erros no preenchimento da planilha de custos de obras admitem o saneamento dessas falhas ou...

38
Erros no preenchimento da planilha de custos de obras admitem o saneamento dessas falhas ou determinam a imediata desclassificação das propostas? Autor: Ricardo Alexandre Sampaio Categoria: Engenharia , Licitação Tags: julgamento , obras de engenharia , planilha de preços , saneamento Ninguém duvida que as finalidades da licitação sejam “garantir a observância do princípio constitucional da isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a administração e a promoção do desenvolvimento nacional” (art. 3º, caput). Do mesmo modo, também não se discorda que, segundo os termos da própria Lei nº 8.666/93, “O procedimento licitatório previsto nesta lei caracteriza ato administrativo formal, seja ele praticado em qualquer esfera da Administração Pública” (art. 4º, par. un.). A questão que propomos é saber qual o limite para o formalismo exigido para o processamento da licitação e a partir de que ponto esse formalismo necessário excede a sua finalidade e impede a realização do objetivo da licitação de selecionar a proposta mais vantajosa para a administração? Vamos examinar a questão sob o enfoque do saneamento de vícios formais de propostas. De acordo com o art. 43, § 3º da Lei nº 8.666/93, “É facultada à Comissão ou autoridade superior, em qualquer fase da licitação, a promoção de diligência destinada a esclarecer ou a complementar a instrução do processo, vedada a inclusão posterior de documento ou informação que deveria constar originariamente da proposta”.

Upload: jefferson-bastos-de-oliveira

Post on 19-Jan-2016

269 views

Category:

Documents


1 download

TRANSCRIPT

Page 1: Erros No Preenchimento Da Planilha de Custos de Obras Admitem o Saneamento Dessas Falhas Ou Determinam a Imediata Desclassificação Das Propostas

Erros no preenchimento da planilha de custos de obras admitem o saneamento dessas falhas ou determinam a imediata desclassificação das propostas?

Autor: Ricardo Alexandre Sampaio

Categoria: Engenharia, Licitação

Tags: julgamento, obras de engenharia, planilha de preços, saneamento

 

Ninguém duvida que as finalidades da licitação sejam “garantir a observância do princípio constitucional da isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a administração e a promoção do desenvolvimento nacional” (art. 3º, caput).

Do mesmo modo, também não se discorda que, segundo os termos da própria Lei nº 8.666/93, “O procedimento licitatório previsto nesta lei caracteriza ato administrativo formal, seja ele praticado em qualquer esfera da Administração Pública” (art. 4º, par. un.).

A questão que propomos é saber qual o limite para o formalismo exigido para o processamento da licitação e a partir de que ponto esse formalismo necessário excede a sua finalidade e impede a realização do objetivo da licitação de selecionar a proposta mais vantajosa para a administração?

Vamos examinar a questão sob o enfoque do saneamento de vícios formais de propostas. De acordo com o art. 43, § 3º da Lei nº 8.666/93, “É facultada à Comissão ou autoridade superior, em qualquer fase da licitação, a promoção de diligência destinada a esclarecer ou a complementar a instrução do processo, vedada a inclusão posterior de documento ou informação que deveria constar originariamente da proposta”.

Pois então, qual o limite para a realização de diligências e esclarecimento ou complementação de informações das propostas em exame?

Em licitações para contratação de obras, imagine-se, por exemplo, que a licitante que cotou o menor preço global deixou

Page 2: Erros No Preenchimento Da Planilha de Custos de Obras Admitem o Saneamento Dessas Falhas Ou Determinam a Imediata Desclassificação Das Propostas

de indicar os preços unitários de alguns insumos, contrariando disposição explícita do edital que impunha essa obrigação. Seria possível admitir a correção da planilha de preços unitários, mantendo-se o valor global? Essa prática corresponderia ao saneamento de defeito meramente formal, nos limites da Lei nº 8.666/93? Ou configuraria a correção de vício material e, portanto, conduta vedada pela Lei nº 8.666/93?

Para fomentar o raciocínio, lembramos que, segundo a Instrução Normativa SLTI nº 02/08, “Quando a modalidade de licitação for pregão, a planilha de custos e formação de preços deverá ser entregue e analisada no momento da aceitação do lance vencedor, em que poderá ser ajustada, se possível, para refletir corretamente os custos envolvidos na contratação, desde que não haja majoração do preço proposto” (art. 24).

A mesma IN nº 02/08 também prevê que, “A análise da exeqüibilidade de preços nos serviços continuados com dedicação exclusiva da mão de obra do prestador deverá ser realizada com o auxílio da planilha de custos e formação de preços, a ser preenchida pelo licitante em relação à sua proposta final de preço” (Art. 29-A, caput). E nesse caso, “Erros no preenchimento da Planilha não são motivo suficiente para a desclassificação da proposta, quando a Planilha puder ser ajustada sem a necessidade de majoração do preço ofertado, e desde que se comprove que este é suficiente para arcar com todos os custos da contratação” (Art. 29-A, § 2º).

Seria possível argumentar que a IN nº 02/08 regulamenta apenas “contratação de serviços, continuados ou não, por órgãos ou entidades integrantes do Sistema de Serviços Gerais – SISG” (art. 1º), e que a situação proposta para exame neste post enfoca a contratação de uma obra.

Contudo, a Instrução Normativa nº 02/08 é um ato administrativo, dessa forma, sujeito aos limites da lei. Daí porque, se de acordo com a IN nº 02/08, erros no preenchimento da planilha não são motivo suficiente para a desclassificação da proposta, admitindo-se a sua correção sem a majoração do preço ofertado, deve-se concluir que, a princípio, esse procedimento atende aos limites do art. 43, § 3º da Lei nº 8.666/93. Pelo menos, até o presente momento, nenhum órgão

Page 3: Erros No Preenchimento Da Planilha de Custos de Obras Admitem o Saneamento Dessas Falhas Ou Determinam a Imediata Desclassificação Das Propostas

competente declarou a ilegalidade dos arts. 24 e 29-A, § 3º da IN nº 02/08.

Uma vez entendido que os arts. 24 e 29-A, § 3º da IN nº 02/08 se conformam aos limites legais, seria possível aplicar o procedimento de saneamento de vícios nas planilhas de formação de preços neles previstos para as licitações cujo objeto seja a contratação de uma obra?

Qual seria o prejuízo para a Administração em admitir que a licitante que cotou o menor valor global ajustasse os preços unitários de insumos indicados em sua planilha de preços que porventura não atendessem aos critérios de admissibilidade fixados no edital, sem a possibilidade de majoração do preço total ofertado? De igual sorte, se fosse assegurada a mesma possibilidade, qual o prejuízo para as demais licitantes, caso incidissem em condição similar?

 

Avalie >

Avaliação: 5.0/5 (3 votos)

Deixe o seu comentário!Nome (obrigatório):

E-mail (obrigatório, não será publicado):

Órgão/Empresa (não será publicado):

UF (não será publicado)

Page 4: Erros No Preenchimento Da Planilha de Custos de Obras Admitem o Saneamento Dessas Falhas Ou Determinam a Imediata Desclassificação Das Propostas

Ao enviar, concordo com os termos de uso do Blog da Zênite.

Enviar

50 ComentáriosDanielly disse:15 de março de 2012 às 16:52

Olá Ricardo,

Após ler esta sua matéria, e tomar conhecimento do art. 29-A, § 2º,

da IN SLTI nº 02/08, resolvi mais facilmente alguns casos concretos

de erros de planilha.

Entretanto, um caso concreto recente não foi possível de ser

resolvido com base nesse parágrafo. O caso foi o seguinte: a

empresa apresentou planilha de custos correta, sem nenhum erro,

mas esqueceu de somar alguns itens no valor final. Foi um erro

formal, mas que, se corrigido pelo pregoeiro, acarretaria em

aumento do valor global. Esse erro foi constatado antes da fase de

lances. A empresa se manifestou informando que realmente não

poderia manter o preço total sem os itens que não foram somados,

pois seria inexequível.

No meu entendimento, a empresa não deveria ser desclassificada,

pois foi um erro formal e não há nenhum prejuízo em corrigir a

proposta do fornecedor, somando os itens esquecidos e

aumentando o valor total. Qual a sua opinião?

O que achou?0 0 votos

 

Ricardo Alexandre Sampaio disse:16 de março de 2012 às 18:51

Page 5: Erros No Preenchimento Da Planilha de Custos de Obras Admitem o Saneamento Dessas Falhas Ou Determinam a Imediata Desclassificação Das Propostas

Olá Danielly,

Você disse que a falha na planilha (soma dos valores unitários

divergente do valor global), foi verificada antes da fase de lances.

Sendo a planilha de preços um instrumento para a verificação dos

valores ofertados, em se tratando de pregão, a planilha somente

deve ser exigida ao final da fase de lances, pois é nesse momento

em que os preços se tornam imutáveis e permitem a efetiva análise

de aceitabilidade e comparação.

Não por outra razão, o já citado art. 24 da IN nº 02/08 estabelece

que, “Quando a modalidade de licitação for pregão, a planilha de

custos e formação de preços deverá ser entregue e analisada no

momento da aceitação do lance vencedor (…)”

Em vista disso, entendo que não caberia a desclassificação da

proposta nesse momento, por conta de erro no somatório. Ademais,

a licitante poderia, inclusive, corrigir esse erro por meio do

oferecimento de lances.

Nesse mesmo sentido, foi a orientação da Primeira Câmara do TCU,

no Acórdão nº 934/2007:

“9.2. determinar ao (…) que, nos pregões que vier a realizar, não

adote procedimentos que ocasionem a desclassificação de

propostas antes da fase de lances, em decorrência da oferta de

valores acima do preço inicialmente orçado pela autarquia, como

no item 9.5 do Pregão Eletrônico nº 35/2006, uma vez que o exame

da compatibilidade de preços em relação ao total estimado para a

contratação deve ser realizado após o encerramento da referida

fase, consoante o art. 4º, incisos VII, VIII, IX e XI, da Lei nº

10.520/2002 e o art. 25 do Decreto nº 5.450/2005;”

Cordialmente,

Ricardo Sampaio

O que achou?0 0 votos

 

Adriana disse:13 de maio de 2012 às 21:40

Olá Ricardo,

Estou respondendo a um recurso em que o pregoeiro aceitou que a

empresa vencedora apresentasse nova planilha para corrigir erros

com fundamento no art. 29-A da IN 02. Procurei jurisprudências no

Page 6: Erros No Preenchimento Da Planilha de Custos de Obras Admitem o Saneamento Dessas Falhas Ou Determinam a Imediata Desclassificação Das Propostas

TCU mas não encontrei nada, somente seu comentário no blog.

Como vc vê essa questão? vc entende que a aceitação de nova

planilha macula a isonomia? Obrigada!

O que achou?0 0 votos

 

Ricardo Alexandre Sampaio disse:14 de maio de 2012 às 8:24

Olá Adriana,

Em se tratando de defeitos formais, que não alteram a essência da

proposta apresentada, entendo não existir qualquer vício no

saneamento das planilhas. Especialmente se assim previsto no

edital, pois dessa forma ficaria, desde logo, assegurado o mesmo

tratamento a todos os licitantes (vinculação ao instrumento

convocatório + isonomia). Não obstante, ainda que não previsto, se

a comissão de licitação ou o pregoeiro agirem com imparcialidade e

impessoalidade, a isonomia será preservada e, com o saneamento,

tornar-se-á possível a seleção da melhor oferta.

Sobre o assunto, seguem algumas referências que podem ser úteis:

Tribunal de Contas da União: Acórdão nº 4.621/2009 – Segunda

Câmara; Acórdão nº 2.836/2008 – Plenário; Decisão nº 577/2001 –

Plenário e Tribunal Regional Federal da 5ª Região:

AMS nº 2007.83.00.012783-3 – Terceira Turma

ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. LICITAÇÃO.

MODALIDADE PREGÃO. SICAF. QUALIFICAÇÃO TÉCNICA.

INEXIGÊNCIA EM FASE HABILITATÓRIA PARÁGRAFO ÚNICO DO ART.

13, DO DECRETO Nº 3.555/2000. PLANILHA MERAMENTE

INFORMATIVA. INEXEQUIBILIDADE DA PROPOSTA VENCEDORA.

AUSÊNCIA DE PROVA.

1 – Nos termos do edital, a habilitação jurídica, a regularidade fiscal

e a qualificação econômico-financeira, seriam comprovadas

mediante consulta on line no SICAF, não se exigindo, nessa fase,

qualificação técnica.

2 – Eventuais discrepâncias na Planilha de Preços não são

suficientes para desclassificar a empresa, pois se trata de peça

meramente informativa, já que eventuais diferenças podem ser

absorvidas na composição final da proposta de preços global.

3 – Não trouxe a parte impetrante provas quanto a inexequibilidade

da proposta vencedora.

Page 7: Erros No Preenchimento Da Planilha de Custos de Obras Admitem o Saneamento Dessas Falhas Ou Determinam a Imediata Desclassificação Das Propostas

4 – Apelação improvida.

(Relator: Marcelo Navarro; Data do Julgamento: 19/05/2011)

Cordialmente,

Ricardo Sampaio

O que achou?0 0 votos

 

Rafael disse:1 de junho de 2012 às 13:18

Olá Ricardo,

Com relação à qualificação técnica, em havendo erro no corpo do

atestado de capacidade técnica quanto à denominação do

consórcio, erro meramente formal, porém fique clara a participação

de determinada empresa integrante deste consórcio, poderá haver

fundamentação para inabilitar a empresa integrante deste

consórcio que utilia o atestado com o entendimento de que por

conter este erro o atestado não é válido?

O que achou?+1 1 voto

 

Ricardo Alexandre Sampaio disse:3 de junho de 2012 às 10:17

Prezado Rafael,

Se mesmo com o erro formal indicado, for possível identificar o

consórcio, bem como as empresas que o integram, a partir do

atestado apresentado, acredito que seria um excesso de

formalismo inabilitar essa licitante por conta da falha formal

registrada no documento.

Essa conclusão se forma na hipótese de o erro verificado ser de

índole formal, ou seja, afeta a forma do documento e não a

essência de seu conteúdo. Exemplo de erros dessa espécie são

erros de digitação.

Assim, se em que pese esse erro, o conteúdo do documento for

capaz de indicar, de forma clara a participação de determinada

empresa integrante deste consórcio, acredito que seria um excesso

de formalismo proceder a inabilitação da empresa integrante deste

consórcio que utiliza o atestado. Ainda mais se, junto do atestado

(com erro), for apresentado uma ART ou uma CAT expedida pelo

CREA competente, fazendo menção ao objeto constante do dito

Page 8: Erros No Preenchimento Da Planilha de Custos de Obras Admitem o Saneamento Dessas Falhas Ou Determinam a Imediata Desclassificação Das Propostas

atestado e confirmando suas informações.

O precedente do Superior Tribunal de Justiça abaixo indicado,

confirma a linha de entendimento ora apresentada:

MS nº 5.779/DF – Primeira Seção

Ementa

1. A interpretação das regras do edital de procedimento licitatório

não deve ser restritiva. Desde que não possibilitem qualquer

prejuízo à administração e aos interessados no certame, é de todo

conveniente que compareça à disputa o maior número possível de

interessados, para que a proposta mais vantajosa seja encontrada

em universo mais amplo.

2. O ordenamento jurídico regular da licitação não prestigia decisão

assumida pela Comissão de Licitação que inabilita concorrente com

base em circunstância impertinente ou irrelevante para o específico

objeto do contrato, fazendo exigência sem conteúdo de

repercussão para a configuração da habilitação jurídica,

qualificação técnica, da capacidade econômica financeira e da

regularidade fiscal.

(Relator: José Delgado; Data do Julgamento: 09/09/1998)

Cordialmente,

Ricardo Sampaio

O que achou?0 0 votos

 

EVERTON disse:11 de junho de 2012 às 13:21

Participamos de um processo licitatório do DMAE, no dia da

licitação ganhamos, mas quando na homologação fomos

desclassificados por causa de erros de elaboração da planilha, mas

com total final da planilha correto, não descriminamos o BDI que

seria 1,28, temos condições de recorrer neste processo.

O que achou?0 0 votos

 

Ricardo Alexandre Sampaio disse:11 de junho de 2012 às 16:43

Prezado Everton,

Atendidos os pressupostos recursais, cogito a possibilidade de

interposição de recurso administrativo com fundamento na tese

Page 9: Erros No Preenchimento Da Planilha de Custos de Obras Admitem o Saneamento Dessas Falhas Ou Determinam a Imediata Desclassificação Das Propostas

que indica o saneamento de vícios como o ora indicado. A

jurisprudência do STJ (formalismo mínimo) e do TCU pode auxiliar.

Desejo boa sorte.

Cordialmente,

Ricardo Sampaio

O que achou?0 0 votos

 

Aloisio Resende disse:19 de junho de 2012 às 20:15

Olá Ricardo;

Tenho uma pequena empresa de Construção Civil, então participei

de uma licitação, para contratação de empresa para troca de

telhado de uma escola estadual, valor da obra seria R$ 125.000,00

o preço máximo admitido, e a cotação de preço seria por menor

preço global.E aí aconteceu o seguinte ofertei um preço de R$

115.000,00 e a concorrente R$ 122.000,00. Fui declarado vencedor

e etc. mas dias depois alguem me ligou dizendo que eu fora

desclassificado porque tinham encontrado um erro na minha

planilha da seguinte forma num item que era de 100 metros o

preço deveria ser R$ 2,50 cada metro e total = R$ 250,00 mas foi

colocado R$ 250,00 cada metro e total R$ 250,00 não alterando o

valor total, mas se fosse feita a multiplicação 100 vezes 250,00 =

25.000,00 o que daria um total de 139.750,00 quase R$ 15.000,00

acima do preço máximo admitido, então me parece evidente que é

um legítimo ” MERO ERRO FORMAL” . E a outra empresa já está

trabalhando lá pelo preço dela e não me comunicaram formalmente

para que eu pudesse me defender , só me ligaram e já começaram

o serviço em seguida isso tá certo ou cabe uma ação judicial

pedindo indenização?

Ajuda aí .

Abraço

O que achou?0 0 votos

 

Kattia disse:19 de junho de 2012 às 21:29

Ricardo, gostaria de saber sua opinião no caso de uma TP para

contratação de obra, a empresa ter apresentado planilha de custos

Page 10: Erros No Preenchimento Da Planilha de Custos de Obras Admitem o Saneamento Dessas Falhas Ou Determinam a Imediata Desclassificação Das Propostas

correta, sem nenhum erro, mas por um erro na fórmula da planilha

fornecida pela Comissão de Licitação, um item não foi somado ao

valor final. Se for realizada a correção, o valor global da proposta

sofrerá alteração, porém ainda assim será menor q. o valor

ofertado pela segunda classificada que corrigiu o erro na planilha

para formulação da sua proposta. Devemos desclassificar a

proposta ou realizar a correção da planilha homologando o valor a

empresa que ofertou o menor preço?

Obs.: Não houve impugnação do edital nem questionamento pelas

empresas interessadas.

O que achou?0 0 votos

 

Ricardo Alexandre Sampaio disse:20 de junho de 2012 às 19:35

Prezado Aloisio Resende,

Segundo suas informações, não foi observado o direito ao recurso

administrativo, por ocasião da desclassificação da proposta de sua

empresa. Essa condição representa violação do direito à ampla

defesa e contraditório.

Além disso, apoiada em razões formais, a Administração

desclassificou sua oferta sem permitir o saneamento do vício, o que

conduziu a uma contratação mais onerosa.

Esses fatos demonstram haver irregularidades no processo, mas

que, por si só, não me permitem assegurar a liquidez de direito a

qualquer indenização, em que pese acreditar existirem

pressupostos que podem servir para ampara um pedido dessa

espécie.

Contudo, será preciso ajuizar ação de conhecimento e, se julgada

procedente, executar a sentença. Assim, o seu direito fica

pendente, como se vê, de um reconhecimento judicial.

Cordialmente,

Ricardo Sampaio

O que achou?0 0 votos

 

Ricardo Alexandre Sampaio disse:20 de junho de 2012 às 19:47

Page 11: Erros No Preenchimento Da Planilha de Custos de Obras Admitem o Saneamento Dessas Falhas Ou Determinam a Imediata Desclassificação Das Propostas

Kattia,

O fato de não ter ocorrido impugnação do edital nem

questionamento pelas empresas interessadas não faz com que uma

ilegalidade/irregularidade seja necessariamente convalidada.

Na situação em apreço, tenho a inclinação de entender que

havendo contradição entre o valor obtido a partir do somatório dos

valores unitários e o valor global, deve prevalecer o primeiro. Ou

seja, no caso de discordância entre os preços unitários e o total

resultante da soma, prevalecerão os primeiros, corrigindo-se o valor

global (soma).

Aplicada essa solução, seria possível corrigir o somatório do valor

indicado na proposta e mantê-la no certame, concorrendo com o

preço correto.

Cordialmente,

Ricardo Sampaio

O que achou?0 0 votos

 

Kattia disse:20 de junho de 2012 às 22:45

Não seria o caso de aplicar o entendimento já exarado pelo TCU no

Acórdão 3474/2006 no sentido de admitir a promoção de ajustes

nas planilhas de orçamento que apresentasse erros e/ou

inconsistências, desde que não houvesse majoração do preço

proposto?

O que achou?0 0 votos

 

Ricardo Alexandre Sampaio disse:21 de junho de 2012 às 18:54

Kattia,

Seria possível sim, pois o saneamento não foi regulamentado pelo

legislador.

Contudo, no caso em questão há um defeito na planilha que pode

ser atribuído à Administração e não ao licitante (a empresa ter

apresentado planilha de custos correta, sem nenhum erro, mas por

um erro na fórmula da planilha fornecida pela Comissão de

Licitação, um item não foi somado ao valor final), correto? Nesse

caso, se por ocasião do saneamento o licitante for obrigado a

Page 12: Erros No Preenchimento Da Planilha de Custos de Obras Admitem o Saneamento Dessas Falhas Ou Determinam a Imediata Desclassificação Das Propostas

manter o preço final, esse erro lhe prejudicaria.

Cordialmente,

Ricardo Sampaio

O que achou?0 0 votos

 

leandro disse:3 de julho de 2012 às 22:36

Ricardo, gostaria de esclarecer uma duvida.. É certo que erros na

planilha de custos poderão ser corrigidos caso não haja majoração

da proposta.. Porém, ao analisar uma planilha, foi verificado que a

licitante que a enviou, colocou uma margem de lucro quase 0,

inexequivel, e apresentou alguns erros que ao corrigir, irá aumentar

o valor final da proposta. minha duvida é, posso entao inabilitar

esta empresa pois sua planilha, mesmo apos correção nao

apresentará o valor “ganho!!! .. A empresa deve reconhecer o valor

errado e desistir??

O que achou?0 0 votos

 

Ricardo Alexandre Sampaio disse:4 de julho de 2012 às 11:50

Caro Leandro,

Caso a empresa não consiga sanear os erros verificados na

composição inicial da planilha de custos, sem majorar o preço, não

restará alternativa senão a desclassificação de sua proposta. Mas

essa decisão somente pode ser tomada pelo pregoeiro ou pela

comissão de licitação, conforme a modalidade de licitação, depois

de facultada a oportunidade de a empresa sanear os aludidos

vícios.

De acordo com a Súmula nº 262, do TCU, “O critério definido no art.

48, inciso II, § 1º, alíneas “a” e “b”, da Lei nº 8.666/93 conduz a

uma presunção relativa de inexequibilidade de preços, devendo a

Administração dar à licitante a oportunidade de demonstrar a

exequibilidade da sua proposta”.

O mesmo raciocínio vale para situações em que a aferição da

exequibilidade não se dado pela aplicação do art. 48 da Lei nº

8.666/93.

Assim, recomendo você conceder a oportunidade de a empresa

Page 13: Erros No Preenchimento Da Planilha de Custos de Obras Admitem o Saneamento Dessas Falhas Ou Determinam a Imediata Desclassificação Das Propostas

demonstrar a exequibilidade da sua proposta, o que exigirá a

correção dos vícios e manutenção do preço ofertado, antes de

proceder a desclassificação de sua oferta.

Cordialmente,

Ricardo Sampaio

O que achou?0 0 votos

 

Cassia disse:30 de agosto de 2012 às 12:07

Olá Ricardo,

Faço parte de um Comissão e estamos tendo que julgar pedidos de

desclassificação ofertado por duas empresas participantes do

processo de obra de engenharia – onde 4 firmas participaram. As

firmas alegaram erros de planílhas , que fora confirmadas após

análise do Engenheiro desta prefeitura.

a 1ª colocada – apresentou planilha Composição de BDI, com

percentual “COFINS de 2.0 %, sendo que o correto é 3,0 %,

comprometendo na formação dos preços unitários, e

conseqüentemente no valor total da proposta. E agindo assim,

descumpriu uma exigência do edital.

A 2ª colocada – No item CABO DE COBRE NÚ 50 MM2, a mesma não

apresentou o insumo correto pra a execução do serviço, que é

CABO DE COBRE NÚ 10 MM2.

A 3ª colocada – apresentou valores de alguns item no Quadro de

composição diferente nas composições de custos. E foi observado

também:

• que não foi incluído um item (BETONEIRA), equipamento padrão

para execução do serviços, como pedia o item (VERGA 10X10 CM

EM CONCRETO PRÉ – MOLDADO FCK=20 MPA (PREPARO COM

BETONEIRA) AÇO CA60, BITOLA FINA, INCLUISIVE FORMAS TABUA

3ª) influenciando diretamente no valor total da obra.

• Falta de insumo em alguns itens como areia;

Não foi encontrado erros na 4ª colocada, o que esta Comissão tem

que fazer? aceitar os argumentos das firmas acima mencionadas,

desclassificando suas propostas? Ou pedir correção das planilhas, e

classificar a de menor preço, mesmo que com erros? Por favor

ajude-nos

Page 14: Erros No Preenchimento Da Planilha de Custos de Obras Admitem o Saneamento Dessas Falhas Ou Determinam a Imediata Desclassificação Das Propostas

O que achou?0 0 votos

 

CICERO PEDRO disse:18 de setembro de 2012 às 11:36

Pode pregoeiro desclassificar uma proposta nossa mas vantajosa,

por estarmos area de esquadria interna , fachada envidadraçada

acima da portaria 39 que se trata de limite de area, não dando o

direito de ajusta sem aumento do valor oferecido.

O que achou?0 0 votos

 

CICERO PEDRO disse:18 de setembro de 2012 às 11:51

CARO RICARDO ALEXANDRE

NA AREÁ EXTERNA ESTÁ ABAIXO DA PORTARIA 39, MAS ESTAMOS

JUSTIFICANDO COM EQUIPAMENTO O QUE NOS DA DIREITO ….IN 02

PORTARIA ART 7.

SOLICITO AJUDA PARA PODERMOS ENTRAR COM RECURSO, A

PROPOSTA QUE ESTAR SENDO ACEITA ESTAR COM VALOR DE R$

4500,00 MENSAL..

AGRADEÇO,

CICERO PEDRO

O que achou?0 0 votos

 

Ricardo Alexandre Sampaio disse:18 de setembro de 2012 às 14:30

Caro Cicero Pedro,

No caso, tudo leva crer ser possível o pregoeiro permitir ao licitante

sanear o defeito no preço, por meio da sua redução. É nesse

sentido que se formam, por exemplo, as disposições da IN SLTI nº

02/08:

IN nº02/08

Art. 24. Quando a modalidade de licitação for pregão, a planilha de

custos e formação de preços deverá ser entregue e analisada no

momento da aceitação do lance vencedor, em que poderá ser

ajustada, se possível, para refletir corretamente os custos

envolvidos na contratação, desde que não haja majoração do preço

Page 15: Erros No Preenchimento Da Planilha de Custos de Obras Admitem o Saneamento Dessas Falhas Ou Determinam a Imediata Desclassificação Das Propostas

proposto. (Redação dada pela IN nº 3, SLTI/MPOG, de 15.10.2009)

(…)

Art. 29-A. (…) (Artigo incluído pela IN nº 3, SLTI/MPOG, de

15.10.2009)

§ 2º Erros no preenchimento da Planilha não são motivo suficiente

para a desclassificação da proposta, quando a Planilha puder ser

ajustada sem a necessidade de majoração do preço ofertado, e

desde que se comprove que este é suficiente para arcar com todos

os custos da contratação. (Grifo nosso)

Na análise da exequibilidade, a planilha poderá ser corrigida, desde

que:

O preço global seja exequível (suficiente para arcar com todos os

custos da contratação);

Não haja majoração do preço global ofertado.

Sobre o assunto, seguem alguns precedentes do Tribunal de Contas

da União:

Tribunal de Contas da União

Decisão nº 577/2001 – Plenário

Relatório

b) o mecanismo de convalidação previsto no edital é, a nosso ver,

admissível. Não há modificação dos valores globais da proposta,

sempre respeitados, em qualquer hipótese. Ocorre que esse valor

vem acompanhado de sua memória de cálculo, ou seja da planilha

demonstrativa dos componentes do custo, entre os quais alguns

que decorrem de lei e de acordos coletivos. Evidentemente espera-

se não haver diferenças entre a informação posta na planilha e

aquela exigida pela lei ou pelo acordo. Mas, e se houver? Só há

duas alternativas, cuja validade cabe discutir:

1ª) acata-se a proposta, mas o proponente tem que suportar o ônus

do seu erro (que resulta em uma oferta menos competitiva, se o

valor informado for maior que o exigido, ou em uma redução da

margem de lucro inicialmente esperada, na situação inversa); ou

2ª) desclassifica-se a proposta sumariamente, o que não deixa de

ser uma medida drástica, se considerarmos que a licitação não é

um fim em si mesma, mas meio para a Administração selecionar a

oferta que lhe for mais vantajosa, dentro dos limites de atuação

estabelecidos pelo legislador.

Dentre essas alternativas, a SAA optou pela primeira: mantém a

Page 16: Erros No Preenchimento Da Planilha de Custos de Obras Admitem o Saneamento Dessas Falhas Ou Determinam a Imediata Desclassificação Das Propostas

proposta, se verificar que, mesmo com a diminuição do lucro, a

oferta ainda é exeqüível. Essa decisão nos parece válida, já que: 1º)

o proponente continuará sujeito a cumprir a lei e os acordos

firmados; sua declaração contida na planilha não tem a faculdade

de afastar a incidência dessas obrigações; 2º) os valores globais

propostos não poderão ser modificados; a proposta obriga o

proponente, a quem cabe assumir as conseqüências de seus atos; e

3º) o procedimento previsto não fere a isonomia entre os licitantes:

todos estarão sujeitos à mesma regra previamente estipulada no

edital.

(…)

32. Assim sendo, os questionamentos relativos às regras de uso da

planilha de formação de preços também nos parecem

improcedentes.

(…)

Decisão

O Tribunal Pleno, diante das razões expostas pelo Relator, DECIDE:

(…)

8.1 – conhecer da Representação, formulada nos termos do art.

113, § 1º, da Lei nº 8.666/93, para, no mérito, considerá-la

improcedente;

(Relator: Iram Saraiva; Data do Julgamento: 15/08/2001)

Tribunal de Contas da União

Acórdão nº 4.621/2009 – Segunda Câmara

Voto

Releva ainda saber o procedimento a ser adotado quando a

Administração constata que há evidente equívoco em um ou mais

dos itens indicados pelas licitantes.

Não penso que o procedimento seja simplesmente desclassificar o

licitante. Penso sim que deva ser avaliado o impacto financeiro da

ocorrência e verificar se a proposta, mesmo com a falha,

continuaria a preencher os requisitos da legislação que rege as

licitações públicas – preços exeqüíveis e compatíveis com os de

mercado.

Exemplifico. Digamos que no quesito férias legais, em evidente

desacerto com as normas trabalhistas, uma licitante aponha o

porcentual de zero por cento. Entretanto, avaliando-se a margem

de lucro da empresa, verifica-se que poderia haver uma diminuição

Page 17: Erros No Preenchimento Da Planilha de Custos de Obras Admitem o Saneamento Dessas Falhas Ou Determinam a Imediata Desclassificação Das Propostas

dessa margem para cobrir os custos de férias e ainda garantir-se a

exeqüibilidade da proposta.

Em tendo apresentado essa licitante o menor preço, parece-me que

ofenderia os princípios da razoabilidade e da economicidade

desclassificar a proposta mais vantajosa e exeqüível por um erro

que, além de poder ser caracterizado como formal, também não

prejudicou a análise do preço global de acordo com as normas

pertinentes.

Afirmo que a falha pode ser considerada um erro formal porque a

sua ocorrência não teria trazido nenhuma conseqüência prática

sobre o andamento da licitação. Primeiro, porque não se pode falar

em qualquer benefício para a licitante, pois o que interessa tanto

para ela quanto para a Administração é o preço global contratado.

Nesse sentido, bastaria observar que a licitante poderia ter

preenchido corretamente o campo férias e de forma

correspondente ter ajustado o lucro proposto de forma a se obter o

mesmo valor global da proposta. Segundo, porque o caráter

instrumental da planilha de custos não foi prejudicado, pois a

Administração pôde dela se utilizar para avaliar o preço proposto

sob os vários aspectos legais.

Em suma, penso que seria um formalismo exacerbado

desclassificar uma empresa em tal situação, além de caracterizar a

prática de ato antieconômico. Rememoro ainda que a obrigação da

contratada em pagar os devidos encargos trabalhistas advém da

norma legal (art. 71 da Lei 8.666/93), pouco importando para tanto

o indicado na planilha de custos anexa aos editais de licitação.

Raciocínio idêntico aplica-se quando a cotação de item da planilha

apresenta valor maior do que o esperado. Ora, o efeito prático de

tal erro, mantendo-se o mesmo preço global, seria que o lucro

indicado na proposta deveria ser acrescido do equivalente

financeiro à redução de valor do referido item da planilha.

Da mesma forma, na linha do antes exposto, em sendo essa

proposta a mais vantajosa economicamente para a Administração e

ainda compatível com os preços de mercado, não vislumbro

motivos para desclassificá-la.

(…)

Dessa forma, concluindo o raciocínio, entendo que eventuais falhas

constantes das planilhas de custos unitários indicativos dos custos

Page 18: Erros No Preenchimento Da Planilha de Custos de Obras Admitem o Saneamento Dessas Falhas Ou Determinam a Imediata Desclassificação Das Propostas

de formação de obra terceirizada devem ser adequadamente

sopesadas de acordo com os objetivos instrumentais dessa

planilha, de forma a não serem desclassificadas propostas mais

vantajosas para a Administração e cujos preços atendam aos

requisitos legais.

Destaco que, até mesmo em situações em que se verifica itens

unitários com sobrepreço, em se constatando a razoabilidade do

preço global não se fala em prejuízos para a Administração. A

respeito, trago à baila o voto condutor do Acórdão 159/2003-

Plenário:

(Relator: Benjamin Zymler; Data do Julgamento: 01/09/2009)

Tribunal de Contas da União

Acórdão nº 2.371/2009 – Plenário

Acórdão

9.3. determinar (…) que:

9.3.1 em futuros procedimentos licitatórios, abstenha-se, na fase de

julgamento das propostas, de considerar erros ou omissões no

preenchimento da planilha de custos e formação de preços prevista

como critério de desclassificação de licitantes, por contrariar o

artigo 3º da Lei nº 8.666/93 e a jurisprudência deste Tribunal

(Acórdãos nº 2.104/2004, 1.791/2006 e 1.179/2008, todos Plenário,

e Acórdão nº 4.621/2009, da 2ª Câmara);

(Relator: Benjamin Zymler; Data do Julgamento: 07/10/2009)

Cordialmente,

Ricardo Sampaio

O que achou?0 0 votos

 

Marco Aurélio disse:19 de outubro de 2012 às 14:36

Olá Ricardo, boa tarde!

Gostaria de tirar uma dúvida. Seria possivel após a abertura da

proposta todos os licitantes corrigirem suas propostas para se

adequar ao valor orcado pela administração? Esta hipotese em caso

de Concorrência.

Obrigado

O que achou?

Page 19: Erros No Preenchimento Da Planilha de Custos de Obras Admitem o Saneamento Dessas Falhas Ou Determinam a Imediata Desclassificação Das Propostas

0 0 votos

 

Ricardo Alexandre Sampaio disse:19 de outubro de 2012 às 16:55

Caro Marco Aurélio,

Se todas as propostas forem desclassificadas, por estarem

superiores ao valor orçado/máximo definido pela Administração,

seria possível aplicar a faculdade contida no § 3º, do art. 48, da Lei

nº 8.666/93, que confere o prazo de 8 dias úteis para a

apresentação de novas propostas escoimadas dos vícios das ofertas

originais.

Cordialmente,

Ricardo Sampaio

O que achou?0 0 votos

 

Eduardo Zimiani disse:13 de novembro de 2012 às 11:23

Ricardo, bom dia!

Na situação em que, a empresa, participante de uma licitação na

modalidade – Concorrência Pública, prevê em sua planilha de

preços no campo “Valor Unitário” um valor superior àquele previsto

no Edital, tratar-se de erro formal ou material ?

Nesta mesma licitação, uma empresa foi desclassificada por conter

em sua planilha de preços marcas inexistentes dos produtos

discriminados, bem como por informar em sua planilha aliquota do

ISS superior a praticada no munípicio onde serão realizadas as

obras de engenharia. Contudo, no parecer jurídico restou

consignado que na manifestação do engenheiro que compõe a

equipe de obras constatou que na Planilha de Preços da Recorrente

também continha erros, objeto da pergunta inicialmente

apresentada. A decisão da autoridade superior considerou que o

valor unitário apresentado a maior na planilha de preços

considerando o valor unitário previsto no edital é de erro formal,

autorizando, inclusive, que o mesmo deve ser retificado.

Ora, trata-se de um item em que a quantidade corresponde a 5.514

unidades, o que leva a crer que qualquer alteração do valor unitária

Page 20: Erros No Preenchimento Da Planilha de Custos de Obras Admitem o Saneamento Dessas Falhas Ou Determinam a Imediata Desclassificação Das Propostas

poderá alterar consideravelmente o valor global da proposta

apresentada.

Portanto, a meu ver, trata-se de erro material, porém, gostaria de

ler vossa opinião sobre o caso apresentado.

Desde já, agradeço.

att.

O que achou?0 0 votos

 

Ricardo Alexandre Sampaio disse:17 de novembro de 2012 às 10:19

Prezado Eduardo Zimiani ,

Na primeira situação descrita, entendo que a licitante possui a

possibilidade de sanear o defeito do valor unitário ofertado a maior.

O fundamento para tanto reside no fato de a disputa se estabelecer

com base no valor global, servindo a planilha para justificar esse

valor. Assim, mantido o valor global, a planilha assume condição

acessória, pois não influencia na disputa.

Por essa razão, parece-me que andou bem a decisão da autoridade

ao autorizar a retificação desse defeito.

Quanto ao último ponto, o fato de a quantidade do item cotado a

maior ser expressiva e uma eventual redução de seu valor unitário

permitir uma redução do valor global, não me parece determinante

para desclassificar essa oferta. Lembre que a licitação foi

processada pelo menor valor global e essa proposta cotou o menor

preço.

Ademais, desde logo a licitante poderia ter cotado o valor unitário

correto e mantido o valor global. Nesse caso, seu lucro seria maior

e, nem por isso, a Administração desclassificaria sua proposta.

Quanto a empresa que cotou bens inexistentes, entendo que deva

ter sua proposta desclassificada, haja vista ter cotado proposta

impossível de ser executada. Nesse caso, o defeito fulmina o

elemento principal da oferta, seu objeto.

Cordialmente,

Ricardo Sampaio

O que achou?0 0 votos

Page 21: Erros No Preenchimento Da Planilha de Custos de Obras Admitem o Saneamento Dessas Falhas Ou Determinam a Imediata Desclassificação Das Propostas

 

MARCOS GRANZOTTI disse:17 de novembro de 2012 às 15:42

OLÁ RICARDO SAMPAIO!

UMA DUVIDA MINHA, É CORRETO OS EDITAIS SOLICITAR DA

EMPRESA QUE VAI PARTICIPAR DO CERTAME A APRESENTAÇÃO DE

PLANILHA DE COMPOSIÇÃO E PLANILHA DE COTAÇÃO?

POIS SE TEMOS O SINAPI O POR QUE DESTA SOLICITAÇÃO? A

RESPONSABILIDADE DE MONTAR A COMPOSIÇÃO E COTAÇÃO E

FAZER A PLANILHA ORÇAMENTARIA É DO ORGÃO QUE VAI LICITAR?

O que achou?0 0 votos

 

Ricardo Alexandre Sampaio disse:18 de novembro de 2012 às 19:39

Prezado Marcos,

O SINAPI deve ser utilizado pela Administração por ocasião da

elaboração do valor estimado da futura contratação. Por sua vez, as

empresas licitantes devem apresentar suas propostas com

detalhamento dos preços cotados. A Lei nº 8.666/93 exige a

apresentação de planilha de custos nessas contratações. As

empresas licitantes deverão observar os preços máximos fixados

pelo SINAPI na elaboração de suas planilhas.

Lembre-se que, mesmo nas contratações de obras pelo menor valor

global, o TCU exige a fixação de valores máximos unitários e global.

O SINAPI indica o valor máximo, ficando cada licitante livre para

cotar valores inferiores. Além disso, de acordo com a LDO, a

diferença percentual entre o valor cotado pela licitante e o valor do

SINAPI deverá ser mantinda por ocasião de eventuais aditivos.

Cordialmente,

Ricardo Sampaio

O que achou?0 0 votos

 

junior disse:3 de dezembro de 2012 às 0:14

Ola Ricardo , estou respondendo a um recurso onde tenho duas

problemáticas

1- a Ata do licitação saiu com outro CNPJ , a comissão colocou o

nome da empresa e um CNPJ de uma com o nome parecido

Page 22: Erros No Preenchimento Da Planilha de Custos de Obras Admitem o Saneamento Dessas Falhas Ou Determinam a Imediata Desclassificação Das Propostas

2- a proposta apresentou o preço de cada item sem descriminar o

valor de composição somente o final.

O que achou?0 0 votos

 

alvaro medeiros filho disse:4 de dezembro de 2012 às 12:27

As consultas e respostas divulgadas são verdadeiras oficinas –

gostei!!!

O que achou?0 0 votos

 

alvaro medeiros filho disse:4 de dezembro de 2012 às 13:02

Caro Ricardo,

Em uma Concorrência de obras por preço global, após a

oportunidade de apresentação de novas propostas, verificamos :

A) 1ª Classificada apresentou três erros considerados: 1)

quantitativo de serviços em um dos itens da planilha inferior ao

solicitado; 2) Preço Unitário superfaturado em um dos itens da

planilha; 3) inclusão de IR e Contribuição Social no BDI, embora não

tivesse sido recomendado no edital.

B) 2ª Classificada apresentou em três itens da planilha valores

considerados inexequíveis (abaixo de 70% do valor orçado pela

Administração).

OBS.: embora haja previsão no edital, texto abaixo, para

saneamento das propostas, decidimos pela Desclassificação de

ambas .

7.11 A EXIGÊNCIA de apresentação da proposta comercial na

Planilha Orçamentária (Anexo I – PO) nas versões impressa e

eletrônica (formato Excel) previamente preparada pela

Administração, tem o objetivo de agilizar os trabalhos da

elaboração e o seu julgamento. Será levada em consideração que

eventuais divergências apuradas, poderão ser avaliadas e, se

necessário, corrigidas pela CPL junto ao DEA da Instituição, a fim de

que todas as propostas apresentadas refiram-se à execução dos

mesmos serviços, de modo a permitir a comparação e julgamento

isonômico.

Pergunta: A decisão da Comissão foi correta?

Page 23: Erros No Preenchimento Da Planilha de Custos de Obras Admitem o Saneamento Dessas Falhas Ou Determinam a Imediata Desclassificação Das Propostas

O que achou?0 0 votos

 

Ricardo Alexandre Sampaio disse:4 de dezembro de 2012 às 18:20

Prezado Alvaro Medeiros Filho,

De acordo com a previsão editalícia, “eventuais divergências

apuradas, poderão ser avaliadas e, se necessário, corrigidas pela

CPL junto ao DEA da Instituição, a fim de que todas as propostas

apresentadas refiram-se à execução dos mesmos serviços, de

modo a permitir a comparação e julgamento isonômico”.

No caso relatado, as divergências não poderiam, a princípio, ser

saneadas pela própria CPL, pois versam sobre preços ofertados

pelas licitantes (Licitante A – 2) Preço Unitário superfaturado em um

dos itens da planilha; Licitante B – três itens da planilha valores

considerados inexequíveis).

Assim, não me parece possível concluir que a condita da CPL esteja

equivocada.

Neste caso, ao que tudo indica, a Administração já havia, inclusive,

concedido a faculdade do art. 48, § 3º, da Lei nº 8.666/93, para que

as licitantes ofertassem propostas isentas de vícios, o que não se

verificou com a entrega das novas propostas.

A Lei nº 8.666/93 não limita a aplicação da faculdade prevista no

seu art. 48, § 3º a apenas uma vez. Em verdade, cabe à autoridade

responsável pelo procedimento decidir pela conveniência e

oportunidade em torno da aplicação dessa medida.

Cordialmente,

Ricardo Sampaio

O que achou?0 0 votos

 

André Masioli disse:18 de dezembro de 2012 às 13:06

Caro Ricardo,

Minha empresa foi vencedora de uma licitação, porém, foi feita

diligencias pela Comissão, uma vez que declaramos lucro

presumido e o BDI foi feito com base em lucro real, após diligências

corrigimos o problema de modo a ter uma margem de lucro menor.

Assim, para não alterar o preço global, modificamos a composição

de preços unitários, com majoração no coeficiente de mão de obra,

Page 24: Erros No Preenchimento Da Planilha de Custos de Obras Admitem o Saneamento Dessas Falhas Ou Determinam a Imediata Desclassificação Das Propostas

o que possibilitou que o preço global fosse mantido. O

procedimento que fizemos não foi correto? Pois fomos

desclassificados sob essa fundamentação: que apesar de corrigir o

BDI a majoração da mão de obra não poderia ocorrer.

O que achou?0 0 votos

 

Ricardo Alexandre Sampaio disse:19 de dezembro de 2012 às 15:04

Prezado André,

Não tenho dados para analisar o caso e uma resposta precisa assim

demandaria. Todavia, a majoração do item coeficiente de mão de

obvra pode não ter sido aceita por elevar o valor desse item além

do aceitável. Além disso, pode-se cogitar que a Administração não

admita a tese de que, mantido o valor global, admite-se alteração

dos valores unitários.

Cordialmente,

Ricardo Sampaio

O que achou?0 0 votos

 

Isabel Garcia disse:4 de janeiro de 2013 às 15:07

Boa tarde Ricardo, tenho uma dúvida quanto a interpretação do art.

29-a da IN 02/08, o que se entende por ajuste que pode ser

efetuado sem majoração do preço ofertado, esse preço ofertado,

seria o valor global do contrato somado todas as linhas de serviços

contratados. Veja um exemplo, se eu tenho 3 serviços licitados, um

de baixa complexidade, como serviço de boy, outro de media

complexidade, que exija nivel médio e outra de alta complexidade

que exija nivel superior e o licitante oferta o mesmo valor de hora

de serviço para os 3 casos, é possível ele reformular sua consulta,

adequando esses valores sem que altere o valor final do contrato

para os 3 serviços.

Eu sinceramente não entendo adequado, mas não consigo

visualizar um outro exemplo para a questão exposta no art. 29-a da

IN 02/08. Gostaria, portanto, da sua opinião.

muito obrigada.

O que achou?

Page 25: Erros No Preenchimento Da Planilha de Custos de Obras Admitem o Saneamento Dessas Falhas Ou Determinam a Imediata Desclassificação Das Propostas

0 0 votos

 

Ricardo Alexandre Sampaio disse:14 de janeiro de 2013 às 9:50

Olá Isabel Garcia,

O § 2º do art. 29-A, da IN nº 02/08, permite a correção de erros no

preenchimento da Planilha, quando esta “puder ser ajustada sem a

necessidade de majoração do preço ofertado”.

Em licitações cujo objeto seja formado por diversos itens (item

a:posto de baixa complexidade, item b: posto de média

complexidade que exija nível médio e item c: posto de alta

complexidade que exija nível superior), ainda que o julgamento se

dê pelo menor valor global, a licitante deve apresentar uma

planilha para cada item.

Imagine, por exemplo, que a licitante cometeu um erro na planilha

de custos e formação de preço do item b.

A meu ver, uma primeira interpretação para o art. 29-A, § 2º, da IN

nº 02/08, permitiria a correção desse erro, desde que inalterados os

valores dos demais itens (a e c), bem como o valor global proposto.

Uma segunda interpretação, mais “liberal”, permitir a correção do

erro com alterações nos valores unitários dos demais itens,

exigindo-se a manutenção apenas do valor global proposto.

Em que pese as duas soluções sejam plausíveis, particularmente,

inclino-me pela primeira, pois impede eventual jogo de planilhas.

Cordialmente,

Ricardo Sampaio

O que achou?0 0 votos

 

Maria Aparecida Silva Nassau disse:5 de março de 2013 às 10:00

Prezado Ricardo,

Estou realizando um Pregão para contratação de serviços

continuados de mão de obra (limpeza, motorista,recepção, etc),

sendo 11 itens. Trata-se de Registro de Peços com julgamento por

preço global. O edital pede que todas as planilhas sejam

apresentadas separadas. Uma licitante fora desclassificada por não

incluir no posto de motorista toda a estimativa de diárias solicitadas

no edital. Ela colocou o valor referente a apenas 1 mês quando

Page 26: Erros No Preenchimento Da Planilha de Custos de Obras Admitem o Saneamento Dessas Falhas Ou Determinam a Imediata Desclassificação Das Propostas

deveria ser anual. Para sanar esse erro a mesma retirou valores

significativos dos outros postos para que conseguisse aumentar no

posto de motorista e cobrir o estimado. Não aceitamos e

desclassificamos. Ela entrou com recurso e disse cobrir os

eventuais prejuízos que tivesse com os outros postos e que desde

que o valor global não fosse aumentado essa prática seria

permitida. Onde encontro embasamento para tal decisão.

Obrigada.

O que achou?0 0 votos

 

Ricardo Alexandre Sampaio disse:12 de março de 2013 às 15:20

Cara Maria Aparecida Silva Nassau,

Entendo não ser possível aceitar a argumentação da licitante, pois

o edital exige a apresentação de planilhas para cada um dos itens.

Isso significa que as 11 planilhas devem ser avaliadas e julgadas

exequíveis.

A situação ainda se agrava considerando tratar-se de registro de

preços, em que a Administração pode contratar mais postos de

motoristas e menos postos de outras atividades, tornando inviável

a execução.

Cordialmente,

Ricardo Sampaio

O que achou?0 0 votos

 

Adriano disse:15 de abril de 2013 às 23:33

Olá, Ricardo.

Numa licitação objetivando o registro de preços para serviços de

portaria e vigilância patrimonial do tipo menor preço por lote, foi

imposta regra editalicia que o licitante de menor lance obtido tinha

o dever de comprovar através de planilha de formação de custos no

ato da sessão, fato esse que alguns licitantes não apresentaram

tendo seu preço incaceitável. Das nove empresas participantes

para o lote de portaria, as 3 selecionadas para a disputa de lances

não apresentaram planilha. A quarta apresentou planilha, mas não

tinha menção que poderia ser adequado se houvesse negociação.

Page 27: Erros No Preenchimento Da Planilha de Custos de Obras Admitem o Saneamento Dessas Falhas Ou Determinam a Imediata Desclassificação Das Propostas

Esclarecendo ainda que não houve disputa de lances, pois as três

selecionadas antes de dar inicio ao lance informou que não portava

as referidas planilhas. No seu entendimento a planilha deveria ser

apresentado apenas pela licitante provisioramente classificada em

1º lugar para apurar a exequibilidade? Houve manifestação de

recurso pois essas empresas não apresentaram as planilhas. No

caso em questão o pregoeiro agiu certo em não considerar o preço

por não ter apresentado planilha?

Outra questão esta relacionado com uma empresa que entendemos

não ser do simples nacional e estava dentro do cinco porcento da

4ª colocada e apresentou planilha com preço mais baixo que a

quarta, porém o pregoeiro junto com equipe ténica desclassificou

sua planilha por entender não ser mais do simples nacional

alegando que o serviço contratado é cessão de mão de obra e se

enquadra na vedação do art. 17 da LC 123/2006. No seu entender o

pregoeiro agiu corretamente em desclassificar a planilha por

entender não ser do simples nacional?

O que achou?0 0 votos

 

Ricardo Alexandre Sampaio disse:17 de abril de 2013 às 19:24

Prezado Adriano,

Em licitações para contratação de prestação de serviços cuja

exequibilidade do preço seja demonstrada a partir de planilhas de

custos e formação de preços, a Administração somente deve exigir

a apresentação da planilha do licitante provisoriamente classificado

em primeiro lugar, ao final da fase de lances. Isso significa que,

encerrada a fase de lances e aplicado o direito de preferência das

microempresas e empresas de pequeno porte, o pregoeiro deve

conceder ao licitante provisoriamente classificado em primeiro

lugar, o prazo previsto no edital para adequação de sua planilha de

custos e formação de preços ao menor valor por ele ofertado.

Apenas o o licitante provisoriamente classificado em primeiro lugar

deve apresentar essa planilha e, ainda, ao final da fase de lances.

Sobre o segundo questionamento, se o objeto contratual envolver

cessão de mão de obra, entende-se adequado permitir a

participação na licitação de empresas previamente inscritas no

Page 28: Erros No Preenchimento Da Planilha de Custos de Obras Admitem o Saneamento Dessas Falhas Ou Determinam a Imediata Desclassificação Das Propostas

Simples Nacional, devendo o edital trazer cláusula informando a

necessidade de a vencedora, se empresa nessa condição, promover

sua exclusão obrigatória desse regime tributário, a contar do mês

seguinte ao da contratação. Além disso, na formação do preço na

licitação, a empresa não poder se valer da condição diferenciada

propiciada pelo Simples Nacional.

Cordialmente,

Ricardo Sampaio

O que achou?0 0 votos

 

Maristela disse:17 de maio de 2013 às 17:27

Ricardo,

Em uma licitação para realização de serviços de engenharia em que

o edital prevê a necessidade da planilha indicar os preços unitários

dos insumos e os preços unitários referentes à mão-de-obra de

cada item, foram constatadas as seguintes situações:

a) Um licitante apresentou em sua planilha apenas os preços

unitários dos insumos, sem indicar os valores referentes à mão-de-

obra. Ocorre que é possível inferir dos preços unitários

apresentados que o licitante agrupou no mesmo item os valores

unitários e os valores referentes à mão-de-obra;

b) Na mesma licitação, outro licitante deixou de apresentar os

preços unitários para alguns itens. Entretanto, considerando os

quantitativos e os valores totais, é possível chegar aos valores

unitários dos itens.

É possível realizar diligência junto ao licitante, no primeiro caso, a

fim de que ele corrija sua planilha, separando os valores de cada

item referentes aos custos dos insumos e da mão-de-obra,

considerando que o valor global não será alterado? É possível que a

própria Comissão de Licitação corrija a proposta do licitante

mencionado no segundo caso, caso possua elementos para tanto, a

fim de indicar os preços unitários dos itens faltantes, desde que

aceito pelo licitante e não haja alteração no valor global da

proposta?

O que achou?0 0 votos

Page 29: Erros No Preenchimento Da Planilha de Custos de Obras Admitem o Saneamento Dessas Falhas Ou Determinam a Imediata Desclassificação Das Propostas

 

Ricardo Alexandre Sampaio disse:22 de maio de 2013 às 21:46

Prezada Maristela,

Sobre o assunto, foi publicado hoje no Informativo de Jurisprudência

do TCU:

4. É indevida a desclassificação de licitantes em razão da ausência

de informações na proposta que possam ser supridas pela

diligência prevista no art.43, § 3º, da Lei de Licitações. (Acórdão

1170/2013-Plenário, TC 007.501/2013-7, relatora Ministra Ana

Arraes, 15.5.2013.)

Cordialmente.

Ricardo Sampaio

O que achou?+1 1 voto

 

Eduardo disse:6 de junho de 2013 às 18:57

OLá Ricardo,

Uma empresa pode ser desclassificada de uma licitação por

apresentar planilha orçamentária de obra de engenharia sem a

assinatura de Engenheiro ou Arquiteto, responsáveis por ela?

O que achou?+1 1 voto

 

Ricardo Alexandre Sampaio disse:10 de junho de 2013 às 8:56

Prezado Eduardo,

Seguindo entendimento firmado pela Consultoria Zênite em

Pergunta e Resposta publicada na Revista Zênite – Informativo de

Licitações e Contratos (ILC) nº 51/MAI/1998, p. 480, a resposta é

positiva:

“Há fundamento legal para a Administração exigir no edital que os

orçamentos sejam assinados por engenheiro?

A Lei nº 8.666/93, ao tratar, em seu art. 30, da documentação a ser

exigida para fins de habilitação técnica, prescreve no inciso IV:

“IV – prova de atendimento de requisitos previstos em lei especial,

quando for o caso.”

Verifica-se, em face desse comando legal, que os documentos a

serem apresentados quando da habilitação técnica são os que os

Page 30: Erros No Preenchimento Da Planilha de Custos de Obras Admitem o Saneamento Dessas Falhas Ou Determinam a Imediata Desclassificação Das Propostas

incisos do art. 30 expressamente exigem e as demais condições

impostas por lei especial, quando pertinentes à contratação.

A Lei nº 5.194, de 24 de dezembro de 1996, que regula o exercício

das profissões de engenheiro, arquiteto e engenheiro-agronômo,

dispõe em seu art. 14:

“Art. 14. Nos trabalhos gráficos, especificações, orçamentos,

pareceres, laudos e atos judiciais ou administrativos, é obrigatória

além da assinatura, precedida do nome da empresa, sociedade,

instituição ou firma a que interessarem, a menção explícita do título

do profissional que os subscrever e do número da carteira referida

no art. 56.”

Em face das transcrições acima, verifica-se que a exigência de que

os orçamentos de obras sejam assinados por engenheiro tem

fundamento legal e mostra-se impositiva. Não basta, quando da

apresentação de orçamentos de obras e serviços de engenharia,

perante a Administração, a assinatura do representante legal da

empresa ou da firma. É obrigatório que tais orçamentos sejam

devidamente assinados pelo engenheiro responsável, o qual deverá

indicar o número de sua carteira profissional.

Ressaltamos que é prudente à Administração a consignação de tal

exigência no ato convocatório da licitação, de modo a não ensejar,

quando do julgamento do certame, controvérsias sobre a

necessidade da assinatura pelo engenheiro do orçamento da obra

ou serviço.

Todavia, ainda que não conste do edital a exigência da assinatura,

deverá a Administração atender ao disposto no comando legal

supratranscrito, sob pena de restar maculado o ato.

Desse modo, estando ou não prevista no instrumento convocatório

a exigência da assinatura do orçamento por engenheiro

devidamente habilitado, deverá a Administração observar a

obrigatoriedade desse requisito, por força da disciplina dada pela

Lei nº 5.194/96, reguladora da matéria, sob pena de ilegalidade do

orçamento”.

Cordialmente,

Ricardo Sampaio

O que achou?0 0 votos

 

Page 31: Erros No Preenchimento Da Planilha de Custos de Obras Admitem o Saneamento Dessas Falhas Ou Determinam a Imediata Desclassificação Das Propostas

Raphael disse:18 de junho de 2013 às 17:32

Olá Ricardo,

Gostaria de saber que providências adotar no seguinte caso: foi

realizado um pregão para a compra de 7.000 pastas, entretanto a

empresa vencedora do pregão apresentou na sua proposta apenas

700 pastas, fato este que passou despercebido pelo pregoeiro e

pelos demais presentes na sessão. A empresa foi contratada,

entregou as 7.000 pastas e somente na emissão da nota fiscal é

que foi percebido o erro, pois ela emitiu apenas as 700 pastas. E

agora como devo proceder já que foi homologada a licitação?

O que achou?0 0 votos

 

Ricardo Alexandre Sampaio disse:21 de junho de 2013 às 18:17

Prezado Raphael,

Por que a empresa entregou 7000 pasta e faturou (cobrou) apenas

700? Ela não quer receber pelas 6300 fornecidas?

Se o preço unitário cotado pela empresa na licitação era o menor e

o fornecimento ocorreu nos moldes do edital, ou seja, foram

entregues as 7000 pretendidas pela Administração, então, não

resta outra alternativa, senão a empresa faturar o que

efetivamente executou e receber por isso, sob pena de

enriquecimento ilícito da Administração. No caso, inclusive, poderia

ser cogitada falha formal na proposta.

Cordialmente,

Ricardo

O que achou?0 0 votos

 

Leonardo disse:26 de junho de 2013 às 12:48

Olá,

a empresa participou de uma Tomada de preço, ficou em 1º lugar

quanto ao preço, a diferença entre o 1º e o 2º lugar foi menos de

R$ 1.000,00, porém quando analisado a proposta de preço pela

gestor do órgão, verificou-se que a empresa ganhadora não havia

incluído na proposta a planilha de composição de preço, que

deveria segundo o edital está nos anexos II e IV, no entanto esses

Page 32: Erros No Preenchimento Da Planilha de Custos de Obras Admitem o Saneamento Dessas Falhas Ou Determinam a Imediata Desclassificação Das Propostas

anexos são respectivamente: mapa de preço (comparação de preço

entre as empresas) e a planilha de medição.

tem uma ideia de como posso argumentar para um recurso.

O que achou?+1 1 voto

 

Ricardo Alexandre Sampaio disse:30 de junho de 2013 às 10:31

Prezado Leonardo,

Você pode argumentar apontando a possibilidade de empregar no

caso, a mesma inteligência prevista pela IN SLTI nº 02/08 para o

saneamento de vícios, segundo a qual “Erros no preenchimento da

Planilha não são motivo suficiente para a desclassificação da

proposta, quando a Planilha puder ser ajustada sem a necessidade

de majoração do preço ofertado, e desde que se comprove que este

é suficiente para arcar com todos os custos da contratação” (art.

29-A, § 2º).

Saliento, no entanto, que a aplicação do saneamento não está

ainda pacificada.

Cordialmente,

Ricardo Sampaio

O que achou?0 0 votos

 

Eduardo disse:1 de julho de 2013 às 8:52

Bom dia

Gostei de ter conhecido este blog, uma ferramenta importante para

o aprendizado dos assuntos abordados nos dando a oportunidade

de tirarmos as dúvidas, que porventura surgem em meio às

situações que nos deparamos no desenvolvimento dos trabalhos

licitatórios. Já fiz um questionamento e obtive a resposta, agora sei

onde recorrer. Aprendemos também com os questionamentos dos

colegas que ora pode nos servir, uma interação positiva, visando

adquirir conhecimento para atender aos interesses públicos da

administração, contribuindo para o nosso desenvolvimento

profissional.

Abraço

Page 33: Erros No Preenchimento Da Planilha de Custos de Obras Admitem o Saneamento Dessas Falhas Ou Determinam a Imediata Desclassificação Das Propostas

O que achou?0 0 votos

 

Eduardo disse:1 de julho de 2013 às 12:05

Bom dia,

É motivo de desclassificar uma empresa quando o preço unitário

máximo estabelecido na planilha está acima, mesmo sendo a de

menor valor global? Se caracteriza como mero erro formal, passível

de ajuste, sem majoração do preço? O edital reza a desclassificação

da empresa quando isso acontece. Cabe a Comissão julgar se é

mero erro formal? Ou isto tem que estar claro ou não no edital?

O que achou?0 0 votos

 

Ricardo Alexandre Sampaio disse:2 de julho de 2013 às 17:48

Prezado Eduardo,

A questão não é das mais simples. Regra geral, “Nas contratações

de obras e serviços de engenharia, a definição do critério de

aceitabilidade dos preços unitários e global, com fixação de preços

máximos para ambos, é obrigação e não faculdade do gestor”

(SÚMULA TCU Nº 259). Logo, a inobservância desses limites

conduziria à desclassificação.

Mas, obviamente, não se afasta a possibilidade de o licitante

corrigir o defeito de sua proposta, reduzindo o valor unitário. Nesse

caso, como se trata do menor valor global e este atende ao critério

de aceitabilidade, não haveria, no meu entender, a obrigatoriedade

de também ocorrer a redução do valor global.

Contudo, há prevista na Lei º 12.708/12 (LDO), de que “No caso de

adoção do regime de empreitada por preço global, previsto no art.

6º, inciso VIII, alínea “a”, da Lei no 8.666, de 1993, devem ser

observadas as seguintes disposições:

I – na formação do preço que constará das propostas dos licitantes,

poderão ser utilizados custos unitários diferentes daqueles fixados

no caput, desde que o preço global orçado e o de cada uma das

etapas previstas no cronograma físico-financeiro do contrato,

observado o § 7o, fique igual ou abaixo do valor calculado a partir

do sistema de referência utilizado, assegurado ao controle interno e

Page 34: Erros No Preenchimento Da Planilha de Custos de Obras Admitem o Saneamento Dessas Falhas Ou Determinam a Imediata Desclassificação Das Propostas

externo o acesso irrestrito a essas informações para fins de

verificação da observância deste inciso;

Quanto à previsão do edital mencionada, entendo que somente se

impõe a desclassificação se, depois de oportunizada a correção, o

licitante se negar a efetuá-la.

Cordialmente,

Ricardo Sampaio

O que achou?0 0 votos

 

Ricardo Alexandre Sampaio disse:2 de julho de 2013 às 17:53

Prezado Eduardo,

Agradeço a sua atenção e participação.

O Blog da Zênite tem a finalidade de propagar a visão e os

entendimentos de nossa equipe técnica acerca dos assuntos que

envolvem a contratação pública e fomentar a discussão entre

aqueles que operam esses contratos e não funciona como um

provedor de soluções para dúvidas. A solução dessas dúvidas será

melhor atendida por meio de nosso serviço de consultoria.

Continue acompanhando nosso blog!

Cordialmente,

Ricardo Sampaio