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Prática Jurídica Civil, 5.ª edição 1 DARLAN BARROSO E JULIANA FRANCISCA LETTIÈRE ASL8254_02Julho2013 Petições no Processo de Conhecimento 6.1 Petição inicial A petição inicial  é o meio pelo qual o autor exerce o direito de ação. É o instrumento em que o au- tor expõe sua pretensão em juízo, descrevendo na petição inicial: as partes com a indicação da legiti- midade, a causa de pedir (próxima e remota) e, por fim, o pedido. Assim, é na petição inicial que o autor apresenta todos os elementos da ação, exercendo o legítimo direito de movimentar o Judiciário para a obtenção de uma tutela para a solução de determinado con- flito. Dessa forma, pelo fato de a petição inicial assumir relevante importância para o desenvolvimento do processo – uma vez que limita o poder de conhecimento do magistrado e, consequentemente, de- termina os efeitos da coisa julgada, assegura à parte a possibilidade de exercer o contraditório etc. –, ela é ato extremamente solene no direito processual civil, sendo obrigatório ao autor indicar em sua peça os requisitos previstos no art. 282 do CPC. Neste capítulo, trataremos apenas das petições iniciais do processo de conhecimento pelos ritos or- dinário e sumário, deixando as iniciais das cautelares, execuções e procedimentos especiais para abor- dagem em capítulo próprio. 6.1.1 Requisitos e elementos da inicial a) Endereçamento, que compreende a competência jurisdicional para o recebimento e processa- mento da ação. Quando da elaboração da inicial, o autor deverá indicar o órgão jurisdicional competente para a demanda, observando as regras de competência funcional (como regra, previstas na Constituição da República, Constituições dos Estados e nas leis de organização judiciária) e as de competência territo- rial (estabelecidas nos arts. 94 a 100 do CPC), como tratamos no capítulo anterior. Além disso, é importante advertir que o advogado do autor, ao elaborar a inicial e indicar a compe- tência, deverá utilizar-se da terminologia correta: FORO: para fazer referência à competência territorial (por exemplo, Foro da Comarca da Capital, Fo- ro da Subseção Judiciária de Santos etc.). VARA OU JUÍZO: termo utilizado para expressar competência funcional (por exemplo, vara de famí- lia, vara cível etc.). FÓRUM: termo que significa o prédio no qual está instalado o órgão jurisdicional. Assim, fórum nunca poderá ser usado para indicação de competência na petição inicial ou em qualquer outra petição in- cidental. Quanto à divisão territorial da Justiça, também deverá ser observada a terminologia correta, ou se-  ja: Justiça Federal: Subseção judiciária ou Seção judiciária – cada Estado da Federação corresponde a

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  • Prtica Jurdica Civil, 5. edio 1

    DARLAN BARROSO E JULIANA FRANCISCA LETTIRE

    ASL8254_02Julho2013

    Peties no Processo de Conhecimento

    6.1 Petio inicial A petio inicial o meio pelo qual o autor exerce o direito de ao. o instrumento em que o au-

    tor expe sua pretenso em juzo, descrevendo na petio inicial: as partes com a indicao da legiti-midade, a causa de pedir (prxima e remota) e, por fim, o pedido.

    Assim, na petio inicial que o autor apresenta todos os elementos da ao, exercendo o legtimo direito de movimentar o Judicirio para a obteno de uma tutela para a soluo de determinado con-flito.

    Dessa forma, pelo fato de a petio inicial assumir relevante importncia para o desenvolvimento do processo uma vez que limita o poder de conhecimento do magistrado e, consequentemente, de-termina os efeitos da coisa julgada, assegura parte a possibilidade de exercer o contraditrio etc. , ela ato extremamente solene no direito processual civil, sendo obrigatrio ao autor indicar em sua pea os requisitos previstos no art. 282 do CPC.

    Neste captulo, trataremos apenas das peties iniciais do processo de conhecimento pelos ritos or-dinrio e sumrio, deixando as iniciais das cautelares, execues e procedimentos especiais para abor-dagem em captulo prprio.

    6.1.1 Requisitos e elementos da inicial a)

    Endereamento, que compreende a competncia jurisdicional para o recebimento e processa-mento da ao.

    Quando da elaborao da inicial, o autor dever indicar o rgo jurisdicional competente para a demanda, observando as regras de competncia funcional (como regra, previstas na Constituio da Repblica, Constituies dos Estados e nas leis de organizao judiciria) e as de competncia territo-rial (estabelecidas nos arts. 94 a 100 do CPC), como tratamos no captulo anterior.

    Alm disso, importante advertir que o advogado do autor, ao elaborar a inicial e indicar a compe-tncia, dever utilizar-se da terminologia correta:

    FORO: para fazer referncia competncia territorial (por exemplo, Foro da Comarca da Capital, Fo-ro da Subseo Judiciria de Santos etc.). VARA OU JUZO: termo utilizado para expressar competncia funcional (por exemplo, vara de fam-lia, vara cvel etc.). FRUM: termo que significa o prdio no qual est instalado o rgo jurisdicional. Assim, frum nunca poder ser usado para indicao de competncia na petio inicial ou em qualquer outra petio in-cidental.

    Quanto diviso territorial da Justia, tambm dever ser observada a terminologia correta, ou se-ja:

    Justia Federal: Subseo judiciria ou Seo judiciria cada Estado da Federao corresponde a

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    uma seo judiciria e, por sua vez, as sees podem ser divididas em subsees judicirias. Justia Estadual: Comarcas ou distritos Alm disso, dever ser observada a nomenclatura correta em relao ao magistrado: Justia Federal de 1. instncia: Juiz Federal Justia Federal de 2. instncia: Desembargador Federal Justia Estadual de 1. instncia: Juiz de Direito Justia Estadual de 2. instncia: Desembargador Tribunais Superiores ou Supremo Tribunal Federal: Ministro

    O endereamento sempre ser indicado na parte inicial superior da petio, de preferncia com le-tras maisculas e sem abreviaturas, no seguinte formato:

    Competncia funcional (Justia Estadual e Vara)

    EXCELENTSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___. VARA CVEL DO FORO DA COMARCA DE CAMPINAS DO ESTADO DE SO PAULO

    Competncia territorial (Foro = local)

    Nas localidades em que houver mais de um juiz competente, antes da vara comum deixar o espa-o em branco, com um trao, pois no momento da propositura o autor desconhece o nmero da vara. Nos casos em que existir apenas um nico juzo na localidade (vara nica), da petio inicial poder constar o nmero, sem deixar o espao em branco no endereamento.

    Por uma questo de estilo, em vez de deixar o espao em branco, alguns advogados optam por es-crever: EXCELENTSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CVEL DO FORO DA COMARCA DE SANTOS SP, A QUE ESTA FOR DISTRIBUDA, ou ento: EXCELENTS-SIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DE UMA DAS VARAS CVEIS DO FORO DA COMARCA DE JA SP. No entanto, apesar de corretos, quando da elaborao de peties em pro-vas e concursos, no recomendamos tais endereamentos, uma vez que os examinadores, frequente-mente, adotam a frmula tradicional.

    Podemos, ainda, citar os seguintes exemplos de endereamento: Para a Justia Federal:

    EXCELENTSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ___. VARA CVEL DA SUBSEO JUDICIRIA DA CAPITAL DE SO PAULO

    Para varas especializadas da Justia Estadual:

    EXCELENTSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____. VARA DE FAMLIA E SU-CESSES DO FORO DA COMARCA DE LIMEIRA ESTADO DE SO PAULO

    Para localidades em que houver juzos regionais:

    EXCELENTSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____. VARA CVEL DO FORO RE-GIONAL DE VILA MIMOSA DA COMARCA DE CAMPINAS ESTADO DE SO PAULO

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    EXCELENTSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____. VARA DA FAZENDA P-BLICA DO FORO CENTRAL DA COMARCA DA CAPITAL DO ESTADO DE SO PAULO

    Para o Tribunal de Justia do Estado:

    EXCELENTSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRGIO TRI-BUNAL DE JUSTIA DO ESTADO _____

    Para o Tribunal Regional Federal:

    EXCELENTSSIMO SENHOR DOUTOR DEMBARGADOR FEDERAL PRESIDENTE DO EGRGIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA (nmero) REGIO

    Para o Superior Tribunal de Justia:

    EXCELENTSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO PRESIDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIA

    Para o Supremo Tribunal Federal:

    EXCELENTSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO PRESIDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL FE-DERAL

    b) Prembulo. No prembulo da petio inicial, o autor dever indicar:

    Qualificao completa das partes (para pessoa fsica: nome, nacionalidade, estado civil, profisso, nmero dos documentos de identidade e de inscrio no CPF e domiclio; para pessoas jurdicas: nome da empresa, sede, nmero de inscrio no CNPJ, representante da pessoa jurdica colocar qualifica-o do representante, igual da pessoa fsica). Quando o autor for incapaz, dever haver indicao da pessoa que o representa (incapacidade absoluta) ou assiste (incapacidade relativa).

    Importante: na realizao de peties em concursos ou exames, o candidato no dever criar dados como endereo, nmero de documentos, qualificao ou qualquer outro fato no constante do pro-blema, sob o risco de ter a prova anulada. A criao de fatos no constantes do problema pode iden-tificar o candidato. Sugerimos a adoo de uma frmula abstrata.

    Ao e rito. O autor dever indicar a espcie de ao que est sendo proposta (ao de conheci-mento, ao de execuo ou ao cautelar), bem como o procedimento escolhido (por exemplo, para o processo de conhecimento, rito sumrio, ordinrio ou especial).1

    Neste ponto, temos de ressaltar que, no processo civil, existem as seguintes aes e ritos:

    Ao Ritos

    Conhecimento (ou cognio) Ordinrio Sumrio Especiais (nominados pela lei)

    1 . Os ritos especiais so nominados pela prpria Lei Adjetiva, por exemplo, a consignao em pagamento, as pos-

    sessrias, o inventrio etc.

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    Execuo

    Obrigao de fazer e no fazer Entrega de coisa (certa e incerta)

    a) contra devedor solvente De quantia certa b) contra devedor insolvente

    c) contra Fazenda Pblica d) de alimentos

    Execuo Fiscal (Lei 6.830/1980)

    Cautelar Inominada Nominadas (receberam nomenclatura pela Lei processual)

    Quando da elaborao da petio inicial, no obstante a omisso do art. 282, dever do autor indi-car o tipo de ao e rito escolhido para o processamento da demanda.

    E assim, em se tratando de processo de conhecimento comum, basta ao autor indicar no prembulo AO PELO RITO ORDINRIO ou AO PELO RITO SUMRIO.

    Por outro lado, em caso de processo de conhecimento de rito especial (previsto no Cdigo de Pro-cesso Civil arts. 890 a 1.210 ou na legislao extravagante), o procedimento nominado, ou seja, a ao dotada de um nome previsto na lei, por exemplo, ao possessria, ao monitria, ao de divrcio, ao de alimentos, ao de consignao em pagamento etc.

    Temos assistido a inmeras aberraes prticas ao presenciar advogados criando nomes para aes que, pela lei, so inominadas. Por exemplo, verificamos em certa petio inicial o seguinte: (...) propor AO DE INDENIZAO POR DANOS MORAIS, CUMULADA COM AO DE INDENIZA-O POR DANOS MATERIAIS DE LUCROS CESSANTES, DANO ESTTICO E PENSO VI-TLICIA.

    Na verdade, no exemplo anterior, o advogado no indicou a ao nem o rito, apenas trouxe para o prembulo da petio inicial o pedido, ou seja, aquilo que deveria constar no final. E pior, deixou de indicar o rito da ao, o que, no caso, seria o mais importante.

    Devemos ressaltar que no existe ao de cobrana, ao de indenizao, ao de reparao de da-nos, ao de obrigao de fazer, reivindicatria, imisso na posse etc.

    Na realidade, estas no so aes, mas o pedido contido em aes de conhecimento que tramitaram pelo rito ordinrio ou rito sumrio. Na prtica, presenciamos a maioria dos advogados usando tal for-ma, que, no entanto, no tcnica ou necessria.

    A esse respeito, o art. 461 do CPC foi absolutamente tcnico ao afirmar: Na ao que tenha por objeto o cumprimento de obrigao de fazer (...). Veja que a ao no de obrigao de fazer, mas sim tem por objeto (ou pedido) uma obrigao de fazer ou no fazer. A ao de conhecimento, pelo rito ordinrio ou sumrio.

    Para ser uma ao, deve haver previso no Cdigo de Processo ou legislao extravagante, com uma prescrio de uma sequncia lgica para a prtica dos autos processuais (aquilo que chamamos de procedimento ou rito). Porm, sendo uma ao de rito especial, a sim o autor dever indicar o nome que a lei atribuiu quela ao, como nos exemplos anteriores.

    No se trata aqui de exacerbar ou de preciosismo da tcnica processual, isso apenas um alerta pa-ra facilitar e simplificar a redao jurdica. Muitas vezes, o candidato no Exame de Ordem, ou mesmo o advogado, perde longo tempo tentando achar um nome para a ao (como se fossem legisladores), quando, na verdade, a lei no d nome especfico para aquela ao, bastando colocar o rito ordinrio ou sumrio (levando em considerao que se trata de processo de conhecimento).

    Tudo o que realizado na prtica merece uma explicao pelas regras de processo, sob pena de ser intil ou no ter sentido legal. Assim, perguntamos: para o magistrado, o que mais importante saber logo de fronte para a inicial: o objeto (cobrana, indenizao) ou a ao (execuo, cognio ou caute-lar) e o rito?

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    indiferente para o magistrado conter no prembulo o objeto da ao. Mas de fundamental im-portncia que conste o rito, pois disso depender seu ato inicial: em se tratando de sumrio, citar para comparecer em audincia; sendo ordinrio, a citao ser para defesa no prazo legal; em execuo de quantia certa contra devedor solvente, a citao se dar para pagamento em trs dias, e assim por di-ante.

    Repita-se, ao criticar a frmula adotada por muitos, temos por objetivo adequar a tcnica simpli-cidade, e no estimular a dificuldade de criar nomes para as aes que o legislador preferiu deixar inominadas.

    Assim, sugerimos o seguinte prembulo (seguido do endereamento):

    EXCELENTSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___. VARA CVEL DO FORO REGIONAL DE SANTANA NA COMARCA DA CAPITAL DE SO PAULO

    (Espao de aproximadamente 10 cm)

    NOME DO AUTOR, (nacionalidade), (estado civil), (profisso), portador do documento de i-dentidade RG n. (nmero) e inscrito no CPF sob o n. (nmero), domiciliado na cidade de Campinas, onde reside na rua (endereo completo), vem, por seu procurador (doc. n. 1), propor a presente A-O PELO RITO SUMRIO, nos termos do art. 275, I, do Cdigo de Processo Civil, em face de NOME DO RU, (nacionalidade), (estado civil), (profisso), portador do documento de identidade RG n. (nmero) e inscrito no CPF sob o n. (nmero), domiciliado nesta Capital, onde reside no Bairro de Santana, na rua (endereo completo), pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos.

    I DOS FATOS

    c) Fatos

    Aps a elaborao do prembulo da petio inicial, o autor dever expor os fatos que justificam a propositura da ao. Os fatos equivalem causa de pedir remota (por exemplo, o acidente, o contrato etc.).

    Aqui, importante consignar que o autor dever apenas, de forma objetiva e clara, narrar os fatos que tenham relevncia para a procedncia de seu pedido, sem a utilizao de mincias que sejam irre-levantes para a aplicao do direito ao caso concreto. Lembre-se de ser conciso e objetivo, no queira enriquecer o texto com detalhes irrelevantes soluo do conflito.

    Importante: em caso de Exame de Ordem, quando da narrativa dos fatos, o candidato se limitar a descrever a situao ftica contida no problema, ou seja, copiar o problema com suas palavras, sem alterar ou criar novos dados, sob pena de anulao da prova.

    d) Fundamentos jurdicos

    Da mihi factum, dabo tibi ius

    Curiosamente, sempre ouvimos o brocardo latino da mihi factum, dabo tibi ius, do qual se extrairia a interpretao de que bastaria narrar ao juiz o fato, que ele lhe atribuiria o direito.

    No entanto, tal princpio no parece estar em conformidade com o inc. III do art. 282 do CPC. A Lei Processual determina ao autor que, aps narrar os fatos (causa de pedir remota), apresente na

    petio inicial os argumentos jurdicos que o levam a entender ter direito tutela jurisdicional (o pe-dido). No basta narrar o fato, o autor dever indicar qual direito entende cabvel quele caso concreto levado ao juiz.

    Aqui no se trata de dar a fundamentao legal, citando o nmero do artigo da lei (fundamento le-gal diferente de fundamento jurdico). A fundamentao legal seria apenas a indicao ou transcrio

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    do artigo da lei,2 enquanto o fundamento jurdico mais, ao passo que representa o raciocnio lgico de aplicao do direito ao fato, levando o magistrado ao convencimento para acolher a pretenso. na fundamentao jurdica que o autor poder apresentar jurisprudncia, doutrina e, at mesmo, a indica-o do texto da lei.

    A fundamentao jurdica equivale causa de pedir prxima (por exemplo, a responsabilidade civil decorrente do acidente, o dever legal de cumprir o contrato etc.).

    Importante: no Exame de Ordem, a fundamentao jurdica tem grande relevncia no momento da correo, pois demonstra se o candidato tem articulao e capacidade de raciocnio lgico-jurdico. Por isso, sugerimos que o candidato, ao expor as teses que entender cabveis, justifique-as ou cor-robore-as com a citao ou transcries de jurisprudncia e doutrina, a fim de enriquecer a funda-mentao.

    e) Pedido

    O pedido representa a espcie e os efeitos prticos de tutela jurisdicional pretendidos pelo autor. No processo de conhecimento, o pedido dever ser composto de duas partes:

    Pedido imediato: equivale espcie de provimento jurisdicional esperada pelo autor, ou seja, con-denao, declarao ou constituio (constituio ou desconstituio). Pedido mediato: representa os efeitos prticos da tutela.

    Por exemplo: Por todo o exposto, requer a Vossa Excelncia a procedncia do pedido de CONDENAO do

    ru ao PAGAMENTO DO VALOR DE R$ 10.000,00 (...).

    Pedido imediato Pedido mediato Lembre-se:

    Pedido imediato (processo de conhecimento) Pedido mediato

    Condenao (para obteno de uma obriga-o).

    Declarao (para obteno da manifestao acerca da existncia acerca de uma relao jurdica ou obrigao).

    Constituio: positiva ou negativa (para criar, modificar ou extinguir uma relao jurdica ou obrigao).

    Efeitos prticos, por exemplo: o valor, a obrigao de fazer ou no fazer, o contedo da declarao etc.

    A regra no sentido de que todo pedido deve ser expresso, certo (em relao ao pedido imediato) e determinado (em relao ao pedido mediato).

    2 . Como mencionado anteriormente, a transcrio legal desnecessria na prtica processual, salvo se a parte for

    trabalhar com questes especficas e relativas interpretao literal da norma. Em concursos pblicos e prova, a sugesto que o candidato indique sempre o nmero do artigo (ou artigos), para que na correo o examinador possa visualizar com clareza.

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    No entanto, o ordenamento processual d as seguintes excees: I) Pedidos implcitos (exceo regra que determina que todos os pedidos sejam expressos). So

    modalidades de provimentos jurisdicionais que se presumem includos na petio inicial; assim, mes-mo que o autor no os faa de forma expressa, o magistrado dever manifestar-se na sentena.3

    So considerados pedidos implcitos:

    a condenao da parte vencida ao pagamento de honorrios advocatcios e ao reembolso das cus-tas judiciais adiantadas pela parte vencedora, nos termos do art. 20 do CPC;

    a condenao do ru ao pagamento das prestaes que se vencerem no curso da demanda, con-forme prev o art. 290 do CPC;

    inclui-se no pedido incidncia de juros (art. 293 do CPC) e correo monetria (art. 1. da Lei 6.899/1981);

    a cominao de astreintes nos casos de obrigaes de fazer, no fazer ou entrega de coisa, nos termos dos arts. 461 e 461-A, como a imposio de multa diria, busca e apreenso, remoo de pessoas ou coisas, fora policial etc.

    II) Pedidos genricos. Representam excees regra que estabelece que o pedido deve ser deter-minado. O art. 286 do CPC estabelece as circunstncias em que o autor poder deixar de determinar os efeitos do pedido (pedido mediato).

    Os danos morais, considerando a inexistncia de critrios objetivos para sua valorao, tambm podero ser formulados como pedido genrico, ou seja, o autor requer a condenao do ru ao paga-mento de indenizao por danos morais (pedido imediato certo de condenao), ficando a atribuio do valor a critrio do arbitramento judicial (pedido mediato indeterminado).4

    Alis, a fase da liquidao tem por funo detalhar os pedidos certos e genricos.

    f) Requerimentos (processo de conhecimento)

    Obrigatrios:

    Citao do ru;5 Meios de provas.

    No rito ordinrio, praxe a formulao de requerimento genrico de provas, por exemplo: Requer o autor provar o alegado pelo exerccio de todos os meios em direito admitidos como forma de de-monstrar a verdade dos fatos.

    Tal formulao genrica possvel no rito ordinrio pelo fato de que, no futuro, aps o encerra-mento da fase postulatria (portanto, aps o estabelecimento completo do contraditrio), o juiz deter-minar s partes que especifiquem as provas que pretendem produzir. 3 . Tal possibilidade representa exceo regra, uma vez que o magistrado apenas poder decidir nos limites da

    lide, ou seja, apenas poder manifestar-se acerca das alegaes da petio inicial e da contestao, sob pena de proferir julgamento extra ou ultra petita.

    4 . Nesse sentido: STJ, REsp 777.219/RJ, j. 05.10.2006, v.u., rel. Min. Nancy Andrighi.

    5 . Quando da redao de peties em exames, em especial no Exame de Ordem, prudente ao candidato que indi-

    que o meio de citao pretendido, por exemplo, por oficial de justia, por carta precatria (caso seja outra co-marca) etc.

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    No rito sumrio, o autor dever, na prpria petio inicial, especificar as provas que pretende pro-duzir, indicando o rol de testemunhas, o requerimento de percia, a indicao do assistente tcnico e os quesitos a serem respondidos, conforme estabelece o art. 276 do CPC, sob pena de precluso.

    No que se refere prova, deve-se tomar cuidado com a prtica genrica de requerer a inverso do nus da prova, diante de quaisquer aes que versem sobre matria consumerista.

    A inverso prevista no art. 6., VIII, do CDC ope iudicis, ou seja, poder ocorrer a critrio do ju-iz, ante o fato de a alegao ser verossmil ou quando o consumidor for hipossuficiente, segundo as regras ordinrias de experincia. Por outro lado, h hipteses em que a inverso obrigatria por fora de lei, portanto, ope legis, no est na esfera de discricionariedade do juiz. o caso da inverso es-tabelecida no 3. dos arts. 12 e 14 do CDC, especifica para a responsabilidade civil do fornecedor.

    Facultativos (que dependero do caso em concreto): Concesso dos benefcios da Justia gratuita, nos termos da Lei 1.060/1950:

    Requer, ainda, a concesso dos benefcios da Assistncia Judiciria Gratuita, nos termos da Lei 1.060/1950, por tratar-se de pessoa pobre na acepo jurdica do termo, no podendo arcar com as custas e demais despesas processuais sem prejuzo alimentar prprio ou fami-liar.

    Alm do requerimento, sugere-se que a parte assine uma declarao que seguir anexada peti-o inicial nos seguintes termos:

    DECLARAO DE POBREZA

    Nome e qualificao, nos termos da Lei 1.060/1950, declara que pobre na acepo jurdica do termo, no podendo arcar com as custas e despesas processuais advindas da ao ______ , sem que sofra prejuzo alimentar prprio ou de sua famlia, razo pela qual requer a concesso dos bene-fcios da Assistncia Judiciria Gratuita.

    Local e data Assinatura

    Concesso da preferncia ou prioridade no processamento da causa quando a parte for maior de sessenta anos de idade (art. 71 da Lei 10.741/2003 Estatuto do Idoso);

    Concesso de preferncia em razo de doena grave (artigo 1.211-A do CPC);

    Concesso de preferncia em razo da declarao de indcio de ato de alienao parental (art. 4. da Lei 12.318/2010);

    Realizao dos atos de citao ou penhora fora do horrio ordinrio, nos termos do art. 172, 2., do CPC;

    Outros necessrios ao caso concreto (por exemplo, a expedio de ofcios, requisio de infor-maes, preferncia da lei de Alienao Parental etc.).

    g) Valor da causa

    A regra geral estabelecida no Cdigo de Processo Civil, nos arts. 258 e 259, no sentido de que o

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    valor da causa corresponder vantagem econmica almejada na demanda, ainda que a causa no tenha contedo econmico direto.

    Assim, podemos dizer que o valor da causa ser certo, quando a pretenso tiver contedo econ-mico direto (por exemplo, em uma ao em que se pretende o recebimento de quantia determinada), ou estimado, quando o pedido no tem contedo econmico imediato (por exemplo, em uma ao de investigao de paternidade, anulao de casamento, pedido genrico de dano moral etc.).6

    Alm disso, determina o art. 259 do CPC:

    na ao que tenha por objeto a cobrana de dvida, o valor corresponder soma do principal, da pena e dos juros vencidos at a propositura da ao;

    em caso de cumulao de pedidos, a quantia ser correspondente soma dos valores de todos e-les;

    sendo alternativos os pedidos, o valor da causa ser o maior;

    havendo pedido subsidirio (aquele que formulado na forma sucessiva), o valor ser o do pedi-do principal;

    quando o litgio tiver por objeto a existncia, a validade, o cumprimento, a modificao ou a res-ciso de negcio jurdico, dever ser dado causa o valor do contrato;

    em ao de alimentos, corresponder soma de doze prestaes mensais, pedidas pelo autor;

    na ao de diviso, de demarcao e de reivindicao, o valor da causa ser equivalente estima-tiva oficial para lanamento do imposto;

    nas aes em que se pedirem prestaes vencidas e vincendas, o autor dever tomar em conside-rao o valor de umas e outras para efeito de valor da causa. O valor das prestaes vincendas ser correspondente a uma prestao anual (12 vezes), se a obrigao for por tempo indetermi-nado ou por tempo superior a um ano; se for por tempo inferior, ser igual soma das prestaes;

    na Lei de Locaes, o inc. III do art. 58 (Lei 8.245/1991) estabelece que o valor da causa (regida pela Lei) corresponder a doze meses de aluguel, ou, na hiptese de imvel cuja locao era for-ma de remunerao, o valor ser de trs salrios vigentes por ocasio do ajuizamento.

    h) Encerramento da petio

    Na praxe forense estabeleceu-se a seguinte regra de encerramento das peties:

    Termos em que, pede deferimento / pedem deferimento.

    Local e data.

    6 . Nas aes com pedido de dano moral, caso o autor no faa pedido certo em relao ao valor da indenizao,

    deixar para o magistrado o arbitramento; contudo, o autor dever estimar o valor da causa.

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    Nome e assinatura do advogado Nmero de inscrio na OAB

    i) Documentos

    A petio inicial dever ser instruda com todos os documentos indispensveis propositura da demanda.7

    A procurao considerada documento indispensvel propositura da demanda, salvo se a procu-rao estiver juntada nos autos principais (art. 254, II, do CPC), se o advogado estiver atuando em causa prpria, se a prpria parte tiver capacidade postulatria (como nos Juizados Especiais, quando a causa no ultrapassar vinte salrios mnimos etc.) ou quando o patrono protestar pela juntada do ins-trumento no prazo de quinze dias, conforme autorizam os arts. 37 do CPC e 5., 1., da Lei 8.906/1994.

    Em cada caso concreto sero determinados os documentos considerados indispensveis proposi-tura da demanda. Como exemplo, podemos citar a ao de alimentos, para a qual indispensvel a exibio com a inicial da certido que prove o parentesco; para a ao em que se discute propriedade, necessria a apresentao da certido do registro de imveis etc.

    A juntada de documentos deve respeitar o disposto nos arts. 396, 397 e 398 do CPC. Assim, como j dito, na inicial e na contestao devem ser juntados, respectivamente, os documentos indispensveis propositura e a defesa.

    Aps a inicial e a contestao podero ser juntados outros documentos aos autos, desde que respei-tado o disposto nos arts. 397 e 398, ou seja, pode ser juntados documentos novos ou para contrapor as alegaes feitas em contestao ou em rplica.

    Sobre a possibilidade de juntada de outros documentos, interessante transcrever lio de Frederico Marques:

    Certo que o art. 397, ao dizer que ser lcito parte juntar documentos novos, fala apenas em documentos destinados a fazer prova de fatos ocorridos depois dos articulados, ou em documentos destinados a contrapor os que foram produzidos nos autos pelo que parecer que em outras hipteses a juntada posterior de documentos ser inadmissvel. No nos parece que assim seja. Se o art. 283 s alude a documentos indispensveis propositura da ao evidente que os no indispensveis a esse fim, mas necessrios para a prova de fatos articulados na inicial, podem ser juntados ulteriormente (MARQUES, Jos Frederico. Manual de direito processual civil. 4. ed. So Paulo: Saraiva, 1979. vol. 2, 1. parte, p. 219-220).

    MODELO DE PETIO INICIAL RITO ORDINRIO

    EXCELENTSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____. VARA CVEL DO FORO DA COMARCA DE CAMPINAS NO ESTADO DE SO PAULO

    (Espao de aproximadamente 10 cm)

    NOME DO AUTOR, (nacionalidade), (estado civil), (profisso), portador do documento de i-

    7 . Quando da realizao de concurso ou Exame de Ordem, conveniente a indicao, no fim da petio, dos do-

    cumentos que supostamente seriam juntados, utilizando, para tanto, apenas as informaes que constarem no problema.

  • Prtica Jurdica Civil, 5. edio 11

    DARLAN BARROSO E JULIANA FRANCISCA LETTIRE

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    dentidade RG n. (nmero) e inscrito no CPF sob o n. (nmero), domiciliado nesta Comarca de Cam-pinas, onde reside na rua (endereo completo), vem, por seu procurador (instrumento de mandato in-cluso, doc. 1), propor a presente AO PELO PROCEDIMENTO ORDINRIO com PEDIDO DE ANTECIPAO DOS EFEITOS DA TUTELA, em face de NOME DA PARTE R, sociedade inscrita no CNPJ sob o n. (nmero), com sede na Comarca de So Bernardo do Campo, rua (endereo com-pleto), pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos.

    I DOS FATOS8

    O Autor, em abril de 2003, adquiriu da R veculo novo (descrio do bem) de sua prpria fa-bricao.

    Ocorre que, quando da realizao de uma viagem para a cidade vizinha, em (data), enquanto trafegava pela rodovia (nome da rodovia), o Autor foi obrigado a frear o veculo para no bater em um caminho que estava na sua frente (Boletim de Ocorrncia incluso, doc. 2).

    Todavia, o freio do veculo no funcionou e o Autor bateu na traseira do referido caminho. Em razo do acidente, o veculo do Autor teve perda total, no podendo ser recuperado, conforme laudo acostado (doc. 3).

    Em razo do acidente, o Autor ficou hospitalizado pelo prazo de 60 (sessenta) dias, como de-monstra o atestado mdico incluso (doc. 4), perodo em que deixou de exercer suas atividades co-merciais e perceber o valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais).

    No obstante o dano material anteriormente mencionado, o Autor teve graves leses corporais que resultaram em cicatrizes e incapacidade temporria para o trabalho, como demonstra o laudo mdico juntado (doc. 5).

    Por outro lado, dias aps o acidente, a R publicou em rgo de imprensa (jornal e fita de v-deo acostados, docs. 6 e 7) convocao para que todos os consumidores adquirentes dos veculos da mencionada marca comparecessem s concessionrias para substituio de determinada pea do freio, uma vez que ocorreu um defeito na fabricao.

    II DO DIREITO9

    Em razo dos fatos anteriormente narrados, podemos concluir que o Autor tem direito de ser totalmente indenizado pelos prejuzos que sofreu em decorrncia do bem adquirido da empresa R.

    Inicialmente, h que se consignar que, no presente caso, estamos diante de uma relao de consumo, nos termos previstos nos arts. 2. e 3. da Lei 8.078/1990, uma vez que o Autor adquiriu o veculo na qualidade de destinatrio final do bem e a R, por sua vez, empresa que realizou a pro-duo, montagem e venda do produto.

    A empresa R, na qualidade de fornecedora, colocou no mercado de consumo produto defeituo-so, inclusive, reconheceu tal fato quando convocou todos os consumidores para a substituio da pea do freio. No entanto, tal convocao foi posterior ao acidente com o Autor e, portanto, ineficaz para evitar os danos narrados.

    Assim, o art. 12 do Cdigo de Defesa do Consumidor determina que o fornecedor respon-svel pelo fato decorrente do produto e do servio, nos seguintes termos:

    Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da existncia de culpa, pela reparao dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricao, construo, montagem, frmulas, manipulao, apresentao ou acondicionamento de

    8 . A narrao que se apresenta nesta petio meramente genrica, podendo, no caso concreto, haver especificao

    dos fatos relevantes ao julgamento da lide. 9 . A fundamentao apresentada meramente exemplificativa, podendo ser complementada com posies doutri-

    nrias e jurisprudenciais.

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    DARLAN BARROSO E JULIANA FRANCISCA LETTIRE

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    seus produtos, bem como por informaes insuficientes ou inadequadas sobre sua utilizao e riscos (O original no ostenta os negritos.)

    Como se v, na qualidade de fabricante, a R tem responsabilidade objetiva de reparar todos os danos decorrentes do produto que colocou no mercado de consumo. Assim, tem o Autor o direito de ser indenizado pelos danos materiais que sofreu, o que compreende o pagamento pela R do va-lor do veculo, de todos os gastos hospitalares, de penso relativa ao tempo em que perdurar a inca-pacidade para o trabalho, bem como a reparao dos danos morais e estticos experimentados por ele.

    III DA ANTECIPAO DOS EFEITOS DA TUTELA10

    Em razo do acidente anteriormente narrado, o Autor ficou afastado de suas atividades profis-sionais e, consequentemente, no possui renda para sustentar sua famlia e manter o prprio trata-mento mdico.

    O Autor deve ser submetido ao tratamento de fisioterapia e ao uso contnuo de medicamentos para a diminuio da leso causada em seus membros inferiores, conforme prescrio mdica junta-da (doc. 8). Todavia, por no estar trabalhando, no tem ele como custear a fisioterapia e comprar dos medicamentos necessrios.

    Nesse sentido, o art. 273 do Cdigo de Processo Civil determina:

    Art. 273. O juiz poder, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova inequvoca, se convena da verossimilhana da alegao e: I haja fundado receio de dano irreparvel ou de difcil reparao;

    Os documentos que acompanham a petio inicial comprovam que os danos experimentados pelo Autor foram decorrentes de defeito oriundo da pea (nome da pea) do freio do veculo produzi-do pela R, conforme laudo juntado.

    Alm disso, ao convocar os consumidores para reposio gratuita, a prpria R reconheceu que a pea estava danificada, razo pela qual est presente o requisito da prova inequvoca da ve-rossimilhana das alegaes.

    Por outro lado, o Autor necessita de imediato tratamento de fisioterapia, medicamentos e da penso relativa sua remunerao mensal, sob pena de sofrer dano grave ou de difcil reparao.

    Infere-se, portanto, que esto presentes os requisitos previstos no art. 273 do Cdigo de Pro-cesso Civil, capazes de ensejar a concesso da antecipao dos efeitos da tutela jurisdicional, no sentido de obrigar a R, com a mxima urgncia, a custear todo o tratamento prescrito ao Autor, bem como ao pagamento de penso mensal.

    IV DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS

    Por todo o exposto, o Autor requer a concesso da antecipao dos efeitos da tutela, nos ter-mos do art. 273 do Cdigo de Processo Civil, para que a R seja compelida ao pagamento de todo o tratamento mdico indicado ao Autor, em especial ao pagamento dos medicamentos e de fisioterapia, alm de penso mensal no valor de R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais).

    Requer sejam julgados procedentes os seguintes pedidos de: a) condenao da R ao pagamento dos danos materiais experimentos pelo Autor, no valor de

    10

    . No caso em questo, a tutela antecipada foi fundamentada com base no perigo de dano. No entanto, dependendo do caso concreto, poder ser pleiteada sob a alegao de abuso do direito de defesa ou mero carter protelatrio do ru, ou ainda quando o pedido for incontroverso (situaes em que apenas poder ocorrer aps a apresentao da contestao).

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    R$ 30.000,00 (trinta mil reais), compreendendo a indenizao pelo veculo danificado e pelas despesas mdicas at a presente data, bem como ao pagamento do tratamento prescrito ao Autor, cujo valor ser apurado em liquidao;11

    b) condenao da R ao pagamento de indenizao por danos morais e danos estticos so-fridos pelo Autor, no valor total de R$ 100.000,00 (cem mil reais);12

    c) condenao da R ao pagamento de penso mensal no valor de R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais), pelo prazo que perdurar a incapacidade do Autor para o trabalho;

    d) condenao da R ao pagamento das custas e honorrios advocatcios, nos termos do art. 20 do Cdigo de Processo Civil.

    O Autor requer a inverso do nus da prova em relao ao defeito no produto, nos termos do art. 6., VIII, do Cdigo de Defesa do Consumidor, uma vez que hipossuficiente. Requerendo, ainda, pela produo de todos os meios de prova para a demonstrao dos danos sofridos.

    Requer, tambm, a concesso dos benefcios da assistncia judiciria gratuita, nos termos da Lei n. 1.060/50, por se tratar de pessoa pobre na acepo jurdica do termo, no podendo arcar com as custas e despesas processuais sem prejuzo alimentar prprio ou de sua famlia.

    Requer, por fim, a citao da R, por meio de carta precatria, para que, querendo, possa a-presentar resposta e acompanhar o feito at a sua extino.

    D causa o valor de R$ 160.000,00 (cento e sessenta mil reais).13

    Termos em que, pede deferimento.

    Local e data. NOME E ASSINATURA DO ADVOGADO Nmero de inscrio na OAB Endereo do advogado para recebimento de intimaes

    MODELO DE PETIO INICIAL RITO SUMRIO

    EXCELENTSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO14 DA ____. VARA CVEL DO FORO DA COMARCA DE SANTOS15 NO ESTADO DE SO PAULO

    (Espao de aproximadamente 10 cm) NOME DO AUTOR, (nacionalidade), (estado civil), (profisso), portador do documento de i-

    dentidade RG n. (nmero) e inscrito no CPF sob o n. (nmero), domiciliado nesta Comarca de San-tos, onde reside na rua (endereo completo), vem, por seu procurador (instrumento de mandato in-cluso, doc. 1), nos termos do art. 275, II, do Cdigo de Processo Civil, propor a presente AO PE-LO PROCEDIMENTO SUMRIO em face de NOME DA EMPRESA R, sociedade com sede na Ca-

    11

    . A parte final do pedido representa modalidade de pedido genrico, nos termos do art. 286, II, do CPC.

    12 . O autor poderia ter deixado para o arbitramento judicial.

    13 . Em se tratando de pedido cumulado (em que h mais de um pedido), o valor da causa dever corresponder

    soma de todos eles, nos termos do art. 259, II, do CPC. Alm disso, em relao ao pedido de penso, item c da petio, por se tratar de prestao vincenda por tempo indeterminado, dever ser considerada uma anuidade (do-ze meses), conforme determina o art. 260 do CPC.

    14 . Para magistrado da Justia Estadual. Caso a competncia fosse da Justia Federal, conforme estabelece o art. 109

    da CF/1988, o correto seria: EXCELENTSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL.

    15 . Por se tratar de ao de indenizao por acidente de veculo, a competncia do local do acidente ou do domic-

    lio do autor, nos termos do art. 100, pargrafo nico, do CPC.

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    pital de So Paulo, na rua (endereo completo), pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos.

    I DOS FATOS

    Enquanto o Autor trafegava com seu veculo (descrio e demonstrao da propriedade, doc. 2) pela Avenida da Praia, em 20 de julho ltimo, foi surpreendido pelo veculo conduzido pelo funcio-nrio da empresa R, que saiu desgovernado da Rua da Baleia.

    O Autor, aps a abertura do semforo em que estava parado, saiu com o veculo no sentido em que seguia e, neste instante, o condutor atravessou com o veculo da R o semforo fechado e acabou por bater no veculo do Autor, conforme relata o Boletim de Ocorrncia que segue juntado (doc. 3).

    Em razo do acidente, o Autor sofreu danos em seu veculo, conforme demonstram os ora-mentos e a nota fiscal que seguem acostados presente petio (docs. 4 a 7), no valor total de R$ 15.000,00 (quinze mil reais).

    II DO DIREITO

    O Cdigo Civil, ao tratar da responsabilidade por ato ilcito, estabelece o seguinte:

    Art. 927. Aquele que, por ato ilcito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repar-lo.

    No caso em questo, o funcionrio da R ultrapassou o semforo fechado e, consequente-mente, por uma ao ilcita segundo o regramento de trnsito, causou danos ao Autor, prejuzos es-tes que devem ser integralmente reparados.

    Por outro lado, importante consignar que a empresa R tem responsabilidade objetiva em razo dos atos praticados por seus funcionrios no exerccio do trabalho, como assegura o art. 932 do Cdigo Civil, nos termos seguintes:

    Art. 932. So tambm responsveis pela reparao civil: I e II omissis; III o empregador ou comitente, por seus empregados, serviais e prepostos, no exerccio do trabalho que lhes competir, ou em razo dele.

    Acerca da responsabilidade do empregador pelos atos ilcitos do empregado, a jurisprudncia tem se manifestado da seguinte forma:

    Responsabilidade Civil. Acidente de trnsito. Comprovada a culpa do empregado, responde o empregador pelas reparaes dos danos decorrentes. Cumulao das indenizaes de danos morais e materiais. Admissibilidade. So pressupostos da indenizao de danos morais, a compensao do ofendido, a punio do ofensor e o desestmulo continuidade da prtica ilcita. pressuposto da indenizao por danos materiais a reparao por inteiro. Ao parcialmente procedente. Recursos parcialmente providos (PTACSP, Ap. 1119380-5, j. 29.01.2003, v.u., rel. Juiz Rubens Cury).

    Com efeito, a empresa R deve ser condenada ao pagamento dos danos experimentados pelo Autor em razo do ato ilcito praticado por seu empregado quando do exerccio de suas funes.

    III DO PEDIDO E REQUERIMENTOS

    Por todo o exposto, requer a Vossa Excelncia a procedncia do pedido de condenao da R ao pagamento de indenizao ao Autor, no valor de R$ 15.000,00 (quinze mil reais), acrescido de ju-ros e correo monetria, bem como ao pagamento de honorrios advocatcios e despesas proces-

  • Prtica Jurdica Civil, 5. edio 15

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    suais, nos termos do art. 20 do Cdigo de Processo Civil. Requer, ainda, a citao da empresa R para que comparea audincia preliminar16 a ser

    designada e, no restando frutfera a conciliao, possa apresentar resposta e acompanhar o pro-cesso at a sua extino.

    Requer, outrossim, a produo de prova pericial indireta no veculo, para verificao dos da-nos sofridos no acidente narrado, bem como a ouvida de testemunhas e o depoimento pessoal, para o fim de comprovar o ato ilcito praticado pelo empregado da R.

    Para tanto, em cumprimento ao disposto no art. 276 do Cdigo de Processo Civil, informa que pretende ouvir as seguintes testemunhas em audincia:

    1. Nome, qualificao completa e endereo para intimao. 2. Nome, qualificao completa e endereo para intimao. Por oportuno, indica como assistente tcnico o engenheiro (Nome e qualificao), bem como

    os quesitos a seguir: 1. Em quais pontos do veculo do Autor ocorreu o choque com o veculo da R? 2. Quais os prejuzos experimentados? 3. Com o confronto dos danos ocasionados nos veculos possvel traar a trajetria do aci-

    dente? Em caso positivo, apresentar o desenho. D causa o valor de R$ 15.000,00 (quinze mil reais).

    Termos em que, pede deferimento. Local e data. NOME E ASSINATURA DO ADVOGADO Nmero de inscrio na OAB Endereo do advogado para recebimento de intimaes

    6.2 Respostas do ru A Constituio da Repblica assegura como direito fundamental o contraditrio e a ampla defesa,

    como todos os meios e recursos a ela inerentes, como prev o art. 5., LV. Dessa forma, o ordenamen-to processual que encontra sua base nos princpios ditados pela Carta Constitucional estabelece os seguintes meios de resposta do ru para o processo de conhecimento:

    a)

    contestao; b)

    reconveno; c)

    excees as excees de incompetncia relativa, de impedimento e de suspeio podero ser apresentadas por qualquer uma das partes; d)

    impugnaes no esto sistematizadas com as demais respostas do ru. No entanto, elas tm a caracterstica de defesa processual.

    6.2.1 Contestao A contestao o instrumento pelo qual o ru se defende contra a pretenso do autor (pedido e

    causa de pedir), alm de permitir a defesa processual. 16

    . No rito sumrio o ru citado para comparecer audincia de conciliao, conforme previso do art. 277 do CPC.

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    Com efeito, a contestao poder ter duas partes: defesa preliminar e defesa de mrito (defesa dire-ta e indireta).

    A defesa preliminar restringe-se s alegaes de aspectos processuais da relao jurdica, conforme estabelece o art. 301 do CPC, ou seja:

    a)

    Inexistncia ou nulidade da citao: neste caso, o ru, por meio de seu advogado, vem a juzo pa-ra alegar a falta ou nulidade de citao, uma vez que tal ato constitui um pressuposto de existn-cia e desenvolvimento vlido do processo; b)

    Incompetncia absoluta: verifica-se quando h inobservncia das regras de competncia funcio-nal (em razo da matria, da pessoa ou da hierarquia). O vcio de incompetncia relativa (territo-rial ou valor da causa) ser suscitado por meio de exceo de incompetncia (petio distinta em relao contestao, uma vez que tal alegao ser autuada em apartado e gerar um incidente processual, enquanto a incompetncia absoluta decidida dentro dos prprios autos); c)

    Inpcia da petio inicial: ocorre quando faltar pedido ou causa de pedir, quando da narrao dos fatos no decorrer logicamente o pedido, quando o pedido for juridicamente impossvel ou quando os pedidos cumulados forem incompatveis entre si (art. 295, pargrafo nico); d)

    Perempo: modalidade de perda do direito de ao. Ocorre quando a parte tiver dado causa, por trs vezes anteriores, extino do processo, sem julgamento do mrito, em razo de sua i-nrcia (art. 268, pargrafo nico). Proposta pela quarta vez, o ru poder alegar que ocorreu a perempo; consequentemente, a ao dever ser extinta sem o julgamento do mrito; e)

    Litispendncia: verifica-se quando a parte repete ao idntica outra que se encontra em curso. A ao ser considerada idntica outra quando tiver as mesmas partes, a mesma causa de pedir e pedido, conforme estabelece o art. 301, 3., do CPC; f)

    Coisa julgada: poder ser alegada se o autor repetir ao idntica a outra j decidida por sentena definitiva de mrito, transitada em julgado; g)

    Conexo ou continncia: quando, por identidade de causa de pedir ou objeto do processo, deva haver a reunio do processo com outro j em curso, para o fim de que sejam julgados simulta-neamente;

    h)

    Incapacidade da parte, defeito de representao processual ou falta de autorizao (art. 10 do CPC); i)

    Conveno de arbitragem: o ru poder alegar a existncia de clusula compromissria e/ou compromisso arbitral que impea a discusso judicial do litgio (a arbitragem disciplinada pela Lei 9.307/1996). Nos termos da lei, a conveno de arbitragem compreende a clusula compro-missria e o compromisso arbitral; j)

    Carncia de ao: impossibilidade jurdica do pedido, falta de legitimidade e interesse de agir; k)

    Falta de cauo ou outra prestao, que a lei exige como condio para a propositura da ao: hiptese, por exemplo, da ao rescisria que determina a prestao de cauo pelo autor como pressuposto da ao.

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    Alm da defesa processual o que denominamos preliminares , o ru dever manifestar-se preci-samente acerca do mrito, sob pena de sofrer confisso acerca dos fatos no impugnados especifica-mente.

    Importante que, ao arguir uma preliminar, o ru espera do magistrado um efeito para isso. Veja-mos:

    Preliminar Efeito (que deve ser pedido na pea)

    Falta ou defeito na citao (inc. I) a) Se for alegada pelo ru, dever re-querer novo prazo para contestar; b) Se for alegada por curador especial ou advogado dativo, dever requerer nova realizao do ato citatrio.

    Incompetncia absoluta (inc. II) Conexo e continncia (inc. VII)

    Deslocamento do processo para o juzo competente ou para o juzo em que devam ficar reunidos os proces-sos (pela preveno).

    Inpcia da inicial (inc. III e art. 295) Perempo (inc. IV) Litispendncia (inc. V) Coisa julgada (inc. VI) Conveno de arbitragem (inc. IX) Carncia de ao (inc. X)

    Extino do processo, sem resoluo de mrito, nos termos do art. 267 do CPC.

    Incapacidade da parte, defeito de representao ou falta de autorizao

    Juiz dever assinalar prazo para que o defeito seja sanado, sob pena de aplicar as disposies dos arts. 7. a 13 do CPC.

    Falta de cauo ou outra garantia imposta por lei (inc. XI)

    Juiz dever assinalar prazo para a comprovao da cauo, sob pena de extino do processo, art. 267, III, do CPC.

    Por outro lado, a defesa de mrito abranger a impugnao dos fatos narrados na inicial e a funda-mentao jurdica arguida pelo autor para motivar a sua pretenso (causa de pedir e pedido).

    Mas, o que significa dizer que o ru tem o dever de impugnar especificamente todos os pontos da inicial?

    O ordenamento processual prev que nus do ru impugnar os fatos narrados pelo autor, sob pena de, ao deixar de se manifestar sobre algum deles, ocorrer a presuno de veracidade, salvo se o fato depender da prova por instrumento pblico e o autor deixou de exibir tal documento na petio inicial. Trata-se de direito indisponvel que no comporta a confisso, ou, ainda, quando a interpretao do conjunto da contestao permitir a concluso de que todos os fatos esto impugnados.

    O nus da impugnao especfica no se aplica aos membros do Ministrio Pblico e aos advoga-

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    dos dativos e curadores especiais (art. 9. do CPC), que podem elaborar contestao por negativa geral, conforme previso contida no art. 302, pargrafo nico, do CPC.

    O advogado dativo ou curador especial muitas vezes desconhece a parte r (uma vez que ela foi citada fictamente) e, por essa razo, no tem condies de fazer contestao com impugnao espe-cfica a cada fato apresentado na petio inicial. Assim, basta ao advogado indicar na petio que a contestao feita por negativa geral e, dessa forma, todos os fatos narrados na petio inicial sero tidos por incontroversos.

    6.2.1.1 Prazo e oportunidade A contestao, no rito ordinrio, apresentada no prazo de quinze dias, contados da data da juntada

    aos autos do mandado de citao cumprido ou do aviso de recebimento (art. 241, I e II, do CPC). Sendo a citao realizada por edital, a contestao dever ser apresentada no prazo assinalado pelo juiz.

    Caso o ru citado por edital, por hora certa ou aquele que estiver preso deixe de apresentar contes-tao, o juiz dever nomear curador especial, conforme estabelece o art. 9. do CPC.

    Na citao por edital, o juiz fixa o prazo de dilao, que variar de vinte a sessenta dias nos ter-mos do art. 232, IV, do CPC. Esse prazo, j que a citao ficta, visa a consumar a citao e garan-tir maior oportunidade ao ru de tomar conhecimento dela. Findo o prazo dilatrio, inicia-se no dia seguinte imediato e de forma contnua o prazo legal da defesa, que, por exemplo, no rito ordi-nrio, ser de quinze dias.

    Em se tratando de rito sumrio, a contestao ser apresentada em audincia, caso no seja frutfera a conciliao (art. 278 do CPC). Situao idntica ocorre com a contestao da ao de alimentos.

    Nos ritos especiais, poder haver prazos especficos para apresentao de defesa. Nas aes cautelares, que sero tratadas em captulo prprio, o prazo de contestao ser de cinco

    dias.

    MODELO DE CONTESTAO

    EXCELENTSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA (nmero). VARA CVEL DO FORO DA COMARCA DE GUARULHOS NO ESTADO DE SO PAULO

    (Espao de aproximadamente 10 cm)

    Processo autuado sob o n. (nmero)

    NOME DO RU, j qualificado nos autos da AO PELO PROCEDIMENTO ORDINRIO, que lhe move NOME DO AUTOR, vem, por seu advogado (instrumento de mandato incluso, doc. 1), nos termos do art. 300 do Cdigo de Processo Civil, apresentar CONTESTAO, pelo que expe e requer a Vossa Excelncia o seguinte.

    I DA AO PROPOSTA

    (Breve relato da ao proposta e dos principais incidentes processuais ocorridos at a data da contestao, como a concesso de liminar etc.)

    O Autor sustenta em sua petio inicial que adquiriu da empresa R, em julho de 1998, um fogo (marca).

    Por sua vez, afirma o Autor que, em agosto do mesmo ano, o referido bem teria apresentado defeito na mangueira de alimentao de gs e que, em razo do defeito, o fogo teria explodido, oca-sionando danos morais e materiais ao Autor e sua famlia.

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    Desta forma, o Autor, em sntese, promoveu a presente demanda em face da loja R, com a finalidade de obter a reparao pelo fato do produto adquirido.

    No entanto, como ser demonstrado a seguir, a ao deve ser extinta sem resoluo do mri-to, pelo fato de que a R parte ilegtima, bem como no assiste qualquer razo o Autor no mrito que fundamenta o seu pedido.

    II PRELIMINARMENTE DA ILEGITIMIDADE PASSIVA (Alegao das matrias do art. 301 do CPC)

    Sustenta o Autor que o produto defeituoso foi adquirido da loja R, mas, na realidade, o fogo foi fabricado pela empresa (nome).

    Assim, resta evidente que a R parte ilegtima para figurar no polo passivo da presente de-manda.

    A esse respeito, o art. 12 do Cdigo de Defesa do Consumidor afirma que a responsabilidade pelo fato do produto do fabricante, produtor ou construtor, no fazendo meno ao comerciante.

    Por outro lado, o art. 13 do referido Cdigo dispe as hipteses em que o comerciante res-ponsabilizado pelos danos decorrentes do produto, circunstncias no existentes no presente caso. Portanto, pelo fato de a R no manter vnculo com a relao jurdica posta em Juzo, uma vez que a obrigao legal entre consumidor e fabricante, parte ilegtima para figurar no polo passivo da de-manda.

    Dessa forma, nos termos do art. 267, VI, do Cdigo de Processo Civil, requer a extino do processo, sem o resoluo do mrito, em razo de ser a R parte ilegtima.

    III DA DEFESA DE MRITO

    No obstante entender a R que parte ilegtima para atuar na ao, pelo princpio da even-tualidade,17 insurge-se contra a pretenso formulada pelo Autor, para que no mrito sejam os pedidos julgados improcedentes, conforme fundamentao a seguir.

    IV DA PRESCRIO18

    Afirmou o Autor que o defeito que causou o acidente com o fogo ocorreu em agosto de 1998. Nesse sentido, o Cdigo de Defesa do Consumidor estabelece que:

    Art. 27. Prescreve em cinco anos a pretenso reparao pelos danos causados por fato do produto ou do servio prevista na Seo II deste Captulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento do dano e de sua autoria.

    Infere-se, portanto, que, pelo fato de ter transcorrido mais de 5 (cinco) anos da data do aci-dente com o fogo, est prescrita a pretenso do Autor, devendo ser extinto o processo, nos termos do art. 269, IV, do Cdigo de Processo Civil.

    V DA INEXISTNCIA DE RESPONSABILIDADE DA R

    Mesmo que sejam superadas as defesas anteriores, no existe fundamento para a imposio de responsabilidade em face da R.

    O produto supostamente defeituoso foi fabricado pela empresa (nome) e, consequentemente, ela a responsvel pelos danos oriundos de sua utilizao, j que a R no teve qualquer participa-

    17

    . O art. 300 do CPC determina que toda matria de defesa seja apresentada na contestao, sob pena de precluso.

    18 . A prescrio e a decadncia devem ser alegadas dentro da defesa de mrito, pois, caso acolhida uma delas, o

    processo ser extinto nos termos do art. 269, IV, do CPC. Contudo, antes de adentrar na defesa de mrito pro-priamente dita.

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    o na fabricao do bem.

    (Defesa de mrito)

    Depreende-se, portanto, que devem ser julgados improcedentes os pedidos formulados pelo Autor.

    VI DA DENUNCIAO DA LIDE19

    A empresa R celebrou com a Cia. de Seguros aplice para cobertura de eventos lesivos aos seus consumidores, conforme corrobora o documento acostado (doc. 2).

    Com efeito, caso a R seja condenada a pagar qualquer quantia ao Autor, o que se admite apenas para argumentar, ter o direito de ser restituda integralmente, nos temos do referido contrato, de todos os valores que houver de pagar. A aplice juntada demonstra que a Seguradora garanti-dora da R nas indenizaes devidas aos consumidores da loja.

    Portanto, nos termos do art. 70, III, do Cdigo de Processo Civil, a R denuncia lide a Cia. de Seguros, para que, caso seja condenada a pagar indenizao ao Autor, na mesma sentena, fique consignada a obrigao da denunciada ao pagamento regressivo R.

    VII DOS REQUERIMENTOS20

    Inicialmente, a R requer a extino do processo sem resoluo do mrito, nos termos do art. 267 do Cdigo de Processo Civil, por ser parte ilegtima para atuar no polo passivo da ao.

    Todavia, caso seja rejeitada a preliminar, requer seja reconhecida a prescrio da pretenso do Autor, nos termos do art. 27 do Cdigo de Defesa do Consumidor.

    Requer, outrossim, sejam julgados improcedentes os pedidos formulados pelo Autor, com a imposio a ele da condenao ao pagamento das despesas adiantadas pela R, bem como a con-denao ao pagamento de honorrios advocatcios, nos termos do art. 20 do Cdigo de Processo Ci-vil.

    Requer, por fim, a produo de todos os meios de prova em direito admitidos, em especial, a ouvida do depoimento pessoal do Autor, de testemunhas, juntada de documentos, e outros que se fi-zerem necessrios demonstrao da verdade dos fatos.21

    Termos em que, pede deferimento.

    Local e data.

    NOME E ASSINATURA DO ADVOGADO Nmero de inscrio na OAB Endereo completo para recebimento de intimaes

    19

    . Caso deseje a parte r formular requerimento de denunciao da lide ou chamamento ao processo, dever faz-lo dentro do prazo da contestao, sob pena de precluso.

    20 . Na contestao, como regra, o ru no faz pedido, apenas requer a improcedncia do pedido formulado pelo

    autor. Pedido, na acepo do termo jurdico, a providncia jurisdicional pretendida pelo autor da ao. Todavia, em se tratando de ao de rito sumrio, o ru poder formular pedido contra o autor na prpria contestao (pe-dido contraposto), no cabendo em tal procedimento a adoo da reconveno.

    21 . Por se tratar de rito ordinrio, o requerimento de provas foi formulado de forma genrica. No entanto, sendo rito

    sumrio, o ru dever, na prpria contestao, especificar as provas que pretende produzir, como o rol de teste-munhas, requerimento de percia, indicao do assistente tcnico e quesitos que sero respondidos pelos exper-tos.

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    A contestao abaixo um mero estudo didtico, que visa a exemplificar as diferentes hipteses de preliminares e defesas que podem ser alegadas numa contestao. Cada uma delas tratada em um tpico diferente e tem por base distintas situaes de fato e de direito.

    EXCELENTSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA XX. VARA CVEL DA COMARCA DE SO PAULO FORO CENTRAL

    (Espao de aproximadamente 10 cm)

    NOME DO RU, qualificado na inicial, por seu advogado (Procurao doc. 01), nos autos da AO PELO RITO ORDINRIO, que lhe move NOME DO AUTOR, vem respeitosamente, pre-sena de V. Exa., para, com fundamento nos artigos 297 e seguintes do Cdigo de Processo Civil, apresentar sua CONTESTAO, pelo que expe e requer a Vossa Excelncia o seguinte.

    I RESUMO DA INICIAL

    1. O Autor props a presente ao alegando ser credor da importncia de R$ XX, em razo de emprstimo feito ao Ru, em moeda corrente do pas, cujo pagamento prometido para 01 de janeiro do corrente ano no foi realizado.

    2. Requerendo provar o alegado por todos os meios em direito admitido, pede o Autor a con-denao do Ru ao pagamento do principal, mais as cominaes legais, inclusive os honorrios ad-vocatcios.

    II EM PRELIMINAR

    a) Inexistncia de citao22

    3. Sabe-se que a citao do Ru indispensvel para a validade do processo, como dispe o artigo 214 do Cdigo de Processo Civil. Sem a citao do Ru, no estar formada a relao jurdica processual, no sendo vlido o processo em relao a ele.

    4. Ocorre que, apesar de constar do processo certido do Sr. Oficial de Justia afirmando ter realizado a citao do Ru, na verdade, a pessoa citada homnimo seu.

    5. Apesar de inexistir citao vlida do Ru, comparece ele, todavia, neste ato, suprindo a a-legada falta, dando-se, assim, por citado, mas ficando, no entanto, esclarecido que nenhum prazo estava correndo contra ele, nem qualquer eventual precluso nesse sentido pode ser alegada.23

    b) Nulidade da citao24

    6. nula a citao feita ao Ru, eis que foram desobedecidas as prescries legais especfi-cas.

    7. Dispe o artigo 247 do Cdigo de Processo Civil, que:

    Art. 247. As citaes e as intimaes sero nulas, quando feitas sem observncia das

    22

    . Arts. 214 e 301, I, do Cdigo de Processo Civil.

    23 . Art. 214, 1..

    24 . Arts. 213 a 233, e 301, I.

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    prescries legais.

    8. No caso presente, o Ru foi citado apesar de seu grave estado de enfermidade. Verifica-se pelo atestado mdico juntado (doc. n.), que o Ru se encontra sob intenso tratamento mdico, em razo de grave acidente do qual foi vtima.25

    9. Inobstante, assim mesmo foi realizada a citao do Ru, em desrespeito ao artigo 217, in-ciso IV, da Lei Processual, que diz:26

    Art. 217. No se far, porm, a citao, salvo para evitar o perecimento do direito: (...) IV aos doentes, enquanto grave seu estado.

    10. No sendo o caso de citao para evitar o perecimento do direito, o ato deve ser declarado nulo, o que se espera e requer o Ru a V. Exa.27

    c) Incompetncia absoluta28

    11. Esse MM. Juzo, para o qual a presente ao foi dirigida, absolutamente incompetente para o exame e processamento da causa.

    12. Ocorre que o Ru empregado do Autor e a importncia que se reclama em pagamento a ttulo de emprstimo nada mais do que adiantamento de salrio resultante de relao empregatcia.

    13. Consequentemente, por se tratar de questo disciplinada na Consolidao das Leis do Trabalho, o Juzo competente para a apreciao do litgio a Justia do Trabalho por meio de uma de suas Varas Trabalhistas, e no o Juzo Cvel.

    14. Por tais motivos, o Ru pede a V. Exa. que se digne de acolher a presente arguio, re-metendo, assim, os autos ao Juzo competente, que, no caso, o da Justia do Trabalho, conde-nando o Autor nas custas.

    d) Inpcia da inicial29

    15. inepta a petio inicial, eis que o Autor exps os fatos e fundamentos jurdicos do pedi-do, mas no concluiu sua exposio dizendo o que pretende, de forma que no possvel ao Ru contestar a ao, pois no lhe foi dado conhecer a pretenso do Autor.

    16. No disse o Autor se quer a constituio ou desconstituio de uma relao jurdica, sua declarao de existncia ou inexistncia ou ento a condenao do Ru.

    17. Sem pedido, a petio inepta, nos termos do artigo 295, pargrafo nico, inciso I, de-vendo ser extinto o processo, por ausncia de pressuposto de desenvolvimento vlido e regular do processo, condenando-se o ru nas custas processuais e nos honorrios de advogado. o que o

    25

    . Arts. 301, I, 327 e 398.

    26 . Art. 217, I a IV.

    27 . Art. 214, 2..

    28 . Funcional (em razo): a) da matria, b) da hierarquia ou c) da pessoa. Arts. 91, 93, 111 (primeira parte), 113 e

    301, II. Pela matria, os Juzos se dividem em: a) Justia Federal: Penal, Cvel, Previdenciria, Execuo Fiscal; b) Es-

    tadual: Cvel, Famlia, Penal, Execuo Fiscal, Registros Pblicos, Falncia e Recuperao Judicial, Fazenda Publica, Acidentes do Trabalho etc.

    Pela hierarquia, os Juzos se dividem em graus ou instncias. 29

    . Arts. 295, I e pargrafo nico, I, 267, IV, 301, III. A petio apta um dos pressupostos processuais de validade do processo.

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    Ru requer a V. Exa.30

    e) Perempo31

    18. O presente processo no pode prosseguir em seu curso, pois ocorreu a perempo da ao, em vista de ter sido ela proposta pela quarta vez, sendo que nas trs vezes anteriores o Autor abandonou o processo por mais de 30 dias, dando motivo a sua extino sem resoluo do mrito.

    19. Em razo disto, no lhe possvel ingressar em Juzo contra o Ru com o mesmo objeto, devendo ser extinto o processo com fundamento no artigo 267, V, do Cdigo de Processo Civil, con-denando-se o Autor nas custas e nos honorrios do advogado do Ru.

    f) Litispendncia32

    20. Dispe o artigo 301, 3., da Lei Processual, que ocorre a litispendncia quando se repete a ao que est em curso.

    21. Acontece que o Autor sendo demandado pelo Ru em outro processo, em curso perante o Juzo da 19. Vara Cvel de So Paulo, apresentou em Reconveno fundamentos jurdicos de co-brana da mesma importncia que pretende nesta ao. Como prova do alegado, o Ru junta Certi-do do Cartrio daquele Juzo (doc. n.), pelo que se verifica que a mesma ao se repete neste Ju-zo.

    22. Assim sendo, no podendo prosseguir duas aes entre as mesmas partes e sobre o mesmo objeto, deve ser extinto o processo cuja ao distribuda posteriormente enseja litispendncia.

    23. Espera, assim, o Ru, seja extinto o processo sem resoluo do mrito, conforme dispe o artigo 267, V, do Cdigo de Processo Civil, com a condenao do Autor nas custas do processo e nos honorrios advocatcios.

    g) Coisa Julgada33

    24. Ocorre a coisa julgada, nos termos do 3. do artigo 301 do Cdigo Processual, quando se repete ao que j foi decidida por sentena, de que no caiba mais recurso.

    25. A presente ao repetio de outra proposta pelo Autor, perante este mesmo Juzo, cuja sentena lhe foi desfavorvel, decorrendo o prazo para recurso sem manifestao oportuna do Autor, permitindo, assim o trnsito em julgado da deciso. Certido do Cartrio ora juntada (doc. n.).

    26. Pretendendo novamente discutir questo j decidida, encontra o Autor o bice da coisa julgada, ora arguida, pelo que pede o Ru se digne V.Exa. a acolher esta preliminar, extinguindo o processo sem resoluo de mrito, nos precisos termos do artigo 267, V, do Cdigo de Processo Ci-vil, com a condenao do Autor nos honorrios advocatcios e nas custas do processo.

    h) Conexo34

    30

    . Art. 295, pargrafo nico, I a IV.

    31 . Arts. 28, 267, III, V e 1. e 2., 268, pargrafo nico, 301, IV.

    32 . Arts. 267, V, 301, 3..

    33 . Arts. 267, V, 301, VI e 3., 467 e 475.

    34 . Arts. 102, 103, 301, VII.

  • Prtica Jurdica Civil, 5. edio 24

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    27. oportuno levar ao conhecimento desse Juzo que est em curso ao declaratria pro-posta pelo ora Ru contra o ora Autor, perante o MM. Juzo da 3. Vara da Comarca de Limeira, pela qual o ora Ru pretende a declarao de inexistncia da relao jurdica do emprstimo, cuja co-brana objeto da presente ao.

    Certido nesse sentido juntada como documento desta contestao (doc. n.). 28. Havendo, portanto, conexo pela causa de pedir, a reunio das aes fica requerida pelo

    Ru, com o fim de serem decididas simultaneamente, evitando-se, assim, eventualmente decises contraditrias.

    i) Incapacidade de parte35 29. Ocorre no processo a incapacidade processual do Ru, eis que se trata de pessoa menor de

    idade. Toda pessoa tem capacidade para estar em Juzo, na defesa de seus direitos e interesses, toda-via o menor de idade deve estar em juzo representado ou assistido por seus pais, tutores ou curadores, na forma da lei civil.

    30. No presente caso, o Autor menor de 18 e maior de 16 anos, devendo, portanto, ser as-sistido por seu responsvel, sendo que este deveria ter outorgado a procurao a seu advogado e comparecer a juzo representando o Autor.

    31. Havendo, assim, incapacidade processual, o Ru pede a V. Exa. que se digne a suspender o processo, nos termos do artigo 13 do Cdigo de Processo Civil, marcando ao Autor prazo para sanar o defeito, sob pena de nulidade do processo e sua consequente extino sem resoluo do mrito, tudo como dispe o artigo 267, XI, combinado com o inciso I do artigo 13, ambos da Lei Processual em vigor.

    j) Defeito de representao36 32. A representao do Autor se acha com duplo defeito. 33. Em primeiro lugar, o Autor comerciante individual que se encontra em estado falimentar,

    razo pela qual deveria estar representado em juzo pelo administrador judicial da massa falida. 34. Em segundo lugar, h defeito de representao do Autor por falta de capacidade postula-

    tria de seu advogado. Com efeito, verifica-se pela Certido da Ordem dos Advogados do Brasil Seo de So Paulo que o procurador do Autor, para o processo, no se encontra inscrito naquela entidade.

    35. Consequentemente, o Ru pede a V. Exa. que se digne a suspender o processo, nos ter-mos do artigo 13 da Lei Processual, a fim de que o Autor regularize sua representao, sob pena de ser decretada a nulidade do processo, como determina o inciso I desse mesmo dispositivo, com a ex-tino do processo sem resoluo do mrito, nos termos do artigo 267, IV, do mesmo diploma legal.

    k) Falta de autorizao37 36. Por versar a presente ao a respeito de bens imveis38 deveria o Autor ingressar em ju-

    zo acompanhado de seu cnjuge ou exibindo autorizao deste, como dispem os artigos 10 e 11 do Cdigo de Processo Civil.

    37. No suprida a falta, o processo dever ser anulado e extinto nos termos do artigo 267, IV, da mesma Lei Processual, o que espera e requer o Ru.

    35

    . Pressupostos processuais. Arts. 301, VIII, 8., 9., 13 e 267, IV.

    36 . Verificar os seguintes artigos: 12, 13, 36, 37, 301, VIII, 267, IV.

    37 . Pressupostos Processuais. Arts. 10, 11, 301, VIII, 267, IV.

    38 . Foi mudado o fundamento jurdico, para ser possvel, no exemplo, a arguio de falta de autorizao.

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    l) Compromisso arbitral39 38. Compete ao Ru levar ao conhecimento de V.Exa. que Autor e Ru, nos termos da Lei

    9.307/1996, firmaram compromisso arbitral e entregaram a responsabilidade da soluo da pendn-cia a rbitros por eles nomeados. (doc. n.).

    39. Acontece que o Autor, sentindo que poderia obter resultados contrrios a seus interesses se deixasse a deciso da controvrsia aos rbitros nomeados, resolveu ingressar em juzo propondo a presente ao para obter a prestao jurisdicional que as partes esperavam do juzo arbitral.

    40. Ocorre, porm, que a existncia de compromisso arbitral sobre o objeto da ao judicial proposta impede o prosseguimento e julgamento desta ltima, conforme reza o artigo 267, VII, tenha ele ocorrido no curso da ao ou mesmo antes dela proposta.

    41. Por esse motivo, o Ru pede a V.Exa. que se digne a decretar a extino do processo sem resoluo do mrito, condenando o Autor nas custas do processo e nos honorrios de advogado.

    m) Falta de cauo40

    42. O Autor ingressou em juzo se declarando brasileiro e residente em So Paulo. 43. No entanto, conforme se verifica pelo anexo de emisso do Consulado Britnico (doc. n.),

    o Autor residente em Londres, na Capital da Inglaterra h mais de 3 anos, no mais tendo residn-cia fixa no Brasil.

    44. Nessas circunstncias competia ao Autor, como dispe o artigo 835 do Cdigo de Pro-cesso Civil, prestar cauo suficiente s custas do processo e aos honorrios de advogado, para a eventualidade da ao lhe ser julgada desfavoravelmente. No prestada a cauo o processo ser extinto sem resoluo do mrito, com fundamento no artigo 267, XI, com a condenao do Autor nas custas e nos honorrios de advogado.

    n) Carncia da ao

    (i) Impossibilidade jurdica do pedido41

    45. O pedido formulado pelo Autor no tem fundamentao legal. No existe no direito materi-al brasileiro a contemplao da razo sobre a qual se baseia o pedido do Autor. Isto , no h previ-so legal para o seu caso.

    46. De fato, no existe no direito brasileiro a possibilidade de cobrana de dvida de jogo,42 como pretende o Autor. Se a Lei disciplinasse o direito dos jogadores que ganham dinheiro em jogo de azar, como quer o Autor, certamente disciplinaria o direito subjetivo de ao correspondente. No entanto, ilegal era a aposta feita e ilegal sua cobrana em juzo. O Poder Pblico no pode dar am-paro a uma pretenso no disciplinada em lei.

    47. Assim sendo, o Autor carecedor da ao, por faltar-lhe uma das condies da ao, ra-zo pela qual o processo deve ser extinto sem resoluo do mrito, nos termos do art. 267, VI, do Cdigo de Processo Civil, condenando o Autor nas custas do processo e nos honorrios de advoga-do.

    ii) Falta de interesse de agir43

    48. O Autor carecedor de ao contra o Ru, por lhe faltar uma das condies da ao, qual seja, a falta de interesse de agir.

    39

    . Arts. 267, VII, e 301, IX e Lei 9.307/1996.

    40 . Arts. 267, XI, 301, XI, 826 a 838.

    41 . Arts. 267, VI e 301, X.

    42 . Foi mudado o pedido para ser possvel no exemplo a arguio de impossibilidade jurdica do pedido.

    43 . Arts. 267, VI e 301, X.

  • Prtica Jurdica Civil, 5. edio 26

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    49. De fato, no pode o Autor propor a presente ao, eis que a alegada data de vencimento da dvida ainda no ocorreu. No incio da contratao, as partes estipularam o dia 10 de maio de 2011, para o pagamento do emprstimo realizado. Todavia, em razo da interveno do Sr. NOME, figurando com garantidor em favor do Ru, as partes, de comum acordo marcaram o vencimento da dvida para o dia 10 de junho de 2013, termo esse que ainda no se verificou, razo pela qual falta ao Autor interesse de agir em relao ao Ru.

    50. Na verdade, sem que vena a dvida, no pode o Autor ingressar em juzo, pois seu direito subjetivo de ao no nasceu ainda. Portanto, seu ato de vir a juzo no est revestido dos caracte-res de utilidade e necessidade que somente ocorreriam se e quando a dvida vencer e no for paga pelo Ru, fato esse que no se verificou.

    51. Consequentemente, faltando ao Autor o interesse de agir, deve o processo ser extinto sem resoluo do mrito, como dispe o artigo 267, VI, da Lei Processual, com a condenao do Autor nas custas do processo e nos honorrios de advogado.

    iii) Ilegitimidade de parte44

    52. O Ru parte ilegtima para ser demandado, eis que no titular da obrigao de pagar a que se refere o Autor.

    53. No foi contratado com o Ru nenhum emprstimo em dinheiro no montante mencionado na inicial.

    54. O Ru serviu apenas de intermedirio entre o Autor e TERCEIRO, sendo certo que este l-timo foi o beneficirio do emprstimo, e no o Ru, que apenas aproximou os dois para o negcio. No sendo o titular da obrigao de pagar, no pode o Ru ser acionado, sendo, isto sim, parte ileg-tima neste processo. Prova feita com a juntada do comprovante de ter o Ru recebido comisso na intermediao do negcio (doc. n.).

    55. Propondo ao contra a pessoa errada, o Autor deve ser tido como carecedor da ao, por lhe faltar uma das condies da ao e o processo, nessas condies, deve ser extinto sem resolu-o do mrito, nos precisos termos do Cdigo de Processo Civil, em seu artigo 267, inciso VI. o que o Ru espera, requerendo, outrossim, a condenao do Autor nos honorrios de advogado e nas custas do processo.

    III MRITO

    56. Caso V.Exa. no entenda por bem acolher quaisquer das alegaes feitas em prelimina-res, no mrito, o pedido da ao dever ser julgado improcedente, pelos motivos que passa a expor:

    a) Defesa Indireta45

    i) Impeditiva46

    57. Realmente, o Ru devedor da importncia de R$ XX pretendida em pagamento pelo Au-tor. Ocorre, porm, que existe um impedimento contra tal exigncia, eis que a dvida foi novada pelas partes, expressamente, de tal forma que, ao invs de pagar em dinheiro no prazo alegado pelo Autor, o Ru pagar em sacas de caf, to logo se inicie a colheita do produto na fazenda do Ru (doc. n.).

    58. No tendo sido ainda realizada a colheita e tendo as partes estipulado outra forma de cum-primento da obrigao, o Autor est impedido de exigir pagamento, no podendo o pedido da presente ao prosperar, devendo ser condenado o Autor ao pagamento das custas do processo e dos honor-rios de advogado.

    44

    . Arts. 267, VI e 301, X.

    45 . Art. 326.

    46 . O Ru reconhece o fato em que funda ao, mas outro fato lhe ope ao pedido do direito do Autor.

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    ii) Modificativa47

    59. O Ru reconhece que recebeu emprstimo de R$ XX do Autor e a ele est devendo di-nheiro.

    60. Acontece que, da importncia mencionada como devida, o Ru j pagou R$ XX, como prova o recibo juntado (doc. n.).

    61. Por esse motivo, no pode o pedido do Autor ser acolhido da forma como pretende, seno com a modificao do total no montante acima e com a condenao nas custas e nos honorrios ad-vocatcios pela sucumbncia parcial.

    iii) Extintiva48

    62. De fato, como alegado pelo Autor, o Ru recebeu dele emprstimo em dinheiro no valor de R$ XX.

    63. Acontece que tal emprstimo no mais devido, eis que j houve por parte do Ru o cumprimento da obrigao por inteiro, como pode provar pelo documento, ora juntado, em que se ve-rifica a declarao de quitao geral do dbito (doc. n.).

    64. Em consequncia, no pode o pedido do Autor ser atendido, devendo, portanto, ser rejei-tado, com a condenao nas custas do processo e nos honorrios de advogado.

    b) Defesa Direta49

    i) Contra o fato da demanda50

    A Negao da existncia 65. Alega o Autor que emprestou ao Ru a importncia de R$ XX, para pagamento em DATA,

    pagamento esse no realizado. 66. Todavia, o Ru desconhece por completo ter realizado qualquer contrato nesse sentido

    com o Autor. Realmente, jamais o Ru fez qualquer negcio financeiro com o Autor, e nunca dele re-cebeu algum dinheiro a qualquer ttulo.

    B Mudana da configurao51 67. Menciona o Autor ter havido relao contratual verbal com o Ru, em razo da qual o pri-

    meiro teria emprestado ao segundo a quantia de R$ XX. 68. Na realidade nunca houve entre as partes nenhuma relao contratual de emprstimo. O

    Ru recebeu R$ XX, do Autor, mas no a ttulo de emprstimo, e sim como doao, em reconheci-mento de inmeros favores recebidos do Ru.

    C Contra a consequncia jurdica pretendida52 69. Em razo de todo o exposto, o Ru no pode ser condenado ao pagamento pretendido

    pelo Autor, devendo o pedido da ao ser julgado improcedente, com a condenao do Autor nas CUSTAS DO PROCESSO, DESPESAS PROCESSUAIS e HONORRIOS DE ADVOGADO, estes no montante que V. Exa. houver por bem fixar.

    70. Caso, porm, entenda V. Exa. por julgar o pedido da ao procedente, o Ru requer seja realizada a compensao com o crdito do Ru contra o Autor, como demonstrado acima, e decor-rente da venda de mveis usados, cujo valor foi estipulado em R$ XX.

    Requer provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em direito, em especial pelo 47

    . O Ru reconhece fato em que se funda a ao, mas outro fato lhe ope modificativo do direito do Autor.

    48 . O Ru reconhece o fato em que se funda a ao, mas outro fato lhe ope extintivo do direito do Autor.

    49 . Art. 300. Titulao para efeitos didticos.

    50 . Titulao para efeitos didticos.

    51 . Idem.

    52 . Idem.

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    depoimento pessoal do Autor, sob pena de confesso...

    P. deferimento.

    6.2.1.2 Pedido contraposto No rito sumrio, o artigo 278, 1., do Cdigo de Processo Civil, autoriza o ru a formular pedido

    dentro da prpria contestao. Como j tratamos, a contestao meio para o ru se opor pretenso do autor e, consequente-

    mente, na contestao o ru formula apenas requerimento de improcedncia daquilo que foi deman-dado pelo autor.

    No rito ordinrio, o ru pode, no prazo para a contestao, oferecer exceo e reconveno, que inaugura nova ao, movida pelo ru contra o autor, conexa com a ao principal ou com o funda-mento da defesa (arts. 297 e 315, do CPC). No entanto, no rito sumrio, por questes de celeridade e de economia processual, a Lei no prev ao ru a possibilidade de reconvir, mas de formular pedido contraposto juntamente com a defesa, desde que, evidentemente, o pedido esteja fundado no mesmo fato tratado na ao.

    Por exemplo, vamos imaginar que em uma ao de acidente de trnsito portanto, pelo rito sumrio o ru citado e entende que tem direito de receber indenizao do autor. O ru no quer apenas se de-fender, mas pretende que o autor seja condenado a lhe pagar determinada quantia. Assim, poder dentro da contestao deduzir sua pretenso.

    Evidentemente, o pedido contraposto representa pretenso que o ru poderia formular de forma autnoma.

    Caso o ru pretenda formular pedido contraposto dever, dentro da contestao, fundamentar seu pedido (com causa de pedir prxima e remota), bem como formular pedido imediato e mediato, da seguinte forma (observe-se que o trecho abaixo sugesto de insero em contestao):

    (...) I RELATO DA AO PROPOSTA

    O Autor promoveu ao em face do ru afirmando que em determinada data teve seu carro danificado em acidente de trnsito. Para tanto, sustenta em sua inicial que o Ru foi o culpado pelo referido dano.

    No entanto, como ser demonstrado a seguir, a pretenso do Autor deve ser julgada impro-cedente.

    II DOS MOTIVOS PARA A IMPROCEDNCIA DO PEDIDO DO AUTOR

    Conforme restou demonstrado pelo laudo realizado pela percia, o Autor estava dirigindo em alta velocidade e embriagado. Portanto, sendo ele o culpado pelo acidente, no h que se falar em condenao do ru ao pagamento de indenizao.

    A esse respeito, o artigo (...) (argumentos jurdicos do Cdigo Civil para afastar a responsabi-lidade civil).

    Por outro lado, o Ru sofreu prejuzos pelo acidente gerado pelo Autor.

    (Narrativa e fundamentao dos danos experimentados pelo Ru)

    III REQUERIMENTOS E PEDIDO CONTRAPOSTO

    Por todo o exposto, o Ru requer que Vossa Excelncia julgue improcedente o pedido formu-lado pelo autor em sua inicial, bem como requer com sua condenao ao pagamento dos honorrios

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    advocatcios de sucumbncia, nos termos do artigo 20 do Cdigo de Processo Civil. Requer, ainda, a CONDENAO do Autor ao pagamento de indenizao ao Ru no valor de

    R$ (...), pelos danos experimentados em razo do acidente narrado na presente demanda. (...) No modelo anterior, o Ru resistiu ao pedido do Autor (pugnando pela improcedn-

    cia). Ressalte-se que tal pedido contraposto no admitido no rito ordinrio.

    6.2.2 Reconveno A reconveno uma modalidade de ao pela qual o ru faz pedido em face do autor dentro dos

    mesmos autos da ao originariamente proposta por este. A reconveno a ao do ru em face do autor, nos mesmos autos. Tal meio de defesa cabvel apenas no procedimento ordinrio, pois incompatvel com o rito clere

    do procedimento sumrio. Ademais, no rito sumrio, tal instrumento seria incuo, j que a prpria Lei autoriza ao ru formular pedido dentro da contestao (pedido contraposto).

    A reconveno deve ser apresentada simultaneamente contestao, ou seja, ambas so apresen-tadas em peties separadas, mas no mesmo momento processual, sob pena de precluso consumativa.

    A reconveno dever ser apresentada em petio distinta; contudo, no gerar um incidente pro-cessual que ficar em apartado (e apenso) aos autos principais; ao contrrio, ser juntada aos pr-prios autos da ao, e os atos processuais sero comuns a ambas as aes (ao e reconveno).

    Pelo fato de ser uma modalidade de ao ao do ru contra o autor , a reconveno ser reali-zada na forma de uma petio inicial, conforme anteriormente previsto, com a diferena de que dis-tribuda por dependncia (ser processada nos mesmos autos da ao principal).

    Na petio, as partes sero denominadas de autor-reconvindo e ru-reconvinte. Por se tratar de petio inicial, deve conter todos os requisitos do art. 282, com a diferena de que, na

    reconveno, o autor-reconvindo no citado, mas sim intimado na pessoa de seu advogado para que, querendo, possa apresentar contestao reconveno.

    Ressalte-se que, por se tratar de ao em que o ru formula pedido contra o autor, poder ser for-mulado requerimento de antecipao dos efeitos da tutela dentro da ao reconvencional.

    Apesar de se tratar de uma petio inicial, em razo da celeridade processual, o indeferimento da reconveno segundo a doutrina e a jurisprudncia majoritria seria passvel a interposio de a-gravo de instrumento (STJ: REsp 443.175/SP e REsp 20.313/MS).

    Veja o modelo a seguir:

    MODELO DE RECONVENO

    EXCELENTSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1. VARA CVEL DO FORO CENTRAL DA COMARCA DA CAPITAL DE SO PAULO

    (Espao de aproximadamente 10 cm)

    Distribuio por dependncia ao processo autuado sob o n. (nmero)

    NOME DO RU-RECONVINTE, j qualificado nos autos da AO PELO RITO ORDINRIO, que lhe move NOME DO AUTOR-RECONVINDO, vem, por seus procuradores, nos termos do art. 315 do Cdigo de Processo Civil, propor RECONVENO, pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos.

    I DOS FATOS

    (Para que tenha cabimento, a reconveno deve ter conexo com a ao principal, ou com a

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    defesa, razo pela qual, quando da narrativa dos fatos na ao reconvencional, o Ru-Reconvinte dever fazer a ligao entre as pretenses de ambas as aes ou com a alegao da contestao.)

    O Autor-Reconvindo promoveu ao em face do Ru-Reconvinte com a finalidade de obter a declarao de nulidade de clusula contratual.

    Conforme j foi discutido na contestao, no h razo para declarao da nulidade pretendi-da pelo Autor. No entanto, o contrato deve ser rescindido, pelo fato de que o Autor no cumpriu a o-brigao pactuada.

    (Veja que no exemplo anterior a ao principal tem por objeto a nulidade de clusula contratu-al, e a reconveno, por sua vez, pedido de resciso do contrato, com possveis condenaes em multa etc. No exemplo ficou clara a existncia de conexo entre as demandas, ou seja, na ao e na reconveno a discusso acerca do contrato, a mesma causa de pedir remota.)

    II DO DIREITO (Apresentar os argumentos jurdicos para a pretenso reconvencional)

    III DO PEDIDO E REQUERIMENTOS

    Por todo o exposto, requer a procedncia do pedido de decretao da resciso53 contratual em razo do inadimplemento do Autor-Reconvindo, bem como a sua condenao ao pagamento da multa contratual. Requer, tambm, a condenao ao pagamento das custas e dos honorrios advoca-tcios, nos termos do art. 20 do Cdigo de Processo Civil.

    Requer, ainda, a intimao do Autor-Reconvindo, na pessoa de seu advogado, para que possa apresentar contestao ao reconvencional.

    Requer provar o alegado por todos os meios em direito admitidos, em especial pela ouvida de testemunhas.

    (...) D causa o valor de R$ (valor do contrato a ser rescindido, nos termos do art. 259, somado o

    valor da multa exigida).

    Termos em que, pede deferimento.

    Local e data.

    NOME E ASSINATURA DO ADVOGADO Nmero de inscrio na OAB

    6.2.3 Excees As excees so uma espcie de defesa contra a pessoa do juiz, em casos de impedimento ou sus-

    peio (arts. 134 a 138 do CPC), ou contra o rgo jurisdicional, na hiptese de incompetncia relativa (aq