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  • TECNLOGO EM

    SEGURANA NO TRABALHO

    ERGONOMIA

  • ERGONOMIA

  • REDE DE ENSINO FTCFaculdade de Tecnologia e Cincias

    William OliveiraPresidente

    Reinaldo BorbaVice-Presidente de Inovao e Expanso

    Fernando CastroVice-Presidente Executivo

    MATERIAL DIDTICO

    Produo Acadmica

    Marcelo NeryDiretor Acadmico

    Jean Carlo BacelarSuperviso Pedaggica

    Fbio SalesJaqueline Sampaio Leonardo SuzartLudmila VargasMilena Macedo Anlise Pedaggica

    Fernanda LordloCoordenao de Curso

    Rodrigo Silva SantosAutoria

    Produo Tcnica

    Joo JacomelCoordenao

    Mrcio Magno Ribeiro de MeloReviso de Texto

    Larissa Valria Costa AragoEditorao

    Larissa Valria Costa AragoIlustraes

    ImagensCorbis/Image100/Imagemsource

    copyright FTC EADTodos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610 de 19/02/98.

    proibida a reproduo total ou parcial, por quaisquer meios, sem autorizao prvia, por escrito, da

    FTC EAD - Faculdade de Tecnologia e Cincias - Educao a Distncia.

    www.ead.ftc.br

  • 3ERGONOMIA E USABILIDADE 7

    O QUE A ERGONOMIA 7

    DEFINIO DE ERGONOMIA 7

    O TAYLORISMO VERSUS A ERGONOMIA 10

    DESPESAS E RETORNOS DA ERGONOMIA 13

    O PAPEL DE UM ERGONOMISTA 15

    ORGANIZAO DO TRABALHO 19

    ESTRESSE NO AMBIENTE DE TRABALHO 19

    CONCEPO DE POSTO DE TRABALHO 23

    PROGRAMAS DE QUALIDADE DE VIDA NOS POSTOS DE TRABALHO 26

    A POSTURA SOB O OLHAR DO ERGONOMISTA 32

    TRABALHO, SADE E ERGONOMIA 41

    SEGURANA NO TRABALHO 41

    DO DIAGNSTICO MODIFICAO 41

    TCNICAS DE VERIFICAR A ERGONOMIA 43

    RECOMENDAES ERGONMICAS PARA IHC (INTERFACE HOMEM-COMPUTADOR) 45

    RUDOS/ VIBRAES 48

    Sumrio

  • FATORES HUMANOS NO TRABALHO 53

    A FALHA HUMANA 54

    FATORES FISIOLGICOS DOS POSTOS DE TRABALHO 56

    A RELAO CORPO E TRABALHO 59

    AFASTAMENTOS: UM GRANDE NUS 61

  • 5Futuros Tecnlogos,

    A disciplina Ergonomia e Sade Ocupacional aparece para vocs como uma ferramenta a ser utilizada no seu dia a dia como Tecnlogo em Segurana do Trabalho. Voc ir conhecer um pouco da histria da ergonomia, como ela surgiu e seus vrios objetivos.

    A disciplina esta formatada em dois blocos temticos, cada um contendo dois temas e cada tema composto de quatro contedos.

    No primeiro Bloco Temtico vamos falar sobre Ergonomia e Usabilidade. Neste bloco mostraremos a base da ergonomia, com a sua de nio, relao com as formas de administrao e gesto socioeconmica, a viabilidade, qual a funo do ergonomista, a concepo dos postos, o estresse ocupacional e os Programas de Qualidade de Vida.

    O segundo Bloco Temtico versa sobre Trabalho, Sade e Ergonomia. En-globa este bloco a distncia entre percepo e alterao, alguns instrumentos e as recomendaes em IHC, a in uncia do rudo e das vibraes, alm da falha humana.

    Essa disciplina vem para acrescentar a voc, Tecnlogo, alguns conheci-mentos sobre as estaes de trabalho e a organizao empresarial. Aprecie este material com todo o prazer.

    Cordialmente,

    Rodrigo Silva Santos

    Apresentao da Disciplina

  • 7ERGONOMIA E USABILIDADE

    O QUE A ERGONOMIA

    DEFINIO DE ERGONOMIA

    Neste incio iremos citar algumas de nies de ergonomia descritas pelos mais varia-dos autores. No entanto, comearemos informando que a palavra ergonomia de origem grega, em que ERGO signi ca trabalho e NOMOS signi ca regras, normas, leis. Podemos entender que seriam as regras/normas/leis para a execuo do trabalho. Se considerarmos como cincia, poderemos dizer que a cincia aplicada em facilitar o trabalho executado pelo homem, sendo que aqui se interpreta a palavra trabalho como algo muito abrangente, em todos os ramos e reas de atuao.

    Sendo, desta forma, uma cincia que pesquisa, estuda, desenvolve e aplica regras e normas a m de organizar o trabalho, tornando este ltimo compatvel com as caractersticas fsicas e psquicas do ser humano.

    Alguns autores a consideram como cincia, outros como tecnologia.Segundo Montmollin, a ergonomia uma cincia interdisciplinar que compreende a

    siologia e a psicologia do trabalho.Murrel a de ne como o estudo cient co das relaes entre o homem e o seu ambi-

    ente de trabalho.Self cita que ergonomia rene os conhecimentos da siologia e psicologia e das

    cincias vizinhas aplicadas ao trabalho humano, na perspectiva de uma melhor adaptao ao homem dos mtodos, meios e ambientes de trabalho.

    Wisner explica ergonomia como sendo o conjunto dos conhecimentos cient cos rela-cionados ao homem e necessrios concepo de instrumentos, mquinas e dispositivos que possam ser utilizados com o mximo de conforto, segurana e e cincia.

    Na de nio de Couto um conjunto de cincias e tecnologias que procura a adapta-o confortvel e produtiva entre o ser humano e seu trabalho, basicamente buscando adaptar as condies de trabalho s caractersticas do ser humano.

    J Leplat nos informa que ergonomia uma tecnologia, e no uma cincia, cujo ob-jetivo a organizao dos sistemas homem-mquina.

    Segundo a Ergonomics Research Society, Ergonomia o estudo do relacionamento entre o homem e seu trabalho, equipamento e ambiente e, particularmente, a aplicao dos conhecimentos de anatomia, siologia e psicologia na soluo dos problemas surgidos desse relacionamento.

    Segundo a International Ergonomics Association IEA, a Ergonomia a disciplina cient ca preocupada com o entendimento das interaes entre seres humanos e

    Pare para refletir...

  • 8Ergonomia

    outros elementos de um sistema e a pro sso que aplica teorias, princpios, dados e mtodos para projetar, de modo a otimizar, o bem-estar humano e a performance geral do sistema.

    Em 1960 a Organizao Internacional do Trabalho OIT de ne a ergonomia como sendo a: Aplicao das cincias biolgicas conjuntamente com as cincias da engenharia para lograr o timo ajustamento do homem ao seu trabalho, e assegurar, simultaneamente, e cincia e bem-estar (MIRANDA, 1980).

    Algumas consideraes sobre interaes entre homem e seus ambientes de trabalho foram encontradas em alguns documentos da Grcia Antiga, em alguns outros artigos me-dievais com mais de cem anos na Alemanha.

    Falando em relao historia moderna da ergonomia, que surgiu no perodo entre 1939 a 1945 com a Segunda Grande Guerra, houve a necessidade de adaptao das ar-mas utilizadas no combate ao homem, com o principal objetivo de obter vantagens sobre o adversrio, alm de preservar a prpria sobrevivncia.

    Para Abraho e Pinho (2002), a importncia da ergonomia nos anos 1940 se deu pela abordagem do trabalho humano e suas interaes nos contextos social e tecnolgico, buscando mostrar a complexidade dessas interaes.

    A ergonomia trouxe a ideia de proteger o trabalhador dos riscos fsicos, ambientais e psicolgicos provocados, principalmente, pelo sistema capitalista, que visa sempre o lucro atravs do aumento da produo. Promovendo a intensi cao da carga de trabalho e imple-mentao do tempo de trabalho, sem se preocupar com o conforto do funcionrio. Podemos exempli car com o que aconteceu nos EUA, quando os norte-americanos construram o projeto da cpsula espacial, em que o homem tentou adaptar qualquer tipo de mquina s caractersticas humanas. Mas o desconforto provocado aos astronautas no primeiro prot-tipo da cpsula espacial fez com que houvesse a necessidade de replanejar o tempo e os meios para a viagem ao espao.

    importante citarmos que o conforto do trabalhador necessrio para que tenha uma boa relao com o trabalho.

    Dentro das atribuies da ergonomia temos alguns domnios de especializao com competncias mais profundas. So elas:

    Ergonomia Fsica versa sobre as caractersticas humanas anatmicas, antropomtricas, siolgicas e biomecnicas que se relacionam com a atividade fsica. Os tpicos relativos incluem posturas de trabalho, manipulao de materiais, movimentos repetitivos, leses msculo-esquelticas relacionadas com o trabalho, layout do posto de trabalho, segurana e sade.Ergonomia Cognitiva relata sobre os processos mentais, como a percepo, memria, raciocnio, e resposta motora, que afetam as interaes entre humanos e outros elementos de um sistema. Os tpicos relevantes incluem a carga de trabalho mental, tomada de deciso, desempenho especializado, interao homem-computador, abilidade humana, stress do trabalho e formao relacionadas com a concepo homem-sistema.

  • 9Ergonomia Organizacional diz respeito otimizao de sistemas sociotcnicos, incluindo as suas estruturas organizacionais, polticas e processos. Os tpicos relevantes incluem comunicao, gesto de recursos de equipes, concepo do trabalho, organizao do tempo de trabalho, trabalho em equipe, concepo participativa, community ergonomics, trabalho cooperativo, novos paradigmas do trabalho, cultura organizacional, organizaes virtuais, teletrabalho e gesto da qualidade.

    Segundo HENDRICK (1992), a ergonomia possui quatro componentes identi cveis:Tecnologia de interface homem-mquina ou ergonomia de Hardware aplicada no projeto de controles, displays e arranjo das estaes de trabalho para otimizar a performace do sistema e diminuir as probabilidades de erros humanos;Tecnologia da interface homem-ambiente ou ergonomia ambiental que consiste no estudo das capacidades e limitaes humanas em relao s demandas impostas pelas variaes do ambiente. utilizada a m de minimizar o estresse ambiental para a performance humana e tambm para proporcionar maior conforto e segurana, alm do aumento da produtividade;Tecnologia de interface usurio-sistema ou ergonomia de software estuda como as pessoas conceitualizam e processam as informaes. frequentemente chamada de ergonomia cognitiva. A maior aplicao desta tecnologia no projeto ou modi cao de sistemas para aumento da usabilidade;Tecnologia da interface homem-organizao-mquina ou macroergonomia o foco central das trs tecnologias da ergonomia o operador individual, no time de operadores ou em nveis de subsistemas. A macroergonomia tem seu foco na estrutura do sistema de trabalho como um todo, ou seja, em suas interfaces com os avanos tecnolgicos, com o sistema organizacional e com a interface homem-mquina.

    Quando falamos em ergonomia temos que levar em considerao alguns pontos, como:Produtividade da empresa; Qualidade do produto; Condies de trabalho; Qualidade de vida dos trabalhadores.

    Alguns objetivos devem sempre ser levados em considerao, tais como:Melhoria das condies ambientais; Preveno de acidentes de trabalho; Preveno de leses por esforo repetitivo.

    Outra considerao que devemos ter, quando se trata de ergonomia, a sua trade bsica de sustentao, composta por:

    EFICINCIA SEGURANA CONFORTO

    Atravs desta trade podemos observar que a e cincia de uma interveno ergonmi-ca muito importante, tanto para justi car o trabalho do ergonomista como para melhoria das condies da empresa ( nanceira, econmica, social ou pro ssional). Alm da prpria melhoria da e cincia dos trabalhadores.

  • 10

    Ergonomia

    A segurana de extrema importncia, tanto para os trabalhadores como para os empregados. A diminuio dos riscos indica uma maior preo-cupao com os funcionrios.

    O conforto nos mostra que o indivduo, quando em situaes satis-fatrias, produz e trabalha mais e com melhor humor.

    O TAYLORISMO VERSUS A ERGONOMIA

    Vamos comear falando sobre o surgimento e evoluo da ergonomia e depois mostrar as principais intervenes e modelos de planejamento de trabalho ocorridos nestas pocas.

    Em se tratando de adaptaes para a melhoria do trabalho, vem desde antigamente, quando os indivduos utilizavam as pedras como armas, em especial no momento em que ajustam as pedras fazendo pontas ou gumes para facilitar o seu trabalho.

    Outro momento quando os indivduos comearam a utilizar os utenslios de barro para auxiliar no cozimento de alimentos e para tomar gua.

    Uma inveno muito importante para a humanidade foi a criao da roda, que pos-sibilitou a facilitao do transporte de cargas, principalmente.

    Aps esse momento foram aparecendo algumas invenes que facilitavam o trabalho do homem, at que a Revoluo Industrial apareceu espantosamente alterando o trabalho, que era artesanal, para o mecanizado. Esse momento foi marcado pela alterao no s do processo produtivo, mas tambm da atividade comercial. Foi uma evoluo social, tecnolgica e econmica. Essa evoluo foi capaz de tecni car a produo, isolando inicialmente as fases de produo.

    Antes dessa revoluo o indivduo participava de todas as fases, desde a coleta da matria-prima at a comercializao do produto. Aps esta poca, o indivduo perde o con-trole do processo produtivo, no participa mais de todas as fases da produo e passa a ter um trabalho direcionado ou controla alguma mquina da fbrica.

    Aps a Revoluo Industrial o grande evento que ocorreu, marcando a evoluo da ergonomia e tambm da humanidade, foi a Primeira Grande Guerra.

    Saiba mais sobre a Revoluo Industrial em: http://www.culturabrasil.pro.br/revolu-caoindustrial.htm

    O taylorismo foi um modelo/mtodo de planejamento e de controle do tempo e dos movimentos de realizao do trabalho, desenvolvido pelo americano Frederick Winslow Taylor (1856-1915).

    Taylor foi um engenheiro que nasceu na Pensilvnia (E.U.A.), no subrbio da Filadl a, numa regio chamada Germantown. Nas-ceu no dia 20 de maro de 1856 e morreu em 1915. Ele era lho de famlia de classe mdia e pde estudar em bons colgios. Ele, aos 22 anos, conseguiu emprego como operrio, na empresa Midvale Steel Company, construo de mquinas. Foi operrio, contador da rma, torneiro, mestre de tornos, chefe de seo, contramestre, chefe de o cina e engenheiro chefe. Sendo que todas essas promoes ocor-reram num curto perodo de 6 anos.

    (Ginstica laboral e ergonomia, 2005).

    Saiba mais sobre Taylor em:

    http://www.brasilescola.com/geogra a/taylorismo-fordismo.htm

  • 11

    Henri Fayol, engenheiro, nascido em Istambul no dia 29 de julho de 1841 e morto em 19 de novembro de 1925, concluiu que a administrao de uma empresa deveria ser desvinculada das demais funes (produo, comercial e nanceira). Ele foi o primeiro a de nir administrao como um processo de planejar, organizar, dirigir e con-trolar. Fayol sintetizou a administrao em 14 princpios:

    Diviso do trabalho tarefas espec cas para cada indivduo, separao de poderes;Autoridade e responsabilidade; Disciplina; Unidade de comando cada indivduo tem apenas um superior direto; Unidade de direo um conjunto de operaes que visam o mesmo objetivo; Subordinao do interesse particular ao interesse geral; Remunerao do pessoal; Centralizao; Hierarquia a srie dos chefes desde o primeiro at o ltimo escalo; Ordem; Equidade o tratamento das pessoas com benevolncia e justia, no excluindo a energia e o rigor quando necessrios;Estabilidade pessoal; Iniciativa; Unio do pessoal esprito de equipe.

    Saiba mais sobre Fayol em:

    http://www.administradores.com.br/artigos/teoria_classica_da_administracao_se-gundo_henri_fayol/13239/

    O fordismo, criado por Henry Ford, que nasceu na cidade de Dearborn, em 30 de julho de 1863 e faleceu no dia 07 de abril de 1947, baseou-se na implantao da esteira rolante para controlar os movimen-tos, criando o trabalho em srie. Alguns princpios do fordismo so:

    Sempre que possvel o trabalhador no dar um passo supr uo;No permitir, em caso algum, que ele se canse inutilmente, com movimentos direita ou esquerda, sem proveito algum;Tanto os trabalhadores quanto as peas devem ser dispostos na ordem natural das operaes, diminuindo o caminho da pea ou aparelho na esteira de montagem;Empregar planos inclinados ou aparelhos semelhantes, de modo que o operrio coloque as peas que trabalhou no mesmo lugar e ao seu alcance.

    Saiba mais sobre Ford em:

    http://www.rhportal.com.br/artigos/wmview.php?idc_cad=qnpe5a2mn

    O casamento entre essas teorias predominou em vrias indstrias at o nal do sculo XX e apresentou algumas caractersticas, como:

    Padronizao e produo em srie como condio para a reduo de custos e elevao dos lucros;Trabalho de forma intensa, padronizado e fragmentado, na linha de produo proporcionando ganhos de produtividade.

  • 12

    Ergonomia

    O taylorismo consiste, ainda, na dissociao do processo de trabalho das especialidades dos trabalhadores, ou seja, o processo de trabalho deve ser independente do ofcio, da tradio e do conhecimento dos trabalhadores, mas inteiramente dependente das polticas gerenciais.

    Esse tipo de modelo predominou na grande indstria capitalista ao longo do sculo XX e ainda predomina em muitas organizaes, a despeito das inovaes. A crise deste modelo comeou com a resistncia crescente dos trabalhadores ao sistema de trabalho em cadeia, monotonia e aliena-o do trabalho super fragmentado.

    Taylor separa a concepo da execuo. Nega ao trabalhador qualquer mani-festao criativa ou participativa.

    ESTEIRA ROLANTE

    Diante da revolta dos trabalhadores, provocada principalmente pela insatisfao com a forma que o trabalho era organizado e realizado, comearam a surgir novas teorias e ideias a respeito da organizao do trabalho, em grande parte contrrias ao taylorismo.

    Segundo Chang Junior (1995), a escola de Relaes Humanas no Trabalho nasceu de uma reao Administrao Cient ca. E, a partir dela, evoluiu-se de uma avaliao mecanicista do ser humano para uma concepo mais progressista. O indi-vduo tem necessidades sociais e precisa trabalhar em grupo.

    Nesse momento ps-Taylor e Ford surgiram, principalmente, duas ideias. Uma a de enriquecimento de cargos, e a outra de semiautnomos.

    A ideia de enriquecimento de cargos procura eliminar o inconveniente do trabalho parcelado e montono, ampliando o nmero de tarefas realizadas pelo trabalhador.

    A ideia semiautnomos permitia melhor relao entre os trabalhadores. Cada equipe de trabalho tem liberdade de distribuir as tarefas entre os componentes. No entanto, o tra-

    Ateno!

    Pare para refletir...

  • 13

    balho proposto bastante de nido e previamente racionalizado, o que faz permanecer o tempo de execuo do produto.

    Importante ressaltar que mesmo nessas outras teorias os princpios do taylorismo e fordismo no foram abandonados, houve apenas a sua aplicao de uma forma mais suave. Na verdade, uma tentativa de adequar o taylorismo e o fordismo s mudanas so-cioeconmicas da poca.

    Na dcada de 1950 foi criado um novo conceito, chamado de Administrao de Quali-dade Total, trazendo a ideia de que a conformidade com os padres de qualidade passa a ser problema de todos.

    Todos que esto ligados empresa precisam sentir-se confortveis e felizes com a organizao como um todo, pois somente assim podero utilizar todas as suas capacidades. Esse conceito foi amplamente utilizado nas organizaes japonesas.

    Segundo ROCHA 2000, o trabalho na organizao japonesa atribudo ao grupo e no ao indivduo, cabendo ao grupo se organizar e dividir o trabalho entre seus membros. A autora ainda refora que a forte motivao dos japoneses social e no econmica, j que, para eles, ser excludo do grupo de trabalho equivale a ser excludo da prpria vida.

    Nos EUA e Europa comeam os sinais de que a ideia do fordismo principia a entrar em crise. Aparece, neste momento, o ps-fordismo, um novo modelo de regulao da eco-nomia, exibilizando o processo de produo.

    Conforme Heloani (2002), [...] a adeso do trabalhador aos programas de elevao de produtividade se transformou em uma questo de importncia fundamental e, para obt-la, foram criadas as novas formas de gesto da produo.

    Desse perodo datam as experincias que alguns autores chamaram de administ-rao participativa.

    DESPESAS E RETORNOS DA ERGONOMIA

    Os gastos com ergonomia, que antes eram considerados sem retorno, hoje mostram para ns que era uma viso administrativa errada. Mafra cita, mostrando para ns que o investimento em ergonomia inicialmente se deu atravs da exigncia legal, que

    A Ergonomia, aliada ao movimento de Gesto de Qualidade, uma base para a melhoria contnua dos processos produtivos. Porm, diferentemente da qualidade, que uma exigncia de mercado (Normas ISO), a Ergonomia tem, no Brasil, exigncia de lei, pela Norma Regulamentadora 17 (NR-17), do Ministrio do Trabalho e Emprego.

    Os empresrios seguiam essas orientaes com a nalidade de cumprir a lei, se preo-cupando apenas com o gasto imediato que isso provocaria, sem atentarem para o retorno econmico, produtivo e em qualidade que poderia aparecer com a ergonomia. sabido que a ergonomia traz benefcios reais aos negcios.

    Ento, vrios ergonomistas reconhecidos no mercado informam que o maior problema mostrar, de uma forma objetiva, para as empresas e organizaes o quanto a interveno ergonmica vivel. No caso dos empresrios eles esto preocupados principalmente com a viabilidade econmica da ergonomia.

    Ateno!

  • 14

    Ergonomia

    Investir em ergonomia signi ca mais segurana, sade e conforto para os colaboradores. E isso, claro, tem que ocorrer em funo de eq-uipamentos e ambientes adaptados s normas, alm de palestras sobre postura adequada e informando a importncia das sees de alongamento promovidas ao longo do dia no ambiente laboral.

    Utilizando-se da ergonomia a empresa atende legislao vigente e ain-da reduz as despesas com sade, multas e at com processos trabalhistas.

    Os questionamentos principais entre ergonomistas e empresrios so:Quanto custa uma interveno ergonmica; Quando iniciar a interveno; Quando ela ser vivel economicamente; Como demonstrar uma situao subjetiva, com valores objetivos.

    O custo de uma interveno ergonmica est relacionado com o tipo de trabalho realizado, o ambiente onde se realiza, as condies prvias da estrutura de trabalho, pos-sibilidades de adaptaes, per l dos funcionrios etc. importante lembrar que o prprio oramento fornecido pelo ergonomista s deve ser vlido aps uma visita e avaliao a todos os locais da empresa que sofreram intervenes. Inclusive alguns ergonomistas, j reconhecidos no mercado, cobram nanceiramente das empresas o prprio oramento. Relacionados ao tempo despendido para orar.

    Levando em considerao o momento de incio da interveno, deve ser observado o grau de deteriorao do ambiente de trabalho a ser avaliado, pois, em alguns casos, possvel e at recomendvel realizar pequenas correes (o que pode, de uma certa forma, justi car a cobrana do oramento). Atravs da conversa com os empresrios, pode-se inferir o grau de interesse desses indivduos no seu servio e ganh-los de vez no momento do oramento.

    O ponto de viabilidade ergonmica pode ser observado atravs de dois pontos de vista:Primeiro, a ideia que a interveno ergonmica passa a ser vivel desde o momento de sua implantao, ou seja, desde o oramento. Pois esse fato indica inteno de melhora;Segundo ponto quando a empresa passa a economizar nanceiramente com a ergonomia. Quer dizer que o momento em que a economia nanceira da empresa, provocada pela interveno ergonmica, supera ou iguala o investimento da empresa nesta interveno. Esse momento da interveno muito difcil de ser determinado, pois existem vrios fatores que podem in uenciar. Desde fatores internos da prpria empresa (alterao do objetivo, por exemplo) ou fatores externos (crises no mercado nanceiro, por exemplo). O ergonomista deve ser bastante criterioso ao divulgar uma data para atingir este ponto. Dever divulgar uma previso no momento do oramento e periodicamente tentar mostrar resultados que o aproximem da previso.

    Outra situao difcil a demonstrao econmica dessa melhoria, que inicialmente subjetiva, mas os empresrios querem visualizar resultados objetivos, seja atravs de gr- cos ou de planilhas. Existem alguns caminhos para demonstrao dessas vantagens. Uns se utilizam de um modelo de caso de negcio, outros utilizam estruturas mais elaboradas ou qualitativas. Sendo, talvez, a principal delas, as abordagens atravs de planilhas.

    Alguns autores exempli cam essa di culdade, alm de mostrar que no h ainda uma ferramenta administrativa, nanceira para demonstrar os custos/benefcios da in-terveno ergonmica.

  • 15

    Stanton e Baber (2003) mencionaram que um dos estudos clssicos de efetividade de custos da ergonomia ocorreu nos anos 70, com o dispositivo de luz de freio colocada no centro e no alto do vidro traseiro nos automveis (McKNIGHT e SHINAR, 1992; AKERBOOM et al., 1993). Esse tipo de colocao da luz de freio oferece vantagens cognitivas sobre as luzes de freio convencionais. Estudos posteriores mostraram que os custos eram pequenos (US$ 10 por carro) e os benefcios bem maiores (estimados em torno US$ 900 milhes de economias anuais) do que tinham sido antecipados.

    Os ergonomistas lamentam que nem todas as intervenes sejam de justi cativas to claras quanto essa.

    Nesse sentido, Hendrick (2003) argumenta que o ergonomista pro ssional precisa colocar suas propostas ergonmicas em termos econmicos, ou seja, necessrio falar na mesma linguagem, j que as decises a respeito de mudanas devem ser racionalizadas em bases nanceiras.

    So identi cadas trs categorias principais para a informao nanceira: Custos poupados identi cao correta do problema raiz: ao invs de gastar dinheiro corrigindo o problema errado, procurar aumento da produtividade, reduo de danos, melhoria no moral, aumento de competncia, entre outros;Custo evitado perda de vendas, aumento do treinamento, melhoria de suporte e manuteno, melhoria nas taxas de rejeio;Novas oportunidades projeto de sistemas exveis, expanso de mercados para negcios e maior mbito de usurios.

    Pode-se utilizar a Anlise Ergonmica para fazer uma anlise e previso dos custos e do possvel retorno da interveno ergonmica.

    Na viso econmica de grande parte dos empreendimentos, primeiramente implica numa viso mais ampla da conjuntura e da posio relativa da empresa dentro desse con-texto, ou seja, traa-se o histrico e a caracterizao da empresa no estado anterior dentro de um cenrio mais amplo.

    Num segundo momento, passa-se a avaliar as condies internas de operaciona-lidade, apontando-se uma Estimativa Inicial, que ser a estimativa de Custo Ergonmico, seguida pela identi cao dos problemas com as perspectivas de custo, o que culminar com o mapeamento dos problemas identi cados em determinadas situaes. Situao ideal para se montar o Quadro de Custos Ergonmicos numa empresa.

    Com base nesse quadro de custos determinam-se os focos principais do quadro, o que podem ser indicadores de perdas ergonmicas na empresa. Baseado nesse quadro e seus focos, podem-se prever os possveis ganhos (expectativas de retornos dos projetos) e fazer uma avaliao inicial de custo/benefcio. Aps as anlises sistemticas nos focos, ser possvel aferir, com mais preciso, os problemas e seus custos, revendo as expectativas de retorno dos projetos de transformao.

    O PAPEL DE UM ERGONOMISTA

    O ergonomista hoje um pro ssional que a cada dia vem sendo mais solicitado nas empresas, por um motivo legal, pois algumas defesas judiciais e avaliaes so melhor elaboradas e mais aceitas quando feitas por um ergonomista e, por outro lado, pela melhora da qualidade do trabalho, segundo os prprios trabalhadores.

  • 16

    Ergonomia

    Ateno!

    Os ergonomistas so pro ssionais de diversas reas que se es-pecializam em ergonomia e contribuem para o planejamento, projeto e a avaliao de tarefas, alm de avaliarem postos de trabalho, produtos, ambientes e sistemas com a nalidade de compatibilizar o trabalho com as necessidades, habilidades e limitaes das pessoas.

    Segundo a IEA International Ergonomics Associacion, por meio da ABERGO (As-sociao Brasileira de Ergonomia), o ergonomista, atravs das suas competncias, o indivduo que:

    1 Investiga e avalia as demandas de projeto ergonmico no sentido de assegu-rar a tima interao entre trabalho, produto ou ambiente e as capacidades humanas e suas limitaes:

    1.1 - Entende as bases tericas para planejamento ergonmico e checagem da situao de trabalho;

    1.2 - Aplica abordagem sistmica em suas anlises;1.3 - Entende as exigncias para a segurana, os conceitos de risco, avaliao de

    riscos e gerenciamento de riscos;1.4 - Entende e pode conviver com a diversidade de fatores que in uenciam desem-

    penho humano e qualidade de vida e suas inter-relaes;1.5 - Demonstra uma compreenso de mtodos de mensurao pertinentes para

    avaliao e projeto em Ergonomia;1.6 - Reconhece o escopo pessoal de competncia.

    2 Analisa e interpreta os achados das investigaes em ergonomia:2.1 - Avalia produtos ou situaes de trabalho em relao a expectativas de desem-

    penho livre de erros;2.2 - Aprecia o efeito de fatores que in uenciam a sade e o desempenho humano;2.3 - Consulta de forma adequada observaes e interpretao de dados de seus

    levantamentos;2.4 - Analisa diretrizes, normas e legislao relativas s variveis que in uenciam

    a atividade;2.5 - Toma decises justi cveis mediante critrios pertinentes que in uenciam um

    novo projeto ou as solues de um problema espec co.

    3 Documenta de forma adequada os achados ergonmicos:3.1 - Prov um relatrio sucinto em termos compreensveis pela Gerncia a que se

    vincula e apropriados ao projeto.

    4 Determina a compatibilidade da capacidade humana com as solicitaes planejadas ou existentes:

    4.1 - Aprecia a extenso da variabilidade humana que in uencia o projeto;4.2 - Determina as bases e a interao entre as caractersticas, habilidades, capaci-

    dades e motivaes, de uma pessoa, e a organizao, os ambientes planejados ou existentes, os produtos manuseados, equipamentos, sistemas de trabalho, mquinas e tarefas;

  • 17

    4.3 - Identi ca reas e tarefas de alto risco potenciais ou existentes;4.4 - Determina se um problema tratvel por uma interveno ergonmica.

    5 Desenvolve um plano para projeto ergonmico ou interveno ergonmica:5.1 - Adota uma viso holstica da ergonomia no desenvolvimento de solues;5.2 - Incorpora abordagens que buscam a melhoria de qualidade de vida no ambiente

    de trabalho;5.3 - Desenvolve estratgias para implementar um novo projeto que estabelea um

    local de trabalho saudvel e seguro;5.4 - Considera alternativas para otimizar as interaes entre a pessoa e o produto,

    a tarefa ou o ambiente que possibilitem alcanar um bom desempenho;5.5 - Desenvolve um plano balanceado para controle de risco;5.6 - Comunica-se de forma efetiva com a Gerncia a que se vincula e as pessoas

    com quem interage pro ssionalmente.

    6 Faz recomendaes apropriadas para projeto ou interveno ergonmica:6.1 - Entende as hierarquias dos sistemas de controle;6.2 - Esboa recomendaes apropriadas para projeto ou interveno;6.3 - Esboa recomendaes apropriadas para o gerenciamento e a gesto

    organizacional;6.4 - Faz recomendaes relativas seleo de pessoal;6.5 - Desenvolve recomendaes apropriadas para educao, treinamento e desen-

    volvimento, baseadas em princpios ergonmicos.

    7 Implementa recomendaes para otimizar o desempenho humano:7.1 - Relaciona-se com a Gerncia a que se vincula e com as que assessora em

    todos os nveis de seu pessoal;7.2 - Supervisiona a aplicao do plano ergonmico;7.3 - Gerencia a implementao das mudanas.

    8 Avalia os resultados da implementao das recomendaes ergonmicas:8.1 - Monitora efetivamente os resultados do projeto ou interveno ergonmica;8.2 - Produz re exo ou pesquisa avaliativa relevante para a Ergonomia;8.3 - Elabora julgamentos pessoais acerca da qualidade e efetividade de projeto ou

    interveno ergonmica;8.4 - Modi ca o programa de ergonomia conforme resultados de suas avaliaes,

    onde for necessrio.

    9 Demonstra comportamento profi ssional:9.1 - Demonstra um compromisso com uma prtica tica e com altos padres de

    desempenho e de atos em conformidade a exigncias legais;9.2 - Reconhece foras e limitaes pessoais e pro ssionais bem como reconhece

    as habilidades de outros;9.3 - Mantm conhecimento atualizado de estratgias nacionais e internacionais rel-

    evantes para a prtica de Ergonomia;9.4 - Reconhece o impacto da Ergonomia na vida das pessoas.

    A quali cao de ergonomista se d atravs de um curso de especializao em ergo-nomia, pois no existem cursos de graduao para habilitao em Ergonomia. Alm disso, o indivduo deve atualizar-se periodicamente atravs de congressos e cursos.

  • 18

    Ergonomia

    Ainda dentro destas caractersticas temos que o ergonomista contribui para o planejamento, projeto e avaliao de tarefas, postos de trabalho, produtos, ambientes e sistemas de modo a torn-los compatveis com as necessidades, habilidades e limitaes das pessoas.

    Dentro dessas caractersticas, conclumos que o ergonomista um pro ssional essencial s empresas, necessitando de atualizao constante.

    As certificaes em ergonomia comearam a ser discutidas em 1996 atravs da ABERGO.

    J existem quatro normas prontas para entrar em vigor, so elas:ERG BR 1000 que cria o sistema de certi cao pro ssional; ERG BR 1001 estabelece as competncias focais para a ergonomia; ERG BR 1002 estabelece o cdigo de Deontologia; ERG BR 1003 estabelece a acreditao de programas universitrios de terceiro grau em ergonomia.

    Alm das normas, a ergonomia ja conta com normas internacionais ISO, criadas a partir de 1981, certi cando atividades envolvendo o uso de dispositivos de informao.

    De na ergonomia.1.

    Fale sobre os trs domnios da ergonomia.2.

    Fale sobre Taylor e taylorismo.3.

    Fale sobre Fayol.4.

    Fale sobre Henry Ford e fordismo.5.

    Atividades

    Complementares

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    Quais as despesas da ergonomia?6.

    Quais os retornos da ergonomia?7.

    Como se veri ca o custo/benefcio da ergonomia?8.

    Quais as funes do ergonomista?9.

    Quem pode ser ergonomista?10.

    ORGANIZAO DO TRABALHO

    ESTRESSE NO AMBIENTE DE TRABALHO

    O estresse, segundo Guimares 2000, o conjunto de reaes que um organismo desenvolve ao ser submetido a uma situao que exige esforo para a adaptao.

    O organismo, quando exposto a um esforo desencadeado por um estmulo percebido como ameaador homeostasia, seja ele fsico, qumico, biolgico ou psicossocial, apresenta a tendncia de responder de forma uniforme e inespec ca, denominada sndrome geral de adaptao, podendo estar associado ao estresse.

    O estado de tenso a que algumas situaes nos submetem mantm o nosso or-ganismo em estado de alerta. Estado este de responsabilidade de uma parte do sistema

    Ateno!

  • 20

    Ergonomia

    nervoso de todo indivduo, chamado Sistema Nervoso Autnomo Simptico. Algumas caractersticas so:

    Midrase aumento do dimetro da pupila com o objetivo de aumentar o campo de viso;Taquicardia aumenta a frequncia cardaca com objetivo de transportar mais nutrientes;Taquipnia aumenta a frequncia respiratria com o objetivo de aumentar a reserva de oxignio;Aumento da presso arterial; Deslocamento do sangue para os grandes msculos.

    A manuteno dessas caractersticas no indivduo pode acontecer em casa, no tra-balho ou na rua.

    O estresse est presente desde a existncia do homem. Desde os tempos bblicos alguns sacrifcios eram oferecidos para combat-Io. Antigamente os indivduos viviam em estado de tenso para se livrar, principalmente, dos inimigos ou dos animais.

    Dos inimigos porque tinham que estabelecer o seu territrio, a responsabilidade de proteger e trazer o sustento para a sua famlia;Dos animais com o objetivo de venc-los para transform-los em alimento.

    Hans Selye, mdico endocrinologista nascido em Viena no dia 26 de janeiro de 1907 e falecido em 16 de outubro de 1982, foi o primeiro a citar a palavra estresse no contexto mdico. Ele cita que estresse a quebra do equilbrio interno (homeostasia) provocando alteraes do Sistema Nervoso Autnomo, aumento da ao do Sistema Nervoso Au-tnomo Simptico e reduo da ao do Sistema Nervoso Autnomo Parassimptico.

    Hoje os indivduos se encontram submetidos ao estresse devido, principalmente, responsabilidade imposta pela sociedade. O sistema capitalista, atualmente, tem grande in uncia no estresse, pois o indivduo est sempre querendo crescer e ultrapassar os seus limites, tornando o ser cada vez mais susceptvel s frustraes e ao estado de tenso.

    Existem duas condies que atuam diretamente no estresse, uma a incerteza do resultado do que se faz e outra quando o resultado muito importante para o indivduo.

    H alguns tipos comportamentais que esto relacionados ao estresse:

    O tipo A aquele em que o indivduo encontra-se envolvido numa luta constante para realizar cada vez mais em cada vez menos tempo. Os indivduos com esse tipo de comportamento apresentam algumas caractersticas, que so:

    1- Senso de premncia de tempo;2- Procura de nmeros;3- Insegurana com relao ao status;4- Agresso e hostilidade.

    Estes indivduos so competitivos, difceis de lidar e in exveis. So extremamente envolvidos com o trabalho, gostam de prazos e presses.

    Saiba mais!

  • 21

    Eles apresentam um senso crnico de urgncia de tempo, um impulso excessiva-mente competitivo. Eles so impacientes e tm grande di culdade de lidar com o tempo de lazer. So mais sujeitos a morrer de infarto, no entanto este comportamento parece ser o precursor de sucesso pro ssional. Eles so:

    Ambiciosos; Impacientes; Agitados; Apressados; Competidores; Seguros de si; Agressivos; Pontuais; Insistentes em suas opinies; Sempre urgentes.

    O tipo B raramente morti cado por desejos de obter um nmero crescente de coisas. tpico de pessoas que no tm pressa, so menos hostis e, em geral, parecem mais tranquilos. Mas no necessariamente o oposto total do tipo A. As suas principais caractersticas so:

    1- Pouco ambicioso;2- Permanece no mesmo emprego;3- Pensa devagar;4- menos orientado para o trabalho.

    As consequncias do estresse, de uma forma geral, podem ser pessoais ou pro ssionais.

    Em nvel pessoal pode provocar:Afastamento do trabalho; Interveno hospitalar; Desequilbrio familiar; Perda do emprego; Constrangimento social.

    Em nvel pro ssional pode determinar:Perda de oportunidade; Queda de produtividade; Absentesmo; Prejuzos nanceiros.

    O estresse ocupacional pode ser de nido como sendo um estado emocional causado por uma discrepncia entre o grau de exigncia do trabalho e os recursos disponveis para gerenci-Io.

    um fenmeno subjetivo e depende da compreenso individual da incapacidade de gerenciar as exigncias do trabalho. O estresse ocupacional produto da relao entre o

    Ateno!

  • 22

    Ergonomia

    indivduo e o seu ambiente de trabalho, em que as exigncias deste ultrapas-sam as habilidades do trabalhador para enfrent-Ias, o que pode acarretar um desgaste excessivo do organismo, interferindo na sua produtividade.

    Em especial, no caso de estresse ocupacional, podemos dizer que quando a pessoa percebe o seu ambiente de trabalho como uma ameaa de suas necessidades de realizao pessoal e pro ssional ou da sua sade

    mental ou fsica, o que prejudica a integrao com o trabalho e com o seu prprio ambiente na medida em que esse ambiente possui demandas excessivas ou no possui recursos adequados para encarar tais situaes.

    As possveis causas so muito variadas e possuem efeitos cumulativos. Acabam com exigncias fsicas ou mentais exageradas e podem atingir o trabalhador de forma diferen-ciada, sendo que ser mais intenso nos trabalhadores j afetados por outros fatores, como con itos com a che a ou problemas familiares.

    Outros fatores que podem provocar ou intensi car o estresse so:Autoritarismo do chefe; Descon anas; Cobranas e presses; Cumprimento de horrio de trabalho; Monotonia /rotina de algumas tarefas;Insatisfao pessoal; Falta de perspectiva/progresso pro ssional Fluxo/ritmo de trabalho; Segurana no trabalho; Intraquilidade no trabalho; Funo no adequada ao indivduo; Con itos dirios; Longas jornadas de trabalho; Rituais e procedimentos desnecessrios; Algumas condies fsicas (excesso de calor, rudos, iluminao inadequada, gases txicos, cores irritantes etc.).

    O estresse no ambiente de trabalho pode ser descrito tambm pela Sndrome de Burnout, caracterizada por um estado de esgotamento fsico e mental em que a causa est diretamente relacionada vida pro ssional. Difere da depresso principalmente pelo fator causal. A sndrome tem como causa o fator pro ssional, ou seja, o trabalho. E a depresso causada, principalmente, por fatores pessoais. Os sintomas da Burnout podem ser divididos em 4 classes: Fsicas/Fisiolgicas, Psquicas/Psicolgicas, Emo-cionais e Comportamentais.

    Fsicas/Fisiolgicas fadiga, distrbio do sono, dores musculares;Psquicas/Psicolgicas diminuio da memria, di culdade de concentrao, diminuio da capacidade de decidir;Emocionais desnimo, ansiedade, depresso, impacincia, irritao e pessimismo;Comportamentais tendncia de isolamento, perda de interesse pelo lazer, aumento do consumo de bebidas alcolicas e fumo e tendncia ao absentesmo.

    Ento, podemos dizer que a Sndrome de Burnout um dos principais tipos de estresse ocupacional, inclusive citada no decreto 3048/99, que regulamenta a Previdncia Social. Aparecendo como Sindrome de Burnout e Sndrome do Esgotamento Pro ssional.

  • 23

    CONCEPO DE POSTO DE TRABALHO

    A aplicao da ergonomia pode ser dividida em 4 abordagens, dependendo do mo-mento, do tempo, do gasto permitido, da disponibilidade dos pro ssionais etc.

    Um aspecto a que se deve atentar durante esta concepo o per l do trabalhador que vai assumir aquele posto de trabalho. Um novo tipo de trabalhador comea a aparecer cada vez com maior frequncia, at porque a legislao comea a obrigar as empresas a contrat-lo: o de ciente, seja fsico, sensorial (auditiva e visual), intelectual ou at mesmo mltiplo.

    Outro fator muito importante a acessibilidade aos ambientes de trabalho. Hoje, um grande custo para as empresas est ligado diretamente acessibilidade. Importante salientar que apenas 1% do valor total do investimento direcionado/gasto com a aces-sibilidade quando esta pensada e projetada antes da concretizao da obra. Se a obra j estiver pronta e necessitar de adequao, sero gastos em torno de 25% do valor total do investimento. Ento, devemos estar atentos construo do projeto da obra.

    O tamanho e dimenso do corpo so os fatores humanos mais importantes para a Arquitetura, pela sua relao com a adaptao ergonmica do usurio ao entorno. O espao habitado tem sido projetado ao longo dos anos para um tipo fsico mdio sexo masculino, jovem, adulto e saudvel. Mas o fato que apenas uma parte da populao atende a estes requisitos. As pessoas so diferentes em suas necessidades fsicas e isso deve ser considerado no projeto.

    No incio do sculo XX foram criados parmetros que permitiram s inds-trias a fabricao de mobilirio e utenslios padronizados. Os padres de fabricao comearam a ser utilizados durante a 2 Guerra Mundial e passaram a ter um critrio tcnico e a funcionar como normas, difundidas e adotadas internacionalmente com a criao da ISO - International Organization for Standardization, que passou a funcionar a partir de 1947, com sede em Genebra, na Sua.

    A ABNT - Associao Brasileira de Normas Tcnicas, criada em 1940, tem uma histria de pioneirismo. o rgo responsvel pela normalizao tcnica no Brasil e fornece a base necessria ao desenvolvimento tecnolgico do pas.

    Em 1985 foi criada a Norma NBR 9050 Adequao das Edi caes e do Mo-bilirio Urbano Pessoa De ciente, a qual foi complementada em 1994 e renomeada como Acessibilidade de pessoas portadoras de de cincias a edi caes, espao, mobilirio e equipamentos urbanos. Esta norma de ne a velhice como de cincia que reduz efetivamente a mobilidade, exibilidade, coordenao motora e percepo, em indivduos de idade avanada e que no se enquadram nos demais caso de de -cincias (causadas por doena ou incapacidade temporria ou permanente), e visa o Projeto de Arquitetura para uma populao mdia mais abrangente.

    Em junho de 2004 foi concluda a reviso desta norma, passando ento a denominar-se: Acessibilidade a edifi caes, mobilirio, espaos e equipamentos urbanos, sendo, ento, de nido como ACESSIBILIDADE a possibilidade e condio de alcance, percepo e entendimento para utilizao com segurana e autonomia de

    edifi caes, espao, mobilirio, equipamento urbano e elementos.

    Saiba mais sobre acessibilidade!

  • 24

    Ergonomia

    Voltando a falar sobre as intervenes da ergonomia, dividem-se em:Ergonomia de Correo; Ergonomia de Concepo; Ergonomia de Conscientizao; Ergonomia Participativa.

    A Ergonomia de Correo baseia-se principalmente na correo do posto de trabalho, modi cando de forma restrita alguns elementos/componentes do posto de trabalho, tendo a sua efi ccia limitada. Podem ser alteradas a iluminao, as dimenses de alguns objetos ou estruturas, a temperatura, os rudos ou ate a posio de alguns equipamentos.

    A Ergonomia de Concepo promove uma interferncia maior no ambiente pro s-sional. Pode alterar o projeto da mquina, o sistema de produo, organizao do trabalho ou at a formao de pessoal. Pode ser subdividida em duas:

    Preventiva vai atuar no projeto do posto de trabalho. Talvez seja a aplicao da ergonomia mais indicada, pelo fato de o posto ainda estar em planejamento e sua construo ocorrer de forma ergonmica.Corretiva quando h grandes alteraes num posto de trabalho j existente. Essa interveno pode provocar grandes despesas, pois pode ser necessrio parar a produo para realizar as mudanas.

    A Ergonomia de Conscientizao pretende ensinar o trabalhador a usufruir dos benefcios do posto de trabalho, da postura, do uso correto dos mobilirios e equipamentos, mostrar a importncia da pausa e da ginstica laboral, alm de ajud-lo a entender como o seu corpo pode ser afetado pela atividade pro ssional. Este procedimento necessita de persistncia e motivao.

    A Ergonomia Participativa, na maioria das vezes, estimulada pela presena de um Comit Interno de Ergonomia (CIE). Este comit contm representantes da empresa e dos funcionrios e se utiliza de algumas ferramentas da ergonomia de conscientizao para que haja melhor usufruto do projeto ergonmico. Este tipo de abordagem ocorre com a interao entre as citadas anteriormente.

    Comit Ergonmico grupos estruturados dentro das empresas para atacarem os problemas ergonmicos existentes de forma gradativa e sistemtica, evitando os es-foros isolados. Esses grupos trabalham sob uma coordenao nomeada pela gerncia e com o trabalho de secretaria executiva sendo feito pelos pro ssionais do SESMT.

    A concepo dos postos j deveria ser realizada com o auxlio de um ergonomista, pois a maneira de se obter menos gastos no futuro. O ergonomista tem que estar atento para possveis alteraes que possam a ocorrer na atividade pro ssional, assim como uma mudana ou aumento da produo.

    Tudo isso dever ser previsto num planejamento de concepo de posto de trabalho.Outro fato importante tentar obter informaes dos indivduos que iro ocupar/re-

    alizar as funes, alm de seguir as normas legais, como isolamento acstico, iluminao, adequao do mobilirio etc.

    Saiba mais!

  • 25

    A concepo dos postos de trabalhoPodem ser subdivididos em trs parmetros:

    Especializao do trabalho; Formalizao do comportamento; Formao e socializao.

    Especializao do trabalhoSobre a especializao do trabalho, podemos dizer que se divide em duas dimenses:

    Amplitude ou Especializao Horizontal; Profundidade ou Especializao Vertical.

    A Amplitude est relacionada com o nmero de tarefas diferenciadas e o seu carter amplo ou restrito. Podemos demonstrar dois extremos. Em uma ponta temos o indivduo que realiza vrias funes no especializadas e do outro lado os indivduos que concentram-se numa s tarefa fortemente especializada.

    Na segunda dimenso da especializao, Profundidade, tambm encontramos dois extremos. De um lado o trabalhador que executa meramente o seu trabalho sem se inter-rogar como e o por que. E do outro lado o trabalhador que controla cada aspecto do trabalho, alm de ter que execut-lo.

    A primeira dimenso, mais conhecida como especializao horizontal, re ete a diviso do trabalho em tarefas de exigncia/importncia semelhante. Ou seja, reduzir o que cada um faz para aumentar a produtividade aumentando a habilidade e concentrao individual e evitar a perda de tempo que o operrio gasta para a mudana de tarefas. Facilita a estan-dardizao/produo em srie.

    Algumas razes justi cam o aumento da produtividade, como o melhoramento da destreza do trabalhador que se especializa em determinada tarefa, a economia de tempo gasta para mudar o trabalho e o desenvolvimento de novos mtodos ou mquinas. Observe que todos esses fatores indicam aumento da repetio.

    A repetio traz alguns benefcios e prejuzos. Como bene cio, traz a concentrao do trabalhador, alm de resultados mais uniformes e de uma maneira mais e ciente. Mas traz consigo as doenas provocadas pela repetio, alm da monotonia e falta de motivao.

    A Especializao Horizontal tende a aumentar a repetio.

    A segunda dimenso, conhecida como especializao vertical, tenta separar a execuo do trabalho de sua administrao. O trabalhador ganha certo controle sobre a sua atividade e sobre as suas decises. Essa especializao bastante utilizada para que seja empregado um ponto de vista diferente, com o objetivo de o trabalho ser bem executado.

    Na maioria dos casos, se um posto de trabalho muito especializado na dimenso horizontal, a perspectiva do trabalhador torna-se muito estreita, fazendo com que lhe seja difcil relacionar o seu trabalho com o trabalho dos outros. A segunda dimenso utilizada tambm para haver interao entre os trabalhadores.

    Consequentemente, os postos de trabalho tm de ser muitas vezes especializados na di-menso vertical porque so especializados na dimenso horizontal. Se o fato de um trabalhador

    Ateno!

  • 26

    Ergonomia

    desempenhar uma tarefa limitada reduz a perspectiva do trabalhador, inclui-se ento a especializao vertical para reduzir esses efeitos. Mas nem todos os postos de trabalho tendem a ser especializados nas duas dimenses.

    Formalizao do comportamento a forma de prescrever a separao dos participantes da organizao

    separando suas formas de trabalho. O resultado disso a regulamentao do comportamento. Pode ser feito por posio, uxo do trabalho ou regras.

    Posio indica que a formalizao se d pela descrio do que se faz num posto de trabalho.

    No Fluxo de trabalho h demonstrao das prprias tarefas contendo as descries de como fazer.

    Regras, so emitidas para toda a organizao (assiduidade, vesturio).A formalizao tem engessado as atitudes dos trabalhadores, atravs dos trabalhos

    mais limitados e menos especializados. Podemos observar que eles so mais simples, mais repetitivos e mais fceis de controlar.

    Sua principal inteno reduzir a variabilidade, podendo, assim, prev-la e control-la. Tambm utilizada para assegurar a consistncia da mecanizao que leva produo eficiente. Permite que o comportamento seja pr-determinado/previ-svel, ou seja, padronizado.

    Formao e SocializaoA formao constituda pelos processos atravs dos quais se transmitem os con-

    hecimentos e as competncias relacionadas com o trabalho.A socializao constitui o processo pelo qual um novo membro aprende o sistema de va-

    lores, normas e os comportamentos da sociedade, grupo ou trabalho que acaba de assumir.Seja qual for o setor da organizao, a formao tanto mais importante para

    os postos de natureza complexa, compreendendo quali caes difceis e corpos de conhecimentos so sticados, ou seja, postos de trabalho essencialmente pro ssionais por natureza.

    E a socializao mais importante quando os postos so sensveis ou remotos, a cultura e a ideologia da organizao exigem uma grande lealdade dos seus membros.

    O que deve car compreendido que a concepo do posto de trabalho deve levar em considerao todas as informaes anteriores, e que ser muito mais fcil para o er-gonomista, mais barato para a empresa e muito bom para o trabalhador, se a concepo ocorrer no projeto de implantao/construo da empresa.

    PROGRAMAS DE QUALIDADE DE VIDA NOS POSTOS DE TRABALHO

    Nos ltimos tempos a implantao dos programas de qualidade de vida nas empresas tem aumentado consideravelmente. Segundo lvares (2002), existe cada vez mais interesse sobre a qualidade de vida na sociedade atual. Principalmente no setor empresarial, visto que, para a obteno do certi cado de Qualidade Total, necessrio que se proporcione segurana, bem-estar, conforto e satisfao no trabalho.

    De acordo com a ABQV (Associao Brasileira de Qualidade de Vida), em 1995, nos Estados Unidos, as maiores empresas possuem programas estruturados sobre qualidade de vida.

  • 27

    O conceito de qualidade de vida pode variar de indivduo para indivduo e normal-mente varia com o decorrer da vida. Mas o conceito gira em torno da ideia que a quali-dade de vida sofre in uncia de mltiplos fatores. A juno desses fatores, que moldam e modi cam o cotidiano do ser humano, acaba resultando numa rede de fenmenos e situaes que pode ser chamada de qualidade de vida. Alguns fatores so:

    Estado de sade; Disposio; Satisfao no trabalho; Longevidade; Salrio; Lazer; Prazer; Relaes familiares.

    H uma confuso comum em relao sade e qualidade de vida. Algumas literatu-ras de nem sade como sendo uma boa qualidade de vida. A de nio de sade pela OMS pode ser utilizada como de nio de qualidade de vida.

    ...condio de bem-estar que inclui no apenas o bom funcionamento do corpo, mas tam-bm o vivenciar uma sensao de bem-estar espiritual (ou psicolgico) e social, entendido neste ltimo o bem-estar social como uma boa qualidade nas relaes que o indivduo mantm com as outras pessoas e com o meio ambiente (OMS).

    O termo qualidade de vida no trabalho est relacionado com a qualidade de vida somente no trabalho, no entanto impossvel a satisfao no trabalho estar isolada da vida de um indivduo como um todo. Apresenta uma relao entre qualidade de vida dentro e fora do trabalho.

    Existem muitas correlaes possveis entre a satisfao no trabalho e em outras tarefas fora do trabalho que contribuem para a qualidade de vida. possvel analisar a relao entre a satisfao no trabalho e as tarefas da vida diria por meio de trs situaes de comportamento:

    Na primeira, o indivduo escolhe atitudes e atividades semelhantes dentro e fora do ambiente de trabalho;Na segunda, o individuo privado em algo no trabalho ou fora dele e assume comportamentos opostos em cada local;Na terceira, no h relao entre os atos executados na esfera pro ssional ou na vida diria.

    A situao ideal a primeira, pois existe relao positiva entre as duas atitudes, in-dicando uma satisfao no trabalho e na vida.

    O grau de satisfao no trabalho tambm pode estar relacionado com o conjunto de expectativas entre o indivduo e a empresa. Essa expectativa pode ser chamada de psicolgica e fator determinante no processo adaptativo quanto satisfao do indi-vduo na empresa.

    Saiba mais!

  • 28

    Ergonomia

    De uma forma geral, os Programas de Qualidade de Vida, quando im-plantados, devem apresentar algumas caractersticas comuns. So elas:

    Participao da alta cpula da empresa; Avaliao das necessidades internas; Coordenao de pro ssionais quali cados; De nio clara da loso a e dos objetivos; Sistemas hbeis de operao e de administrao; Aes de Marketing; Procedimentos de avaliao e reavaliao; Sistema de comunicao e ciente; Estimular a cultura de bons hbitos e atitudes.

    Alguns dados da ABQV mostram que nos ltimos 18 anos, nos EUA, atravs de uma anlise da experincia das grandes empresas, os pontos mais observados foram:

    Qualidade de vida, atualmente, faz parte da estratgia das organizaes; Antes de implantar programas de qualidade de vida preciso diagnosticar as necessidades, prioridades, metas e desenvolvimento dos objetivos a serem atingidos;O sucesso dos programas depende do comprometimento das lideranas; Entusiasmo e autenticidade na comunicao so extremamente necessrios para se obter adeso ao programa e disseminao da conscincia da sade; fundamental que as reas relacionadas sade desenvolvam um trabalho integrado.

    Qualquer alterao no ambiente de trabalho gera um impacto que pode ser negativo ou positivo sobre a percepo de qualidade de vida do trabalhador, pois sabemos que o trabalho ocupa o centro da vida das pessoas. Portanto ele deve promover a sade, o equilbrio fsico e psicoemocional, visto que a qualidade de vida no trabalho est diretamente relacionada a boas condies de trabalho.

    Leia mais sobre qualidade de vida:

    http://www.icpg.com.br/artigos/rev03-12.pdfhttp://www.administradores.com.br/artigos/programas_de_qualidade_de_vida_no_

    trabalho/29176/

    importante salientar que grande parte das empresas que procura implantar Pro-gramas de Sade e Qualidade de Vida inicia com algumas ferramentas, como a ginstica laboral. O principal objetivo dessas empresas a reduo do absentesmo.

    O absentesmo, absentismo ou ausentismo o termo utilizado para expressar a falta do empregado ao trabalho.

    Isto , a soma dos perodos em que os empregados de determinada organizao se encontram ausentes do trabalho, no sendo a ausncia motivada por desemprego, doena prolongada ou licena legal.

    Saiba mais!

  • 29

    Segundo Quick & Lapertosa (1982), o absentesmo dividido em:Absentesmo voluntrio ausncia no trabalho por razes particulares no justi cadas;Absentesmo por doena inclui todas as ausncias por doena ou por procedimento mdico, excetuam-se os infortnios pro ssionais;Absentesmo por patologia profi ssional ausncias por acidentes de trabalho ou doena pro ssional;Absentesmo legal faltas no servio amparadas por leis, tais como: gestao, gala, doao de sangue e servio militar;Absentesmo compulsrio impedimento ao trabalho devido suspenso imposta pelo patro, por priso ou outro impedimento que no permita ao trabalhador chegar ao local de trabalho.

    Para COUTO (1987), o absentesmo decorrente de um ou mais fatores, tais como de trabalho, sociais, culturais, de personalidade e de doenas. Parece no existir uma relao precisa de causa e efeito, mas sim um conjunto de variveis que podem levar ao absentesmo.

    Segundo Otero (1993), a etiologia do absentesmo multifatorial, dependendo da sua origem. Podem ser classi cados em fatores dependentes da atividade laboral, perilaborais, do meio extralaboral, patologias sofridas pelo trabalhador, fatores individ-uais e fatores dependentes do sistema administrativo.

    A reduo do ndice de absentesmo dentro das empresas pode estar relacionada com a satisfao geral do trabalhador ou com a ausncia da monotonia. Pequenas mudanas, como motivao e bem-estar, podem in uenciar este ndice.

    Couto (1987) cita que:

    ... medida que a empresa dedica maior ateno aos empregados, h uma tendncia de

    reduo do absentesmo.

    A melhora da qualidade de vida na microergonomia pode estar relacionada a alguns fatores intrnsecos do posto de trabalho ou da monotonia que a sua atividade proporciona. Sendo necessrias algumas alteraes que variam desde a conscientizao de como posi-cionar-se ou de como utilizar corretamente os seus instrumentos de trabalho at a mudana da posio de algumas estruturas fsicas ou ambientais da empresa.

    Uma boa parte das empresas acredita que os problemas esto primariamente nos indivduos e depois no ambiente de trabalho. Principalmente por essas crenas que a primeira atitude iniciar um programa de ginstica laboral. Caso as queixas continuem, comea-se a pensar em uma interveno ergonmica propriamente dita.

    No saberia dizer se a interveno ergonmica viria em segundo lugar por ser inicial-mente mais cara para a empresa, pela assuno de erros arquitetnicos em sua estrutura ou at por uma experincia desastrosa.

    Pare para refletir...

  • 30

    Ergonomia

    A interveno ergonmica acaba sendo mais cara porque ela tambm mais ampla, avalia todo o ambiente de trabalho, podendo interferir no s no indi-vduo como na ginstica laboral, mas tambm no ambiente, posto de trabalho.

    No momento em que o ergonomista encontra algumas falhas estruturais no ambiente de trabalho e a empresa permite alteraes, indiretamente ela assume que errou ou que no tem certeza de que a sua estrutura a mais adequada.

    Nos casos de experincias desastrosas alguns indivduos, que no esto adequadamente preparados ou na possuem o conhecimento espec co para a funo realizada pelo trabalhador, acabam solicitando gastos adicionais empresa sem o retorno esperado (que no necessari-amente nanceiro), alm do mal-estar que pode ser criado entre os funcionrios ou diretores.

    Veja um exemplo: Numa empresa que necessita de uma mscara facial de vedao total o ergonomista resolveu chamar um trabalhador que representa as caractersticas mdias de todos os outros funcionrios e mandou confeccionar todas as mscaras na medida daquele rosto e, ainda por cima, de material no moldvel (mais barato para a empresa). Com a chegada das mscaras observou-se, claro, que as mesmas no se adaptaram ao rosto de todos os trabalhadores. Como a mscara, nessa atividade, um EPI essencial a empresa teve que mandar refazer boa parte delas, tendo gastos desnecessrios. Aps este evento, qualquer outra alterao/compra que o ergonomista pedir ser vetada pela direo da empresa.

    Uma falha pode levar todo o trabalho de um ergonomista a ser desvalorizado.Algumas empresas brasileiras j se destacam pela sua ao na melhora da qualidade

    de vida de seus trabalhadores. Primeiro, para provocar, de fato, a melhoria da Sade e Quali-dade de Vida, e, segundo, por necessitar da obteno do certi cado de Qualidade Total.

    Uma outra coisa que interfere nesse processo de implantao de programas a Imagem Social que a empresa ganha perante o mercado.

    Hoje em dia h uma preocupao muito grande com Programas de Qualidade de Vida e Sade dos funcionrios e Programas de Preservao Ambiental, principal-mente por inferirem uma imagem favorvel, ben ca com os seus funcionrios e o meio ambiente, respectivamente.

    Apesar do esforo e das evidncias prticas visveis e comprovadas da contribuio dos Programas de Qualidade de Vida para as empresas, no podemos deixar de considerar que existe um longo caminho a ser percorrido at acreditar que as organizaes estejam realmente preocupadas com a sade e o bem-estar de seus funcionrios. Lembrando que o Sistema Capi-talista provoca uma busca desenfreada pelo acmulo de capital. Por outro lado, no se pode negar tambm que h reconhecimento da importncia de um tratamento humanstico nas relaes trabalhistas, mesmo que indiretamente, secundrio a muitas outras prioridades e interesses.

    Qualidade de vida agora lei. Quem no reduzir acidentes de trabalho pagar mais tributos

    A partir de 2009 as empresas que investirem em aes que permitam a reduo dos seus ndices de afastamento por doenas e acidentes de trabalho podero ter a

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    alquota de clculo do Seguro de Acidente de Trabalho (SAT) reduzida em at 50%. Entretanto, as que no o zerem correro o risco de ter que pagar o dobro do valor atual, que incide sob o total da folha de pagamento da empresa.

    Isso acontecer devido a mudanas nas regras da segurana do trabalho feitas pelo Ministrio da Previdncia. At ento, as empresas pagavam, como SAT, 1%, 2% ou 3% do valor de suas folhas de pagamento. O enquadramento era feito de acordo com a rea em que a empresa atua. Agora, o que de nir essa alquota ser o Fator Acidentrio de Preveno, um ndice que leva em conta a frequncia dos acidentes e seu custo para o INSS. Os ndices continuam os mesmos, o que muda a possibilidade de uma empresa que paga 3% ao ms possa ter essa alquota reduzida para 1,5% ou elevada a at 6%, dependendo da quantidade de afastamentos por acidentes ou doen-as de trabalho registradas pelo INSS, explica Myrian Quirino, consultora Especialista na rea Previdenciria e Trabalhista do Centro de Orientao Fiscal (Ceno sco).

    Para Myrian, a deciso visa a fomentar os investimentos por parte das empresas no que diz respeito segurana no trabalho e, consequentemente, reduzir os gastos da Previdncia.

    Segundo Mario Bonciani, auditor scal do Ministrio do Trabalho e Emprego (MTE), com a mudana houve uma reviso tambm na tabela de doenas motivadas pela atividade do trabalhador. Doenas como diabetes, tuberculose e hipertenso pas-saram a integrar a tabela. Cerca de 10% das doenas consideradas comuns foram includas. A depresso, por exemplo, foi includa como doena de trabalho comum ao setor nanceiro, explica.

    Para Bonciani, que tambm vice-presidente da Associao Brasileira de Medicina do Trabalho (ABMT) e colaborador da Associao Brasileira da Preveno de Acidentes (ABPA), os efeitos da nova metodologia comearo a ser sentidos em setembro do ano que vem (2008), quando o Fator Acidentrio ir alterar o SAT pela primeira vez.

    De acordo com ele, aps o anncio do reenquadramento das empresas, feito no m de novembro, foi estipulado um prazo de 30 dias, que termina no m deste ms, para os empresrios questionarem a nova alquota que foi atribuda pelo Ministrio da Previdncia. Ele conta que at agora o volume de aes de impugnao est muito abaixo do esperado, o que denota a falta de informao e de interesse das empresas pelo assunto.

    Myrian, do Ceno sco, espera que as novas regras criem uma cultura de inves-timento por parte das empresas na criao de melhores condies para trabalhadores cujas funes envolvam o risco. Ela acredita que a possvel vantagem nanceira j que uma empresa poder pagar metade do que paga hoje, caso implemente aes servir como impulso para isso.

    Bonciani acrescenta que a prpria concorrncia dentro do setor servir, tambm, de incentivo. Uma empresa que no investir na melhoria de suas condies de trabalho e tiver sua alquota dobrada ver seu concorrente sendo premiado por suas aes com a reduo drstica na sua contribuio para o SAT. Isso se re ete na imagem da empresa perante o mercado e elas no caro aqum disso.

    Leandro Fernandes, dezembro de 2007

    Uma das principais ferramentas da ergonomia, talvez a mais utilizada, seja a ginstica laboral, sobre a qual vocs iro saber no material AVA.

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    Ergonomia

    A POSTURA SOB O OLHAR DO ERGONOMISTA

    Um ergonomista tem por obrigao saber as posturas adequadas para realizao das atividades dos trabalhadores.

    necessrio o estudo de algumas disciplinas da rea de sade, como anatomia, antropometria, siologia do trabalho e principalmente biomecnica ocupacional. Essas disciplinas do sustentao ao ergonomista no momento da investigao no posto de trabalho.

    A anatomia necessria para que o indivduo consiga identi car as estruturas do corpo e sua localizao.

    Na antropometria o objetivo determinar as medidas do tamanho das estruturas do corpo humano. essencial para um ergonomista, sendo bastante utilizada nas intervenes ergonmicas, principalmente nas concepes de postos de trabalho. Os indivduos apre-sentam variaes ou diversidades que dependem da:

    Diferena entre os sexos Diferena tnica Tendncia ao crescimento Envelhecimento Classe social Ocupao

    Na siologia do trabalho veri ca-se como o corpo e suas funes se comportam durante a atividade laboral, assim como se comporta sob estresse, alm de mostrar quais rgos/estruturas sero mais acometidos nos diversos tipos de trabalhos, seja de levantamento de peso, de repetio, esttico ou sob tenso.

    Em se tratando da biomecnica ocupacional , talvez, conhecimento indispensvel ao ergonomista.

    Biomecnica pode ser de nida como aplicao da mecnica aos organis-mos vivos, tecidos biolgicos, aos corpos humanos e animais. a base da funo msculo-esqueltica.

    Atravs da biomecnica podemos alterar, in uenciar ou at perceber algumas ca-ractersticas do nosso corpo, como:

    Centro de gravidade Base de sustentao Foras Planos e eixos Tipos de movimento Movimentos articulares Tipos de contrao muscular Sistemas de alavancas Torque, trabalho e energia Cadeia cintica

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    Dentro dessas caractersticas temos que os sistemas de alavancas, movimentos articulares, tipos de contrao muscular e o torque, so importantssimas para decom-por os movimentos realizados pelo trabalhador em sua atividade laboral. Atravs da biomecnica o ergonomista consegue identi car movimentos prejudiciais, maquinrio e posturas inadequadas.

    Quando falamos em postura, entendemos que ela de fundamental importncia para o trabalhador, pois, atravs dela, pode-se identi car possveis pontos/locais de leso, o que chamamos de riscos.

    A postura de uma pessoa determinada (ao menos em parte) pela relao entre as dimenses do seu corpo e as dimenses do ambiente envolvido.

    De acordo com Merino (1996), a postura submete-se s caractersticas anatmi-cas e siolgicas do corpo humano e possui um estreito relacionamento com a atividade do indivduo, sendo que a mesma pessoa adota diferentes posturas nas mais variadas atividades que realiza.

    Basicamente, temos trs posturas essenciais.Postura sentada Postura de p Postura deitada

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    Ergonomia

    Antes de falar dos trs tipos de postura vamos falar sobre a coluna ver-tebral, que a estrutura ssea intercalada com discos que sustenta o nosso tronco, permitindo os movimentos de exoextenso, rotao e inclinao. de extrema importncia lembrar que as razes nervosas saem na nossa coluna vertebral e vo em direo aos nossos membros e uma variedade de manifestaes dos membros tem sua origem na coluna vertebral.

    De acordo com Viel (2000), a coluna vertebral um mecanismo complexo, perfeita-mente adaptado sua funo. tambm uma ferramenta frgil que suporta mal a solicitao excessiva, seja repetida no tempo ou decorrente de um esforo breve, mas intenso.

    A coluna vertebral possui 4 curvaturas siolgicas

    - Duas Lordoses, cervical e lombar;- Duas Cifoses, torcica e plvica.

    Essas curvaturas ocorrem num nico plano (sagital) e permitem maior resistncia sobrecarga. Quando um indivduo apresenta alguma curvatura fora deste plano, chamamos de escoliose.

    Escoliose um desvio tridimensional (nas trs dimenses) da coluna vertebral, o que signi ca que, alm de desviar para um dos lados, tambm faz rotao e inclinao. O que mais chama ateno o desvio ou os desvios laterais da coluna. Na maioria os casos frequente existir mais que um desvio da coluna, devido compensao.

    A coluna sofre forte in uncia da idade, perceptvel atravs do tempo de permanncia sentado. Inicialmente o indivduo suporta altas horas e, com o passar da idade, esse tempo

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    diminui acentuadamente. A coluna vertebral reage s vibraes e s presses excessivas ocorridas no ambiente de trabalho.

    Viel (2000) cita que as dores resultantes de atividades pro ssionais realizadas em p tero como consequncia o surgimento de dores na posio sentada.

    A postura sentada

    Esta posio a mais frequentemente utilizada pelas pessoas no seu ambiente de trabalho. Boa parte das pessoas permanece longos perodos nessa posio, podendo sofrer mais de dores em coluna.

    Se permanecer sentado uma condio necessria para a realizao do trabalho, o ideal que se observem algumas caractersticas, como:

    Posio da coluna; Presena de encosto; Possibilidade de inclinao do encosto; Possibilidade de inclinao do assento; Altura do assento; Altura do encosto; Textura/maciez; Outras.

    Moraes (1992) diz que a presso dos discos intervertebrais maior quando se est sentado, mesmo com o tronco ereto. Chega a ser 40% maior do que quando o indivduo est em p. Quando se exiona o tronco, a situao ainda pior, as bordas frontais das vrtebras so pressionadas umas contra as outras com uma fora considervel. Nessa postura, a presso intradiscal ainda maior, cerca de 90% a mais que a postura em p. Esse fato pode levar a leses, tanto nos discos intervertebrais como nas vrtebras e at em reas perifricas coluna.

    A posio sentada, associada com atividade muscular, mostra que mesmo o corpo parecendo estar em repouso ele est tendo, a todo o momento, contraes corretivas e de manuteno da postura, no sendo consideradas contraes estticas.

    Algumas vantagens so:baixa solicitao da musculatura dos membros inferiores, reduzindo, assim, a sensao de desconforto e cansao;possibilidade de evitar posies foradas do corpo; menor consumo de energia; facilitao da circulao sangunea pelos membros inferiores.

    Em contrapartida podem apresentar:pequena atividade fsica geral (sedentarismo); adoo de posturas desfavorveis: lordose ou cifose excessiva; estase sangunea nos membros inferiores, situao agravada quando hcompresso da face posterior das coxas ou da panturrilha, provocada pela altura incorreta do assento.

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    Ergonomia

    A postura de p

    Essa postura altamente fatigante, exigindo um elevado trabalho muscular esttico em que o corao encontra maior resistncia para bom-bear o sangue, alm da di culdade de encontrar um ponto de referncia. A presso na coluna menor que na posio sentada, mas ainda alta.

    Neste tipo de postura a in uncia sistmica. H sobrecarga do sistema cardiovas-cular e o principal acometimento so as varizes, pela di culdade em fazer o sangue retornar para o corao, j que no h o efeito de bomba externa (contrao muscular). As rotaes realizadas nesta posio so mais aceitas, em relao posio sentada, pois o movimento no ocorre somente na coluna, mas tambm na pelve e nas pernas. Outras desvantagens desta postura so:

    Sensaes dolorosas nas superfcies de contato articulares que suportam o peso do corpo (ps, joelhos, quadris);A tenso muscular permanentemente desenvolvida para manter o equilbrio di culta a execuo de tarefas de preciso;A penosidade da posio em p pode ser reforada se o trabalhador tiver ainda que manter posturas inadequadas dos braos (acima do ombro, por exemplo), inclinao ou toro de tronco etc.

    A escolha da postura em p como posio de trabalho se justi cada quando as condies exigirem:

    deslocamentos contnuos; manipulao de cargas com peso igual ou superior a 4,5 kg;alcances amplos frequentes, para cima, para frente ou para baixo;operaes frequentes em vrios locais de trabalho, separados sicamente; a aplicao de foras para baixo, como em empacotamento.

    A postura deitada

    Nessa postura no existe concentrao de tenso em nenhuma regio espec ca do corpo, permitindo que o sangue ua livremente, removendo os resduos do metabolismo. O consumo energtico mnimo e a posio recomendada para o repouso, descanso ou recuperao do estado de fadiga.

    Em alguns casos, essa posio assumida para realizar algum tipo de trabalho de manuteno, exigindo um grande esforo da musculatura do pescoo para manter a cabea erguida, se tornando uma postura altamente fatigante.

    Alguns mtodos utilizados pela ergonomia para analisar a postura podem variar entre os esforos siolgicos generalizados, os desgastes psicofsicos ou a forma de trabalho muscular necessrio.

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    De acordo com IIDA (1990), durante uma jornada de trabalho um trabalhador pode assumir centenas de posturas diferentes. Em cada tipo de postura, um diferente conjunto de musculatura acionado.

    Uma simples observao visual (assistemtica) no su ciente para se analisar estas posturas detalhadamente. Foram desenvolvidas, ento, diversas tcnicas para o registro e a anlise da postura.

    Temos a tcnica da descrio verbal, tcnicas fotogr cas, eletromiogrfi cas, pos-turografi a, entre outras tcnicas. Dentre as tcnicas, temos algumas mais utilizadas.

    Mtodos de Avaliao

    O mtodo OWAS

    Foi desenvolvido na Finlndia, entre 1974 e 1978, por pesquisadores em conjunto com o Instituto Finlands de Sade Ocupacional, com o intuito de gerar informaes para melhorar os mtodos de trabalho pela identi cao de posturas corporais prejudiciais durante a realizao das atividades.

    Baseia-se em analisar determinadas atividades em intervalos variveis ou con-stantes, observando-se a frequncia e o tempo despendido em cada postura. Permite que os dados posturais sejam analisados para catalogar posturas combinadas entre as costas, braos, pernas e foras exercidas e determinar o efeito resultante sobre o sistema msculo-esqueltico; e para examinar o tempo relativo gasto em uma postura espec ca para cada regio corporal, determinando o efeito resultante sobre o sistema steo-muscular. possvel obter os dados mediante observao direta (em campo) ou indireta (por vdeo), devendo ser observado todo o ciclo, em atividades cclicas, e nas atividades no cclicas ser observado um perodo de no mnimo trinta segundos. Durante a observao so consideradas as pos-turas relacionadas s costas, braos, pernas, ao uso de fora e a fase da atividade que est sendo observada, sendo atribudos valores e um cdigo de seis dgitos. O primeiro dgito do cdigo indica a posio das costas, o segundo indica a posio dos braos, o terceiro a posio das pernas, o quarto indica o levantamento de carga ou uso de fora e o quinto e sexto indicam a fase do trabalhador.

    Aps a categorizao das posturas laborais, o mtodo calcula e classi ca a carga de trabalho em quatro categorias, determinando ainda as medidas a serem adotadas.

    O mtodo REBA

    O mtodo REBA foi criado com o intuito de desenvolver um sistema de anlise pos-tural que fosse sensvel aos riscos msculo-esquelticos presentes em uma variedade de atividades, dividisse o corpo em segmentos para serem codi cados individualmente, com referncia aos planos de movimento, proporcionasse um sistema de pontuao para a ativi-dade muscular decorrente de posturas estticas, dinmicas e mudanas rpidas ou posturas instveis, com o objetivo de re etir a importncia da interao entre a pessoa e a carga quando do manejo de cargas, mas que nem sempre esse manejo feito com as mos, que inclusse a varivel apoio para avaliar o manejo de cargas, e que propusesse um nvel de ao com uma indicao da urgncia de interveno ergonmica.

    A avaliao dos fatores de risco se inicia mediante a observao do trabalhador durante alguns ciclos de trabalho para selecionar as atividades e posturas que sero avaliadas.

    Pode selecionar-se a postura de maior durao dentro do ciclo de trabalho ou aquela que necessite maior esforo do trabalhador.

    O REBA uma tcnica de anlise rpida, tornando possvel analisar todas as posturas adotadas pelo trabalhador durante o ciclo de trabalho.

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    Ergonomia

    Os diagramas de posturas se apresentam no plano sagital, razo pela qual s um lado poder ser avaliado. Se o avaliador se interessa em ambos os lados, ser necessrio realizar duas avaliaes.

    O mtodo RULA

    um mtodo de estudo desenvolvido para ser usado em investigaes ergonmicas de postos de trabalho onde existe a possibilidade de desenvol-vimento de leses por esforos repetitivos em membros superiores.

    Este mtodo foi desenvolvido para ser aplicado em operadores de mquinas industriais, tc-nicos que realizam inspeo, pessoas que trabalham com corte de peas ou embrulhadores.

    Tambm foi desenvolvido para avaliao de posturas, foras necessrias e atividade muscular de operadores de terminais de vdeo.

    O mtodo utiliza diagramas de posturas do corpo e trs tabelas que avaliam o risco de exposio a fatores de risco, como fatores de carga externos, que incluem:

    1. nmero de movimentos;2. postura esttica;3. fora;4. postura de trabalho determinada por equipamentos e mobilirios;5. tempo de trabalho e pausa.

    Alm destes existem outros fatores importantes que in uenciam, mas que variam de pes-soa para pessoa, como posturas adotadas, atividade muscular esttica desnecessria, veloci-dade e preciso de movimentos, a frequncia e durao das pausas feitas pelo operador.

    Existem, ainda, fatores que alteram a resposta de cada indivduo para carregamentos espec cos, fatores individuais (como experincia ou idade), fatores ambientais do posto de trabalho e variveis psicolgicas.

    Muitos outros fatores tambm so associados como fatores de risco para leses dos membros superiores.

    O mtodo Back School

    Foi desenvolvido por uma sioterapeuta sueca com o objetivo de capacitar os indi-vduos para que assumissem atitudes de autocuidado com a coluna, por meio de orienta-es sobre a lombalgia. Para tanto, a Back School estruturada em lies compostas por contedos tericos e prticos (exerccios espec cos).

    Atualmente, a Back School pode representar uma alternativa de interveno para pa-cientes portadores de problemas na coluna, necessitando, primeiro, de uma sistematizao em sua metodologia.

    O que estresse?1.

    Atividades

    Complementares

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    Cite os efeitos do estresse.2.

    Quais so as intervenes da ergonomia?3.

    Como podemos dividir a concepo de postos de trabalho?4.

    Quais as caractersticas comuns dos Programas de Qualidade de Vida?5.

    O que absentesmo?6.

    O que Biomecnica Ocupacional?7.

    Fale sobre o mtodo OWAS.8.

    Fale sobre o mtodo REBA.9.

    Fale sobre o mtodo RULA.10.

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    Ergonomia

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    TRABALHO, SADE E ERGONOMIA

    A Segurana no Trabalho pode ser entendida como os conjuntos de medidas que so adotadas visando minimizar os acidentes de trabalho, doenas ocupacionais, bem como proteger a integridade e a capacidade de trabalho do trabalhador.

    Estuda diversas disciplinas, como Introduo Segurana, Higiene e Medicina do Trabalho, Preveno e Controle de Riscos em Mquinas, Equipamentos e Instalaes, Psi-cologia na Engenharia de Segurana, Comunicao e Treinamento, Administrao aplicada Engenharia de Segurana, O Ambiente e as Doenas do Trabalho, Higiene do Trabalho, Metodologia de Pesquisa, Legislao, Normas Tcnicas, Responsabilidade Civil e Criminal, Percias, Proteo do Meio Ambiente, Ergonomia e Iluminao, Proteo contra Incndios e Exploses e Gerncia de Riscos.

    Toda empresa deve possuir um quadro de Segurana do Trabalho, formado por uma equipe multidisciplinar composta por Tcnico de Segurana do Trabalho, Tecnlogo em Segurana do Trabalho, Engenheiro de Segurana do Trabalho, Mdico do Trabalho, Enfermeiro do Trabalho, Fisioterapeuta do Trabalho e Ergonomista. Estes pro ssionais for-mam o que chamamos de SESMT Servio Especializado em Engenharia de Segurana e Medicina do Trabalho.

    A Segurana do Trabalho de nida por normas e leis. No Brasil, a Legislao de Se-gurana do Trabalho compe-se de Normas Regulamentadoras, Normas Regulamentadoras Rurais, outras leis complementares, como portarias e decretos, e tambm as convenes Internacionais da Organizao Internacional do Trabalho, rati cadas pelo Brasil.

    DO DIAGNSTICO MODIFICAO

    Agora vamos veri car a distncia entre diagnstico e tratamento. Quando se fala em ergonomia, pensamos em correo de problemas ou preveno destes. Essa ideia nos remete avaliao do ambiente, posto de trabalho, indivduo ou at mesmo da poltica empresarial.

    Para se fazer o diagnstico ergonmico deve-se ter muita ateno, porque peque-nas falhas corrigidas com correes mnimas no devem ser consideradas. importante mostrar, atravs de um relatrio, todas as inadequaes encontradas.

    Para isso, o ergonomista necessitar de acurcia, analisando ponto a ponto.Comearemos aqui pelo diagnstico do posto de trabalho.Inicialmente, para se ter ideia do que est errado, devemos buscar os maiores ndices

    de doenas ou dores nos funcionrios, seja atravs de investigao no servio de sade da empresa ou de questionrios e entrevistas. A partir da, com as prevalncias de acidentes ou queixas dos funcionrios, vamos observar a atividade realizada pelo trabalhador diretamente no seu local de trabalho, e, se possvel, no permitir que o funcionrio saiba que est sendo observado/avaliado, pois, nesse momento, ele no car vontade para realizar as suas funes como realiza regularmente.

    SEGURANA NO TRABALHO

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    Ergonomia

    A partir deste, ponto vamos ao colaborador e informamos a ele que iremos observar o seu trabalho.

    Nesse momento j temos duas informaes. Uma como ele de fato realiza a atividade, a outra como ele acha correto fazer o trabalho. Com essas duas informaes conseguimos inferir se o indivduo j possui clareza e informao prvia sobre a forma correta de realizar o seu servio. Aps registradas essas informaes, vamos determinar qual a forma mais coerente do trabalhador cumprir a sua funo.

    Para fazer esta determinao entra em cena a biomecnica ocupacional, que, nesse momento, tem a funo de decompor todas as atividades realizadas pelo indivduo, veri car quais estruturas esto sobrecarregadas, susceptveis a leses, e comparar com as informaes colhidas.

    Agora, comparam-se as informaes colhidas atravs do servio de sade da em-presa ou pelas entrevistas com as informaes encontradas aps a primeira anlise do trabalho do indivduo.

    Primeiras informaes colhidas X ltimos dados obtidos

    Essa a hora de o ergonomista identi car os pontos mutveis, como posio da cadeira, altura do assento, presena do encosto ou apoio de brao se trabalho realizado sentado e tempo de permanncia parado, altura em que os braos trabalham, se trabalho de p. Obser-var se o trabalho de preciso ou de fora. E, para cada um desses, identi car a forma mais saudvel de fazer. Aps esse ponto de identi cao do problema, na microergonomia, neste caso, o prximo passo identi car o tipo de interveno ergonmica a ser utilizada.

    De correo? Ela limitada, mas possui um bom resultado a curto e mdio prazos.De concepo? A preventiva, nos casos em que so identi cados riscos, porm

    poucas queixas.A corretiva, em caso de a empresa dar carta branca nanceira para o ergonomista,

    pois ela bastante dispendiosa.De conscientizao? Deve estar associada a outra tcnica utilizada, ou ser utilizada

    caso o trabalhador j possua as informaes necessrias, vamos apenas conscientiz-lo.A escolha da interveno vai depender, diretamente, da disposio nanceira da

    empresa, pois cada tipo de interveno tem um gasto nanceiro diferenciado.A partir da, o ergonomista dever elaborar um relatrio contendo todas as informaes

    encontradas durante esse momento, colocar as possveis intervenes, os possveis resultados associados com uma previso do tempo para que determinadas etapas sejam cumpridas.

    Aps a aprovao da che a da empresa, o ergonomista comea as modi caes.As modi caes propostas podem ser:

    Incorporao da pausa; Rodzio de tarefas; Ginstica laboral; Alterao do mobilirio; Mudana da estrutura fsica do posto de trabalho; Personalizao dos postos de trabalho; Melhora da iluminao; Melhora da climatizao/ventilao do ambiente; Reduo dos rudos; Evitar o tdio e a monotonia;Melhora dos hbitos alimentares; Conscientizar sobre hidratao; etc.

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    O principal objetivo proporcionar o melhor conforto possvel para o trabalhador (dentro da possibilidade da empresa), para que o indivduo possa produzir mais e melhor.

    Agora, partindo para uma anlise maior, focalizando toda a produo e no somente o posto de trabalho individual, poderemos veri car o trabalho na empresa como um todo.

    Teremos que saber quais os grandes objetivos da empresa.A observao agora mais ampla e, possivelmente, mais demorada. A avaliao tem

    que ser feita num todo. As modi caes so mais difceis.Aps todo o processo de diagnstico visto anteriormente, as modi caes possveis

    so, por exemplo:Mudana de grande estrutura fsica da empresa; Mudana na forma de organizao do trabalho; Descentralizar as decises; Eliminar alguns nveis hierrquicos;Reagrupamento de tarefas.

    No entanto, fazer essas mudanas no nada fcil. Primeiro, pelas resistncias nor-mais encontradas no processo de mudana e, segundo, a responsabilidade que conseguir identi car a alterao mais apropriada. um grande risco.

    Jong e Vink (2002) a rmam que o maior desa o da empresa atual ser inova-dora no mercado, com a mxima e cincia possvel.

    TCNICAS DE VERIFICAR A ERGONOMIA

    As tcnicas de veri cao da ergonomia so diversi cadas, mas para realizar a veri cao devemos estar atentos anlise da demanda da empresa, anlise da tarefa e anlise das atividades.

    Esses trs itens so essenciais numa Anlise Ergonmica, pois, para veri car, deve-mos fazer uma anlise atentos a todas as atividade que se realizam naquela empresa, desde o posto de trabalho isolado produo nal, desde a ideia dos diretores aos pensamentos dos trabalhadores.

    Podemos observar que as tcnicas iro variar de acordo com o tipo de empresa que se avalia. Por exemplo: