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ESCOLA ESTADUAL DOUTOR TANCREDO NEVES Ensino Fundamental PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO SILVEIRÓPOLIS Março / 2007

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ESCOLA ESTADUAL DOUTOR TANCREDO NEVESEnsino Fundamental

PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO

SILVEIRÓPOLISMarço / 2007

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SUMÁRIO

1. Identificação do Estabelecimento .........................................................031.1 Organização da Entidade Escolar .......................................................032. Introdução do Projeto Político Pedagógico ...........................................033. Objetivos Gerais ....................................................................................064. Marco Situacional .................................................................................064.1 Caracterização da Escola ...................................................................065 Marco Conceitual ...................................................................................125.1 Pressupostos Norteadores do Ensino .................................................135.1.1 Pressupostos filosóficos-sociológicos ..............................................135.1.2. Pressupostos epistemológicos ........................................................145.1.3 Pressupostos didáticos-metodológicos ............................................145.2 Concepções .........................................................................................155.2.1 Homem .............................................................................................155.2.2 Conhecimento ..................................................................................175.2.3 Cultura .............................................................................................195.2.4 Ciência .............................................................................................205.2.5 Tecnologia ........................................................................................225.2.6 Trabalho ...........................................................................................235.2.7 Sociedade .........................................................................................255.2.8 Educação ..........................................................................................265.2.9 Campo e Educação do Campo.......................................................... 275.2.10 Valores ...........................................................................................295.2.11 Cidadania .......................................................................................305.2.12 Currículo ........................................................................................325.2.13 Avaliação ........................................................................................335.2.14 Planejamento .................................................................................356 Ato Operacional .....................................................................................366.1 Gestão Democrática ............................................................................376.1.1 Papel de cada ator social .................................................................386.2 Conselho Escolar ................................................................................396.3 APMF – Associação de Pais, Mestres e Funcionários .........................396.4 Conselho de Classe .............................................................................406.5 Articulação entre Escola, Família e Comunidade ...............................406.6 Plano de avaliação do P.P.P...................................................................40

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1 Identificação do Estabelecimento

Escola: Escola Estadual Dr. Tancredo Neves – Ensino Fundamental

Código da escola: 0988

Município: Assis Chateaubriand-Pr.

Endereço: Rua Minas Gerais, snº - Patrimônio Silveirópolis

Entidade Mantenedora: Governo do Estado do Paraná

Ato de autorização da Escola: Resolução nº 5100 de 28/11/86

Ato de reconhecimento da Escola: Resolução nº 2422/90 de 29/08/90

Parecer do NRE de Aprovação do Regimento Escolar: Parecer nº 075 de

16/11/04

NRE: Assis Chateaubriand-Pr.

Distância da Escola do NRE - 15 quilômetros, aproximadamente.

1.1 Organização da Entidade Escolar

A Escola Estadual Dr. Tancredo Neves – Ensino Fundamental atende 46

alunos distribuídos em 4 turmas no período matutino, sendo 5ª, 6ª, 7ª e 8ª

séries e uma turma de 5ª série no período noturno. O corpo docente é

compreendido por 10 professores, 1 diretor; 1 professora pedagoga e 3

funcionários.

Ambiente pedagógico: Quadra poli-esportiva em parceria com a escola

municipal e a comunidade, biblioteca provisoriamente em funcionamento

anexo à sala dos professores e secretaria.

2 INTRODUÇÃO DO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO

Pensar um projeto de educação implica pensar o tipo e qualidade de

escola, a concepção de homem e de sociedade que se pretende construir. O

projeto Político Pedagógico é a própria organização do trabalho pedagógico

escolar como um todo em suas especificidades, níveis e modalidades.

Os inúmeros problemas educacionais e o verdadeiro papel da educação

formal são motivos de ampla discussão na sociedade moderna. Urge

empreender um esforço coletivo para vencer as barreiras e entraves que

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inviabilizam a construção de uma escola pública que eduque de fato para o

exercício pleno da cidadania e seja instrumento de real transformação social,

e que por meio do processo de ensino e aprendizagem trabalhe-se os saberes,

produzindo as bases de uma nova sociedade que contraponha-se ao atual

modelo gerador de desigualdades e exclusão social que impera nas políticas

educacionais existentes. A construção do Projeto Político Pedagógico contribui

para estabelecer novos paradigmas de gestão e de práticas que visem

corresponder às necessidades e aos anseios de todos os que participam do

cotidiano escolar.

A necessidade de um projeto político pedagógico na escola antecede a

qualquer decisão política ou exigência legal. Enquanto membros da instituição

escolar devemos ter claro a que horizonte pretendemos chegar com os nossos

alunos, com a comunidade e com a sociedade. Escola e dirigentes dos

sistemas educacionais devem assumir um pacto pela qualidade de ensino e

não enxergar o Projeto Político Pedagógico apenas como um cumprimento da

lei.

As mudanças não acontecem só se forem de cima para baixo. Devemos

considerar que a escola é fruto da sociedade, é conseqüência dos saberes

construídos social e culturalmente, subjetivamente pelas pessoas que estão

fora e dentro dela.

Considera-se que o Projeto Político Pedagógico é o fruto da interação

entre os objetivos e prioridades estabelecidos pela coletividade que, através

da reflexão, estabelece as ações necessárias à construção de uma nova

realidade. É, antes de tudo, um trabalho que exige comprometimento de todos

os envolvidos no processo educativo: professores, equipe técnica, alunos, seus

pais e comunidade como um todo. Sendo assim, a mola mestra das mudanças

é a postura e crença do educador num repensar a educação e a sua

caminhada. Freire (1982, pg 100) menciona a educação libertadora e

realizável. Ele afirma:

O sonho viável exige de mim, pensar diariamente a minha própria prática; exige de mim, a descoberta, a descoberta constante dos limites da minha prática, que significa perceber e demarcar a existência do que eu chamo de espaços livres a serem preenchidos.

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Diante do diagnóstico traçado, diante da afirmação que “a educação está

intimamente ligada à cultura da época, portanto, na atualidade que é

multicultural”, a Escola Estadual Dr. Tancredo Neves – Ensino Fundamental,

sente-se desafiada a construir um Projeto Político Pedagógico, não visando

simplesmente um desarranjo formal da escola, mas a qualidade em todo

processo vivido. O Projeto Pedagógico é um documento que não se reduz à

dimensão pedagógica, é um documento clareador da ação educativa da escola

em sua totalidade.

A escola é responsável pela promoção do desenvolvimento do cidadão,

no sentido pleno da palavra. Então cabe a ela definir-se pelo tipo de cidadão

que deseja formar, de acordo com sua visão de sociedade. Cabe-lhe também a

incumbência de definir as mudanças que julga necessário fazer nessa

sociedade, através das mãos do cidadão que irá formar.

Definida a sua postura, a escola vai trabalhar no sentido de formar

cidadãos conscientes e críticos, capazes de compreender a realidade, atuando

na busca da superação das desigualdades e do respeito humano. Como

premissa, esta instituição visa fazer da educação um instrumento amplo de

luta pelos conhecimentos, articulados aos interesses reais da maioria da

população brasileira.

(...) “Na dimensão pedagógica reside a possibilidade de efetivação da intencionalidade da escola, que é a formação do cidadão participativo, responsável, compromissado, crítico e criativo. Pedagógico, no sentido de se definir as ações educativas e as características necessárias às escolas de cumprirem seus propósitos e sua intencionalidade” (Veiga, 1995).

3 OBJETIVOS GERAIS

• Resgatar a intencionalidade da ação educativa;

• Superar o caráter fragmentado dos fazeres da escola;

• Racionalizar os esforços e recursos para atingir os fins do processo

educacional;

• Superar as imposições em disputas de vontades individuais, construindo

e assumindo um referencial;

• Gerar esperança, solidariedade e parcerias;

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• Garantir a participação de todos na gestão democrática;

• Intensificar a participação e a formação integral do educando,

preparando-o efetivamente para o cumprimento de seu papel sócio-

cultural.

4 MARCO SITUACIONAL

4.1 Caracterização da Escola

As transformações aceleradas do processo produtivo requerem novas

exigências da sociedade moderna, da revolução da informática e dos meios de

comunicação em massa, e também da necessidade de redescobrir e valorizar a

ética nas relações sociais. Tornam-se evidente a atenção aos novos rumos a

serem perseguidos diante de uma sociedade contraditória e desigual.

Nem sempre temos clareza para compreender e agir diante do novo e o

momento atual requer ousadia e imaginação. Percebemos que a sociedade

atual está marcada pelo desafio de sobreviver num mundo onde sobressai a

ciência e a tecnologia, o que vem transformando rapidamente os usos e

costumes da maiorias das pessoas e exige novas maneira de pensar e agir. A

escola, por sua vez, passa a ser uma instância social, entre tantas, na luta

contra a seletividade e a discriminação. Dentre as muitas carências existentes

no contexto nacional, a educação está entre as primeiras necessidades sociais.

Em termos de urgência, a alimentação, a moradia, o emprego, a saúde e a

educação escolar se alinham como os principais bens sociais que o povo

reconhece como prioridades sociais. Sem alimentação adequada para todos,

sem emprego que permita a subsistência digna, sem o bem estar físico e

psíquico, sem instrução significativa que beneficia a todos, fica difícil pensar

numa sociedade equilibrada e menos desigual.

A educação como prática social adquire um papel especial num contexto

que toma consciência da necessidade de superar as diferenças sociais que

atingem milhões de brasileiros que sobrevivem abaixo da linha da pobreza.

Não consideramos nosso país especialmente pobre, mas especialmente injusto

quanto à distribuição de renda. Percebemos a desigualdade no país, através

das oportunidades que se oferecem às pessoas em termos econômicos,

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culturais, político e educacionais.

Quando nos deparamos com essa dolorosa circunstância (um país

economicamente rico e com um povo em sua maioria pobre) faz-se necessário

pensar um projeto nacional que direcione os investimentos para a geração de

atividades úteis e distribua a renda através de salários dignos, retirando da

miserabilidade milhões de pessoas colocadas à margem da vida social.

Neste sentido, economia e educação mantêm relações dialéticas

profundas, pois sem economia estrategicamente pensada e organizada, não se

terá condição de impulsionar uma educação para todos, e de qualidade. Sem

educação estruturada e inteligentemente centrada nas necessidades e

interesses das pessoas e da sociedade, não se chegará a uma transformação

concreta e segura.

A articulação entre trabalho e educação passa ser crucial, fundamental,

e exige uma rigorosa análise da prática escolar, compreendendo ações e

ampliando os espaços da definição das políticas públicas de educação que

assegurem a qualidade da aprendizagem igualitariamente, como condição

necessária para que todos exerçam o seu direito à cidadania.

A educação brasileira, comparada com outros países, mesmo da América

Latina, tem um grande atraso, sobretudo na escolaridade dos mais pobres.

Pensar em educação é antever e acolher todas as suas esferas, desde aquelas

que passam pelo ensino fundamental até aquelas que se dedicam à formação

profissional. A partir de 1996, quando da promulgação da LDB - Lei de

Diretrizes e Bases - a educação brasileira tem experimentado e construído

passo-a-passo seus próprios caminhos. Até então, avanços aconteceram,

porém a educação ainda está aquém das necessidades, como o salário dos

professores que não têm sido dos melhores, e também as condições de

trabalho. Além disso, a velocidade com que a informação se desloca e de um

mundo em constante mudança, seu papel vem se transformando. Dessa forma,

o desafio é lidar com jovens que não vêem sentido no que estão aprendendo.

Querem aprender, mas não querem aprender o que lhes é ensinado. E assim

entra o papel do professor: construir sentindo, transformar o obrigatório em

prazeroso, selecionar criticamente o que devemos aprender, numa era

impregnada de informações.

Diante deste quadro, os professores assumem o compromisso de

desenvolver suas práticas de forma que estimulem e desafiem os alunos na

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apreensão dos conhecimentos científico-tecnológico, histórico, filosófico e

social, sempre priorizando a formação humana.

O princípio da igualdade universal, que garante os saberes e os fazeres

a todos, vêm sendo discutidos. Sabe-se que o atendimento às especificidades

socioculturais de crianças, adolescentes e jovens demanda de políticas

diferenciadas. A igualdade universal permanece como um horizonte. Sendo

assim, a direção da Escola Estadual Doutor Tancredo Neves – Ensino

Fundamental vê essa questão como uma caminhada cujo atalhos serão

construídos enquanto se caminha, e com o envolvimento da comunidade

escolar.

A questão da evasão e repetência é considerada um dos fatores

relevantes para a educação, mas atualmente para a Escola Estadual Doutor

Tancredo Neves - Ensino Fundamental isso não é um problema a ser resolvido,

uma vez que estatisticamente não demonstra registros prejudiciais sobre

estas duas questões.

Em razão da realidade a qual estamos inseridos, não há demanda para

sala de apoio pedagógico aos alunos.

A recuperação é proporcionada pelo estabelecimento, e é um dos

aspectos da aprendizagem, no seu desenvolvimento contínuo, pelo qual o

aluno com aproveitamento insuficiente dispõe de condições que lhe

possibilitem a apreensão de conteúdos básicos.

A recuperação de estudos deverá constituir um conjunto integrado ao

processo de ensino, além de se adequar às dificuldades dos alunos,

constituindo-se em mais um componente do aproveitamento escolar. A

aprendizagem do aluno será considerada no decorrer do processo, e para a

aferição do bimestre, entre a nota da avaliação e a da recuperação, que se

dará de forma concomitantemente ao período letivo, sem prejuízo aos demais

conteúdos ou disciplinas, prevalecerá sempre a maior.

Uma recente conquista desta Escola é a oferta do ensino da língua

espanhola, através do CELEM, autorizado pela Secretaria de Estado da

Educação. O papel das Línguas Estrangeiras no Brasil, como disciplina

escolar, é preparar melhor os brasileiros para atuarem e interagirem nesse

contexto. É um curso extra curricular promovido pela Secretaria de Estado da

Educação, e tem como principal objetivo desenvolver meios de educação no

campo social e cultural, através de atividades, objetivando aumentar a

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consciência dos educandos sobre cidadania, oferecendo a oportunidade de

cursar uma língua diferente da constante na grade curricular, em turno

contrário ao do ensino regular que será oferecido prioritariamente a turmas

de alunos heterogêneos, respeitando-se critérios pré estabelecidos.

O Programa Paraná Digital também é uma grande conquista para a

escola e para a comunidade escolar, principalmente pelo fato da escola estar

incluída na zona rural e o acesso às tecnologias ser restrito.

Sendo assim, com os computadores instalados é objetivo da escola

possibilitar aos alunos e também à comunidade, o conhecimento e o acesso a

esta tecnologia, visando a ampliação do conhecimento nas diversas áreas, e

também explorando o potencial de cada um, buscando uma melhor visão de

mundo e motivação para melhorar suas condições de vida.

Diferenças culturais e condição de classe social fazem parte da nossa

realidade. A Escola Estadual Doutor Tancredo Neves – Ensino Fundamental

tem como premissa implementar ações com práticas escolares que favoreçam

a aprendizagem a todos aqueles que dela procuram para adquirir os

conhecimentos historicamente acumulados.

A abertura da 5ª série no período noturno é mais uma conquista, pois

contempla a oportunidade para pessoas que por qualquer motivo não

possuíam condições de estudarem e hoje estão vendo a realização de um

sonho.

Com relação à inclusão dos alunos com necessidades educacionais

especiais, a escola reconhece a importância do atendimento ao alunado,

porém atualmente não possui estrutura física adequada para o perfeito acesso

dessa clientela, salvo os casos em que os alunos apresentam somente

dificuldade de aprendizagem, e para esses a escola prevê atenção

individualizada e adaptações curriculares significativas que facilitem a

aprendizagem e o sucesso de todos os alunos.

Entendemos o direito constitucional da pessoa com necessidades

educacionais especiais e de sua família, e nos comprometemos a uma

educação que melhor se ajuste às suas necessidades, circunstâncias e

aspirações, promovendo assim, o ideal de uma escola de qualidade que acolha

a todos.

Por fim, considerando que todo Projeto Pedagógico não pode distanciar-

se do contexto histórico, torna-se importante levar em consideração a

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realidade brasileira, em especial a do Estado do Paraná. Hoje somos uma das

principais economias do país e um Estado com fortíssima vocação agrícola.

Neste contexto a Escola Estadual Dr. Tancredo Neves - Ensino Fundamental,

desenvolve o trabalho em conjunto com a comunidade e outras instâncias

governamentais. A sede da Escola pertence ao município de Assis

Chateaubriand, e funciona no mesmo prédio da Escola Municipal Rural Rui

Barbosa, que através de melhorias e adaptações favoreceu o funcionamento

da mesma. A quadra de esporte, um dos maiores anseios da comunidade

escolar, finalmente fora construída e atende as escolas locais e também a

comunidade. O ambiente físico, embora acolhedor, ainda requer algumas

melhorias e adequações, tais como: secretaria, sala de laboratório, biblioteca,

sala de oficina de informática e adaptações para o acesso aos portadores de

necessidades educacionais especiais.

A nossa região é essencialmente agrícola, motivo pelo qual os alunos em

sua totalidade são filhos de pequenos proprietários ou de famílias de

trabalhadores braçais de baixa renda, e que empregam a sua mão de obra na

lavoura.

A educação do campo como modo de vida social contribui para a auto

afirmação da identidade dos povos do campo, no sentido da valorização do seu

trabalho, da sua história, do seu jeito de ser, dos seus conhecimentos, da sua

relação com a natureza e como ser da natureza, valorização esta que se dá

pelos próprios povos do campo, numa recriação da sua história. A Escola

Estadual Tancredo Neves - Ensino Fundamental incentivará o

desenvolvimento e execução de projetos que contemplem conteúdos e debates

sobre diversificação de produtos, a utilização de produtos naturais, os

trabalhadores assalariados rurais e suas demandas por melhores condições de

trabalho.

Assim sendo, a Escola Estadual Doutor Tancredo Neves busca a

valorização do campo, pensando em formas alternativas de como encaminhar

as práticas pedagógicas já existentes para esse fim.

Há uma grande dificuldade para os alunos continuarem os estudos no

ensino médio, devido ao deslocamento para as escolas da sede do município.

Aqueles que trabalham não conseguem conciliar o horário em que o

transporte os levaria para estudar.

As famílias em sua maioria possuem pouco acesso a tecnologias, devido

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ao seu baixo poder aquisitivo e não estimulam seus filhos a ampliarem os seus

conhecimentos.

Existem poucas opções de lazer. As pessoas se concentram nos cultos

religiosos, promoções realizadas pela escola ou associações, jogos esportivos

na quadra comunitária ou no campo de futebol.

5 MARCO CONCEITUAL

A Escola Estadual Dr. Tancredo Neves – Ensino Fundamental, visa o

ideal progressista, fundamentando-se na convicção de que cabe à escola não

apenas transmitir conhecimentos que habilitem o educando para progredir no

trabalho e em estudos posteriores, mas também e como pressuposto

fundamental, preparar seus estudantes para o exercício pleno da cidadania

como agentes de transformação, dotados de espírito crítico e conscientes de

direitos e deveres, sensíveis às necessidades de reformulação dos processos

didáticos. A escola empenha-se, agora, em conferir às suas aulas a

indispensável contextualização, buscando a identificação dos conteúdos

ministrados com a realidade imediata vivenciada pelos alunos.

A escola voltada para educação básica é aquela que prioriza os

conhecimentos historicamente acumulados, a cidadania e a cultura, buscando

o desenvolvimento do educando. Desta forma queremos formar alunos críticos

que desenvolvam valores morais, cívicos e culturais, que valorizem e

fortaleçam a importância do conhecimento através da cultura, como meio de

crescimento e ajustamento social para uma sociedade mais humana, fraterna

e democrática, com homens críticos, politizados, de ampla visão de mundo,

capazes de superar os preconceitos sociais em uma sociedade em que todos

usufruam dos direitos e deveres presentes na Constituição Brasileira. É o que

preconiza a Lei de Diretrizes e Bases, Lei Federal 9394/96.

Quando a escola assume a responsabilidade de atuar na transformação e

na busca do desenvolvimento social, seus agentes devem empenhar-se na

elaboração de uma proposta para a realização desses objetivos. Sendo assim,

a escola vê o projeto político pedagógico como um rumo, uma direção a

seguir, e sua construção é fruto da interação entre os objetivos e prioridades

estabelecidos pela coletividade, que estabelece, através da reflexão, as ações

necessárias à construção de uma nova realidade. É, antes de tudo, um

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trabalho que exige comprometimento de todos os envolvidos no processo

educativo: professores, equipe técnica, alunos, seus pais e comunidade como

um todo.

5.1 Pressupostos Norteadores do Ensino

É preciso considerar a teoria pedagógica progressista, que parta da

prática social e esteja compromissada em refletir e repensar sobre os

problemas da educação, do currículo e do processo ensino-aprendizagem da

escola. Os pressupostos norteadores do ensino são: filosófico-sociológico,

epistemológico e didático-metodológico.

5.1.1 Os pressupostos filosófico-sociológicos consideram a educação como

compromisso político do Poder Público para com a população, com vistas à

formação do cidadão participativo para um determinado tipo de sociedade. A

escola guarda relação com o contexto social mais amplo. Ora, para sabermos

que escolas precisamos construir, que cidadãos queremos formar, nós temos

que saber para que sociedade estamos rumando. Definido o tipo de sociedade

que queremos construir, discutiremos qual a concepção de educação

correspondente. A educação é direito de todos e não deve se constituir em um

serviço, uma mercadoria, sendo transformada num processo centrado na

ideologia da competição e da qualidade para todos.

5.1.2 Os pressupostos epistemológicos levam em conta que o conhecimento é

construído e transformado coletivamente. Nesse sentido, o processo de

produção do conhecimento deve pautar-se, sobre tudo, na socialização e na

democratização do saber. O conhecimento escolar não é mera simplificação do

conhecimento científico, que se adequaria à faixa etária e aos interesses dos

alunos. A análise do processo de produção do conhecimento escolar amplia a

compreensão sobre as questões curriculares. O conhecimento produzido pela

pesquisa parte do concreto e da prática que precede a teoria, de modo que

esta só tem sentido quando articulada com aquela. O importante é, sobretudo,

a garantia da unicidade entre teoria e prática, conhecimento geral e

específico, conteúdo e forma, e dimensão técnica e política. É preciso muita

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intencionalidade para provocar mudanças no processo de produção do

conhecimento. O conhecimento deixa de ser visto numa perspectiva estática e

passa a ser enfocado como processo.

5.1.3 Os pressupostos didático-metodológicos precisam favorecer o aluno na

elaboração crítica dos conteúdos do processo ensino-aprendizagem por meio

de métodos e técnicas de ensino e pesquisa do professor que valorizam as

relações solidárias e democráticas. Como sugestões metodológicas podemos

citar: pesquisa de campo, oficinas pedagógicas, trabalhos em grupo, debate e

discussão, estudo dirigido, estudo de texto, demonstração em laboratório,

oficinas escolares, entrevista, observação das práticas escolares, visitas,

estágios, cursos etc. Os pressupostos didático-metodológicos sugeridos devem

pautar-se em um trabalho interdisciplinar que é muito mais do que a

compatibilização de métodos e técnicas de ensino e pesquisa. O processo

ensino-aprendizagem tem profunda relação com os princípios da pesquisa do

cotidiano escolar.

5.2 Concepções

5.2.1 Homem

O homem é um ser social, relaciona-se com a natureza, com outros

homens e consigo mesmo. Essas relações são fundamentalmente práticas, isto

é, só ocorrem através de atividades concretas. A sua imagem é construída

através de sua manifestação.

A primeira esfera da ação dos homens é aquela que os coloca em

relação com a natureza e tem a ver mais diretamente com sua própria vida

biológica, com sua existência material. Como qualquer outro ser vivo, o

homem só vive se houver interação e um intenso intercâmbio com o mundo

natural. É da natureza que ele retira tudo aquilo que necessita para manter

sua existência material.

As atividades pelas quais o homem estabelece essas relações é o que o

diferencia dos demais seres vivos. Estes têm que se adaptarem ao que a

natureza lhes oferece, enquanto que o homem, além de se apropriar desses

elementos, passa a intervir sobre eles. Assim sendo, a natureza vai se

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adaptando às necessidades e aos interesses dos homens. Essa ação

transformadora do homem, para atender as suas necessidades, chamamos de

“trabalho”. É através do trabalho que o homem garante sua sobrevivência, sua

reprodução e a conservação da espécie.

O homem diferentemente de outros seres vivos não se relaciona com a

natureza no esquema indivíduo, mas no esquema grupo/natureza, isto é, sua

ação é sempre uma ação coletiva, o que o torna essencialmente um ser social.

Surge então, uma segunda esfera da prática humana, que é a prática social.

A observação histórico-antropológica nos permite ver que a espécie

humana organiza-se coletivamente realizando uma divisão técnica do

trabalho, ou seja, diversas funções que devem ser realizadas são atribuídas a

diferentes indivíduos. A essa divisão sobrepõe-se uma divisão social do

trabalho, cujas funções são hierarquicamente distribuídas e marcadas pelo

poder, já que essas funções se diferenciam pelas posições que têm na

hierarquia social, onde os indivíduos ou grupos detêm uma espécie de força

sobre os que estão em lugares inferiores. As relações que os homens

estabelecem entre si no contexto dessa hierarquização social constituem a

esfera da sociabilidade, o âmbito da prática política. Para que a prática

produtiva e a prática política dos seres humanos tenham as suas

especificidades é necessário que sejam permeadas pelos efeitos de uma

terceira prática: a subjetiva.

No plano da subjetividade através de conceitos, valores, juízos, imagens

e raciocínios entende-se a própria realidade e os outros elementos com ela

relacionados, criando-se a cultura simbólica pela qual os homens produzem e

usam os bens materiais. Esses elementos simbólicos sobrepõem-se a todos os

aspectos da prática produtiva e da prática social e sobre todas as relações que

os homens estabelecem entre si. O homem conserva a sua existência concreta

na exata medida em que, através de sua prática, vai se relacionando com a

natureza, pelo trabalho; com a sociedade pela sociabilidade; e consigo mesmo,

pelo cultivo de sua subjetividade.

Através dessas três dimensões que estão interrelacionando-se e

complementando-se, é que se constituem as mediações da existência humana.

As formas de atividade que os homens desencadeiam para produzir sua

existência concreta vão configurando igualmente sua maneira de ser, através

de atividades práticas que vão possibilitando ao homem construir sua própria

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condição de ser especificamente humano.

Sob esses aspectos, trabalhar é uma das condições imprescindíveis para

que o indivíduo se humanize e, conseqüentemente, sua ausência ou a

deturpação de suas condições constituem fator de desumanização. Assim, o

trabalho tanto pode humanizar, como também desumanizar o homem,

dependendo das condições em que é realizado histórico e concretamente. O

trabalho que degrada, desumaniza, é um trabalho alienado, isto é, leva o

indivíduo a perda de sua própria essência. A alienação pelo trabalho é

componente comum na atual estrutura social capitalista, onde o salário do

trabalhador mal consegue repor as energias gastas por ele no desenrolar das

suas atividades.

5.2.2 Conhecimento

Quando falamos em conhecimento nos referimos ao ato de conhecer,

como uma relação que se estabelece entre a consciência que conhece o objeto

a ser conhecido, e também ao resultado desse ato, ou seja o saber adquirido e

acumulado pelo homem. Se podemos detectar em outros animais certa

capacidade de comunicação, nunca foi neles percebida a possibilidade de

transmitir uma experiência particular. Ao pensar, ao ser capaz de ordenar, de

prever, de aprender, o homem sempre vivendo em grupos, começou a travar

com o mundo a seu redor uma relação dotada de significado, de avaliação.

Nisso se baseou seu conhecimento do mundo que, organizado, comunicado e

compartilhado com seus semelhantes e transmitido à descendência, se

transformou em cultura humana propriamente dita. Foi nessa capacidade de

pensar o mundo, de atribuir significado à realidade, que o homem criou o

conhecimento.

Em se tratando do saber acumulado e adquirido é atribuído à escola

essa tarefa, e a preocupação é que muitas vezes a escola não dá verdadeira

importância às formas pelas quais é construído o saber na sociedade atual.

Na perspectiva dialética do conhecimento, o que se visa é chegar à

síntese, que é uma rica totalidade de determinações e de relações numerosas,

pois conhecimento consiste numa representação mental das relações e se

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articula ao desenvolvimento das capacidades cognitivas complexas, ou seja,

das competências relativas ao domínio teórico.

A psicologia cognitiva e a epistemologia dialética implicam em

importantes contribuições com relação ao processo de construção de

conhecimento no sujeito:

• Condição necessária para conhecer: o sujeito precisa querer sentir

necessidade; ter estrutura de assimilação para com o objeto e ter certos

conhecimentos anteriores que se relacionam ao novo.

• O conhecimento novo se constrói a partir do anterior/prévio/antigo.

• O conhecimento conceitual (em particular o científico e o filosófico) é

construído a partir da linguagem verbal.

• O conhecimento é estabelecido no sujeito por ações

predominantemente motora, perceptiva ou reflexiva sobre o objeto.

• Dois sujeitos podem estar fazendo a mesma atividade, mas com graus

de interação com o objeto de estudo bastante diferentes.

• O processo de construção do conhecimento passa por “momentos”:

síncrese (mobilização para o conhecimento), análise (construção do

conhecimento) e síntese (elaboração do conhecimento). O conhecimento

não se dá de uma só vez, mas por aproximações sucessivas.

• Para poder captar as relações de constituição do objeto, o sujeito

precisa analisá-lo e nesse processo ir além da aparência.

• Diante de situações problematizadoras, o sujeito elabora hipóteses

explicativas.

As perspectivas atuais da educação estão marcadas hoje pela questão do conhecimento. O conhecimento tornou-se peça chave para entender a própria sociedade atual. Só é possível conhecer quando se deseja, quando se quer, quando nos envolvemos profundamente no que aprendemos.

5.2.3 Cultura

Todas as sociedades possuem cultura, pela qual se expressa o modo de

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vida do povo, e, de alguma maneira, condiciona seu modo de ser. A cultura é

todo complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes

quaisquer outras faculdades, aptidões adquiridas pelo homem enquanto

membro da sociedade. Para sobreviver o homem necessita extrair da

natureza, ativa e intencionalmente, os meios de sua subsistência, ao fazer isso

ele inicia o processo de transformação da natureza, criando um mundo

humano, o mundo da cultura. Num mundo multicultural, o desafio para todos

os educadores é trabalhar numa sociedade contemporânea atuando e

buscando uma educação voltada para a diversidade. Neste cenário, será

preciso reconstruir o saber da escola e a formação do educador. A escola

deverá ser um espaço de convivência, onde os conflitos são trabalhados e não

camuflados. Para viver democraticamente em uma sociedade plural, é preciso

respeitar os diferentes grupos e culturas que a constituem. A sociedade

brasileira é formada por diferentes etnias, que colocam em contato grupos

diferenciados no plano social e cultural. O grande desafio da escola é investir

na superação da discriminação valorizando a trajetória particular dos grupos

que compõem a sociedade.

A escola, para cumprir sua tarefa humanista, deve mostrar ao aluno que

existem outras culturas além da sua, essa é sua tarefa numa visão de escola

autônoma, curiosa, ousada e que dialoga com outras culturas e concepções de

mundo.

Para experimentar a vivência de uma realidade global é preciso

trabalhar a interdisciplinaridade, onde o aluno traz suas experiências

cotidianas assim como o professor e a sociedade em que estão inseridos. Na

prática ela se traduz por um trabalho escolar coletivo e solidário. A escola

deve ainda ser local, isto é, deve valorizar a cultura local e redimensioná-la na

relação com outras culturas. E por fim, a educação multicultural procura

formar criticamente os professores, para que mudem suas atitudes diante dos

alunos que estão inseridos na escola, compreendendo-os na totalidade de sua

cultura e de sua visão de mundo. Nesse sentido, a escola deve ser local de

diálogo, de aprender a conviver, vivenciando a própria cultura e respeitando

as diferentes formas de expressão cultural dos educandos.

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5.2.4 Ciência

Considerando a ciência como uma das formas do conhecimento humano

no decorrer de sua história, ela é marcada pelas necessidades materiais do

homem num dado momento de sua existência. A ciência vem desde tempos

remotos e se caracteriza por ser uma tentativa do homem em entender e

explicar racionalmente a natureza, buscando formular leis que, em última

instância, permitem a atuação humana. Assim sendo, o entender e o explicado

racionalmente se altera, refletindo o desenvolvimento e rupturas ocorridos em

diferentes épocas da história. Dessa forma, os antagonismos presentes em

cada modo de produção e as transformações de uma forma de produção a

outra, serão transpostos para as representações que o homem faz, inclusive

para o conhecimento e para explicar racionalmente o mundo, buscando

superar a ilusão, o desconhecido, o imediato, buscando compreender de forma

fundamentada as leis gerais que regem os fenômenos.

Enquanto tentativa de explicar a realidade, a ciência se caracteriza por

ser uma atividade metódica, em que ao se propor conhecer a realidade, busca

atingí-la através de ações passíveis de serem reproduzidas. O conhecimento

científico se constrói pelo conjunto de concepções sobre o homem, a natureza

e o próprio conhecimento, que sustentam um conjunto de regras de ação e de

procedimentos. O método não é único, pois reflete as condições históricas

concretas no momento histórico em que o conhecimento foi elaborado. A

divergência com relação a que procedimentos levam à produção de

conhecimento está sustentada pelas concepções que os geram. A mudança das

concepções implica necessariamente nova forma de ver a realidade, novo

modo de atuação para obtenção do conhecimento, uma transformação no

próprio conhecimento. Muda, portanto, a forma de interferir na realidade.

O método científico é historicamente determinado e só pode ser

compreendido dessa forma. O método é o reflexo das nossas necessidades e

possibilidades materiais, ao mesmo tempo em que nelas interfere. Podemos

conceber a ciência como parte das idéias produzidas pelo homem para

satisfazer suas necessidades materiais, portanto, por elas determinadas e

nelas interferindo.

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Na sociedade contemporânea estamos habituados com a estreita relação

existente entre a ciência e a tecnologia a ponto de muitas vezes não sabermos

o que, nesse complexo, é propriamente ciência, ciência aplicada ou tecnologia.

Contudo, essa relação nem sempre foi tão próxima assim. Até o renascimento,

ciência e técnica eram práticas culturais totalmente distintas, isto é, vinham

de tradições diferentes e os seus praticantes nem sempre tinham a mesma

visão de mundo, os mesmos interesses, posições sociais, etc. Contudo, a

incipiente relação renascentista entre a técnica e a ciência, ou pelo menos

com o que a tradição ocidental naquele momento entendia como ciência,

acabara por marcar de forma indelével, já na modernidade, a complexa e

intrínseca relação entre técnica e ciência.

As novas tecnologias não apenas irão contradizer a idéia clássica de

ciência, mas sobretudo a visão de mundo estabelecida a partir dessa

concepção "científica" clássica. Se, por um lado, a emergente ciência moderna

sofreu grandes pressões ao se contrapor à essa visão clássica de mundo, por

outro lado, as novas tecnologias, no mesmo período, eram vistas como algo

que "possibilitava o progresso". Portanto, muito mais aceitas do que as idéias

científicas. Na medida em que essas transformações tecnológicas

estabeleciam uma mudança cultural acabaram por possibilitar uma aceitação

relativamente mais fácil da relação entre ciência e tecnologia.

5.2.5 Tecnologia

Vivemos em uma sociedade que enfrenta mudanças sucessivas em

diversos âmbitos e de diversos gêneros, de maneira que apenas raramente o

conhecimento que vamos adquirindo radica o passado. Porém, decorre da

evolução dinâmica e incessante da ordem social, cuja velocidade de

transformação nos impele a desenvolver novos métodos e novas habilidades

de conhecimento.

Na questão primordial da educação em nosso tempo, o fim está no

desenvolvimento de uma sociedade em que as pessoas se adaptam mais

facilmente às mudanças do que a rigidez formal, pois somente dentro dessa

contextualização os próprios educadores se tornam abertos e flexíveis. Na

medida em que o custo da comunicação tenta a ser cada vez menor, pode

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também não estar muito distante o momento em que redes de aprendizagem a

nível mundial, continental ou regional operem na disseminação de

conhecimentos: uma alternativa já viável no ponto de vista tecnológico,

embora depende de condições culturais e políticas.

Se hoje ninguém escapa dos impactos dos avanços tecnológicos, é

preciso que a sociedade como um todo (e não apenas um grupo que tem

acesso aos bens, aos serviços que as novas tecnologias tornaram disponíveis)

seja preparada para incorporar de modo adequado os instrumentos

tecnológicos. Isso significa aprender a utilizá-los para melhorar a qualidade de

vida, ampliando a base do mercado de consumo e os padrões de exigências

quanto à qualidade.

Com efeito, a educação na modernidade oportuniza o desenvolvimento

de uma sociedade em que as pessoas se adaptam com facilidade às mudanças,

diferentemente de outras épocas onde a rigidez impedia novas formas de agir.

A partir de sua produção tecnológica e de sua racionalidade científica o

homem não apenas amplia os horizontes do seu mundo, mas inventa a si

próprio.

O homem moderno é uma invenção recente não apenas quando se

coloca como objeto de seu próprio saber, mas também porque esse novo

contexto histórico modificará de modo particular a própria idéia de homem. A

tecnologia e a ciência têm um papel central nessa "invenção" do homem

moderno. Foi a partir do século XIV que a tecnologia iniciou suas grandes

conquistas, ocupando o espaço das tradições filosóficas. Várias foram as

inovações surgidas. Essas novas tecnologias acabaram por reformular o

modelo de sociedade existente, criando muitas vezes, a cada nova tecnologia,

a necessidade de uma outra tecnologia, marcando assim, definitivamente, a

sociedade moderna como uma sociedade tecnológica.

Essa produção sucessiva de novas tecnologias, ao longo do tempo, não

apenas produzirá mudanças imediatas, mas, sobretudo, imprimirá, como uma

das características básicas da cultura moderna, a constante necessidade de se

renovar, de ser "original", de superar o que já tinha sido colocado, conhecido.

Trata-se de "inventar o novo", no sentido mais amplo possível que essa

expressão possa ter.

Toda essa tecnologia tem um impacto significativo não só na produção

de bens e serviços, mas também no conjunto de relações sociais. Sua

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utilização obriga a modificação de conceitos básicos culturais vigentes.

5.2.6 Trabalho

Entre as grandes transformações resultantes do advento da sociedade

informacional, temos a reconceitualização do trabalho humano. Desde a

Grécia Antiga passando pela Idade Média, na visão dos protestantes, dos

economistas clássicos ou no entendimento crítico de Hegel e Marx, o

conceito/entendimento de trabalho tem sofrido profundas alterações, as quais

expressam as mudanças econômicas e as formas de produção próprias de

cada contexto. Na antiguidade a prescrição e a limitação dos movimentos

praticamente anulavam a importância do “saber-fazer” dos trabalhadores,

ignorando com isso a capacidade que os mesmos possuíam no sentido de

aperfeiçoar os sistemas técnico-organizacionais.

Porém, a nova organização flexível do trabalho coloca em questão esses

pressupostos tradicionais. Na era das novas tecnologias de comunicação e

informação, o conteúdo qualitativo do trabalho passa a ser privilegiado,

transformando-se assim, sua concepção. O trabalho passa a ser uma série de

aplicações de conhecimentos, onde os indivíduos voltam suas capacidades

para a programação e o controle, e isto trazem como exigência pensar a

formação dos indivíduos para o trabalho com base em pressupostos, sob os

quais novas habilidades estão sendo demandadas.

Temos hoje um aumento das exigências de aptidões para o trabalho,

considerando-se uma base de conhecimentos mais amplos, exigência de

capacidade para resolução de problemas, exigência para tomada de decisões

autônomas, capacidade de abstração e comunicação escrita e verbal.

Somando-se a isto, o trabalhador deve ser polivalente, e com maior nível de

escolaridade. Polivalente no sentido de multiqualificado, isto é, aquele que é

capaz de desenvolver e incorporar diferentes competências e repertórios

profissionais.

Portanto, a qualificação profissional constitui-se, hoje, numa forma

indispensável para transformar o trabalho numa esfera de inclusão, sendo

assim um direito de cidadania. Embora o aumento do grau de qualificação

médio da força de trabalho seja tendência desta fase do capitalismo global, no

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Brasil, por exemplo, a estrutura ocupacional ainda é bastante estratificada e,

com uma grande parcela, composta por trabalhadores pouco qualificados e

instruídos.

5.2.7 Sociedade

A sociedade é mediadora do saber e da educação presente no trabalho

concreto dos homens, que criam novas possibilidades de cultura e do agir

social a partir das contradições geridas pelo processo de transformação da

base econômica. Ela é marcada por uma série de relações diferenciadas e

diferenciadoras, e configurada pelas experiências individuais do homem,

havendo uma interdependência em todas as formas da atividade humana,

desenvolvendo relações, implantando estruturas sociais, instituições sociais,

produzindo bens e garantindo a base econômica.

“A sociedade configura todas as experiências individuais do homem, transmite-lhe resumidamente todos os conhecimentos adquiridos no passado do grupo e recolhe as contribuições que o poder de cada indivíduo engendra e que oferece a sua comunidade. Nesse sentido a sociedade cria o homem para si”. (Pinto, 1994)

A sociedade hoje, heterogênea e fragmentada, é marcada por profundas

desigualdades (classe, etnia, gênero, religião, etc.). Essa crescente

fragmentação do social que potencializou as políticas conservadoras foi, por

sua vez, reforçada pelo excepcional avanço tecnológico e científico e seu

impacto sobre o paradigma produtivo contemporâneo.

Inês B. de Oliveira diz que uma sociedade democrática não é, portanto,

aquela na qual os governantes são eleitos pelo voto. A democracia pressupõe

uma possibilidade de participação do conjunto dos membros da sociedade que

nos abra para uma democracia integral, capaz de produzir um tipo de

desenvolvimento socialmente justo e ecologicamente sustentado.

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5.2.8 Educação

Como processo de desenvolvimento da natureza humana, a educação

tem suas finalidades voltadas para o aperfeiçoamento do homem que dela

necessita para constituir-se e transformar a realidade.

A função fundamental da educação é criar condições político-

pedagógicas para o desenvolvimento do potencial de cada indivíduo e ajudá-lo

a tornar-se um ser humano completo em sua dimensões sociais, afetivas e

intelectuais.

A educação liberta o homem do desconhecido, colocando-o como “dono

da situação”, pois a partir do domínio do conhecimento o sujeito poderá

progredir e lutar por sua autonomia e uma prática democrática, visando

oportunizar ações coletivas que poderão influir na transformação da

sociedade.

Para que exista a educação autêntica é preciso superar a relação

vertical que eleva o educador acima do educando, e instaurar uma relação

dialógica entre ambos. O diálogo supõe troca, não imposição. Dessa maneira,

o educador já não é o que apenas educa, mas o que, enquanto educa, é

educado, em diálogo com o educando que, ao ser educado, também educa,

como afirma Paulo Freire.

É preciso que considere o educando não como efeito da ação do

educador, mas sim, como agente do processo educativo, com idéias e capaz de

ter iniciativa própria, conhecedor de seus direitos e obrigações, da realidade

que o cerca, buscando ampliar sua visão de sociedade e de mundo.

A educação deve ser entendida como um processo que se caracteriza

por uma atividade mediadora no seio da prática social global. Portanto, a

educação não deve ser apenas uma reprodução, mas, principalmente, uma

produção e uma adaptação do conhecimento e da cultura.

Partindo desse pressuposto, podemos afirmar que a educação é um

fenômeno próprio dos seres humanos, condição básica para o processo de

trabalho, bem como, é ela própria um processo de trabalho.

A educação como prática social e, portanto política, vai contribuir ou

para a conservação e reprodução da sociedade e de seus conteúdos

ideológicos, ou atuar no sentido de criticar e superar esses conteúdos e,

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conseqüentemente, agir na linha de resistência à dominação e de

transformação da sociedade. Ela pode se constituir, então, em uma prática

transformadora. Definir os fins educativos é definir, ao mesmo tempo, a

sociedade, a cultura e o homem que se quer promover. O papel de todos os

educadores não é somente de transmitir o patrimônio cultural, mas também

de participar da formação do homem e do cidadão.

5.2.9 Campo e Educação do Campo

É importante fazer uma distinção dos termos “rural” e “campo”. A

concepção de rural representa uma perspectiva política presente nos

documentos oficiais, que historicamente fizeram referência aos povos do

campo como pessoas que necessitam de assistência e proteção, na defesa de

que o rural é o lugar de atraso. Trata-se do rural pensado a partir de uma

lógica economicista, e não como um lugar de vida, de trabalho, de construção

de significados, saberes e culturas. Trata-se do campo como lugar dos povos

que o têm como lugar de vida, de trabalho, de cultura, da produção de

conhecimento na sua relação de existência e sobrevivência.

Já, a concepção de campo tem o seu sentido cunhado pelos movimentos

sociais no final do século XX, em referência à identidade dos povos do campo,

valorizando-os como sujeitos que possuem laços culturais e valores

relacionados à vida na terra.

O que caracteriza os povos do campo é o jeito peculiar de se

relacionarem com a natureza, o trabalho na terra, a organização das

atividades produtivas, mediante a utilização da mão-de-obra dos membros da

família, cultura e valores que enfatizam as relações familiares e de vizinhança,

que valorizam as festas comunitárias e de celebração da colheita, o vínculo

com uma rotina de trabalho que nem sempre segue o relógio mecânico. A

identidade dos povos do campo comporta categorias sociais como posseiros,

bóias-frias, ribeirinhos, atingidos por barragens, assentados, acampados,

arrendatários, pequenos proprietários, colonos ou sitiantes (dependendo da

região do Brasil em que estejam), caboclos dos Faxinais, comunidades negras

rurais, quilombolas, e também as etnias indígenas.

Em síntese , o campo retrata uma diversidade sociocultural, que se dá a

partir dos povos que nele habitam. Entre estes, há os que estão vinculados à

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alguma forma de organização popular, outros não. São diferentes gerações,

etnias, gêneros, crenças e diferentes modos de trabalhar, de viver, de se

organizar, de resolver os problemas, de lutar, de ver o mundo e de resistir no

campo.

A educação do campo não pode estar desvinculada de um projeto de

desenvolvimento do campo que se pretende construir. Esses povos, ao longo

da história, foram explorados e expulsos do campo, devido a um modelo de

agricultura capitalista, que tem como eixo a monocultura e a produção em

larga escala para a exportação, o agronegócio, a utilização de insumos

industriais, agrotóxicos, sementes transgênicas, o desmatamento

irresponsável, a pesca predatória, as queimadas de grandes extensões de

florestas, a utilização de mão-de-obra predatória e escrava, entre outros.

Considerando-se esses fatores é necessário que se assuma na educação do

campo a construção de um modelo de desenvolvimento que trata como

elemento fundamental o Ser Humano.

É na educação do campo que devem emergir os conteúdos e debates

sobre a diversificação de produtos, a utilização de recursos naturais, a

agroecologia, as sementes crioulas, a questão agrária e demandas históricas

por reforma agrárias, os trabalhadores assalariados rurais e suas demandas

por melhores condições de trabalho.

No âmbito da educação do campo, o objetivo é que o estudo tenha a

investigação como ponto de partida para a seleção e desenvolvimento dos

conteúdos escolares, de forma que possa valorizar as singularidades regionais

e localizar as características nacionais, tanto em termos das identidades

sociais e políticas dos povos do campo, quanto em termos da valorização da

cultura construída nos diferentes lugares do país.

A escola não pode reduzir o processo pedagógico às discussões da

realidade do campo, desconsiderando a interdependência campo-cidade. A

escola vai além de um local de produção e socialização do conhecimento,

sendo espaço de convívio social, onde acontecem reuniões, festas, celebrações

religiosas, vacinação e desenvolvimento de atividades que possibilitam

articulação da comunidade, potencializando a permanente (re)construção de

uma identidade cultural, possibilitando especialmente a elaboração de novos

conhecimentos.

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5.2.10 Valores

Os valores estão na base de todas as nossas ações, e é inevitável

reconhecer sua importância para a práxis educativa. No entanto, os valores

transmitidos pela sociedade nem sempre são claramente tematizados, e até

mesmo muitos educadores não baseiam sua prática em uma reflexão mais

atenta a respeito.

A educação se tornará mais clara se formos capazes de explicitar esses

valores, ou seja, de desenvolvermos um trabalho reflexivo que esclareça as

bases axiológicas da educação. Faz-se necessário, então, dar um destaque aos

valores morais, políticos e estéticos.

Nos propomos a educar para a vida, ou seja para o “bem viver”. A partir

de critérios morais, “bem viver” significa agir virtuosamente, agir segundo

princípios.

Ensinar a virtude não deve ser entendido segundo a maneira tradicional

e conservadora de “dar lições” sobre o que é justiça, piedade, coragem, etc.

Segundo Kohlberg, herdeiro da epistemologia de Piaget, “...o verdadeiro

homem moral não recebe passivamente as regras do grupo, mas as aceita (ou

recusa) livre e conscientemente...” (ARANHA, 1996, p. 120.

A aprendizagem da vida moral não é espontânea nem resulta de um

automatismo. Daí as dificuldades que impedem muitos de alcançarem os

níveis morais mais altos em face das características individualistas e

altamente competitivas da sociedade em que vivemos.

Educar não é dirigir para um ponto escolhido de antemão, mas é dar

condições para que o educando se encontre e faça seu próprio caminho. Esta

é a grandeza e o limite da educação: ser tolerante o suficiente para

reconhecer que nem sempre nossos valores são tão universais quanto

imaginamos; ser humildes para admitir que eventualmente nós mesmos

podemos estar enganados; e finalmente, abandonarmos o desejo de

onipotência, pois, se o homem é livre, não há como obrigá-lo a não errar. A

escola cumpre, então, sua missão essencial quando possibilita o domínio dos

conteúdos sistematizados e pensados, a autonomia pessoal, o fortalecimento

da cidadania e da expressão da sensibilidade, como manifestações plenas da

liberdade humana.

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5.2.11 Cidadania

Quando falamos em cidadania, estamos falando de uma qualificação da

condição de existência dos homens. O problema se coloca quando buscamos

saber até que ponto e como a educação escolar está apta a contribuir para

essa qualidade de existência que designamos como a da cidadania. O gozo dos

direitos civis, políticos e sociais é a expressão concreta desse exercício. O

homem, afinal, só é plenamente homem se for cidadão. Não tem, pois, sentido

falar de humanização, de humanismo, de democracia e de liberdade se a

cidadania não estiver estabilizando a vida real desse homem.

Sabemos hoje que o desenvolvimento humano não se dá mediante um

processo de desabrochar de potencialidades até certo ponto já programado,

contando apenas com a decisão voluntarista do sujeito. Na realidade, a

suposta “natureza humana” não é um dado de partida: ela vai se constituindo

no espaço natural e social, bem como no tempo histórico, num processo

contínuo de interação do sujeito com a natureza física e com a sociedade,

numa práxis entendida como atividade caracterizada por determinantes

objetivos e por intencionalidades subjetivas.

Assim, a cidadania exige o efetivo compartilhar das mediações

existenciais, e essas mediações assumem três configurações dialeticamente

articuladas e dependentes entre si.

A primeira forma concreta de partilhar dessas mediações é o

compartilhar dos bens materiais. Quando o seu contexto social não lhe

garante o poder usufruir desses elementos, ele não estará igualmente

usufruindo da condição de cidadania. É desta perspectiva que se entende o

significado do trabalho enquanto atividade mediadora para o homem, da

produção e conservação de sua própria existência material.

O compartilhar dos bens simbólicos é outra mediação efetiva e concreta

para o exercício da cidadania. Dado a sua condição de ser subjetivo, o homem

não pode realizar-se plenamente se não estabelecer também relações

permanentes com a esfera dos valores culturais, âmbito de abrangência de

sua subjetividade. A dimensão da subjetividade é um elemento fundamental,

imprescindível e insubstituível para a constituição da cidadania como

qualidade de vida.

Num terceiro momento se dá a exigência do compartilhar dos bens

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sociais. Isto implica que não basta aos homens repartirem entre si os bens

materiais e os bens simbólicos. Esta participação se desumanizará se ela não

se lastrear na repartição do poder.

Diante dessas questões podemos constatar que a educação representa,

na sua prática efetiva, um decidido investimento na consolidação da força

construtiva dessas mediações, sempre tentando reverter seu potencial

alienador. É a partir dessa constatação que se pode compreender a

importância da escola para a construção da cidadania.

Se de um lado, a sociedade precisa da ação dos educadores para a

concretização de seus fins, de outro, os educadores precisam do

dimensionamento político do projeto social para que sua ação possua um real

significado enquanto mediação para humanizar os educandos.

5.2.12 Currículo

O currículo, como elemento articulador da organização do trabalho

pedagógico na escola, pressupõe a compreensão da função social, da

dimensão político-pedagógica e da especificidade da educação e na efetivação

da gestão escolar, do projeto político pedagógico, do plano de ação escolar, do

plano de trabalho, do regimento escolar, da proposta pedagógica, do

planejamento de ensino e do plano de aula.

O currículo é uma questão de poder, pois a definição do sujeito histórico-

social a ser formado, da função social e especificada da escola, dos

conhecimentos científicos a serem ensinados, do método de ensino e dos

critérios e instrumentos a serem utilizados na avaliação, representa uma ação

politico-pedagógica.

O currículo é uma questão de conhecimento, uma vez que a tomada de

decisões a respeito da organização do trabalho pedagógico requer o domínio e

a compreensão não só da dimensão política da educação, mas principalmente

de sua dimensão pedagógica.

O currículo é uma questão de identidade, já que as decisões tomadas a

respeito dos elementos culturais essenciais à formação do sujeito histórico-

social e à organização do trabalho pedagógico revelam a opção política, os

interesses, os ideais e a compreensão da realidade pela comunidade.

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Basicamente, o currículo é uma lista de tudo aquilo que uma escola

pretende ensinar. Pode também conter informações mais precisas sobre como

e quando vai fazê-lo e também sobre os processos de avaliação das

aprendizagens. Geralmente, resume-se a uma relação de matérias, cada uma

com seus conteúdos, apresentados na seqüência em que devem ser

trabalhados com os alunos de cada série.

O currículo pode ser uma referência sobre o modo de ser da escola,

especialmente quando apresenta inovações em seus conteúdos. Ideologia e

cultura estão ligadas ao currículo, tanto na teoria tradicional como na teoria

crítica, pois considera-se o currículo uma forma institucionalizada de

transmitir a cultura de uma sociedade.

MATRIZ CURRICULAR - ENSINO FUNDAMENTAL REGULAR

5/8 SÉRIE

ANO: 2007 Série

Base Nacional

Comum

Ciências Educação Artística Educação Física Ensino Religioso (*) Geografia História Língua Portuguesa Matemática

Parte diversificada Língua Estrangeira Inglês

(*) Oferta obrigatória e de matrícula facultativa, não computada nas 800

horas.

5.2.13 Avaliação

A avaliação é uma reflexão sobre o nível de qualidade do trabalho

escolar tanto do professor quanto dos alunos. E, enquanto um componente do

processo de ensino e aprendizagem, deve visar, através da verificação e

qualificação dos resultados obtidos, determinar a correspondência destes com

os objetivos propostos e, então, orientar a tomada de decisões em relação às

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atividades didáticas seguintes. A avaliação é uma tarefa didática necessária e

permanente do trabalho docente, que deve acompanhar passo a passo o

processo de ensino e aprendizagem. Segundo Libâneo (1991, p.196) são

tarefas de avaliação:

Verificação: coleta de dados sobre o aproveitamento dos alunos,

através de provas, exercícios e tarefas ou de meios auxiliares, como

observação de desempenho, entrevista etc.

Qualificação: comprovação dos resultados alcançados em relação aos

objetivos e, conforme o caso, atribuição de notas ou conceitos.

Apreciação qualitativa: avaliação propriamente dita dos resultados,

referindo-os a padrões de desempenho esperados.

De acordo com essas qualificações, a avaliação não pode ser tomada

unicamente como o ato de aplicar provas, atribuir notas e classificar os

alunos. Essa atitude ignora a complexidade de fatores que envolvem o ensino,

tais como os objetivos de formação, os métodos e procedimentos do professor,

a situação social dos alunos, as condições e meios de organização social do

ensino, os requisitos prévios que têm os alunos para assimilar a matéria nova,

as diferenças individuais, o nível de desenvolvimento intelectual, as

dificuldades de assimilação devido a condições sociais, econômicas, culturais

adversas dos alunos.

A avaliação sempre deve estar a serviço do aluno, acompanhar o

caminho que o aluno faz, descobrir suas dificuldades e necessidades e alterar

os rumos, se preciso. Acontece a cada bimestre e será considerado o resultado

obtido durante o ano letivo. Para avaliar, a escola segue o sistema de notas

(0,0 a 10,0) e utiliza-se de técnicas e instrumentos diversificados: provas

escritas, trabalhos extra-classe individuais e em grupos, trabalhos de campo,

elaboração de textos, criação de diversas atividades que que possam ser um

“diagnóstico” do processo pedagógico em desenvolvimento sempre

preponderando o aspecto qualitativo da aprendizagem. Para que a avaliação

cumpra sua finalidade educativa, deverá ser contínua, permanente e

cumulativa, deverá obedecer a ordenação e a seqüência do ensino e da

aprendizagem, bem como a orientação do currículo.

O resultado da avaliação será registrada em documentos próprios, a fim

de ser assegurada a regularidade e a autenticidade da vida escolar do aluno.

Encerrado o processo de avaliação, o estabelecimento registrará, no histórico

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escolar do aluno, sua condição de aprovado ou reprovado.

5.2.14 Planejamento

O ato de planejar faz parte da história do ser humano, pois o desejo de

transformar sonhos em realidade objetiva é uma preocupação marcante de

toda pessoa. Em nosso dia-a-dia, sempre estamos enfrentando situações que

necessitam de planejamento, mas nem sempre as nossas atividades diárias

são delineadas em etapas concretas da ação, uma vez que já pertencem ao

contexto de nossa rotina. Porém, usamos processos racionais para

alcançarmos o que desejamos. As idéias que envolvem o planejamento são

amplamente discutidas nos dias atuais, mas um dos complicadores para o

exercício da prática de planejar parece ser a compreensão de conceitos e o

uso adequado dos mesmos. Assim sendo, apontamos algumas concepções

sobre planejamento segundo Padilha, (2001, pg.30,63, 33).

Planejamento é processo de busca de equilíbrio entre meios e fins,

entre recursos e objetivos, visando ao melhor funcionamento de empresas,

instituições, setores de trabalho, organizações grupais e outras atividades

humanas. O ato de planejar é sempre processo de reflexão, de tomada de

decisão sobre a ação; processo de previsão de necessidades e racionalização

de emprego de meios (materiais) e recursos (humanos) disponíveis, visando à

concretização de objetivos, determinados por prazos e etapas definidas.

Planejar, em sentido amplo, é um processo que "visa a dar respostas a um

problema, estabelecendo fins e meios que apontem para sua superação, de

modo a atingir objetivos antes previstos, pensando e prevendo

necessariamente o futuro", mas considerando as condições do presente, as

experiências do passado, os aspectos contextuais e os pressupostos filosófico,

cultural, econômico e político de quem planeja e com quem se planeja.

Planejamento de Ensino é o processo de decisão sobre atuação concreta

dos professores, no cotidiano de seu trabalho pedagógico, envolvendo as

ações e situações, em constante interações entre professor e alunos e entre os

próprios alunos.

6 ATO OPERACIONAL

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A prática da construção de um projeto deve estar amparada por

concepções teóricas sólidas e supõe o aperfeiçoamento e a formação de seus

agentes. Só assim serão rompidas as resistências em relação a novas práticas

educativas. Os agentes educativos devem sentir-se atraídos por essa proposta,

pois só assim terão uma postura comprometida e responsável. Trata-se,

portanto, da conquista coletiva de um espaço para o exercício da autonomia.

Para que a escola seja realmente um espaço democrático e não se limite

a reproduzir a realidade sócio-econômica em que está inserida, cumprindo

ordens e normas a ela impostas por órgãos centrais da educação, deve-se

criar um espaço para a participação e reflexão coletiva sobre o seu papel junto

à comunidade.

Devemos então nos mobilizar pela garantia do acesso e da permanência

do aluno na escola. Não basta esperar por soluções que venham verticalmente

dos sistemas educacionais. Urge criar propostas que resultem de fato na

construção de uma escola democrática e com qualidade social, fazendo com

que os órgãos dirigentes do sistema educacional possam reconhecê-la como

prioritária e criem dispositivos legais que sejam coerentes e justos,

disponibilizando os recursos necessários à realização dos projetos das escolas.

Do contrário, a escola não estará efetivamente cumprindo o seu papel,

socializando o conhecimento e investindo na qualidade do ensino. A escola

Estadual Dr. Tancredo Neves - Ensino Fundamental tem um papel mais amplo

do que transmitir conteúdos, portanto, deverá sempre rever a sua própria

prática, muitas vezes fragmentada e individualista, reflexo da divisão social

em que está inserida.

6.1 Gestão Democrática

A gestão democrática na escola implica olhar a organização e a

realização do trabalho pedagógico escolar sob uma outra lógica, outros

princípios, outros valores e outras relações.

Numa perspectiva de gestão democrática é fundamental propor uma

nova forma de organizar as relações entre os sujeitos que fazem o cotidiano

da escola. Essa forma de gestão reconhece os diferentes papéis, funções e

responsabilidades no trabalho escolar, mas pressupõe que essas

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especificidades devem ser organizadas a partir dos mesmos fins, metas e

objetivos.

Ao diretor cabe a responsabilidade máxima quanto à consecução eficaz

da política educacional e desenvolvimento pleno dos objetivos educacionais

organizados, dinamizando e coordenando todos os esforços nesse sentido e

controlando todos os recursos para tal. Por sua posição e seu desempenho,

exerce influência sobre todos os setores da escola. Portanto, é do bom

desempenho e de sua habilidade em influenciar o ambiente que depende, em

grande parte, a qualidade deste ambiente e clima escolar, o desempenho do

seu pessoal e a qualidade do processo de ensino e aprendizagem.

Na Escola Estadual Dr. Tancredo Neves - Ensino Fundamental a função

pedagógica do Diretor está pautada em práticas coletivas e individuais

baseadas em decisões tomadas e assumidas pelo coletivo escolar, pois a

direção é parte desse coletivo exigindo-se liderança e vontade firme para

coordenar, dirigir e comandar o processo decisório onde a participação, a

autonomia e a liberdade são elementos inerentes à consecução do fins.

Na formação continuada, além da oferecida pela SEED, será proposto

encontros entre professores e funcionários para estudo e reflexão de temas

inerentes ao bom funcionamento do estabelecimento de ensino.

A hora atividade por disciplina será organizada de forma a garantir aos

professores a realização de atividades pedagógicas individuais, estudos e

reflexões, correção de trabalhos discentes, estudos e reflexões a respeito de

atividades que visem a melhoria da qualidade de ensino, bem como o

atendimento a alunos, pais e outros assuntos de interesse da comunidade

escolar.

A escola estará comprometida em desenvolver projetos que abordem

temas como: drogas, problemas ambientais, doenças sexualmente

transmissíveis, o preconceito e a discriminação presentes em nossa sociedade,

além de feiras de artes e ciências. Tais temas serão problematizados no

contexto do momento e poderão ser tratados nas diferentes disciplinas de

tradição curricular, ou projetos únicos que envolvam toda a comunidade

escolar.

6.1.1 Papel de cada ator social

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Diretor – Organiza o trabalho escolar desenvolvido por todos os

segmentos da comunidade escolar, a partir de sua natureza pedagógica.

Professor Pedagogo – Organiza o trabalho pedagógico específico na

educação escolar.

Professor – Organiza o trabalho de ensino-aprendizagem na sala de

aula.

Secretária - Desenvolve funções na secretaria como parte integrante da

escola compromissada com a efetivação da documentação escolar dos alunos

Serviços gerais - É o setor encarregado da limpeza, merenda,

conservação da escola, mantendo-a asseada, convidativa à freqüência dos

alunos.

6.2 Conselho Escolar

O Conselho Escolar é um órgão colegiado de natureza consultiva,

deliberativa e fiscal, com o objetivo de estabelecer critérios relativos a sua

ação, organização, funcionamento e relacionamento com a comunidade, nos

limites da legislação em vigor e compatíveis com as diretrizes e política

educacional traçadas pela Secretaria de Estado da Educação.

O Conselho Escolar tem por finalidade promover a articulação entre os

vários segmentos organizados da sociedade e a escola, a fim de garantir a

eficiência e a qualidade do seu funcionamento. Opina sobre as questões

pedagógicas, financeira e administrativa da escola, promove a articulação

entre os segmentos da comunidade.

6.3 APMF – Associação de Pais, Mestres e Funcionários

A Associação de Pais, Mestres e funcionários da Escola Estadual Dr.

Tancredo Neves - Ensino Fundamental é um órgão de representação do corpo

docente e discente, não tendo caráter partidário, religioso, raça e nem fins

lucrativos, não sendo remunerados seus dirigentes e conselheiros e

proporciona aos alunos condições de opinar e participar de todo o processo

escolar e contribuir com a instituição escolar, através do gerenciamento dos

itens:

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• contribuição comunitária;

• compra de materiais diversos de consumo e até permanentes;

• conservação física da escola;

• acompanhamento da ação pedagógica;

• acompanhamento da aplicação das receitas da escola, entre outros.

6.4 Conselho de classe

O Conselho de Classe constitui-se em um espaço de reunião de

professores de diferentes especialidades com o intuito de avaliar o

desempenho alcançado pelo aluno, tornando-se uma importante instância de

reflexão da escola, pois possibilita a inter-relação dos profissionais e um

debate sobre o ensino e a aprendizagem. O conselho de classe é um órgão

colegiado de natureza consultiva e deliberativa em assuntos didático-

pedagógicos, cujo objetivo principal é avaliar o processo ensino-aprendizagem

na relação professor-aluno e os procedimentos adequados para cada caso.

6.5 Articulação entre Escola, Família e Comunidade

No contexto atual a questão das parcerias amplia a possibilidade de

alianças entre o setor educacional e outros setores da sociedade. A Escola

Estadual Doutor Tancredo Neves – Ensino Fundamental, busca a integração

com a família e a comunidade, envolvendo-as em várias ações ligadas ao

desenvolvimento da escola como um todo, abrangendo os aspectos: social,

político, pedagógico, financeiro, cultural e ambiental. Haverá reuniões e

encontros capazes de promover a articulação e integração da comunidade

escolar.

6.6 Plano de avaliação do P.P.P.

O ato de avaliar traz consigo desafios que exigem enfrentamentos e

respostas, que geram necessidades de uma ação colegiada provocativa, que

compreenda um permanente diálogo entre os sujeitos envolvidos e a realidade

na escola.

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Entendemos o processo de avaliação como uma oportunidade de

aprendizado e evolução, e ela só fará sentido se for trabalhada dentro destes

princípios. Ele é, antes de tudo, uma ampla ação pedagógica, onde se reavalia,

reflete, reelabora, reexamina atitudes, avança em propostas e perspectivas,

nas quais se englobam uma série de operações e ações que se inter-

relacionam, visando aperfeiçoar e melhorar o processo escolar, bem como

divulgar seus resultados a todos os envolvidos. Um caminho difícil, porém

possível, principalmente porque a comunidade escolar tem manifestado o

interesse de colaborar, buscando rumos para uma escola atuante, criativa,

democrática e de melhor qualidade.

Como produto, a avaliação pressupõe a coleta, a análise e a

apresentação de informações, sendo da maior importância utilizar

instrumentos que possam entender as causas dos problemas e descobrir

oportunidades para aperfeiçoar os processos conduzindo-os a patamares cada

vez mais elaborados.

A partir desses pressupostos, o acompanhamento sistemático das ações

propostas pela Escola Estadual Doutor Tancredo Neves – Ensino Fundamental,

é de suma importância, e a sua não efetivação coloca em risco toda a

estrutura da própria proposta pedagógica.

Assim, o plano de avaliação deste P.P.P será efetivado em duas etapas:

durante o ano, de forma sistemática e contínua; e ao final do ano, de forma

sistemática e abrangente. Participarão da avaliação o Conselho Escolar e,

como avaliados e avaliadores, alunos, professores e funcionários.

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