ergonomia em profissionais da saude

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Conhecimentos Básicos de Ergonomia Aplicados a Profissionais da Saúde

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  • 608Artigo Original

    PREVPREVPREVPREVPREVALNCIA DE SINTALNCIA DE SINTALNCIA DE SINTALNCIA DE SINTALNCIA DE SINTOMAS MSCULOMAS MSCULOMAS MSCULOMAS MSCULOMAS MSCULO-ESQO-ESQO-ESQO-ESQO-ESQUELTICOS EMUELTICOS EMUELTICOS EMUELTICOS EMUELTICOS EMTRABALHADORAS DE ENFERMAGEMTRABALHADORAS DE ENFERMAGEMTRABALHADORAS DE ENFERMAGEMTRABALHADORAS DE ENFERMAGEMTRABALHADORAS DE ENFERMAGEM11111

    Giovana Pimentel Gurgueira2

    Neusa Maria Costa Alexandre3

    Heleno Rodrigues Corra Filho4

    Gurgueira GP, Alexandre NMC, Corra HR Filho. Prevalncia de sintomas msculo-esquelticos em trabalhadoras deenfermagem. Rev Latino-am Enfermagem 2003 setembro-outubro; 11(5):608-13.

    Este trabalho teve por objetivo avaliar sintomas msculo-esquelticos em trabalhadoras de enfermagem. Os sujeitoscompreenderam 105 auxiliares e tcnicos de enfermagem que trabalhavam em unidades de internao de um hospital queatende pacientes com alto grau de dependncia fsica. Utilizou-se um questionrio contendo dados demogrficos e ocupacionaise queixas osteomusculares, dentro de uma abordagem ergonmica, adaptado do Nordic Musculoskeletal Questionnaire. Dasparticipantes, 93% referiram algum tipo de sintoma osteomuscular nos ltimos 12 meses. As mais elevadas prevalnciasdesses sintomas, segundo as reas anatmicas, foram: regio lombar (59%), ombros (40%), joelhos (33,3%) e regio cervical(28,6%). Verificou-se tambm que, das respondentes, 29,5% faltaram ao trabalho e 47,6% consultaram um mdico nosltimos 12 meses devido aos mesmos sintomas. Observou-se tambm menor tempo de trabalho na rea de enfermagem e naunidade atual entre as trabalhadoras com ocorrncia maior de dor nos joelhos (p=0,0272) e dor lombar (p=0,0332),respectivamente. No entanto, a dor em punhos/mos mostrou-se mais freqente entre as participantes com maior nmero dehoras semanais trabalhadas (OR=3,72

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    INTRODUO

    O trabalho de Enfermagem, desenvolvidoessencialmente por mulheres, envolve numerosos fatoresde risco para a sade. As auxiliares so duplamentepenalizadas pelo acmulo de trabalho domstico, o quecontribui para suas piores condies de sade(1). Oshospitais esto associados prestao de servios sade, visando a assistncia, o tratamento e a curadaqueles acometidos pela doena. No entanto, tambmso responsveis pela ocorrncia de uma srie de riscos sade daqueles que ali trabalham. A maioria doshospitais possui estrutura de alto nvel de complexidade ediversidade de servios e, conseqentemente, de riscosocupacionais. H extensa lista de danos a todos ossistemas orgnicos, entre eles os problemas msculo-esquelticos, que so muito freqentes na equipe deenfermagem. Pesquisadores e organizaes de vriaspartes do mundo tm destacado a equipe de enfermagemcomo grupo de risco em relao ao desenvolvimento dedistrbios osteomusculares(2). Entre esses distrbios,destacam-se as lombalgias. A dor lombar tem sidoparticularmente bem estudada entre os trabalhadores dasade, sendo resultado de traumas cumulativos(3-4). Asleses dorsais ocupacionais ocorrem mais freqentementequando realizado o cuidado direto ao paciente,especialmente o levantamento desses(5-8). Muitos dessesprofissionais retornam ao servio, apesar de continuaremapresentando os mesmos sintomas(8).

    A literatura cientfica aborda particularmentequestes relacionadas s dores lombares, sendo que nose tem conhecimento de estudos nacionais abrangendoespecificamente os sintomas msculo-esquelticos nasdiferentes regies corporais entre os trabalhadores deenfermagem. Dentro desse contexto, o presente estudoteve por objetivos investigar se trabalhadoras deenfermagem apresentaram outros sintomas msculo-esquelticos alm da dor lombar e identificar determinadosfatores que podem contribuir para o desenvolvimentodesses sintomas.

    METODOLOGIA

    Descrio dos sujeitos

    No presente estudo foram includos 105 auxiliarese tcnicos de enfermagem do sexo feminino quetrabalhavam em unidades de internao que atendempacientes com alto grau de dependncia fsica, de um

    hospital universitrio. As unidades selecionadas foram:Unidade de Terapia Intensiva, Cirurgia do Trauma,Emergncia Clnica, Ortopedia, Traumatologia,Neuroclnica e Neurocirurgia. Foram excludas asfuncionrias que estavam em licena sade ou outro tipode afastamento durante o perodo da coleta de dados. Aparticipao neste estudo foi voluntria e todos os sujeitosque concordaram em participar assinaram termo deconsentimento.

    Instrumentos de coleta de dados

    O estudo foi norteado por um questionriocomposto por duas partes: a primeira continha questessobre determinadas caractersticas demogrficas eocupacionais, e a segunda avaliava as queixas msculo-esquelticas.

    Dados demogrficos e ocupacionais: contmquestes sobre idade, estado civil, categoria profissional,turno e unidade de trabalho, tempo que trabalha emenfermagem e na unidade, horas trabalhadas por semana,e atividades ocupacionais consideradas como causas delombalgia. Essa parte do questionrio foi desenvolvidatendo como suporte terico outra investigao(3). Essaparte do instrumento foi submetida apreciao de trsespecialistas do Departamento de Enfermagem daFaculdade de Cincias Mdicas (FCM) da UniversidadeEstadual de Campinas (UNICAMP) para a avaliao desua objetividade, adequao e contedo. Realizou-setambm um teste piloto com 20 trabalhadoras deenfermagem que no estavam envolvidas no projeto.Posteriormente, foram realizadas algumas modificaes,obtendo-se a verso final do instrumento.

    Sintomas msculo-esquelticos: para avaliar asqueixas osteomusculares, utilizou-se um instrumentoderivado do Standardized Nordic Questionnaire(9). Esseinstrumento utilizado internacionalmente e foidesenvolvido para padronizar pesquisas sobreinvestigaes msculo-esquelticas. Tem como um dosobjetivos principais avaliar distrbios osteomuscularesdentro de uma abordagem ergonmica. O questionriocontm uma figura humana vista pela regio posterior,dividida em nove regies anatmicas: regio cervical,ombros, regio torcica, cotovelos, punhos/mos, regiolombar, quadril/coxas, joelhos, tornozelos/ps. Asquestes esto relacionadas com cada rea anatmica everificam se os respondentes tiveram dores nos ltimos12 meses e sete dias; procuram tambm investigar seessas pessoas precisaram faltar ao servio ou procurarauxlio mdico nos ltimos 12 meses devido aos mesmossintomas. A escolha desse questionrio deve-se ao fato

    Rev Latino-am Enfermagem 2003 setembro-outubro; 11(5):608-13www.eerp.usp.br/rlaenf

    Prevalncia de sintomas...Gurgueira GP, Alexandre NMC, Corra HR Filho.

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    Regio Presena de dor nos ltimos 12 meses em (%)

    Presena de dor nos ltimos 7 dias em (%)

    Cervical 28,6 14,3 Ombros 40,0 16,2 Torcica 21,9 10,5 Cotovelos 07,6 5,7 Punhos/mos 24,8 14,3 Lombar 59,0 31,4 Quadril/coxas 16,2 5,7 Joelhos 33,3 14,3 Tornozelos/ps 14,3 7,6

    de j ter sido validado na cultura brasileira, e tambm porser considerado instrumento simples, com questesdiretas e de fcil compreenso(10).

    Coleta e anlise dos dados

    Os dados foram coletados por meio de entrevistaindividual por um dos autores no perodo de 01 de abril a31 de maio de 2001. As participantes foram entrevistadasnos seus respectivos locais de trabalho. Os dados foraminseridos no programa Microsoft Excel, verso 2000. Aanlise foi realizada com o auxlio do Setor de Estatsticada FCM da UNICAMP. Realizou-se anlise descritiva dasvariveis. Verificou-se tambm se existia associao entreas variveis: idade, estado civil, categoria, turno e unidadede trabalho, tempo que trabalha em enfermagem e naunidade e horas trabalhadas por semana com a presenade sintomas msculo-esquelticos nos ltimos 12 meses.Para isso, compararam-se os grupos com dor e sem dor,nas diferentes regies corporais, utilizando o teste Qui-quadrado. Quando os valores esperados foram menoresque 5, utilizou-se o teste exato de Fisher, sendoconsiderada significativa a associao quando o p-valor 0,05. A anlise estatstica foi executada com auxlio doprograma The SAS System for Windows, verso 6.12,1996.

    Aspectos ticos

    O protocolo (nmero 352/2000) obteve o parecerfavorvel do Comit de tica da Instituio. Astrabalhadoras foram convidadas a participar do estudo,quando receberam informaes sobre os objetivos domesmo e esclarecimentos de dvidas. As funcionriasque concordaram em participar do estudo assinaram termode consentimento.

    RESULTADOS

    Dados gerais e demogrficos

    Entrevistou-se o total de 105 trabalhadoras deenfermagem, representando taxa de participao de95,5%. Dessas, 66% eram auxiliares de enfermagem e34% eram tcnicas de enfermagem. A idade mdia dasparticipantes era de 36,5 anos (D.P. = 9 e idades entre 19e 58 anos). Cerca de 50% das entrevistadas possuemcompanheiro. O tempo de trabalho em enfermagem foiem mdia 10,7 anos, sendo que especificamente no setoratual foi de 5,8 anos. Em relao s horas trabalhadaspor semana, verificou-se que 54,3% das respondentesrelataram trabalhar mais de 40 horas semanais. Como ohospital estudado exige carga de trabalho semanal de 32horas, pode-se inferir que as funcionrias possuem outroemprego ou continuao da jornada de trabalho atravsde hora extra. Em relao unidade de trabalho, 29,5%das entrevistadas pertenciam Unidade de TerapiaIntensiva, 27,6% Emergncia Clnica e Cirurgia doTrauma, 14,3% Ortopedia e Traumatologia, e 28,6% Neuroclnica e Neurocirurgia. Quanto ao turno de trabalho,32,4% das entrevistadas trabalhavam no perodo da manh,26,7% tarde e 40,9% noite.

    Sintomas msculo-esquelticos

    Independentemente da regio afetada, 93% dasparticipantes referiram algum tipo de sintomasosteomusculares nos ltimos 12 meses, e 62% nosltimos sete dias.

    A Figura 1 mostra a prevalncia de sintomasmsculo-esquelticos anual e semanal.

    Figura 1 - Porcentagem de trabalhadoras de enfermagem referindo sintomas msculo-esquelticos nas diferentes regiescorporais. Campinas, 2001

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    Prevalncia de sintomas...Gurgueira GP, Alexandre NMC, Corra HR Filho.

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    As participantes apresentaram as mais elevadastaxas de distrbios osteomusculares nos ltimos 12meses nas seguintes regies anatmicas: lombar (59%),ombros (40%), joelhos (33,3%) e regio cervical (28,6%).Em relao presena de dor nos ltimos 7 dias, a regiolombar continuou sendo a mais citada (31,4%), seguidapelos ombros (16,2%). importante destacar a elevada

    presena de dor em reas no relacionadas com a colunavertebral em um perodo de 12 meses, tais como ombros(40%), joelhos (33,3%) e punhos/mos (24,8%).

    Para avaliar indicadores de gravidade dossintomas, pesquisou-se o absentesmo e a procura porauxlio mdico, que podem ser analisados na Figura 2.

    Regio Ausncia do

    trabalho devido a essa condio (%)

    Consulta mdica nos ltimos 12 meses devido a

    essa condio (%) Cervical 5,7 9,5 Ombros 3,8 11,4 Torcica 2,9 4,8 Cotovelos 1,0 2,9 Punhos/mos 7,6 6,7 Lombar 13,3 25,7 Quadril/coxas 5,7 9,5 Joelhos 5,7 13,3 Tornozelos/ps 2,9 3,8

    Figura 2 - Porcentagem de trabalhadoras de enfermagem referindo ausncia no trabalho e procura por auxlio mdicodevido a sintomas msculo-esquelticos, nos ltimos 12 meses. Campinas, 2001

    A dor lombar foi a queixa mais freqente parajustificar a ausncia no trabalho e procura de auxliomdico. Dos respondentes, 13,3% referiram ter seausentado do trabalho devido a dor lombar, e 25,7%visitaram um mdico pelo mesmo problema em um perodode 12 meses. Observou-se tambm que 24,7% dasparticipantes referiram ter procurado ajuda mdica devidoa dor nos joelhos e ombros. De uma forma geral, 29,5%faltaram ao servio e 47,6% consultaram um mdico tendocomo justificativa os problemas osteomusculares.

    Atividades ocupacionais e fatores associados

    As participantes tambm responderam quais asatividades ocupacionais que elas achavam que causavamdor lombar. Os procedimentos mais citados estavamrelacionados com a movimentao e transporte depacientes. As trabalhadoras relataram, em primeiro lugar,movimentar pacientes (87,6%) e, em seguida, o transportedos mesmos (49,5%).

    Em relao aos fatores de risco, no foiencontrada associao estatisticamente significante entreas variveis: idade, estado civil, categoria profissional, turnoe unidade de trabalho com os sintomas osteomuscularesnos ltimos 12 meses nas diferentes regies anatmicas.Observou-se menor tempo de trabalho em servio deenfermagem e na unidade atual de trabalho entre as

    trabalhadoras com ocorrncia maior de dor nos joelhos(p=0,0272) e dor lombar (p=0,0332), respectivamente. Arelao inversa esperada entre tempo de exposio esintomas certamente decorrente de vis de sobrevivnciatpico do desenho transversal. Essa hiptese fica reforadadiante do grau de incapacidade que implica a dor nessasregies corporais, com repercusso sobre a permannciana atividade laboral. A mesma limitao incapacitante nose verifica com a dor em punho/mos, que se mostroumais freqente entre as pessoas com maior nmero dehoras semanais trabalhadas (OR=3,72; 1,26

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    perodo de 12 meses (93%) e de sete dias (62%). Estudosinternacionais confirmam esses dados, revelando aimportncia desse problema entre profissionais daenfermagem(11-13). Em um estudo(14) realizado com aequipe de enfermagem prestando cuidados domiciliares,na Holanda, encontrou-se prevalncia de 63% de queixasosteomusculares, ao passo que em outro estudo(2) foiobtida prevalncia anual de 84% na equipe de enfermagemdo sexo feminino de um hospital, na Sucia. Em relaos regies mais citadas como responsveis por sintomasmsculo-esquelticos nos ltimos 12 meses, a lombarficou em primeiro lugar, seguida pelos ombros, joelhos eregio cervical. Estudo(2), realizado em funcionrias deenfermagem de um hospital, da Sucia, encontrouachados similares, mostrando sintomas principalmentena regio lombar (65%), seguida pelos ombros (60%) eregio cervical (53%). Pesquisa similar(11) verificou aprevalncia de sintomas na regio lombar (56%), nosombros (53%), na regio cervical (48%) e nos joelhos(30%). Outro estudo(12), realizado em pessoas cuidadorasde idosos, na Holanda, observou a presena de sintomasna regio lombar (34%), na regio cervical (23%) e nosombros (19,5%). Os dados encontrados no presente estudodemonstram que os trabalhadores da rea de sadebrasileiros apresentam taxas similares de prevalncia dedistrbios osteomusculares comparados com pasesdesenvolvidos. As regies corporais mais atingidasparecem ser a lombar, ombros, cervical e joelhos. Osinstrumentos utilizados no permitiram avaliar a intensidadedos sintomas.

    Em relao avaliao da capacidade funcional,a dor lombar demonstrou ser uma das maiores causas deabsentesmo e de procura por ajuda mdica entre osparticipantes do presente estudo. Foram tambmobservadas taxas elevadas de procura por auxlio mdicoem um estudo holands, realizado na equipe deenfermagem que assiste pacientes incapacitados egeritricos. Estes autores(12) encontraram que, daspessoas estudadas, 61% procuraram tratamento devido presena de dor em brao/regio cervical, 51% nascostas e 47% nas pernas. A questo da influncia daslombalgias em produzir incapacidade ao trabalho eabsentesmo tem sido bem documentada pela literaturacientfica(15). No entanto, novas pesquisas precisam abordara severidade dos sintomas nas outras regies corporais.

    Pesquisas internacionais tm mostrado que asafeces msculo-esquelticas so causadas por

    inmeros fatores individuais, fsicos e psicossociais. Dentreesses, os fatores ocupacionais tm sido muito estudados,sendo que apresentam valores diferentes de acordo coma rea corporal envolvida. No presente estudo, verificou-se que as participantes acreditam que a dor lombar causada principalmente por procedimentos relacionadoscom a movimentao e transferncia de pacientes. Estudosj tm comprovado a importante participao damanipulao de pacientes em leses na regio dorsal emtrabalhadores de enfermagem(7-8). Como exemplo dessasatividades, foram citadas nas entrevistas: ajustar opaciente na cama, transferir o paciente da cama para amaca/cadeira de rodas e vice-versa, dar banho de leito.Essas atividades tambm foram citadas por outros autores,que as complementam, dizendo que aparentementenenhuma das tcnicas atuais de transferncia ofereceproteo suficiente equipe de enfermagem, e que issopode explicar a alta prevalncia de problemas dorsais entreesses trabalhadores(6).

    Outros estudos tm procurado avaliar as possveiscausas de problemas osteomusculares em trabalhadoresda rea da sade, levando em considerao as diferentesregies corporais envolvidas(11,16). Os resultados aindageram controvrsias, mas apiam a idia de que os fatoresocupacionais na enfermagem so diferentes, dependendoda regio corporal afetada. Estudo(13) realizado comenfermeiras de um hospital encontrou que a dor na regiolombar foi devido movimentao de pacientes emanuteno de posio em flexo. As queixas nos ombrose regio cervical foram causadas pela manuteno deposturas estticas por tempo prolongado ao prestarassistncia aos pacientes. J arrastar ou empurrar camasocasionaram dores nos ombros e braos.

    Em relao aos fatores de risco tempo de trabalhona enfermagem e na unidade atual, obteve-se dados quemerecem estudos mais amplos. Pode-se supor algumasexplicaes para o fato de funcionrias com menor tempode enfermagem e na unidade estarem apresentandoocorrncia maior de dor nos joelhos e regio lombar. Umdos mecanismos explicativos seria a questo da existnciade uma fase de adaptao. Outro seria o afastamento oumudana de local de trabalho daquelas com sintomaspersistentes. No se pode esquecer que 93% dastrabalhadoras apresentaram sintoma em alguma regiodo corpo e isso pode tambm estar interferindo nosresultados parciais. Outro fato singular foi a associaoentre carga horria prolongada com a queixa de dor em

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    Prevalncia de sintomas...Gurgueira GP, Alexandre NMC, Corra HR Filho.

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    punhos/mos. O risco de dor nessa regio vlido etambm, provavelmente, subestimado, tendo em vista quetrabalhadoras com dor incapacitante, caso estivessempresentes neste estudo, aumentariam o valor do OddsRatio. Os dados encontrados justificam a necessidadede novas pesquisas considerando as diferentes reascorporais. Tambm no se pode esquecer a importnciados fatores psicossociais ocupacionais relacionados coma presena de distrbios osteomusculares na rea desade, que no foram considerados na pesquisa(17).

    Novos estudos precisam ser executados comoutras categorias profissionais de enfermagem e em outroslocais de trabalho. A comparao dos resultados comoutras pesquisas so de difcil execuo, visto que utilizamdiferentes instrumentos, levam em considerao perodosdiferentes para avaliar a prevalncia, e estudam inmerascategorias profissionais que diferem entre os pases.

    Outros estudos precisam ser realizados avaliando aintensidade dos sintomas e considerando os aspectosorganizacionais do processo de trabalho na rea da sade.

    CONCLUSES

    Os resultados demonstram que elevada aocorrncia de sintomas msculo-esquelticos em mltiplasregies corporais, atingindo principalmente a regio lombar,ombros, joelhos e regio cervical. A dor lombar continuasendo o fator principal de absentesmo e procura por auxliomdico. Os procedimentos relacionados com amovimentao e transporte de pacientes so consideradosos principais causadores de dor na regio lombar,indicando que as atividades de cuidado direto aos pacientespodem ser fator de risco para a equipe de enfermagem.

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

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    Recebido em: 17.4.2002Aprovado em: 16.6.2003

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