1999.

SILVA, K.; SILVA, M. Dicionário de conceitos históricos. Ed. Contexto, São Paulo, 2010. (verbete: Escravidão)

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Johann Rugendas – Navio NegreiroCondições em que os escravos eram submetidos durante a viagem entre a África e as colônias

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Johann Rugendas – Habitação dos negrosRetrato da moradia dos negros, bem como das suas vestimentas e seus hábitos cotidianos.

Page 16: Escravidão no Brasil do século XIX

Johann Rugendas – Jantar no BrasilConvívio entre brancos e negros não significava igualdade: notam-se negros trabalhando enquanto os patrões jantam. Tais imagens reforçaram o mito da democracia racial brasileira.

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Alberto HanschelFotografo alemão retratou com clareza a desigualdade racial nas relaçoes de afetividade entre brancos e negros

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Jean Baptiste Debret – Açoite públicoDebret retratou nas pinturas os castigos aos quais os escravos passavam, como açoite público, no pelourinho.

Page 19: Escravidão no Brasil do século XIX

Jean Baptiste Debret – Colar de FerroO colar de ferro era outro castigo comum que os escravos acabavam se submetendo.

Page 20: Escravidão no Brasil do século XIX

Jean Baptiste Debret – Mulher brasileira em seu larAs escravas costumavam fazer seu trabalho dentro da Casa Grande.

Page 21: Escravidão no Brasil do século XIX

Jean Baptiste Debret – Máquina que faz caldo da canaEnquanto os homens eram submetidos ao pesado trabalho braçal, como nos engenhos de açúcar nordestinos.

Page 22: Escravidão no Brasil do século XIX

Anúncio de escrava fugidaA fuga era uma forma de resistência dos escravos ao sistema de dominação.

Page 23: Escravidão no Brasil do século XIX

Johann Rugendas – Roda de CapoeiraA manutenção da cultura africana aparecia nos costumes de entretenimento como a capoeira, que também poderia ser vir como forma de resistência.

Page 24: Escravidão no Brasil do século XIX

Johann Rugendas – Capitão-do-matoO temido capitão-do-mato era aquele que ia a caça dos escravos fugitivos.

Page 25: Escravidão no Brasil do século XIX

Jean Baptiste Debret - barbeiros ambulantesOs escravos e ex-escravos buscavam também outras formas de sobrevivência como o trabalho autônomo, ou trabalho “de ganho” – neste caso, de barbeiros.