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CADERNO DO EDUCADOR:

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Escola Ativa Portugues Educador

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  • 1p r o g r a m a e s c o l a a t i v a

    CADERNO DO EDUCADOR:

  • c o l e o d e l n g u a p o r t u g u e s a c a d e r n o d o e d u c a d o r2

    CADERNO DO EDUCADOR:

    E Q U I P E E D I T O R I A L

    Armnio Bello Schimidt Eliane Alves de MeloEliete vila WolffIvanilde Oliveira de CastroRosimar da Silva Feitosa Soares CostaSisley Cntia Lopes RochaViviane Costa MoreiraWanessa Zavareze Sechim

    A S S E S S O R I A P E D A G G I C A

    Aurelice Lopes Queiroz Ana Maria MoraisAnglica Maria Frazo de SouzaElaine Maria Augusto AzevedoEliane Alves de MeloKarla Giane Cruz VighiMaria de Ftma da Costa SaraivaSisley Cntia Lopes RochaViviane Costa Moreira

    P R O J E T O G R F I C O e D I A G R A M A O

    Andr Carvalho & Iluminura Design

    R E V I S O

    Denise Goulart

    D A D O S I n T E R n A C I O n A I S D E C A T A L O G A O n A P U B L I C A O ( C I P )

    C E n T R O D E I n F O R M A O E B I B L I O T E C A E M E D U C A O ( C I B E C )

    Dias, Selma Alves Passos Wanderley.Caderno do educador : lngua portuguesa / Selma Alves Passos Wanderley Dias. Braslia : Ministrio da Educao, Secretaria de Educao Continuada, Alfabetizao e Diversidade, 2010. 68 p. : il. -- (Programa Escola Ativa)

    1. Educao no campo. 2. Lngua portuguesa. 3. Programa Escola Ativa. I. Dias, Selma Alves Passos Wanderley. II. Mattos, Maria Clia Elias. III. Ttulo. IV. Srie.

    ISBn: 978-85-60731-91-6 CDU 373.3(1-22)

    Coordenao Geral de Educao do Campo CGEC/SECAD/MECSGAS Quadra 607, Lote 50, sala 104CEP: 70.200-670 Braslia - DF(61) 2022- [email protected]

  • 3p r o g r a m a e s c o l a a t i v a

    Selma Alves Passos Wanderley Dias

    CADERNO DO EDUCADOR:

    1 edio

    Braslia dF2010

    maristella miranda ribeiro gondim (in memorian)selma alves passos Wanderley dias

  • c o l e o d e l n g u a p o r t u g u e s a c a d e r n o d o e d u c a d o r4

    Apresentao

    Estimado(a) professor(a),

    tenho o prazer de lhe apresentar o caderno de orientao para o educador, que, espero, possa colaborar com voc e seus alunos do campo como uma semente frtil que vai germinar, brotar, crescer, florescer e, junto com seus conhecimentos, interesse e boa vontade, formar novas sementes, agora, selecionadas e hbridas, e, portanto, melhores.

    Apesar de ser voz corrente que o professor no l o livro do professor ou o Caderno de Orientao, espero, confiadamente, que isso no acontea com voc, porque este caderno parte fundamental e integrante do caderno do aluno. Sem ele, voc ter somente meio caderno do aluno.

    A outra meia parte, que o seu Caderno de Orientao do Educador, apresenta aspectos tericos e prticos (ou sugestes de atividades) que se complementam.

    Alm do Caderno do Educador, voc precisar consultar, necessariamente, os seguintes livros:

    1 pde/escola ativa Programa Escova Ativa. Projeto-base, Braslia: secad/mec 2008, especialmente p. 27-33, cap. 6 Elementos Estruturais da Metodologia do Programa Escola Ativa.

    2 mec/ibama. Lei dos Crimes Ambientais. Braslia, 2004.

    3 mec/secad. Orientaes e aes para a educao das relaes tnico-raciais. Braslia, 2006.

    4 mec/secad. Referencial curricular nacional para as escolas indgenas. Braslia, 2005.

    5 Vocabulrio Ortogrfico da Lngua Portuguesa (precisa ser atual; se de Antonio Houaiss, melhor ainda; voc vai consult-lo o ano inteiro). Porm, a escolha do MEC, para distribuio. seu direito. Exija.

    6 Dicionrio da Lngua Portuguesa ( escolha do MEC).

    7 Os livros e apostilas de seu curso regular e os dos cursos de atualizao e reciclagem que fizer.

    So 7! Nmero mgico! Que essa magia cubra voc de bnos pedaggicas.

    Boa sorte! Felicidades! Sucesso!

    Qualquer dvida, problema ou curiosidade, voc pode entrar em contato:

    Selma Alves Passos Wanderley Dias Rua Mal. Hermes, 697/701, Bairro Gutierrez 30430-030 Belo Horizonte/MG. Tel.: (31) 3292-4914, email: [email protected].

  • 5p r o g r a m a e s c o l a a t i v a

    Contedos de lngua portuguesa

    Os Parmetros Curriculares Nacionais (PCN, 1997) consideram, em seu texto, que os contedos de Lngua Portuguesa no Ensino Fundamental se fundamentam nos seguintes pressupostos:

    a lngua se realiza no uso, nas prticas sociais;

    os indivduos se apropriam dos contedos, transformando-os em conhecimento prprio, por meio de ao sobre eles;

    importante que o indivduo possa expandir sua capacidade de uso da lngua e adquirir outras que no possui em situaes linguisticamente significativas, situaes de uso de fato (PCN, Ling. Port., p. 43).

    Apresentam como finalidade do ensino de Lngua Portuguesa:

    a expanso das possibilidades do uso da linguagem cujas capacidades a serem desenvolvidas esto relacionadas s quatro habilidades bsicas: falar, escutar, ler e escrever.

    (pcn, Ling. Port., p. 43)

    Apresentam, ainda, que os contedos de Lngua Portuguesa devem ser selecionados de acordo com o desenvolvimento dessas habilidades e organizados em torno de dois eixos bsicos:

    lngua oral (usos e formas); e

    lngua escrita (usos e formas);

    e em funo do eixo: USO REFLEXO USO.

    1 Lngua oral: usos e funes

    A linguagem oral, mais especificamente a habilidade de falar e ouvir, bsica para o domnio da lngua escrita leitura e produo de texto, para a anlise e reflexo sobre a lngua conhecimentos lingusticos e para o desenvolvimento da conscincia metalingustica, ou seja, a capacidade de pensar e falar sobre a lngua.

    Isto no significa, porm, que se esteja estabelecendo uma ordenao sequencial entre elas, mas que essas habilidades esto em constante e ntima integrao: o desenvolvimento de uma implica necessariamente o desenvolvimento das outras, como se fosse numa rede, num tecido nico.

  • c o l e o d e l n g u a p o r t u g u e s a c a d e r n o d o e d u c a d o r6

    Vamos fazer uma representao desse tecido lingustico?

    1 2 3 4 5

    1 Delimite um quadrado de qualquer tamanho. 2 Dentro do quadrado, faa traos verticais com a mesma altura e largura. 3 Depois, do mesmo modo, traos horizontais sem ultrapassar os limites do quadrado. 4 Agora a vez dos traos inclinados para a direita, sempre iguais. 5 Traos inclinados para a esquerda.

    Viu a integrao dos fios desse tecido? Vou fazer uma legenda para voc:

    Falar

    Ouvir

    Ler

    Produzir textos, o que inclui escrita, ortografia e gramtica, ou conhecimentos lingusticos.

    Se quiser usar cores diferentes, fique vontade. Seu tecido vai ficar mais bonito, mas no perder a coeso. So os 4 mosqueteiros: um por todos, todos por um, inseparveis e invencveis.

    Consequentemente, o processo ensino-aprendizagem de Lngua Portuguesa sempre integrado, uma prtica sugerindo ou subsidiando outra, para revelar, usar, desenvolver, avaliar, refletir, aprofundar, sistematizar, criar e dominar as capacidades e habilidades comunicativo-interativas necessrias ao usurio da lngua.

    O domnio da linguagem representa para o ser humano condio indispensvel para seu convvio em sociedade.

    Como forma de suprir sua necessidade de comunicao e interao social, as pessoas usam de linguagens verbais (oral e/ou escrita) e no-verbais (gestos, msica, choro, riso, pintura, escultura e outros). Utilizam-se de sinais, ou seja, de signos, que podem ser:

  • 7p r o g r a m a e s c o l a a t i v a

    indiciais, quando se usam ndices, indcios ou pistas que mostram ou indicam a realidade pegadas de ps ou patas na areia; poas dgua aps a chuva; nuvens escuras e pesadas da gua que vai chover e outros;

    icnicos, quando so usadas imagens ou cones representaes que parecem com a realidade representada (desenhos, fotos, imagens diversas etc.);

    simblicos, quando os sinais s tm com a realidade representada uma relao convencional, arbitrada, combinada, como, por exemplo: preto para luto (h lugares onde o luto se mostra por trajes brancos, vermelhos ou roxos); bandeira branca, pomba ou ramo de oliveira, para a paz; caveira, como sinal de perigo; as cores do semforo (farol, sinaleira ou sinal de trnsito) e outros.

    Usamos com tranquilidade a linguagem simblica correspondncia entre sons (fones) e sinais grficos (grafemas) , que uma relao combinada e inventada. Uma prova disso que lnguas diferentes usam palavras diferentes para representar a mesma realidade: CO, dog, cane, hund, chien; GATO, cat, chat, katz

    A prtica da linguagem oral, envolvendo essas atividades, promove a socializao: desenvolve o raciocnio lgico, imaginao, o relacionamento entre ideias, a capacidade de pensar e extrair significados e a verbalizao. Oferece s crianas condies para prever sequncias de ao, dirigir o prprio comportamento e participar de prticas discursivas letradas.

    Todas essas atividades so adequadas para os cinco primeiros anos do Ensino Fundamental, o que varia o tratamento a elas atribudo, em nveis de maior ou menor complexidade e aprofundamento.

    Objetivos da lngua oral (falar e ouvir, faces da mesma moeda):

    ouvir com ateno;

    compreender o sentido das mensagens orais;

    saber atribuir significados;

    identificar elementos relevantes indicadores de propsitos e intenes do autor;

    expressar sentimentos e opinies, defender pontos de vista, relatar acontecimentos, expor sobre temas estudados;

    participar de diferentes situaes de comunicao oral, considerando e respeitando as opinies alheias e os diferentes modos de falar;

    formular e responder perguntas, explicar e ouvir explicaes;

    narrar histrias conhecidas;

    descrever personagens, cenrios e objetos;

    adequar a linguagem a intenes e a diferentes situaes comunicativas;

    seguir ordens e instrues orais;

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    observar, captar e entender elementos paralingusticos, como: olhar, entonao, postura corporal (o corpo fala e diz muita coisa), pausa, timbre (graves e agudos), silncio, sorriso, franzir de testa ou nariz, mmica, piscadela etc.

    AtividAdes:

    Para atender aos objetivos propostos:

    participao em seminrios de vrios tipos para: *comentar livros lidos, *apresentar resultados de pequenas pesquisas e/ou estudos realizados, *avaliar atividades desenvolvidas, *relatar e/ou escutar relatos de experincias pessoais;

    dramatizaes espontneas;

    simulaes de rdio, televiso, jornal falado;

    audio de fbulas, lendas e de histrias clssicas, modernas, fantsticas e de assombrao, contadas pelo professor ou pelos colegas;

    fala ou audio de quadrinhas, poemas, parlendas, adivinhas, trava-lnguas, anedotas;

    participao em debates e conversas informais ligadas a temas especficos;

    debates envolvendo ideias relacionadas aos temas transversais;

    emisso de opinies pessoais, julgamentos ou comentrios;

    planejamento de atividades diversas;

    participao em teatro de fantoches, de marionetes ou peas infantis;

    saudaes e instrues;

    argumentao e anlise de argumentos alheios;

    relato de fatos verdicos;

    apreciao de programas de rdio e de televiso;

    comentrios sobre notcias veiculadas por peridicos ou outros meios de comunicao;

    discusso de diferentes pontos de vista;

    relatrios (excurso, p.ex.) e painis;

    apreciao de materiais literrios;

    anlise e julgamento de anncios, propagandas e publicidade;

    realizao de entrevistas;

    apresentao de histrias imaginadas, inventadas;

    participao em jogos de linguagem e em pequenas peas de teatro;

  • 9p r o g r a m a e s c o l a a t i v a

    conversas decorrentes de excurses, observaes, construes;

    envolvimento em atividades de livre expresso;

    transmisso de recados e notcias;

    troca de ideias sobre temas diversos;

    atendimento a instrues orais de jogos e brincadeiras;

    participao em Hora de Histrias, Roda de Notcias, comunicaes diversas;

    debates em torno de ideias no expressas, porm, implcitas em comunicaes orais;

    discusses sobre indicadores de contedos discriminatrios identificados em atos lingusticos orais e que revelam comportamentos baseados em ideologias e preconceitos, como: apelidos depreciativos, rejeio, atribuio de rtulos etc.;

    construo de material didtico-pedaggico que contemple a diversidade tnico-racial na escola;

    anlise e postura crtica diante de mensagens persuasivas, veiculadas pela mdia, com o objetivo de identificar propaganda enganosa;

    outras, especialmente para o professor, estudo da Lei Educao e Direitos Humanos n 10.639/2003 ou de outras que a sucedam, complementem ou substituam;

    ver outras sugestes de atividades especficas nos livros: 1- Orientaes e aes para a educao das relaes tnico-raciais, Braslia, MEC/SECAD, 2006; 2- Referencial curricular nacional para as escolas indgenas, MEC/SECAD/DESC, Braslia, 2005. Obs.: consultar esses livros para todos os contedos.

    Ouvir e fAlAr

    As atividades de linguagem oral so, em geral, muito descuidadas na escola, pelo professor preocupado com prazos, com as diferentes reas temticas e contedos de linguagens e cdigos que acha indispensveis, alm da burocracia. No deixe que isso acontea em sua classe.

    Voc pode e deve usar atividades como conversas:

    relatar fatos vividos na vida escolar, passeios e viagens, festas e acontecimentos da vida familiar, locais e regionais;

    ouvir poemas, parlendas, msicas, discos, histrias lidas ou contadas pelo professor e/ou colegas, cartas, mensagens, avisos, notcias;

    comentar oralmente o que foi ouvido;

    participar de brincadeiras de perguntas e respostas, adivinhaes, trava-lnguas, jogos;

    seguir instrues orais;

    transmitir recados, notcias e avisos;

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    realizar atividades de livre expresso (desenho, pintura, modelagem, recorte, colagem, montagem) e fazer comentrios sobre os trabalhos realizados;

    contar histrias, casos, anedotas, cantar;

    conversar, trocar ideias, comentar fatos, histrias ou notcias;

    participar de coro falado, jornal falado, auditrios, representaes;

    diversas leituras dramatizadas, dilogos, jri simulado, artigos de opinio, reportagens, fichas informativas;

    ler em voz alta textos diversos com expresso, pontuao, entonao, ritmo adequados;

    representar cenas diversas (mmica, dramatizao, teatro, fantoche, boneco);

    fazer resumos orais de histrias, notcias, filmes, novelas, programas de televiso;

    interpretar gravuras, ilustraes, histrias em quadrinhos, desenhos, charges, propagandas;

    opinar sobre textos lidos, fatos acontecidos;

    planejar uma atividade a ser desenvolvida: trabalho, teatro, excurso, apresentao, exposio, oficina;

    debater um tema polmico surgido na classe;

    discutir diferentes verses de uma mesma histria ou de um acontecimento atual;

    discutir resultados ou concluses encontradas numa experincia ou pesquisa;

    escolher uma narrativa e mudar de cdigo: passe-a para a forma de histria em quadrinhos. Seus alunos precisam conhecer algumas peculiaridades da HC. No diga a eles: faa com que descubram observando, analisando, comparando e discutindo, em grupo e com voc, o contedo e a formatao de inmeras revistinhas;

    promover a leitura e comentrios de diversos livros de imagens. So narrativas criadas pelo sequenciamento das imagens, num espao-tempo em que agem e falam os personagens expressos por formas, cores e at texturas, ricas de improvisao e criatividade ao mesclar conotao e denotao;

    arranjar vrias gravuras de enfeite e ilustrao de algum contedo temtico; de narrao de parte de um acontecimento; de narrao do fato completo com todos os elementos presentes, coloridas ou no, maiores, menores e tambm pinturas e fotos. Leve-as para a sala de aula, exponha-as; de acordo com os alunos, escolha algumas e separe; desse conjunto, o aluno escolhe uma para descrever, narrar ou dissertar oralmente ou por escrito. Em outra atividade, o aluno poder s dissertar, s narrar ou s descrever, poder escolher e executar duas dessas composies ou mesmo trs. Poder, ainda, fazer o mesmo, porm, com uma gravura, pintura ou foto escolhida e que ser o tema; o aluno descreve, narra e disserta;

  • 11p r o g r a m a e s c o l a a t i v a

    ler em captulos para seus alunos o livro de Daniel Defoe, As Aventuras de Robinson Cruso, por exemplo.

    H muitos livros que se prestam leitura em captulos. uma excelente atividade ler um captulo por dia, ao final da aula (o professor deve treinar essa leitura em casa para melhor apresentao do texto). Deve tambm ser uma hora de arte, de prazer, de ouvir para apreciar, gostar, sentir, sem exerccios ou obrigaes.

    Leia em captulos para seus alunos livros como: As aventuras de Robinson Cruso, de Daniel Defoe (Melhoramentos); A ilha perdida e outros, de Maria Jos Dupr (tica); Cazuza, de Viriato Corra (Ed. Nacional); Memrias de Emlia, Caadas de Pedrinho e outros, de Monteiro Lobato (Brasiliense); O menino grapina, de Jorge Amado (Record); Indez e outros, de Bartolomeu Campos Queiroz (Miguilim); Minha vida de menina, de Helena Morley (Cia. das Letras); A vingana do timo, de Carlos Morais (Quinteto); O gnio do crime e outros, de Joo Carlos Marinho (Global); Alexandre e outros heris, de Graciliano Ramos (Jos Olimpio). Para crianas menores: Os bichos que tive e outros, de Sylvia Orthoff (Salamandra); Bisa Bia Bisa Bel e outros, de Ana Maria Machado (Salamandra); Histrias da Velha Totonha, de Jos Lins do Rego (Jos Olimpio); Memrias de um cabo de vassoura, Confisses de um viralata e outros, de Orgenes Lessa (Ediouro) etc.

    Sugestes

    GrAvurAs

    H vrios tipos de gravuras e o modo de trabalhar com elas diferente.

    1 tiPO: gravuras de sentido completo: o fato ou acontecimento est todo contado na gravura: tem princpio, meio e fim e essa organizao de seus elementos s permite uma nica leitura, sem tirar ou acrescentar nada, porque essas gravuras apresentam todos os elementos dentro da mesma cena.

    Fazer a explorao de uma gravura ou mesmo de vrias gravuras bem diferentes (uma de cada vez). Para no cansar ou sobrecarregar os alunos, eles devem escolher uma gravura sobre a qual iro fazer o registro escrito. Esse registro pode ser apenas um ttulo ou um comentrio que indique o tema, uma impresso ou concluso pessoal, at mesmo um desenho, uma pantomima ou qualquer outra mudana de cdigo.

    A leitura dessas gravuras visa desenvolver a capacidade de observao, a identificao de elementos presentes, de pormenores e a organizao lgica do pensamento pelo relacionamento adequado, coeso e coerente desses elementos.

    COMO PrOvOCAr A leiturA de GrAvurA

    Voc encontrar a seguir algumas sugestes de abordagens passveis de eliciar construes, reelaboraes e reconstrues do aluno.

    Exemplos: *observao da gravura; *distino entre seus componentes (enumerar

  • c o l e o d e l n g u a p o r t u g u e s a c a d e r n o d o e d u c a d o r12

    elementos); *ordenao desses elementos em: a) primrios os mais importantes; b) secundrios que formam o entorno; *relacionamento desses elementos entre si; *seleo e integrao dos elementos indicadores de tempo, lugar, situao geogrfica, histrica, social (talvez poltica, religiosa) e quaisquer outras informaes que se possam inferir pelo desenho, caracterizando os personagens e suas circunstncias. Na verdade, uma gravura possibilita a explorao de diferentes aspectos, relacionando horizontal e verticalmente os contedos curriculares; *registro oral e/ou por escrito dessa leitura; *criar oportunidades para organizao e combinao de legendas com gravuras; seriao de gravuras para formar histrias; leitura de gravuras de sentido completo.

    Existem, ainda, outros tipos de gravuras: as de sentido incompleto ou de 2 tiPO, cujo contedo refere-se a uma parte de um evento qualquer. Permite uma leitura referencial do que est sendo mostrado e convida a inovar, a imaginar e a recriar o no gravado ou visvel. Tira os limites, liberta o escritor que se apoia em algo visto e parte para novos horizontes. Exigem-se aspectos de coerncia, de inteligncia e criatividade nas ligaes estabelecidas.

    Um 3 tiPO de gravura o das mais ilustrativas, denotativas em relao a textos e contextos lidos ou explicados. Fala-se de uma flor e apresenta-se uma gravura de flor para esclarecer; citam-se margarida, rosa, cravo, jasmim e, quase como uma legenda ou rtulo, mostram-se as gravuras dessas flores. So fotos, desenhos, ilustraes isoladas, bem focalizadas, partes de flor, construes, acidentes geogrficos, mveis, utenslios, animais de diversos tipos, praticamente todas as coisas representadas.

    Um 4 tiPO de gravura seria uma classificao quanto ao uso decorativo e que poderia incluir, intencionalmente, por sua beleza, qualquer dos tipos anteriores e especificamente gravuras, aqui entendidas como composies artsticas reproduzidas sob diversas tcnicas de construo: gravura em metal, em pedra, xilogravura, tcnica mista, quadros a leo sobre tela, acrlica, guache, aguada, crayon, bico de pena e outros.

    exCurses

    As excurses contribuem efetivamente para o desenvolvimento da linguagem oral, pois favorecem a socializao e a troca de experincias. Promovem a aquisio de conhecimentos, o enriquecimento de ideias e a oportunidade para conversas e debates.

    Uma atividade de excurso, para ser produtiva, deve acontecer em trs momentos distintos:

    Planejamento: objetivo da excurso; definio do local, data e horrio; deciso quanto a transporte, acompanhantes e identificao dos alunos com crachs; produo de cartas e/ou bilhetes para: solicitar autorizao; fazer convites e/ou comunicaes; confirmar datas; definio de itens de observao; levantamento de questes (o que sabemos, o que queremos saber, como vamos descobrir etc.).

    Execuo: observao, no local, dos aspectos definidos; anotaes, coleta de material e/ou dados, se for o caso; gravaes, fotos, amostras, se possvel.

  • 13p r o g r a m a e s c o l a a t i v a

    Avaliao: relatrios orais e/ou escritos (reportagens para o jornal falado ou para o jornal da classe); discusses, debates e/ou seminrios sobre as observaes feitas e o material coletado; confeco de cartazes, lbuns, murais e outros; cartas de agradecimento.

    AvAliAO eM linGuAGeM OrAl

    A avaliao em linguagem oral objetiva:

    verificar o desenvolvimento lingustico do aluno;

    localizar dificuldades em aspectos determinados;

    programar atividades de linguagem oral a partir da identificao de dificuldades ou problemas.

    Constantemente, o professor deve realizar atividades de avaliao da linguagem oral, quais sejam:

    observar, sempre, as realizaes orais formais e, principalmente, as informais da criana;

    anotar essas observaes relativas aos alunos sem se preocupar com a necessidade de anotao para cada aluno, porque so informais: vo surgindo medida que acontecem;

    gravar, se possvel, conversas, discusses, jornal falado, entrevistas, relatos diversos e apresent-los para comentrios dos alunos (voc vai ver como isso interessante, surpreendente e produtivo).

    Na avaliao da linguagem oral, o professor deve:

    utilizar com cuidado os conceitos de certo e errado, como adequados ou inadequados aos atos da fala em relao:

    ao usurio (falante) variao dialetal (variante de lngua do aluno: caipira, urbano, mineiro, carioca);

    ao uso (a fala adequada ao ouvinte e situao de comunicao) variao de registro (formal, informal, coloquial);

    ser naturalmente um modelo do dialeto padro (sem afetao ou imposio substitutiva);

    acompanhar atentamente as atividades normais, informais, no programadas (as atividades formais programadas para avaliao de linguagem oral geralmente no oferecem resultados confiveis).

    Nesse grfico sobre ouvir e falar voc pode detalhar bastante os indicadores das competncias para o aluno considerar e preencher. Por discriminar as etapas de um comportamento, tem funo diagnstica. tambm uma ficha de autoavaliao.

  • c o l e o d e l n g u a p o r t u g u e s a c a d e r n o d o e d u c a d o r14

    soU ana! qUe bom! terminamos nosso estUdo. ser qUe

    aprendialGUma coisa?

    mUito bem!e no qUe d at para faZer

    Um perfil!s qUero ver!

    vamos verificar?tenho Uma ideia!

    s ir diZendo o qUe

    sabemos oU no, e marcar na folha.

    SEI

    O qu Em que grau Muito bem!Com certeza!

    Quase tudo S um pouco, mas estou me

    esforando

    Xi Acho que faltei aula.

    sei oUvir, porqUe:presto ateno em qUem fala.

    no interrompo.

    procUro entender o qUe o oUtro diZ.

    comparo com o qUe sei, j vi, li etc.

    penso tambm sobre:os porqUs, qUais as intenes de qUem fala, o qUe ele qUer.

    qUal a finalidade do qUe est sendo dito.

    o modo como se faloU.

    finalmente, reajo e orGaniZo minha resposta.

    Voc notou que pode organizar grfi cos como esse para diferentes momentos e contedos do ensino-aprendizagem e que alunos e professor devem listar juntos?

  • 15p r o g r a m a e s c o l a a t i v a

    Diversidade lingustica

    Ao entrar para a escola, a criana j traz consigo um repertrio lingustico considervel, adquirido na famlia e na comunidade onde vive. Essa linguagem legtima, tem o mesmo valor que outras variantes, devendo, portanto, ser respeitada e nunca discriminada ou rejeitada.

    Na escola, ela convive com traos lingusticos distintos, ou seja, num ambiente bidialetal. As crianas e, muitas vezes, o prprio professor so usurios de uma variante especfica do seu grupo social. Por outro lado, outros professores, especialistas e materiais didticos adotam a variante padro a escola.

    H, assim, uma alternncia no uso de variantes, o que altamente positivo, pois os eventos de oralidade tornam-se espontneos, efetivos e destitudos de qualquer tipo de discriminao.

    Com essa prtica, os alunos comeam a fazer distino entre as diferentes modalidades lingusticas e a adquirir o padro culto, desenvolvendo, mesmo inconscientemente, concepes de adequao ou no no uso dessas variantes. Voc j notou como os alunos do campo Ana, Antonia, Raimundo e Francisco so diferentes fisicamente? Tambm nos seus falares.

    Todas as lnguas e suas variantes lingusticas so igualmente boas e adequadas comunicao de seus ouvintes-falantes-criadores. Nunca fceis ou difceis, melhores ou piores.

    A mesma lngua varia historicamente (tempo), geograficamente (espao), socialmente (cultura) e pessoalmente (estilo). A lngua, por causa de seus falantes (modificadores ou inventores), viva e em processo, sujeita a mudanas fonticas, fonolgicas, morfossintticas, semnticas, pragmticas e estilsticas.

    As variantes de uma lngua podem ser dialetais (em relao aos usurios) e de registro (em relao ao uso).

    Algumas variantes ou modalidades de lngua tm mais prestgio na sociedade. Dentre elas, uma eleita como variante culta ou lngua padro, objeto de apresentao e divulgao pela escola.

    O dialeto do aluno pode ser mais ou menos prximo da variante escolar ou padro culto. Cabe ao professor ser modelo da lngua padro e apresent-la no como substituta certa ou correta de uma modalidade indesejvel ou errada, mas como mais uma possibilidade expressiva que vai conviver com outras, a ser escolhida para utilizao no momento, lugar, situao, contexto e destinatrios adequados ao seu emprego. Como um traje, uma roupa (short, camiseta, jeans, seda, veludo, mai, capote, tric de linha etc.) escolhida e usada conforme a importncia e a necessidade exigidas pelo tempo, pelas pessoas, pelo ambiente e por outras circunstncias determinantes da adequao. Com a lngua no diferente: certo ou errado no tem sentido absoluto, mas sim relativo sua adequao ou inadequao.

    A variante dialetal do aluno, respeitada, nunca rejeitada, depreciada ou estigmatizada aceita naturalmente como uma variante possvel e at funcional, mas apresenta-se continuamente a outra, a variante culta, que aos poucos ser aprendida e selecionada para o uso no momento e na situao a ela referenciada.

  • c o l e o d e l n g u a p o r t u g u e s a c a d e r n o d o e d u c a d o r16

    AtividAdes PArA AquisiO dA vAriAnte CultA

    Essa variante adquirida:

    com o professor-modelo, em atividades ldicas, construtivas, pragmticas ou de uso;

    por leituras expressivas, feitas pelo professor, de textos bem estruturados na variante padro (uma histria em captulos, por exemplo);

    pela produo comparativa de vrios tipos de texto (descrio, narrao, dissertao) ou de textos em determinadas variantes lingusticas e situaes correspondentes;

    por anedotas ou casos engraados, pela inadequao entre as variantes usadas entre ouvinte/falante, emissor/receptor;

    pela leitura de quadrinhos apresentados com os bales em uma variante, seguidos da mesma histria com os bales vazios a serem preenchidos pela variante padro. O aluno, aos poucos, vai se aproximando de mais uma modalidade de lngua a ser usada;

    escrita de cartas sobre o mesmo assunto, dirigidas a pessoas diferentes: diretor, professor, aluno, amigo, parente, autoridade constituda, pessoas prximas e distantes, conhecidas e desconhecidas.

    A variante que o aluno domina e usa no seu meio sociocultural exigiu tempo e aes prprias ao seu aprendizado; tambm a variante escolar vai demandar ateno, tempo e esforo.

    textOs desCritivOs

    O texto descritivo uma representao verbal (falada ou escrita) que indica os aspectos mais individualizadores e distintos de um objeto de descrio, de tal modo que o leitor ou o ouvinte possam distingui-lo de outros semelhantes.

    Do ponto de vista mental ou psicolgico, a descrio pode ser subjetiva ou objetiva.

    A descrio subjetiva rica de conotaes reflete o estado de esprito do autor, suas opinies e preferncias, sua viso peculiar do mundo.

    A descrio objetiva realista, informativa, isenta, denotativa apresenta o objetivo da descrio em seus pormenores, que no se perdem ou se misturam; destacam-se nitidamente, como, por exemplo, numa descrio tcnica ou cientfica.

    uma enumerao, uma sequncia de aspectos, de caractersticas de quaisquer seres (personagens, animais, coisas, objetos, lugares, cenrios, circunstncias etc., reais ou no).

    Num texto descritivo, no precisam ser listados todos os detalhes do objeto. Uma descrio assim pormenorizada mais um defeito do que uma qualidade.

    A caracterstica principal de um texto descritivo a simultaneidade, tudo acontece ou se apresenta ao mesmo tempo. Um elemento no mais importante do que outro, pois no h hierarquia. Exemplo:

  • 17p r o g r a m a e s c o l a a t i v a

    Luzes de tons plidos incidem sobre o cinza dos prdios. Nos bares, bocas cansadas conversam, mastigam e bebem em volta das mesas. Nas ruas, pedestres apressados se atropelam. O trnsito caminha lento e nervoso. Eis So Paulo s sete da noite.

    ( P l a t o & F i o r i n , 1 9 9 4 )

    Modificando a ordem das ideias da descrio:

    Eis So Paulo s sete da noite. O trnsito caminha lento e nervoso. Luzes de tons plidos incidem sobre o cinza dos prdios. Nas ruas, pedestres apressados se atropelam. Nos bares, bocas cansadas conversam, mastigam e bebem em volta das mesas.

    Geralmente, o texto descritivo registrado numa linguagem que tem a lgica da enumerao, separada por vrgulas ou frases nominais (independentes, coordenadas). Essa linguagem refora a descrio, pois conduz o olhar do leitor para os elementos que a compem, favorecendo a percepo e a apreenso desses elementos. Os textos descritivos so um verdadeiro retrato com palavras. Dificilmente aparecem isolados, pois podem fazer parte de um texto maior, de uma narrativa, por exemplo.

    textO infOrMAtivO

    O texto informativo aquele no qual predomina a funo referencial, uma vez que sempre se refere a determinado assunto.

    Distingue-se de outros tipos de texto por apresentar caractersticas que lhe so peculiares, ou seja:

    informalidade faz conhecer o mundo real, apresenta informaes precisas sobre determinado assunto;

    objetividade ocupa-se apenas do objeto, assunto do texto;

    formalidade usa o padro culto da lngua;

    impessoalidade no apresenta qualquer sinal de aproximao com o leitor;

    racionalidade apresenta estrutura demonstrativa, usando, se necessrio, nmeros, estatsticas, termos tcnicos, grficos e outras visualizaes;

    utilidade e instrumentalidade atende necessidade de conhecimento especfico sobre determinado assunto.

  • c o l e o d e l n g u a p o r t u g u e s a c a d e r n o d o e d u c a d o r18

    O texto informativo usa a lngua portuguesa na sua variante padro formal, preferencialmente no sentido denotativo, para evitar interpretaes dbias por parte do leitor. Objetiva principalmente esclarecer, explicar, e dirige-se a um pblico possivelmente interessado no tema.

    textO nArrAtivO

    H muitas maneiras de se contar uma histria ou um caso e a narrativa uma delas. Esse tipo de texto pode se apresentar sob a forma de fbula, conto, crnica, anedota, novela, romance, lenda, aplogo e outras.

    Na narrao, os fatos se encadeiam, so dependentes uns dos outros. Eles se desenrolam no tempo, no espao e em torno das personagens.

    A ordem da narrao , portanto, muito importante, pois obedece a uma sequncia temporal, ou seja, princpio, meio e fim. Essa ordem, no entanto, pode ser alterada, pois depende do efeito que o autor pretende conseguir.

    So elementos da narrao:

    narrador quem conta a histria;

    personagem seres fictcios que vivem os fatos;

    enredo encadeamento dos fatos;

    lugar (espao) onde acontecem os fatos narrados;

    tempo o momento em que os atos so contados;

    trama a urdidura, a tessitura, a arquitetura do texto, incluindo:

    . conflito: confronto, dificuldade, problema pelo qual o heri passa ou dever passar;

    . clmax: momento decisivo do conflito, ponto de maior tenso;

    . desfecho: a resoluo do conflito, o final, a concluso da narrativa.

    ArtiGO de OPiniO COMO esCrever:

    Introduo: apresentao do tema, sem entrar em grandes detalhes (aproximadamente 3 linhas).

    Desenvolvimento: apresentao detalhada do tema; apresentao de uma proposta; apresentao de argumentos que defendam essa proposta e mostrem a opinio do redator, em casos de concordncia ou discordncia ou tomada de posies (aproximadamente 10 linhas).

    Concluso: sntese do desenvolvimento e apresentao de concluso, mostrando claramente a opinio pessoal acerca do tema (aproximadamente 4 linhas).

    A partir dessa estrutura, sabendo o tema e tendo uma opinio definida, s pegar papel, lpis ou caneta e mos obra.

  • 19p r o g r a m a e s c o l a a t i v a

    O artigo de opinio quase uma dissertao. A diferena que, na dissertao, a concluso tem de retornar introduo ou tema, retomar o problema, justificando sua importncia e pertinncia, fechando o crculo iniciado com o tema, desenvolvido com argumentos dele derivados e relacionados e terminando com o tema esclarecido e justificado com uma observao final. Tambm jamais se escreve na primeira pessoa, preciso apresentar argumentos bsicos e auxiliares, nunca uma opinio. Apresenta fatos, exemplos, o texto denotativo, formal, cientfico. Requer reflexo: analisa, interpreta e explica dados da realidade. Ordena e expe determinado assunto.

    textOs literriOs e POtiCOs

    A leitura fantstica e potica antes de tudo e indissoluvelmente fonte de maravilhamento e de ref lexo pessoal, fonte de esprito crtico, porque toda descoberta de beleza nos faz exigentes e, pois, mais crticos diante do mundo. E porque quebra clichs e esteretipos, porque essa recriao que desbloqueia e fertiliza o imaginrio pessoal do leitor, que indispensvel para a construo de uma criana que, amanh, saiba inventar o homem.

    ( H e l d , 1 9 8 4 , p . 2 0 7 )

    O textO literriO A Arte PelA PAlAvrA!

    aquele que, alm de seu sentido, possui um significado, onde so encontradas diferentes e insuspeitadas interpretaes, permitidas por sua linguagem conotativa. Esta sugere sempre outros significados, ligados a novas experincias, a novos acontecimentos, a descobertas e intenes. a amplitude das conotaes que permite saltos temporais e espaciais. Assim, os leitores do sculo XX de Romeu e Julieta, pea teatral de Shakespeare, escrita no sculo XVI, apreciam-na e se emocionam ainda com o texto literrio. E fazem-no da mesma forma, porque o belo e a emoo esttica permanecem, mesmo que sejam outros os tempos, os costumes, os desejos e as experincias, enquanto o homem for essencialmente humano.

    Na literatura, ao contrrio da lingustica, os significantes que mudam: os significados permanecem os mesmos. A emoo esttica a mesma, no sculo XVI, no sculo XX ou XXI

    O texto literrio , pois, aquele que se concebe e se rel. E essa releitura sempre ser diferente, descortinando novos significados at surpreendentes. o carter aberto da obra de arte literria multiplicando suas leituras e aumentando o prazer esttico.

    Uma releitura sempre ter diversificadas interpretaes porque o leitor no a mesma pessoa, tem outra histria, vivenciou outras experincias. Essa magia deve-se chamada opacidade do signo que no se desvela totalmente. Mostra algo Sombras, penumbras, vultos, sugestes ambguas, esparsas como nuvens intocveis que se esgaram e se transformam pelas conotaes.

    Alm dessa caracterstica da linguagem conotativa, na literatura, h um outro aspecto importante a considerar: a funo potica. A funo potica, embora predominante, no se

  • c o l e o d e l n g u a p o r t u g u e s a c a d e r n o d o e d u c a d o r20

    restringe poesia. Surge, por exemplo, quando escolhemos uma palavra dentre outras com o mesmo significado, ou fazemos frases ou expresses de efeito para slogans, campanhas, propagandas, nomes de lojas, camisetas, jogos de palavras, sempre procurando uma reinterpretao elaborada do texto, colorida de matizes expressivos, ou preferimos Ana Carolina a Carolina Ana.

    Como voc percebeu, o principal campo de atuao de emprego da funo potica a literatura, pela busca do melhor arranjo, do ldico, da melodia, do ritmo, do brinquedo com as prprias palavras, com o jogo imaginativo e criador de analogias, de contrastes e de formas na gerao de comunicaes artsticas.

    O leitor, na busca do significado, vai ter de descobrir esses recursos no uso da funo potica pelo autor, perseguindo o encontro da perfeio da forma. Claro que contedo e forma no se separam na literatura; so cmplices, mas o que o autor quer dizer ser dito melhor se considerar, na busca da forma artstica, o como dizer.

    Sendo assim, com o leitor mais exigido como coautor, a literatura cumpre importante papel na sua formao e desenvolvimento.

    POesiA

    A poesia retrata o sonho, o imaginrio. Ouvir ou ler poemas envolver-se com a ludicidade verbal, com a sonoridade musical das palavras; vivenciar a emoo, o amor, a saudade, a simplicidade, a beleza, o inusitado.

    Para Cunha (1997), a criana tem uma tendncia natural para a poesia, pois o mundo infantil cheio de imagens, de fantasia e de sensibilidade.

    As atividades envolvendo poemas devem ser desenvolvidas de maneira ldica, agradvel, voltadas para a apreciao, para uma interpretao livre, pessoal e criativa. A poesia para ser sentida, mais que ser compreendida.

    A seleo das poesias pode ser feita pelo professor e tambm pelas crianas. Devem ser lidas e apreciadas em momentos programados para essa atividade, num clima de emoo e de pura beleza, sem nenhuma obrigatoriedade, s sentir e apreciar: tudo!

    O texto potico, o poema, definitivamente, por ser conotativo, no serve para exercitar ou ensinar gramtica.

    textOs de COMuniCAO MistA

    Como o prprio nome j antecipa, os textos de comunicao mista conjugam imagem e smbolo, linguagem verbal e no-verbal, palavra e imagem: quadrinhos, logotipos, logomarcas, composio musical, outdoors, anncios ilustrados, gravuras legendadas, filmes, propagandas, charges, cartas enigmticas, cartazes, reclames, textos publicitrios, folders e outros. Em todos eles, permanecem interagindo a ilustrao e o texto escrito.

  • 21p r o g r a m a e s c o l a a t i v a

    A produo de um texto de comunicao mista sempre requer a combinao e a presena de criatividade, arte, inspirao, intertextualidade, recriao, imagem e talento, pois esse tipo de texto tem que causar impacto, atingir o leitor (recebedor), provocando uma reao afetiva, intelectual e comportamental.

    Pode vir impregnado de humor, de suspense, de indignao, de deciso. Assim, a combinao de seus elementos, cores, imagens, textos e texturas tem que ser organizada de tal forma que produza aquele efeito que representa a inteno de seu produtor.

    Infelizmente, a escola no tem dado a esse tipo de texto a devida ateno nem considerado a sua importncia, e nem mesmo a existncia e a influncia na vida diria das pessoas que tm recebido essas mensagens de modo acrtico, irrefletido e irresponsvel.

    Cantinho de Aprendizagem

    Formar, no Cantinho de Aprendizagem, um cantinho de livros ou biblioteca da classe com livros:

    de todo tipo: de imagens, histrias, poemas, contos, finos, grossos, de formas diferentes, com e sem ilustrao;

    de literatura de qualidade obra ficcional de arte pela palavra. Fico quer dizer: fantasia, imaginrio, fantstico, significao diferente para diferentes pessoas, ou seja, linguagem conotativa;

    fichas informativas organizadas pelos alunos e professor e arquivadas por assunto ou em ordem alfabtica;

    outros materiais: revistas em quadrinhos, outras revistas de interesse, jornais, artigos, reportagens, cruzadinhas, passatempos, jornais infantis, livros de receitas e lbuns so materiais que devem fazer parte do acervo de uma biblioteca de classe.

    AtividAdes COM Os livrOs nA bibliOteCA dA ClAsse Ou CAntinhO dOs livrOs

    Cuidado principal liberdade: os alunos devem ter liberdade para escolher o livro, trocar o livro, interromper a leitura, gostar ou no do livro e poder dizer isso.

    Outros cuidados as atividades devem ser espontneas, naturais, interessantes, variadas, prazerosas, gostosas.

    As atividades de avaliao devem ser informais (conversas, troca de ideias, comentrios), escolhidas pelo aluno, sem notas, sem provas objetivas, sem anlise gramatical, sem fichamentos ou questionrios, sem redaes impostas.

    Devem ser expressivas e criativas, relacionadas com desenhos, pinturas, colagens, msica, dana, pantomimas, expresso corporal, dramatizaes, leituras expressivas, fantoches etc., sugeridas livre e espontaneamente pelos alunos.

  • c o l e o d e l n g u a p o r t u g u e s a c a d e r n o d o e d u c a d o r22

    exeMPlOs de AtividAdes COM Os livrOs e OutrOs POrtAdOres de textO

    O aluno pode, se quiser:

    mudar a posio dos livros;

    folhear os livros;

    escolher os livros;

    ler sozinho ou com a ajuda de algum;

    descobrir o texto pelas gravuras;

    ouvir a leitura do professor e conferir se descobriu ou acertou o texto do autor;

    ouvir a leitura do professor. Essa leitura do professor pode ser feita em captulos (um por dia), dependendo do livro.

    Se possvel, usar embalagens diversas e:

    identificar e comentar indicaes encontradas em embalagens, tais como: data de fabricao, validade, cdigo de barras etc.;

    copiar mensagens encontradas e selecionadas das embalagens;

    brincar de supermercado, usando as embalagens;

    participar de jogos, usando embalagens e rtulos;

    relacionar informaes encontradas em embalagens com os contedos de matemtica, geografia, histria e cincias;

    colocar embalagens em ordem alfabtica;

    descobrir letras iguais em embalagens diferentes;

    bulas e receitas de remdio;

    panfletos, propagandas de vrios tipos, folhetos, mala-direta.

    histriAs, lendAs e fbulAs

    As atividades com esses portadores de texto despertam grande interesse nas crianas. As histrias, em geral, alm de contriburem produtivamente no desenvolvimento de habilidades lingusticas, mexem com a emoo, com os sentimentos, pois lidam com o bem e o mal, o real e o fantstico e despertam para a soluo de problemas e dificuldades:

    ouvir, ler e contar histrias;

    recontar histrias lidas ou ouvidas;

    comentar e/ou debater sobre enredos, personagens ou conflitos encontrados nas histrias;

  • 23p r o g r a m a e s c o l a a t i v a

    reescrever trechos de histrias;

    consultar o dicionrio para buscar os significados de palavras;

    participar de atividades na biblioteca da classe;

    leitura virtual de livros prprios para diferentes fases;

    trabalhar a estrutura textual de histria e/ou contos (cenrio, trama e finalizao);

    situar histrias no tempo;

    substituir ou incluir novos personagens e/ou cenrios numa histria;

    participar da hora de histrias;

    dramatizar histrias lidas ou ouvidas;

    participar de pequenas montagens de teatro;

    confeccionar fantoches ou material para teatro de sombras;

    ler para os colegas, ou escutar a leitura de colegas;

    participar de rodas de leitura;

    comentar livros lidos;

    debater com colegas ideias e fatos encontrados em livros;

    ler o livro sozinho ou com a ajuda do professor;

    reproduzir oralmente histrias lidas;

    narrar fatos interessantes de uma histria lida;

    descrever, oralmente, ambientes e personagens de livros;

    apreciar caractersticas de personagens e situaes de histrias;

    reproduzir cenas de histrias por meio de dramatizaes, fantoches, teatro de sombra, desenhos, pinturas, mmicas e outros cdigos;

    ler outros livros: se quiser, lev-los para mostrar aos colegas, comentar, emprestar etc.

    alterar o final de histrias, introduzir novos personagens, adequar o texto a outros ambientes (presente, passado, futuro);

    debates e interpretaes de textos variados: *identificando intenes no explcitas; *julgando ao e reao de personagens; *estabelecendo relaes de causa e efeito; *distinguindo fato de opinio, realidade de fantasia; *outras.

    Uma boa e intensa prtica de leitura na escola, de acordo com o PCN (1997):

    amplia a viso do mundo e inclui o leitor na cultura letrada;

  • c o l e o d e l n g u a p o r t u g u e s a c a d e r n o d o e d u c a d o r24

    estimula o desejo de outras leituras;

    possibilita a vivncia de emoes, o exerccio da fantasia e da imaginao;

    permite a compreenso do funcionamento comunicativo da escrita: escreve-se para ser lido;

    possibilita produes orais e escritas em outras linguagens;

    amplia o conhecimento a respeito da prpria leitura;

    informa como escrever e sugere sobre o que escrever;

    ensina a estudar;

    possibilita a compreenso da relao entre fala e escrita;

    aumenta a velocidade na leitura;

    favorece a estabilizao de formas ortogrficas.

    Outras atividades, alm das realizadas na biblioteca ou cantinho dos livros, no Cantinho de Aprendizagem:

    confeco de doces, salgados e comidas fceis, orientada pela leitura de receitas;

    participao em jogos e brincadeiras, seguindo instrues escritas;

    leitura de embalagens e rtulos;

    consulta a calendrios;

    correio de classe, para circulao de cartas, bilhetes, postais, cartes diversos, convites;

    leitura de quadrinhos, textos de jornais, revistas, suplementos infantis, notcias;

    leitura e comentrios sobre:

    anncios, slogans, cartazes, folhetos e panfletos;

    parlendas, poemas, quadrinhas, adivinhas, trava-lnguas, anedotas;

    contos, mitos, lendas, fbulas, folhetos de cordel, peas de teatro;

    textos de pequenas peas teatrais, estatutos, declaraes de direitos, combinados;

    consulta a enciclopdias, verbetes de dicionrio, textos informativos.

    AtividAdes ldiCAs

    Essas atividades, como brincadeiras, jogos e canes, so auxiliares excelentes para a fase da alfabetizao e, depois, no desenvolvimento da competncia lingustica nos cinco primeiros anos do Ensino Fundamental. Possibilitam oportunidades de cooperao, socializao, competio, resoluo de conflitos ou desequilbrio e promovem a criatividade, o respeito a combinados e regras.

  • 25p r o g r a m a e s c o l a a t i v a

    Para Vygotsky, o brinquedo uma fonte de promoo de desenvolvimento. A criana aprende a atuar numa esfera cognitiva que depende de motivaes internas. Na fase pr-escolar, ocorre uma diferenciao entre os campos de significado e da viso. O pensamento que antes era determinado pelos objetos do exterior passa a ser regido pelas ideias (REGO, 1995):

    planejar jogos e brincadeiras;

    definir combinados e registr-los por escrito;

    listar nomes de jogos e brincadeiras;

    selecionar e registrar, por escrito, jogos e brincadeiras que podem ser realizados na sala de aula e no ptio;

    fazer o registro escrito do resultado de jogos e brincadeiras;

    criar e escrever novos jogos;

    outras atividades que vo ampliando e enriquecendo o universo do aluno, abrindo-se um leque de opes cada vez mais diversificadas.

    reCeitAs

    So textos que desenvolvem a facilidade de seguir instrues para execuo de determinadas tarefas:

    pesquisar, selecionar ou solicitar, na famlia, receitas pra serem executadas na escola;

    organizar e agrupar receitas de doces, salgados e outros;

    copiar receitas preferidas;

    trocar receitas com colegas;

    ler receitas com colegas;

    organizar um lbum de receitas e ilustr-lo;

    listar nomes de receitas preferidas;

    registrar, por escrito, nomes de doces ou comidas de receitas selecionadas;

    agrupar receitas, de acordo com o seu tipo;

    escrever as receitas em fichas e arquiv-las no fichrio ou determinado arquivo do Cantinho de Aprendizagem.

    COnvites, bilhetes e CArtAs

    Estes textos devem ser trabalhados desde a fase da alfabetizao. Alm da socializao que promovem, so timos recursos para o desenvolvimento da habilidade de leitura e de produo de textos.

  • c o l e o d e l n g u a p o r t u g u e s a c a d e r n o d o e d u c a d o r26

    A b C das atividades com a obra literria apropriada formao do leitor.

    alGUmas sUGestes para UtiliZao do tipo de teXto potico

    A LER, diariamente, para seus alunos, textos literrios: obras integrais ou leitura de livros em captulos.

    b Promover, no cantinho de livros, a narrao de diferentes tipos de texto, por voc e por seus alunos.

    C Um dos aspectos a considerar que, na literatura, a linguagem est na funo potica. O destaque da funo potica encontra-se na poesia ou na prosa potica.

    Em primeiro lugar, uma aula de poesia apresentada pelo professor. diferente da aula de leitura bsica ou informativa, quando os alunos leem o texto, interpretam-no, respondem perguntas, fazem exerccios. J em relao ao poema, o professor quem o l, quem envolve os alunos com a audio, conversas, comentrios, transmitindo a sensibilidade e emoo, a beleza, a inteno colocada pelo autor no texto, indicando os recursos usados para obteno do efeito esttico.

    a) Contato: o primeiro momento e deve ser agradvel. Leve escrito ou impresso um belo poema e deixe-o em algum lugar visvel da sala de aula. Pronto; no diga nada ou chame a ateno. Deixe ficar a semana toda. Pode ter certeza de que as crianas, aos poucos, vo se aproximar e ler. Se perguntarem por que, para que, diga apenas: Achei lindo esse poema e trouxe para vocs apreciarem, ou porque este um belo poema que encontrei (ou de que gosto) e achei que vocs tambm iam gostar. Se algum quiser copiar, deixe, mas no valorize o fato. Na semana seguinte, coloque outro poema e despreocupe-se. Isso como vrus de gripe, fica no ar e pega, contaminando. (Essa atividade exige que os alunos saibam ler; a da letra b (abaixo), no.)

    b) Leitura Expressiva: Primeiro, goste de verdade do poema. Segundo, treine sua leitura de modo a transmitir para os ouvintes toda emoo nele contida. Se voc no for um bom intrprete, pea a uma outra pessoa que o faa muito bem e grave ou leve a pessoa para fazer a leitura para os seus alunos, se for possvel. Vrios de nossos atores tm gravados discos ou fitas com boa seleo de poemas. Temos tambm vdeos em que so apresentados poemas, no s pela expresso oral, como tambm incluindo msica e ilustraes sugestivas.

    As crianas e adolescentes, em geral, sensibilizam-se com a leitura dos poemas, mas dificilmente so capazes de realizar uma leitura realmente expressiva. No se preocupe se todas as palavras ou figuras sero compreendidas ou as estruturas simples, claras e acessveis aos alunos. suficiente que capturem a emoo potica. possvel ficar maravilhado e envolvido com as palavras sem saber o seu significado prprio, muitas vezes, s (?) pela sonoridade e ritmo, pela msica. Guarde bem estas palavras:

  • 27p r o g r a m a e s c o l a a t i v a

    O conhecimento para residir de fato no indivduo, primeiro deve passar pela emoo. Quando ele passa pela emoo e se aninha na inteligncia, a gente no esquece nunca mais. No entanto, quando ele entra direto na inteligncia pela razo fria, esquecido imediatamente. No tenham medo de trabalhar a emoo, pois ela uma garantia, principalmente para a arte.

    ( B a r t o l o m e u C a m p o s d e Q u e i r z )

    c) Leitura Criticada: Essa atividade para alunos maiores. Consiste no seguinte: os alunos, depois de treinar a interpretao do poema, leem-no para os colegas. Estes observam as falhas e os acertos de cada colega, justificando seu comentrio. Por exemplo: A terceira estrofe deveria ser lida mais devagar, porque a passagem sugere tristeza. Ou Essa palavra deveria ter sido pronunciada com mais fora porque a principal do verso, ou Voc destacou muito bem a msica das rimas semelhantes (aliterao). Essa tcnica excelente sob vrios aspectos: alm da formao do esprito crtico e do respeito crtica, com relao s atitudes dos alunos, acaba tornando-se, sem formalismos, um estudo de texto.

    d) Outras Atividades Jogral: Nas modalidades, por exemplo, de unssono (todos leem juntos), estribilho (com um verso ou estrofe lido em conjunto), grupos alternados; coro falado.

    e) Seleo de Poemas: Cada um coleciona e registra do modo que desejar os poemas de sua preferncia que podem ser apresentados para apreciao dos colegas, exposies, lbuns, coletneas etc.

    f) Montagem: Sobre um tema forma-se um novo texto (coerente) com partes de diversos outros.

    g) Recriao: A partir de um poema comentado, fazer outro poema maneira de usando determinados elementos caractersticos, sem que se faa uma simples cpia, mas, sim, uma recriao (ver p. 52 deste Caderno).

    h) Transposio: a mudana de cdigo, desenhar, pintar, esculpir, modelar, dobrar etc.

    i) Estudo de Texto: Com caractersticas muito peculiares, feito pelo professor, apresentando aos alunos, para o seu enriquecimento, aspectos do poema que eles no descobririam sem auxlio tcnico e que permitiro melhor apreciao do poema e aumento do prazer esttico.

    Tente, de algum modo, reproduzir poemas para seus alunos.

    Se voc no tiver esse material, pea nas bibliotecas e nas comunidades e MEC. Existem bons discos venda, com poemas de Carlos Drummond de Andrade, Manoel Bandeira e outros. Outra opo descobrir um bom intrprete de poemas em sua escola ou cidade e escolher alguns poemas para ele gravar.

    a) Audio de poemas musicados, que costumam ser muito bons. H, por exemplo, um CD do grupo Cantares, de Juiz de Fora, com excelente seleo de poemas. A Editora Paulinas tambm tem esse tipo de material.

    b) Audio de composies musicais orquestradas, ou de boa msica brasileira. A msica tem grande proximidade com a poesia. Ouvir msica educa o ouvido, torna as pessoas

  • c o l e o d e l n g u a p o r t u g u e s a c a d e r n o d o e d u c a d o r28

    mais sensveis ao potico. Voc pode pensar num fundo musical para momentos de relaxamento, ou de criao de textos. No se acanhe em cantar com os alunos cantigas de roda ou outras composies que eles conheam: uma tima forma de marcar o ritmo, que, em muitos casos, o mesmo do poema.

    c) Elaborao, pelos alunos, de uma antologia potica. Pode ser um trabalho conjunto ou individual. O importante que a(s) antologia(s) circule(m) pela classe e tenha(m) a colaborao de todos, ou da maioria. Pea aos alunos que faam constar dessa antologia poemas que os familiares mais velhos conheam de cor, poemas de folclore etc. claro que a antologia pode ser ilustrada!

    d) Criao de grmio literrio e da hora da poesia, em que as crianas apresentam poemas e falam sobre poetas (se quiserem).

    e) Manuseio e leitura de livros de poesia, nesse caso, sobretudo os criados para crianas, que so em geral bem ilustrados. Aqui vo algumas sugestes:

    Antnio Barreto: Brincadeiras de anjo (FTD); Isca de pssaro peixe na gaiola (Miguilim).

    Bartolomeu Campos Queirz: Dirio de classe (Moderna); qualquer outro.

    Carlos Drummond de Andrade: A senha do mundo (Record); A cor de cada um (Record).

    Ceclia Meireles: Ou isto ou aquilo (Nova Fronteira).

    Elias Jos: Caixa mgica de surpresa (Paulus); Quem l com pressa tropea (L); Flix e seu fole fedem (Paulinas); Um pouco de tudo (Paulus); Lua no brejo (Mercado Aberto).

    Elza Beatriz: Pare no P da poesia (Viglia); A menina dos olhos (Miguilim); Caderno de Segredos (FTD).

    O MEC apresenta s escolas uma boa seleo de:

    Adivinhas, canes, cantigas de roda, parlendas, poemas, quadrinhas e trava-lnguas Volume 1.

    Contos tradicionais Volume 2.

    Contos tradicionais, fbulas, lendas e mitos Volume 3.

    Textos informativos, textos instrucionais, biografias Volume 4.

    ( A l f a b e t i z a o , L i v r o d o A l u n o , B r a s l i a , F U N D E S C O L A / S E F M E C 2 0 0 7, v . 1 , 2 , 3 , 4 . I l . Z i r a l d o . )

    Mais algumas sugestes, professor, para enriquecimento do seu trabalho:

  • 29p r o g r a m a e s c o l a a t i v a

    livrOs:

    Era uma vez uma chave Francisco Aurlio Barreto (Miguilim).

    Estrias em trs atos Bartolomeu Campos Queirz (Formato).

    Papo de pato Bartolomeu Campos Queirz (Formato).

    Que raio de histria Sylvia Orthof.

    Cara de um focinho do outro Guto Lins (FTD).

    Dom rato faz uma descoberta Therezinha Casasanta (L).

    Sapato furado Mrio Quintana (FTD).

    A vira volta do Janjo Therezinha Casasanta (L).

    Estria em trs atos Bartolomeu Campos Queiroz (Miguilim).

    Carolina de nariz vermelho Roberto Gomes (FTD).

    Galo pra c, rato pra l Sylvia Orthof (Formato Memrias Futuras).

    O pega-pega Mary Frana e Eliardo Frana (tica) e Coleo Gato e Rato.

    Caminhos de ouro Ana Maria Machado (FTD).

    Menina bonita do lao de fita Ana Maria Machado (Miguilim)

    O barulho do tempo Vivina de Assis Viana (FTD).

    O velho, o menino e o burro & outras histrias caipiras Ruth Rocha (FTD).

    Mil borboletas Paula Saldanha (Memrias Futuras).

    Classificados Poticos. Roseana Murray (Miguilim) e outros.

    Quer brincar? Eva Furnari (FTD).

    Festa no cu Ana Maria Machado (FTD).

    Bem te verde Santuza Abras (Formato) e outros.

    O cavalinho azul Maria Clara Machado (Cedibra) e livros de peas teatrais.

    Uni duni e t ngela Lago (Comunicao).

    A rvore da montanha ngela Leite de Souza (Scipione).

    Uma velha e trs chapus Sylvia Orthof (FTD).

  • c o l e o d e l n g u a p o r t u g u e s a c a d e r n o d o e d u c a d o r30

    Lcia, j vou indo Maria Heloisa Penteado (tica).

    O short amarelo da raposa (Miguilim).

    Leve como a folha Francisco Aurlio Ribeiro e Paulo Roberto Sodr (Miguilim).

    Chapeuzinho amarelo Chico Buarque de Holanda (Jos Olympio).

    A histria do lobo Marco Antnio Carvalho (tica).

    Chapeuzinho vermelho e lobo guar ngelo Machado (Melhoramentos).

    A verdadeira histria dos trs porquinhos Jon Scieszba (Companhia das Letrinhas).

    O fantstico mistrio da Feiurinha Pedro Bandeira (FTD).

    Quase de verdade Clarice Lispector (Rocco).

    O mistrio do coelho pensante Clarice Lispector (Rocco).

    Os rios morrem de sede Wander Piroli (Comunicao).

    Apontamentos Bartolomeu Campos Queiroz e Correspondncia (Estado de Minas Gerais).

    Ba de histrias Snia Junqueira (Atual).

    Curupira Joel Rufino dos Santos (tica) e Festa no Cu (Miguilim).

    Histrias de encantamento R. Azevedo e C. Fittipaldi (Scipione).

    Lendas brasileiras Terezinha boli (Ediouro).

    Morena Cia Fittipaldi (Melhoramentos).

    Outros contos de fada Ricardo Azevedo (Nobel).

    Lendas: O boto, A cobra grande, Matinta Pereira, Tambataj e outras. Livros s de lendas, de Cmara Cascudo e de Millr Fernandes.

    Histria de dois amores Carlos Drummond de Andrade (Melhoramentos).

    Outra vez ngela Lago (Miguilim).

    Fbulas Monteiro Lobato (Brasiliense).

    O povo sabe o que diz Thiago de Melo (Sver & Boccato, SP).

    Contos da Amrica do Sul Lendas, Trad. Stumer, T. F. C.

  • 31p r o g r a m a e s c o l a a t i v a

    sObre eduCAO quilOMbOlA

    Orientaes e Aes para a Educao das Relaes tnico-Raciais ALMEIDA, Gergilga de. Bruna e a galinha dAngola. Rio de Janeiro: Pallas.

    Bruna era uma menina que vivia perguntando com quem iria brincar, pois era muito sozinha. Sua av, com d da netinha, manda trazer de um pas da frica uma conqum, que no Brasil conhecida como galinha dAngola, coc ou capote. Depois de ganhar o presente, Bruna passa a ter vrias amigas e a conhecer as belezas de ter uma conqum. BARBOSA, Rogrio Andrade. Histrias africanas para contar e recontar. Editora do Brasil.

    Por que o porco vive no chiqueiro? Por que a coruja tem o olho grande? Essas e outras perguntas sobre os animais tm respostas nas histrias africanas para contar e recontar que o autor recolheu dos contos tradicionais africanos e traz de maneira divertida para o pblico infanto-juvenil brasileiro. DIOUF, Sylviane A. As tranas de Bintou. Traduo: Charles Cosac.

    O livro conta a histria de uma menina em uma localidade da frica. A menina Bintou queria ter tranas, mas em sua comunidade s as moas podiam usar tranas. Bintou acha seu penteado sem graa e pede sua av que faa tranas em seu cabelo. Esta, no lugar de tranas, coloca vrios enfeites coloridos em seus cabelos, e fica muito feliz ao ver o resultado. GODOY, Clia. Ana e Ana. Editora: DCL.

    Ana Carolina e Ana Beatriz so duas irms gmeas completamente diferentes uma da outra. Enquanto uma gosta de massas, a outra vegetariana; uma adora o rosa, a outra gosta de azul; uma adora msica, a outra apaixonada por animais. A histria das Anas nos faz perceber que as pessoas so nicas no gostar, no ser e no estar no mundo, mesmo que se revelem iguais na aparncia. KINDERSLEY, Anabel. Crianas como voc. Unesco, tica.

    Fotgrafos e escritores percorrem 31 pases pesquisando e fotografando crianas. O resultado desta viagem um livro emocionante, com fotos belssimas de crianas de todo o mundo, de suas famlias, suas culturas, seus brinquedos e comidas favoritas. O livro uma celebrao da infncia no mundo e tambm uma viagem fantstica pelas diferenas e semelhanas deste mosaico chamado humanidade. MACHADO, Ana Maria. Menina bonita do lao de fita. So Paulo: tica.

    Conta a histria de um coelhinho que se apaixona por uma menina negra e quer saber o segredo de sua beleza. A menina inventa mil histrias, at que sua me esclarece ao coelhinho que a cor da pele da menina uma herana de seus antepassados, que tambm eram negros.

  • c o l e o d e l n g u a p o r t u g u e s a c a d e r n o d o e d u c a d o r32

    PATERNO, Semramis. A cor da vida. Editora L.

    Com esse livro, a autora possibilita a discusso da temtica das relaes raciais pelo olhar das crianas. Por meio de um jogo potico com as cores, duas crianas mostram para suas mes que a luta pela igualdade no significa apagar as diferenas. PIRES, Heloisa. Histrias da preta. So Paulo: Companhia das Letrinhas.

    A autora rene deste livro vrias histrias contadas por seus avs, que nos permitem conhecer um pouco sobre a cultura afro-brasileira, a religio dos orixs, a culinria e tudo o que nos remete cultura africana, que compe a cultura brasileira. PRANDI, Reginaldo. Xang e trovo. So Paulo: Companhia das Letrinhas, 2003.

    Conto de tradio Yorub (lngua falada no Benin, Nigria e regio), repassa histria que compe o universo da mitologia africana. ROSA, Snia. O menino Nito, afinal homem chora? Rio de Janeiro: Pallas.

    A histria de Nito muito comum de tantos meninos que so educados para no chorar. Para obedecer ao pai, que o probe de chorar, Nito se transforma em uma criana triste e fica doente de tanto engolir choro. O mdico da famlia chamado e aconselha o menino a desachorar. O sofrimento da criana tanto que o mdico, a me, o irmo e at o pai de Nito choram ao ouvir o quanto de choro ele tinha guardado. RUFINO, Joel. Gosto de frica, estrias de l e daqui. Editora Global.

    Histrias daqui e da frica, contando mitos e histrias das tradies negras. Com um olhar crtico e afetuoso, o livro fala tambm de personagens da histria do Brasil e de um tempo de escravido, luta e liberdade, ajudando a compreender a diversidade de nossa cultura.

    Outros livros, poemas, vdeos, filmes, msica, obras de arte e histria: p.186/189 do livro citado nas pginas 4 e 31 deste Caderno de Orientao.

    Sobre Educao Indgena (consultar livro citado na pgina 4 deste Caderno, n 4)

    Meu povo canta Professores Indgenas de Pernambuco, Centro de Cultura Luiz Freire, FALE/BH, MEC.

    No Reino da Assuno, Reina TRUK (Org. das professoras Truk). OPIT FALE/UFMG e SECAD/MEC, 2007.

    Sobre gnero RIBEIRO, Marcos. Menino brinca de boneca? Ilustraes Bia Salgueiro, Rio de Janeiro: Salamandra, 1990.

  • 33p r o g r a m a e s c o l a a t i v a

    quAndO vOC se sentir s

    ou no quiser ser apenas mais um na multido, quando quiser descobrir quem descobriu, quem inventou, como surgiu

    nas curtas, mdias e longas viagens ou para ir at o infinito no tempo que dura um grito

    nos longos perodos horizontais para ir festa do rei

    ou viver fantsticas aventuras no mar, para saber o que os bichos pensam da vida

    ou atravessar o tempo como se atravessasse uma porta, para ver como bonito o mundo visto por um mosquito ou, num instante, sentir a terrvel solido de um gigante quando o mundo vira uma geladeira e voc um pinguim

    nos dias chorosos ou quando a Terra se bronzeia

    para sentir aquele medinho gostoso ou quando quiserem fazer voc de bobo,

    leia um livro

    X A V I E R , M a r c e l o . A s a d e p a p e l . B e l o H o r i z o n t e : F o r m a t o , 1 9 9 3 .

    * c a d a l i n h a o u v e r s o d e s t e l i v r o u m t t u l o s p a r a u m a p g i n a i l u s t r a d a

    Como orientar um estudo de texto exemplo 1

    A leitura de diferentes tipos de texto, com o objetivo de ensinar a ler, chamada de leitura bsica ou formativa (formativa do leitor). O aluno deve fazer uma verdadeira explorao do texto para descobrir o que o autor disse e como o disse; sem parar por a; dialogar com outros textos (intertextualidade), ir alm (extrapolar) e fazer uma aplicao da leitura, ou seja, utiliz-la em outros horrios com novas finalidades.

    1 Para comear um estudo de texto, ou, em outras palavras, uma aula de leitura, fazer uma introduo (rpida), relacionando as experincias do aluno com o tema a ser desenvolvido na leitura.

    2 Em seguida, a incentivao. uma frase de apresentao, simples, mas eficiente, para chamar a ateno e dar vontade de ler o texto. A observao de gravuras ou ilustraes (se houver) faz isso bem.

  • c o l e o d e l n g u a p o r t u g u e s a c a d e r n o d o e d u c a d o r34

    Tendo recebido o texto (se reproduzido) ou procurado no ndice pelo ttulo ou pelo nmero da pgina (se do Caderno de Leitura), o aluno vai fazer sua leitura silenciosa, orientada por uma ou duas perguntas orais ou escritas no quadro. As perguntas devem obrigar o aluno a entender o texto para respond-las. Se o texto for reproduzido (xrox ou por outro meio), a fonte deve ser mostrada e ser a prpria incentivao para a leitura. Vejam esta revista (ou este anncio, esta propaganda, este jornal etc.); foi nela que encontrei (ou dela retirei) o texto sobre, que sei que vocs vo gostar de ler. Vamos l? No apenas mostrar, deixar que peguem, folheiem.

    as qUestes dirias de estUdo de teXto so fUndamentais para o aprendiZado da leitUra,j qUe se aprende a ler lendo, e... lendo o qU? o teXto.

    1 questo: Cuidado com a qualidade das questes propostas para estudo do texto. Elas sempre devem exigir leitura, ou seja, interpretao, atribuio de significados. Voc, temos certeza, jamais perguntaria simplesmente Qual o nome do livro?, pois a resposta evidente; no basta olhar e ver; preciso pensar. Pea, por exemplo: Como voc justifica ou explica o nome do livro Asa de Papel? Seus alunos precisam usar a cabea; afinal, voc no quer formar leitores competentes?

    2 questo: D um ttulo a esse texto. Justifique.

    Voc sabe que, em geral, o ttulo de um texto a sntese dele. Resume, em poucas ou sugestivas palavras, a ideia principal do texto, indica seu contedo. Assim, para resolver essa questo, o aluno precisa compreender o texto todo e procurar a relao lgica entre ele e o ttulo que o explica. Voc pode, tambm, pedir que seu aluno d outro ttulo adequado ao texto e justifique sua proposta (oralmente). Pode (e timo) ocorrer que apaream vrios bons ttulos concorrendo com o do escritor, e ser uma questo de preferncia.

    3 questo: Observe as ilustraes acima do texto. Ligue cada ilustrao frase correspondente no texto.

    As questes que relacionam texto e ilustrao so tambm muito importantes, pois pedem comparao do texto com a ilustrao, sua interpretao e a adequao de sentido, de modo que a ilustrao tenha de ser aquela e no outra e por qu. Se voc achar importante para seus alunos, pedir que, em lugar de associar texto e ilustrao por meio de uma linha, faam isso escrevendo a frase correspondente do texto, como legenda para a ilustrao.

    4 questo: Voc viu que as ilustraes de Asa de Papel so de massinha. Escolha uma frase do livro e ilustre-a voc tambm (se no for possvel com massinha, use outro recurso: desenho, pintura, recorte, colagem etc.).

    uma mudana de cdigo (de lngua para escultura ou modelagem), do verbal para o no verbal, cada um com sua gramtica prpria. Alm disso, exige-se a coerncia entre as duas representaes, expressando o mesmo pensamento.

    As respostas s questes para estudo do texto podem ser dadas oralmente. Esse tipo de estudo comentrio oral do texto bem mais produtivo e enriquecedor para todos, pois proporciona trocas afetivas e cognitivas entre os alunos.

  • 35p r o g r a m a e s c o l a a t i v a

    O desenvolvimento acontece dentro de um processo de interao construtiva entre seus participantes professor e alunos , atravs de atividades desafiadoras. Segundo Vygotsky, o nico bom ensino aquele que se adianta ao desenvolvimento. Este deve ser olhado para alm do momento atual, para aquilo que deve acontecer e que importante que acontea. Assim, se a criana j domina determinadas tarefas, j as realiza sozinha, no precisa mais de ajuda para elas. Cabe ao professor, ento, provocar desafios que impulsionem avanos no percurso do desenvolvimento do aluno, estes j em estado latente, mas que no ocorreriam espontaneamente sem essa interferncia.

    A resposta 1 questo, que inicia o comentrio, ser a mesma que foi apresentada de forma oral ou escrita no quadro para orientar a leitura silenciosa.

    Todas as questes selecionadas para o comentrio e estudo do texto devem estar voltadas para o desenvolvimento de competncias especficas necessrias compreenso a leitura.

    Por exemplo:

    Qual seria a inteno do autor ao produzir esse texto?

    Voc acha que ele atendeu ao seu objetivo? Por qu?

    O que voc entendeu ao ler: quando o mundo vira uma geladeira e voc um pinguim; ir at o infinito no tempo que dura um grito.

    Outras.

    Um estudo de texto no se faz em um horrio seguido. Por mais interessante que seja, acaba cansando e comprometendo o resultado. Retornar em outro horrio ou outro dia pode ficar muito interessante; o nico cuidado renovar a incentivao e no separar dela a leitura silenciosa. Exemplo de diviso:

    Para orientar um estudo de texto, voc pode, professor, seguir os seguintes passos:

    1 PArte:

    a) Incentivao:

    pergunta oral ou escrita para orientar a leitura silenciosa,

    entrega do material (texto);

    resoluo de dificuldades (explicao ou procura no glossrio da palavra que realmente impea a compreenso do texto, ou mesmo sua leitura; o professor pode apresent-la na frase ou em parte da mesma frase do texto, nunca isolada, escrita em uma ficha ou no quadro e discutir o significado com os alunos;

  • c o l e o d e l n g u a p o r t u g u e s a c a d e r n o d o e d u c a d o r36

    recordao de hbitos desejveis (ler com olhos, de boca fechada; modo de segurar o livro e passar as pginas; distncia entre o texto e os olhos; cuidados com a coluna vertebral ao assentar-se etc. Isso pode estar escrito ou desenhado em um cartaz; anteriormente feito junto com os alunos e, na hora, s chamar a ateno, tipo olhem o cartaz, lembrem-se do que combinamos).

    b) Leitura silenciosa

    3 PArte:

    Aplicao (referncias leitura ou leituras realizadas, isto , renovao da incentivao) Ler ou fazer alguma coisa a partir do texto lido, com motivos diferentes (reviso e concluso):

    Leituras orais de partes do texto que respondam a alguma questo; leitura teatralizada dos dilogos, cada aluno com seu personagem e/ou narrador.

    No caso de Asa de papel, fazer um jogral ler, oralmente, com expresso e entonao adequadas, uma frase ou um conjunto delas para cada aluno ou grupo de alunos, alternadamente, com a leitura em um unssono (todos juntos) da ltima frase, LEIA UM LIVRO!

    2 PArte:

    Comentrio: (renovao da incentivao para continuar a leitura anterior)

    Comea pela resposta questo inicial e discusso de vrias outras, penetrando no texto, procurando compreender o que o autor disse ou quis dizer e como ele conseguiu isso pela estruturao do texto. hora de desmontar e reconstruir o texto e dialogar com outros textos (intertextualidade). Alguns aspectos gramaticais podem ser ressaltados pelo valor de seu uso para obter efeitos estilsticos ou informativos, nunca usando o texto como pretexto para ensino e, de preferncia, sem nomenclatura. Esta, s muitssimo bem contextualizada.

    Alm da verificao das respostas, do aprofundamento da compreenso do texto, feita por novas questes sobre pormenores significativos, de questes de anlise e julgamento do carter e das aes dos personagens na narrativa, e de inferncias feitas a partir do que foi lido, deve haver a organizao do assunto por meio de perguntas que levem a respostas que impliquem a estruturao lgica de vrias ideias. (O comentrio do texto cumpre papel importante na formao do leitor.)

  • 37p r o g r a m a e s c o l a a t i v a

    Mmica, dramatizao, desenho, pintura, recorte, modelagem e outros.

    Reconto, reescrita, recriao, quadrinizao.

    Conversa, debate, integrao com outras reas temticas.

    Trabalhos individuais ou em grupo.

    Como orientar um estudo de texto exemplo 2

    uMA CAAdA OriGinAl

    Depois da refeio, Joozinho saiu do rancho para contemplar a manh, que estava maravilhosa, cheia de sol, sonora de cantos, pios e gritos de aves.

    Sentiu intenso desejo de andar, de passear, de atravessar o seio cheiroso de mato.

    Disse-o a Curumim que viera porta do rancho.

    Pois vamos por a afora, respondeu este.

    Vo andar? Gritou Maria Bugra, l de dentro.

    Vamos, disse Curumim.

    Aonde vo?

    Por a, toa zanzando...

    Ento, Curumim, por que que no ho de ir os dois at a lagoa caar uns marrecos para o jantar? D pra voltarem antes do meio-dia. perto.

    Bem lembrado exclamou Curumim, entrando no rancho, donde voltou pouco depois com um pedao de cordinha que cortou em vrias partes iguais e meteu-as no bolso.

    A av apareceu porta com arco de flecha. bom levar, disse, pode ser preciso

    Joozinho no entendia nada: Por que os pedaos de cordinha? Por que Curumim ia saindo sem arco e flecha se devia caar marrecos? Pensava, intrigado. Mas nada perguntou.

    Partiram para o lado do sul. Andaram, andaram. No demorou muito, avistaram a lagoa, por sobre a qual voaram bandos de aves.

    Aproximaram-se. A gua estava coalhada de marrecos nadando. Nas margens, muitas garas e jaburus.

    Joozinho notou que na gua boiavam umas bolas.

    So cabaas. Fui eu quem as colocou a, explicou Curumim.

  • c o l e o d e l n g u a p o r t u g u e s a c a d e r n o d o e d u c a d o r38

    Para qu?

    Para os marrecos se acostumarem com elas.

    Hein? Acostumarem? Por qu?

    Espere um pouco escondido no mato que voc j vai compreender tudo.

    Dito isso, Curumim encaminhou-se para perto da lagoa. Ali, despiu-se, abaixou-se e tirou de uma touceira de capim uma cabaa que estava oculta. Tinha a parte inferior cortada e dois buracos de um lado como dois olhos.

    Curumim meteu-a na cabea maneira de um capacete e entrou na gua. Foi andando, andando, at que esta lhe atingiu o peito.

    Sbito, abaixou-se, ficando-lhe fora da lagoa apenas a cabea disfarada pela cabaa.

    Esta foi deslizando pela superfcie da gua.

    Aproximou-se de um marreco e Joozinho viu este sumir-se puxado violentamente para o fundo

    Curumim tem cada uma! exclamou Joozinho... ora, ora.

    As aves, acostumadas com a presena das cabaas e sem poderem suspeitar do estratagema de Curumim, deixavam-se apanhar com a maior facilidade!

    Assim, depois de uns dez minutos, saa Curumim da gua, trazendo cintura, atada pelos pedaos de cordinha que trouxera, meia dzia de marrecos mortos, de pescoo deslocado.

    Joozinho ria-se a mais no poder, cheio de admirao.

    boa! muito boa! Exclamou, enquanto espantadas pelo barulho. Centenas de marrecos fugiam, aos grasnidos, em nuvem pelo alto do cu azul.

    leiturA

    direo da leitUra silenciosa

    compreenso do teXto

    1) Por que os meninos resolveram caar?

    2) Qual era o mtodo ou estratagema que Curumim usou para caar os marrecos?

  • 39p r o g r a m a e s c o l a a t i v a

    1 Divida o texto em 4 partes, de acordo com os seguintes ttulos:

    a) O plano do passeio

    b) O pedido da av

    c) A curiosidade de Joozinho

    d) O estratagema de Curumim

    2 Coloque f ou v frente de cada afirmativa, conforme voc a considere falsa ou verdadeira:

    _______ A lagoa onde os meninos foram caar ficava perto.

    _______ Curumim queria levar o arco e as flechas.

    _______ Havia bolas boiando na gua da lagoa.

    _______ Os marrecos no gostavam das cabaas.

    _______ Curumim matou os marrecos com as cordinhas.

    3 Numere as gravuras de acordo com sua ordem de aparecimento na histria:

    4 Preencha o quadro abaixo, usando as qualidades que voc acha de acordo com os personagens da estria:

    PrudnCiA disCriO AleGriA PACinCiA esPertezA PreGuiA velOCidAde inteliGnCiA.

    PersOnAGens quAlidAdes

    maria bUGra

    jooZinho

    cUrUmim

    Desenho de Maria Bugra, Curumim e Joozinho

    conversando

    Desenho da lagoa com as cabaas flutuando

    Desenho de um lindo dia com os elementos decritos no

    texto

    Curumim beira da lagoa, pingando gua pelo corpo e tendo, na

    cintura, uma fileira de marrecos com o pescoo deslocado e amarrados por

    cordinhas

    Joozinho e Curumim

    (segurando as cordinhas), de p, beira da lagoa com marrecos e cabaas

  • c o l e o d e l n g u a p o r t u g u e s a c a d e r n o d o e d u c a d o r40

    5 A ver a proeza de Curumim, Joozinho ficou:

    _______ admirado

    _______ indignado

    _______ indiferente

    _______ assustado

    _______ confuso

    6 Voc acha que a av de Curumim gostava dele? Justifique sua resposta. Marque no texto o trecho que o levou a concluir isso.

    7 Que recursos usou o autor para mostrar como a manh estava convidativa para um passeio?

    8 A gua estava coalhada de marrecos nadando.

    Que ideia o autor quis transmitir com a palavra coalhada nesse trecho?

    Que outro significado tem a palavra coalhada?

    Voc acha que expressou bem a ideia do autor? Justifique.

    eXerccio para ampliao do vocabUlrio

    Espantados pelo barulho, centenas de marrecos fugiam, aos grasnidos, em nuvem pelo alto do cu azul. Substitua, no trecho acima, as palavras grifadas usando a palavra ou expresso mais conveniente:

    espantados: admirados, boquiabertos, assustados, intrigados;

    barulho: rumor, rudo, sussurro, algazarra, estrondo;

    fugiam: escapavam, desapareciam, escondiam-se, retiravam-se.

    ____________ pelo ____________, centenas de marrecos ____________, aos grasnidos, em nuvem pelo alto cu azul.

    2 a) Continue de acordo com o exemplo:

    cabaa que estava oculta cabaa que estava visvel

    gritou l de dentro

    puxado violentamente

  • 41p r o g r a m a e s c o l a a t i v a

    depois da refeio

    as cabaas afundaram

    b) Continue, de acordo com o exemplo:

    entrando no rancho saindo do palcio

    despiu-se e abaixou-se

    as aves acostumadas com a presena

    Joozinho no entendeu nada

    muitos marrecos desapareceram

    c) Continue, de acordo com o exemplo:

    sentiu intenso desejo de andar sentiu forte desejo de andar

    toa zanzando

    pensava, intrigado

    sbito, abaixou-se

    sem suspeitar do estratagema

    3 a) Procure no dicionrio o significado das palavras: bando, cardume, enxame, manada, rebanho.

    b) Continue de acordo com o exemplo:

    Avistaram um bando (de aves).

    Avistaram _______________ (de carneiros).

    Avistaram _______________ (de peixes).

    Avistaram _______________ (de abelhas).

    Avistaram _______________ (de elefantes).

    leitUra oral

    1 Leia o dilogo entre Maria Bugra e os meninos.

    2 Leia o trecho que mostra o cuidado que Maria Bugra tinha com seu neto.

    3 Leia a descrio da lagoa onde os meninos foram caar.

    4 Leia a parte que conta o estratagema de Curumim.

  • c o l e o d e l n g u a p o r t u g u e s a c a d e r n o d o e d u c a d o r42

    exPressO esCritA

    1 Explique qual foi o estratagema usado por Curumim para pescar os marrecos.

    2 Explique o que o autor quis dizer com: espantados pelo barulho, centenas de marrecos fugiam aos grasnidos, em nuvem pelo alto do cu azul.

    3 Curumim colocou a cabaa maneira de um capacete e entrou na gua. Foi andando, andando, at que esta lhe atingiu o peito.

    Leia o texto com ateno e desenhe nos quadrados abaixo as cenas correspondentes s ideias nele expressas:

    4 No texto Uma caada original h vrios dilogos, ou seja, conversa entre duas pessoas. Observe-os. H um sinal em todos eles.

    Procure-o, pense um pouco e responda:

    a) Que sinal este?

    b) Para que serve?

    c) Prove que sabe us-lo imaginando um dilogo entre Joozinho e Curumim.

    situAO

    jooZinho no entendeU por qUe cUrUmim ia caar marrecos com pedaos de corda em lUGar de arco e flechas. porm, nada perGUntoU.

    sUponha aGora qUe jooZinho tenha se comportado diferentemente, pedindo eXplicaes a cUrUmim.imaGine as perGUntas de jooZinho e as respostas de cUrUmim.

  • 43p r o g r a m a e s c o l a a t i v a

    5 Voc acha que um dilogo deve, necessariamente, ser entre duas pessoas? Discuta a resposta com seu grupo. Imagine alguns dilogos, de acordo com as concluses do grupo, e dramatize-os para seus colegas escolherem o mais interessante.

    6 Observe a gravura:

    a) Escreva o que voc v nela. Mas, preste ateno: escreva apenas o que v.

    b) Compare o que voc escreveu com o trecho correspondente do texto: Uma caada original e veja se est de acordo com ele. Pense se o que est faltando importante para a compreenso da histria.

    c) Complete a gravura acima, desenhando a parte que falta.

    d) Escreva, novamente, o que voc v.

    7 Escreva uma carta a um amigo contando-lhe uma aventura, vivida realmente ou em imaginao, ao participar de uma caada original. No se esquea de que em sua carta devem aparecer: local e data, saudao, assunto e despedida. Sobrescrite o envelope, sem esquecer:

    No anverso: nome do destinatrio, rua, nmero, cidade, CEP, estado.

    No verso: nome do remetente e endereo completo.

    8 Siga o modelo: P = Professor A = Aluno

    MOdelO:

    P caar

    P Os meninos caam na fl oresta.

    P morar

    A Os meninos ____________ na fl oresta.

    P brincar

    A Os meninos ____________ na fl oresta.

    1 a)

    P brigar

    A Os meninos ____________ na fl oresta.

    P andar

    A Os meninos ____________ na fl oresta.

  • c o l e o d e l n g u a p o r t u g u e s a c a d e r n o d o e d u c a d o r44

    MOdelO:

    P caar

    P Ns caamos na floresta.

    P morar

    A Ns______________ na floresta.

    P brincar

    A Ns ______________ na floresta.

    MOdelO:

    P caar

    P Ele caa na floresta.

    P morar

    A Ele ______________ na floresta.

    P brincar

    A Ele ______________ na floresta.

    MOdelO:

    P caar

    P Eu cao na floresta.

    P morar

    A Eu ______________ na floresta.

    P brincar

    A Eu ______________ na floresta.

    b)

    d)

    c)

    P brigar

    A Ns ______________ na floresta.

    P andar

    A Ns ______________ na floresta.

    P brigar

    A Eu ______________ na floresta.

    P andar

    A Eu ______________ na floresta.

    P brigar

    A Ele ______________ na floresta.

    P andar

    A Ele ______________ na floresta.

  • 45p r o g r a m a e s c o l a a t i v a

    MOdelO:

    P matar marrecos

    P Curumim mata os marrecos.

    P apanhar frutas

    A Curumim ______________

    P quebrar flechas

    A Curumim ______________

    2 a)

    P atar cordas

    A Curumim ______________

    P espantar aves

    A Curumim ______________

    MOdelO:

    P matar marrecos

    P Eles matam os marrecos.

    P apanhar frutas

    A Eles ______________

    P quebrar flechas

    A Eles ______________

    b)

    P atar cordas

    A Eles ______________

    P espantar aves

    A Eles ______________

    MOdelO:

    P matar marrecos

    P Eu mato os marrecos.

    P apanhar frutas

    A Eu ______________

    P quebrar flechas

    A Eu ______________

    c)

    P atar cordas

    A Eu ______________

    P espantar aves

    A Eu ______________

  • c o l e o d e l n g u a p o r t u g u e s a c a d e r n o d o e d u c a d o r46

    MOdelO:

    P matar marrecos

    P Ns matamos os marrecos.

    P apanhar frutas

    A Ns ______________

    P quebrar flechas

    A Ns ______________

    d)

    P atar cordas

    A Ns ______________

    P espantar aves

    A Ns ______________

    MOdelO:

    P manada atravessar

    P A manada atravessa a mata.

    P enxame atravessar

    A ______________ a mata.

    P rebanho atravessar

    A ______________ a mata.

    3 a)

    P bando atravessar

    A ______________ a mata.

    P boiada atravessar

    A ______________ a mata.

    Obs.: esses exerccios podem ser s orais, s escritos ou primeiro orais e em seguida escritos (o professor decide).

    MOdelO:

    P muitos elefantes atravessar

    P Muitos elefantes atravessam a mata.

    P muitas abelhas atravessar

    A ______________ a mata.

    P muitos carneiros atravessar

    A ______________ a mata.

    b)

    P muitas aves atravessar

    A ______________ a mata.

    P muitos bois atravessar

    A ______________ a mata.

  • 47p r o g r a m a e s c o l a a t i v a

    treinO OrtOGrfiCO

    Depois da refeio, Joozinho saiu do rancho para contemplar a manh que est