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ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA – USP JOÃO PAULO BONOMO ADORNO Substituição de gás natural em um sistema de secagem de Briquetes através da utilização do gás proveniente do reator de redução de minério de ferro: Estudo de caso. Lorena– SP 2015

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ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA – USP

JOÃO PAULO BONOMO ADORNO

Substituição de gás natural em um sistema de secagem de Briquetes

através da utilização do gás proveniente do reator de redução de minério de

ferro: Estudo de caso.

Lorena– SP

2015

JOÃO PAULO BONOMO ADORNO

Substituição de gás natural em um sistema de secagem de Briquetes

através da utilização do gás proveniente do reator de redução de minério de

ferro: Estudo de caso.

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado à Escola de Engenharia de

Lorena da Universidade de São Paulo

como requisito para obtenção do grau de

Engenheiro Químico.

Área de Projeto: Tecnologia química e

Termodinâmica.

Orientador: Prof. Msc. Antônio Carlos

da Silva.

Lorena - SP

2015

AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIOCONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE

Ficha catalográfica elaborada pelo Sistema Automatizadoda Escola de Engenharia de Lorena,

com os dados fornecidos pelo(a) autor(a)

Adorno, João Paulo Bonomo Substituição de gás natural em um sistema desecagem de Briquetes através da utilização do gásproveniente do reator de redução de minério de ferro:Estudo de caso / João Paulo Bonomo Adorno;orientador Antonio Carlos da Silva. - Lorena, 2015. 40 p.

Monografia apresentada como requisito parcialpara a conclusão de Graduação do Curso de EngenhariaQuímica - Escola de Engenharia de Lorena daUniversidade de São Paulo. 2015Orientador: Antonio Carlos da Silva

1. Poder calorífico. 2. Gás natural. 3. Redução deminério de ferro. I. Título. II. da Silva, AntonioCarlos, orient.

DEDICATÓRIA

Aos nossos pais e irmãos,

Aos nossos amigos,

Aos nossos professores

...os quais serviram de alicerce para que pudéssemos concretizar mais uma etapa de

nossas realizações profissionais.

AGRADECIMENTOS

À Deus pelo dom da vida.

Aos meus pais, que sempre foram a base de todos os passos que tomei em minha

vida, pelo carinho, dedicação, amor e principalmente pelo exemplo a ser seguido.

A Ana Carolina Reginaldo Fonseca pelo companheirismo, cumplicidade, amizade e

amor.

Aos meus amigos de república Denis Brollo, Gustavo Morais, Thiago Zwirtes e

Gabriel Cabral pelos momentos de felicidade, companheirismo e vitórias

compartilhadas.

Aos meus amigos Vinicius Trombeta, Tamires Freitas e Leandro Navarro pela

amizade incondicional.

A Hermes Joaquim, Kleiton Lovatti, Guilherme Gonçalves, Ronald Lopes e Roberto

Okada pelo companheirismo, amizade e vitórias compartilhadas na Tecnored S.A.

Ao Professor Antônio Carlos, pela paciência, compreensão e dedicação a este

trabalho.

A todos que, de alguma forma, colaboraram para a realização deste trabalho, o meu

sincero agradecimento.

"Acredite você que consiga fazer uma coisa ou não, você está certo".

H. Ford

RESUMO

ADORNO, J. P. B. Substituição de gás natural em um sistema de secagem de

Briquetes através da utilização do gás proveniente do reator de redução de

minério de ferro: Estudo de caso. 2015. Monografia (Trabalho de Graduação em

Engenharia Química) – Escola de Engenharia de Lorena, Universidade de São

Paulo, Lorena, 2015.

Este trabalho teve o objetivo de, através de um estudo de caso, analisar a

substituição de gás natural em um processo industrial. O trabalho apresenta o estudo

realizado em um sistema de fabricação de briquetes e seus periféricos, em uma

planta industrial de produção de ferro primário. O gás natural é utilizado como fonte

de energia na etapa de secagem dos briquetes. O projeto analisou a possibilidade de

substituir o gás natural pelo gás proveniente do reator de redução de minério de ferro.

Como bases de comparação foram utilizadas a vazão utilizada de Gás Natural pelo

sistema, como a vazão disponível de gás de processo, como também o Poder

Calorífico de ambos objetivando comparar a energia fornecida ao sistema pelo gás

natural e o potencial energético do gás de processo. O estudo apresentou resultado

positivo, pois o gás de processo apresentou potencial energético superior a energia

fornecida pelo gás natural, onde os dados foram coletados de cenários reais de

produção de minério de ferro.

Palavras chave: Poder Calorífico, Gás Natural, Redução de minério de ferro.

ABSTRACT

ADORNO, J. P. B. Replacement natural gas briquettes in a drying system using

the gas from the iron ore reduction reactor: Case Study. 2015. Monografia

(Trabalho de Graduação em Engenharia Química) – Escola de Engenharia de

Lorena, Universidade de São Paulo, Lorena, 2015.

This work aimed to, through a case study, analyze the substitution of natural gas in an

industrial process. The paper presents the study in a briquette manufacturing system

and its peripherals in an industrial plant of primary iron production. Natural gas is used

as an energy source in the briquettes drying step. The project examined the possibility

of replacing natural gas by gas from the iron ore reduction reactor. As a basis of

comparison were used to flow used natural gas through the system, as the available

flow of process gas, as well as the Calorific Value of both aimed to compare the

energy supplied to the system by natural gas and the energy potential of the process

gas. The study was positive, as the process gas introduced higher energy potential

energy provided by natural gas, where the data was collected from real scenarios of

iron ore production.

Keywords: Calorific, natural gas, iron ore reduction.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Forno Tecnored .................................................................................... 14

Figura 2 - Diagrama Fe - O ................................................................................... 16

Figura 3 - Diagrama Wustita - Magnetita - Fe α - Fe β .......................................... 18

Figura 4 – Diferentes formatos de Briquetes ......................................................... 19

Figura 5 – Esquema de Cilindros Rotatórios ......................................................... 20

Figura 6 – Cilindros de briquetagem ..................................................................... 20

Figura 7 – Secadora tipo esteira ........................................................................... 21

Figura 8 – Esquema de Câmara de Combustão ................................................... 22

Figura 9 - Câmara de Combustão Industrial ......................................................... 22

Figura 10 – Sistema de limpeza de gases ............................................................ 23

Figura 11 – Esquema do sistema TRT .................................................................. 24

Figura 12 - Indústria de Fabricação de ferro primário ........................................... 27

Figura 13 - Sistema de Secagem de Briquetes tipo esteira .................................. 28

Figura 14 – Analisador a Laser ............................................................................. 29

Figura 15 – Analisador a Laser ............................................................................. 30

Figura 16 - Ponto de Coleta de gás ...................................................................... 31

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Composições do gás de processo ....................................................... 32

Tabela 2 - Poder de Combustão ........................................................................... 34

Tabela 3 - Consumo de Gás Natural (Nm3/h) ....................................................... 35

Tabela 4 - Consumo de Gás Natural (Nm3/h) ....................................................... 36

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 12

1.1 Contextualização ......................................................................................... 12

1.2 Justificativa .................................................................................................. 13

1.3 Objetivo Geral .............................................................................................. 13

1.4 Objetivos Específicos .................................................................................. 13

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .......................................................................... 14

2.1 O reator de redução de ferro primário ......................................................... 14

2.2 Termodinâmica da redução dos óxidos de ferro .......................................... 15

2.2.1 Equilíbrio Ferro-Oxigênio (Fe-O) ........................................................... 15

2.2.2 Hematita ................................................................................................ 16

2.2.3 Wustita .................................................................................................. 17

2.2.4 Magnetita .............................................................................................. 18

2.2.5 Ferro ..................................................................................................... 18

2.3 Briquetagem ................................................................................................ 19

2.3.1 Briquetadeira de cilindros rotatórios ...................................................... 19

2.3.2 Sistema de secagem de briquetes ........................................................ 21

2.4 Sistema de limpeza de gases ...................................................................... 23

2.5 Aplicação difundida de Gás de Processo – Turbina de Recuperação de

Topo .................................................................................................................. 23

2.6 Poder Calorífico ........................................................................................... 24

3 METODOLOGIA DE PESQUISA ....................................................................... 26

3.1 Natureza da Pesquisa ................................................................................. 26

3.2 Abordagem .................................................................................................. 26

3.3 Métodos ....................................................................................................... 26

3.3.1 Identificação .......................................................................................... 26

3.3.2 Funcionamento do Sistema de Secagem ............................................. 28

3.3.3 Análise dos gases .................................................................................... 29

3.3.3.1 O Analisador a Laser ......................................................................... 29

3.3.4 Coletas de amostras do gás de processo após o Sistema de Limpeza de

Gases e suas Composições .............................................................................. 31

3.3.5 Poder Calorífico e a Fórmula de Dulong ................................................... 32

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................... 34

4.1 Cálculos através da Fórmula de Dulong ...................................................... 34

4.2 Vazões de gás de processo e calculo da energia que pode ser aproveitada

.......................................................................................................................... 35

4.3 Combustão de Gás Natural e energia fornecida pelo sistema ..................... 36

4.4 Discussão .................................................................................................... 37

5 CONCLUSÃO .................................................................................................... 37

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 39

12

1 INTRODUÇÃO

1.1 Contextualização

Atualmente a siderurgia possui como principal rota de produção de ferro

primário o Alto-forno, processo este que já perdura como soberano por mais de

700 anos. Entretanto, esta soberania vem sendo ameaçada, uma vez que o Alto-

forno não atende algumas necessidades do mercado atual, como:

• Baixos níveis de emissões de gases poluentes;

• Maior eficácia na utilização de resíduos gerados;

• Flexibilidade no uso de matérias-primas alinhado as oscilações do

mercado;

• Baixos custos operacionais;

• Flexibilidade de escala de produção.

Analisando este cenário, novas tecnologias de produção de ferro primário

fazem frente ao alto-forno atualmente (NOLDIN, 2007, p. 17). Como por exemplo:

Tecnored, Oxicup, ITMK3, HISMELT, ROMELT, FINEX, COREX dentre outras.

Como consequência a este cenário de maior concorrência entre tecnologias, tanto

novas como a antiga tecnologia vêm se aprimorando no que diz respeito a

utilização dos resíduos gerados, onde pensamentos inovadores são formados

com o objetivo de aprimorar estas tecnologias, no que diz respeito aos itens já

comentados acima, em especial a utilização de forma eficaz dos resíduos gerados

do processo de fabricação de ferro primário. Dentre os resíduos gerados, o gás

residual de processo, conhecido como "Gás de Processo", vem sendo estudado

para ser reutilizado dentro do processo. Este trabalho apresenta uma forma de

reutilizar este gás, partindo do princípio que o mesmo possui poder calorífico

considerável e que após sua combustão, o gás combusto a alta temperatura

possa ser utilizado no sistema de secagem dos briquetes. Visando diminuir ou até

mesmo extinguir a utilização de gás natural. Obtendo assim, menor custo de

fabricação destes briquetes, uma vez que os gastos com a compra de gás natural

sejam reduzidos. Além disto, a substituição de gás natural diminui a quantidade

de dióxido de carbono produzida pelo sistema como um todo. Uma vez que o gás

gerado deverá ser queimado de forma completa após o processo, e o calor

13 gerado desta queima é utilizado para secagem dos briquetes, transformando todo

o monóxido de carbono em dióxido de carbono.

1.2 Justificativa

A reutilização do gás residual do processo na substituição do gás natural

possibilita vantagens à tecnologia como um todo, como por exemplo:

� Menor emissão de dióxido de carbono;

� Eliminar a dependência de fornecimento de gás natural;

� Diminuir o custo operacional (OPEX) da etapa de secagem dos briquetes;

1.3 Objetivo Geral

Avaliar a possibilidade de substituir o gás natural pelo gás residual do

processo de redução de minério de ferro, no sistema de secagem de briquetes.

1.4 Objetivos Específicos

� Avaliar a possibilidade de aplicação dos gases provenientes da redução de

minério de ferro.

� Identificar a formação dos gases provenientes da redução do minério de

ferro, como também sua composição

� Estudar o Sistema de Limpeza de gases.

� Realizar o comparativo entre a energia fornecida para a Câmara de

Combustão entre o Gás Natural e o Gás de Processo.

14 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 O reator de redução de ferro primário

Atualmente existem diversas tecnologias de redução de minério de ferro, à

ferro primário e a tecnologia que será utilizada como exemplo é a Tecnored.

Segundo Noldin et al (2002), esta tecnologia brasileira possui alimentação lateral

de combustíveis (aglomerados na forma de briquetes combustíveis) e alimentação

central de minério de ferro (aglomerado na forma de Briquetes Auto-redutores),

onde algumas características de processo são explicadas na Figura 1.

Figura 1 - Forno Tecnored

Fonte: NOLDIN, 2002

A grande maioria dos processos de redução de ferro primário possui o

modelo de alimentação e retirada de material muito semelhante ao Processo do

Alto Forno, como explica de forma resumida, Noldin et al (2007), este consiste de

alimentação de matérias primas pela parte superior do reator. Alimentação de gás

atmosférico (ou até mesmo de Oxigênio puro em algumas exceções) em uma, ou

duas, regiões de diferentes alturas do reator. Retirada dos gases provenientes da

redução pela parte superior do reator, e por fim, retirada de escória e ferro

primário (ou até mesmo ferro gusa) pela parte inferior do reator.

15 2.2 Termodinâmica da redução dos óxidos de ferro

Para realizar a redução de óxidos de ferro, são utilizados agentes

redutores. Usualmente, são utilizados na metalurgia o Monóxido de Carbono (CO)

e o gás Hidrogênio (H2), ou até mesmo uma mistura destes dois gases. A redução

sólido-sólido dos óxidos de ferro via intermediários gasosos, pode ser dividida em

quatro principais etapas: formação do monóxido de carbono, redução de hematita

para magnetita, redução da magnetita para wustita e a redução de wustita para

ferro (NOLDIN, 2002, p.50), através das reações (1) a (4).

C(s) + 1/2O2 =>CO (g) (1)

3Fe2O3 + CO =>2Fe3O4 + CO2(g) (2)

Fe3O4 + CO(g) => 3FeO + CO2(g) (3)

FeO + CO(g) => Fe + CO2 (g) (4)

Estas reações somadas a outras são responsáveis por uma enorme

geração de gás de processo e este gás residual pode possuir os mais variados

tipos de composição, variando conforme a composição das matérias-primas e tipo

de reator utilizado para redução dos óxidos de ferro. Entretanto, a composição de

alguns compostos, como o monóxido de carbono e o hidrogênio se mantêm

praticamente constante na saída do reator como também após o sistema de

limpeza de gases.

2.2.1 Equilíbrio Ferro-Oxigênio (Fe-O)

O diagrama de fases Fe-O, que é mostrado na Figura 2, apresenta as fases

FexOy . Dentre estas fases, existem seis fases que são denominadas fases

condensadas (Rizzo, 1966, p.137). Estas fases são: ferro metálico (onde existe a

subdivisão entre: ferro-alfa, ferro-gama e ferro-delta), wustita, magnetita, hematita,

ferro líquido e o óxido de ferro líquido.

16

Figura 2 - Diagrama Fe - O

Fonte: RIZZO, H. P.; BROSCH, C. D.; DA SILVA, L. C., 1966

2.2.2 Hematita

Apresenta como composição química Fe2O3 e representa o maior estado de

oxidação do ferro. Assim sendo, de acordo com Machado et al (2002), quando

está se apresenta pura, isto é, sem a presença de ganda, corresponde a 69,94%

de ferro e 30,06% de oxigênio. Apresenta estrutura hexagonal compacta, e sua

cor natural é acinzentada com peso específico aproximado de 5,25t/m3. No Brasil,

a Hematita é um dos mais importantes tipos de minério de ferro, principalmente

por sua abundância e alta pureza. Além disso, alguns depósitos de baixo grau

têm sido tratados de forma eficiente, obtendo uma produção de alta qualidade de

concentrados, utilizando principalmente técnicas de flotação e gravimetria.

17 Ainda segundo Machado et al (2002), outro tipo de obtenção da Hematita é

através da oxidação da Magnetita, onde esta é apresenta uma única notação

estequiométrica, entretanto, possui diferentes tipos de óxidos, que são:

Maguemita, γ- Fe2O3, e Hematita, α - Fe2O3. No que diz respeito a redução da

Hematita, a diferenciação se faz extremamente importante. Na redução da

Hematita (α - Fe2O3) à Magnetita (Fe3O4) ocorre o efeito do crescimento

anisotrópico da estrutura de espinélio invertido CFC (cúbica de face centrada), o

que normalmente implica em geração de trincas e micro trincas. A superfície

resultante desta reação é maior, logo a Magnetita 46 resultante desta reação é

mais reativa do que a Magnetita mineral, mas por outro lado, apresenta menor

resistência mecânica.

Em análises microscópicas, alguns fatores são observados para diferenciar-

se a Maguemita da Hematita. A Maguemita é essencialmente circular por ser

formada pela oxidação do Ferro metálico solidificado e para identificar as fases

Hematita, Magnetita e Wustita são feitas pela forma de como estas refletem a luz

incidente, através da incidência de luz polarizada que se direciona para cada

amostra.

2.2.3 Wustita

Como abordado por Schenck, Rudolf & Dingmann (1927), a Wustita

apresenta estrutura cristalina CFC (cúbica de face centrada), onde o íon de ferro

está arranjado nos interstícios octaédricos entre os íons de oxigênio. Quando

abaixo de 560ºC, é instável se decompondo em Fe- ⇒α + magnetita (4”FeO”

Fe3O4 + Fe-α). Geralmente a Wustita é representada como "FeO", por

simplicidade de apresentação, mas na verdade a Wustita se apresenta com déficit

de ferro, onde o correto seria apresentá-la sempre na forma de FexO, onde X está

nos entornos de 0,95 (Fontini 2000). Na Figura 3, é apresentado o campo como

há predominância de Wustita.

18

Figura 3 - Diagrama Wustita - Magnetita - Fe α - Fe β

Fonte: Campo de predominância da Wustita (“FeO”). Adaptado de FORTINI, O. M., 2000.

2.2.4 Magnetita

A Magnetita possui composição química Fe3O4, onde 73,36% é de ferro e

27,64% é de oxigênio, isto quando livre de impurezas. Apresenta cor preta ou de

uma forma mais próxima ao cinza escura, possui peso molecular específico de

5.16 t/m3 (Rizzo 1966). Apresenta alta força magnética, onde esta propriedade é

utilizada em seus processos de separação. Assim, torna-se possível a sua

separação da ganga, ainda nas mineradoras.

2.2.5 Ferro

De acordo com Rizzo e Brosch (1966), o ferro puro pode ser evidenciado

em seu estado metálico (Fe0) até 912ºC na forma alotrópica alfa (α), a partir de

912°C até 1394°C no estado alotrópico gama (γ) e a partir de 1394°C até 1538°C

no estado alotrópico delta (δ), e facilmente determinado por análise química. Suas

formas alotrópicas são caracterizadas por reticulados cristalinos distintos, onde: o

Ferro-α, reticulado cúbico de corpo centrado, o Ferro-γ reticulado cúbico de face

centrada e o Ferro-δ, reticulado cúbico de corpo centrado.

19 2.3 Briquetagem

Briquetagem é um processo no qual pequenas partículas de materiais

sólidos são prensadas para formar blocos de forma definida e maior tamanho.

Este processo pode ser utilizado para a briquetagem de finos de coque, finos de

carvão e minérios, por exemplo. Em alguns casos, é necessária a utilização de

um aglutinante, onde este tem a função de unir estas pequenas partículas

(SIMÕES, 1999, p.4). A quantidade de água adicionada à mistura é sempre

superior à quantidade prevista na formulação dos briquetes. A água é alimentada

em excesso visando à melhora no desempenho da aglomeração das partículas

(GRANDIN et al. 1994), como pode ser visto na Figura 4, após aglomerados,

estes materiais encontram-se em um formato específico, que tem como objetivo

melhorar a cinética de redução do minério de ferro, dispersar o fluxo gasoso

dentro do reator dentre outros fatores que visam otimizar o processo de redução

do minério.

Figura 4 – Diferentes formatos de Briquetes

Fonte: KOMAREK, 1991

2.3.1 Briquetadeira de cilindros rotatórios

Provavelmente, é o mais conhecido e aplicado processo para confecção de

briquetes, onde o material a ser briquetado é prensado por dois cilindros de

diâmetros iguais, girando em direções opostas, à mesma velocidade, conforme

exemplificado na Figura 5. O movimento é geralmente efetivado por volantes de

engrenagem com abs

superfícies dos cilindr

(KOMAREK, 1994, p.

um funil ou por uma ro

bsoluto sincronismo e na Figura 6, podem

dros possuem várias cavidades com o for

p.32). Vale lembrar que o material é carr

rosca de alimentação.

Figura 5 – Esquema de Cilindros Rotatórios

Fonte: Chaves, 2012

Figura 6 – Cilindros de briquetagem

Fonte: Rijeza Metalurgia, 1991

20

mos observar que as

formato dos briquetes

rregado por meio de

21 2.3.2 Sistema de secagem de briquetes

O Sistema de secagem basicamente consiste de uma secadora e uma

câmara de combustão, uma vez que a secadora é responsável por retirar a

umidade excedente dos briquetes e na Figura 7, é apresentada uma secadora do

tipo esteira.

Figura7 – Secadora tipo esteira

Fonte: Buhlergroup, 2014

A umidade excedente a formulação final desejada, como já citado, está

ligada ao desejo de aumentar a produtividade de briquetes, visando um menor

tempo de mistura dos componentes do briquete. A energia destinada para

evaporação desta água excedente é proveniente da passagem contínua de um

gás a alta temperatura. Este gás de alta temperatura, por sua vez, é proveniente

de uma câmara de combustão, cujo esquema é apresentado na Figura 8 e um

exemplo é evidenciado na Figura 9, onde esta câmara deve ser alimentada por

um gás de alto poder calorífico, no caso o gás natural.

FFigura 8 – Esquema de Câmara de Combustão

Fonte: modificado de MORAN et al, 2013

Figura 9 - Câmara de Combustão Industrial

Fonte: http://www.sellermecanica.com.br/

22

23 2.4 Sistema de limpeza de gases

Este sistema basicamente possui três unidades que podem ser vistas na Figura 10.

Figura 10 – Sistema de limpeza de gases

Fonte: INFOMET, 2014

O coletor de poeiras e o ciclone são responsáveis pela retirada das

partículas de maior granulometria, já o separador a úmido, utiliza a aspersão de

água para retirada das partículas de menor granulometria. No caso do alto-forno,

por exemplo, após o sistema de limpeza de gases, este apresenta em sua

composição de 19 a 30% de monóxido de carbono(CO), 14 a 18% de dióxido de

carbono (CO2), 3 a 7% de hidrogênio (H2), e aproximadamente 1% de metano

(CH4) e Nitrogênio (N2) completando a composição do gás (NOLDIN, 2002, p. 33).

2.5 Aplicação difundida de Gás de Processo – Turbina de Recuperação de

Topo

A Turbina de Recuperação de Topo (TRT) é um sistema que utiliza a

pressão de escape e o calor oriundo do alto-forno da siderúrgica como fonte de

energia. Neste sistema, o gás de alto-forno produzido durante o processo de

redução do minério de ferro é utilizado para a geração de eletricidade

(ABRANCHES, 2009, p.40) e esta aplicação, como pode ser vista na Figura 11, é

utilizada para grandes alto-fornos, pois é necessária uma grande quantidade de

gás e alta pressão após o sistema de limpeza de gases.

2.6 Poder Calorífico

Poder Calorífico

da unidade de massa

fumos da combustão r

O Poder Calorífico d

independente do fato

poder calorífico inclui

poder calorífico super

(BRIANNE, D. & DO A

Existe uma depe

pela quantidade de hi

utilizar o poder calorífi

da água da umidade

levar em consideração

pois nos seus gases

encontra (vapor ou líq

Pode-se estabelecer a

e (2) equação.

Onde: qH2O=mH2O fu

L = calor de condensa

Figura 11 – Esquema do sistema TRT

Fonte: ABRANCHES, 2009

co é a quantidade de calor liberada pela c

sa (ou volume, no caso de gases) do com

o resfriados até a temperatura do combustí

de um combustível é o "conteúdo ener

o de ser ou não realizada a combustão d

luir ou não, calor de condensação da á

erior (PCS) ou poder calorífico inferior (PC

AT. J et al. 1985).

pendência entre o poder calorífico superio

hidrogênio presente no combustível e na

ífico inferior, visto que o poder calorífico s

e do ar e da água gerada na combustã

ão especial aqueles combustíveis que con

s de combustão se encontra água, cujo

íquido) influi no valor do poder calorífico. (K

r a relação entre o PCS e PCI,de acordo c

PCS - PCI = qH2O (1)

fumos x L

sação da água a 18ºC.

24

combustão completa

ombustível, sendo os

stível (18 ou 25ºC).

ergético" do mesmo,

do mesmo.Quando o

água é chamado de

PCI), respectivamente

rior e o inferior regido

a prática é preferível

superior inclui o calor

tão. Então, devem-se

ontenham hidrogênio,

jo estado em que se

KOLLMANN, 1959).

com as equações (1)

25 Pode-se então descrever:

PCS - PCI = mH2Ofumos X L (2)

Em todos os processos técnicos somente interessa o poder calorífico

inferior, porque o calor de condensação do vapor d'água contido nos gases de

combustão não é utilizável.

26 3 METODOLOGIA DE PESQUISA

3.1 Natureza da Pesquisa

A pesquisa foi conduzida como um estudo de caso. Segundo Yin et al

(2005), o estudo de caso investiga um fenômeno contemporâneo dentro de seu

contexto e baseia-se em várias fontes de evidências, com os dados precisando

convergir em um formato triângulo. A coleta e análise destes dados devem

fomentar proposições teóricas. A pesquisa foi realizada em uma usina de

produção de ferro primário. A produção de ferro primário tem como resíduo do

reator de redução, o Gás de Processo, proveniente das reações de redução de

minério de ferro a ferro e uma das peculiaridades deste gás é a presença de

monóxido de carbono em sua composição de forma estável. Foram coletadas

diversas amostras do gás de processo para análise quantitativa e qualitativa

destas amostras com o objetivo de identificar a composição química deste gás.

Foram coletadas as vazões de gás de processo e gás natural. O estudo se aplica

ao potencial calorífico deste gás e sua aplicação, uma vez que foi avaliado que o

mesmo pode substituir o gás natural como combustível de uma câmara de

combustão, dentro do sistema de secagem dos briquetes.

3.2 Abordagem

A abordagem foi quantitativa, pois o estudo se refere a um cenário real.

3.3 Métodos

3.3.1 Identificação

O estudo de caso foi baseado em uma pesquisa realizada em uma

indústria de produção de ferro primário. As matérias primas para serem

adicionadas ao reator são aglomeradas na forma de briquetes. O estudo foi

dedicado mais precisamente na etapa de secagem dos briquetes. A Figura 12

apresenta o processo de fabricação de ferro primário, onde está destacado o

sistema de secagem dos briquetes.

27

Figura 12 - Indústria de Fabricação de ferro primário

Fonte: Elaborado pelo Autor

Esta secagem se faz necessária pois a água é adicionada em excesso na

etapa de mistura das matérias primas. Este excesso, garante maior eficiência do

misturador. Entretanto, a adição de briquetes úmidos no reator é prejudicial a

eficiência do mesmo pois esta quantidade de água excedente a formulada,

prejudica a performance do reator. Uma vez que, parte da energia que seria

utilizada para fusão e redução do minério de ferro, seria utilizada para evaporação

desta água.

Além disto, os briquetes quando ainda úmidos, possuem baixa resistência

mecânica dificultando assim seu transporte pelas correias transportadoras, por

ocasionar danos a estrutura dos briquetes ou até mesmo seu desmanche. Vale

28 lembrar que a alteração da estrutura destes briquetes prejudica a cinética da

reação de redução do minério de ferro.

Neste estudo foram abordadas as trocas térmicas realizadas entre o gás

aquecido e os briquetes por dois fatores: o primeiro por questões de Propriedade

Intelectual. Uma vez que a troca térmica está ligada diretamente ao tipo de ligante

utilizado para aglomerar os briquetes, e este é mantido sob sigilo. O segundo

fator, e principal, é o fato que existem poucos estudos relacionados a este

assunto, pois a troca térmica briquetes - gás combusto, depende diretamente da

forma geométrica dos briquetes e estes possuem as mais variadas formas como é

mostrado na Figura 4. Entretanto, este fato não compromete o presente estudo,

pois o mesmo tem o objetivo de avaliar apenas a substituição do combustível

(gás) utilizado na câmara de combustão. Assim, serão equiparados os resultados

obtidos por estes dois gases.

3.3.2 Funcionamento do Sistema de Secagem

O sistema de secagem dos Briquetes atua de forma contínua como ilustra

esquematicamente a Figura 13. Constitui-se um sistema de secagem simples do

tipo esteira, onde o gás combusto entra ao final da esteira de forma proposital.

Assim, evita-se o choque térmico entre o gás combusto e os briquetes que ainda

contenham alta umidade, evitando a formação de trincas nestes briquetes.

Figura 13 - Sistema de Secagem de Briquetes tipo esteira

Fonte: modificado de http://www.buhlergroup.com/southamerica/pt/produtos/secadora-de-esteira-

unica-aerodry.htm#.VmEft3arTIU

29 3.3.3 Análise dos gases

A análise do gás de processo é realizada de forma contínua e eletrônica,

por meio de analisadores a laser onde cada analisador comporta o monitoramento

de até 2 componentes do gás. Para a análise deste estudo foram utilizados os

resultados de dois destes analisadores, onde o primeiro é responsável pela

medição de CO e CO2 e o segundo pela medição de H2 e N2.

3.3.3.1 O Analisador a Laser

O analisador a Laser, LS25 mede seletivamente as concentrações de no

máximo dois componentes da forma “Insitu” em tubulações, vasos ou chaminés.

O Laser trabalha pelo princípio de espectroscopia de linha única. Para a medição

é escolhida cada linha de absorção do gás a ser determinado na faixa espectral

do Infravermelho próximo onde nenhum outro componente se situa da forma a

evitar interferências. Esta frequência de cada linha de absorção é emitida para o

processo. Na Figura 14 pode-se observar o analisador.

Figura 14 – Analisador a Laser

Fonte: Analisadores contínuos modulares de gás Tecnologia analítica inovadora de alto nível ,

AO2000 Série <http://www.abb.com/product/seitp330/fdced0139f82ebd0c125713900746325.aspx>

30 O detector no outro lado capta a absorção causada pelo gás de medição e

calcula a concentração do componente de interesse. Os módulos de análise a

Laser são compostos de unidade de transmissão e unidade de recepção como

podem ser observados na Figura 15.

Figura 15 – Analisador a Laser

Fonte: Analisadores contínuos modulares de gás Tecnologia analítica inovadora de alto nível ,

AO2000 Série <http://www.abb.com/product/seitp330/fdced0139f82ebd0c125713900746325.aspx>

Estes podem ser instalados em dutos ou vasos com distâncias entre as

duas unidades de 0,5 e 6 m. De acordo com a versão podem trabalhar sob

pressão do processo de até 10 bar e temperaturas do gás de até 1500 °C. Além

disso, o fabricante descreve em seu manual que seu equipamento possui desvio

de ± 0,005 N/m3 para os componentes CO, CO2 e H2, e 0,01N/m3 para N2.Este

modelo de analisador possui aplicações de longa data para: monitoramento de

31 emissões, controle de combustão, otimização de queimadores, controle de

processos com análise nos segmentos da Química, Petroquímica, Papel

&Celulose, Siderurgia, Energia, Vidro, etc. e Controle de unidades de DeNOx.

3.3.4 Coletas de amostras do gás de processo após o Sistema de Limpeza

de Gases e suas Composições

Para conhecer o Poder Calorífico do gás após o sistema de limpeza de

gases é necessário conhecer a composição química deste gás, para isto, foram

coletadas 15 amostras de composições deste gás após o Sistema de Limpeza de

gases, como é mostrado na Figura 16.

Figura 16 - Ponto de Coleta de gás

Fonte: Elaborado pelo Autor

32 Estas 15 amostras foram coletadas em dias distintos, como mostrado na

Tabela 1, para determinar-se sua composição média e além disso, efetuou-se o

cálculo da média destas composições para efetuar-se posteriormente o cálculo do

poder calorífico.

Tabela 1 - Composições do gás de processo

Composição dos gases (%)

Molécula / Nº Amostra H2 CO CO2 N2

1 2,52 24,95 10,25 62,28

2 2,55 24,63 10,48 62,33

3 2,47 25,03 10,57 61,93

4 2,5 25,47 9,87 62,17

5 2,38 26,18 8,77 62,67

6 2,05 24,57 8,27 65,12

7 1,73 17,8 6,92 73,55

8 2,62 25,23 12,23 59,92

9 2,55 24,8 12,72 59,93

10 2,45 26,3 11,57 59,68

11 2,62 25,13 12,58 59,67

12 2,57 25,15 12,8 59,48

13 2,57 25,82 11,95 59,67

14 2,6 25,52 11,93 59,95

15 2,58 25,6 11,6 60,22

16 2,58 26,92 10,8 59,7

17 2,57 27,27 10,18 59,98

Média 2,45 24,81 10,83 61,9

Fonte: Elaborado pelo Autor

Assim, a composição média para o gás após a saída do Sistema de

Limpeza de Gases é: 2,45% H2; 24,81% CO; 10,83 CO2 e 62,28% de N2.

3.3.5 Poder Calorífico e a Fórmula de Dulong

O poder calorífico pode ser determinado, teoricamente, através de cálculos,

desde que se tenha a composição elementar do combustível e o calor de

combustão dos elementos ou compostos gasosos. Esse parâmetro também pode

33 ser determinado experimentalmente através de calorímetros. Neste estudo ele

será calculado através da composição química do gás de processo.

Através da Fórmula de Dulong, o poder calorífico é calculado a partir da

análise elementar do combustível. O cálculo através da fórmula de Dulong baseia-

se na seguinte idéia: o calor de combustão de um composto é igual à soma dos

calores desprendidos pela combustão dos elementos que o integram. Além disso,

a fórmula de Dulong assume que o oxigênio do combustível está combinado com

o hidrogênio formando a água de constituição. Segue a fórmula de Dulong para

PCS, equação (3) e PCI equação (4).

(3) PCS = PCSx. X + PCSy.Y +...

(4) PCI = PCIx. X + PCIy.Y +...

Sendo que:

PCS = Pode Calorífico Superior [Kcal/Nm³]

PCI = Pode Calorífico Inferior [Kcal/Nm³]

PCSx = Poder Calorífico Superior do gás X puro

PCIx = Poder Calorífico Inferior do gás X puro

X = Teor da gás X [Nm³X/Nm³combustível]

34 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Cálculos através da Fórmula de Dulong

Utilizando os valores de poder calorífico na Tabela 2, pode-se estimar o

poder calorífico do gás de processo aplicando a Fórmula de Dulong.

Tabela 2 - Poder de Combustão

Fonte : http://antonioguilherme.web.br.com/Arquivos/podercalorifico.php

Uma vez que o produto da combustão do gás hidrogênio é a água e nosso

combustível é constituído pelo gás hidrogênio com um valor acima de 1% (então,

não será desprezado), deve-se utilizar o Poder Calorífico Inferior pois o calor de

condensação do vapor d'água contido nos gases de combustão não é utilizável.

Sendo assim, pode-se calcular o Poder Calorífico o mais próximo do real.

Cálculo do Poder Calorífico Inferior do gás de processo.

PCIGás= 0,0245 x H2 + 0,2481 x CO

PCI Gás = 0,0245 x 2582,89 + 0,2481x 3016,08

PCIGás = 819,915 Kcal/Nm³

Onde:

PCI = Pode Calorífico Inferior [Kcal/Nm³];

H2 = Teor do gás H2;

CO = Teor do gás CO.

Poder Calorífico das Substâncias Puras

Substância Fórmula Massa

Molecular

Poder Calorífico

Superior Inferior Superior Inferior Superior Inferior

kcal/kg kWh/kg kcal/Nm³

Carbono C 12,01 7.819,00 7.819,00 9,09 9,09 4192,24 4192,24

Hidrogênio H2 2,02 33.900,00 28.642,00 39,4 33,29 3057,05 2582,89

Monóxido de Carbono

CO 28,01 2.412,00 2.412,00 2,8 2,8 3016,08 3016,08

Enxofre S 32,06 2.210,00 2.210,00 2,57 2,57 3163,06 3163,06

Gás Sulfídrico H2S 34,08 3.939,00 3.631,00 4,58 4,22 5992,91 5524,31

Amônia NH3 17,03 5.364,00 4.439,00 6,23 5,16 4078,08 3374,83

Metano CH4 16,04 13.249,00 11.940,00 15,4 13,88 9487,23 8549,89

35 4.2 Vazões de gás de processo e calculo da energia que pode ser

aproveitada

Realizou-se a coleta em 15 dias distintos da vazão de gás de processo,

para que fosse determinada a média das vazões, onde pode ser visto na Tabela

3.

Tabela 3 - Consumo de Gás Natural (Nm3/h)

Amostra

Vazão de Gás

de

Processo[103x

Nm3/h]

1 20,8

2 22,6

3 23,4

4 23,3

5 14,3

6 12,2

7 16,6

8 16,4

9 18,6

10 19,4

11 15,4

12 18,8

13 19,1

14 19,4

15 20,1

Fonte: Elaborado pelo Autor

Com estes dados, foi calculado que a vazão média de gás de processo é

18951,4 Nm3/h. Utilizando o poder calorífico do gás de processo, calculado

anteriormente, estima-se a energia que pode ser fornecida por este gás a

Câmara de Combustão.

Energia Possível de ser Fornecida = Vazão de Gás de Processo x Poder

Calorífico

Energia Possível de ser Fornecida = 18951,4 x 819,915

36 Energia Possível de ser Fornecida = 15 538 537,131 Kcal/h

4.3 Combustão de Gás Natural e energia fornecida pelo sistema

Durante 15 dias distintos foram coletadas vazões de gás natural pela

câmara de combustão, como mostrado na Tabela 4.

Tabela 4 - Consumo de Gás Natural (Nm3/h)

Fonte: Elaborado pelo Autor

Assim, a vazão média de Gás Natural consumida pela Câmara de

Combustão é 469,41 Nm3/h. Sabe-se que o pode Calorífico do Gás Natural é

9400,00 Kcal/Nm³, então estima-se a quantidade de energia de energia fornecida

pelo Gás Natural após sua combustão.

Energia Fornecida = Vazão Consumida x Poder Calorífico

Energia Fornecida = 469,41 x 9400

Energia Fornecida = 4 412 454,00 Kcal/h

37 4.4 Discussão

Primeiramente, realizou-se uma coleta do gás proveniente da redução do

Minério de Ferro, logo após o Sistema de Limpeza de Gases, assim, seria

garantido que o gás não possuiria material particulado, onde este poderia

danificar os equipamentos da Câmara de Combustão e Secadora.

Após a Coleta, as amostras retiradas foram analisadas quimicamente para

determinação da composição do gás, após identificada a presença significativa do

Monóxido de Carbono (CO), foi levantada a dúvida com relação ao poder

calorífico deste gás. Feito isso, foi realizado um Brainstorming sobre o assunto,

onde foi levantada a hipótese de utilização do mesmo pela câmara de combustão,

visando utilizar o gás combusto como fonte de energia. Para a determinação do

Poder Calorífico, foi estipulado o uso do Poder Calorífico Inferior, pois o gás

apresenta teor relativamente considerável de gás hidrogênio (H2) em sua

composição e este possui como produto de reação a água, sendo que a mesma

posteriormente "sequestra" energia do sistema para entrar em ebulição. Assim,

não se pode contar com toda a energia fornecida pela queima do gás hidrogênio.

5 CONCLUSÃO

Por meio deste estudo foi possível chegar a conclusão de que é possível

realizar a substituição do Gás natural completamente pelo Gás de

Processo,mesmo o Poder Calorífico do Gás de Processo sendo 10 vezes menor

do que o Poder Calorífico do Gás Natural utilizado na Câmara de Combustão

(PCIGás de processo = 819,915 Kcal/Nm³ e PCIGás Natural = 9400,00 Kcal/Nm³). Isto só é

possível pois a geração de Gás de Processo (Vazão de saída após o Sistema de

Limpeza de Gases) é 40 vezes maior do que a Vazão necessária de Gás Natural

para alimentar a Câmara de Combustão. Portanto, o baixo poder calorífico do Gás

de Processo, se comparado ao Gás Natural, é compensado pelo enorme volume

que este gás é gerado.

Do ponto de vista econômico, o seguinte estudo também trouxe benefício.

De acordo com a fornecedora de gás natural, COMGÁS, a câmara de combustão

que encontrava-se na faixa de consumo de 300 000,00 à 50 000,00 m3 de gás por

mês, possuía o valor fixo mensal de R$46346,73, valor este que será reduzido ao

valor mínimo de R$177,74 pois o consumo de gás natural será necessário apenas

38 para o funcionamento da chama de ignição da câmara de Combustão. Assim

sendo, garantindo que sejam poupados mensalmente R$46168,99.

Concluiu-se que se obteve resultado satisfatório através do

desenvolvimento deste trabalho, pois foi identificado que o gás proveniente do

reator possui Poder Calorífico expressivo e poderá gerar redução de custo com a

compra de Gás Natural.

39 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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