esboço magia - m. m
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8/17/2019 Esboço Magia - M. M.
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Esboço de uma Teoria Geral da Magia – Marcel Mauss
I. Histórico e fontes:
- Frazer: magia so as !r"ticas destinadas a !roduzir efeitos es!eciais !ela a!licaço das
duas leis ditas de sim!atia #lei de similaridade e contiguidade$. %itos m"gicos so
sim!"ticos e ritos sim!"ticos so m"gicos. & efic"cia dos ritos m"gicos ' necess"ria(
!ois age diretamente sobre os fen)menos – obriga( força. *iferentemente da religio(
+ue concilia. & magia ' a !rimeira eta!a da e,oluço mental( a ,ida cientifica do
!rimiti,o( sendo a religio o resultado de seus fracassos.
- emann: magia ' a !r"tica das su!ertiç/es #crenças nem religiosas e nem cientificas$(
+ue ' caracterizada !or ilus/es( !r'-!ossess/es e erros de !erce!ço.
- 0r1tica Mauss: no enumeraram as diferentes es!'cies de fatos m"gicos( no
constituindo uma noço cientifica sobre o tema.
- Metodologia Mauss: com!arar a magia de sociedades !rimiti,as e diferenciadas !ara
se cegar a fatos elementares #fatos-origem$. Magias com!aradas: tribos australianas(
sociedade melan'sias( naç/es iro+uesas #0ero2ee e Huron$( antigo M'3ico( malaios(
4ndia( gregos( latinos( Idade M'dia( folclore franc5s( germ6nico( celta e finland5s.
II. *efiniço da magia:
- Magia com!reende os agentes #efetuam os atos m"gicos$7 re!resentaç/es m"gicas
#crença em relaço aos atos m"gicos$ e atos #ritos m"gicos$. 0aracter1sticas da magia:
tradiço #atos +ue no se re!etem no so m"gicos$7 crença na efic"cia !elo gru!o7 ritos
transmiss1,eis. *iferenciam-se dos atos 8ur1dicos( t'cnicos e ritos religiosos.
- &tos rituais: !roduzem algo al'm das con,enç/es( so eficazes( criadores - eles fazem.
- & t'cnica tem seus efeitos so !roduzidos mecanicamente #causa e efeito$ e( !or isso(
se diferencia da magia. H"( !or'm os atos tradicionais de efic"cia sui generis( atost'cnicos +ue ,em acom!anado de magia.
- 0r1tica Frazer: ritos sim!"ticos !odem ser tanto m"gicos +uanto religiosos7 religio
tamb'm coage e " magias +ue no tem aço direta.
- %itos religiosos: solenes( !9blicos( oficiais e regulares #festas e sacramentos$ – l1citos.
- %itos m"gicos: +ualificados como malef1cios !elas religi/es e !elo direito( o +ue os
caracteriza como !roibidos – a interdiço marca( de modo formal( o antagonismo do
rito m"gico e do religioso; – ad+uirindo um car"ter isolado( !ri,ado e misterioso.*efiniço
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III. =s elementos da magia:
. =s &tos:
- =s atos m"gicos so os ritos +ue( a!esar de tratados !ela literatura como sim!les tem
um car"ter com!le3o. Muitas ,ezes foram mal obser,ados e descritos.
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- As condições dos ritos: o rito de!ende de certas circunst6ncias como locais e
tem!oralidades es!ec1ficas( +ue normalmente a!ro3imam a magia da astrologia( como
no caso das datas lunares. =s locais so +ualificados de acordo com o ob8eti,o da
magia7 os materiais e instrumentos utilizados so escolidos e !re!arados !ara o ritual(
so +ualificados !or encantamento7 o m"gico e o cliente tamb'm se submetem a ritos
!reliminares( atingindo certas dis!osiç/es mentais. ?o ritos de entrada na magia( +ue
colocam os !artici!antes em um estado es!ecial #moral( !sicológico e fisiológico$(
transformando a cerim)nia distinta de outros meios – delimitada !or di,ersos fatores.
*ar a cerim)nia o car"ter anormal !ara o +ual tende todos os ritos m"gicos( faz5-lo raro.
- A natureza dos ritos: cerim)nias m"gicas rituais essenciais e diretamente eficazes.
Ritos manuais: gru!os de ritos sim!"ticos e simbólicos tem um car"ter mais
!articularmente m"gico. =s m"gicos se !reocu!am menos com os mecanismos de seus
ritos do +ue com a tradiço +ue os transmite e o car"ter e3ce!cional deles( isso torna os
atos solenes e no gestos mec6nicos. &l'm dos ritos de sim!atia( " os ritos de
sacralizaço( ritos de sacrif1cio( entre outros. =s ritos de !re!araço tem a im!ort6ncia
de dar forma ao ritual e( em !arte( garantem sua efic"cia.
Ritos orais: so as encantaç/es( +ue normalmente ,em acom!anada de li,ros m"gicos.
&ssim como as religi/es( a magia tem seus 8uramentos( ,otos( as!iraç/es( !reces e
inos. &s encantaç/es sim!"ticas !odem combater doenças atra,'s das !ala,ras
#trocadilos e onomato!eias$( !odem descre,er ritos de origem( estabelecendo uma
identidade. Esses ritos orais tem a funço de e,ocar um !oder e es!ecializar um rito( o
encanto oral com!leta o rito manual.
- %itos orais e manuais tem uma fórmula( o +ue demonstra o car"ter formalista de toda a
magia( ambas tendo como car"ter um mundo anormal. & estraneza dos ritos manuais
corres!ondem aos enigmas e balbucios dos ritos orais #em +ue a entonaço !ode ter
mais im!ort6ncia +ue a !ala,ra !ro!riamente dita$( gestos e aç/es reguladas.- %itos negati,os: so as su!ertiç/es( no fazer certa coisa !ara e,itar certo efeito
m"gico – car"ter im!erati,o. &d,'m das forças sócias( demonstrado como o rito m"gico
' ob8eto de uma !redeterminaço coleti,a( mas cada ritual e cada m"gico tem suas
!ró!rias caracter1sticas e receitas es!ecificas.
@. &s re!resentaç/es:
- = sentido das !r"ticas m"gicas corres!onde a re!resentaç/es( uma linguagem +ue
traduz uma ideia cu8o efeito ' fundamental. Esses efeitos ou resultados !roduzidos !elos
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ritos so !articulares( mas tem como ess5ncia modificar um estado dado( !ois a magia
' a arte das mudanças;( se8a ela !ossesso( enfeitiçamento ou libertaço.
- =s efeitos do rito so e3!ressos !or imagens morais #!az( amor( 8ustiça( etc.$ +ue so
faladas como se fossem coisas e ob8etos materiais concretos.
- =utro elemento fundamental da re!resentaço em um rito ' a relaço entre os seres e
as coisas interessadas( como na !ossesso( +ue ' a relaço entre o m"gico e o su8eito de
seu rito. H" uma continuidade entre os agentes #!aciente( mat'ria( es!1rito e ob8eti,os do
rito$ cu8os ritos e efeitos !roduzem uma confuso de imagens( formando uma
re!resentaço sint'tica em +ue causas e efeitos se confundem. Essas re!resentaç/es
!odem ser classificadas em im!essoais e !essoais( abstratas e concretas.
Representações impessoais abstratas. As leis da magia: a magia como uma disci!lina
cient1fica( ocu!ando o lugar das ci5ncias !or nascer #ci5ncia !rimiti,a$( se caracteriza
!or tr5s leis dominantes: contiguidade #as coisas em contato esto unidas$( similaridade
#o semelante !roduz o semelante$ e contraste #o contr"rio age sobre o contr"rio$.
- ei de contiguidade: a !arte e+ui,ale ao todo( a se!araço no rom!e com a unidade
#os cabelos re!resentam uma !essoa$. & ess5ncia est" nas !artes( tanto +uanto o todo. &
alma dos indi,1duos e a ess5ncia es!iritual das coisas tem a mesma !ro!riedade( !ois "
uma continuidade +ue !elo contato ou associaç/es sim!"ticas so transmitidos a magia.
A o cont"gio m"gico +ue gera essa continuidade e +ue !ode se a!resentar !or
associaç/es de ideias e imagens ou at' mesmo em uma transfer5ncia real( concreta #uma
doença +ue ' realmente transmitida fisicamente$. Esse contato no ' absoluto( ou se8a(
" um controle sobre a infinidade de associaç/es dentro dessa corrente m"gica( !ois os
efeitos da sim!atia so sem!re limitados a um efeito dese8ado #+uando o m"gico
absor,e a doença de seu cliente( ele no sofre$. & !ro!riedade ' se!arada( !ois est"
localizada em um lugar es!ec1fico. =bs.: em todos os casos em +ue " continuidade
m"gica( as associaç/es de ideias so acom!anadas de transfer5ncias de sentimentos – direço intencional consciente.
- ei de similaridade: nessa lei " duas fórmulas !rinci!ais: o semelante e,oca o
semelante e o semelante age #cura$ sobre o semelante. Ba !rimeira fórmula( a
imagem est" !ara coisa assim como a !arte est" !elo todo #similitude C contiguidade$(
um figura integralmente re!resentati,a. & imagem e seu ob8eto tem em comum a!enas a
con,enço +ue os associa( so fen)menos +ue se assimilam !or abstraço e atenço
#intenço$( sendo essencial +ue a funço de re!resentaço se8a cum!rida. 0ada funçom"gica tem seu simbolismo restrito( +ue ' dado e limitado !ela tradiço. & segunda
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fórmula da lei de similaridade se diferencia da !rimeira( !ois a e,ocaço m"gica no '
geral( mas sim em uma direço determinada. = efeito e sua aço tem um sentido +ue
indicado !elo rito #a esterilidade do rei ' absor,ida !elo !oder esterilizante do
instrumento$( o semelante age ou cura o semelante.
- ei de contrariedade: essa lei a!resenta o resultado da segunda fórmula de
similaridade( !ois +uando o semelante cura o semelante ' +ue ' !roduzido o contr"rio
#a esterilidade do rei +ue foi absor,ida !ela faca( +ue ' esterilizante( torna o rei f'rtil$. &
noço de similaridade ' inse!ar",el da noço abstrata de contrariedade( !ois a
similaridade só ' com!reendida na lei de contrariedade #+uando !ro,oco a cu,a
derramando "gua( faço desa!arecer a seca$ e a contrariedade necessita da similaridade.
- &s magias se caracterizam !or es!ecular sobre o contr"rio( as o!osiç/es #sorteDazar(
frioD+uente( "guaDfogo$. 0ontraste como uma noço distinti,a de magia.
- Essas re!resentaç/es abstratas e im!essoais de similaridade( contiguidade e
contrariedade( embora tenam sido se!aradas( so naturalmente confusas e confundidas(
sendo inse!ar",eis da noço de coisas( de natureza( de !ro!riedade( +ue de,em ser
transmitidas de um ob8eto !ara o outro.
Representações impessoais concretas: o !ensamento m"gico no ' a!enas abstraço(
tamb'm se caracteriza !elas re!resentaç/es im!essoais concretas( +ue so as
!ro!riedades( as +ualidades dos ritos m"gicos. %itos de similaridade e contrariedade se
reduzem a !ro!riedades concretas #o fogo do m"gico !roduz o sol( !or+ue o sol ' fogo$
+ue so formuladas !elo indi,1duo #m"gico$ !or racioc1nios inconscientes +ue no se
8ustificam !ela lógica. Formam-se relaç/es necess"rias entre coisas determinadas( uma
relaço de causalidade( de associaço de ideias entre ob8etos #cor( forma$ +ue no '
lógica #leis cient1ficas rudimentares$( mas uma con,enço coleti,a( uma escola +ue
determina essas relaç/es de sim!atia #como a !ala,ra( a linguagem$. ?o
corres!ond5ncias simbólicas em +ue o sistema de sim!atias ' reduzido a classificaç/esde re!resentaço coleti,a – relaç/es imagin"rias entre o signo m"gico e a coisa
significada #n9mero( se3o( imagem$( mas +ue so imaginas !ela sociedade. *essa
maneira( o rito m"gico ' a mistura entre as re!resentaç/es concretas e abstratas.
Representações pessoais. Demonologia: a ideia de es!iritualidade da aço m"gica tem
continuidade com a ideia de es!1rito( de um agente !essoal no rito m"gico. & noço de
dem)nio( !or e3em!lo( substitui a ideia da causalidade m"gica !ela ideia de uma
!essoa-causa( ou se8a( as re!resentaç/es da magia !odem se !ersonificar #animal(dem)nio$ au3iliando o efeti,amente o m"gico( +ue busca satisfazer esses es!1ritos
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#oferendas( !reces( sacrif1cio$ na cerim)nia ritual. 0lassificaço dos es!1ritos da magia:
alma dos mortos( dem)nio #sin)nimo de g5nio$( etc. Esses es!1ritos es!ecializados
tamb'm tem um lugar na religio #santos so au3iliares cristos$( as funç/es demon1acas
no so incom!at1,eis com as funç/es di,inas. & re!resentaço !essoal da magia( os
feitiços m1ticos +ue a!arecem no ritual( cont'm mitos !ró!rios magia( mitos
rudimentares; em +ue o mais im!ortante força +ue +ualifica o indi,1duo !ersonificado
do +ue sua indi,idualidade. Essa +ualificaço de força m"gica ad,'m de !ro,as !erante
ao coleti,o( como milagres e atos eficazes( !or'm sua ,erificaço ' !ela tradiço e no
!or e3!eri5ncias concretas dos es!1ritos m"gicos.
. =bser,aç/es gerais:
- & magia assemela-se a t'cnicas( ci5ncia e religio em alguns as!ectos( !or'm se
diferencia em muitos outros: tem finalidades !r"ticas como as t'cnicas( mas sua
e3!erimentaço ' com!letamente distinta7 ritual se a!ro3ima de cerim)nias religiosas.
- =s m"gicos e as magias !r"ticas formam uma massa di,ersificada( mas +ue tem
as!ectos em comum – !ara ser m"gico ' !reciso fazer magia #car"ter !r"tico$. &s
re!resentaç/es na magia no !ossuem ,ida fora dos ritos( no tem interesses teóricos(
a!enas !r"ticos( +ue so e3!rimidos !elos atos m"gicos – so inse!ar",eis. Esse ' um
as!ecto m"gico +ue se distingue da religio( !ois !ara a religio " um se!araço entre a
abstraço #mitologia e dogm"tica$ e a !r"tica #ritual$.
- &s funç/es da magia no so es!ecializadas #energia do rito( es!1rito e do m"gico se
confundem$( no est" di,idida em de!artamentos como a religio.
- 0omo a magia( +ue se re!ete !or tradiço( ' coleti,a se todas as suas noç/es so
!r"ticas e se afastam da regulaço social 0omo so fen)menos coleti,os se os
indi,1duos #m"gicos$ !odem ser inde!endentes & magia só !ode ser com!arada com a
religio #no com a arte ou a ci5ncia$( !ois a magia tem o mesmo car"ter coleti,o +ue a
religio( !or'm !ode-se su!or +ue essa força coleti,a foi a!ro!riada !elos m"gicos.I. &n"lise e e3!licaço da magia:
- uais so as forças coleti,as +ue agem na magia como na religio
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controlada- as coincid5ncias so tomadas como fatos normais e os fatos contraditórios
so negados; – ,ontade de crer. 0rença na magia an"loga a da religio.
- & crença e3iste no feiticeiro e na sociedade( mas como o m"gico cr5 em uma magia
+ue ele mesmo a!recia os meios e os efeitos uesto do embuste e da simulaço: o
m"gico tem ilus/es sinceras( sua simulaço ' ao mesmo tem!o ,olunt"ria e in,olunt"ria(
!ois ele ' forçado a re!resentar um !a!el +ue satisfaça a e3!ectati,a de seu !9blico( '
obrigado a crer em sua !ró!ria autoridade – sua crença ' sincera na medida em +ue ' a
de todo o seu gru!o #un6nime$( ' acreditada e no !ercebida. Jor ser uni,ersal faz com
+ue no se tena d9,idas em relaço a magia
>. &n"lise do fen)meno m"gico - &n"lise das e3!licaç/es ideológicas efic"cia do mito:
- & crença na efic"cia do rito no 8ustifica a crença. Mauss busca 8ustificar a crença !or
um !rinc1!io 9nico de crença.
- Fórmulas sim!"ticas no bastam !ara re!resentar a totalidade de um rito m"gico(
assim como simbolismos no bastam !ara !roduzir um rito m"gico. & cerim)nia
sim!"tica #ritual$ !roduz forças es!eciais +ue esto em mo,imento( um ato
e3traordin"rio +ue ocorre em condiç/es es!ec1ficas( interdiç/es #com ritos de entrada e
de sa1da$ +ue dei3am um du!lo res1duo #forças m1sticas$ – essencial !ara o rito m"gico.
*essa forma( a sim!atia ' o camino !elo +ual !assa a força m"gica7 ela no ' a força
m"gica em si mesma. = essencial em um rito m"gico ' tudo o +ue a fórmula sim!"tica
#o semelante !roduz o semelante7 a !arte age !elo todo7 o contr"rio age sobre o
contr"rio$ dei3a de lado.
- & noço de !ro!riedade no e3!lica( !or si só( a crença nos fatos m"gicos. Isso ocorre
!or+ue as coisas com !ro!riedade so condicionadas ritualmente !or uma s'rie de
regras7 ela tamb'm no ' inerente a sua associaço( +ue !ode ser e3!licada !or ritos ou
mitos da con,enço7 a noço de !ro!riedade se confunde com a ideia geral de força e
natureza( como se as coisas ti,essem ,irtudes indefinidas. = res1duo da ideia de !ro!riedade ' menor do +ue os das fórmulas sim!"ticas( isso ocorre !or+ue a ideia de
!ro!riedade e3!rime 8" uma !arte da ideia de força e de causalidades m"gicas.
- & teoria demonológica !arece 8ustificar melor os ritos em +ue figuram os dem)nios(
!ois a !resença de es!1ritos !essoais faz com +ue a magia o!ere em um meio es!ecial de
causalidade m"gica #es!iritualidade$. Mesmo e3!licando uma !arte dos res1duos
dei3ados !elas outras an"lises( ela !ró!ria ' insuficiente( !ois no e3!lica a noço
im!essoal de !oder eficaz.
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- Essas e3!licaç/es no 8ustificam a crença nos atos m"gicos( !ois a magia ,ai al'm das
noç/es im!essoais e de es!1rito. Ela com!reende !rimeiramente a ideia de
!otencialidade m"gica( em +ue a força do m"gico( do rito e do es!1rito so diferentes
e3!ress/es de uma mesma !otencialidade. Essas forças no agem( mas so dotadas de
uma força m"gica. =utra noço ' a de meio( +ue e3ercem esses !oderes( mas +ue no se
encontram no mundo dos sentidos( !ois tem um !oder ilimitado #mas +ue tem suas
!ró!rias leis$. Essas noç/es de força e meio so inse!ar",eis( so re!resentaç/es
estranas !ara um ocidental( !ois utilizam categorias de linguagem e razo distintas.
@. = mana:
- Mana ' uma noço !resente na Melan'sia +ue se caracteriza !or ser in9meras ideias:
ser( força( aço( +ualidade e estado7 !oder de feiticeiro( +ualidade m"gica de uma coisa(
coisa m"gica( ser m"gico( ter !oder m"gico( estar encantado( agir magicamente – ' o
mana +ue realiza a confuso do agente( do rito e das coisas( +ue ' fundamental !ara a
magia. A o mana +ue !roduz o ,alor das coisas( !essoas( m"gicos( religioso e social(
determinando a !osiço social dos indi,1duos na sociedade.
- & ideia de mana ' ao mesmo tem!o +ualidade #algo +ue a coisa mana !ossui$7 coisa
#mane8",el !or indi,1duos( mas tamb'm inde!endente$7 e força #tornando os seres
es!irituais m"gicos$. Mana ' diferente de es!1rito( !ois funciona de modo inde!endente(
mas " es!1ritos dotados de mana( como o tindalo( +ue ' !ortador de mana( mas no ' o
mana. = mana ' a força do m"gico e do rito( ' o es!1rito no +ual reside toda a efic"cia
da ,ida #o +ue faz com +ue muitas ,ezes se a!ro3ime do tabu$.
- %esumo mana: ' uma aço es!iritual +ue se !roduz entre interesses sim!"ticos( +ue se
es!ala !or si mesmo em um meio +ue ' o !ró!rio mana. A um mundo interno e
es!ecial( em +ue as aç/es dos elementos +ue tem mana geram aç/es e reaç/es mana.
- Boç/es semelantes ao mana se encontram em outras culturas( +ue mesmo raras !ode-
se !erceber +ue tenam sido uni,ersais. E a noço !ode ter e3istido sem ser e3!ressa(em +ue um !o,o no tem necessidade de enuncia-la( !ois so ideia inconscientes +ue
esto agindo. Mesmo se modificando ainda !odemos encontrar seus ,est1gios e
transformaç/es( !ois em todo lugar e3istiu a noço do !oder m"gico.
- = mana moti,a a crença e anima a magia7 ' dada a !riori da e3!eri5ncia( !ois ela rege
as re!resentaç/es m"gicas( ' condiço delas e sua forma necess"ria – mana ' inerente a
magia assim como o !ostulado de Euclides ' inerente a nossa conce!ço de es!aço;. A
uma categoria do !ensamento coleti,o( o +ue a coloca na mesma ordem do sagrado( doreligioso( !or'm ' mais geral +ue este. & +ualidade do mana associa-se a coisas +ue tem
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!osiç/es es!ecialmente definidas na sociedade como tudo +ue diz res!eito a morte e a
!articularidades das muleres( +ue tem !oderes es!ec1ficos.
- & relaç/es entre magia e !osiço social #diferente da noço de e3!eri5ncia$ ' o +ue
determina a diferença ier"r+uica das !otencialidades m"gicas de cada um. Essas so
atribu1das !ela o!inio !9blica. = mana no a!enas associa as !osiç/es( mas ' ele
!ró!ria esses ,alores( essas diferenças de !otencial. A isso a totalidade +ue funda a
magia( +ue como a religio ' decorrente de sentimentos coleti,os( uma e3!resso dos
sentimentos sociais( ou se8a( uma categoria do !ensamento coleti,o.
. =s estados coleti,os e as forças coleti,as:
- & magia ' !roduto das forças coleti,as e a ideia de mana a e3!resso. &s
re!resentaç/es e o!eraç/es m"gicas !odem ser consideradas como 8u1zos( !ois so
anteriores a e3!eri5ncia( mas tem sua ,alidade !or+ue !ela tradiço foram cadeias de
re!resentaç/es coleti,as #as e3!eri5ncias só so feitas !ara confirmar a magia e +uase
nunca conseguem in,alid"-la$ e +uase totalmente a !riori. uando " 8u1zo m"gico "
s1ntese coleti,a( sociedade +ue tem uma crença un6nime na ,erdade de certas ideias e na
efic"cia de certos gestos( +ue se re!roduzem necessariamente no es!1rito de ,"rios
indi,1duos – essa generalidade ' a marca de sua origem coleti,a.
- & ideia de !oder m"gico cu8a mat'ria e forma so coleti,os e3!lica a !ossibilidade do
8u1zo m"gico #a !riori$ se tornar 8u1zo anal1tico #a !osteriori$( !ois esta domina e
condiciona a e3!eri5ncia +ue( !ara os ade!tos( se torna algo racional – !ara +ue a magia
e3ista( ' !reciso +ue a sociedade este8a !resente.
- & sociedade sanciona tamb'm os tabus de sim!atia e mistura( se !rotegem dos efeitos
mec6nicos de sua ,iolaço. *esta maneira( " estreitas correlaç/es entre os ritos
!ositi,os e negati,os( o +ue im!lica em um sistema de interdiç/es +ue se caracteriza !or
a!reenso e esitaço – ao mesmo tem!o em +ue a magia atrai( ela re!ele. Essas
interdiç/es so !roduzidas !elo coleti,o #sentimentos dos indi,1duos misturados com osda sociedade$ e transmitidas !or tradiço.
- & sociedade( atra,'s de seu dese8o( forma um terreno mental de falsas ilus/es
relacionado a as!ectos m"gicos em +ue +uais+uer relaç/es acidentais !odem tornar-se
uma lei e +ual+uer coincid5ncia( uma regra. A como uma ciranda m"gica em
mo,imento( uma con,icço uniforme de um cor!o 9nico social +ue cria realidades
mesmo sendo inconsciente.
- =s ritos m"gicos se a!ro3imam dos religiosos( !or'm o !a!el !rinci!al ' delegado !elo m"gico( +ue tamb'm tem o of1cio de feiticeiro maledicente. Em ritos em +ue no
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" a !resença de m"gicos( +ue so efetuados !elo coleti,o( " maior !ro!enso de
nascer uma religio. & noço de mana ' tanto um fato de origem da magia +uanto da
religio( ambas ,em de uma fonte comum – sensibilidade social.
- = m"gico recebe de fora um encora8amento !er!'tuo( a crença na magia( +ue ainda
!erduram em alguns locais( ' o sinal da sensibilidade social +ue so cor!orificadas !or
a+uilo +ue subsiste da antiga categoria de mana.
K. 0oncluso:
- & magia ' um fen)meno social +ue tem relaç/es com a religio( !or um lado( e com as
t'cnicas e ci5ncias( !or outro. & magia se diferencia da religio !or tender ao concreto(
en+uanto a religio tende ao abstrato. & magia ' a arte de fazer( +ue substitui a realidade
!or imaginaço( tornando-o os ritos eficazes. &s t'cnicas e ci5ncias se confundiram com
a magia( desen,ol,eram-se a !artir dela( mas !rogressi,amente des!o8aram-se de seu
car"ter m1stico( tornando-se aç/es mec6nicas. &inda o8e " res+u1cios de magia.
- Jensamos encontrar na origem da magia a forma !rimeira de re!resentaç/es coleti,as
+ue se tornara de!ois os fundamentos do entendimento indi,idual( de +ue maneira um
fen)meno coleti,o !ode assumir formas indi,iduais.