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VITÓRIA, ES | TERÇA-FEIRA, 10 DE SETEMBRO DE 2013 ESPECIAL Informe publicitário Evento em Itapemirim discute soluções > 2 Redução tributária é tendência no País > 7 Etanol será produzido com celulose no futuro > 9 Os desafios do setor sucroalcooleiro Seminário reuniu empresários, profissionais, produtores rurais e o governo, em busca de alternativas para o setor no Espírito Santo. ILUSTRAÇÃO: AMAURI PLOTEIXA

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Page 1: ES P EC I A L · Evento debate crise do etanol Seminário realizado ... bre o etanol que no Espírito Santo é de 27%. ... apresentou um panorama nacional e

V I T Ó R I A , E S | T E R Ç A - F E I R A , 1 0 D E S E T E M B R O D E 2 0 1 3

ES P EC I A LInforme publicitário

Evento emI tapemirimdiscutesoluções > 2

R eduçãot r i b u tá r i aé tendênciano País > 7

Etanol seráp ro d u z i d ocom celuloseno futuro > 9

Os desafios do setors u c ro a l c o o l e i roSeminário reuniu empresários, profissionais,produtores rurais e o governo, em busca dealternativas para o setor no Espírito Santo.

ILUSTRAÇÃO: AMAURI PLOTEIXA

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2 ATRIBUNA VITÓRIA, ES, TERÇA-FEIRA, 10 DE SETEMBRO DE 2013

Es p e c i a l

Evento debate crise do etanolSeminário realizadoem Itapemirim discutiusoluções para osproblemas quedesafiam o setorsucroalcooleiro

Governo, empresários, pro-fissionais e produtores ru-rais buscam alternativas pa-

ra o setor sucroalcooleiro no Espí-rito Santo. Os altos preços do eta-nol e fatores de uma história re-cente desencadearam uma criseque atinge as usinas, lavouras decana e toda a cadeia produtiva dos e t o r.

Reunidos no 1º Seminário do Se-tor Sucroalcooleiro, que aconte-ceu no dia 30 de agosto, em Itape-mirim, representantes desse im-portante segmento para a econo-mia capixaba discutiram medidaspara minimizar os efeitos da crisee incentivar a produção e, cons-quentemente, aumentar a geraçãode emprego e renda.

A principal proposta em pauta noencontro foi a redução da alíquotado Imposto sobre Circulação deMercadorias e Serviços (ICMS) so-bre o etanol que no Espírito Santo éde 27%.

O evento contou com a presençado governador Renato Casagran-de, que se mostrou sensível às de-mandas do setor. “Esse debate éimportante para que sejam defini-

das aqui medidas e ações que for-taleçam a política desse setor noE st a d o ”, comentou Casagrande.

Mesmo sem uma definição sobreo novo percentual para alíquota, osrepresentantes do setor avaliaramcomo positivos os resultados doencontro e afirmaram que a pre-sença do governador demonstravontade em resolver os problemasdo segmento do etanol capixaba.

A iniciativa do encontro partiuda prefeitura de Itapemirim e foiarticulada pelo deputado MarceloSantos, que preside a Comissão dePetróleo, Gás e Energia da Assem-bleia Legislativa do Estado.

A partir dos pleitos do setor, odeputado elaborará uma carta queserá encaminhada ao governo doEstado e analisada pela Secretariade Estado da Fazenda, em conjun-to com outras pastas.

PREFEITURA DE ITAPEMIRIM

REUNIDOS NO1º SEMINÁRIOdo SetorS u c ro a l c o o l e i ro ,re p re s e n ta n t e sdo segmentod i s c u t i ra mmedidas paraminimizar osefeitos da crisee incentivar aprodução etambém ageração deemprego erenda. Mais de200 pessoaspar ticiparamdo evento

COMISSÃO DEPetróleo, Gás eEnergia daA ss e m b l e i aLegislativa doEspírito Santo épresidida pelod e p u ta d oMarcelo Santos

Agenda de ações foi criada

1º SEMINÁRIO DO SETOR SUCROALCOOLEIRO

O que foi discutido no encontro> QUANDO ACONTECEU: 30 de agosto,

na Praia de Itaoca, em Itapemirim.> O QUE FOI DISCUTIDO: propostas pa-

ra ampliar a produção capixaba deálcool combustível.

> A REDUÇÃO TRIBUTÁRIA foi a princi-pal demanda apresentada.

> O PREFEITO DE ITAPEMIRIM, Lucia -no de Paiva (PSB), falou sobre a im-portância do setor para o município.

> O GOVERNADOR do Espírito Santo,Renato Casagrande, reforçou que ogoverno está aberto a negociações evai analisar as propostas apresenta-

das a partir do evento.> O DEPUTADO Marcelo Santos, presi-

dente da Comissão de Petróleo, Gáse Energia da Assembleia Legislativa,apresentou um panorama nacional eregional do setor.

> O DIRETOR DO SINDIQUÍMICOS, An -tônio Carlos de Freitas expôs os de-safios enfrentados pelas usinas epelos produtores de cana.

> O SECRETÁRIO de Estado da Agricul-tura, Enio Bergoli falou sobre o ar-ranjo produtivo e defendeu mudan-ças na legislação.

Mais produtividade“O que espe-

ramos é maisp ro du t iv id ad edo setor. Sabe-mos que o mu-nicípio vai ga-nhar com isso,mas o mais im-portante é que os produtoressejam beneficiados, principal-mente os pequenos, que sãouma das nossas maiores preo-cupações ”.

Luciano Paiva, prefeito deI tapemirim

Reforma tributária“A guerra fis-

cal é um proble-ma sério no Bra-sil e gera conten-das entre esta-dos. Precisamostrabalhar pelareforma tributá-ria no Brasil para que haja umaigualdade. Só nas questões pon-tuais pode haver essas diferençasde alíquota. Na bancada federalvamos lutar por uma equalizaçãode alíquotas no Brasil inteiro”.

Paulo Foleto, deputado federal

Crédito incentivado“O Rio de Ja-

neiro tem uma alí-quota de 2%, en-quanto no Espíri-t o S a n t o é d e27%, mas não es-tamos querendoisso. Se o governoder um crédito incentivado de impos-to de 17%, ainda ficaria 10% para oEstado. Então, se a alíquota caíssepara 10%, teríamos um crédito pre-sumido de 17%, o que resolveria osnossos problemas”.

Régis Souza de Carvalho Brito,diretor da Usina Paineiras

Tudo é possível“Nós estamos

sempre de olhona redução decarga tributáriae t a m b é m d eolho no equilí-brio fiscal do go-verno, que se formantido, assim como a nossa ca-pacidade de arrecadação, tudo épossível. Então vamos fazer umaavaliação das medidas solicita-das a partir desse encontro”.

Renato Casagrande,governador do Estado

Desafios“As possibilidades de crescimento

são enormes, jáque o Estado pro-duziu na últimasafra cerca de50% do mercadocapixaba de açú-car e do mercadointerno de etanol.Mas os desafios ainda são maioresdo que os números e estatísticas po-dem mensurar”.

Deputado Marcelo Santos,presidente da Comissão de

Petróleo e Gás da AssembleiaL e g i s l at i va

Marcelo Santos destacou que oprincipal ponto em questão será oganho social para os municípiosenvolvidos a partir das medidas aserem adotadas.

Um dos destaques do semináriofoi o exemplo de outros estadosque buscaram na diminuição tri-butária formas de aquecer essem e rc a d o.

Uma das convidadas, a coorde-nadora do Rio Capital da Energia,Maria Paula Martins, ministrou pa-lestra sobre a experiência carioca,onde o governo reduziu de 24%para 2% o ICMS que incide sobre oetanol.

Também participou o prefeitode Serra dos Aimorés, municípiode Minas Gerais que tem na desti-laria e lavoura de cana a principalfonte de renda. Em Minas Gerais,o ICMS sobre o etanol é de 9,5%.

O QUE ELES DIZEM

Mais de 200 pessoas participa-ram do 1 º Seminário do Setor Su-croalcooleiro realizado em Itape-mirim. O interesse pelas decisõesvisando aquecer o setor, pode serexplicado pelo cenário atual de di-ficuldades e estagnação.

O prefeito de Itapemirim, Lucia-no Paiva, que fez a abertura doevento, falou sobre as expectativasde crescimento do setor sucroal-cooleiro no seu município e disseacreditar que a partir do encontroserá estabelecida uma agenda po-sitiva de ações.

“Essa não é uma luta apenas dasempresas. É também em defesa de

um biocombustível, um combustí-vel limpo, que é um fator estratégi-co para o desenvolvimento nacio-nal”, avaliou Luciano Paiva.

O diretor do Sindiquímicos, An-tônio Carlos de Freitas, falou sobrea saúde financeira e operacionaldas usinas de açúcar e álcool, queprecisam da injeção de recursospara realizarem novos investi-mentos e garantirem competitivi-d a d e.

De acordo com Antônio Carlos,que também é superintendente fi-nanceiro da Paineiras, nos últimosdois anos, cerca de 40 usinas fe-charam as portas no Brasil.

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VITÓRIA, ES, TERÇA-FEIRA, 10 DE SETEMBRO DE 2013 ATRIBUNA 3

Es p e c i a l

Medidas vão gerar ganho socialO setor sucroalcooleiroé estratégico epromissor, masdepende de incentivospara superar a criseque enfrenta

Por que o Espírito Santo, quetem usinas de etanol, pagamais caro pelo litro do com-

bustível do que outro estado quenão produz? Para o presidente daComissão de Petróleo, Gás e Ener-gia da Assembleia, deputado Mar-celo Santos, essa contradição de-ve-se, em especial, à gestão equi-vocada do governo federal, que es-timulou a utilização do álcool noscarros flex, mas ao mesmo tempopassou a importar gasolina que,além de ser mais cara, agride omeio ambiente.

“O governo federal importacombustível fóssil, paga um valoralto e depois precisa subsidiá-lopara que fique mais barato nasbombas, mesmo assim, o preço dagasolina no País e no Estado aindaé muito alto. É um contrassenso oBrasil defender a bandeira daenergia limpa e ainda assim priori-zar a comercialização da gasolina,deixando de lado o etanol”, avaliao deputado.

AÇ Õ ESDentre as várias ações da Co-

missão para tentar minimizar es-ses impactos negativos junto aosempresários e à população em ge-ral está a parceria com o PalácioAnchieta. Segundo o deputado, ogovernador do Estado, Renato Ca-sagrande, tem se mostrado solícitoàs demandas do setor. A participa-ção dele no seminário sucroalcoo-leiro, em Itapemirim, no final deagosto, é um exemplo disso. Noencontro foram discutidos os pro-blemas enfrentados pelas usinas epelos produtores rurais.

“O governador Casagrande tematendido com muita responsabili-dade todos os setores produtivosdo Espírito Santo e tratado asquestões ficais com o equilíbrionecessário a um estadista. Nuncahouve nos governos anterioresuma abertura como a da atual ges-tão, com tamanha dedicação aonosso Estado.

“O modelo de incentivo discuti-do no seminário não é redução dealíquota de ICMS, mas sim umaforma de garantir ao setor investirum percentual, a ser discutidocom o governo do Estado, que aoinvés de ir para a conta do Tesourointegralmente, fica retido dentroda própria usina para ser reinves-tido na ampliação da capacidadede produção, que tem como con-

DIVULGAÇÃO ALES

DEPUTADO Marcelo Santos: modelo de incentivo discutido não é de redução de alíquota, mas de investimento

ANA PAULA HERZOG

IMPOSTO reflete no abastecimento

Governo elabora projetos de apoioA presença do governador Re-

nato Casagrande no seminário foicomemorada pelos representantesdo setor que consideraram umgesto de vontade política que de-monstra que o governo está atentoàs necessidade do setor.

O governador elogiou a iniciati-va da realização do seminário e amobilização do setor e disse acre-ditar que importantes decisõesiriam surgir a partir do encontro,medidas que poderão ser articula-das com o governo.

Casagrande garantiu empenhode todas as secretarias envolvidasnos pleitos para a adoção de açõesde recuperação do setor. A conces-são de crédito presumido deICMS, segundo Renato Casagran-

de, depende de análise criteriosa,mas não está descartada.

“Nós estamos sempre de olho naredução de carga tributária e tam-bém de olho no equilíbrio fiscal dogoverno, que se for mantido, assimcomo a nossa capacidade de arre-cadação, tudo é possível. Então va-mos fazer uma avaliação das me-didas solicitadas a partir desse en-c o n t ro ”, ponderou o governador.

Os produtores de cana, sobretu-do os de pequeno porte, são umadas principais motivações do go-verno em incentivar a produçãodo etanol.

O trabalho a ser feito agora tam-bém inclui buscar o apoio junto àbancada federal capixaba e traba-lhar no fortalecimento das parce-

ALESSANDRO DE PAULA

RENATO Casagrande afirmou que redução de alíquota depende de análise

RAIO X

R$ 96 milhões em impostos> O MERCADO sucroalcooleiro gerou

em impostos no Espírito Santo umvalor na ordem de R$ 96 milhões, in-cluindo o ICMS, IPI, PIS e Cofins.

> O BRASIL recolhe anualmente emtorno de R$ 15 bilhões em taxas e im-

postos que incidem sobre o setor doe ta n o l .

> O GOVERNO federal renunciará R$9,54 bilhões em arrecadação de2013 a 2015 para desonerar o setorsucroalcooleiro.

> A PARTIR de setembro o crédito pormetro cúbico de álcool comercializa-do é de R$ 21,43 referente ao PIS/Pa-sep e de R$ 98,57 em relação ao Co-fins.

> A PRODUÇÃO de etanol no Brasil até2014 deve ser de 27 bilhões de litros,uma alta de 14,94%. Desse total, 2 bi-lhões de litros são exportados, o queequivale a 1 bilhão de dólares.

> A EXPORTAÇÃO de etanol, partindoEspírito Santo, girou em torno de 5milhões de litros/ano, nas últimass a f ra s .

> O FATURAMENTO com cana-de-açú-car no estado gira em torno deR$ 165 milhões.Já com o açúcar é deR$ 107 milhões.

Carta ItapemirimDe acordo com o deputado estadual

Marcelo Santos, ainda na primeiraquinzena de setembro será enviada aogovernador a “Carta Itapemirim”, assi-nada pelos produtores rurais, pela in-dústria e por ele, como presidente daComissão de Gás e Energia da Assem-bleia Legislativa do Espírito Santo.

“Os estados produtores de canapropuseram um modelo de incentivofiscal para atender a demanda do se-tor em cada estado, ação essa que de-veria ser feita pelo Governo Federal.Aqui no Espírito Santo, o primeiro pas-so será enviar uma carta ao governa-dor Casagrande, fruto da reunião deItapemirim, e que contém todos osproblemas que o setor enfrenta”, afir-

ma o deputado.A situação atual da lavoura cana-

vieira e dos 70 mil fornecedores de ca-na-de-açúcar do País é dramática, es-pecialmente depois do esforço paramanter as atividades e abastecer osmercados interno e externo após a cri-se de 2008. Nos últimos dois anos,quase 40 usinas fecharam as portasno Brasil.

Se m i n á r i oA ideia da realização do 1º Seminário

do Setor Sucroalcooleiro do Estado,que aconteceu em Itapemirim, no dia30 de agosto, surgiu das primeirasreuniões do deputado Marcelo Santoscom o prefeito do município, LucianoPaiva, e o Grupo Paineiras que gera

rias entre os estados produtores nadefesa dos interesses comuns.

O deputado federal Arnaldo Jar-dim (PPS-SP), presidente da Fren-te Parlamentar Mista em Defesada Infraestrutura Nacional, é umdos aliados e alerta para a situaçãoda lavoura canavieira. SegundoJardim, os cerca de 70 mil fornece-dores de cana-de-açúcar do Paísestão quase em estado terminal.

A conclusão dos que apostam naenergia sustentável do etanol é quea saúde financeira e operacionaldas usinas de açúcar e álcool, espe-cialmente depois do esforço de so-brevivência para manter suas ati-vidades e abastecer os mercadosinternos e externos após a crise de2008, depende de investimentos.

sequência, novos postos de traba-lho e a ampliação do plantio. Comisso, o Estado recupera esse incen-tivo em um prazo bem curto, semsacrificar a receita”, enfatiza o de-putado Marcelo Santos.

mais de 1.800 empregos diretos, sen-do que, no Espírito Santo, esse núme-ro sobe para 8 mil postos diretos e in-diretos. Ao todo, são seis usinas, sen-do quatro em pleno funcionamento,uma em reforma e uma fechada.

O parlamentar defende a reivindica-ção e se apoia no exemplo de outrosestados produtores, que estiveram re-presentados no evento, que já conse-guiram dos seus governos o incentivofiscal por meio de Crédito Presumidodo Imposto Sobre Circulação de Mer-cadorias (ICMS). “O setor é estratégi-co, muito promissor e precisamos de-fendê-lo, de modo a fomentá-lo paraque não venha a ficar à beira da falên-cia como já ocorreu em outros esta-dos ”, assegura Marcelo Santos.

SAIBA MAIS

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4 ATRIBUNA VITÓRIA, ES, TERÇA-FEIRA, 10 DE SETEMBRO DE 2013

Es p e c i a l

Brasil pioneiro em biocombustívelPaís é o maiorexportador mundialde etanol, líderinternacional embiocombustíveis e osegundo em produção

O etanol sempre foi um orgu-lho nacional. O Brasil saiuna frente e foi pioneiro no

desenvolvimento do biocombustí-vel a partir da cana-de-açúcar, maspolíticas equivocadas e fatores di-versos afastaram o setor do climade popularização do álcool de dé-cadas atrás.

O Brasil é o segundo maior pro-dutor de etanol do mundo, o maiorexportador mundial e é considera-do o líder internacional em maté-ria de biocombustíveis, sendo aprimeira economia a ter atingidoum uso sustentável do produto.

Juntos, o Brasil e os EstadosUnidos lideram a produção do eta-nol e foram responsáveis, em2008, por 89% da produção mun-dial e quase 90% do etanol com-b u st í ve l .

O grande interesse no uso doetanol como fonte de energia sedeve ao fator ambiental. Surgiu danecessidade de substituir umaparcela do petróleo utilizado, dereduzir as emissões de gases deefeito estufa e reduzir os índicesde poluição.

“O Brasil tem que aproveitar oque conquistou em avanço tecno-lógico de energias renováveis. Atéporque, o etanol produzido no País,a partir da cana, é mais rentávelque dos Estados Unidos, produzi-do com o milho”, afirmou o gover-nador Renato Casagrande, duranteo seminário do setor sucroalcoolei-ro, realizado no município de Ita-pemirim, no último dia 30.

A experiência brasileira com a

JUSSARA MARTINS - 24/01/2012

O ETANOL, como combustível, ganhou mercado a partir dos anos 70

JUSSARA MARTINS - 13/04/2010

AGENTE de fiscalização da ANP mede teor de álcool na gasolina

Até 18 bilhões de litros de álcoolO Brasil desenvolveu uma indús-

tria sucroalcooleira forte. Atual-mente são 320 unidades produto-ras de açúcar e álcool funcionandono País.

Isso representa uma capacidadeinstalada para o processamento demais de 430 milhões de toneladasde cana, o que pode resultar naprodução de até 18 bilhões de li-tros de álcool e 29 milhões de to-neladas de açúcar.

Na atual safra deverão ser pro-cessadas 390 milhões de toneladasde cana, atingindo 27,5 milhões detoneladas de açúcar e 16,7 bilhões

de litros de álcool.Apesar dos números, a indústria

nacional trabalha com capacidadeociosa, o que também ocorre noEspírito Santo, com a Usina Pai-neiras, por exemplo.

Na avaliação do diretor-superin-tendente da empresa, CláudioCarvalho Britto, o setor, de cincoou seis anos para cá, passou porum período de grande euforia,atraindo até investimentos de em-presas estrangeiras.

“Com a crise mundial as empre-sas que compraram unidades aquiperderam dinheiro e o preço não

PLANTAÇÃO de cana-de-açúcar. Matéria-prima para abastecer usinas

SAIBA MAIS

Etanol é uma substância pura> ETANOL E ÁLCOOL ETÍLICO são sinô-

nimos. Ao contrário da gasolina, oetanol é uma substância pura, com-posta por um único tipo de molécula:C2H5OH.

> O ETANOL ANIDRO é misturado naproporção de 25% à gasolina e o eta-nol hidratado é utilizado puro noabastecimento. A diferença apareceapenas no teor de água contida. En-quanto no etanol anidro é em tornode 0,5%, em volume, o etanol hidra-

tado possui cerca de 5% de água, emvo l u m e .

> O ÁLCOOL É UTILIZADO em misturacom gasolina no Brasil, EUA, UE, Mé-xico, Índia, Argentina, Colômbia e,mais recentemente, no Japão.

> CERCA DE 80% DA PRODUÇÃO brasi -leira de etanol tem como destino ouso carburante, 5% é destinado aouso alimentar, perfumaria e alcool-química. E 15% é direcionado paraexpor tação.

cana-de-açúcar é antiga. Vem doperíodo colonial, quando a cana,junto com o pau-brasil e o ouro, járepresentava uma riqueza da pro-víncia.

Os primeiros registros de usospráticos do etanol datam de 1920.Mas só nos anos 70, com a crise dopetróleo, é que o Brasil passou ausar maciçamente o etanol comocombustível. Em 1975 foi criado oPró-Álcool, que impulsionou a in-dústria sucroalcooleira.

A produção mundial de álcoolaproxima-se dos 40 bilhões de li-tros, dos quais presume-se que até25 bilhões sejam utilizados parafins energéticos. O Brasil respondepor 15 bilhões deste total e sua par-ticipação do etanol na matriz ener-gética é de 11,26%, considerando-seo álcool combustível e a co-geraçãode eletricidade, a partir do bagaço.

atingiu os valores que se esperava,então houve uma redução no con-sumo de etanol”, analisa.

O preço, pouco competitivo emfunção da incidência de impostos,é uma das razões da conjunturapouco favorável do setor. Mas étambém uma das apostas dos em-presários na solução através de umdebate com o poder público e emmedidas que ampliem a produção.

Para aumentar a produção, o go-verno federal criou um incentivofiscal de crédito presumido de PISe Cofins e, recentemente, o Senadoaprovou a Medida Provisória 613que estende a isenção das alíquo-tas até 2024, iniciativa que é bem-vinda, ainda que insuficiente.

Os representantes do segmentoexplicam que está acontecendouma recuperação lenta, mas em ci-ma da capacidade já existente.

No Espírito Santo o segmentoespera por ações do governo esta-dual com a redução do ICMS, queé 27%, como já ocorreu no Rio deJaneiro, Minas Gerais, Bahia e ou-tros estados do País.

As expectativas são otimistas ca-so a iniciativa privada, produtores,governos municipais e estadual,cheguem a um consenso sobre acarga tributária e outras questões.

Em comum todos têm o desejode fortalecer a atividade de forma abeneficiar toda a cadeia produtiva.Os capixabas que precisam enchero tanque também agradecem.

OS NÚMEROS

40 bilhõesde litros é a produção mundial deálcool

25 bilhõesde litros são utilizados para finse n e rg é t i c o s

15 bilhõesde litros são produzidos noB ra s i lJUNTOS, B ra s i l e Estados Unidos lideram

a produção mundial de etanol

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VITÓRIA, ES, TERÇA-FEIRA, 10 DE SETEMBRO DE 2013 ATRIBUNA 5

Es p e c i a l

Safra registra queda de 16%Nos últimos anos osetor sucroalcooleirotem registrado quedana produção e trabalhapara reverter essaestagnação no Estado

Uma boa forma de explicar ocenário do setor sucroalco-oleiro no Espírito Santo é

recorrer a uma pergunta popular eque inicia muitos diálogos difíceisentre brasileiros: “Tenho uma no-tícia boa e outra ruim. Qual querouvir primeiro?”

Seguindo uma ordem cronológi-ca, as ruins fazem parte de um pas-sado recente, as boas são expecta-tivas de futuro e, no presente, estãoas atitudes que vão determinar es-sas diferenças.

Nos dois últimos anos foram re-gistradas no Estado quedas deprodução de quase 16% na safra decana-de-açúcar. O efeito direto foia redução da produção dos itensindustrializados do arranjo produ-tivo, como mais de 20% para o ál-cool e em torno de 15% para o açú-car. Mais do que as médias nacio-nais que mostram que de 2009 a2011 a produção do etanol caiuquase 12%.

O Espírito Santo possui seis usi-nas, mas só quatro estão em fun-cionamento: a Paineiras em Itape-mirim; Alcon e Disa, em Concei-ção da Barra; e a Lasa, em Linha-res. Em Boa Esperança, a BBE nãoteve funcionamento em 2013,igualmente à Cridasa, em PedroCanário, que parou com sua pro-dução em 2010.

As lavouras se estendem poruma área de cerca de 70 mil hecta-res, tanto ao Norte como ao Sul doEstado, como por exemplo em Ita-pemirim, Marataízes, Conceiçãoda Barra, São Mateus, Aracruz eBoa Esperança.

“O setor parou de crescer nos úl-timos anos e, consequentemente,deixamos de atender um mercadopromissor tanto interno como ex-ter no”, comenta o diretor do Sin-diquímicos, Antônio Carlos deF re i t a s.

O maior mercado consumidorpara a produção capixaba ainda éo interno. Mas é grande a deman-da do mercado norte-americanopor etanol. A exportação de etanol,partindo do Espírito Santo, estáem torno de 5 milhões de litros porano e o principal destino é a Ásia,em especial o Japão.

Muitos fatores adversos sãocompartilhados entre os vários es-tados produtores, mas o EspíritoSanto tem a vantagem de estar rea-gindo em tempo, ao contrário doque aconteceu em estados como oRio de Janeiro, que retomou umaprodução quase do zero.

“O setor sucroalcooleiro capixa-ba tem potencial, alternativas viá-veis e muitas oportunidades a ex-plorar ”, afirma Freitas.

SEIS USINAS e s tã oinstaladas no EspíritoSanto, mas só quatroestão funcionando. ACridasa (foto) parousuas atividadesem 2010

OS CANAVIAIS ocupamuma área de cerca de70 mil hectares no Estado

Demanda maior por biocombustívelA substituição da energia fóssil

pelas renováveis é uma necessida-de global, que aponta os novos ru-mos do comércio de combustíveis.O etanol brasileiro, a partir da ca-na-de-açúcar, é pioneiro em bio-combustível, e o Espírito Santo umimportante produtor que estápronto para abastecer esse merca-do sustentável.

A previsão dos especialistas éque para o ano de 2021 será neces-sária a moagem de cerca de 1,1 bi-lhão de toneladas de cana, frenteàs atuais 620 milhões estimadaspara esta safra. A demanda de eta-

nol esperada para 2021 é de cercade 68 bilhões de litros, muito maisque o dobro da oferta prevista paraa safra 2013/2014.

O Brasil, segundo a Empresa dePesquisa Energética (EPE), vincu-lada ao Ministério de Minas eEnergia (MME), terá que instalar100 novas unidades produtoraspara alcançar essa meta, o que sig-nifica um investimento de, no mí-nimo, R$ 71 bilhões.

Para Antônio Carlos de Freitas,diretor do Sindiquímicos, o Espíri-to Santo tem grande possibilidadede crescimento, já que a produção

HOJE, A PRODUÇÃO ESTÁ ABAIXOdos 200 milhões de litros de álcool

PRODUÇÃO DE CANA-DE-AÇÚCAR, AÇÚCAR E ETANOL

OBS.: Todos os dados numéricos apresentados referem-se à safra capixaba de 2012/2013, segundo o Sindiquímicos

interna atende somente cerca de50% do consumo interno de açú-car e 50% do consumo interno deetanol. Isso sem considerar a pos-sibilidade de venda para mercadosvizinhos como Rio de Janeiro eBa h i a .

A tendência é que a produção noEstado cresça em um futuro pró-ximo. Dados da Secretaria da Agri-cultura mostram que, somente nosprimeiros seis meses deste ano, oEspírito Santo exportou cana-de-açúcar, totalizando mais de US$ 13milhões em vendas.

Atualmente, o agronegócio da

cana no Espírito Santo é responsá-vel por 0,77% da produção de álco-ol e 0,26% da produção de açúcardo Brasil. A produção capixaba deálcool, que já foi próxima de 300milhões de litros, hoje está abaixodos 200 milhões de litros.

O governador do Estado, RenatoCasagrande, aposta no futuro con-fiando no passado. “Não podemosperder essa vantagem competitivaconquistada pelo Brasil ao longo detantos anos. Somos pioneiros embiocombustíveis, uma referênciamundial do setor”, orgulha-se Re-nato Casagrande.

“O setor parou decrescer nos

últimos anos e deixamosde atender um mercadopromissor ”Antônio Carlos de Freitas,diretor do Sindiquímicos

FATURAMENTO COMCA N A- D E-AÇ Ú CA R

em torno deR$ 165 milhões

FATURAMENTO COMAÇ Ú CA R

em torno deR$ 107 milhões

FATURAMENTO COME TA N O L

em torno deR$ 237 milhões

FATURAMENTO TOTAL

em torno deR$ 510 milhões

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6 ATRIBUNA VITÓRIA, ES, TERÇA-FEIRA, 10 DE SETEMBRO DE 2013

Es p e c i a l

Mais de um século de históriaFundada no ano de1912, usina capixaba éa mais antiga empresaem funcionamentoininterrupto do Estadodo Espírito Santo

Com mais de um século defuncionamento, são muitasas histórias para contar. A

Usina Paineiras, que completou101 anos, é um exemplo empresa-rial único no Espírito Santo – amais antiga empresa em funciona-mento ininterrupto do Estado.

A Usina Paineiras, fundada em1912, no município de Itapemirim,passou por diferentes moedas,planos econômicos, avanços tec-nológicos, crises no mercado in-terno e internacional, o que repre-sentou experiências com os altos ebaixos do setor do etanol que fazparte da produção desde o início.

Comprada do governo do Esta-do, um antigo registro de privati-zação, por Ataliba de CarvalhoBritto, a usina começou com o pro-cessamento de 37.762 toneladas decana, produzindo 43.977 sacos deaçúcar e 213 mil litros de álcool.

A administração da Paineiraspermanece com a família e o dire-tor-superintendente, Cláudio deCarvalho Britto, neto do primeiroproprietário, comenta que o climafamiliar se estende pela empresa eque são gerações de uma mesmafamília trabalhando na usina queainda preserva o clima bucólico navila centenária, onde ainda morammuitos funcionários.

Com orgulho do passado, mas deolho no futuro, Cláudio afirma queos incentivos fiscais são primordiaise vão atender à demanda de inves-timentos no setor, que opera comuma capacidade ociosa enquanto omercado do etanol tem um grandepotencial a ser atendido.

O diretor-superintendente daPaineiras lembra que um dos focoscentrais das negociações entre osempresários e o poder público é o

produtor. “São cerca de 450 pe-quenos produtores do Sul do Esta-do que fornecem cana para a usinae é preciso adotar medidas que fa-voreçam essas pessoas”, afirmaCláudio de Carvalho Britto.

Para ele, a redução da carga tri-butária representa um avanço,mas a atual conjuntura da indús-tria do etanol depende de uma sé-rie de fatores que envolvem logís-tica, acesso ao crédito para os pro-dutores, pesquisas em ciência etecnologia e políticas de desenvol-vimento sustentável, uma daspreocupações da Usina Paineiras,que tem 2 mil hectares de MataAtlântica preservados.

A empresa promove o reflores-tamento de áreas sujeitas à erosãoe das margens dos rios e incentivaa produção de mudas nativas.

USINA PAINEIRAS

TRABALHADORNA LAVOURA:cerca de 350cortadores decana vêm deAlagoas paraatuar emI tapemirim

USINA PAINEIRAS

USINAPA I N E I R AS :produção daempresa, quecomeçou comtímidos 45 milsacos de açúcarna primeirasafra, hojealcança cercade 1 milhão ei n c e n t i vamuitas pessoasque buscam osustento naslavouras decana

Cinco décadas de trabalho e dedicaçãoQuem trabalha há cinco décadas

no setor sucroalcooleiro conhecebem o assunto e tem muita histó-ria para contar. O supervisor deDestilaria da Usina Paineiras, Ge-raldo Berteti de Oliveira, foi con-tratado há 50 anos pela empresa.

Hoje ele tem 72 anos e começoua carreira na usina como cortadorde cana, tendo apenas o ensinoprimário. Atualmente, é o respon-sável por toda a produção de álco-ol combustível do Sul do Estado doEspírito Santo. Os avanços tecno-lógicos desse período não apagamas lembranças de quando tudo eramais difícil.

“O transporte da cana, que hojeé feito em caminhões, era puxadopor carros de boi. Já na destilaria, aprodução passou de álcool etílicopara álcool combustível, anidro ehidratado, e a proporção aumen-tou de 10 mil para 300 mil litrospor dia”, conta.

A produção da Paineiras, que

ANA PAULA HERZOG

GERALDOcomeçou acarreira nausina comocortador decana e hoje é oresponsável portoda a produçãode álcoolcombustível doSul do Estado

SAIBA MAIS

Espírito Santo possui outras 5 usinasAlém da Paineiras, o Espírito

Santo possui outras cinco usinas,todas no Norte do Estado:> A ALCON (Companhia de Álcool

Conceição da Barra) produzetanol e açúcar.

> A DISA (Destilaria Itaúnas), com2, 1 mil funcionários, está locali-zada em Conceição da Barra.

> A LASA, sediada em Linhares,produz etanol e CO2.

> A ALBANESA, localizada em BoaEsperança, que agora se chamaBBE, não funcionou este ano.

> A CRIDASA, em Pedro Canárioparou sua produção em 2010.

C R I DASA

CA M I N H ÃOCOM CANA-DE-AÇÚCAR :plantios estão,principalmente,em Linhares,Conceição daBarra, PedroCanário,P i n h e i ro s ,Montanha, SãoMat e u s ,Aracruz e BoaEs p e ra n ç a

Segurança nos canaviaiscomeçou com tímidos 45 mil sa-cos de açúcar na primeira safra,hoje alcança cerca de 1 milhão eincentiva muitas pessoas quebuscam o sustento nas lavourasde cana.

“Tive sorte. Tudo que conquisteiaté hoje foi porque, um dia, al-guém acreditou e investiu no meu

trabalho, me dando a chance deser um profissional especializa-do”, conta Geraldo, que é casado epai de cinco filhos.

Histórias como essas orgulhame inspiram o diretor-presidente daUsina Paineiras, Régis Sousa deCarvalho Britto, que espera queelas se repitam por muita décadas.

Além dos capixabas, trabalhado-res de outros estados buscam umafonte de renda nos canaviais doEspírito Santo. Cerca de 350 corta-dores de cana vêm de Alagoas paratrabalhar em Itapemirim.

Para garantir a segurança, a Usi-na Paineiras monitora diariamen-te o uso de seis equipamentos de

proteção individual (EPI), traba-lho realizado por técnicos de segu-rança do trabalho, além de forne-cer estruturas de apoio para des-canso e refeições.

Os trabalhadores se instalam emalojamentos mantidos pela usina,que também se responsabiliza pe-lo transporte até o campo.

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VITÓRIA, ES, TERÇA-FEIRA, 10 DE SETEMBRO DE 2013 ATRIBUNA 7

Es p e c i a l

Redução tributária étendência entre produtoresEspírito Santo foi oprimeiro do País aproduzir etanol e éum precursor dessaatividade, analisae s p e c i a l i s ta

O Rio de Janeiro é um dos Es-tados brasileiros na frenteno processo de redução tri-

butária do setor sucroalcooleiro,uma tendência entre todos produ-tores. O governo carioca reduziu aalíquota efetiva do ICMS para o

produtor de etanol de 24% para2%. A experiência carioca foi de-batida no Seminário de Setor Su-croalcooleiro realizado em Itape-mirim, no litoral Sul do Estado.

Coordenadora do programa “RioCapital da Energia”, do governo doEstado do Rio de Janeiro, MariaPaula Martins, ministrou uma pa-lestra sobre o tema e falou tambémsobre as expectativas para o Estadodo Espírito Santo.

Maria Paula começou deixandoclaro as diferenças do setor nosdois estados. “O Espírito tem umaindústria forte, bem consolidada.O Estado foi o primeiro do País a

O RIO DE JANEIRO reduziu a alíquota de ICMS de 24% para 2%. Experiência carioca foi debatida no seminário realizado em Itapemirim

ALESSANDRO DE PAULA

LUCIANO PAIVA, prefeito deI tapemirim

ALESSANDRO DE PAULA

ANA PAULA HERZOG

Setor gera emprego em ItapemirimO município de Itapemirim, que

sediou o Seminário do Setor Su-croalcooleiro, tem participado ati-vamente das negociações do seg-mento, e é fácil entender o motivo.A cadeia produtiva do açúcar e ál-cool tem sido determinante para odesenvolvimento econômico dare g i ã o.

A produção de cana-de-açúcar éa segunda atividade que mais geraemprego e renda no litoral Sul doEspírito Santo, atrás apenas do tu-rismo. Das 500 propriedades re-gistradas na Cooperativa Agrícolados Fornecedores de Cana (Coafo-cana), 450 são de pequenos pro-dutores rurais que tiram o susten-to das lavouras da região.

Esse foi um dos motivos paraprefeito Luciano Paiva, depois dereuniões com representantes do

setor, promover o seminário, queele considerou um momento deci-sivo para a mobilização do seg-mento. Luciano Paiva elogiou apresença do governador, Renato

ALESSANDRO DE PAULA - 10/09/2011

SÓ O TURISMO gera mais empregos e renda do que a cana-de-acúcar

Pequeno produtor“Além da redução tributária, o go-

verno do Rio de Janeiro está fazendoagora um financiamento ao produtor,especialmente o pequeno produtor,para ampliar a produção da cana, paraassim retomar a produção.”

Maria Paula Martins, coordenadorado programa “Rio Capital da

E n e rg i a ”, do governo do Estado doRio de Janeiro

Renda familiar“Hoje 78,4% dos trabalhadores do

setor alcooleiro são braçais. É aqueleque está ali para manter a renda fami-liar. Os resultados dos incentivos tri-butários têm um grande impacto so-cial. Beneficiam quem emprega equem depende dessa atividade paras o b r ev i ve r. ”

Agripino Botelho, prefeito de Serrados Aimorés (MG)

produzir etanol e é um precursordessa atividade”, analisa.

O Rio de Janeiro, ao contrário,tem uma produção quase insigni-ficante de apenas 0,6% do consu-mo do Estado e a maioria das usi-nas e lavouras estava praticamentep a ra d a .

O governo do Estado adotoumedidas para retomar a produção.Em comum, os dois estados têm aproposta das empresas investiremna ampliação da capacidade deprodução e na modernização dasi n st a l a ç õ e s.

Representando o secretário deDesenvolvimento Econômico do

Estado do Rio de Janeiro, JúlioBueno, Maria Paula explica que,mesmo com a alíquota tão reduzi-da, o governo não abriu de nenhu-ma receita porque o benefício seráconcedido a partir do diferencialda nova produção.

A coordenadora do Rio Capitalda Energia acrescenta que as me-didas não terão impacto nas bom-bas dos postos, o que depende depolíticas mais complexas de fixa-ção do preço dos combustíveis,mas garante que os benefícios se-rão muitos, inclusive a geração dee m p re g o s.

E empregabilidade foi a palavra-

chave do pronunciamento do pre-feito mineiro Agripino Botelho. Aeconomia do seu município, Serrados Aimorés, na divisa de MinasGerais com a Bahia, depende daprodução de etanol e açúcar.

Cerca de 1,8 mil pessoas traba-lham direta ou indiretamente nadestilaria da cidade mineira.

Para mostrar o potencial de cria-ção de postos de trabalho do setor,o prefeito comparou a cadeia pro-dutiva da cana com outros arran-jos agrícolas. “Enquanto um hec-tare de cana gera 13 empregos, 17hectares de eucalipto geram ape-nas um”, concluiu.

Casagrande, no seminário. Para ele,um sinal claro de que o governo es-tá atento às demandas do setor.

Os recursos da lavoura canaviei-ra também refletem em outros se-tores como o comércio. “D ura n t etodo o ano, mas, principalmente,na safra, as milhares de famíliasque vivem da produção de canamovimentam a economia da re-gião. No interior de Marataízes eItapemirim, a atividade emprega,pelo menos, 90% da população epor isso só tem a ganhar com in-centivos tributários” afirma o pre-sidente da CDL de Itapemirim evice da CDL de Marataízes, Ci-dauro Bourguignon Filho.

O segmento gera no municípiocerca 1,5 mil empregos diretos e sãocerca de 14 mil hectares de cultivo.Com as perspectivas de redução da

carga tributária e consequente-mente do aumento da produção, asprojeções são de ampliar a área cul-tivada em 2014 para 17,5 mil hecta-res com possibilidade de geraçãode mais 400 novos empregos.

“O mercado de etanol é muitopromissor e setor sucroalcooleirocapixaba, o município de Itapemi-rim e todo o Estado têm um gran-de potencial a ser explorado”, con-clui o prefeito Luciano Paiva.

O QUE ELES DIZEM

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8 ATRIBUNA VITÓRIA, ES, TERÇA-FEIRA, 10 DE SETEMBRO DE 2013

Es p e c i a l

Situação do setor é preocupantePara resolver a criseque afeta o setorsucroalcooleiro,governo e empresáriosmontaram uma agendaregional de discussão

A situação das usinas de eta-nol e, principalmente, doscanaviais capixabas, é preo-

cupante. Essa é a opinião dos pro-dutores rurais que participaramdo Seminário do Setor Sucroalco-oleiro no último dia 30, no municí-pio de Itapemirim.

“A preocupação se estende portoda indústria nacional de etanol,que está sofrendo por conta de po-líticas inadequadas de combustí-veis leves”, avaliou o secretário deEstado da Agricultura, Abasteci-mento e Pesca, Enio Bergoli.

“O Brasil vinha liderando o setorde biocombustíveis no mundo,mas outros países, como os Esta-dos Unidos, entraram nesse mer-cado com investimentos muitomaiores em ciência e tecnologia”,informou o secretário.

Durante sua palestra, Enio Ber-goli defendeu compartilhar a he-gemonia do conhecimento compaíses da África e Ásia, por exem-plo, para diversificar o mercado,abrir a concorrência e tornar o eta-nol uma commoditie global.

“O interesse do mundo em com-prar uma energia limpa fica com-prometido quando esse produtoestá nas mãos de apenas dois gran-des fornecedores mundiais, quesão os Estados Unidos e o Brasil”,destacou Bergoli.

Segundo o secretário, além

dos desafios de elevar investi-mentos em ciência e tecnologiae ampliar a base de produção nomundo, é preciso definir melhora participação do biocombustí-vel na matriz energética brasi-l e i ra .

Mesmo diante da conjunturanacional pouco favorável, o se-cretário se mostrou otimistaquanto à agenda regional entregoverno e iniciativa privada e

S E AG

ENIO BERGOLI,secretário deEstado daA g r i c u l t u ra ,disse que noEspírito Santo osetor enfrentadificuldades,mas que assoluções serãoe n c o n t ra d a santes que hajaa falência

MECANIZAÇÃO da colheita é exigida por lei, mas requer investimento alto

Mecanização é um dos entravesO setor sucroalcooleiro emprega

hoje cerca de 8,5 mil pessoas e gera15 mil empregos indiretos no Esta-do. Cerca de 1 mil desses trabalha-dores estão nas lavouras, que noEstado atinge uma área entre 65mil e 70 mil hectares, somente pa-ra atender o setor de açúcar e álco-ol. É ainda maior com os plantiosexistentes para abastecer os seto-res de cachaça, caldo de cana e do-ces caseiros, além das áreas desti-nadas para alimentação animal.

Nos canaviais capixabas predo-mina o corte manual, facilitado pe-la queima, o que gera polêmica porcausar danos ao meio ambiente.Por conta disso, a legislação exige amecanização da colheita, um pro-cesso que requer muitos recursose é inviável em topografias muitoi n c l i n a d a s.

A Secretaria de Estado da Agri-cultura, Abastecimento e Pescatem uma proposta de adequaçãoda legislação vigente para o corteda cana, definindo critérios paraáreas onde será necessário im-plantar a mecanização e outrasque permanecerão com o cortemanual.

De acordo com o secretário deEstado da Agricultura, Enio Ber-goli, a legislação capixaba atual émuito mais rigorosa que a de ou-

tros estados, como São Paulo, Riode Janeiro e Paraná.

“Construímos uma proposta deconsenso com quem fomenta,planta, industrializa e fiscaliza queestá tramitando nos órgãos decontrole, para que possa ser sub-metida à Assembleia Legislativa”,informa o secretário.

O fator ambiental também pe-sou na elaboração das propostas. Osecretário explica que em algunsterrenos o processo de mecaniza-ção exige uma compactação pesa-da, o que pode ser mais nocivo doque uma queima controlada. MEDIDA PROVISÓRIA garante subsídio de R$ 12 por tonelada de cana

Comissão quer maisrecursos para produtores

A Comissão de Agricultura daAssembleia Legislativa tambémquer mais recursos para os peque-nos produtores e busca, junto aogoverno federal, subsídios para osplantadores de cana.

O deputado Glauber Coelho,que preside a comissão, esteve emBrasília pleiteando que os capixa-bas sejam também beneficiadospela Medida Provisória 615/2013,que prevê uma subvenção de R$ 12

por tonelada de cana-de-açúcar,limitada a 10 mil toneladas porprodutor fornecedor independen-te em toda a safra 2011/2012.

“Os produtores do Nordestesão beneficiados pela MP. É jus-to que o Espírito Santo tambémseja. Aqui, além de regiões de se-ca, somos afetados pelos perío-dos de excesso de chuvas, quetambém prejudicam a safra”,avalia o deputado.

“Mais de 70% do setor é formadopor pequenos e microprodutores.O que não podemos de forma al-guma é tirar o emprego dessaspessoas”, disse Enio Bergoli.

O governo do Estado tambémdisponibiliza acesso ao crédito.Somente para a safra deste ano fo-ram disponibilizados R$ 2,2 bi-lhões para todos os setores daa g ro p e c u á r i a .

São recursos de fácil acesso, comtaxas muito abaixo do mercado ecom prazos longos de quitação pa-ra fortalecer a atividades já consoli-dadas e incentivar novas culturas.

ressaltou dois pontos de pauta aserem destacados.

“Nós já estamos avaliando aquestão tributária. Vamos fazer ascontas e analisar os fatores envol-vidos para chegar a um consenso.Não será uma redução como ocor-reu no Rio de Janeiro, onde o setorquebrou. No Espírito Santo passa-mos por dificuldades, mas vamosagir antes de quebrar”, declarou.

O outro ponto se refere direta-

mente à lavoura canavieira, queé a legislação e a exigência demecanização do processo decorte da cana, o que para muitosprodutores, principalmente osde pequeno porte, é uma grandedificuldade. Os produtores ru-rais se mostraram satisfeitoscom o caminho apontado pelosecretário, como a flexibilizaçãoda legislação, sem representardanos ao meio ambiente.

“Outros países,como os Estados

Unidos, entraramnesse mercado cominvestimentos muitomaiores em ciênciae tecnologia ”Enio Bergoli, secretário da Agricultura

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VITÓRIA, ES, TERÇA-FEIRA, 10 DE SETEMBRO DE 2013 ATRIBUNA 9

Es p e c i a l

Utilizaçãode celuloseno futuroEtanol será produzido apartir da celulosepresente em qualquerparte das plantas,como folhas ou atémesmo o bagaço

O mundo está prestes a darmais um importante passorumo às energias limpas.

Vários países já estão desenvol-vendo pesquisas para lançar oetanol de segunda geração, tam-bém chamado de etanol celuló-s i c o.

O produto pode ser fabricado a

partir da celulose presente emqualquer parte das plantas, como afolha, a palha ou até mesmo o ba-gaço, ou na matéria orgânica dequalquer outro vegetal.

O Brasil está entre os países quedisputam mais essa fatia do mer-cado de biocombustíveis e, deacordo com especialistas, já tempesquisas avançadas o Japão e osEstados Unidos.

“O desenvolvimento do etanolcelulósico em escala definirá umnovo paradigma no mercado mun-dial de biocombustíveis, pois suamatéria prima é subproduto dasatividades agrícolas, ou seja, éenergia limpa a partir de biomassaque não é utilizada para alimenta-ção humana, e que tem poucos nu-trientes para ser destinada à ali-mentação animal” comenta o se-cretário estadual da Agricultura,Enio Bergoli.

Para o secretário, o etanol de se-gunda geração trata-se ainda deum combustível menos agressivoao meio ambiente, pois emite me-nos gases poluentes na atmosfera,fato que contribui para a minimi-zação do efeito estufa.

A colheita de cana-de-açúcargera muitos resíduos que poderãoser utilizados nessa produção. Umdos principais é a palha, que nãocostuma ter utilidade ou serventia

PLANTAÇÃO DE EUCALIPTO: etanol celulósico será menos agressivo ao meio ambiente

B e t e r ra b ae milho sãofontes de álcoolc o m b u s t í ve l

O etanol é produzido em usinasa partir de matérias-primas comocana-de-açúcar, milho ou beterra-ba. Ele é um biocombustível, ouseja, um combustível renovável,que não precisa de materiais deorigem fóssil, como o petróleo. Emtodo o mundo, os biocombustíveissempre ficaram em segundo planodevido à facilidade de extração dopetróleo e devido à sua abundân-cia. O problema é que a queima decombustíveis fósseis contribui pa-ra o aquecimento global.

Feito da cana-de-açúcar, o eta-nol brasileiro leva vantagem. Ele émais produtivo que o extraído domilho, como nos Estados Unidospor exemplo, e provoca um impac-to ambiental menor. Enquanto umhectare de milho rende 3 mil litrosde etanol, a mesma área plantadacom cana gera 7.500 litros

Os principais produtores são osEstados Unidos e o Brasil, sendoresponsáveis por quase 90% doetanol mundial. O terceiro coloca-do é a China, com 2,7%, e em quar-to a União Europeia, com 2,5%.

BIOCOMBUSTÍVEL NO MUNDO

USINA PAINEIRAS

ENERGIA a partir de biomassa

nas usinas. Outro resíduo é o baga-ço de cana.

A cana-de-açúcar é apenas umadas opções energéticas. Uma daslinhas de pesquisa mais avançadas

Países produtores de etanol> BRASIL - utiliza principalmente a ca-

na-de-açúcar para a produção> ESTADOS UNIDOS - o milho é a prin-

cipal matéria-prima, através de umprocesso chamado de método damoagem seca

> CANADÁ - trigo e milho> CHINA - mandioca> ÍNDIA - cana, melaço> COLÔMBIA - cana e óleo de palma> ALGUNS PAÍSES DA ÁFRICA - man-

dioca

da Embrapa no desenvolvimentodo etanol de segunda geração é aque transforma capim em energia.O Brasil que já é pioneiro na pro-

dução de etanol está próximo dedar um novo salto e produzir ener-gias mais limpas e cada vez maisve rd e.

“Produção deetanol celulósico

em escala definirá umnovo paradigma nomercado mundial debiocombustíveis ”Enio Bergoli, secretário da Agricultura

COMO É PRODUZIDO O ETANOL

2 O CAULE DA CANA é picado e tri-turado nas moendas das usinas e

libera o caldo que serve de matéria-prima para a produção do etanol.

1 NO BRASIL, o álcool combustível éproduzido a partir da cana-de-

açúcar, que pode ser colhida meca-nicamente, com o uso de máquinas

colheitadeiras, ou manualmente,queimando-se a palha que envol-ve a base do vegetal e cortando-seo caule.

4 APÓS SER FILTRADO, o caldo é fer-mentado com uma mistura com-

posta de leite de levedura, água e ácidosulfúrico.

5DA FERMENTAÇÃO o líquido ele é cen-trifugado e bombeado para colunas

de destilação, onde é aquecido até 90

graus e transformado em álcool bruto.

6 NOVOS PROCESSOS de destila-ção transformam-no em álcool

hidratado ou anidro (puro).

7DA DESTILAÇÃO sai o álcool hidra-tado, líquido com 96% de álcool. É

ele que será vendido nos postos. Partedele, porém, ainda passa por um pro-cesso de desidratação, virando álcoolanidro (mais de 99,5% de álcool), que émisturado à gasolina como aditivo.

8 OS DOIS TIPOS DE ETANOL p r o-duzidos, o hidratado e o anidro,

são armazenados em tanques degrande volume. Lá, aguardam atéserem retirados por caminhões-tanque, que levam o etanol para asdistribuidoras que, por sua comer-cializam o produto com os postos dec o m b u s t í ve i s .

3 O PASSO SEGUINTE é a moa-gem, em que a cana é esma-

gada por rolos trituradores.Após a moagem, 70% da cana vi-ra caldo, no qual está o açúcarde onde se extrai o etanol. Os30% restantes são de bagaço(foto), que pode ser queimado,gerando energia para a usina.

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10 ATRIBUNA VITÓRIA, ES, TERÇA-FEIRA, 10 DE SETEMBRO DE 2013

Es p e c i a l

Valor alto afastac o n s u m i d o re sEspírito Santo registrao terceiro valor maiselevado do etanol doBrasil, perdendoapenas para os estadosdo Acre e Roraima

Com a alta dos preços do eta-nol, cada vez mais próximosdos da gasolina, os consumi-

dores estão mais longe das bombasdo biocombustível à base de cana,que décadas atrás já foi uma febreem todo o País.

Mesmo com a tecnologia flex,que hoje atinge cerca de 80% dosveículos que saem das montado-ras, essa é uma tendência em todoo território nacional.

No Espírito Santo, que registra o3º valor mais elevado do etanol doBrasil, com um preço médio por li-tro de R$ 2,5496, perdendo apenaspara os estados do Acre (R$ 2,636)e Roraima (R$ 2,55), esse mercado

é ainda menos vantajoso.Os especialistas do setor apon-

tam que para ser competitivo, ovalor do etanol em relação ao dagasolina deveria ser de no máximo70%. Hoje nos postos capixabasesse percentual ultrapassa os85%.

Uma legislação estadual de au-toria do deputado Marcelo Santos,a Lei nº 8.526, obriga constar nospostos de gasolina do Estado doEspírito Santo cartaz informando,em porcentagem, a diferença depreço entre a gasolina e o álcool.Quem está atento aos cartazes ob-serva esses valores quase se equi-p a ra re m .

É o caso do representante co-mercial Almir Santollini Neto, quefaz suas escolhas de acordo com oimpacto que representam no bol-so. “O brasileiro é massacrado portantas despesas abusivas que nãopode arcar com essa conta”, diz.

O técnico metalúrgico Agusti-nho Francisco Freitas comenta

ANA PAULA HERZOG

UMALEGISL AÇÃO

ESTA D UA Lobriga constarnos postos de

gasolina doEstado cartaz

informando, emporcentagem, a

diferença depreço entre a

gasolina e oálcool

A N TÔ N I O utilizaria etanol seos valores fossem mais em conta

GOL 1.6 Total Flex: pioneiro no País

FORD MODELO T foi o primeiroveículo flex vendido no mundo

Utilização enfrenta resistênciasA tecnologia flex, que está com-

pletando 10 anos no mercado au-tomotivo brasileiro, é um dosgrandes avanços na utilização debiocombustíveis. Mas, apesar doaumento da frota, que hoje estima-se em mais de 6 milhões de veícu-los em todo País, a utilização doetanol ainda enfrenta resistências.

Para os especialistas, o problemaé a falta de informação que geramitos. O rendimento é um dos fa-tores mais questionados. Na rela-

ção de quilometragem por litro decombustível, a gasolina leva vanta-gem, mas a proporção varia entremarcas, modelos e outros fatores.

A possibilidade do motor “v i-ciar ” quando o condutor utilizaapenas um tipo de combustíveltambém é mito. Não há necessida-de de ficar revezando entre gasoli-na e etanol, quando for trocar, omotor se adaptará sem problemas,sem solavancos.

Quanto à economia, o motorista

ANA PAULA HERZOG

AG U ST I N H O opta pelo preço menor

W I EC K

CARRO FLEX: tecnologia está completando 10 anos no Brasil

SAIBA MAIS

Primeiro no País chegou em 2003> VEÍCULO DE COMBUSTÍVEL DUPLO

ou veículo flex é um carro com a ca-pacidade de ser reabastecido e fun-cionar com mais de um tipo de com-bustível, misturados no mesmo tan-que e queimados na câmara de com-bustão simultaneamente.

> O GOL 1.6 TOTAL FLEX foi o primeirocarro bicombustível do Brasil, lança-do em 2003.

> JÁ FORAM FABRICADOS cerca de 20milhões de carros flex até hoje, se-gundo a Associação Nacional dosFabricantes de Veículos Automoto-

res (Anfavea).> O CARRO FLEX REPRESENTA 92% do

mercado atual, excluindo os veículosmovidos a diesel.

> TAMBÉM TÊM SIDO d e s e n vo l v i d o snos Estados Unidos veículos flex quefuncionam com metanol como se-gundo combustível.

> O FORD MODELO T foi o primeiro veí-culo flex comercial vendido no mun-do, fabricado entre 1908 e 1927.

ANA PAULA HERZOG

ANA PAULA HERZOG

precisa fazer os cálculos para sa-ber qual é o mais vantajoso combase no preço do combustível nasua cidade, porque é grande a va-riação dos preços.

O álcool faz menos quilometra-gem por litro rodado do que a ga-solina porque queima mais rápido.Por isso, para ser economicamenterentável, vale a pena abastecercom álcool quando ele está até70% do valor da gasolina na bom-ba. Basta pegar a calculadora.

O representante comercial Gil-berto Laurentino Freitas diz que játeve carro com motor a álcool nadécada de 80, mas teve problemasporque faltava o combustível nosp o st o s.

“Hoje tenho um carro flex e nãotenho problemas. Como viajo paraestados vizinhos, às vezes abaste-ço com etanol quando os valorescompensam. Aqui eu utilizo mais aga sol ina”, comenta. O EspíritoSanto tem o terceiro preço mais al-to de etanol do Brasil.

que até gostaria de usar o etanol, jáque tem carro flex, mas os preçosnão compensam. “Eu gostaria deoptar pelo etanol por ser um com-bustível mais sustentável, uma tec-nologia mais limpa”, comenta.

Outros consumidores alegam aquestão do rendimento, como oaposentado Bill Santana, que dizque nunca utilizou o álcool em seuveículo porque acha que não com-pensa.

Já o ajudante de campo AntônioAurélio também opta pela gasolina

em função do preço, mas admiteque utilizaria o etanol se os valorescaíssem.

Frentista há 17 anos, CiderleyCosta dos Santos acompanhoumomentos muito melhores doproduto e gostaria que essa fasevoltasse. “Eu me lembro que quan-do a gasolina era em torno de R$2,50 e o álcool girava por volta deR$ 1,30, a venda era muito maior. Opreço da gasolina aumentou mui-to, mas o do etanol aumentou de-mais”, afirmou.

CIDERLEY: “O preço do etanolaumentou demais”

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VITÓRIA, ES, TERÇA-FEIRA, 10 DE SETEMBRO DE 2013 ATRIBUNA 11

Es p e c i a l

Futuro aponta para energia limpaPotencial do etanol foiapontado como fatorde desenvolvimentopara atender umademanda crescentepor biocombustíveis

A matriz energética global es-tá em transformação e asprincipais economias do

planeta buscam alternativas aoscombustíveis fósseis, que além demostrarem indícios de escassez nofuturo, são muito nocivos ao meioa m b i e n t e.

Esse foi um fator muito utilizadona defesa do etanol, o biocombus-tível brasileiro, durante o 1º Semi-nário do Setor Sucroalcooleiro,realizado em Itapemirim, no últi-mo dia 30.

Autoridades e representantes dosetor se apoiaram no anseio pelodesenvolvimento sustentável paraapontar o grande potencial do eta-nol, que é uma fonte de energialimpa e renovável. O biocombustí-vel brasileiro é considerado o me-lhor do mundo, superando emqualidade os produzidos a partirde outras biomassas como beter-raba, mandioca, grãos como milho,entre outros.

O governador Renato Casagran-de fez questão de acrescentar que

BETERRABA : utilizada na produção de biocombustível

M A N D I O CA éusada na Áfricae na China:b i o c o m b u s t í ve lb ra s i l e i rosupera emqualidade osproduzidos apartir de outrasb i o m a ss a s

ALESSANDRO DE PAULA

PARTICIPANTES do seminário defenderam as fontes renováveis de energia

Resíduos da cana são aproveitadosCom o objetivo de minimizar os

impactos ambientais, bem comoreduzir custos de produção, o ba-gaço da cana-de-açúcar é utilizadopara geração de energia elétrica.

O diretor-superintendente daUsina Paineiras, Cláudio CarvalhoBritto, explica que a empresa pro-duz com o resíduo a energia queutiliza na produção de açúcar e ál-cool e que algumas usinas no Bra-sil, além de serem autossuficientesenergeticamente, têm excedenteque é fornecido para as concessio-nárias de energia de seus Estados,passando a ser uma fonte a mais dere c e i t a .

Segundo definição da AgênciaNacional de Energia Elétrica(Aneel) a co-geração de energia é oprocesso de produção combinadade calor útil e energia mecânica,geralmente convertida total ouparcialmente em energia elétrica,a partir da energia química dispo-nibilizada por um ou mais com-bustíveis. A co-geração trata-se daassociação da geração simultâneacombinada de dois ou mais tiposde energia, utilizando um único ti-po de fonte energética.

No caso do bagaço de cana, aoser queimado, gera energia térmi-ca em forma de vapor e energia

O ETANOL BRASILEIRO é mais rentável que os de outras matérias-primas, como o de milho

A CHINA é omaiorconsumidor deenergia domundo. O paístambém é líderglobal eminvestimento nosetor de energialimpa

SAIBA MAIS

Os 5 países que mais utilizamDados Christian Science Monitor

com ranking dos cinco países quemais utilizam energia renovável para obem do planeta

1 Estados Unidos24 .7 % DO TOTAL GLOBAL

O aumento de fontes alternativas deenergia nos Estados Unidos se devecada vez mais a incentivos fiscais e deoutra natureza nos âmbitos federal,estadual e municipal, assim como nocumprimento de metas obrigatórias.

2 Alemanha1 1 .7 % DO TOTAL MUNDIAL

A Alemanha tomou a medida con-trovertida de prometer desligar todosseus reatores nucleares até 2022, emfavor de outras fontes.

3 Es p a n h a7. 8 % DO TOTAL MUNDIAL

A Espanha importa a maior parte desua energia, embora eólica tenha se

tornado a maior fonte de geração deeletricidade no país. Os produtores es-panhóis estão construindo turbinas einstalando fazendas eólicas.

4 China7. 6% DO TOTAL MUNDIAL

A China é o maior consumidor deenergia e o segundo maior importadorde petróleo (a partir de 2009). O paístambém é líder global em investimentono setor de energia limpa, com metadedo dinheiro para a eólica.

5 B ra s i l5% DO TOTAL MUNDIAL

Reconhecido por sua produção debiocombustíveis, o Brasil busca maisdesenvolvimento no setor e quer polirsuas credenciais verdes através deapoio interno e atração de investimen-to estrangeiro em energia solar – alémde ter se comprometido em usar ener-gia solar em todos os 12 locais da Copado Mundo 2014.

o etanol brasileiro também é maisrentável que os de outras maté-rias-primas, como o de milho fa-bricado nos Estados Unidos.

As energias renováveis chama-ram a atenção do mundo após osalertas da Organização das naçõesUnidas (ONU) sobre o risco doefeito que já afeta muito o planeta.

Ao contrário dos combustíveisfósseis, o etanol é menos nocivo,

pois em sua composição não con-tém poluentes que são prejudiciaisà saúde e ao meio ambiente. Desdeo momento em que brota no cam-po, a cana-de-açúcar passa a ab-sorver a maior parte do gás carbô-nico utilizado na produção e con-sumo do etanol.

“A consciência ambiental é umatendência mundial e as energiasrenováveis são muito importantespara o desenvolvimento sustentá-ve l ”, mencionou o secretário esta-dual da Agricultura Enio Bergoli,lembrando que o Brasil está pres-tes a desenvolver o etanol de se-gunda geração, produzido a partirda celulose, um grande avançodesse mercado.

Foi unanimidade entre os parti-cipantes do evento o fato que a ci-vilização do petróleo terá que ce-der espaço a fontes renováveis deenergia. Isso reverte a tendênciaque dominou grande parte do sé-culo XX e reflete os incômodos doaquecimento global. Grandes po-tências como Índia, China, Esta-dos Unidos e União Européia semobilizam para inserir em suasmatrizes energéticas novas fontesde energia limpa.

elétrica. O funcionamento ocorreda seguinte maneira: em uma for-nalha o bagaço é queimado, en-quanto o vapor é produzido emuma caldeira.

O vinhoto, outro resíduo geradona produção de açúcar e etanol,que por muitos anos foi considera-do um grande vilão, é reaproveita-do como fertilizante nas lavouras.

As empresas precisam de maisrecursos para investir em tecnolo-gias e modernizar suas instalações.A redução da carga tributária, afir-mam os especialistas, é uma dasformas de auxiliar no desenvolvi-mento de pesquisas.

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