escala likert

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Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado FECAP - desde 1902 Administração On Line Prática - Pesquisa - Ensino ISSN 1517-7912 Volume 2 - Número 2 (abril/maio/junho - 2001) Página inicial Objetivos Conselho editorial Artigos Submeta um artigo Seus comentários Escalas de Mensuração de Atitudes: Thurstone, Osgood, Stapel, Likert, Guttman, Alpert. Tânia Modesto Veludo de Oliveira FEA-USP INTRODUÇÃO ESCALAS DE LIKERT A escala de Likert se baseia na premissa de que a atitude geral se remete às crenças sobre o objeto da atitude, à força que mantém essas crenças e aos valores ligados ao objeto. As escalas de Likert, ou escala somatória, tem semelhança com as escalas de Thurstone pois dizem respeito a uma série de afirmações relacionadas com o objeto pesquisado, isto é, representam várias assertivas sobre um assunto. Porém, ao contrário das escalas de Thurstone, os respondentes não apenas respondem se concordam ou não com as afirmações, mas também informam qual seu grau de concordância ou discordância. É atribuído um número a cada resposta, que reflete a direção da atitude do respondente em relação a cada afirmação. A somatória das pontuações obtidas para cada afirmação é dada pela pontuação total da atitude de cada respondente. Chisnall (1973, p. 174 a 176) coloca que as escalas de Likert são mais populares que as escalas de Thurstone porque além de serem confiáveis, são mais simples de construir e permitem obter informações sobre o nível dos sentimentos dos respondentes, o que dá mais liberdade à eles, que não precisam se restringir ao simples concordo/ discordo, usado pela escala de Thurstone. O procedimento geral da escala de Likert é usado o seguinte: são coletadas várias informações sobre determinado item. Estes itens são apresentados a juizes que indicam se aprovam muito, aprovam, estão indecisos, desaprovam, desaprovam muito. Para cada juiz é feito um score final computando suas respostas numa escala de 5 a 1, respectivamente. A avaliação das frases também pode ser feita segundo as seguintes divisões: concordo totalmente, concordo parcialmente, incerto, discordo parcialmente e concordo totalmente. "Aos vários graus de concordância / discordância são atribuídos números para indicar a direção da atitude do respondente. Geralmente, os números utilizados variam de 1 a 5, ou – 2, -1, 0, +1, +2. O conjunto de números utilizados não faz diferença em função das conclusões a que

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Fundao Escola de Comrcio lvares PenteadoFECAP - desde 1902Administrao On LinePrtica - Pesquisa - EnsinoISSN 1517-7912Volume 2 - Nmero 2(abril/maio/junho - 2001)

Pgina inicial Objetivos Conselho editorial Artigos Submeta um artigo Seus comentriosEscalas de Mensurao de Atitudes: Thurstone, Osgood, Stapel, Likert, Guttman, Alpert.Tnia Modesto Veludo de Oliveira FEA-USP

INTRODUO

ESCALAS DE LIKERT

A escala de Likert se baseia na premissa de que a atitude geral se remete s crenas sobre o objeto da atitude, fora que mantm essas crenas e aos valores ligados ao objeto.

As escalas de Likert, ou escala somatria, tem semelhana com as escalas de Thurstone pois dizem respeito a uma srie de afirmaes relacionadas com o objeto pesquisado, isto , representam vrias assertivas sobre um assunto. Porm, ao contrrio das escalas de Thurstone, os respondentes no apenas respondem se concordam ou no com as afirmaes, mas tambm informam qual seu grau de concordncia ou discordncia. atribudo um nmero a cada resposta, que reflete a direo da atitude do respondente em relao a cada afirmao. A somatria das pontuaes obtidas para cada afirmao dada pela pontuao total da atitude de cada respondente. Chisnall (1973, p. 174 a 176) coloca que as escalas de Likert so mais populares que as escalas de Thurstone porque alm de serem confiveis, so mais simples de construir e permitem obter informaes sobre o nvel dos sentimentos dos respondentes, o que d mais liberdade eles, que no precisam se restringir ao simples concordo/ discordo, usado pela escala de Thurstone.

O procedimento geral da escala de Likert usado o seguinte: so coletadas vrias informaes sobre determinado item. Estes itens so apresentados a juizes que indicam se aprovam muito, aprovam, esto indecisos, desaprovam, desaprovam muito. Para cada juiz feito um score final computando suas respostas numa escala de 5 a 1, respectivamente. A avaliao das frases tambm pode ser feita segundo as seguintes divises: concordo totalmente, concordo parcialmente, incerto, discordo parcialmente e concordo totalmente. "Aos vrios graus de concordncia / discordncia so atribudos nmeros para indicar a direo da atitude do respondente. Geralmente, os nmeros utilizados variam de 1 a 5, ou 2, -1, 0, +1, +2. O conjunto de nmeros utilizados no faz diferena em funo das concluses a que se quer chegar, o importante que se atribua corretamente os nmeros s respostas de afirmaes positivas e negativas" (Fauze, 1996, p. 97). A maior pontuao possvel ser a multiplicao do maior nmero utilizado (por exemplo, 5) pelo nmero de assertivas favorveis, e a menor pontuao ser a multiplicao do menor nmero utilizado (por exemplo, 1) pelo nmero de assertivas desfavorveis. A pontuao individual pode ser comparada com a pontuao mxima, indicando a atitude em relao ao problema apresentado. Para Chisnall (1973, p. 174 a 176), "a escala de Likert no produz uma escala de intervalos, ela no adequada para concluir sobre o significado das distncias entre posio das escalas".

Uma vantagem da escala de Likert que ela fornece direes sobre a atitude do responde em relao a cada afirmao, sendo ela positiva ou negativa. Uma desvantagem associada a essa escala ocorre quando h um problema de interpretao que no existe na escala de Thurstone. Segundo Churchill (1998, p. 258), uma pontuao de 9.2 na escala de Thurstone representa uma atitude favorvel, j na escala de Likert poderia haver confuso para determinar o que uma pontuao de 78 pontos significa dentro de uma escala de 20 afirmaes, por exemplo. No possvel afirmar que essa pontuao represente uma atitude favorvel, tendo como base a pontuao mxima de 100 (20 x 5).

O exemplo a seguir ilustra um tipo de escala de Likert utilizada para definir o constructo de alienao de mercado, enfatizando a insatisfao dos consumidores com o desempenho de empresas fornecedoras, produtos e servios.

Quadro 16: Escala de Likert

Alienao dos consumidores em relao ao mercado.

Legenda:CT = Concordo totalmente; C = concordo; I = indiferente; D = discordo; DT = discordo totalmente

1. As empresa recebem poucas cartas de reclamao porque no fazem nada para satisfazer os consumidores individualmente.CTCIDDT

2. As empresas no se preocupam tanto comigo ao ponto de melhorar os produtos que vendem.CTCIDDT

3. A satisfao que tenho experimentando novos produtos acaba em um curto perodo de tempo aps a compra.CTCIDDT

4. Algumas vezes, quando eu olho novos produtos, eu desejo que pelo menos um deles valha a pena ser adquirido.CTCIDDT

5. Algumas pessoas com casas grandes, carros novos e outras coisas boas conseguem obt-los somente por meio de dvidas.CTCIDDT

6. Algumas vezes compro produtos que eu no precisaria comprar.CTCIDDT

7. A idia de criar estilos e moda no para mim.CTCIDDT

8. Eu realmente gosto de possuir coisas de marcas reconhecidas.CTCIDDT

9. Os produtos e servios que eu compro e uso realmente permitem que eu seja eu mesmo.CTCIDDT

Alienation: Consumer alienation from the marketplace. (Pruden, Shuptrine and Longman, 1974) Handbook of marketig scales. Cap. 6: Business firms, satisfation and post-purchase behavior, and social agencies. P. 347 348[3]. Fundamentao Metodolgica

A metodologia adotada na pesquisa depende diretamente do objeto em estudo, de sua natureza, amplitude e dos objetivos do pesquisador. Em geral, segundo Quivy e Campenhoudt (1992 : 41), a inteno dos pesquisadores em cincias sociais no s descrever, mas compreender os fenmenos e, para tanto, torna-se necessrio recolher dados que mostrem o fenmeno de forma inteligvel.

Para Eco (1993 : 11) a pesquisa pode ser histrica ou terica, dependendo do assunto a ser abordado. Ele salienta que em determinados assuntos a pesquisa ou a tese, entendida aqui como resultado da pesquisa, tende a ser exclusivamente histrica, em outros, ambos os tipos so aplicveis. Explica-nos que "uma tese terica aquela que se prope atacar um problema abstrato que pode j ter sido ou no objeto de outras reflexes...". Alm disso, uma pesquisa terica pode ter carter experimental.

Gil classifica as pesquisas com base em dois critrios diferentes. A primeira classificao d-se com base em seus objetivos gerais, sendo til para o estabelecimento de seu fundamento terico, e divide-as em trs grandes grupos: exploratrias, descritivas e explicativas.

As pesquisas exploratrias visam "proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torn-lo mais explcito ou a construir hipteses. Pode-se dizer que estas pesquisas tm como objetivo principal o aprimoramento de idias ou a descoberta de intuies." (1993 : 45)

Como pesquisa descritiva ele define: "As pesquisas descritivas tm como objetivo primordial a descrio das caractersticas de determinada populao ou fenmeno ou, ento, o estabelecimento de relaes entre variveis". (op. cit. : 46)

Pesquisas explicativas so consideradas as mais complexas e so caracterizadas por uma preocupao principal de identificar os fatores determinantes ou que contribuem para a ocorrncia dos fenmenos. o tipo de pesquisa que mais aprofunda o conhecimento da realidade, pois explica a razo, o porqu das coisas.

O segundo critrio classifica-as segundo o delineamento da pesquisa, ou seja, de acordo com os procedimentos tcnicos de coleta e anlise dos dados. Aqui tambm podem ser distintos dois grandes grupos de delineamentos: as chamadas fontes de papel e aquele que obtm os dados atravs das pessoas (Gil, 1991 : 45; 1994 : 70).

No primeiro grupo, as chamadas fontes de papel, esto a pesquisa bibliogrfica e a pesquisa documental. Cabe salientar que na maioria dos trabalhos cientficos exigido uma pesquisa bibliogrfica, porm algumas pesquisas so desenvolvidas exclusivamente por meio dessas fontes. o caso de grande parte dos estudos exploratrios.

No segundo grupo, onde os dados so conseguidos pelo pesquisador atravs de outras pessoas, encontram-se a pesquisa experimental, que representa o caso tpico de pesquisa cientfica; a pesquisa ex-post-facto, onde o experimento ocorre baseado num fato j ocorrido; o levantamento, que consiste na interrogao direta das pessoas que so o foco da pesquisa; o estudo de caso, que caracteriza-se por um estudo profundo e completo de um ou poucos indivduos, a fim de aumentar o conhecimento a respeito destes indivduos ou seu comportamento. Ainda como parte deste grupo encontramos a pesquisa-ao e a pesquisa participante, onde o pesquisador e os pesquisados interagem de forma cooperativa ou participativa.

Outros autores classificam as pesquisas de formas ligeiramente diferentes. No caso de Cervo e Bervian apud Boihagian (1995 : 68), a classificao limita-se a trs tipos mais importantes de pesquisa e seus respectivos sub-tipos:

Pesquisa Bibliogrfica: consiste na procura de referncias tericas publicadas em documentos, tomando conhecimento e analisando as contribuies cientficas ao assunto em questo. Por ser de natureza totalmente terica, parte obrigatria de outros tipos de pesquisa.

Pesquisa Descritiva: visa observar, registrar analisar e correlacionar fenmenos ou fatos, sem interferir no ambiente analisado. o tipo mais usado nas cincias sociais. Pode assumir vrias formas:

Estudos exploratrios: utilizada quando existe pouco conhecimento sobre o assunto;

Estudos descritivos: consiste na anlise e descrio de caractersticas ou propriedades, ou ainda das relaes entre estas propriedades em determinado fenmeno;

Estudos de Caso: busca analisar os vrios aspectos de um indivduo, ou grupo delimitado de indivduos;

Pesquisa de Opinio: visa detectar atitudes, pontos de vista e preferncias das pessoas pesquisadas em relao a um determinado problema.

Pesquisa experimental: a forma de pesquisa que manipula diretamente as variveis relacionadas com o objeto em estudo para determinar a interao entre estas variveis e explicar as causas do fenmeno estudado.

Para Trivios (1987 : 101) a fundamentao terica do estudo ou reviso da literatura, tem o seu papel bem definido como fundamento que orientar a pesquisa e um componente indispensvel a qualquer tipo de pesquisa. Lembra-nos que a palavra teoria, em sua etimologia grega significava observar, contemplar. Portanto, "os instrumentos utilizados na pesquisa, o questionrio, a entrevista, etc., para a coleta de informaes, so iluminados pelos conceitos de uma teoria."

Este autor tambm considera trs tipos gerais de estudos cujas finalidades diferem: estudos exploratrios, estudos descritivos e estudos experimentais.

Estudos Exploratrios: so aqueles que permitem ao investigador aumentar a sua experincia, aprofundando seu estudo e adquirindo um maior conhecimento a respeito de um problema. Podem ainda servir para levantar possveis problemas de pesquisa.

Estudos Descritivos: o estudo descritivo busca descrever os fatos e fenmenos de determinada realidade. Pode, ainda, estabelecer relaes entre as variveis e, neste caso, denomina-se estudo descritivo e correlacional.

As variveis so definidas por Trivios (op. cit. : 107) como sendo "caractersticas observveis de algo que podem apresentar diversos valores". Podem ser variveis independentes - aquelas que so explicativas e atuam sobre as outras - ou variveis dependentes, aquelas que sofrem os efeitos das primeiras. Na pesquisa quantitativa, a varivel deve ser medida; na pesquisa qualitativa, a varivel descrita.

Pode ainda assumir a forma de estudos de casos, que tm por objetivo aprofundarem a descrio de determinada realidade. Neste tipo de estudo os resultados s so vlidos para o caso estudado e, quando a anlise quantitativa, o tratamento estatstico dos dados simples. Quando exige anlise qualitativa, esta pode ter apoio quantitativo.

Outra forma de estudos descritivos considerada a anlise documental, que aquela onde uma situao descrita com base em uma grande quantidade de documentos.

Tambm considera como estudo descritivo o estudo que procura determinar como o fenmeno, de que maneira e por que ocorre, quando o controle da varivel independente no possvel. Neste caso denominado estudo causal comparativo ou estudo post facto.

Estudos Experimentais: so estudos de base fundamentalmente positivista, pouco utilizados nas cincias sociais mas importantes nas cincias naturais. Conforme Dalen e Meyer apud Trivios (op. cit. : 112), "experimentao consiste em modificar deliberadamente a maneira controlada das condies que determinam um fato ou fenmeno e, em observar e interpretar as mudanas que ocorrem neste ltimo. O estudo experimental estabelece as causas dos fenmenos, determinando qual ou quais so as variveis que atuam, produzindo modificaes sobre outras variveis."

De uma forma mais didtica, apresenta-nos Selltiz, que os diferentes tipos de estudos podem ser classificados de acordo com os seus objetivos especficos conforme segue:

1. "familiarizar-se com o fenmeno ou conseguir nova compreenso deste, freqentemente para poder formular um problema mais preciso de pesquisa ou criar novas hipteses;

2. apresentar precisamente as caractersticas de uma situao, um grupo ou um indivduo especfico (com ou sem hipteses especficas iniciais a respeito da natureza de tais caractersticas);

3. verificar a freqncia com que algo ocorre ou com que est ligado a alguma outra coisa (geralmente, mas no sempre, com uma hiptese inicial especfica);

4. verificar uma hiptese de relao causal entre variveis." (Selltiz et ali., 1975 : 59)

Explicam os autores que, no primeiro caso, os estudos so geralmente denominados formuladores ou exploratrios, e que sua principal caracterstica refere-se descoberta de idias e intuies. Quando o estudo tem como objetivo os itens 2 ou 3 acima, as exigncias de pesquisa so semelhantes e, portanto, podemos trat-los em conjunto pelo que denominam estudos descritivos. O quarto tipo de objetivo refere-se queles estudos que, no s aumentam a preciso, mas tambm permitem inferncias a respeito da causalidade entre variveis, denomina-se estudos de relaes causais. (Selltiz et ali., 1975 : 60)

Uma caracterstica importante a observarmos, chamam a nossa ateno os autores, que "uma grande quantidade de pesquisa social se volta para a descrio de comunidade"; e que este tipo de estudo, "diferente de outros tipos de estudos que se referem descoberta ou verificao da ligao entre determinadas variveis, no envolve uma hiptese de que uma das variveis provoque a outra ou a esta conduza". (op. cit. : 75, 76)

5.2. Caractersticas da pesquisa

O presente estudo classifica-se, baseado nas teorias metodolgicas descritas acima, como um estudo descritivo, onde utilizou-se, via computa-dor, ferramentas estatsticas na descrio dos fenmenos estudados. Porm, a descrio apenas uma das funes da estatstica. Tambm utilizar-se- da inferncia estatstica. A inferncia estatstica aborda dois tipos de problemas fundamentais: a estimao de parmetros de uma populao, e a prova de hipteses. Foi objeto desse trabalho apenas a prova de hipteses; assim sendo, a estatstica aqui, tem como funo auxiliar na determinao da existncia de relaes na amostra visando a compreenso e a descrio do fenmeno, e no estimar parmetros de toda uma populao, nesse caso, heterognea e de parmetros desconhecidos.

Siegel (1975 : 1) nos explica que "Inferir significa deduzir como conseqncia, concluso ou probabilidade", e atravs da inferncia estatstica que poderemos tirar concluses com base na observao dos fenmenos e suas probabilidades.

Procurou-se abordar as caractersticas principais dos programas de qualidade em aplicao na regio estudada e, ainda, os aspectos principais das estratgias adotadas pelas empresas que implantaram ou esto implantando estes programas.

A coleta de dados da pesquisa foi realizada atravs de um questionrio, aplicado via postal, elaborado exclusivamente para este fim e que foi testado como instrumento, atravs da aplicao piloto em seis diferentes organizaes, gerando a verso final anexa (anexo 1). Conforme Quivy e Campenhoudt (1995 : 186), pesquisas utilizando questionrios e aplicadas via postal prescindem do acompanhamento de uma carta de introduo; que neste caso foi dirigida alta gerncia das empresas pesquisadas (anexo 2), j que, ainda nos lembram os autores, preciso que a pessoa interrogada conhea as respostas, esteja em condies de d-la, e no se sinta constrangida com o questionrio (Quivy e Campenhoudt, 1995 : 184).

Quanto utilizao de questionrio como instrumento de pesquisa, orientam-nos os autores acima citados (op. cit. : 186): " pois prefervel saber partida que os dados recolhidos nestas condies s fazem sentido quando tratados de modo estritamente quantitativo, que consiste em comparar as categorias de respostas e em estudar as suas correlaes."

O instrumento utilizado contm 48 perguntas, onde 42 perguntas so do tipo mltipla escolha; em sua maioria num conjunto de opes elaborado conforme uma escala Likert de sete pontos.

Tal escala, desenvolvida por Rensis Likert (apud Gil : 1994), tem como objetivo estabelecer uma escala numrica para a mensurao de dados intangveis. A partir de uma avaliao de vrios itens, onde a resposta mais favorvel recebe o valor mais alto da escala e a mais desfavorvel recebe o valor mais baixo, e, por meio de testes estatsticos de correlao, pode-se determinar ou identificar o nvel de relao entre elas.

Esclarece-nos o professor Paul Hoel (op. cit. : 239) que os teste de correlao so aplicados quando diversas variveis so estudadas simultaneamente a fim de determinar-se como elas esto interrelacionadas. Este tipo de problema surge quando deseja-se saber se existe alguma relao entre estas variveis estudadas pelo pesquisador.

Uma observao importante feita pelo professor, nos esclarece a utilizao e os limites deste tipo de teste:

"A interpretao do coeficiente de correlao como medida da intensidade da relao linear entre duas variveis uma interpretao puramente matemtica e est completamente isenta de qualquer implicao de causa e efeito. O fato de que as duas variveis tendam a aumentar ou diminuir juntas no implica que uma delas tenha algum efeito direto ou indireto sobre a outra. Ambas podem ser influenciadas por outras variveis de maneira a dar origem a uma forte correlao matemtica." (Hoel, 1981 : 247)Conclui ainda o matemtico da Universidade da Califrnia: "o coeficiente de correlao um instrumento interessante e freqentemente til para se estudar a inter-relao entre variveis mas de fidedignidade e interpretao questionvel como instrumento quantitativo de anlise destas variveis." (Hoel, 1981 : 250)

Alm dos testes de correlao, pode-se estudar a relao entre duas ou mais variveis com a expectativa de que uma relao encontrada possa ser utilizada a fim de fazer estimativas ou predies sobre uma das variveis de particular interesse. Este estudo denomina-se mtodo de regresso. Neste tipo de estudo o mtodo mais comum e mais conhecido o mtodo dos mnimos quadrados.

Hoel (op. cit. : 257) esclarece a complementaridade dos mtodos no que se refere a anlises quantitativas, principalmente utilizadas nos estudos experimentais: "Os coeficientes de correlao no se prestam prontamente a afirmaes quantitativas a menos que estejam associados regresso. Assim, a correlao habitualmente apenas a primeira fase do estudo da relao de duas variveis, enquanto a regresso a tcnica bsica em tal estudo."

Outra forma de anlise quantitativa muito utilizada consiste em testar se duas amostras diferem significativamente com relao a alguma propriedade atravs da anlise de varincias, tambm conhecida por Anova.

Embora a utilizao de escalas do tipo Likert para fatores intangveis no seja novidade, tem sido muito utilizada em estudos recentes, associadas ou no a mtodos estatsticos cada vez mais facilmente disponveis atravs da popularizao dos modernos computadores pessoais. Exemplos de pesquisas recentes utilizando este tipo de escala so a pesquisa realizada por Garvin (1992) na quantificao da qualidade na indstria de aparelhos de ar condicionado americana e a pesquisa realizada por Fawcet e Birou (1993) na determinao do estado atual de utilizao de tcnicas de fornecimento JIT nos EUA.

A escolha das ferramentas utilizadas - questionrio, tipo de escala e ferramentas estatsticas - decorre da dificuldade inerente aos temas pesquisados. Tanto a mensurao das caractersticas dos programas de qualidade e de seus status de implantao, quanto a mensurao dos aspectos principais das estratgias adotadas e seus efeitos, exigem a adoo de ferramentas capazes de tornar quantificveis, e portanto, sujeitos a tratamentos estatsticos que levem a concluses, valores muitas vezes intangveis. Essa dificuldade leva ao tipo de escala adotada que, apenas associa a cada resposta um valor (de 1 a 7) que representa a posio ordenada das respostas. Portanto, o valor numrico no tem significado no fenmeno, pois no representa uma medida direta de qualquer caracterstica do fenmeno, apenas uma forma indireta de ordenao dos dados.

Sobre a escolha de tais ferramentas, esclarecem Quivy e Campenhoudt:

" adequado, por definio, a todas as investigaes orientadas para o estudo das correlaes entre fenmenos susceptveis de serem expressos por variveis quantitativas...A anlise estatstica dos dados impe-se em todos os casos em que estes ltimos so recolhidos por meio de um inqurito por questionrio." (1992 : 222)No entanto, uma dificuldade se apresenta na utilizao pura e simples de tcnicas estatsticas paramtricas. Elas pressupem um conhecimento anterior da populao origem da amostra, condio esta nem sempre exeqvel nas pesquisas sociais. Alm disso, importante salientar, mesmo correndo o risco de se tornar excessivamente repetitivo, que, "..as provas estatsticas paramtricas que utilizam mdia e desvio-padro (i. , que exigem operaes de aritmtica sobre os dados originais), e no devem ser usados com dados em escala ordinal. As propriedades de uma escala ordinal no so isomorfas ao sistema numrico conhecido como aritmtica." (Siegel, 1975, p. 28)

Nestes casos, uma proposta de soluo se apresenta com o uso de tcnicas estatsticas no-paramtricas.

"As tcnicas no-paramtricas de provas de hipteses so particularmente adaptveis aos dados das cincias do comportamento. ...Tais provas chamam-se a mido distribuio livre, e um de seus mritos que, ao aplic-las, no necessrio fazer suposies sobre a distribuio da populao da qual tenham sido extrados os dados para anlise, por exemplo, se a distribuio normal etc. Alternativamente, tais provas so tambm identificadas como provas de ordenao, e essa designao sugere outra vantagem das mesmas: as tcnicas no-paramtricas podem ser aplicadas a dados que no sejam exatos do ponto de vista numrico, mas que se disponham simplesmente em pontos, ou nmeros de ordem." (Siegel, 1975 : Prefcio)Numa explicao mais aprofundada a respeito da utilizao de ambas as tcnicas estatsticas, o autor coloca:

"Algumas tcnicas no-paramtricas so freqentemente chamadas provas de postos ou provas de ordenaes, sugerindo assim outro aspecto segundo o qual se distinguem das provas paramtricas. Nos clculos de provas paramtricas, somamos, multiplicamos e dividimos os conjuntos de valores obtidos nas amostras. Quando esses processos aritmticos so usados em conjuntos de valores que no so propriamente numricos, originam-se naturalmente distores nos dados, que lanam dvidas quanto validade das concluses tiradas com base na prova. Assim , pois, que as tcnicas paramtricas s se aplicam a conjuntos de dados realmente numricos. Por outro lado, muitas provas no-paramtricas se referem ordem, ou posto, dos dados, e no aos seus valores numricos; e outras tcnicas no-paramtricas so ainda aplicveis mesmo quando no seja possvel uma ordenao dos dados (p. ex. com dados classificados)." (Siegel, 1975 : 3)

A aplicabilidade da estatstica no-paramtrica nas pesquisas sociais vai alm das possibilidades da estatstica paramtrica quando, na maioria dos casos em cincias sociais, procuramos determinar o grau de aceitabilidade de hipteses deduzidas de nossas teorias. Para decidirmos se uma hiptese particular confirmada por um conjunto de dados, necessitamos sempre dispor de um processo objetivo que nos permita rejeitar ou aceitar essa hiptese.

A grande diferena da estatstica paramtrica consiste no fato de que uma prova estatstica no-paramtrica uma prova cujo modelo no especifica condies sobre os parmetros da populao da qual se extraiu a amostra. (op. cit. : 34)

Alm disso, segundo Siegel as provas estatsticas no-paramtricas prestam-se no s ao tratamento de dados apresentados em postos, como tambm queles cujos escores aparentemente numricos, tm, na realidade, a fora de postos. Isto , o pesquisador pode apenas determinar se um indivduo possui maior ou menor quantidade de caracterstica que est estudando, sem, entretanto, poder dizer realmente quanto mais ou quanto menos. Ou ainda, uma outra vantagem das tcnicas no-paramtricas, que podem ser aplicadas a dados que no sejam exatos do ponto de vista numrico, mas que se disponham simplesmente em pontos, ou nmeros de ordem.

Uma vantagem final das provas no-paramtricas sua aplicabilidade a pequenas amostras, caracterstica essa til, sem dvida, ao pesquisador que esteja coletando dados para um estudo-piloto e queles cujas amostras devam ser pequenas por sua prpria natureza.

Uma prova estatstica pode ser considerado boa quando seu poder de prova probabilidade de rejeitar H0 quando H0 , de fato, falsa grande; porm, existem outros fatores a serem levados em conta na escolha de uma prova estatstica: a maneira como a amostra de valores foi extrada, a natureza da populao da qual se extraiu a amostra, e o tipo de mensurao ou escala empregado nas definies operacionais das variveis envolvidas, isto , o conjunto de valores numricos.

Uma definio de mensurao colocada por Siegel:

"Mensurao o processo que consiste em atribuir nmeros a objetos ou observaes. ...Os dados mensurados seja por escalas nominais, ou por escalas ordinais, devem ser analisados por mtodos no-paramtricos. Dados mensurados em escalas de intervalos ou de razes podem ser analisados por mtodos paramtricos, desde que as suposies do modelo estatstico paramtrico sejam viveis." (op. cit. : 32)

A estatstica no-paramtrica possui quatro tipos de mensurao: escala nominal, ordinal, intervalar e de razo.

Escala Nominal ou Classificadora: a mensurao em seu mais baixo nvel; existe quando nmeros ou outros smbolos so usados simplesmente para classificar um objeto, pessoa ou caracterstica. Neste tipo de mensurao, a operao de escalonamento consiste em efetuar uma diviso de determinada classe em um conjunto de subclasses mutuamente exclusivas. "A nica relao em jogo aqui a de equivalncia. Isto , os membros de qualquer subclasse devem ser equivalentes na propriedade escalonada. Neste caso, sob certas condies, podemos comprovar hipteses relativas distribuio de casos entre categorias utilizando a prova estatstica no-paramtrica, 2, ou uma prova baseada no desenvolvimento binomial. Tais provas so apropriadas para dados nominais porque focalizam as freqncias em categorias, i.., dados enumerativos. A medida de associao mais comum para dados nominais o coeficiente de contingncia C, uma estatstica no-paramtrica." (Siegel, 1975 : 25)

Escala Ordinal, ou escala por Postos: Ocorre quando os elementos em uma categoria de dada escala no so apenas diferentes dos elementos em outras categorias da mesma escala, mas tambm guardam certo tipo de relao com eles. Relaes tpicas entre classes so: mais alto, preferido, mais difcil, mais perturbado, mais maduro, etc. Se a relao > vale para todos os pares de classes, chamamos de escala ordinal. Nestes casos, podemos comprovar hipteses utilizando um grupo de estatsticas no-paramtricas por vezes chamadas estatsticas de ordenaes, ou estatsticas de postos. So adequados os coeficientes de correlao baseados em postos (p. ex., o coeficiente rs de Spearman ou o coeficiente de Kendall).

Escala Intervalar: Ocorre quando a escala tem todas as caractersticas de uma escala ordinal, e, alm disso, se conhecem as distncias entre dois nmeros quaisquer da escala, e assim consegue-se uma mensurao consideravelmente mais forte que a ordinal. A escala intervalar caracterizada por uma unidade constante e comum de mensurao, que atribui um nmero real a todos os pares de objetos no conjunto ordenado.

o caso, por ex., das escalas de temperaturas Celsius e Fahrenheit.

Escala de Razes: Quando uma escala tem todas as caractersticas de uma escala de intervalos e, alm disso, tem um verdadeiro ponto zero como origem, chamada escala de razes. Em uma escala de razes, a razo de dois pontos quaisquer da escala independente da unidade de mensurao.

Medimos massa ou peso em uma escala de razes. (Siegel, 1975 : 31)

Uma vez determinada o tipo de escala adotada, podemos utilizar tcnicas no-paramtricas para obter informaes a respeito da amostra, tanto quanto com o uso das tcnicas paramtricas.

Em casos de pesquisa onde o pesquisador est interessado no nmero de indivduos, ou respostas que se enquadram em vrias categorias, pode-se classificar um grupo de pessoas segundo sejam a favor, indiferentes, ou contra determinada opinio, a fim de que o pesquisador possa comprovar a hiptese de que as reaes difiram realmente em suas freqncias.

Nestes casos, a prova 2 (Qui-quadrado) a prova adequada para analisar dados em situaes como estas. O nmero de categorias pode ser dois ou mais. A tcnica usada do tipo de prova de aderncia, no sentido de que pode ser empregada para comprovar se existe diferena significativa entre o nmero observado de indivduos, ou de respostas, em determinada categoria, e o respectivo nmero esperado.

De uma forma geral, "a prova 2 para k amostras independentes, til quando os dados se apresentam em freqncias e quando a mensurao das variveis em estudo se faz em escala nominal ou em categorias discretas de uma escala ordinal. Comprova se as propores ou freqncias nas diversas categorias so independentes da condio sob a qual foram observadas. Isto , comprova a hiptese de nulidade de que as k amostras tenham provindo da mesma populao ou de populaes idnticas em relao proporo de casos nas diversas categorias." Conclui ainda o autor que "no temos escolha entre essas provas, se os nossos dados se apresentam em freqncia ao invs de escores, isto , se temos dados enumerativos, e se a mensurao no mais forte que a ordinal.