escola superior de educação de santarém
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Escola Superior de Educação de Santarém
Antropologia da Imagem
A matança do porco
Educação e Comunicação Multimédia
Pós-Laboral
Discente: João Maia e Carmo
Docente: Tânia Prates
2º Semestre
2009/2010
Indice
A Matança do porco Tânia Prates ECM- Pós Laboral
Escola Superior de Educação de Santarém
Introdução
O exercício proposto tem como objectivo a análise de duas imagem. Apesar de serem
de épocas diferentes, o propósito é o mesmo, a matança do porco. O olhar refletido
sobre a simbologia do acto da matança remete-nos para um ambiente de gestos, sons
e cheiros típicos de um mundo rural, hoje quase desaparecido.
A Matança do porco Tânia Prates ECM- Pós Laboral
Escola Superior de Educação de Santarém
1.1- A matança do porco em 1961
A Matança do porco Tânia Prates ECM- Pós Laboral
Escola Superior de Educação de Santarém
Em 1961 a matança do porco era uma tradição e um procedimento familiar. Efectuava-se uma vez por
ano e tinha como objectivo proporcionar alimento ás famílias.
Esta fotografia de família a preto e branco simboliza um dos procedimentos da matança do
porco que é chamado de “sangramento”.
A imagem é um retrato fiel da vida do campo daquela época, em que a matança do porco era
um componente importante para uma alimentação melhor. Normalmente eram os familiares
que realizavam a matança. Foi tirada por um amador ou familiar.
Nesta imagem não houve preparação prévia, e analisando a cara dos homens partimos do
pressuposto que o porco já se encontrava morto, pois estão já descontraídos e não a fazer
força para segurá-lo.
Pelas roupas dos intervenientes posso afirmar que este acto foi realizado no Inverno. Os
homens têm roupas simples, ligadas à agricultura, usando boina ou boina à Inglesa. Um dos
homens tem um chapéu, representa uma pessoa mais abastada. As mulheres usam saias
cumpridas e um avental branco como sinal de limpeza.
A mulher mais jovem mexe o sangue com uma colher de pau para não coalhar, dentro de um
alguidar de barro.
O porco está deitado em cima de “trapeça de madeira” quem tem quatro pernas.
O poço caiado de branco com as roldanas e o balde de ferro, ao lado existe um pau que tem
por nome “latada”, é uma armação em madeira para as cepas se enrolarem a medida que vão
crescendo.
O “cabanão” junto á casa servia para os familiares e amigos da matança desmancharem o
porco, prepararem as carnes e efectuarem algumas refeições. O balde de ferro junto à
“trapeça”, podia conter água quente, pois muitas pessoas juntavam ao sangue para não
coalhar.
A Matança do porco Tânia Prates ECM- Pós Laboral
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1.2 – A matança do porco em 2010
Na manhã de 24 de Abril de 2010, às 8:00h,foi morto um porco na casa da família Parreira
O senhor de chapéu verde o chamado “matador“ espetou a longa faca nas goelas do
porco atingindo-lhe o coração.
A Matança do porco Tânia Prates ECM- Pós Laboral
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Os cinco homens seguram o porco, cada um com uma função específica. Um aperta o
focinho do porco com um cordel fino para este não respirar, enrolando-a na referida
“cabeçalha”. Outro, segura o pescoço do porco de modo que o sangue escorra para
um “alguidar “vermelho colocado por debaixo da “trepaça”. Outros seguram as patas
e o rabo para o animal não se mexer, este esforço é bem visível no rosto dos homens.
O homem de camisa azul observa os outros, e está atento a alguma ocorrência, pois
alguns porcos na ânsia da morte e num rasgo de energia conseguem fugir.
O olho do porco ainda está aberto, significa que está vivo e com uma das patas
ensaguentadas oscila em espasmos violentos na sua luta derradeira contra a morte,
enquanto o sangue jorra.
A mulher tem a cara cheia de sangue, provavelmente quando o “matador” espetou a
faca no porco este oscilou e o sangue esguichou. A mulher mexe o sangue com uma
colher de pau para não coalhar.
Pela ruralidade da imagem podemos dizer que foi tirada no quintal da família Parreira.
Á direita da imagem a capoeira das galinhas, e em frente o “rodeio dos porcos”,
pintados de branco contendo algum musgo devido à humidade existente. Por fim
carrinho de mãos em ferro encontra-se junto ao porco, para no fim de morto ser
transportado e musgado.
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Conclusão
Educar o olhar é muito mais do que um simples gesto de análise de uma imagem.
Educar o olhar é ensinar a mente a ver para além do comum.
As imagens são ricas de propósitos, apesar de estáticas, emanam sentimentos únicos.
A matança do porco é também um ritual familiar, neste caso tratando-se de imagens
recolhidas no Baixo Ribatejo tem particularidades próprias que tornam este
acontecimento distinto de modo como é praticado em outras Regiões do País.
A Matança do porco Tânia Prates ECM- Pós Laboral
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animal como que pressente o seu fim. É um fim em que quase tudo tem uma finalidade, um propósito, em que quase tudo é aproveitado... O matador espeta a longa faca nas goelas do
bicho, atingindo-lhe o coração, de modo que o sangue escorra para um alguidar colocado por debaixo do estrado. Sangue este que será para o sarrabulho e para as chouriças-de-sangue.
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