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ESCOLA SUPERIOR DE DESENVOLVIMENTO RURAL DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA RURAL Avaliação do contributo dos serviços de Extensão no âmbito da implementação da agricultura de conservação na localidade de Golo-distrito de Homoíne Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural Autora: Rosa Apilosse Chuquela Vilankulo, Junho de 2016

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ESCOLA SUPERIOR DE DESENVOLVIMENTO RURAL

DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA RURAL

Avaliação do contributo dos serviços de Extensão no âmbito da implementação

da agricultura de conservação na localidade de Golo-distrito de Homoíne

Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural

Autora:

Rosa Apilosse Chuquela

Vilankulo, Junho de 2016

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Rosa Apilosse Chuquela

Avaliação do Contributo dos Serviços de Extensão no Âmbito da Implementação

da Agricultura de Conservação Localidade de Golo - Distrito de Homoíne

Trabalho de Culminação de Curso

apresentado ao Departamento de

Sociologia Rural da Escola

Superior de Desenvolvimento

Rural – Universidade Eduardo

Mondlane para a obtenção do

grau de Licenciatura em

Comunicação e Extensão Rural.

Supervisora:

Engª.Carla Mite Viagem

UEM - ESUDER

Vilankulo

2016

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DECLARAÇÃO DE HONRA

Declaro por minha honra, que o presente trabalho de licenciatura em Comunicação e Extensão

Rural foi da minha própria autoria, tendo como bases as referências bibliográficas mencionadas

no trabalho. Nunca foi apresentado na íntegra por uma instituição de ensino para obtenção de

qualquer grau académico.

Vilankulo, Junho de 2016

______________________________________

(Rosa Apilosse Chuquela)

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i

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus pais Apilosse chuquela e Mafalda Simião, pela educação e

cuidado nos momentos necessários.

Aos meus amados irmãos e primos: Júlia, Liontina, Edna, Lia, Belive, Lucas, pela força e pelo

apoio que me foi dado durante o período de formação.

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ii

AGRADECIMENTOS

O meu mais especial agradecimento, vai a Deus pelo dom da vida e por tudo que Ele fez por

mim durante o período da minha formação académica.

Agradeço aos meus pais Apilosse chuquela e Mafalda Simeão, pelo esforço feito e pelas

providências feitas para que a minha formação fosse possível.

Agradeço a minha supervisora Carla Mite, pelo cuidado, esforço e pelo auxílio concedido

para a realização do trabalho.

Aos meus irmãos e primos: Júlia, Liontina, Edna, Lia, Belive, Lucas, Recília e José pelo amor

e incentivo para não desistir dos meus sonhos.

Agradeço a todos meus companheiros na fé pela força e amor que nunca me faltou e aos meus

amigos e colegas de turma pela cooperação e cumplicidade durante o período de formação.

Agradeço aos Serviços Distritais de Actividades Económicas, pelas portas que me foram

abertas para que o meu trabalho se realizasse e a toda comunidade de Golo que me facultou a

coleta de dados.

Muito abrigada a todos que contribuíram directa e indirectamente para minha formação.

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iii

LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SIMBIOLO

Abreviaturas

EMATER - Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural

ESUDER - Escola Superior de Desenvolvimento Rural

Eng ª - Engenheira

HA - Hectare

KM - Kilometros

TON - Tonelada

NR - Número

MINAG - Ministério de Agricultura

ORAM - Organizações de Ajuda Mútua

Siglas

CM - Conselho de Ministros

DNEA - Direcção Nacional de Extensão Agrária

AC - Agricultura de Conservação

ECA - Estratégias de Comercialização Agrícola

FAO - Organização para Alimentação e Agricultura das Nações Unidas

GTZ - Cooperação Técnica Alemã

INE - Instituto Nacional de Estatística

MAE - Ministério da Administração Estatal

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iv

ONGˈS - Organizações não-governamentais

PARPA - Plano de Acção para Redução da Pobreza Absoluta

PEDSA - Plano Estratégico de Desenvolvimento do Sector Agrário

ROSA - Rede Das Organizações Para a Segurança Alimentar

S/D - Sem Data

SDAE - Serviço Distrital de Actividades Económicas

TIA - Trabalho de Inquérito Agrícola

UEM - Universidade Eduardo Mondlane

IIAM – Instituto de Investigação Agraria de Moçambique

Símbolos

%- Percentagem

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v

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Lista de tabelas

Tabela n°1: Agricultores entrevistados (sexo e idade) ............................................................ 20

Tabela n°2: Quantidade de Milho e batata-doce ton/ha antes e depois da assistência ............ 27

Lista de figuras

Figura n°1: Técnicas disseminadas pelos serviços de extensão ............................................. 26

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vi

LISTA DE APÊNDICES

Apêndice n°1: Guião de entrevista dirigido aos agricultores ..................................................... I

Apêndice n°2: Guião de entrevista dirigido aos extensionista ................................................ III

Apêndice n°3: Crescimento de culturas no sistema de agricultura de conservação ................. V

Apêndice n°4: Cobertura morta num campo de agricultura de conservação ........................... V

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vii

RESUMO

O presente trabalho visa a avaliar a contribuição dos serviços de extensão no âmbito da

implementação da agricultura de conservação (AC) realizada na localidade de Golo, distrito

de Homoíne uma vez que é um sistema de produção que bem implementado favorece a

sustentabilidade do solo através de práticas agrícolas conservacionistas (redução ou

eliminação da lavoura, eliminação da queima de restolhos com vista a garantir a cobertura do

solo). Para alcançar os objectivos pretendidos usou-se uma combinação de técnicas de colecta

de dados como revisão bibliográfica, observação directa e entrevistas semi-estruturadas

através de um guião de perguntas previamente elaboradas dirigido aos agricultores e aos

técnicos de extensão (vide apêndice 1 e 2) onde foi usada a amostragem não probabilística

intencional ou por tipicidade, pela sua facilidade na selecção do grupo alvo onde por sua vez

permitiu obter uma amostra de 27 entrevistados. Depois da colecta de dados fez-se o cálculo

das percentagens, através do pacote Excel para elaboração de tabelas, gráficos, colocação dos

resultados e a sua respectiva discussão através da sustentação de ideias de autores em relação

a realidade do campo. Durante a pesquisa foi possível constatar que os agricultores do sector

familiar praticam a AC que é caracterizada por áreas entre 1ha a 1,5ha, destinada a auto-

consumo, produzindo culturas de subsistência e explorando o uso de instrumentos como

enxada para produção agrícola e que os serviços de extensão dedicam-se na disseminação de

prácticas culturais como preparo do solo, adubação de fundo, sementeira directa e controlo

fitossanitário para implementação da AC com vista a capacitar os agricultores em matéria de

conhecimento em relação a mesma, verificou-se também um aumento da produção em 0,14

ton/ha na cultura de Milho e um aumento de 0,3 ton/ha no caso da Batata-doce practicando a

AC. De forma conclusiva é de referir que os serviços de extensão tem contribuído bastante

para o processo de disseminação da AC visto que os agricultores tem apostado na

implementação e consecutivamente nota-se um aumento gradual da produção, devido a

eliminação de prácticas agrícolas que contribuíam para a degradação dos solos optando-se

desta forma pelas prácticas que visam a sustentabilidade do solo e aumento da capacidade

produtiva.

Palavras-chaves: Agricultura de conservação, Serviços de extensão, produção.

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ÍNDICE

Conteúdo Página

I. INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 1

1.1.Problema ............................................................................................................................... 2

1.2.Justificativa ........................................................................................................................... 2

1.3.Objectivos ............................................................................................................................. 3

1.3.1.Geral: ................................................................................................................................. 3

1.3.2.Específicos: ........................................................................................................................ 3

II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................................. 4

2.1.Breve historial sobre Extensão Rural ................................................................................... 4

2.1.1.Conceitos básicos .............................................................................................................. 5

2.1.1.1.Extensionista ................................................................................................................... 5

2.1.2.Importância da Extensão Rural.......................................................................................... 6

2.1.2.Papel do extensionista ....................................................................................................... 6

2.1.Caractéristicas da agricultura em Moçambique.................................................................... 9

2.2.Agricultura de conservação ................................................................................................ 10

2.2.1.Princípios da agricultura de conservação ........................................................................ 10

2.3.Técnicas de Produção na Agricultura de conservação ....................................................... 11

2.3.1.Maneio de Plantas de cobertura ....................................................................................... 11

2.3.2.Preparo do Solo ............................................................................................................... 11

2.3.3.Sementeira Directa .......................................................................................................... 12

2.3.4.Consorciação e Rotação de culturas ................................................................................ 13

2.3.6.Controlo de infestantes .................................................................................................... 15

2.3.7.Maneio de pragas e doenças ............................................................................................ 16

2.4.Importância da Agricultura de Conservação ...................................................................... 16

2.5.Desafio para a Agricultura de Conservação ....................................................................... 17

III. METODOLOGIA ............................................................................................................... 18

3.1.Descrição da área de estudo: .............................................................................................. 18

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Divisão administrativa .............................................................................................................. 18

3.1.1.Clima e Hidrografia ......................................................................................................... 18

3.1.2.Economias e Serviços ...................................................................................................... 18

3.1.3.Caracterização do grupo alvo .......................................................................................... 19

3.2.Amostragem ....................................................................................................................... 19

3.2.1.Seleção da amostra .......................................................................................................... 19

3.3.Técnica de colecta de dados ............................................................................................... 20

3.3.2.Observação Directa.......................................................................................................... 21

3.3.3.Entrevistas Semi-Estruturadas ......................................................................................... 21

3.4.Análise de dados ................................................................................................................. 22

3.4.1.Coincidência de padrões .................................................................................................. 22

4.1.Características da agricultura de conservação praticada na localidade de Golo ................ 23

4.2.Actividades disseminadas pelos serviços de extensão no âmbito da implementação da

agricultura de conservação na localidade de Golo. .................................................................. 24

4.2.1.Preparo do Solo ............................................................................................................... 24

4.2.2.Adubação de fundo .......................................................................................................... 24

4.2.3.Sementeira directa ........................................................................................................... 25

4.2.4.Controle fitossanitário ..................................................................................................... 25

V. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ........................................................................... 29

5.1.Conclusões .......................................................................................................................... 29

5.2.Recomendaçoes .................................................................................................................. 30

VI. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................... 31

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Avaliação do contributo dos serviços de Extensão no âmbito da implementação da agricultura de conservação na

localidade de Golo-distrito de Homoíne

Licenciatura em Comunicacao e Extensão Rural Página 1

I. INTRODUÇÃO

A extensão rural é um processo educativo que tem como objectivo a transmissão de

informações úteis a população, ajudando-a a aprender como utilizá-la para melhorar a sua

vida, assim como a dos seus familiares e comunidades. A extensão pode ser combinada ou

integrada com outras actividades de transferência de tecnologia, como sucede na maior parte

dos projectos de aumento da produção destinada ao mercado (AMÉRICO, 2010).

A agricultura é uma atividade econômica que começou há aproximadamente dez mil

anos, quando o homem passou a plantar, cultivar e aperfeiçoar ervas, raízes e árvores

comestíveis e domesticou, colocando sob sua dependência, algumas espécies de animais, em

troca de alimento e da proteção que podia oferecer. Com a agricultura o homem passou de

coletor para produtor de alimentos (ROMANIELLO & THIAGO, 2015).

O sucesso da agricultura de conservação é impulsionado pelo comportamento dos

agricultores ao receberem informações difundidas pelos serviços de extensão e na localidade

de Golo, o extensionista tem-se empenhado em transmitir técnicas aos agricultores, com vista

a garantir o progresso da implementação da mesma e consecutivamente o alcance dos níveis

de produção desejados no âmbito da agricultura de conservação. Uma vez que segundo

(BARROS & FREIXIAL, 2011), a agricultura de conservação visa produzir melhorando a

fertilidade do solo, de forma que as gerações futuras possam obter produtividades iguais ou

superiores as que se obtém no modo convencional, melhorando a sua qualidade de vida.

O trabalho tem a disposição de 5 capítulos, designadamente: capítulo I é composto por

aspectos introdutórios, como: introdução onde aborda-se aspectos que facilitam a

compreensão do tema de um modo geral e sua relevância, os objectivos da pesquisa, o

problema em estudo e a justificação da escolha do tema, capitulo II constituído pela revisão

bibliográfica que apresenta a fundamentação teórica de itens relacionados ao tema, capitulo

III que descreve a metodologia usada no trabalho, capitulo IV que consiste na apresentação de

resultados obtidos no campo e discussões com base nas sustentações de diversos autores

mostrando o seu ponto de vista em relação a realidade do campo, capitulo V apresentam-se as

conclusões tiradas durante a pesquisa e algumas recomendações e por fim as referências

bibliográficas.

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Avaliação do contributo dos serviços de Extensão no âmbito da implementação da agricultura de conservação na

localidade de Golo-distrito de Homoíne

Licenciatura em Comunicacao e Extensão Rural Página 2

1.1.Problema

Segundo MOUZINHO et al., (2013), agricultura de conservação em Moçambique tem

sido promovida desde meados dos anos 1990 e de acordo com MILDER et al., (2011), ONGˈs

tais como a FAO, GTZ dentre outras, juntamente com os agricultores tem focalizado suas

atenções no aproveitamento do potencial da agricultura de conservação como meio para

adquirir maior produtividade e sustentabilidade agrícola, assim como resolver a questão da

insegurança alimentar.

A localidade de Golo-distrito de Homoíne apresenta um potencial agrícola, que se pode

notar pela existência solos férteis típicos do clima tropical, o que a torna propícia para

produção de espécies tais como hortícolas, gramíneas, tubérculos, dentre outras, porém nos

últimos 2 anos, desde 2013 tem-se verificado chuvas irregulares, face a esta situação os

serviços de extensão tem incentivado os agricultores a apostar na agricultura de conservação,

com vista a melhorar os níveis de produção uma vez que a agricultura de conservação reduz

prácticas que visam o desgaste do solo e usa técnicas que contribuem para a sustentabilidade

do solo. Entretanto apesar do acompanhamento técnico verifica-se o predomínio do uso de

técnicas não adequados como a queima de restolhos para efeito de limpeza no campo,

eliminando desta forma a presença e a accão dos microorganismos no solo, cuja função é de

produzir hormônios que estimulam o crescimento das plantas e melhorar o desempenho do

solo, sendo assim, surge a seguinte pergunta de partida: Ate que ponto os serviços de

extensão contribuem para o aumento dos níveis de produção na localidade de Golo-

distrito de Homoíne?

1.2.Justificativa

A escolha do tema “ Avaliação do contributo dos serviços de extensão no âmbito da

implementação de agricultura de conservação na localidade de Golo” deveu-se ao facto dos

serviços de extensão, desempenharem um papel importante em Moçambique particularmente

no distrito de Homoíne, no que diz respeito ao processo de disseminação de técnicas de

produção na AC isto é para que essas técnicas sejam conhecidas e practicadas pelos

agricultores precisam ser acompanhados, informados, com vista a incentivar os agricultores a

produzir conservando o solo de modo que seja proveitoso por mais tempo e garantir a

segurança alimentar das famílias na localidade de Golo através do aumento da produção.

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Avaliação do contributo dos serviços de Extensão no âmbito da implementação da agricultura de conservação na

localidade de Golo-distrito de Homoíne

Licenciatura em Comunicacao e Extensão Rural Página 3

A agricultura de conservação é um sistema de produção que reduz práticas que

contribuem para degradação do solo ao longo do processo de produção, como uso de

instrumentos que compactem o solo, queimada de restos de culturas da campanha anterior na

superfície do solo e uso de químicos com vista o aumento da fertilidade do solo. Por ser uma

forma de produção que garante a sustentabilidade do solo, assume-se que desenvolvendo a

agricultura de conservação de acordo com as orientações dos serviços de extensão é possível

produzir e gradualmente aumentar os níveis de produção.

1.3.Objectivos

1.3.1.Geral:

Avaliar a contribuição dos Serviços de Extensão no Âmbito da Implementação da

Agricultura de Conservação na Localidade de Golo-Distrito de Homoíne.

1.3.2.Específicos:

Caracterizar agricultura de conservação praticada pelos agricultores na localidade de

Golo;

Descrever as actividades disseminadas pelos serviços de extensão no âmbito da

implementação da agricultura de conservação;

Comparar os níveis de produção das culturas de (Milho e Batata-doce) produzidas na

Agricultura de conservação antes e depois da assistência dos serviços de extensão.

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Avaliação do contributo dos serviços de Extensão no âmbito da implementação da agricultura de conservação na

localidade de Golo-distrito de Homoíne

Licenciatura em Comunicacao e Extensão Rural Página 4

II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1.Breve historial sobre Extensão Rural

De acordo com ADAMS (1982), citado por SAMBO (2003), o termo extensão foi

inicialmente usado em conexão com a educação há cerca de 100 anos. A extensão era então

usada pela universidade de Cambridge, na Inglaterra para descrever o método de difusão de

conhecimentos, as populações que viviam ao seu redor.

O surgimento da Extensão é tratado em diversos momentos históricos da formação da

humanidade. Entretanto, a institucionalização da extensão rural ocorreu nos Estados Unidos

em meados do século XVIII, no ano de 1914, numa época de grandes transformações de

diversos sectores da economia americana, a partir da revolução industrial (ROMANIELLO &

ASSIS, 2015).

O pioneiro deste sistema foi Richard Moulton, conferencista em literatura. Embora a

primeira extensão não tivesse ligações com a agricultura, ela caracterizava-se por quatro

elementos comuns aos modernos programas de extensão agrícola “o conhecimento por ser

difundido, o povo a ser servido, a organização central de extensão e o extensionista ou o

homem de contacto” (SAMBO, 2003).

A maior parte dos serviços de extensão em África surgiram nos finais da década 60 e

princípios da década de 70, como resultado da independência de muitos países africanos. Em

Moçambique, os serviços de extensão agrária vêm sendo praticados desde o período colonial

na produção de sisal, cana- de-açúcar, algodão, arroz e coco. Nessa altura, o “commodity

based approach” era o modelo de extensão praticado pelas empresas agrárias. (MUCAVEL &

MABOTE, 2005).

Segundo CAPORAL (2003), associa o início desta actividade com o período histórico

neolítico2, visto que foi a partir deste momento que o homem passou a exercer as suas

actividades com o surgimento do sistema capitalista, entre os séculos XVI e XVII. E nesta

época o interesse deixa de ser a subsistência humana, passando a centralizar-se no aumento da

produtividade e na acumulação de capital, o que provocou a necessidade da existência de

serviços mais especializados na agricultura. Este facto oportunizou o surgimento de categorias

intermediárias de trabalhadores, que assumiam o papel de “transmissores de informações”

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Avaliação do contributo dos serviços de Extensão no âmbito da implementação da agricultura de conservação na

localidade de Golo-distrito de Homoíne

Licenciatura em Comunicacao e Extensão Rural Página 5

favorecendo assim a divisão entre o trabalho manual e o trabalho intelectual, iniciando assim

as primeiras actividades extensionistas, que foram se acentuando em função do

desenvolvimento do sistema capitalista.

A extensão rural abarca todo o tipo de questões: saúde, educação, produção, consumo,

transportes e outras que afectam o desenvolvimento. A tarefa principal da extensão rural,

como processo de comunicação e educação, é desenvolver o conhecimento, as habilidades e o

querer (atitude) das pessoas para resolverem os seus problemas, mobilizando os meios

disponíveis (ajudando-se a si próprios) DIRECÇÃO NACIONAL DE EXTENSÃO

AGRÁRIA (DNEA, 2008).

2.1.1.Conceitos básicos

2.1.1.1.Extensionista

Segundo GASPAR (2010), o agente de extensão é um agente de mudança, ele intervém

para promover a mudança, de modo a melhorar a vida dos agricultores e das suas famílias, por

outras palavras o agente de extensão deve ser capaz de planear o trabalho de extensão, de

organizar a sua realização e de um modo geral de gerir e efectivamente controlar um

escritório de extensão e as suas actividades.

2.1.1.2.Extensão Rural

Segundo (DNEA, 2008), Extensão Rural é um processo contínuo de transmissão de

informações (dimensão de comunicação) e de apoio ao grupo-alvo para que possa adquirir

conhecimentos, capacidades e atitudes (dimensão de educação não formal) necessárias ao seu

próprio desenvolvimento.

2.1.1.3.Assistência técnica

Assistência Técnica é definida como serviço de educação não formal, de caráter

contínuo no meio rural, que promove processos de gestão, produção, beneficiamento e

comercialização das atividades e dos serviços agropecuários e não agropecuários, inclusive

das actividades agroextrativistas, florestais e artesanais EMPREZA DE ASSISTÊNCIA

TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL (EMATER, 2010).

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Licenciatura em Comunicacao e Extensão Rural Página 6

2.1.2.Importância da Extensão Rural

O serviço de assistência técnica e extensão rural constitui um importante instrumento de

apoio ao desenvolvimento rural. Em Moçambique, torna-se ainda mais importante dada a

realidade do País, e considerando o imenso problema social com que hoje se defronta, ou seja,

o elevado número de moçambicanos que não tem acesso aos factores básicos e indispensáveis

da cidadania: alimentação, educação, saúde e emprego (OAKLEY & GARFORTH, 1992).

Contudo a extensão rural tem um papel muito importante que é de Proporcionar aos

agricultores melhores condições de vida, acesso as políticas públicas voltadas para o sector

primário e a oportunidade de trabalhar com as novas tecnologias da agricultura, que facilitam

a actividade do homem no campo e participar mais frequentemente na tomada de decisões que

afectam as actividades de extensão rural, seja directamente ou através de representantes

(MARQUES, 2003).

Assim, DONGA (2007), citado HAZEL (2000), aponta a continuação do crescimento

do sector agrícola, como uma necessidade, e não uma opção para a maioria dos países em vias

desenvolvimento. Esse crescimento deve ser extensivo as pequenas e médias explorações

agrícolas, ser orientado para o mercado, participativo e descentralizado, e estimulado pelas

transformações tecnológicas que favorecem o aumento da produtividade dos factores.

Mudanças na adopção de tecnologia estão associadas a mudanças no acesso de extensão

e mudanças no acesso ao crédito bem como o estado inicial do agregado familiar no acesso ao

crédito e acesso aos serviços de extensão (UAIENE, 2011).

Segundo SWANSON (1991), nos países em desenvolvimento, há uma tendência dos

serviços de extensão rural ajudarem as comunidades locais a aumentarem seus campos de

produção e respectivamente o aumento dos seus rendimentos, mesmo com défice de recursos.

2.1.2.Papel do extensionista

O papel da Assistência Técnica e Extensão Rural insere-se na perspectiva de construir

processos que promovam o desenvolvimento local de forma sustentável (assumindo aqui as

múltiplas dimensões da sustentabilidade: o social, o ambiental, o econômico, o político, o

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ético e o cultural) ORGANIZAÇÃO DE AJUDA MÚTUA & REDE DAS

ORGANIZAÇÕES PARA A SEGURANÇA ALIMENTAR (ORAM & ROSA, 2010).

A filosofia da extensão agrícola está em como resolver o problema da adopção e

assimilação dos resultados da pesquisa tecnológica na agricultura, isto é, em como fazer os

agricultores colocarem a tecnologia a sua disposição. Essa tarefa exige que a extensão tenha

um serviço de consultas e de educação bem equipado e organizado (TIMMER, 1952), citado

por (MUBAI, 2014).

A Política Agrária refere que a actividade de extensão poderá proporcionar o aumento

da produtividade e da produção através da introdução ou aplicação de tecnologias adequadas.

Refere ainda que a actividade de extensão é desenvolvida pelo estado e por organizações não-

governamentais, organizações comunitárias, assim como por empresas privadas vocacionadas

(ORAM & ROSA, 2010).

A extensão tem, então, um papel de disseminar informações sobre legislações

ambientais entre as famílias e desenvolver uma assessoria de caráter educativo para ampliar a

consciência conservacionista e ambientalista da população, visando a formas sustentáveis de

agricultura. Para isso, uma forma é trabalhar em conjunto com os agricultores, fazendo uso de

seus conhecimentos e ajudar agricultores no processo de aprendizagem (não apenas transferir

conhecimentos) (ROMANIELLO & ASSIS, 2015).

A extensão pode ajudar os produtores a aumentar a produtividade da sua agricultura e,

sobretudo gerar e fortalecer sua autonomia e capacidade de iniciativa, no entanto, as origens

de uma mudança específica na produtividade são mais complexas e múltiplas do que é

comumente apreciado. Aumentar a produtividade envolve a necessidade de mudanças

estruturais (sociais, políticas, econômicas) e metodológicas, exige que os técnicos

extensionistas sejam também educadores (GHIZELINI, 2007).

Cultura de Milho

A cultura do milho (Zea mays L.) constitui um dos mais importantes cereais cultivados e

consumidos no mundo, por apresentar considerado potencial produtivo, composição química,

valor nutricional e multiplicidade de aplicações (matéria-prima para agroindústrias,

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alimentação humana e animal), assume relevante papel socioeconômico (FANCELLI &

NETO, 2004).

Para o caso particular de Moçambique, o milho é a principal cultura alimentar

produzida. O milho é importante uma vez que ajuda alcançar a segurança alimentar e é

importante para o sustento das pessoas que vivem nas áreas rurais, o crescimento da produção

de milho através de produtividade agrícola melhorada, em Moçambique estimulará o

crescimento em outros sectores económicos com os quais a agricultura tem ligações fortes

(PITORO et al., 2006).

Em Moçambique, a maior parte da produção é usado para consumo humano sendo uma

pequena fracção destinada a alimentação animal e a outra a indústria. Este cereal é cultivado

em todo país, desde os solos pobres e arenosos até aos ricos e argilosos. Em quase todas as

regiões, as populações cultivam milho durante todo ano, mas a principal época é a quente e

chuvosa, sendo feito investigações e libertação de variedades de milho com alto potencial de

rendimento adaptadas para as diferentes zonas agro-ecológicas por exemplo, a variedade

Matuba INSTITUTO DE INVESTIGAÇAO AGRÁRIA DE MOÇAMBIQUE (IIAM, 2011).

O milho, ocupa cerca de 1/3 da área total cultivada no país. Esta cultura tanto pode ser

considerada uma cultura alimentar básica assim como uma cultura de rendimento, sendo

produzida na região sul (nas províncias de Maputo, Gaza e Inhambane) principalmente para a

subsistência (MUDEMA et al., 2012).

Cultura de batata-doce

A batata-doce é uma raiz tuberosa que se pode classificar segundo o formato, tamanho,

cor interna, doçura, precocidade, cor das folhas e ate das flores. Segundo NIEDERWIESER

(2004), a batata-doce (Ipomea batatas) pertence a família convolvulácea é originária da

América Latina. Ela pode ser usada como forrageira na alimentação animal, na alimentação

humana e como matéria-prima na indústria para a produção de sumos, pães, doces e outros

derivados. A variação na sua coloração interna é o indicador de maior concentração de

betacaroteno, tido como maior precursor da vitamina A, isto é, quanto mais escura for a

tonalidade da cor interna, maior será a concentração de betacaroteno. A batata-doce que não

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apresenta coloração é conhecida como sendo de polpa branca, portanto, a cor constitui aqui

um dos importantes elementos de distinção entre as variedades.

2.1.Caractéristicas da agricultura em Moçambique

O sector agrário em Moçambique, é constituído essencialmente pelo sector familiar e

nas zonas rurais de Moçambique, a agricultura familiar é constituída essencialmente por

pequenas explorações (aquelas que cultivam menos de 5 ha), este sector concentra cerca de

99% das unidades agrícolas e ocupa mais de 95% da área cultivada no país. No concernente

ao uso de meios de produção e serviços, cerca de 16% das explorações contratam mão-de-

obra, apenas cerca de 11% usam rega dentro das pequenas explorações, em termos do uso de

insumos, somente 3.7% das pequenas explorações utilizam fertilizantes e 6.7% utilizam

pesticidas (SITOE, 2005).

De um modo geral em Moçambique, a produção agrícola é realizada por pequenos

agricultores, destinando grande parte da sua produção para o auto-consumo, a mão-de-obra, é

constituída principalmente pelo agregado familiar e, em tarefas que exijam maior quantidade

de trabalho, são utilizados esquemas tradicionais de entre ajuda, com meios de produção

rudimentares com o predomínio da enxada ESTRATÉGIAS DE COMERCIALIZAÇAO

AGRÍCOLA (ECA, 2006).

Apesar do fraco desenvolvimento da agricultura em Moçambique, o país possui um

grande potencial para médio e longo prazo para desenvolver uma agricultura que assegura um

crescimento sustentável. As zonas Norte e Centro de Moçambique possuem um bom

potencial agrícola e possuem bacias hidrográficas com regimes de escoamento mais

permanentes do que no Sul. A zona Sul é caracterizada por solos arenosos pobres e por um

regime de precipitação irregular e de baixas quantidades (SITOE, 2005).

A agricultura de subsistência é em geral de natureza familiar, é bem menos tecnificada,

conta com poucas possibilidades do emprego de tecnologias mais avançadas, resultando em

produtividade que em geral é sensivelmente mais baixa (PAERTERIANI, 2001).

A chuva constitui a principal fonte de disponibilidade de água para a agricultura

moçambicana, que é principalmente de sequeiro e orientada para a subsistência. Apesar disso,

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é cada vez mais generalizada a opinião de que o clima mudou muito no Sul do país, o que tem

repercutido na mudança no calendário agrícola (SITOE, 2010).

Os insumos melhorados como fertilizantes, sementes melhoradas e herbicidas são

raramente utilizados devido ao seu custo de aquisição. A produção de alimentos básicos,

constitui a principal fonte de subsistência do sector familiar, onde está sujeita a grandes

variações devido a incerteza do clima e a secas recorrentes. E um dos problemas principais

que afecta o sector agrário é a sua baixa produtividade que deve-se a combinação de alguns

factores, que incluem a aplicação de práticas de cultivo tradicionais e a baixa utilização de

insumos TRABALHO DE INQUÉRITO AGRÁRIO (TIA, 2008).

2.2.Agricultura de conservação

Segundo BARBITO (2015), A agricultura de conservação é um sistema agrícola que

utiliza um conjunto de técnicas agrícolas que têm como função proteger o solo da erosão,

melhorar a fertilidade do solo, aumentar a sua rentabilidade, contribuindo para a proteção do

meio ambiente, melhorando deste modo a sustentabilidade social.

Segundo NHANCALE (2010), Agricultura de conservação é um conjunto de práticas de

gestão de solo, água e culturas com o objectivo de aumentar a produtividade agrícola e ao

mesmo tempo conservando os recursos naturais.

A prática da agricultura de conservação consiste em fazer o uso da terra para a

agricultura sem revolver o solo. Assim, os resíduos das culturas anteriores permanecem sobre

a superfície do solo, e as sementeiras são feitas directamente sobre a cobertura morta (ORAM

& ROSA, 2010).

2.2.1.Princípios da agricultura de conservação

Segundo CALAGARI & TAIMO (2005), o sistema de agricultura de conservação vem

sendo desenvolvido em diferentes continentes, nas mais diversas regiões agro-ecológicas.

Este sistema é governado por alguns princípios fundamentais nas regiões do mundo onde se

desenvolve esta agricultura, e a sua aplicação pode promover benefícios conduzindo ao

desenvolvimento de uma agricultura sustentável que compõe-se basicamente em:

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Não remover o solo (distúrbio mínimo do solo), devendo efectuar a sementeira

directamente sobre o solo;

Manter o solo coberto o máximo possível;

Efectuar rotação de culturas e também plantas de cobertura, com maior diversificação e

consequentemente mais equilíbrio.

2.3.Técnicas de Produção na Agricultura de conservação

2.3.1.Maneio de Plantas de cobertura

As plantas de cobertura ao atingirem o pleno florescimento, os nutrientes se encontram

distribuídos em todas as partes da planta, sendo o momento recomendado para se fazer o

maneio. Em algumas situações onde se deseja que os resíduos permaneçam por mais tempo

sobre o solo, este maneio poderá ser retardado um pouco. Dessa forma, quando as plantas

atravessam a fase de crescimento vegetativo e entram na fase reprodutiva (florescimento e

enchimento de grãos), ocorre uma migração dos nutrientes das folhas e de outras partes da

planta para a inflorescência e, com isso principalmente pelo aumento das cadeias carbónicas,

os tecidos das plantas irão se tornando com uma maior relação C/N e assim com maior

presença de lignina torna-se mais difícil e demorada a decomposição desses resíduos no solo.

Por outro lado, caso o maneio das plantas seja efectuado antes do florescimento, a relação

carbono nitrogénio nos tecidos será menor (cadeias carbónicas menores) e, consequentemente

decomposição no solo será bem rápida. Isto, principalmente em função da oferta elevada de N

aos microorganismos, que assim multiplicam-se muito rapidamente e decompõe os resíduos

orgânicos em menor tempo (CALAGARI & TAIMO, 2005).

2.3.2.Preparo do Solo

São utilizadas algumas técnicas de manejo dos solos através das práticas de

conservação onde fundamenta-se a eliminação da queimada de restolhos, redução ou ausência

de revolvimento do solo através de operações como lavoura, aração, gradagens,

escarificações. Em sua cobertura permanente e na rotação de culturas torna-se possível manter

a fertilidade do solo e evitar problemas comuns, como erosão, compactação, degradação do

solo e redução no custo de produção. A conservação do solo consiste em dar o uso e o maneio

adequado das características químicas, físicas e biológicas do solo, visando a manutenção do

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equilíbrio ou recuperação através da incorporação de restos vegetais na superfície ou

parcialmente incorporados, com a função de aumentar o acréscimo de matéria orgânica nas

camadas do solo (ARF & BOLONHEZI, 2012).

A manutenção da cobertura do solo propícia o controle de plantas daninhas e

estabilização da produção, acúmulo de matéria orgânica no solo, que conjuntamente cria um

ambiente favorável e melhoram as características químicas, físicas e físico hídricas garantindo

a recuperação ou manutenção da qualidade do solo (MENEZES et al., 2009).

Cobertura morta

Consiste na utilização de restos culturais ou coberturas vegetais sobre solo, com o

objetivo de evitar o impacto das gotas da chuva. O fogo é a maneira mais fácil e econômica

do agricultor limpar uma área, combater certas pragas e doenças. Entretanto o fogo além de

diminuir a fertilidade do solo através da redução da matéria orgânica e perda de nutrientes

como N e S por volatilização, causa aumento da erosão devido ao fato de deixar o solo

desnudo e sujeito a acção directa da chuva (ARF & BOLONHEZI, 2012).

A cobertura permanente do solo com uma camada de resíduos vegetais (mulch) é de

extrema importância para o êxito do sistema de agricultura de conservação/sementeira directa.

A manutenção de um coberto permanente de resíduos homogeneamente distribuídos a

superfície, protege o solo contra a erosão provocada pelo impacto directo da gota de chuva,

ajuda no controlo de infestantes, possui um efeito positivo na conservação da humidade e

temperatura do solo, e contribui para a melhoria das características químicas (teor de matéria

orgânica), físicas e biológicas do solo (BARROS & FREXIAL, 2011).

2.3.3.Sementeira Directa

Sementeira directa é a técnica de colocação da semente em sulco ou cova em solo não

revolvido, com largura e profundidade suficiente para obter uma adequada cobertura e um

adequado contato da semente com o solo (ARF & BOLONHEZI, 2012).

Na agricultura de Conservação o ideal é semear directamente podendo recorrer a

enxada, pau afiado e matraca que facilita a sementeira directa e também usar a enxada para

retirar as ervas (CALAGARI & TAIMO, 2005).

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A sementeira directa implica a existência de resíduos na superfície do solo os quais

evitam ou diminuem a formação de crostas, assegura a existência de substâncias orgânicas na

superfície que fornecem os alimentos necessários para manutenção e desenvolvimento dos

organismos no solo, também uma melhor estrutura interna com poros contínuos que ligam a

superfície as camadas inferiores do solo, aumenta a infiltração da água e pelo facto de não

mobilizar o solo, aumentar a incorporação de resíduos, contribui em larga escala para

aumentar o teor de matéria orgânica e consequentemente melhorar a estrutura dos solos

(BARROS & FREXIAL, 2011).

2.3.4.Consorciação e Rotação de culturas

A consorciação e a rotação de cultura ajudam na fixação dos nutrientes do solo e

previnem o controlo de pragas e doenças. Isto é vantajoso no sentido em que ela garante a

diversidade de alimentos para consumo familiar, consequentemente contribui a queda de

preços no mercado, e isso pode gerar um impacto positivo na sustentabilidade social (KECK,

2011) citado por (BARBITO, 2015).

Normalmente é feita a consorciação de culturas de milho, mapira e feijão e é importante

a rotação de culturas com leguminosas para melhorar a qualidade do solo (CALEGARI &

TAIMO, 2005).

As leguminosas são importantes por que fornecerem nitrogênio através do processo de

fixação simbiótica das bactérias. As gramíneas devem ser incluídas como produtoras de

biomassa que, por fornecerem carbono, mantêm e aumentam o teor de matéria orgânica e

favorecem a microbiota benéfica ao solo. A adubação verde é realizada geralmente, com uma

leguminosa cultivada e cortada no início, ou antes de seu florescimento, e deixada sobre a

superfície do solo ou a ele incorporada. A terminologia adubos verdes vem sendo substituída

por cobertura verde do solo ou, simplesmente plantas de cobertura, em algumas regiões do

país (ARF &BOLONHEZI, 2012).

Rotação de culturas é praticada como meio de prevenir o surgimento de altas

populações de certas espécies de plantas daninhas mais adaptáveis a uma determinada cultura.

Cada cultura agrícola é geralmente infestada por plantas daninhas que possuem as mesmas

exigências da cultura e apresentam os mesmos hábitos de crescimento. Quando são aplicadas

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as mesmas culturas seguidas, ano após ano no mesmo solo, a associação plantas

daninhas/cultura tende a multiplicar-se rapidamente, aumentando sua interferência sobre

acultura. Para escolher uma planta para fazer rotação, deve-se escolher plantas com

características culturais e hábito de crescimento bastante contrastantes (IDO & OLIVEIRA,

s/d).

2.3.5.Fertilizantes

A compostagem é o processo biológico de tratamento dos resíduos orgânicos, através do

qual o material orgânico é transformado, pela acção de microrganismos, em material

estabilizado e utilizável na preparação de correctivos orgânicos do solo e de substratos para as

culturas. O objectivo da compostagem é converter o material orgânico que não está em

condições de ser incorporado no solo num material que é admissível para misturar com o solo.

A compostagem pode ser conduzida de diversas formas: em grandes instalações centralizadas

com matéria orgânica recolhida selectivamente, em explorações agrícolas ou agro-pecuárias e

em pequenas unidades de carácter familiar (compostagem doméstica) (MUNICÍPIO DE

TERRAS DE BOURO, 2006).

Os fertilizantes usados em AC são os fertilizantes orgânicos que compreendem produtos

de origem animal ou vegetal. Os seus custos são insignificantes porque são preparados de

acordo com os recursos locais disponíveis como: estrume de animais, terra, plantas verdes,

restos de comida da cozinha e água (para o composto) e estrume de animais e água para o

fertilizante líquido (KECK, 2011) citado por (BARBITO, 2015).

Fertilizantes biológicos ou orgânicos são que compreendem produtos de origem animal

ou vegetal como restos de culturas (palhas, ramos, folhas), extratos de plantas (caldas à base

de vegetais), estercos de animais e microorganismos encontrados no ambiente natural. Os

restos de culturas, quando incorporados no solo, têm uma decomposição mais rápida,

liberando os nutrientes neles contidos (ARF & BOLONHEZI, 2012).

Os materiais utilizados para a compostagem podem ser divididos em duas classes:

materiais ricos em carbono e materiais ricos em azoto. Entre os materiais ricos em carbono

podemos considerar os materiais lenhosos como a casca de árvores, aparas de madeira e o

serrim, as podas dos jardins, folhas das árvores, palhas fenos, e papel. Entre os materiais

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azotados incluem-se as folhas verdes, estrumes animais, urinas, restos de plantas hortícolas,

erva (MUNICÍPIO DE TERRAS DE BOURO, 2006).

2.3.6.Controlo de infestantes

As plantas de cobertura e seus resíduos, através da formação de cobertura morta e pelos

seus efeitos físicos e químicos (aleopáticos) afectam qualitativa e quantitativamente distintas

infestações de espécies invasoras. Espécies como: mucunas, feijão bóer, mexoeira, crotalaria

juncea, calopogônio, feijão de porco, aveia preta, centeio, azevém, ervilhacas, nabo

forrageiro, etc. tem comprovado seus efeitos no controle de diferentes espécies de plantas

invasoras. Sendo indicado o uso e manejo dessas espécies em rotação quando se pretende

diminuir populações de algumas invasoras (CALEGARI & TAIMO, 2005).

Caso a quantidade de infestantes de folha larga (dicotiledóneas) seja muito elevada e já

numa fase avançada do seu desenvolvimento, o agricultor poderá optar por misturar o

glifosato com um herbicida hormonal, o que poderá aumentar a eficiência no control

(BARROS & FREXIAL, 2011).

A dose a aplicar dependerá do tipo, da quantidade, e do estádio de desenvolvimento das

infestantes presentes, mas para culturas de Outono/Inverno, a dose normalmente utilizada é de

1 a 1,5 L ha-1 (com uma concentração de glifosato de 360 gramas por litro de produto), para

um volume de calda igual ou inferior a 100 L ha-1. De salientar que este herbicida aumenta a

sua eficácia até um volume de calda de 60 L ha-1. O controle integrado pode ser realizado

através de herbicidas (glifosato) + plantas de cobertura eficientes tais como: Mucuna + lablab

– óptimos resultados foram alcançados na Suazilândia no controle de Cynodon com o uso de

Roundup, seguidos de cobertura por plantas de mucuna + lablab (FAO, 2005) citado por

(CALEGARI & TAIMO, 2005).

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2.3.7.Maneio de pragas e doenças

Urina de vaca

Pode-se misturar 3 litros do sumo de plantas + 5 litros da urina fermentada + 100 litros

de água e pulverizar em 1 hectare. Esta mistura irá controlar pragas (lagartas, ácaros,

gafanhotos, trips, brocas, cigarrinhas, vaquinhas, lagarta do cartucho do milho (Spodoptera

frugiperda) e outras pragas, também irá funcionar como fungicida e bio-fertilizante (presença

de nutrientes e substancias que activam enzimas activando o metabolismo das plantas e,

promovem um rápido crescimento das plantas). A urina após colectada dos animais é deixada

em meio anaeróbico em torno de 20-30 dias. Após isso é retirada e utilizada na mistura acima.

É recomendável a aplicação sobre milho, feijão e outras culturas logo após a sua germinação,

e uma nova aplicação aos 20 dias da semeadura, o que irá favorecer o controlo das pragas e o

rápido crescimento das plantas (CALEGARI & TAIMO, 2005).

A Rotação de culturas e consorciação é eficiente no controle de pragas e doenças mais

específicas nas culturas, e é recomendado para o controle da maioria das doenças das plantas.

O uso de sementes sadias é uma prática importante no controle de doenças transmitidas por

sementes, e o controle mecânico é utilizado em pequenas áreas, consiste na catação manual

das pragas (ARF &BOLONHEZI, 2012).

2.3.8.Colheita

Ao colher a cultura principal os agricultores deixam os respectivos resíduos e a cultura

de cobertura no campo. Isto protege o solo do sol e da chuva e permite controlar ainda mais as

ervas daninhas (CALEGARI & TAIMO, 2005).

2.4.Importância da Agricultura de Conservação

As inúmeras experiências de agricultores e resultados obtidos por pesquisas mostram

que o sistema de agricultura de conservação, é importante porque promove a conservação e

recuperação dos solos, aproveita melhor a humidade, e equilíbrio dos nutrientes, melhora a

capacidade produtiva do solo, diminui os custos de produção e diminuição da pobreza no

meio rural. A melhoria dos processos de uso do solo, maneio do solo, e manutenção da

capacidade produtiva do mesmo, é um meio de viabilizar a manutenção da família de forma

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sustentável e compatível tanto com os recursos naturais sob o ponto de vista de qualidade

ambiental, assim como no aspecto socio-económico, no aspecto de segurança alimentar e

qualidade de vida dos camponeses (CALAGARI & TAIMO, 2005).

2.5.Desafio para a Agricultura de Conservação

A agricultura de Conservação tem o potencial de melhorar a vida dos agricultores, mas

o seu sucesso não é automático é possível enfrentar vários desafios dos quais se podem

destacar segundo (CALAGARI & TAIMO, 2005):

Mudança de atitude: Passar para a agricultura de conservação envolve uma mudança

fundamental de atitude. Por exemplo os agricultores devem deixar as suas práticas

tradicionais de preparar a terra com enxada ou charrua e pelo contrário, confiar na

lavoura biológica, pelas raízes de plantas e os microrganismos do solo;

Resto de Culturas: Manter o solo coberto é importante na agricultura de conservação,

porém pode ser difícil por que os agricultores dão utilidade aos restos das culturas como

forragem para cobertura do teto, combustível e como alimento para animais. Se for para

manter o solo coberto, os agricultores terão de proteger os seus campos e encontrar

fontes alternativas de combustível e forragem;

Outros desafios: pode ser difícil para os agricultores trabalhar em grupos, formar

organizações ou conseguir o apoio que precisam para iniciar a práctica da agricultura de

Conservação.

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III. METODOLOGIA

3.1.Descrição da área de estudo:

Limites

A presente pesquisa foi realizada na localidade de Golo, distrito de Homoíne que situa-

se a oeste da província de Inhambane, cerca de 87km da capital provincial, tendo como

limites o distrito de Funhalouro a Norte, o distrito de Jangamo a sul, a cidade da Maxixe a

Este, o distrito de Panda a Oeste e o distrito de Morrumbene a Nordeste MINISTÉRIO DA

ADMINISTRAÇÃO ESTATAL (MAE, 2005).

Divisão administrativa

O distrito possui dois postos administrativos: Sede e Pembe, em que por sua vez o posto

administrativo de Sede possui 7 localidades a destacar: Vila de Homoíne, Manhiça,

Inhamússa, Golo, Mubécua, Chindjinguir e Chizapela e o posto de Pembe pelas seguintes

localidades: Pembe e Nnhaulane (MAE, 2005).

3.1.1.Clima e Hidrografia

O clima do distrito é dominado por zonas do tipo tropical seco-árido, com uma

precipitação média anual na ordem dos 800mm e é banhado pelos rios Dom-Dom, Nhanombe,

Nhalihave e alguns cursos de água que nascem no distrito, e tem duas Lagoas: Pembe e

Nhavarre. A vegetação é típica de clima Tropical, predominando a vegetação de savana,

destacando-se uma cobertura de coqueiros na zona sul, nomeadamente nas localidades de

Manhiça, Chindjinguir, Golo e Inhamússa. A norte da zona interior é caracterizada pela

ocorrência de solos delgados e característicos da cobertura arenosa de espessura variável. Tais

condições são agravadas pela grande irregularidade da quantidade de precipitação ao longo da

estação chuvosa e por conseguinte a ocorrência de frequentes períodos secos durante o

período de crescimento das culturas (MAE, 2005).

3.1.2.Economias e Serviços

A agricultura é a actividade dominante e envolve quase todos os agregados familiares

comparativamente aos outros distritos, agricultura é practicada em regime de sequeiro e

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manualmente em pequenas explorações familiares e em regime de consociação de culturas

com base em variedades locais como milho, mandioca, feijão-nhemba, amendoim, batata-

doce, arroz, mapira e feijão-manteiga. O fomento pecuário tem fraco potencial, porém o

investimento privado e a tradição na criação de gado e uso de tracção animal, conduziram ao

crescimento do efectivo bovino de sete mil cabeças em 2000, para cerca de 8.600 em 2004.

As doenças e a falta de fundos e de serviços de extensão, são os principais obstáculos ao seu

desenvolvimento. O distrito mantém ligações comerciais com outros distritos e província, os

produtos são transaccionados principalmente nos mercados locais, mas também nos distritos

locais. (MAE, 2005).

3.1.3.Caracterização do grupo alvo

O grupo alvo é composto por 25 agricultores, sendo 18 mulheres e 7 homens que

practicam a AC desde a segunda campanha agrícola de 2012, e encontram-se organizados em

grupos de 25 agricultores para facilitar o trabalho dos técnicos de extensão onde dedicam-se a

prácticas de culturas como: Milho, Feijão nhemba, amendoim, mandioca, arroz, hortícolas e

batata-doce.

3.2.Amostragem

É o procedimento pelo qual um grupo de pessoas ou um subconjunto de uma população

é escolhido com vista a obter informações relacionadas com um fenómeno, e de tal forma que

a população inteira que interessa esteja representada. O Plano de amostragem serve para

descrever a estratégia a utilizar para seleccionar a amostra. Este plano fornece os detalhes

sobre a forma de proceder relativamente a utilização de um método de amostragem para

determinado estudo (POCINHO, 2009).

3.2.1.Seleção da amostra

Para a seleção da amostra recorreu-se a amostragem não-probabilística por tipicidade ou

intencional, onde de acordo com GIL (2008), a amostragem não probabilística por tipicidade

ou intencional consiste em seleccionar um subgrupo da população que, com base nas

informações disponíveis, possa ser considerado representativo de toda a população, entretanto

requer considerável conhecimento da população e do subgrupo selecionado. Por sua vez

MARCONI & LAKATOS (2003), fundamentam que neste tipo de amostragem o pesquisador

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interessa-se com a opinião de determinados elementos da população por mais que não seja

representativa da mesma admitindo que estes possam de alguma forma representar o universo.

3.2.2.1.Definição do Tamanho da Amostra

Para obtenção do tamanho da amostra representativa nesta pesquisa, obedeceu-se a ideia

de MATAKALA & MACUCULE (1998), onde afirmam que a amostragem mínima para o

estudo depende do número total da população ou universo. Define-se 15% da amostra se a

população total abrangida não for superior a 100, 10% se estiver no intervalo de 100 a 500 e

5% se for superior a 500.

Para definição do tamanho da amostra, retirou-se 10% do universo de 250 agricultores,

tendo-se obtido 25 agricultores como representativos e foram entrevistados 2 técnicos de

extensão o que totalizou uma amostra de 27 entrevistados. Com base na amostra foi possível

obter dados necessários para prosseguir com a pesquisa através dos resultados obtidos na

entrevista. Da amostra extraída, os agricultores foram agrupadas de acordo com a tabela

abaixo.

Tabela n° 1: Agricultores entrevistados (Idade e sexo).

Número de agricultores entrevistados

Idade Feminino Masculino

Jovens (18-35) 9 2

Adultos (36-59) 7 5

Idosos (60 em diante) 2 0

Fonte: Autora (2016), com base nos dados da pesquisa.

3.3.Técnica de colecta de dados

Para a colecta de dados recorreu-se aos seguintes procedimentos técnicos: Revisão

bibliográfica, observação directa e entrevistas semi-estruturadas, onde segundo GIL (2008), a

escolha destes métodos na pesquisa, deve-se ao facto destes, auxiliarem o investigador na

compreensão clara das percepções e os discursos dos indivíduos entrevistados, num contexto

social em que estes estão inseridos.

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3.3.1.Revisão Bibliográfica

Segundo SANTOS (2012), a revisão bibliográfica visa demonstrar o estágio actual da

contribuição académica em torno de um determinado assunto. Ela proporciona uma visão

abrangente de pesquisas e contribuições anteriores, conduzindo ao ponto necessário para

investigações futuras e desenvolvimento de estudos posteriores.

A revisão bibliográfica na presente pesquisa consistiu, na busca de conjunto de

informações acumuladas de diversas fontes como manuais e monografias já publicadas com

vista a auxiliar em matéria de conhecimento acerca da contribuição dos serviços de extensão

no âmbito da implementação da AC. Com base nas informações adquiridas foi possível

discutir ideias de diversos autores com a real situação do campo.

3.3.2.Observação Directa

A observação directa pode ser conceptualizada como a utilização dos sentidos na

obtenção de dados de determinados aspectos da realidade, onde o pesquisador presencia o

facto, mas não participa. Consiste na observação e no registo por parte do entrevistador de um

ou mais indivíduos, relativamente a uma ou mais características que se pretende estudar

(SERRA, 2003).

Baseando-se nas definições da observação directa, os dados foram colectados mediante

a observação directa no campo dos agricultores, onde através desta foi possível visualizar a

realidade da produção dos agricultores e registar os dados necessários para avaliar a

contribuição dos serviços de extensão no âmbito da implementação da AC na localidade de

Golo.

3.3.3.Entrevistas Semi-Estruturadas

De acordo com UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL (UFRGS,

2009), esta constitui uma técnica alternativa, para se colectarem dados não documentados

sobre determinado tema. É uma técnica de interacção social, uma forma de diálogo

assimétrico, em que uma das partes busca obter dados, e a outra se apresenta como fonte de

informação. Na entrevista semi-estruturada o pesquisador organiza um conjunto de questões

(roteiro) sobre o tema que está sendo estudado, permite e as vezes até incentiva que o

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entrevistado fale livremente sobre assuntos que vão surgindo como desdobramentos do tema

principal.

A entrevista semi-estruturada tornou-se possível através do contacto directo com os 25

agricultores e 2 técnicos de extensão, que forneceram dados necessários, por meio da

combinação de perguntas abertas e fechadas, o que possibilitou maior aprofundamento das

questões levantadas, além do que foi estruturado ou previsto.

3.4.Análise de dados

Para o procedimento analítico das informações teve-se como base de suporte da análise

qualitativa e quantitativa. Usou-se o método qualitativo para analisar a percepção, e opinião

dos agricultores nas respostas similares e diferentes dadas durante a entrevista em relação a

AC para facultar as conclusões e o método quantitativo foi usado para agrupar os dados no

Excel de modo a efectuar o cálculo das percentagens com vista de construir gráfico, tabelas,

permitindo desta forma a interpretar os resultados.

3.4.1.Coincidência de padrões

De acordo com MATAKALA & MACUCULE (1998), esta técnica, envolve a junção

de respostas e situações similares verificadas no campo durante a recolha de dados e

explicação das diferenças tirando-se assim as conclusões relevantes.

Esta técnica, foi usada para análise das respostas fornecidas no acto da entrevista aos

agricultores que practicam a AC, onde foram selecionadas respostas similares e respostas

diferentes com vista a reiterar as respectivas conclusões.

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IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1.Características da agricultura de conservação praticada na localidade de Golo

Durante a pesquisa de campo que decorreu na localidade de Golo, constatou-se que a

AC é practicada pelos agricultores do sector familiar, por pequenos agricultores em áreas

estimadas entre 1ha a 1,5ha, onde a produção é destinada ao autoconsumo e dependem

essencialmente da produção de alimentos para a sua subsistência. A mão-de-obra é muitas

vezes composta pelos agregados familiares através da divisão de tarefas, produzindo culturas

como milho, mapira, feijão nhemba, batata-doce e amendoim. Quanto aos instrumentos de

produção, o uso da enxada é bastante expressiva sendo usada por 23 agricultores

correspondentes a 92%, e os restantes 2 agricultores que correspondem a 8%, recorrem a

tracção animal.

Os resultados vão de com SITOE (2005), quando afirma que o sector agrário em

Moçambique, é constituído essencialmente pelo sector familiar e nas zonas rurais de

Moçambique, a agricultura familiar é constituída essencialmente por pequenas explorações

(aquelas que cultivam menos de 5 ha) e sustentada ainda por ECA (2006), ao dizer que de um

modo geral, em Moçambique, a produção agrícola é realizada por pequenos agricultores,

destinando grande parte da sua produção ao auto-consumo, a mão-de-obra é constituída

principalmente pelo agregado familiar, e em tarefas que exijam maior quantidade de trabalho,

são utilizados esquemas tradicionais de entre ajuda, com meios de produção rudimentares

com o predomínio da enxada.

Em relação a rega, 10 agricultores correspondentes a 40% usam rega manual, com

recurso a regador, 13 agricultores correspondentes a 52% produzem em regime de sequeiro,

dependendo desta forma das chuvas para efeito da rega, o que contribui para baixa produção

pois verificam-se chuvas irregulares e consequentemente atrasos da sementeira durante as

épocas agrícolas, por que os agricultores esperam a chuva para realizar a sementeira e 2

agricultores correspondentes a 8% usam rega por gravidade, onde tem sido abastecido pelo rio

nhanombe.

Os resultados expostos convergem com SITOE (2010), ao referir que a chuva constitui

a principal fonte de disponibilidade de água para a agricultura moçambicana, que é

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principalmente a de sequeiro orientada para a subsistência. Apesar disso, é cada vez mais

generalizada a opinião de que o clima mudou muito no Sul do país, o que tem repercutido na

mudança no calendário agrícola. Na mesma visão os resultados expostos vão em

conformidade com SITOE (2005), ao enfatizar que as zonas Norte e Centro de Moçambique

possui um bom potencial agrícola e possuem bacias hidrográficas com regimes de escoamento

mais permanentes do que no Sul. A zona Sul é caracterizada por solos arenosos pobres e por

um regime de precipitação irregular e de baixas quantidades.

4.2.Actividades disseminadas pelos serviços de extensão no âmbito da implementação da

agricultura de conservação na localidade de Golo.

4.2.1.Preparo do Solo

Segundo a pesquisa, na localidade de Golo o técnico de extensão recomendou aos

agricultores que a técnica do preparo do solo deve ser feita através da incorporação de

restolhos, onde são deixados na superfície do solo, para sua decomposição e

consequentemente aumento da matéria orgânica nas camadas do solo, evitando desta forma a

realização da lavoura ou revolvimento do solo e a queima de restolhos, Mas no entanto

verificou-se que 23 agricultores correspondentes a 92% usam esta técnica recomendada pelo

extensionista e 2 agricultores correspondentes a 8% continuam usando tracção animal e

fazendo a queima de restolhos na superfície do solo.

Os resultados vão de acordo com ARF & BOLONHEZI (2012), o afirmar que são

utilizadas algumas técnicas de manejo dos solos através das práticas de conservação onde

fundamenta-se a eliminação da queimada de restolhos, redução ou ausência de revolvimento

do solo através de operações como lavoura, aração, gradagens, escarificações. Em sua

cobertura permanente e na rotação de culturas torna-se possível manter a fertilidade do solo e

evitar problemas comuns, como a erosão, compactação, desagregação do solo e redução no

custo de produção e os restos vegetais na superfície ou parcialmente incorporados, podem

levar ao acréscimo de matéria orgânica nas camadas do solo.

4.2.2.Adubação de fundo

De acordo com a pesquisa, o técnico de extensão disseminou a técnica da adubação de

fundo, que consiste na abertura de covachos para efeito de deposição de estercos de animais e

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água no covacho para os agricultores que fazem rega, e para o caso dos agricultores que

produzem em regime de sequeiro depositam no covacho e esperam as chuvas para efeito de

decomposição do mesmo para de seguida realizar a sementeira. Sendo assim constatou-se que

22 agricultores correspondentes a 88% practicam a adubação orgânica de acordo com a

recomendação do técnico de extensão e 3 agricultores correspondentes a 12% fazem a

adubação misturando adubos orgânicos e inorgânicos (NPK).

As constatações feitas convergem com (KECK, 2011), citado por BARBITO (2015), ao

dizer que os fertilizantes usados em AC são os fertilizantes orgânicos que compreendem

produtos de origem animal ou vegetal. Os seus custos são insignificantes porque são

preparados de acordo com os recursos locais disponíveis como: estrume de animais, terra,

plantas verdes, restos de comida da cozinha e água (para o composto), estrume de animais e

água para o fertilizante líquido.

4.2.3.Sementeira directa

Segundo dados da pesquisa verificou-se que o técnico de extensão, recomendou aos

agricultores que para a realização da sementeira directa abrem-se os covachos com recurso a

enxada ou pau afiado e introduz-se a semente depois tapa-se, e que para a sementeira directa o

melhor compasso para milho é de 90 por 50 cm e 75 por 60cm, para cultura de batata-doce 90

por 90cm onde nesse processo é feita a consociação com culturas como milho, mapira, feijão

nhemba e amendoim.

As constatações feitas durante a pesquisa convergem com CALAGARI & TAIMO

(2005), quando diz que na agricultura de conservação o ideal é semear directamente podendo

recorrer a enxada, pau afiado e matraca que facilita a sementeira directa e que normalmente é

feita a consorciação de culturas como milho, mapira, feijão e é importante a rotação de

culturas com leguminosas para melhorar a qualidade do solo.

4.2.4.Controle fitossanitário

Durante a pesquisa constatou-se que o técnico de extensão difundiu técnicas para

maneio de pragas e doenças, onde é feito através da rotação de culturas e consorciação (milho,

feijão nhemba, amendoim e mapira) o que contribui para redução da resistência de inimigos

naturais de pragas. Pode ser feito o controlo manual que consiste na captação e incineração

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das plantas e ou folhas atacadas e também pode se fazer o preparo do pesticida natural através

de uma proporção de 1kg de folhas de ceringueira pilada com 200g de alho para 1litro de água

com sabão líquido, deixando-as em molho por um período de 24horas, depois filtra-se e mete-

se num pulverizador e aplica-se nas culturas como insecticida repelente.

Os resultados convergem com (ARF & BOLONHEZI, 2012), quando afirma que a

rotação de culturas e consorciação é eficiente no controle de pragas e doenças mais

específicas das culturas é e recomendado para o controle da maioria das doenças de plantas e

o controle mecânico é utilizado em pequenas áreas, consiste na catação manual das pragas.

Figura n° 1: Técnicas disseminadas pelos serviços de extensão.

Fonte: Autora (2016), com base nos dados da pesquisa.

0

5

10

15

20

25

Preparo do

solo

Adubação de

fundo

Sementeira

directa

Controlo

fitossanitário

23 22

25 25

2 3

TÉCNICAS DISSEMINADAS

Número de gricultores

praticantes

Número agricultores não

praticantes

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4.3.Comparação dos níveis de produção das culturas de (Milho e Batata-doce)

produzidas na Agricultura de conservação antes e depois da assistência dos serviços de

Extensão na localidade de Golo.

Tabela n° 2: Quantidade de Milho e batata-doce em ton/ha antes e depois da assistência.

Aréa/ha

Nr de

agric. %

Quantidade (ton)/ha

Antes da assistência

técnica

Quantidade (ton)/ha

Depois da assistência

técnica

Milho Batata-doce Milho Batata-doce

0,25 10 40 0,21 0,20 0,25 0,25

0,5 11 44 0,28 0,25 0,33 0,35

0,5-1 4 16 0,35 0,30 0,40 0,45

Total 25 100 0,84 0,75 0,98 1,05

Fonte: Autora (2016) com base nos dados da pesquisa

De acordo com a tabela acima, 10 Agricultores que correspondem a 40% produzem

milho numa área de 0,25ha onde antes da assistência técnica obtiveram apenas 0,21 ton/ha e

depois da assistência houve um aumento ligeiro para 0,25ton/ha e 11agricultores

correspondentes a 44% que produzem em uma área de 0,5ha obtiveram 0,28 ton/ha antes da

assistência e depois houve um aumento para 0,33 ton/ha, e por fim 4 agricultores

correspondentes a 16% que produzem num intervalo de 0,5-1ha obtiveram antes da

assistência técnica 0,35ton/ha e depois da assistência técnica houve um aumento considerável

para 0,40 ton/ha.

Para o caso da batata-doce de acordo com os resultados da pesquisa 10 agricultores

correspondentes a 40% produzem batata-doce numa área de 0,5 ha onde antes da assistência

técnica obtiveram 0,20 ton/ha e depois da assistência houve um aumento ligeiro 0,25 ton/ha,

11 agricultores correspondentes a 44% obtiveram 0,25 ton/ha antes da assistência técnica e

depois da assistência técnica houve um aumento para 0,35 ton/ha produzindo numa área de

0,5ha e por fim 4 agricultores correspondentes a 16% que produzem num intervalo de 0,5-1ha

a produção obtida antes da assistência técnica foi de 0,30 ton/ha e depois da assistência houve

um aumento considerável para 0,45 ton/ha devido a implementação da AC e das orientações

transmitidas pelos dos serviços de extensão aos agricultores.

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As baixas produções verificadas antes da assistência estiveram relacionadas a razões

como chuvas irregulares que comprometeram a produção dos agricultores que produzem em

regime de sequeiro e baixo nível de matéria orgânica e depois da assistência técnica houve um

aumento nas quantidades produzidas de milho e batata-doce devido a influência das técnicas

disseminadas pela equipe de extensão e a implementação da AC, que contribuiu para o

aumento da produção, consecutivamente garantir a segurança alimentar das famílias através

da implementação das técnicas disseminadas aos agricultores.

Este cenário vai ao encontro com o estudo levado a cabo por SWANSON (1991),

quando diz que nos países em desenvolvimento, há uma tendência dos serviços de extensão

rural ajudarem as comunidades locais a aumentarem seus campos de produção e

respectivamente o aumento dos seus rendimentos, mesmo com défice de recursos. Na mesma

visão GASPAR (2010), afirma que o agente de extensão é o agente de mudança, ele intervém

para promover a mudança, de modo a melhorar a vida dos agricultores e das suas famílias e

associado ainda a ideia de BARBITO (2015), quando diz que a agricultura de conservação é

um sistema agrícola que utiliza um conjunto de técnicas agrícolas que têm como função

proteger o solo da erosão, melhorar a fertilidade do solo, aumentar a sua rentabilidade,

contribuindo para a proteção do meio ambiente, melhorando deste modo a sustentabilidade

social.

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V. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

5.1.Conclusões

De acordo com os resultados obtidos na pesquisa, foi possível concluir que na

localidade de Golo o sector familiar tem-se empenhado na implementação da AC que é uma

agricultura que ajuda na sustentabilidade do solo, e requer menos trabalho ou prácticas

culturais desde a sementeira até a colheita.

No âmbito da implementação da AC, o extensionista difundiu actividades relacionadas

ao preparo do solo, sementeira directa, adubação de fundo e controlo fitossanitário. Ela tem

desempenhado um papel preponderante na garantia da segurança alimentar das famílias

rurais, a medida em que de acordo com os dados do inquérito verificou-se um aumento de

0,14 ton/ha nos níveis de produção de milho e um aumento de 0,3 ton/ha na cultura de batata-

doce depois da assistência técnica, practicando a agricultura de conservação.

Foi possível constatar que novas formas de produção são investidas no sector agrícola

por meio dos serviços de extensão, onde verifica-se que o processo de implementação na sua

totalidade, dessas formas de produção constitui ainda um desafio aos agricultores devido os

constrangimentos que acompanham esse processo.

Como forma de responder a pergunta de partida feita constatou-se que os serviços de

extensão tem contribuído bastante para o processo de disseminação de novas formas de

produção visto que os agricultores tem apostado na implementação da mesma e

consecutivamente nota-se um aumento gradual da produção, devido a eliminação de prácticas

agrícolas que contribuíam para a degradação dos solos optando-se desta forma pelas prácticas

que visam a sustentabilidade do solo e aumento da capacidade produtiva uma vez que a

agricultura é o sector de actividade de maior ocupação para as famílias rurais.

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5.2.Recomendaçoes

Aos extensionista:

Contínuo supervisionamento das actividades realizadas pelos agricultores;

Incentivar os agricultores em relação ao aumento das áreas de produção;

Sensibilizar líderes comunitários e comunidade sobre a importância e benefícios de AC.

Aos agricultores:

Colaboração e participação efectiva nas actividades desenvolvidas pelos técnicos de

extensão;

Implementação efectiva das actividades disseminadas pelos técnicos na produção

agrícola usando a AC, com vista a aumentar os níveis de produção e garantir a

segurança alimentar.

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VI. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ANDERSON, J. & FEDER, G. (2003). Rural Extension Services. Policy Research

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ALAGE, A. & NHANCALE, I. (2010). An Overview of Public Extension Services in

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BARROS, J. F. C, & FREIXIAL, R. M. C. (2011). Agricultura de conservação, Évora.

BARROS,J. F. C. & CALADO, J. G. (2014). Cultura do Milho, Évora.

BARBITO. A, (2015). Agricultura de conservação e sua sustentabilidade. Beira.

Moçambique.

CONSELHO DE MINISTROS. (2006). Estratégia de comercialização agrícola para

(2006-2009). 2ª ed.

DEVES, O, D & FILIPPI, E. E. As experiências das políticas agro-alimentares locais

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DIRECÇÃO NACIONAL DE EXTENSÃO AGRÁRIA (DNEA). (2008). Glossário

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Avaliação do contributo dos serviços de Extensão no âmbito da implementação da agricultura de conservação na

localidade de Golo-distrito de Homoíne

Licenciatura em Comunicacao e Extensão Rural Página 32

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Avaliação do contributo dos serviços de Extensão no âmbito da implementação da agricultura de conservação na

localidade de Golo-distrito de Homoíne

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Apêndices

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I

Apêndice 1: Guião de entrevista dirigido aos Agricultores

Curso: Comunicação e Extensão Rural

Guião de entrevista dirigido aos Agricultores da Localidade de Golo.

Data do inquérito_______/______/_______

Sexo: Masculino_____________ Feminino____________

Nome: _____________________________________________

1. Descrever as actividades levadas a cabo pelos serviços de extensão no âmbito da

implementação da agricultura de conservação.

1.1.Tem participado nas actividades realizadas pelos serviços extensão?

Sim_____; Não_____;

1.2.Que actividades têm sido desenvolvidas pelos serviços de extensão no âmbito da

implementação da agricultura de conservação?

1.2.1Descreva como são feitas as actividades.

R:_________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

2.Caracterizar a Agricultura de conservação praticada na localidade de Golo.

2.1. Qual é o tipo de agricultura que pratica?

R: Familiar_____; convencional_____;

2.2.Qual é o sistema de cultivo que practica?

R: Monocultura____; Policultura____;

2.3.que tipo de rega usa?

R: Manual____; Aspersão____; Sulco/Gravidade____; Gota á gota____;

2.4.que tipo de instrumentos usa para a lavoura?

R:Enxada____;Tractor_____; Tracção animal_____;

3. Comparar os níveis de produção antes e depois da assistência dos serviços de extensão

Antes Depois

3.1.Quantos hectares possui por área de

produção milho?

R: 0,5ha___0,5-1ha___1-2ha ___2-

3ha____3- 4ha___

Quantos hectares possui por área de

produção milho?

R: 0,5ha___0,5-1ha___1-2ha ___2-

3ha____3- 4ha___

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II

3.2.Qual é a produção (Milho) que obtinha

por área de produção?_________ton/ha

Qual é a produção (Milho) que obtinha por

área de produção?_________ton/ha

3.3.Quantos hectares possui por área de

produção de batata-doce?

R: 0,5ha___0,5-1ha___1-2ha ___2-

3ha____3- 4ha___

Quantos hectares possui por área de

produção de batata-doce?

R: 0,5ha___0,5-1ha___1-2ha ___2-

3ha____3- 4ha___

3.4.Qual é a produção (Batata-doce) que

obtinha por área de produção?

R:__________ton/ha

Qual é a produção (Batata-doce) que

obtinha por área de produção?

R:___________ton/ha

3.5.Quanto tempo armazenava o milho

para consumo?

2 Meses___; 2 á 3 meses___; 3 á 4meses___;

4 á 5 meses___; 5 á 6 meses___;

Quanto tempo armazenava o milho para

consumo?

2 Meses___; 2 á 3 meses___; 3 á 4meses___;

4 à 5 meses___; 5 á 6 meses___;

3.5.Quanto tempo armazenava a batata-

doce para consumo?

2 Meses___; 2 á 3 meses___; 3 á 4meses___;

4 á 5 meses___; 5 á 6 meses___;

Quanto tempo armazenava a batata-doce

para consumo?

2 Meses___; 2 á 3 meses___; 3 á 4meses___;

4 á 5 meses___; 5 á 6 meses___;

3.6. Existe outra actividades que faça para ganhar dinheiro?

Sim____; Não____;

3.6.1 Se sim. Qual é?

R:

__________________________________________________________________________

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III

Apêndice n°2: Guião de entrevista dirigido aos Extensionista

Curso: Comunicação e Extensão Rural

Guião de entrevista dirigido aos Extensionista

Data do inquérito_______/______/_______

Sexo: Masculino_____________ Feminino____________

1. Descrever as actividades levadas a cabo pelos serviços de extensão no âmbito da

implementação da agricultura de conservação.

1.2.Que actividades têm sido desenvolvidas pelos serviços de extensão no âmbito da

implementação da agricultura de conservação?

1.2.1Descreva como são feitas as actividades.

R:_________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

2.Caracterizar a agricultura de conservação praticada na localidade de Golo- distrito de

Homoíne.

R:_________________________________________________________________________

3.Comparar os níveis de produção antes e depois da assistência dos serviços de extensão

3.1.Quantos hectare possui por área de

produção milho?

R: 0,25ha___0,5-1ha___1-2ha ___2-

3ha____3- 4ha___

Quantos hectare possui por área de

produção milho?

R: 0,25ha___0,5-1ha___1-2ha ___2-

3ha____3- 4ha___

3.2.Qual é a produção (Milho) que obtinha

por área de produção?_________ton/ha

Qual é a produção (Milho) que obtinha por

área de produção?_________ton/ha

3.3.Quantos hectares possui por área de

produção de batata-doce?

R: 0,25ha___0,5-1ha___1-2ha ___2-3ha____

3- 4ha___

Quantos hectares possui por área de

produção de batata-doce?

R: 0,25ha___0,5-1ha___1-2ha ___2-

3ha____3- 4ha___

3.4.Qual é a produção (Batata-doce) que

obtinha por área de produção?

R:__________ton/há

Qual é a produção (Batata-doce) que

obtinha por área de produção?

R:___________ton/ha

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IV

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V

Apêndice 3: Crescimento de culturas no sistema de agricultura de conservação

Apêndice 4: Cobertura morta num campo de agricultura de conservação