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EQUIPES NOVAS CARTA No 3 EQUIPES DE NOSSA SENHOR,\ SÃO PAULO - 1974

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EQUIPES NOVAS

CARTA No 3

EQUIPES DE NOSSA SENHOR,\

SÃO PAULO - 1974

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r

I'

Recomendo-te, pois, antes de tudo, que se façam súplicas, orações, petições e ações dê graças por todos os homens.

S. Paulo (I Timóteo 2, 1)

Orai também por nós, para que Deus abra uma porta à nossa palavra, a fim de podermos anunciar o mistério de Cristo.

S. Paulo (Colossenses; 4, 3)

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EDITORIAL

DE BRAÇOS ABERTOS

Para os que compreendem a importância da oração, a fim de os encorajar.

Para os que duvidam dela, na tentativa de os convencer.

Aca,bo de reler uma página de "Le V!Mge de Mon Frêre ", do Hindu D. G. Mukerji, que dá grande relevo ao poder da oração. Eis aqui o essencial.

:No fim da vida, um santo homem retirou-se para uma gruta da montanha a fim de melhor encontrar Deus. Os camponeses dos arredores nunca deixavam de lhe mandar frutas e bolos e, por vezes, subiam até junto dele Os jovens protestavam contra tais generosidades para com um homem inútil. Mas os velhos faziam calar esses jovens raçionaiU!tas: "Temos de enviar oferendas a um homem santo, quer ele viva ou não para proveito de alguém. Então a santidade não é a jóia da existência.?"

Um . dia, passados vinte anos, encontram-no morto, es­tendido à entrada da gruta.

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Seis semanas depois, cometeu-se um crime horroroso na aldeia e a população ficou transtornada, de desgosto e de medo. Os anciãos foram jejuar e orar. De repente, um deles gritou: "Descobri o .segredo". Perante a população reunida, explicou: "Ê verdade que o santo homem, durante todo o tempo em que viveu na gruta, nunca levantou um dedo para nos ajudar, não prestou socorro aos miseráveis, nem cuidou de algum doente. Mas a virtude provoca a virtude, e a vida produz vida melhor. Tudo corria bem entre nós. Nenhum homem tirou a vida ao seu irmão enquanto ele viveu. Não vêem a verdade? Nunca trabalhou para nós mas a sua presença de leão afastava o lobo da desgraça das nossas portas".

Esta narração lembra irresistivelmente, uma das grandes páginas da Biblla, no capitulo do :l!:xodo: "Amalec foi atacar Israel em Refidim . Moisés disse a Josué: "Escolhe homens e vai dar combate a Amalec. Estarei amanhã no cimo da colina, com a vara de Deus na minha mão". Josué cumpriu o que Moisés lhe havia dito, e partiu para travar luta com Amalec, enquanto Moisés, Aarão e Hur subiam para o cimo da colina. Quando Moisés tinha os braços erguidos, Israel dominava o combate; e quando deixava cair as mãos, Amalec triunfava. Como os braços de Moisés estivessem jâ cansados, Aarão e Hur agarraram numa pedra e colocaram-na debaixo dele para que se sentasse, enquanto lhe seguravam as mãos, um de um lado, outro do lado contrário. Os seus braços puderam, assim, man­ter-se firmes até ao pôr do sol. E Josué triunfou de Amalec e do seu povo a fio de espada".

Os soldados de Amalec não compreenderam que força se opl,lllha aos seus impetuosos ataques. O exército dos Hebreus, ~~1 treinado e pouco numeroso, não explicava suficientemente essa resistência . .. Não podiam suspeitar que aquele homem, que mal .se via lã em cima na colina, ainda mais desarma:lo que os seus exércitos, era o motivo da sua derrota. Deus esta­va presente nele porque orava . E todo o poder divino que ·dele emanava .fortificava os corações dos seus homens e pro-tegia-os como .fortaleza Invisível e . .inviolável, . . · ·

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AJ3 duas narrações que acabamos de ler só tomam pleno significado à luz duma página do Evangelho. Noutra colina, outro homem estende também os braços. São sustentados por dois pregos. A Força Divina irradia dele sobre o mundo e nada existe no espaço ou no tempo que esteja fora da sua influência. Fortifica todos que se abrem e se entregam a ela, sustenta-os nos seus combates, age poderosamente neles e através deles, mantém em respeito os demônios e os seus cúmplices.

A oração de Moisés e a própria oração do santo homem da índia são eficazes porque é do Calvário que lhes chega a força que chamavam sem a conhecerem. A oração dos cristãos é poderosa porque bebe da fonte inesgotável da Energia divina que é o Coração do Crucificado, rezando a sua grande oração de Filho.

HENRI CAFFAREL

"Podes dizer a li mesmo que, cada vez que !e encontras com Deus, por mais que !e apresses, é Ele que chegará em primeiro lugar".

A. M. BESNARD, o. p.

"f: absurdo rezar de manhã e conduzir-se o resto do dia como um bárbaro".

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APRENDER A AMAR

"O amor é difícil. o amor de um ser humano por outro é talvez a prova maU; difícil para cada um de nó.s, é o mais alto testemulnho de nós pró­prios, a obra suprema de que todas as outras ape­nas são a preparação. 1!: por isso que os seres jovens, novos em tudo, não sabem ainda amar. Têm de aprender".

Ralner Maria RUke

Como eco deste texto, eis as reflexões de um membro das equipes sobre a aprendizagem do amor entre os esposos.

A entre-ajuda conjugal é difícil, porque requer atitudes que não nos saem naturalmente: um amor profundo pelo ou­tro, por ele mesmo, a vontade de dialogar, de melhor conhecer a sua mulher (o seu marido) e de se lhe dar a conhecer, con­fiança, humildade, paciência, desejo comum de progredir no amor. Em primeiro lugar é preciso um conhecimento mútuo e apesar de todos os nossos esforços este nunca será com­pleto, sabemo-lo bem.

Que grande dificuldade sentimos em compreender verda­deiramente o outro e em nos darmos a conhecer, em escutá­lo, em apreender o fundo do que nos quer comunicar e em nos sa,bermos exprimir em relação a eles! Já todos experi­mentamos estas dificuldades e até estes mal-entendidos: um gesto que não foi compreendido. 1!: por Isso que, após nume­rosos anos de casados e de vida em comum, as nossas diferen­tes psicologias nos reservam sempre surpresas. O fundo da nossa personalidade não consegue nunca comunicar-se total­mente.

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Mas a experiência também nos diz que o diálogo conjugal se pode aprender, se deve exercitar e tornar objeto de esfor­ço constante. Progredirá na medida em que acreditarmos ver­dadeiramente na sua necessidade e sabemos bem que o conhe­cimento mútuo e o diálogo entre marido e mulher, se são difíceis, são também de grandes alegrias.

A entre-ajuda conjugal supõe este conhecimento mútuo mas ultrapassa-o. Com efeito, temos de nos ajudar, marido e mulher, a progredir no amor conjugal para assim progredir­mos no amor de Deus e do próximo; progredir através de es­forços e alegrias, mas também através das nossas faltas e er­ros. Aprenderemos em casal a reconhecer os nossos erros, a reconciliarmo-nos, a perdoar e a recomeçar. O nosso amor conjugal deverá converter-se em caridade conjugal. ll: uma obra que exige grande fôlego e é então que nos apercebemos da absoluta necessidade da reflexão e da oração a. dois.

A este nível devemos apoiar-nos na fé em nosso sacra­mento do matrimônio. Se o senhor está verdadeiramente presente no centro do nosso amor conjugal (e Ele prometeu-o aos que nisso acreditarem), todo o esforço, todas as tentativas, toda a oração em comum darão certamente frutos, mesmo que o esforço seja ingrato, mesmo quando as tentativas e a oração forem difíceis. Cada um destes esforços torna Deus mais presente, mais ativo no próprio coração do lar.

A entre-ajuda conjugal é mais do que nunca necessária no mundo de hoje para que os casais possam ter e assumir plenamente as suas responsabilidades. O Concilio diz-nos que marido e mulher devem, pela qualidade do seu amor conjugal, ser testemunhos deste mistério de caridade revelada ao mun­do: um sinal de que Deus é amor e de que Deus ama. os ho­mens. Se o nosso amor conjugal tem a sua origem em Deus, deve falar de Deus. Pensemos que sendo casais cristãos, se não dermos testemunho, privamos o mundo de um dos sinais mais expressivo~ da mensagem cristã.

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A RE'íJNIAO bE: EQIDPÊ

A ORAÇÃO DA REUNIÃO

Todos os meses estudaremos um momento da reUnião dando algumas indicações breves, neces­sárias a. um bom lançamento. Para lhe aprofun­dar o sentido e ajudar a melhorar a sua rea.liza.­çã.o, terão, mais tarde, à sua disposição, estudos mais completos, designadamente números espe­ciais da "Carta. das Equipes de Nossa. Senhdra".

Se começamos hoje pela oração é porque ela é verdadei­ramente o grande momento da reunião (1). Se Cristo prome­teu a sua presença aos que estão reunidos em seu nome, pode dizer-se que, presente 11. toda a nossa reunião, Ele realiza a sua mais alta missão entre nós no decorrer da oração. Com Ele exerceremos durante a nossa oração de equipe, com toda a humildade e em união com a Igreja, as funções de adora­ção, louvor, súplica, oferenda. .. Daremos à nossa oração de equipe toda a atenção, toda a boa vontade, e muito provavel­mente a oração de equipe ensinar-nos-á a rezar melhor e fará entrar na.s nossas vidas uma oração ao mesmo tempo mais pessoal e mais de "Igreja".

As equipes dão o primeiro passo na oração comum de ma­neiras muito diversas,,

(l) Os Estalulos já lhes apresentaram o essencial desle assunto.

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Certos .fatores favoreeém o 'bom cbmeço: éxpet:lência r de verdadeira oração familiar, experiência de oração comum no mesmo desejo de vida espiritual entre todos. Mas acima. dll tudo, é preciso simplicidade; voltaremos a falar nisso.

O DESENROLAR DA ORAÇAO

Esta exposição é só uma indicação. Cada equipe deve criar o seu estilo próprio (atitudes: sentados, de pé ou de joelhos) e ordenará os diversos momentos da forma mais conveniente para a equipe.

- Leitura do texto da Biblia (Antigo ou Novo Testamen­to), dado pela. Carta Mensal das Equipes de Nossa. Senhora. ll: o verdadeiro começo da oração, em que se escuta a. Palavra de Deus.

- Orações Pessoais. Cada um dos membros da. equipe, que assim o deseje, dirige-se brevemente a Deus, com toda a liberdade e simplicidade. Pode ser uma. oração de adoração ou de petição, relacionada com o texto lido, mas exprimindo o Intima da. pessoa..

~ muito natural que o Conselheiro Espiritual que, dentro da. equipe, "é constituído para. interceder a. favor dos homens, nas coisas concernentes a Deus" (Heb. 5,1) reuna. e resuma. a. oração de todos, dando-lhe ainda mais elevação e a apresen­te ao Senhor em nome dos casais.

- Pôr em comum das intenções de cada. casal e apresen­tação duma ou de várias intenções da. Igreja. .

- Silêncio. Muitas equipes atribuem lugar importante ao silêncio. Portador de todas as intenções e orações ouvidas, muitas vezes une as almas tanto como as palavras.

- Oração litúrgica. :a: proposta pela. Carta. Mensal das Equipes de Nossa. Senhora . A finalidade desta oração litúrgi­ca, extraida das riquezas da Igreja, é dupla: une-nos à grande

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oraçao da. Igreja., ~queles que, todos os dias, em todo o mundo, participam da ml.ssa., recitam o ofício, cantam a glória de Deus; inicia-nos na Bíblia, donde são tiradas quase todas essas ora­ções, e na linguagem de que se serve a Igreja para falar com Deus.

No fim da reunião, depois da discussão do tema, recita-se em conjunto a oração das Equipes (0 cântico de Maria ou "Magnificat" ) e a maior parte das vezes, prática muito apre­ciada pelos casais, o assistente termina dando a benção.

DIFICULDADES

Quantas equipes passam ainda à margem das riquezas es­pirituais da oração em comum. Jl: sobretudo contra dois obstá­culos que lutam: oração pessoal, oração litúrgica.

A oração pessoal desagrada a muitos: "nós não sabemos rezar", pretendem muitos casais, e um deles reconhece que, a principio, na sua equipe, cada um se sentia muito mais preo­cupado em saber como aquele que rezava se ia sair, do que disposto à verdadeira oração. Excesso de preocupação com a forma, receio de se exprimir mal, de ser ridículo! Como se o valor da oração não estivesse unicamente na sua verdade, na sua sinceridade! "Notamos que as orações mais simples, apa­rentemente as mais pobres, são as que mais nos uniram. Isso provinha, sem dúvida alguma, da sua grande simplicidade. Mas, no fundo, a grande dificuldade está em que custa muito ser sincero, verdadeiro, em abrir a alma diante dos outros".

Jl: preciso quebrar este falso pudor que nos prende, e com­preender que a verdadeira caridade nos pede para abrirmos as nossas almas aos outros.

As equipes em que cada um se abriu com simplicidade, sem falso pudor e sem literatura na oração, falam de todo o enriquecimento que a sua oração e a sua amizade tiraram disso.

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Não esqueçamos que a caridade fraterna nos levarA.. a ·reze,r_ em voz alta e compreensível para que ~dos os mefubros da· equipe possam unir-se ·sem esforço à oração.

Também a oração litúrgica nem sempre é compreendida. Parece uma coisa um pouco estranha, uma· coisa que foi !!!Cre&­centada. Contudo, é ela que permite a uniâo · da equtpe à· grande oração litúrgica da Igreja. Para que tome todo o SeU valor, sigamos o conselho de Santo Agostinho: "Lance~n :. l).·o coração as palavras que os vossos lábios proferem". Pode ser excelente começo para o diálogo com Deus.

BENEFiCIOS DA ORAÇAO DE EQUIPE

Não se vai para a oração pelos benefícios que ela alcança . mas para prestar homenagem a Deus. Não é menos perfeito ver os benefícios que através dela Deus nos concede. Não fal­tam testemunhos. . )

A oração cria. o clima espiritual da reunião

"Faz-nos entrar num ambiente recolhido, termina com ·as conversas precedentes e faz-nos refletir, diante de D~us, nos ' problemas que a seguir iremos abordar". · · "

Ensina-nos a rezar

"Verificamos que a oração em famUia se tornava mais rica por causa da nossa oração na equipe".

Ensina a conhecermo-nos profundamente uns aos outros

Através das intenções postas, através da meditaçãQ , _q_u~ .. um casal faz, sobretudo através da oração e.'?lX>.~~p~a. c!e. qaÇ;t'!' •• um, nas equipes onde ela é feita com inteira simplicidade, des· cobrimos o intimo daqueles que nos rodeiam e que muitos anos de relações normais nos deixariam desconhecido.

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"Na ·noaa ~a reunJAo, apercebemo-nos do valor esp1-~ de um cual a respeito do qual nos preocupávamos um

.~co. • • Com a sua meditação criaram um ambiente de ~o". .

.Aall!m a oraçAo é fonte duma verdadeira e profunda a.m1· ~entre~

. D"QAà'-ouEBV .\.ÇoBS

-Por que a oração no princípio e não no fim da reunião? ~ a6 para que não seja "despachada" no fim da reunião, ~ 10bretudo para. que se estabeleça., desde o inicio e durante ~ a noite, a "comunhão" em plano verdadeiramente esp1-r1~.

- O tom - ~ dizer o "tonus" - duma oração, ~o o dúma noite ou duma refeição, pode depender de um ou doia cueJa. Dal o importante papel do casal animador e do • reaponaável Se forem afetados, solenes, toda. a gente

· f1rtt eon~~ti'aneid&. ee, pelo contrário, forem simples, sorri­,-41f*• deacontrafd01, toda a gente se sente à vontade. Existe

• arte de receber, válida tanto no plano espiritual como ~ plt.no humano.

. 1 'rida tulaa-aos que ningu6m 6 consolado neste mundo, se antes não ~poloa outro; que nio recebemos nada, se não começamos por dar: ~p 6 lr~ado entre n6s. S6 Deus dé, s6 Ele.

GEORGES BERNANOS

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OS MEIOS DE APERFEIÇOAMENTO

O DEVER DE SENTAR-SE

"Praticar mensalmente o dever de sentar-se. :t a ocasião, para cada casal, de fl!-zer um balan-.. ço da própria vida". (Estatutos das E.N.S.).. .Eis como, em 1946, o Pe. Caffarel apresentava o '.'De.-. ver de sentar-se".

Cristo, no cap. XIV de S. Lucas, convida os que ' o· ·ouvêm a cumprir o "dever de sentar-se". Hoje, no sécUio··das :velo­cidades vertiginosas, é oportuno, mais do que nunca, aconse-lhar a prática deste dever desconhecido. . .

Não creio emitir juízo temerário ao afirmar que os casais mais cristãos, mesmo aqueles que nunca esquecem o dever de se ajoelhar, faltam muitas vezes ao dever de sentar-se.

Antes de empreenderdes a construção do vosso lar, con­frontastes sem dúvida os vossos pontos de vista, pesastes os vossos recursos materiais e espirituais, elaborastes um plano. Mas depois que vos entregastes ao trabalho, não terá havido da vossa parte negllg·ência eni vos ·sentardes juntoS pata éxa­minar a tarefa ·já realizada, reencontrar o ideai · anti!Vtsto;·' c()n.:• sultar o Mestre da obra? · ·

Sei quais ~ão as objeções e dificuldades, mas também sei que a casa desmorona um dia quando não se vigia a sua es-

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trutura. No lar onde não se conserva um certo tempo para re­flexão, freqüentemente vai-se introduzindo insidiosamente a desordem material e moral; a rotina apodera-se da oração em comum, das refeições e de todos os ritos familiares; a educação fica reduzida a reflexos de pais mais ou menos ner­vosos; a união enfraquece. Estas deficiências e muitas outras observam-se não só nos casais sem formação, naqueles que ignoram os problemas da educação e da espiritualidade con­jugal, mas também, muitas vezes, naqueles que são conside­rados como competências em ciências familiares e o são na

. realidade ... teoricamente. Por não tomarem a distância ne­cessária à. boa visão, os esposos não vêem o que qualquer visi­tà.nte percebe logo ao transpor a porta da casa: "o deixar correr" - que é comentado pelos amigos, os quais porém não ousam falar disso aos interessados, de quem receberiam incom­preensão e susceptibilidade.

Houve casais que compreenderam o perigo; encararam e adotaram vários meios para o combater. Um deles dizia-me . .recentemente, segundo experiência própria, quanto é útil para os esposos deixarem todos os anos os seus filhos e irem re­pousar juntos ou viajar durante uma semana. Mas talvez pensem, ao ler-me, que não é dado a todos ter à sua disposi­ção pessoal, amigos ou parentes a quem possam confiar as crianças. Há, no entanto, outras soluções. Sei de três famí­lias que se associaram para as férias; foram para o mesmo lugar e cada casal pôde ausentar-se durante uma semana, deixando aos outros dois o cuidado dos filhos.

Para evitar a rotina no lar, há outro recurso a respeito do qual vos quero falar mais demoradamente. Pegai na vossa agenda, e assim como apontareis um concerto ou uma vi­sita, marcai um encontro convosco mesmos; e que fique bem estipulado que estas duas ou três horas são "tabu" .. . diga­mos sagradas té mais cristão) , não admitindo que um motivo que não nos faria anular uma saída ou cancelar um jantar de amigos em vossa casa, seja capaz de vos fazer faltar a este encontro que marcastes convosco mesmos.

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Como utilizar estas horas? Em primeiro iugar, fique assên­tado que não tendes pressa. Uma vez que não é costume. Deixai a margem, fa.zei-vos ao largo. lt absolutamente ne· cessário mudar de ambiente e esquecer as preocupações. Lede juntos um capitulo bem escolhido de um livro posto proposi­tadamente de lado para essa ocasião privilegiada..

Em seguida - ou em primeiro lugar - reza!; que cada qual faça, quanto possível em voz alta, uma oração pessoal e espontânea; esta forma de oração, sem menosprezar as ou­tras, aproxima milagrosamente os corações. Penetrando assim na paz do Senhor, comunicai um ao outro aqueles pensa­mentos, aquelas queixas, aquelas confidências, que não é fácil e nem sempre recomendável fazer no decurso dos dias ativos e ruidosos, e que, no entanto, seria perigoso fechar no se­gredo do coração, pois que, bem o sabeis, - há silêncios 1n1-migos do amor. Fazei uma excursão às fontes do vosso amor, reconsiderando o ideal entrevisto quando, juntos, 1n1c1aste.s o caminho com passo decidido. Renova! o vosso fervor. "!: preciso crer naquilo que fazemos e fazê-lo com entusiasmo". Em seguida, volta! para o presente, confrontai ideal e reali­dade; fazei o exame de consciência do vosso lar, tomal as re· soluções práticas e oportunas para curar, consolidar, rejuve• nescer, arejar, abrir o vosso lar. Empregai neste exame luci· dez e sinceridade; remontai às causas do mal diagnosticado.

Por que não consagrar também alguns instantes a medi­tar sobre cada um dos vossos filhos, pedindo ao Senhor que ponha as suas próprias vistas dentro do vosso coração", se­gundo a sua promessa, a fim de que possais vê-los e amá-los como Ele próprio e conduzi-los segundo os seus desfgnlos?

Finalmente e aeima de tudo, perguntai a vós mesmos se Deus é o primeiro a ser servido na vossa casa.

Se sobrar tempo, fazei aquilo que entenderdes, mas peço­-vos não volteis às banalidades ou à televisão. Não tendes nada mais a dizer? Então ficai calados, talvéz não seja o

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:rnomênto de menor proveito. Lembrai-vos, . cõm efeito, da­quela palavra de Maeterlink: "Não nos conhecemos ainda,

. não ousamos ainda estar calados um ao pé do outro".

· 11: muito importante escrever um pequeno relatório daquilo que se tiver descoberto, estudado ou decidido no decorrer do encontro, mas isto poderá ser feito depois, por um dos dois e será. lido por ambos, juntos, no próximo encontro.

Isto de que acabo de vos falar não é mais do que um meio de conservar jovem e vivo o vosso amor e o vosso lar. Há seguramente muitos outros, mas este, adotado por nume­rosos casais que conheço, já deu provas da sua eficiência .

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ECO DA PALAVRA DE DEUS

Só Deus pode apresentar aa was utafnc1aa. Tal • ,O absoluto do Criador : é na sua depend&ncla que a criatura 4rif viver. Contudo essa criatura consciente que 6 o homem, ~· tinua livre.

Toda e qualquer lei da Igreja ou na Igreja, IÓ pode riit proposta às nossas consciências livres, como eco d& falavrã; através da qual Deus dá a conhecer aa sollcltaç6ee de aêU Amor. lt nesta perspectiva que lhes pedlmoa para volt&repa a ler os Estatutos.

"Eles ambicionam levar até ao ftm 01 cempi'OIIIIIIall do seu batismo .. .'

"Querem viver para Cristo, c:om Cristo, por ~. Entregam-se a Ele sem concUçiel. Entendem servi-Lo sem discutir",

"Ignorais que todos nós, que fomos batizados em crfato Jesus, fomos batizados na Sua Morte? Sepultamo-noa, polt o

juntamente com Ele, por meio do batismo, na morte, parl ­que, assim como Cristo ressuscitou dos mortos mediante t glória do Pai, assim caminhemos, nós também, numa yid nova. . . Mas, se nós morremos com Cristo, a<~reditamos cnlé também viveremos com Ele. . . <que} vive para DeU& J)o··

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\'uesmo modo, vós também, considerai-vos mortos para o pll­cado e vivos para Deus em Cristo Jesus."

(Rom. 6, 3-4, 8, 10-11)

"Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos muito amados, e comportai-vos com amor, e exatamente como Cristo, que vos amou e Se entregou a Si mesmo por nós ... "

lEf. 5, 1)

" ... que Cristo habite, pela fé, nos nossos corações, a fim de que tenhais raiz e alicerce na caridade ... "

"Sem Mim, nada podeis fazer". (Ef. 3, 17)

(João 15, 5)

~ • "AAs1nb tomo· ·(> Pai; ciue vive, Me enviou e Eu vivo pelo Pai; tamtrém_ o q~e me come viverá por Mim".

(João 6, 57) "Gom Cristo me encontro crucificado! Já não sou eu que

vivo/~ ·cristo que vive em mim". l Gál. 2, 19-20)

'""Túdo é .vo5so; mas vós . sois de Cristo e Cristo é de Deus". (I. Cor. 3, 22-23)

"Se alguém quer vir após Mim, renegue-se a si mesmo, tome a sua cruz todos os dias e siga-Me".

(Lucas 9, 23) "Pois quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á, mas quem

perder' a sua vida .por Minha causa, esse há-de salvá-la". (Lucas 9, 24)

"Felizes daqueles servos que o Senhor, quando vier, encon­tr~~:r vigilantes".

(Lucas 12, 37) i• ••• quando tiverdes feito tudo o que se vos mandou, dizei:

"f3omos serviços inúteis; fizemos o que devíamos fazer". · • · (Lucas 17, 10) ·· ·_.''TÍldo posso n;Aquele que me dá força".

(Fil. 4, 13)

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"Se o amor de Deus e da Ígre}a fosse profundo, depressà desapareceria o espírito de independência. O amor, na rea­lidade, aspira à submissão, submissão ativa - que é ofe­renda de si próprio. Estar submetido a Deus e à Igreja, não é assumir uma atitude de escravo, mas desposar os pen­samentos e as vontades de Deus e da Igreja; ser submisso é estar ligado - no sentido em que o sarmento está ligado ao cepo. Então a graça circula e os frutos são abundantes e saborosos.

Para alcançar esta submissão profunda é preciso amar, porque é o amor que dá origem à submissão. Mas nem por isso é menos necessário exercitar-se na submissão, mortificar este gosto inveterado da independência que habita em todos nós."

H.CAFFAREL

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As EQúiPES DE NOSSA SENHORA

ELEIÇÃO DO CASAL RESPONSAVEL

O QUE ~ O CASAL DE LIGAÇÃO

Na proxtma reumao {ou na seguinte) o Casal-Piloto dei­xará as suas funções junto da equipe. Não foi com documen­tos, mas através de amigos convictos que travaram conheci­mento com o Movimento.

É uma das principais características das Equipes de Nossa Senhora esta vida através das relações e da colaboração de pessoas.

Estão, pois, prontos a viver plenamente a vida de equi­pe. Têm, portanto, de eleger um dos casais para casal res­ponsável.

O padre que os acompanha também está pronto, sem dúvida, a continuar o caminho com a equipe e a dar-lhes o apoio do seu sacerdócio e da sua vida espiritual. Falaremos na próxima carta do seu papel junto de vocês.

A seguir, vamos apresentar-lhes o casal que será o elo entre a sua equipe e o Movimento. Também neste caso, é a preocupação dos contatos pessoais que justifica a sua existên­cia e função.

O CASAL DE LIGAÇAO

Para que os Casais de Ligação? Responderemos a esta per­gunta com um pouco de história. Assim, veremos que o seu

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papel não foi concebido em abstrato, mas que foi a vida das equipes, o seu desenvolvimento e a expansão do Movimento, que exigiram a sua criação.

A principio e até 1947, o Padre Caffarel reunia em Paris, todos os meses, no seu pequeno escritório, os poucos respon­sáveis dos grupos que orientava e que se começavam a chamar "os grupos Caffarel". Esta irradiação de vida espiritual atraía cada vez maior número de casais. A expressão "grupos de casais" andava no ar. Tendo-se desenvolvido "os grupos Caffarel" na província e na Bélgica, o Padre Caffarel encar­regava alguns responsáveis menos sedentários do que os outros, de seguirem o crescimento destes jovens rebentos afastados. Era o primeiro esboço do "Casal de Ligação".

Em 1947, os Estatutos são promulgados, e as equipes tor­nam-se "Equipes de Nossa Senhora" . Concebidos para um grande número de equipes comportando uma estrutura coe­rente, os Estatutos instituem um "Movimento" ao mesmo tempo vivo e bem enquadrado. As equipes surgem mais ou menos por toda a parte; é preciso ajudá-Ias a viver duma vida espiritual. 11:, pois, a necessidade de fazer passar uma corrente de vida do coração a todo o organismo e vice-versa, que leva os obreiros do Movimento a multiplicar os órgãos de transmissão: Casal de Ligação, Responsáveis de Setor, Responsáveis Regionais. Ao lado dos apontamentos, papéis, avisos, ofereceram às equipes homens e mulheres que se ocupa­riam delas com todo o coração. Era preciso que no Movi­mento tudo se fizesse no calor dos contatos humanos, na amizade fraterna.

Em qualquer movimento, em qualquer organismo social, encontra-se esta dupla corrente de vida de que falamos aci­ma. Mas nas Equipes estamos num movimento de espiri­tualidade: tudo deve ser portador de vida espiritual. Tudo o que se faz, em todos os escalões, é com vista ao reino de Deus nos lares, tudo é orientado para tal. Alguns compa­ram o casal de ligação ao engenheiro consultor ou à assis· tente social. 11: verdade, mas com a condição de nunca per-

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der de vista. que se trata de trabaihar para uma realização espiritual e com meios espirituais, que a vida a criar, a de­senvolver, tanto no Movimento como em cada equipe, é uma vida de caridade cada vez maior. A Equipe Responsável deve estar profundamente ligada às equipes, porque é a partir das suas necessidades que ela pode fazer avançar o Movimento; é através dos Casais de Ligação que pode conhecê-las.

As equipes têm necessidade também deste contributo de vida que vem do Movimento. Todos sabemos que os "papéis" não bastam e que as diretrizes ou orientações, lidas rapida­mente, são também esquecidas depressa. O Casal de Ligação explica, lembra, ;yela, para que as coisas importantes penetrem na vida da equipe.

Além disso, todos conhecemos a nossa fraqueza e como temos necessidade de ser controlados, chamados à ordem, mesmo se tomamos compromissos. ll: graças ao Casal de Li­gação que este controle do Movimento é vivo e fraterno. Recordemos a nós próprios que aceitamos esse controle fraterno, logo de inicio, como um melo eficaz de progresso, e aceitamos que o Casal de Ligação, apoiando-se na nossa boa vontade inicial e mais tarde no nosso compromisso, nos acompanhe e nos estimule; ajudemo-lo a ser exigente.

O casal de ligação é, no Movimento, agente de unidade, de caridade; é uma articulação sem a qual a marcha seria rígida: quanto mais as Equipes tiverem o sentido do Movimento, tanto mais terão o sentido do Casal de Ligação.

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O MATRIMôNIO NOS TEXTOS CONCILIARES

"Por fim, pela graça do sacramento do matrimônio, com o qual os cônjuges cristãos significam e participam do mistério de unidade e de amor fecundo entre Cristo e a Igreja (cf. Ef. 5, 32), ajudam-se mutuamente a conseguir a santidade na vida conjugal e na aceitação e educação dos filhos ( ... ) lt necessário que na famflia, que bem pode chamar-se Igreja doméstica, os pais sejam para os filhos, através da palavra e do exemplo, os primeiros mestres da fé , e fomentem sempre a vocação própria de cada um, e com especial cuidado a vocação sagrada".

"Lumen Gentium ", n9 11

Neste particular aparece em grande destaque aquele estado de vida que é santificado por um sacramento especial, isto é, a vida matrimonial e familiar. Ai se encontra o terreno para o exercício e a escola por excelência do apostolado dos leigos, quando a religião cristã penetra toda a organização de vida e cada dia a transforma para melhor. Nela têm os cônjuges a sua vocação própria: serem, um para o outro e para os filhos, testemunhas da fé e do amor de Cri&to. A famflia cristã proclama em alta voz tanto as virtudes presentes do Reino de Deus, como a esperança da vida bem-aventurada. Assim o seu exemplo e o seu testemunho acusam o mundo de pecado e iluminam aqueles que procuram a verdade.

"Lumen Gentium ", n9 35

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ll: necessano que os cônjuges e os pais cristãos, seguindo o seu próprio caminho, se ajudem mutuamente a conservar a graça no decorrer de toda a sua vida, numa grande fidelidade de amor, e que eduquem na doutrina cristã e nas virtudes evangélicas a prole que receberam amorosamente de Deus.

"Lumen Gentium", n9 41

A família recebeu de Deus a missão de ser a célula primeira e vital da sociedade. Cumprirá esta missão se, pela mútua. piedade dos membros e pela oração dirigida a Deus em comum, se mostrar como santuário familiar da Igreja; se toda a familia participar no culto litúrgico da Igreja; e, finalmente, se a família praticar ativamente a hospitalidade e promover a justiça e outras boas obras, para serviço de todos os irmãos que sofrem necessidades.

~Decreto sobre o Apostolado dos Leigos, Cap. III, § 11)

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TESTEMUNHOS

OS ADOLESCENTES NOS INTERROGAM

Acontece, não raro, que entrem para as Equipes casais com 10 a 15 anos de casamento. A eles dirigimos estas páginas, que podem também ser aproveitadas por casais mais jovens.

Uma conferência tinha sido organizada em N., para as religiosas da cidade, na qual um Padre Redentorista devia abordar os problemas da juventude. Para ela foram convidados jovens e casais. Grupos de trabalho reuniram de um lado jovens e religiosas, de outro, casais e religiosas. O diálogo interessou profundamente os jovens, cujos pais eram na maioria membros das Equipes de Nossa Senhora.

Assim é que elaboraram, pouco tempo depois, um questio­nário que entregaram aos pais, pedindo-lhes que refletissem sobre o assunto e propondo-lhes uma reunião, durante a qual seriam evocadas e discutidas as relações entre pais e filhos.

Em vista do interesse que tal questionário pode ter para os pais, reproduzimo-lo a seguir.

"As relações entre pais e filhos devem conduzir ao diálogo.

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1) Confiança recíproca por parte dos pais e dos filhos:

- Depositam confiança nos filhos?

- Em que elementos se bas-eiam para vir a depositar con­fiança nos filhos?

- Que pensam das responsabilidades confiadas aos filhos ainda bem jovens?

- Estão disponíveis para o diálogo com os filhos jovens e adolescentes?

- Não menosprezam os problemas dos filhos mais novos? Não esqueçam que, a atitude a este respeito, depende a con­fiança que lhes irão depositar quando adolescentes.

· 2) Desta confiança recíproca, nasce uma certa liberdade que permite o. desabrochar de cada llm.

- São de parecer que se colocam ao alcance dos filhos?

- Estão de acordo em conceder certa liberdade aos filhos? A partir de que idade?

- Como consideram o respeito dos filhos para com os pais? A ba.~e do respeito consistiria no receio recíproco?

- São favoráveis à concessão de "mesada" aos jovens?

- Que pensam da iniciação dos filhos aos problemas ma-teriais da família?

- Discutiriam com os filhos a respeito dos grandes proble­mas da vida (trabalho, política, juventude) , ou de questões de ordem cultural <TV, leituras, etc.)?

A reunião teve lugar com 5 casais equipistas, 6 jovens de 15 a 20 anos e um Conselheiro Espiritual. O diálogo reali­zou-se mlm clima de grande abertura, simplicidade e confiança, e foi certamente construtivo.

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ESPmttUALI.bAl>E CONJUGAL

APóSTOLO COMO CASAL PORQUE CASAL

Eis algumas reflexões de Mons, COLOMBO, it significativo que o autor destas linhas seja, na Itália, o animador dos "Gruppi di SpirituaUtà coniugale''. A verdadeira vida espiritual irradia.

O Batismo torna-nos aptos a nos tornarmos apóstolos de Cristo. A conflnnação dá-nos a força e os meios indispensável.a para esta tarefa. Mas é como pessoas, individualmente, que somos assim lançados na grande corrente missionária da Igreja. Que se passa com o matrimônio? Também nele o sacramento, ou seja a graça de Cristo, se apodera dum ser para o salvar, o curar e o consagrar. Só que neste caso, esse ser não é já um ser isolado mas um casal, ou seja um composto de dois seres que se amam. E este casal, tomado pelo sacramento, habitado por Cristo, torna-se lar. A palavra "lar" vem de lareira, lugar onde se conserva o fogo . o amor do casal, em toda a sua profundidade humana, é santificado, purificado, assumido pelo Espírito do Amor de que a Escritura e a liturgia nos dizem ser Fogo.

Basta existir para o fogo Uuminar, aquecer e queimar. o fogo não pode deixar de irradiar . Ou existe e então comun1-

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êa.-se ou jâ. não quehna. porque deixou de exi.stlr. Assim tam.­bém o amor dos esposos cristãos, desde que recebe a consagra­ção do Amor, e se alimenta incessantemente na chama da divina Caridade, começa a luzir "para todos os que estão em casa" Estes e:;posos podem ou não militar nos diferentes gru­pos aprovados pela Igreja Antes de tudo o mais, eles são A.póstolos como casal, porque casal. Tal como a luz no castiçal ilumina não só o quarto mas atrai aquele que, lá fora, hesita no meio da noite, assim os esposos que se amam em Cristo não podem deixar indiferentes os que procuram. O que os livros dizem tão mal, proclamam-no eles sem palavras, dia após dia, apenas amando-se. São apóstolos porque são esposos.

É que o matrimônio, como aliás os outros sacramentos, não se refere apenas ao bem privado dos contraentes, mas também ao bem sobrenatural de toda a comunidade cristã. Por um lado o matrimônio é fonte permanente de graças para os que o recebem; por outro, através dos esposos, para toda a comunidade. Coloca aquele que o recebe num estado especial de santidade e de irradiação.

,O APOSTOLADO CONJUGAL

Em que o apostolado conjugal difere do dos solteiros? Será q0.e essa luz que devem espalhar é doutra natureza ou tem outro brilho?

Pois bem, é diferente! Há um apostolado exclusivo do estado conjugal. A luz do casal cristão, semelhante aos raios Roentgen, mostra certo aspecto das realidades divinas que as outras luzes, que são os outros sacramentos, não podem revelar. É o amor recíproco de Cristo e da Igreja. Há na união sacramental do homem e da mulher qualquer coisa que testemunha a união inefável do Redentor e da humanidade redimida. Os esposos cristãos devem reviver e revelar ao mundo este mistério. Mistério de intimidade total, onde descobrem que o· amor é fonte inesgotável de força e alegria. Mistério

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da crucificação e da ressurreição onde experimentam que nb amor se pode sofrer, não ::ó um com o outro, um pelo outro, mas um para o outro. Finalmente, mistério de fecundidade, porque o amor não conhece fronteiras. Quereria gritar a sua alegria a todo o universo, fazê-la partilhar por todo ser vivo. Irradia do casal para os filhos e, da familia, aquece todos os que se aproximam dela. O amor conjugal é, assim, a imagem terrena dessa mesma fecundidade de Cristo e da Igreja, que geram sem cessar, por todo o mundo e seja qual for a condição ou meio a que pertencerem, verdadeiros adoradores ·do · Pai e futuros contempladores da sua glória ...

Mas os esposos cristãos não são apenas a imagem viva do mistério nupcial de Cristo e da Igreja. Não só revelàm este mistério mas vivem-no; não só irradiam a luz e o calor desse mistério sobre os que os rodeiam, mas convidando-os e acolhendo-os, partilham com eles essas riquezas de graça. Os esposos não são apenas espelhos, mas fogo. São fogo.. Isto para eles significa participar na imensa missão de Cristo e da Igreja. Isto é evangelizar e salvar o mundo ...

CARLO COLOMBO

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CORRl!lSPOND:t!lNCIA.

ALERTA QUANTO AO RESPEITO H~O

Um casal de ligação escreve à equipe:

"Atenção, por favor. Tenham como norma que as relações em equipe sejam baseadas na verdade e na. simplicidade. Jl: bem difícil porque no fundo de nós mesmos existe um respeito humano terrível, o medo instintivo da opinião dos outros, que D!>S leva a querer esconder o que somos na realidade. Receio de parecer ridículo, diferente dos outros .. .

Assim, os primeiros contactos numa equipe têm importância capital. Afastem tudo o que seja mundano. Esta palavra tem dois sentidos, e, por isso, torna-se aborrecido usá-la. Muitos só a aplicam em relação a certos meios onde as relações sociais passam à frente de .. . muitas coisas. Mas como se hão de chamar às relações humanas um pouco artificiais, onde só aparece o exterior, onde se faz tudo para ocultar a sua int!mi-

~- dáde profunda? Por várias vezes temos ouvido falar deste ou daquele grupo de casais, que deseja entrar para as EqUipes e de que um membro fala: "A dificuldade é o grupo ser um pouco mundano"; ou a respeito de certa equipe em dificul­dade: "Nunca quiseram libertar-se do lado mundano nas suas relações". Evitem isto a todo custo. Todo o jogo da vida de equipe pode ajudá-los a tornarem-se verdadeiros, simples, a mostrarem tal e qual são . .. desde que o aceitem de boa mente. Devem fazer na oração o esforço, bem difícil, de passar da sim­ples intenção. um tanto ou quanto imprecisa para. a intenção pessoal e desta à oração espontânea, onde deixarão ver um pouco do que são perante Deus" .

. . A1J equipes onde a amizade não se encontra naquele nível .. P.J"o!undo~ dos. seres, não dUram multo ou não caminham.

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PARA A PROXIMA REUNIÃO

TEMA E TROCA DE ID.t!AS • ' I • •

A equipe deve reunir-se pelo menos uma :vez por mês. Releiam nos Estatutos (págs. 6 a 9) o que foi dito acerca desta. reunião mensal. l!: evidente que as reuniões regulares do indispensáveis para a vida de uma equipe. Os encontros uma vez por mês, ou seja, cerca de dez vezes por ano, descontando as férias, são evidentemente o minimo.

Se apreenderam bem a importância da. equipe <ver C. Mensal nll 2, pág. 9), compreendem também, imediatamente, o papel capital que a reunião mensal deve representar na. nossa vida. Deverá trazer-nos uma melhor compreensão da nossa. !é, ajudar-nos a descobrir as exigências práticas das verdades miús bem compreendidas, permitir-nos, graças à ajuda e amizade de todos, fazer passar para a nossa vida o que formos descobrindo. A reunião deve pois ser tomada multo a sério e desenrolar-se sob o olhar de Deus, o que não impede de ser alegre, descon­traída e multo fraternal.

Cada casal recebe por sua vez, a menos que haja um liDRC­dimento sério. Deste modo cada um pode mostrar-se no ieu enquadramento familiar, o que ajuda a conhecê-lo melhor. · ·

A reunião começa por uma refeição, depois seguem-se a oração, um momento consagrado à partilha e um tempo - de discussão sobre o tema de estudo. O tempo consagrado à dis­cussão do tema. será geralmente o mais longo. Mas isto n4o deve minimizar o :valor da oração e da partilha, que não do menos importantes.

Para que a reunião se desenrole convenientemente, o · ho­rário deve ser previsto antecipadamente e ela deve começar à hora marcada, mesmo que não esteja toda a gente. A pontua­lidade é a primeira forma da caridade. · · · ·

A refeição tomada em comum não deve provocar n~Íl~\lDll!> complicação, nem sobretudo nenhuma competição entre as ciOriií

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de casa. Deve ser organizada com a maior simplicidade. Em certas equipes, cada um traz a sua refeição, ou uma participa­ção na refeição (um "cardápio" único permite pôr tudo em comum, o que é preferível ao piquenique, em que cada um come o que trouxe). J • A preparação da reunião incuml:>e ao Casal Responsável. Cabe.-lhe repartir as tarefas: direção da oração, direção da discussão, etc . . . , e depois assegurar-se de que elas estejam bem eptregues. Mas a ação do Casal Responsável sozinho não pode assegurar o êxito e a eficácia das reuniões. É preciso que cada um se empenhe em dar uma contribuição pessoal importante, não só preparando seriamente o tema de estudo, meditando àntes o tema de oração proposto, mas também recolhendo de uma reunião para outra o que o impressionou ou ajudou, de maneira a fazer aproveitar os outros disso.

Outra maneira de preparar a reunião é cultivar a amizade. Para que a reunião seja útil, é preciso que cada um se sinta lá à vontade, se exprima livremente, escute com benevolência e :;;i.mpatia; por outras palavras, que tudo se passe num ambiente de amizade muito viva. Mas para cultivar a amizade são pre­cisos encontros mais freqüentes do que a reunião mensal de trabalho. Também em muitas equipes novas se realiza, entre duas reuniões de trabalho, uma reunião de amizade: encontros mais· livres durante os quais os casais aprendem a conhecer-se melhor. Não esquecer que as reuniões de amizade também devem ser preparadas, se não se quer vê-las redundar em tagarelice. Também é muito útil, para despertar e intensificar a amizade, promover o encontro de casais dois a dois.

QUESTIONARIO

- Quais os problemas que se apresentam acerca das reu­niões mensais e dos diferentes momentos que a compõem?

. . - Com que espírito se deve vir à reunião mensal? Como .' se devem preparar para essa reunião?

- Acham que é vantajoso fazer reuniões de amizade e .encontro.s, bas~nte regulares, de casal com casal?

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ORAÇÃO PARA A REUNIÃO

TEXTO DE MEDITAÇAO

Como equipe de casais, desejamos conhecer melhor o pensamento de Deus . sobre o matrimônio. A narração da criação do homem no Gênesis é a base de toda a revelação cristã sobre a vocação humana e do casal, e, portanto, de toda a procura de espiritualidade conjugal.

Disse Deus: "Façamos o homem à nossa imagem, à nossa semelhança, e domine os peixes do mar, as aves do céu, os animais domésticos, os animais selvagens e todos os répteis que se rojam sobre a terra".

Criou, pois, Deus ao homem qual imagem sua; qual imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.

E Deus abençoou-os, dizendo: "Sede fecundos, multiplicai­-vos e enohei a Terra e sujeitai-a, e mandai nos peixes do mar, nas aves do céu e em todos o.s animais que se movem sobre a Terra".

Disse também Deus: "Eis que Eu vos dou todas as plantas produtoras de semente que há na superfície de toda a terra e todas as árvores em que há fruto que produz semente: servir­~vos"ão de alimento. . E a todos os animais selvagens, a todas as aves do céu e a tudo o que se move sobre a Terra e em que há sopro de vida dou toda a espécie de ervas por alimento". E assim se fez.

(Gênest.cJ, I- 26-30)

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Depois desla lellura, faremos a oração de Tobias e Sara, na nolle das suas nupc1as. O livro de Tobias é já anlecipadamenle, na Bíblia, o livro do casamenlo crlslão. · ·

ORAÇAO LITúRGICA

Bendito sejais, Deus de nossos pais. Seja o teu Nome bendito por todos os séculos dos séculos. Que te bendigam os céus, e todas as criaturas por todos os séculos.

Tu criaste Adão, Tu criaste Eva, sua esposa, para ser seu ;;ocorro e seu apolo, e deles nascelJ a raça humana. Fostes tu que disseste: Mão é bom que o homem fique só façamos-lhe uma auxiliar semelhante a ele.

E a.gora, não é o prazer que procuro ao tomar minha irmã, mas de coração sincero é que o faço. Digna-te apiedar-te dela e de mim e nos conduzir juntos até a velhice.

E disseram juntos: Amém, Amém!

Tobias, 8,5-8 <Versão da Bíblia de Jerusalém)

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Composto e impresso: Editoras Unidas Lida .

R~a Bueno de Andrade, 21& - São Paulo -

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