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Page 1: Equipe SUMÁRIO - fecap.br · Finanças FECAP com o pesquisador Heitor Almeida, PhD em Economia pela University of Chicago e professor de finanças da Gies College of Business –
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2 Revista do Instituto de Finanças FECAP

EquipeInstituto de Finanças

FECAP

Vinicius Augusto Brunassi Silva Coordenador do Instituto

de Finanças FECAP

Juliana InhaszCoordenadora do NECON

Erivaldo Costa VieiraCoordenador do IFECAP

e dos indicadores do crime

Wanderley CarneiroCoordenador do NAF

Letícia RicciardiAluna responsável pelas atividades gerais do IFF

Allan CarvalhoAluno responsável pelo

NECON e IFECAP

Daniela FerreiraAluna responsável pelo NAF

Participações colaborativas de professores

Eduardo PozziResponsável pelo trabalho do Indicador Financeiro

Joelson Oliveira Sampaio

Tiago Nascimento Borges Slavov

1. Eventos e notícias do IFF – Edição especial: XVIII Encontro Brasileiro de Finanças

2. Análise dos indicadores econômicos pelo Núcleo de Estudos da Conjuntura Econômica – NECON 2.1 PIB 2.2 IPCA 2.3 PNAD 2.4 Balança Comercial 2.5 PMC 2.6 ICB

3. Índice FECAP de Expectativa Nos Negócios - IFECAP

4. Indicador Financeiro

5. Boletim Econômico do crime

6. Núcleo de Apoio Fiscal e Contábil - NAF : Conheça um pouco mais sobre esta atividade

7. Genesis Block FECAP: Um novo grupo com um olhar adiante

8. Entrevista com o professor Heitor Almeida: Brasileiros e Pesquisas em Finanças

SUMÁRIO

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3Ano I - nº02 - Novembro de 2018

Sejam todos bem-vindos à segunda edi-ção da Revista do Instituto de Finanças FECAP. Disponibilizamos ao leitor um

conjunto de análises sobre indicadores eco-nômicos consolidados e indicadores econô-mico-financeiros de empresas. Nosso objetivo é auxiliar alunos, investidores e empresários por meio da divulgação de análises relevan-tes para a tomada de decisão. Além disso, apresentamos informações e análises sobre economia e finanças de maneira acessível ao público geral.

Esta edição elenca o trabalho realizado por professores e alunos responsáveis pelo con-junto de atividades conduzidas pelo Instituto de Finanças FECAP. Em especial, a presente edição exibe os principais trechos do XVIII Encontro Brasileiro de Finanças, realizado na FECAP, nos dias 19, 20 e 21 de julho.

Os indicadores elaborados pelo Núcleo de Estudos de Conjuntura Econômica da FECAP (NECON) apresentam informações sobre inflação, desemprego, balança comercial, atividade econômica, atividade industrial, comércio e commodities. As análises enfati-zam o primeiro trimestre de 2018.

Em adição, difundimos o Índice FECAP de Expectativa nos Negócios (IFECAP), indica-dor elaborado pela FECAP, o qual considera as expectativas dos empresários quanto às vendas e encomendas para os próximos três meses. O índice evidencia a situação das empresas do comércio varejista do Estado de São Paulo.

O boletim de análise setorial discorre sobre dados operacionais, indicadores econômico--financeiros e de mercado de empresas de capital aberto que pertencem ao Setor de Papel e Celulose. O estudo evidencia indica-dores de liquidez, atividade, endividamento e rentabilidade das empresas Klabin, Suzano e Fibria.

Trazemos, ainda, uma descrição dos aten-dimentos realizados pelo Núcleo de Apoio Fiscal e Contábil – NAF. Os participantes do núcleo realizaram atendimentos e sanaram dúvidas de contribuintes sobre o preenchi-mento da Declaração do Imposto de Renda (IRPF) durante o primeiro trimestre de 2018 na FECAP.

A segunda edição da Revista do Instituto de Finanças FECAP aproveita para apresentar o “FECAP Genesis Block”, grupo criado em março de 2018 com o propósito de desen-volver e disseminar conhecimento crítico sobre Blockchain.

Por fim, relatamos os principais trechos de uma entrevista realizada pelo Instituto de Finanças FECAP com o pesquisador Heitor Almeida, PhD em Economia pela University of Chicago e professor de finanças da Gies College of Business – University of Illinois. O professor expõe dificuldades e aponta cami-nhos para o desenvolvimento de pesquisa de fronteira na área de finanças para pesquisa-dores brasileiros. Agradecemos ao professor Heitor Almeida pelo trabalho singular em pesquisa na área de finanças e por sua par-ticipação na realização da segunda edição da Revista do Instituto de Finanças FECAP.

Boa leitura!

Prof. Dr. Vinicius Augusto Brunassi SilvaCoordenador do Instituto de Finanças FECAP

Professor Pesquisador da FECAP

Editorial

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4 Revista do Instituto de Finanças FECAP

Neste ano, 88 (oitenta e oito) trabalhos foram sele-cionados dentre 177 (cento e setenta e sete) submeti-dos, os quais são a razão principal da existência do Encontro, cujo objetivo é estimular o debate acadê-mico em Finanças no País.

O Encontro contou com a participação de pesquisa-dores renomados interna-cionalmente: os professores Christopher Polk (London School of Economics), Heitor Almeida (University of Illinois), René Garcia (Université de Montréal)

e Terrance Odean (UC Berkley - Haas School of Business). Os pesquisa-dores possuem artigos publicados nas principais revistas científicas inter-nacionais de finanças, como Journal of Finance, Review of Financial Studies e Journal of Financial Economics, entre outros, e participaram das sessões plenárias do XVIII EBFin uti-lizando abordagens meto-dológicas de fronteira.

O minicurso “Machine Learning in Empirical Finance” foi ministrado

pelo professor Marcelo Medeiros (PUC-Rio). Também houve uma sessão com convida-dos, durante a qual os professores Riccardo Colacito (University of North Carolina) e Roméo Tédongap (ESSEC Business School) apresentaram seus artigos, que foram discuti-dos respectivamente pelos professores Alan de Genaro Dario (FGV/EAESP) e Ruy Ribeiro (PUC-Rio). Além disso, foi desenvolvida nas sessões ordinárias a abor-dagem de temas especí-ficos sobre “Derivatives”;

Em sua décima oitava edição, o Encontro Brasileiro de Finanças (EBFin) foi sediado pela primeira vez na Fundação Escola de Comércio Alvares Penteado (FECAP), no campus Liberdade, realizado nos dias 19, 20 e 21 de julho de 2018.

1. EVENTOS E NOTÍCIAS DO IFF

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5Ano I - nº02 - Novembro de 2018

“Econometrics and Numerical Methods”; “Corporate Finance” e “Investiments”.

Participantes de diversas IEs do Brasil, como FECAP, FGV, Insper, UFRGS, Mackenzie, UFRJ, USP e UNICAMP, apresentaram e debateram trabalhos cien-tíficos durante os três dias do evento. Além do elevado nível acadêmico apresen-tado nas sessões plenárias, convidadas e ordinárias, o XVIII EBFin proporcionou oportunidade ímpar para interação e aprendizado a pesquisadores, professores e estudantes da área de finanças.

Em adição, a organização do XVIII EBFin apresentou (pela primeira vez na his-tória do encontro de finan-ças) uma atração musical ao final do primeiro dia do evento. A banda The Ronca’s, conjunto formado por músicos e professores, animou os participantes com músicas brasileiras e internacionais.

Foi uma honra para o Instituto de Finanças FECAP poder organizar um evento tão importante na área de finanças. Agradecemos aos colaboradores da FECAP, em especial, Aline Alexandre da Silva, Aline Gorzoni Rodrigues Alves,

Allan Silva de Carvalho, Amanda Russo Chirotto, Beatriz Toriello Collalto, Giovanna Zamboni Batista, Leticia Ricciardi e Ricardo Risso Grossert.

A combinação dos esfor-ços dessas pessoas foi indis-pensável para a organiza-ção do Encontro Brasileiro de Finanças de 2018 e, consequentemente, para o aprimoramento do conhe-cimento científico em finanças de todos os par-ticipantes. Apresentamos a seguir algumas fotos, que a nosso olhar, sintetizam a riqueza compartilhada entre os participantes do XVIII EBFin.

Terrance Odean (UC Berkley - Haas School

of Business)

Da esquerda para a direira: Vinícius Augusto Brunassi Silva (FECAP), Edison Simoni da Silva (FECAP), Terrance Odean (UC Berkley - Haas School of Business), Joelson Oliveira Sampaio (FECAP) e Eduardo Pozzi Lucchesi (FECAP).

Sessão plenária: Terrance Odean (UC Berkley - Haas School of Business) – “Direting investor attention”

Da esquerda para a direita: Allan Silva de Carvalho (FECAP) e Terrance Odean (UC

Berkley - Haas School of Business).

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6 Revista do Instituto de Finanças FECAP

Sessão ordinária. Sessão convidada: Roméo Tédongap (ESSEC Business School) – “Variance premium, down-

side risk,and the cross-section of stock returns”

Show da banda The Ronca’s, realizado ao final do primeiro dia do evento.

Mini-curso: “Machine Learning in Empirical Finance”, ministrado pelo professor Marcelo

Medeiros (PUC-Rio).

Sessão plenária: Heitor Almeida (University of Illinois) – “Understanding the credit multiplier:

The working capital channel”

Sessão plenária: Christopher Polk (London School of Economics) – “Production by inter-

mediaries: relative valuation and balanced designs”

Sessão plenária: René Garcia (Université de Montréal) – Éxtracting stochastic discount

factors from data”

Da esquerda para a direita: Fernando Chague (FGV – EESP), André Alves Portela Santos (UFSC) e Vinícius Augusto Brunassi

Silva (FECAP)

Da esquerda para a direita: Rodrigo de Losso da Silveira Bueno (FEA – USP), Fernando

Chague (FGV – EESP) e Roméo Tédongap (ESSEC Business School)

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7Ano I - nº02 - Novembro de 2018

Da esquerda para a direita: Anderson Odias (SBFin), Aline Gorzoni Rodrigues Alves, Beatriz Toriello Collalto, Amanda Russo Chirotto, Allan Silva de Carvalho, Aline Alexandre da Silva e

Giovanna Zamboni Batista (Equipe FECAP)

Ricardo Risso Grossert (FECAP)

Equipe credenciamento: Laura Ribeiro; Samantha Ferreira; Lucas Liessi e Juliana

Gomes (alunos de graduação FECAP)

Equipe credenciamento: Letícia Ricciardi; Laura Ribeiro e Lucas Liessi (alunos de graduação

FECAP)

Da esquerda para a direita: Amanda Russo Chirotto, Beatriz Toriello Collalto e Allan Silva

de Carvalho (Equipe FECAP)

Equipe credenciamento: Giovanna Monteiro e Bárbara Pacheco (alunas de graduação FECAP)

Stand RBGN - Revista Brasileira de Gestão de Negócios: Aline Silva e Giovanna Zamboni

(Equipe FECAP)

Stand FECAP: Inael Marinho e Alef Rodrigues (Equipe FECAP)

Da esquerda para a direita: Guilherme Albuquerque, Max Santos; Mádla Morais e

Amanda Russo Chirotto (Equipe FECAP)

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8 Revista do Instituto de Finanças FECAP

2. ANÁLISE DOS INDICADORES ECONÔMICOS PELO NÚCLEO DE ESTUDOS DA CONJUNTURA ECONÔMICA – NECON

No último trimestre de 2017, em nossas análi-ses acerca da conjuntura macroeconômica brasi-leira, registrávamos, com moderado entusiasmo, a recuperação da econo-mia e as boas perspecti-vas para o ano de 2018. Sim, saímos de fato da recessão, e os indicado-res do primeiro trimestre reforçam essa perspectiva. No entanto, essa recupe-ração não acontece como prevíamos: estamos cami-nhando muito lentamente em direção à retomada do crescimento econômico.

Muitos elementos auxi-liam na explicação deste resultado. Dentre eles,

relembramos as pres-sões advindas do cenário externo (como o aumento da taxa de juros ameri-cana, que incentiva a fuga de capitais da economia brasileira, criando pres-sões para a desvaloriza-ção da moeda brasileira), a dificuldade política de se aprovarem reformas eco-nômicas mais estruturais (que elevariam os índices de confiança na economia e promoveria melhoria das expectativas), além das eleições de outubro, que dificultam a aprovação de projetos neste segundo semestre.

Dentre os destaques positivos, podemos citar

a contínua manutenção da taxa de inflação em níveis reduzidos. Dentre os destaques negativos, estão as oscilações advin-das do mercado externo, que levam a pressões na taxa de juros doméstica, que podem comprometer ainda mais a trajetória de crescimento econômico, já lenta.

Por fim, ressaltamos com alegria que, desde janeiro, dois novos indicadores foram incorporados ao conjunto de indicadores mensalmente acompanha-dos pelo NECON: o Índice de Commodities Brasil, além dos indicadores de atividade econômica

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9Ano I - nº02 - Novembro de 2018

(sumarizados através do IBC-BR e do PIB trimes-tral). Esses indicadores já se encontram incorpora-dos neste relatório e ape-nas iniciam uma reestru-turação dos indicadores

O Produto Interno Bruto (PIB) apresentou continu-ação da recuperação ini-ciada no primeiro trimes-tre de 2017. O índice de evolução do PIB trimestral totalizou 166,2 pontos no primeiro trimestre de

que serão acompanhados mensalmente. Em breve, novos indicadores serão incorporados, enrique-cendo cada vez mais nossa análise macroeconômica conjuntural.

2018, frente aos 165,46 pontos do último trimes-tre de 2017, uma alta de 0,4% no período. Frente ao mesmo trimestre de 2017, os três primeiros meses de 2018 indicaram alta de 1,55%. Apesar de tímido,

Vemos, na sequência, maiores detalhes sobre o acompanhamento dos principais indicadores eco-nômicos para o primeiro trimestre de 2018.

o crescimento econômico registrado nesse trimestre consolida uma trajetória de 5 trimestres seguidos de alta do PIB brasileiro. O gráfico 1 mostra a evolu-ção do PIB desde 2011.

2.1 Produto Interno Bruto e componentes (por Juliana Inhasz)

Gráfico 1 – Produto Interno Bruto – PIB (índice)

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Elaboração própria.

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10 Revista do Instituto de Finanças FECAP

No que diz respeito aos setores que compõem o PIB, observamos a pre-dominância da evolução do setor da Agropecuária em relação aos demais. Apesar da relativa vola-tilidade observada nesse setor, ele tem apresentado evolução positiva nos últi-mos trimestres, com cres-cimento de 1,39% no pri-meiro trimestre de 2018 frente ao último trimestre de 2017. Quando compa-rado ao primeiro trimes-tre de 2017, no entanto, houve queda de 3,13%. Esse resultado é motivado pelo arrefecimento das safras recordes registradas no último ano. Entretanto, é importante ressaltar que, historicamente, esse setor é considerado fundamental

para o crescimento econô-mico brasileiro.

A Indústria apresentou evolução tímida no último trimestre, com aumento de 0,13% em relação ao quarto trimestre de 2017. Quando comparado ao primeiro trimestre de 2017, houve evolução de 1,52%. Esse resultado alinha-se bastante com a recupe-ração, ainda tímida, da massa salarial, que elevou a demanda e impulsionou uma retomada modesta do setor industrial, após um imenso retrocesso apresentado desde 2014. Apesar do resultado posi-tivo, a indústria brasileira ainda se encontra abaixo dos níveis registrados em 2011 e há expectativas de

que a recuperação desse setor ainda seja vagarosa.

Por fim, o setor de Serviços apresentou ganhos de 1,28% no primeiro trimes-tre deste ano, frente ao último do ano passado, e ganhos de 1,54% na com-paração com o mesmo trimestre do ano anterior. Também é possível associar esse crescimento tímido do setor à recuperação lenta da renda do consumidor e, consequentemente, a um aumento vagaroso da demanda, refletindo-se no aumento da oferta de serviços, impulsionando o setor. O gráfico 2 suma-riza a evolução dos índices desses setores componen-tes do PIB.

Gráfico 2 – Produto Interno Bruto – PIB por setor (índice)

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE; elaboração própria.

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11Ano I - nº02 - Novembro de 2018

No que diz respeito aos componentes do PIB pela ótica da despesa, ressal-tamos a evolução de três variáveis em especial: Consumo das Famílias, Consumo do Governo e Formação Bruta de Capital Fixo (a variável utilizada para a medi-ção de Investimentos na economia).

O Consumo das Famílias apresenta leve recupera-ção desde o primeiro tri-mestre de 2017, de modo que, no primeiro trimestre de 2018, houve aumento de 0,4% nessa variável frente ao último trimes-tre de 2017 e ganhos de 2,9% frente ao primeiro trimestre de 2017. Esse resultado acompanha ten-dência observada desde o princípio da queda da taxa de desemprego,

indicando uma recupe-ração da massa salarial e aumento discreto da demanda, acompanhada do aumento do consumo.

Já o Consumo do Governo apresentou leve queda no primeiro trimes-tre de 2018, tanto quando comparado ao último tri-mestre de 2018 (-0,7%), como quando comparado ao primeiro trimestre de 2017 (-0,3%). Esse resul-tado, no entanto, aproxi-ma-se da manutenção da participação do Consumo do Governo no PIB. Esse comportamento é comum em toda a série histórica da variável, indicando que a participação do governo no PIB tem sido mantida ao longo dos últimos anos.

A Formação Bruta de Capital Fixo foi a variável

com maior variação nos últimos anos. Apesar da alta de 0,6% nos três pri-meiros meses de 2018 frente aos três últimos de 2017 e do avanço de 5,2% em relação ao mesmo trimestre de 2017, essa variável tem mostrado resistência em sua recu-peração: diante do ter-ceiro trimestre de 2013 (ponto mais alto da série), o indicador do primeiro tri-mestre de 2018 é 26,08% menor. Isso indica que o investimento na economia brasileira não só demora a se recuperar como está muito distante dos valores que observávamos antes da recessão econômica.

Esses dados estão explici-tados no Gráfico 3.

Gráfico 3 – Produto Interno Bruto – PIB por componente: Consumo das Famílias, Consumo do Governo e Formação Bruta de Capital Fixo (índice)

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE; elaboração própria.

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12 Revista do Instituto de Finanças FECAP

Gráfico 4 – IPCA Variação Acumulada em 12 meses (em %)

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE; elaboração própria.

O acumulado do IPCA do primeiro trimestre sur-preendeu positivamente, tendo a menor taxa em 24 anos, desde a criação do Plano Real. Esse desempe-nho confirma a trajetória de queda da inflação iniciada desde a implementação das reformas econômicas. O IPCA, que já chegou a marcar dois dígitos, agora acumula alta de 2,68% nos últimos 12 meses, sendo os três primeiros meses de 2018 aqueles cujo índice apresentou valores relati-vamente baixos. A redução do IPCA significa, para a população, mais poder de compra, o que é impor-tante para garantir cresci-mento econômico.

A inflação acumulada em 12 meses foi de 2,68%,

bem inferior ao valor apu-rado em março de 2017, ao redor de 4,5%. Segundo analistas, essa frequência de resultados abaixo da média se deve ao choque de oferta na safra global no ano de 2017, com a maior deflação de alimen-tos da série histórica.

Além disso, não devemos desprezar o fato de que, ao registrarmos uma inflação baixa por dois anos conse-cutivos, é possível imaginar que ocorra um aumento do nível de credibilidade na política do Banco Central e, desse modo, alinhem-se de forma mais precisa as expectativas, fazendo com que os agentes recompo-nham seus preços com percentual relativamente menor, pressionando

menos o indicador de inflação.

Um fator explicativo para a queda do IPCA é a pró-pria recessão. Com desem-prego em alta, o brasileiro passou a consumir menos. E a tendência é que haja ainda mais dificuldades para as empresas vende-rem seus produtos se os preços subirem.

Com a inflação em baixa desde 2017, uma forma de estimular o crescimento econômico pelo lado da demanda foi uma grande redução da taxa de juros Selic, que passou de 14,25% a 6,50%, sendo hoje a menor taxa de juros básica da história do país.

2.2 Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA (por Eduardo Aguiar, Felipe Cruz, Gabriela Lima e Taylor Miranda)

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13Ano I - nº02 - Novembro de 2018

Gráfico 5 – IPCA Nacional dos 1º Trimestres – 1995 a 2018 (%)

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE; elaboração própria.

O gráfico 5 traz a evolu-ção do índice para os pri-meiros trimestres dos anos desde 1995 até 2018,

Para este ano, a expec-tativa dos principais ana-listas consultados pelo Banco Central, segundo relatório Focus, é que a inflação fique dentro dos parâmetros perseguidos pela Instituição. Em 2019, a previsão é que a infla-ção marque aproximados 4,00%, muito embora tais expectativas estejam em constante revisão, dadas as incertezas que têm ron-dado o cenário econômico brasileiro.

Vale ressaltar que, no iní-cio do ano, o reajuste de preços dos materiais esco-lares fez o grupo Educação ter a maior média no

evidenciando o valor posi-tivo observado no pri-meiro trimestre de 2018, sendo este o menor índice

trimestre, cerca de 1,46%. Segundo o Procon de São Paulo, houve um aumento por volta de 9,25% nos preços. Esse grupo repre-senta 5% de peso para a composição do IPCA. Parte do aumento nos preços se deve ao ajuste pela infla-ção e parte se refere ao início do ano letivo e con-sequentemente aumento da demanda (um efeito sazonal que se dilui ao longo do ano).

O segundo grupo de maior média de preços no trimestre foi o grupo Transporte. Esse grupo teve uma média de aumento de 0,53%, com o aumento do

da série histórica nessa comparação, com alta de 0,70%.

preço do barril de petró-leo, que se reflete no preço da gasolina e impacta o grupo Transporte de forma intensa e, automa-ticamente, o próprio IPCA (vale lembrar que o grupo Transporte representa 18,51% na composição do índice).

A maior queda de preços no trimestre foi no grupo Vestuário: em média, os preços caíram 0,34%. Esse grupo representa 5,84% na composição do IPCA e, portanto, tem um peso maior do que o grupo Educação. Certamente, essa queda de preços con-tribui para uma queda do

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14 Revista do Instituto de Finanças FECAP

Avaliando os grupos que compõem o IPCA, con-forme gráfico 6, o des-taque de queda de pre-ços fica com o grupo Comunicação (-0,33%). Já o destaque para o aumento de preços foi o grupo Saúde e Cuidados Pessoais (0,48%).

A queda de 0,33% nas despesas com comunica-ção foi influenciada pela redução nas tarifas de liga-ções locais e interurbanas

de telefone fixo para celu-lar, em vigor desde 25 de fevereiro. Segundo o IBGE, o resultado de queda no grupo de Transportes no mês de março se deu pelo fato de que as passagens aéreas tiveram grande recuo nos seus preços em comparação aos meses de janeiro e fevereiro (que são meses de férias e, portanto, tem maior procura e alta nos preços desse item). Além disso, foi registrada queda no preço

da gasolina em 7 das 13 regiões pesquisadas pelo IBGE.

Para o IPCA em São Paulo, de acordo com o gráfico 7, o mês de março de 2018 apresentou um índice de 0,22%, com queda em relação a fevereiro deste ano de 0,07%. Em compa-ração ao índice de março de 2017 (+0,31%), houve uma queda de 0,09%.

Gráfico 6 – IPCA Mensal por Grupos (%)

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE; elaboração própria.

IPCA no acumulado do 1º trimestre.

Dentre os índices men-sais, o mês de março de

2018 apresentou a menor taxa de inflação histórica desde a criação do Plano Real, com um índice de 0,09% e com uma queda

brusca em relação a feve-reiro deste ano, em 0,23%. Em comparação ao índice de março de 2017, houve uma queda de 0,16%.

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15Ano I - nº02 - Novembro de 2018

Gráfico 7 – IPCA Mensal – São Paulo (%)

Gráfico 8 – IPCA Mensal por Grupos – São Paulo (%)

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE; elaboração própria.

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE; elaboração própria.

Ao analisar os grupos que compõem o IPCA para São Paulo, o destaque de maior acréscimo de pre-ços ficou com o grupo Alimentação e Bebidas, com elevação de 0,59%.

Na comparação de março com fevereiro deste ano, houve uma variação de + 0,92%.

O grupo que teve a maior queda nos preços foi o

grupo Comunicação, que registrou uma deflação de 0,38%. Em comparação ao mês de fevereiro, houve uma variação de +0,43% em março.

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16 Revista do Instituto de Finanças FECAP

Gráfico 9 – Força de trabalho ocupada e desocupada – Trimestre móvel

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE; elaboração própria.

Mesmo que o grupamento Comércio e reparação de veículos automotores tenha registrado a maior taxa de empregabilidade, apresentou queda acen-tuada de 0,15%, repre-sentando 19,29% do total de ocupações. Também

A taxa de desocupação, registrada pelo IBGE, no trimestre móvel finalizado em março de 2018 foi de 13,1%, com alta conside-rável de 0,5 ponto percen-tual em comparação ao valor anterior, registrado no trimestre móvel fina-lizado em fevereiro. Em relação ao trimestre móvel

apresentaram quedas os grupamentos Indústria geral, Construção, Informação, comunica-ção e finanças e Serviço doméstico. O grupamento Administração e servi-ços públicos apresentou crescimento de 0,17% em

finalizado em março do ano anterior, a taxa per-manece 0,6 ponto percen-tual abaixo.

Como resultado do aumento do desemprego, houve queda na força de trabalho ocupada de, aproximadamente, 510 mil pessoas, comparando-se

relação ao valor anterior, apresentando 17,15% do total de ocupações. Os grupamentos Transporte, armazenagem e correio, Alojamento e alimentação e Outro serviço também obtiveram crescimento, porém menos expressivos.

com o trimestre móvel ime-diatamente anterior. Já em relação ao trimestre móvel finalizado em março do ano anterior, a força de trabalho ocupada man-tém-se com 1,634 milhão de pessoas. Esses resulta-dos podem ser observados no gráfico 9.

2.3 Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - PNAD (por Gabriel Ortega)

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17Ano I - nº02 - Novembro de 2018

Gráfico 10 - População empregada por grupamento – março/2018

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE; elaboração própria.

Na análise de catego-rias de trabalho, o Setor público apresentou a maior variação positiva do período, com crescimento de 0,09%, na comparação com o valor imediatamente anterior, o que fez com que se tornasse responsá-vel por 12,38% do total de empregos. Também apre-sentaram crescimento as categorias Setor privado sem CLT e Empregador, que, representando cada uma 11,83% e 4,82% do total de empregos,

apontam acréscimos de 0,01% e 0,04% em relação ao valor anterior.

Tanto as categorias Trabalhador doméstico quanto Conta própria apresentaram queda de 0,06% em relação ao valor anterior, registrando 6,85% e 25,34% do total de ocu-pações. O Setor privado com CLT também apre-sentou queda de 0,03% e registrou taxa de ocupa-ção de 36,34% em relação ao total de ocupações no

período. Estas informações encontram-se no gráfico 11.

Esses resultados corro-boram a percepção de que, apesar da existência de uma recuperação eco-nômica em curso, o mer-cado de trabalho tem rea-gido de forma ainda lenta, sendo que a qualidade do emprego que tem sido criado é baixa, e as con-dições de trabalho podem ser consideradas, em boa parte dos casos, precárias.

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18 Revista do Instituto de Finanças FECAP

O rendimento médio de todos os trabalhos foi de R$ 2.380,00, com uma dife-rença negativa bastante

notável de R$ 88,00 na comparação com o valor anteriormente registrado, e apenas R$ 3,00 acima

do rendimento registrado no mesmo trimestre móvel do ano anterior, conforme o gráfico 12.

Gráfico 11 - População empregada por categoria – março/2018

Gráfico 12 - Rendimento médio real de todos os trabalhos, recebido pelas pessoas de 14 anos ou mais de idade (em R$) – Trimestre móvel

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE; elaboração própria.

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE; elaboração própria.

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19Ano I - nº02 - Novembro de 2018

Gráfico 13 - Rendimento médio real do trabalho principal, habitualmente recebido por mês, pelas pessoas de 14 anos ou mais de idade (em R$) – Trimestre móvel

Fonte: SECEX/MDIC; elaboração própria.

Os rendimentos médios do trabalho principal por cate-goria de trabalho para as categorias Empregado no setor público, Empregado no setor privado sem CLT e Trabalhador doméstico, em comparação com o trimes-tre móvel imediatamente anterior, apresentaram crescimentos respectivos de R$ 25, R$ 21 e R$ 11. As categorias Empregado no setor privado com CLT e Conta própria tiveram

A balança comercial apresentou saldo posi-tivo de US$11,96 bilhões no primeiro trimestre de 2018, com exportações em US$54,37 bilhões e

quedas nessa comparação de R$ 27 para a primeira e R$ 4 no rendimento para a segunda. Porém, a queda que realmente chama a atenção é a dos rendimen-tos do setor Empregador, de significativos R$ 301.

Já na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior, obtiveram crescimentos de rendi-mento os trabalhadores nas categorias Empregado

importações totalizando US$42,4 bilhões. Apesar do saldo positivo, o saldo das negociações de bens e serviços com o resto do mundo foi menor que

no setor público (R$ 52), Empregado no setor pri-vado com CLT (R$ 13), Conta própria (R$ 2) e Trabalhador doméstico (R$ 18). Duas categorias sofre-ram quedas de rendimento bastante consideráveis na mesma comparação: Empregador, com queda de R$ 306, e Empregado no setor privado sem CLT, com diminuição de R$ 53.

aquele registrado nos últi-mos quatro trimestres, conforme podemos ver no gráfico 14.

2.4 Balança comercial (por Ester Gomes, Giovanna Úbida e Juliana Inhasz)

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20 Revista do Instituto de Finanças FECAP

O valor registrado no pri-meiro semestre de 2018 é aproximadamente 12,9% menor que aquele regis-trado no último trimes-tre de 2017, e 17,04% inferior àquele registrado no primeiro trimestre de 2017. Esses resultados refletem tanto os termos de troca menos favoráveis

neste começo de ano (com aumento das taxas de câmbio e encarecimento das importações), como também o começo da nor-malização das safras de grãos, revertendo parte dos resultados muito posi-tivos observados ao longo de 2017.

Apesar do resultado um pouco menor neste começo de 2018 (refor-çando queda já vista no final de 2017), o saldo da balança comercial conti-nua elevado, sendo um dos mais altos da série his-tórica, conforme podemos ver no gráfico 15.

Gráfico 14 – Balança Comercial – Saldo (US$ bilhões – FOB)

Gráfico 15 – Balança comercial: saldo acumulado 12 meses (em US$ bilhões - FOB)

Fonte: MDIC. Elaboração própria.

Fonte: MDIC. Elaboração própria.

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21Ano I - nº02 - Novembro de 2018

Gráfico 16 – Exportações e Importações – Saldo (US$ bilhões – FOB)

Gráfico 17 – Exportações e Importações – 12 meses – Saldo (US$ bilhões – FOB)

Fonte: MDIC. Elaboração própria.

Fonte: MDIC. Elaboração própria.

Exportações e Importações

As exportações no pri-meiro trimestre de 2018 totalizaram US$54 bilhões, configurando um aumento de 2,27% em relação ao último trimestre de 2017 e uma alta de 7,73% quando comparadas com o resul-tado do primeiro trimestre de 2017.

Já as importações soma-ram US$42,40 bilhões nos primeiros três meses de 2018, com expansão de 7,57% frente ao trimestre imediatamente anterior e 17,65% quando compa-radas ao montante verifi-cado no primeiro trimestre de 2017.

Esses resultados foram fortemente influenciados

pela elevação dos termos de troca, que encarece-ram as importações em proporção superior ao aumento da competitivi-dade dos produtos brasi-leiros no mercado externo. Os resultados podem ser visualizados nos gráficos 16 e 17.

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22 Revista do Instituto de Finanças FECAP

Destacaram-se, do lado das exportações, as ven-das de semimanufatura-dos, que apresentaram grande alta em março deste ano comparadas a março de 2017 (+16,8%), graças à comercialização de zinco bruto, celulose e ligas de ferro. As exporta-ções de produtos básicos

O índice do comércio varejista apresentou alta quando comparado aos mesmos meses do ano anterior e apresenta regis-tros positivos no acumu-lado do ano. Quando

e commodities aumen-taram 8,4% na mesma base de comparação, gra-ças à comercialização de milho e petróleo bruto. Os manufaturados aumenta-ram 8,3%, por conta do aumento da comercializa-ção de óleo combustível, suco de laranja e tubos de ferro fundido.

comparado aos meses imediatamente anterio-res, com ajuste sazonal, percebe-se certa estabili-dade, que já é uma carac-terística do índice desde a segunda metade de 2017.

Já as importações foram impulsionadas por bens de capital, que se eleva-ram 20,5% nos últimos 12 meses, superadas apenas pela elevação nas compras de combustíveis e lubrifi-cantes (com alta expressiva de 46,5% no mesmo perí-odo). Os bens de consumo se elevaram 16,4%.

Nos primeiros meses do ano, o varejo apresentou saldos positivos, apesar da queda das vendas em fevereiro, quando compa-rado a janeiro, visto que a expectativa era de alta.

2.5 Pesquisa Mensal do Comércio – PMC (por Daniel Lima)

Gráfico 18 – Índice de volume de vendas no comércio varejista (%) – variação mensal (base: igual mês do ano anterior)

Fonte: IBGE. Elaboração própria.

Nos primeiros três meses de 2018, o comportamento do varejo foi positivo, porém de forma decres-cente. Em dezembro de 2017, o comércio cresceu

cerca de 4%, quando com-parado ao mesmo mês do ano anterior; já em janeiro de 2018, o comércio cres-ceu 3,1% e, em fevereiro, apenas 1,3%.

Em 2017, o Comércio cresceu cerca de 2% em relação ao ano anterior, o varejo paulista cresceu 1,7%, acompanhando o comportamento do

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23Ano I - nº02 - Novembro de 2018

Gráfico 19 – Índice de volume de vendas no comércio varejista (%) – variação acumulada no ano (base: igual período do ano anterior)

Fonte: IBGE. Elaboração própria.

O crescimento registrado em 2017, a tendência de estabilidade em 2018 e a permanência do cresci-mento varejista demons-tram que o comércio varejista está ainda em processo de recuperação da crise econômica que afetou o País nos anos de 2015 e 2016. A alta do desemprego, a alta da taxa de juros e a inflação foram alguns dos fatores que causaram a queda brusca das vendas do comércio varejista, pois são variáveis que derru-baram o consumo das famílias. Com a recupe-ração lenta, mas notável,

da economia em 2017, os indicadores passaram a trazer pequenos saldos positivos e apresentaram um início de crescimento.

Com a queda dos juros e a queda da inflação, além de outros fatores, o varejo passou a recuperar-se len-tamente, à medida que o cenário econômico melho-rava. Em 2018, a tendência é que o comércio perma-neça com o mesmo com-portamento que demons-trou na segunda metade de 2017: um cenário está-vel, contudo melhor que os números registrados nos dois anos anteriores.

Desde 2013, o comércio não apresenta crescimento maior que 5%, entre estes anos, e há de se destacar 2016, quando o varejo recuou 6,2%, se compa-rado com o ano imedia-tamente anterior, no caso 2015. Essa foi a maior queda nos últimos 11 anos, sendo que em 2015 o comércio recuou 4,3%. Em 2017, em processo de recuperação, o comér-cio avançou 2% e nos dois primeiros meses de 2018 registrou-se um avanço de 2,3% no índice acumulado.

comércio nacional. No primeiro mês do ano, a variação acumulada era de 3,1%; em fevereiro, a variação passou a ser

2,3%, isto é, se o ano acabasse em fevereiro, o comércio teria avançado cerca de 2,3%, mais que em 2017. O comércio

paulista apresentou que-das no varejo, porém a variação acumulada per-manece positiva, cerca de 0,6% até fevereiro.

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24 Revista do Instituto de Finanças FECAP

Gráfico 20 – Crescimento do volume de vendas no comércio varejista (%) (Variação ano / ano anterior)

Gráfico 21 – Volume de vendas no comércio varejista (%) por atividade (Variação mês/mês anterior com ajuste sazonal)

Fonte: IBGE. Elaboração própria.

Fonte: IBGE. Elaboração própria.

Quando se trata do cres-cimento dos setores do comércio, realizando-se algumas análises das ati-vidades, os dois primeiros meses do ano nos mos-tram comportamentos dos

principais setores do comér-cio varejista. Percebe-se que a queda do varejo em fevereiro, quando compa-rado ao mês de janeiro, se deve a muitos fatores. Os setores que crescem bem

em janeiro não apresen-taram o mesmo compor-tamento no mês seguinte, e os setores que tinham caído no primeiro mês do ano, caíram mais no mês seguinte.

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25Ano I - nº02 - Novembro de 2018

Gráfico 22 – Índice de volume de vendas no comércio varejista (%) (Variação mês/mês anterior com ajuste sazonal)

Fonte: IBGE; elaboração própria.

O setor que caiu mais, dentre os analisados, foi o de “Combustíveis e Lubrificantes”, cerca de -4% em janeiro e -7% em fevereiro de 2018. Por outro lado, o setor de Eletrodomésticos, que cresceu 22% em janeiro, avançou apenas 5,3% no mês seguinte.

Os movimentos do PMC sempre vão ao encontro dos movimentos do con-sumo das famílias, mas sempre há fatores que podem justificar estar sem-pre abaixo, como, por exemplo, os sucessivos aumentos no preço dos combustíveis, podendo puxar o índice para baixo, mas não sendo único fator. O aumento no preço dos combustíveis também

O ano de 2018 começou com o mês de janeiro muito bom para o comércio vare-jista, no entanto os núme-ros de fevereiro frearam o crescimento acumulado do ano, que ainda permanece positivo. O setor de con-sumo de alimentos do bra-sileiro segue sendo o motor das variações da Pesquisa

implica outros efeitos na economia, como aumento da inflação e, assim, perda de poder de compra da população.

Em outras palavras, esse aumento gera um efeito cascata na economia, ou seja, o aumento no preço do combustível faz com que os custos do pro-duto aumentem, pois, em cada processo da cadeia

Mensal do Comércio, com um único movimento con-trário à variação de todo indicador, que ocorreu no mês de junho, dado que houve uma queda che-gando a um nível zero de variação no setor, mas com alta de 1,1% no índice geral.

produtiva, os produtores vão repassando os aumen-tos no preço da gasolina. Um bom exemplo é o pão francês, que costuma estar no café da manhã dos brasileiros. O trigo é colhido com um trator, ensacado, transportado por um caminhão e ven-dido para um supermer-cado, onde será comprado por um padeiro e levado à padaria com seu veículo,

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26 Revista do Instituto de Finanças FECAP

Gráfico 23 – IFECAP – Índice de Confiança dos Empresários no Comércio – Índice Geral x PMC São Paulo (Variação mês/mês anterior com ajuste sazonal)

Fonte: IFECAP/NECON. Elaboração própria.

A queda brusca da con-fiança no mês de fevereiro se deve muito às expec-tativas nos dois meses anteriores (janeiro/2018 e dezembro/2017) que

registraram, respectiva-mente, um aumento de 13,5% e 16,1% na con-fiança dos empresários. De acordo com o IFECAP, apesar da queda da

confiança dos empresários neste começo de 2018, há otimismo em relação aos próximos meses.

até que transformado em pão. Todo esse processo é encarecido pelo preço da gasolina em cada etapa em que houve transporte da mercadoria. A PMC vem oscilando bastante em relação aos últimos meses, a economia segue

em recuperação.

O índice IFECAP, que mede a confiança dos empresários do comércio varejista, registrou uma queda de cerca de 4% após dois meses consecutivos de alta. E, paralelamente,

o comércio varejista pau-lista registrou a terceira queda seguida, com 1,5% de recuo frente ao mês de janeiro, que também regis-trou queda no índice geral de confiança.

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27Ano I - nº02 - Novembro de 2018

2.6 Índice de Commodities Brasil (por João Sales)

Gráfico 24 – ICB – evolução do índice em pontos

Fonte: B3. Elaboração própria.

O Índice de Commodities Brasil – ICB fechou o 1º tri-mestre de 2018 com uma contração de 4,63% em relação ao mesmo perí-odo de 2017, uma queda

Na sequência, analisa-mos algumas das prin-cipais commodities que compõem o índice e suas evoluções no período.

a. Boi gordo: sob um cenário de cautela, a arroba do boi gordo demonstra rigidez nos preços no 1º trimestre de 2018, de olho no mercado de reposição

O preço da arroba do boi gordo fechou o primeiro trimestre de 2018 com

de 9,22% ao longo do tri-mestre, visto que em 2017 a queda foi de 6,17%, expondo as fracas nego-ciações no mercado futuro nesse início de ano devido

um aumento de 2,79% em relação ao mesmo período de 2017, e com queda de 1,64% ao longo do tri-mestre (visto que em 2017 a queda foi de 6,26%), demonstrando preços fir-mes devido às baixas nego-ciações no mercado, após um 2017 conturbado.

Havia uma expectativa no mercado de que, ao longo do 1º trimestre, a cotação da arroba fosse impulsionada, já que o início de ano é o período

ao pessimismo dos players com o atual cenário. A evolução temporal do indi-cador pode ser observada no gráfico 24.

cujas pastagens atingem o maior índice de qualidade. Isso leva ao aumento de suporte dos pastos, o que, por sua vez, geraria aumento da demanda por novilhas pelos pecuaris-tas. Isso não se concretizou pelo fato de o mercado estar estagnado, com um fraco estímulo dos recria-dores e invernistas para investirem na compra de reposição do rebanho, devido ao futuro incerto da cotação da arroba.

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28 Revista do Instituto de Finanças FECAP

Gráfico 25 – Preço da arroba do boi gordo (em R$)

Fonte: CEPEA/ESALQ. Elaboração própria.

Mesmo com a demanda fraca, os criadores con-seguiram reter animais e ofertaram preços acima das referências, devido a sua capacidade de suporte de estoque, levando a negociações lentas, estag-nando o mercado. A expec-tativa no decorrer do ano é que o mercado ganhe um leve ritmo de negocia-ções, devido ao volume de bezerros que irão chegar no mercado nos próximos meses.

b. Café arábica: Sob um cenário favorável à produção, o preço da saca segue estável e ainda pode variar negativamente de olho na bienalidade positiva.

A alta dos preços do milho e do farelo de soja tam-bém afetou o lado do pro-dutor, podendo impactar toda a produção de carne bovina do ano de 2018, pois o milho representa cerca de 70% da dieta dos bovinos produzidos em confinamento.

As exportações de carne bovina iniciaram o mês de janeiro com uma alta nas receitas, melhor cená-rio desde 2014, devido ao aumento de 15% das

Com o fim do primeiro trimestre de 2018, o Brasil registrou um total de 7,7 milhões de sacas de 60 quilos exporta-das, o que significa uma queda de 4,1%. quando

exportações para o mer-cado chinês, comparado ao mesmo período de 2017.

Podemos esperar um mercado com um cenário positivo devido ao aspecto econômico favorável, com a queda na taxa de juros e o controle da inflação, aspectos que beneficiam o consumo da população, porém, com um tom de incerteza, devido à rigidez dos preços no mercado varejista de carne bovina.

comparado à quantidade exportada no mesmo perí-odo do ano passado. A última previsão da Conab (Companhia Nacional do Abastecimento) aponta a produção de café do

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29Ano I - nº02 - Novembro de 2018

c. Milho: sob um cená-rio de estoques baixos, o preço do contrato futuro da saca de milho do 1º trimestre de 2018 subiu 33,79% em comparação ao 1º trimestre de 2017.

Com uma expectativa de menor produção entre o

final de 2017 e começo de 2018, e apesar do aumento nos fretes, por causa do escoamento da soja, e da queda na oferta do mercado de São Paulo, o volume produzido está maior quando compa-rado a anos anteriores. Não podemos esquecer

o fenômeno La Niña, que trouxe cortes na produtivi-dade mais cedo e geadas em alguns estados, tam-bém prejudicando a pro-dução de milho.

O preço do contrato futuro da saca de milho do 1º trimestre de 2018 foi

Gráfico 26 – Preço da saca do café arábica (em R$)

Fonte: CEPEA/ESALQ. Elaboração própria.

Brasil entre 54,44 e 58,51 milhões de sacas neste ano.

Em março, o preço médio da saca foi de US$ 157,00 e, comparado ao preço de 2017, houve uma retra-ção de 10,6%, que mos-trava um valor médio de US$ 175,62. Isso reflete a expectativa de uma maior

produção. Entretanto, eventuais impactos negati-vos no clima podem cau-sar uma alta de preços; caso contrário, os preços seguirão estáveis ou mais baixos.

As previsões ocorrem em um cenário de bienalidade positiva, fenômeno de par-ticularidade da variedade

do grão arábica e que alterna entre um ano de alta produtividade e um ano de baixa. No Sul de Minas, há uma estimativa de aumento na produção do Arábica, por conta do fenômeno, que significa 13,7% a 19,7% compa-rado à safra passada.

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30 Revista do Instituto de Finanças FECAP

de R$40,35, com avanço de 33,79% em relação ao preço verificado no mesmo período de 2017.

Vale ressaltar que, em 2017, os produtores de milho possuíam estoques positivos, devido aos altos

d. Etanol: o preço do etanol hidratado sofreu uma leve variação positiva no primeiro trimestre, em um período de baixa pro-dução nacional

Os preços do etanol hidratado encerra-ram o primeiro trimestre com leve alta. Utilizando o indicador diário do etanol hidratado Esalq/

preços no final de 2016, que, com o clima favo-rável na época, eleva-ram a oferta, garantindo estoques.

Após consecutivas altas nos preços no começo do ano, principalmente no

BM&FBovespa como refe-rência, houve uma varia-ção positiva de 0,63% no primeiro trimestre de 2018, com o biocombustí-vel sendo cotado a R$ 1.851,50. No mesmo período de 2017, houve uma variação nega-tiva de 16,60%, com o preço em um nível cer-tamente mais baixo: R$ 1.512,00. Considerando

começo de março, houve uma queda do preço da saca de R$ 42,93, o mais alto do trimestre, para R$ 40,35 no último dia do mês de março. Essa queda deve-se tanto às variações de demanda, quanto à menor liquidez.

ambas as cotações, houve uma variação positiva de 22,45% nos preços durante o período de 12 meses.

Esse primeiro trimestre contempla o perí-odo de entressafra, quando há uma baixa produção nacional. Considerando os dados estatísticos da Agência Nacional de Petróleo (ANP), a taxa de

Gráfico 27 – Preço da saca do milho (em R$)

Fonte: CEPEA/ESALQ. Elaboração própria.

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31Ano I - nº02 - Novembro de 2018

Gráfico 28 – Preço do Etanol hidratado (em R$)

Fonte: CEPEA/ESALQ. Elaboração própria.

importação de barris de etanol aumentou no pri-meiro bimestre do ano, diante do forte consumo doméstico. A demanda pelo biocombustível foi beneficiada pelos altos preços do petróleo, que testam um patamar pró-ximo dos US$ 70,00 o barril — nível considerado bastante alto, que, por conseguinte, influencia na propensão ao consumo de etanol.

A queda que sucede a máxima de 12 meses (R$ 1.975,00), decorre da expectativa de produção de etanol que segue como prioridade para as usi-nas, já que o açúcar tem os seus preços deprimi-dos; ou seja, a produção de etanol é mais rentável que açúcar para as usi-nas. E como mencionado no relatório divulgado em março — a queda reflete o aumento da produção de

etanol, que, sazonalmente, costuma ser mais alta em relação a fevereiro (ainda que tímida, pois a safra de cana-de-açúcar começa oficialmente em abril). Com o início da safra no segundo trimestre, espe-ra-se que a dinâmica de importações mude.

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32 Revista do Instituto de Finanças FECAP

3. IFECAP – Índice FECAP de Expectativa nos Negócios

Composto pela compila-ção de informações sobre as empresas do comércio varejista do Estado de São Paulo, o IFECAP considera o desempenho atual das vendas a clientes e das encomendas a fornecedo-res, bem como a avaliação geral da situação atual do negócio. O índice avalia ainda informações sobre as expectativas dos empre-sários quanto às vendas e encomendas para os pró-ximos três meses.

O IFECAP consiste em um indicador baseado em metodologia largamente utilizada por diversos paí-ses. Há mais de 12 anos, a FECAP coleta dados e cal-cula mensalmente o índice,

que avalia a situação atual das empresas do comér-cio varejista, com informa-ções sobre o desempenho atual das vendas e das encomendas.

A escolha do comércio varejista como universo da pesquisa se deve ao fato de ser esse setor o elo entre a indústria em geral e o con-sumidor final, uma vez que grande parte da produção de todos os setores da eco-nomia acaba circulando de alguma forma pelas empresas do comércio. Seu principal uso refere-se à previsão do nível de ati-vidade da economia, por-que o índice procura ava-liar a expectativa real dos empresários em relação

às variáveis-chave, como encomenda a fornecedo-res e venda ao consumidor final, ou seja, a antecipa-ção do comportamento da produção e renda.

O IFECAP é composto pela compilação de infor-mações sobre o desem-penho atual das vendas e das encomendas, bem como a avaliação sobre a situação atual das empresas do comércio varejista. Consideram-se ainda informações sobre a expectativa dos empre-sários quanto ao desem-penho das vendas e das encomendas para os pró-ximos três meses.

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33Ano I - nº02 - Novembro de 2018

O IFECAP divide-se em três indicadores:

• Índice Momento Atual: diz respeito às res-postas dos empresários a três aspectos: a) suas encomendas atuais a seus fornecedores, b) a

evolução das vendas no período atual e c) a avalia-ção da situação geral dos negócios;

• Índice Futuro: calcu-lado com base nas expec-tativas dos empresários em relação às suas vendas e

encomendas em um hori-zonte temporal de 3 meses;

• Índice Geral: é o indicador composto da agregação dos dois índi-ces descritos acima.

3.1 Indicadores

3.2 Metodologia

O indicador de expectati-vas do comércio paulista, IFECAP, no início de 2018 apontava para uma crença vigorosa no crescimento mais forte da economia brasileira. O IFECAP cres-ceu 12% no comparativo entre janeiro e dezembro de 2017, o Índice Futuro chegou a 160,36 pontos,

A metodologia do IFECAP considera um conjunto de perguntas qualitativas referidas às expectativas do empresário. São pes-quisadas diversas empre-sas do comércio varejista

o maior valor já regis-trado na série desde feve-reiro de 2004. Esse cres-cimento nas expectativas foi alimentado por uma convergência de causas: redução de expectativas de inflação, estabilidade nas taxas de câmbio, redução da taxa Selic, expectativas de ampliação do crédito,

nas cidades de São Paulo.

A pesquisa é sempre reali-zada na semana do dia 15 do mês corrente, composta por questões qualitativas, que captam a percepção

previsão de crescimento do PIB em torno de 2,7% para o ano de 2018 e, princi-palmente, a alta de 2% no acumulado de vendas do varejo no ano de 2017, segundo o IBGE. Essas informações positivas aca-baram por estimular o oti-mismo no empresariado do comércio.

do empresário em relação ao desempenho de sua empresa, classificadas em micro, pequenas, médias e grandes empresas.

3.3 Análise do primeiro trimestre de 2018

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34 Revista do Instituto de Finanças FECAP

Nos meses de fevereiro e março de 2018, essas expectativas extremamente positivas passam a ser revistas, tendo por base os resultados das vendas dos respectivos meses. O volume de vendas nesse período foi positivo em relação ao mesmo perí-odo de 2017, segundo dados da Federação de Comércio do Estado de São Paulo. No entanto, inferior às expectativas dos comerciantes. Por isso, apesar de se manter o oti-mismo em relação às ven-das futuras, o Indicador Futuro registra dois meses seguidos de redução, che-gando a 156,10 pontos, variação negativa de 3%.

Apesar dessa moderação no otimismo, os resulta-dos para os três primeiros

meses de 2018 indicam uma sensível melhora na percepção dos negócios quando comparado aos meses de 2017. No mês de março de 2018, o Índice Geral estava 24,3% acima dos resultados de março de 2017, e o Índice Futuro 25,3%.

O Índice Momento Atual, que nos indica a per-cepção dos empresários quanto a seus negócios e à revisão de expectativas, também aponta para uma melhora nos resultados, o que pode ser observado no gráfico 31, no qual o mês de janeiro revela que o indicador estava 30% acima do mês de janeiro de 2017. Já o mês de março, que fecha o tri-mestre, estava 23% acima do mesmo período do

ano anterior. Este mesmo índice chegou a 114,98 pontos em janeiro, o que sugere que as vendas do mês de dezembro de 2017 foram bem avaliadas pelos empresários. Isso reforçou a formação das expectativas positivas para o mês seguinte. Contudo, os meses de fevereiro e março registram recuo no indicador, o que mostra que o ciclo de recuperação das vendas não foi forte e contínuo o suficiente para manter o estado de oti-mismo. Esse recuo mode-rado nos indicadores de confiança também reflete a instabilidade política do País e o cenário externo com tendências de alta de juros que comprometem o crescimento do emprego e por consequência das ven-das do setor.

Gráfico 29 – IFECAP de março de 2017 a março de 2018

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35Ano I - nº02 - Novembro de 2018

Gráfico 30 - Variação % - Indicador Momento Atual em relação ao mesmo mês ano anterior

Tabela 1 – IFECAP: Série sem ajuste sazonal

Índices Momento Atual Futuro

Período Geral Momento Atual Futuro Vendas Encomendas

Situação dos

NegóciosVendas Encomendas

mar/18 127,10 108,33 155,26 98,28 103,28 123,45 162,07 148,45

fev/18 127,97 107,18 159,14 97,59 100,00 123,97 161,03 157,24

jan/18 133,24 115,34 160,09 103,28 102,07 140,69 161,21 158,97

dez/17 117,38 105,11 135,78 99,14 94,66 121,55 136,03 135,52

nov/17 101,10 87,64 121,29 75,34 79,14 108,45 123,62 118,97

out/17 106,34 92,18 127,59 84,66 83,79 108,10 128,10 127,07

set/17 109,41 95,92 129,66 88,10 89,14 110,52 125,17 134,14

ago/17 109,45 88,39 141,03 77,59 79,31 108,28 141,72 140,34

jul/17 110,97 93,10 137,76 86,90 81,90 110,52 135,52 140,00

jun/17 106,21 94,31 124,05 87,59 86,03 109,31 123,97 124,14

mai/17 99,10 86,67 117,76 75,86 72,76 111,38 117,59 117,93

abr/17 101,25 88,75 119,98 82,87 77,68 105,71 123,01 116,96

mar/17 102,25 87,80 123,91 75,91 80,98 106,52 127,17 120,65

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36 Revista do Instituto de Finanças FECAP

Tabela 2 – IFECAP: Série com ajuste sazonal

Índices Momento Atual Futuro

Período Geral Momento Atual Futuro Vendas Encomendas

Situação dos

NegóciosVendas Encomendas

mar/18 126,67 107,05 156,10 97,64 102,54 120,97 164,20 148,01

fev/18 127,29 106,43 158,59 96,87 99,43 122,98 159,76 157,42

jan/18 133,13 114,98 160,36 103,50 102,53 138,89 162,92 157,80

dez/17 118,46 103,06 141,55 96,36 91,00 121,82 142,36 140,74

nov/17 99,66 85,73 120,55 73,63 75,69 107,89 122,43 118,68

out/17 105,12 91,59 125,42 84,43 81,21 109,12 125,25 125,58

set/17 107,06 93,95 126,72 84,99 86,32 110,54 122,73 130,70

ago/17 109,11 89,62 138,36 78,73 81,34 108,78 138,32 138,40

jul/17 112,36 96,63 135,96 90,96 85,60 113,33 133,34 138,57

jun/17 108,74 96,37 127,30 89,30 89,55 110,26 127,82 126,77

mai/17 101,46 88,54 120,83 78,31 75,23 112,09 120,34 121,32

abr/17 100,38 88,50 118,20 82,20 78,71 104,60 120,68 115,73

mar/17 101,87 86,73 124,57 75,41 80,40 104,38 128,85 120,29

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37Ano I - nº02 - Novembro de 2018

Tabela 3 – IFECAP: Série por porte de empresas

Índice Geral - com Ajuste Sazonal Índice Geral - sem Ajuste Sazonal

Período Agregado Micro Pequena Média Grande Agregado Micro Pequena Média Grande

mar/18 126,67 121,05 128,39 127,76 132,07 127,10 121,65 130,00 127,19 130,91

fev/18 127,29 120,67 127,64 137,47 147,35 127,97 122,08 128,97 135,88 150,00

jan/18 133,13 122,85 136,82 131,59 146,31 133,24 124,06 136,09 132,22 137,27

dez/17 118,46 118,60 114,55 129,53 133,75 117,38 115,29 114,59 128,16 135,00

nov/17 99,66 96,74 100,31 107,89 117,01 101,10 96,78 100,74 110,00 118,75

out/17 105,12 108,07 102,73 102,60 120,42 106,34 107,62 105,13 102,14 121,82

set/17 107,06 97,17 111,69 118,07 130,82 109,41 99,43 114,03 121,48 137,27

ago/17 109,11 103,99 114,65 111,48 115,56 109,45 104,50 115,18 112,86 112,50

jul/17 112,36 105,77 120,31 124,04 114,04 110,97 105,74 117,34 125,00 110,63

jun/17 108,74 107,30 111,63 101,74 112,57 106,21 104,68 109,27 99,74 108,75

mai/17 101,46 96,25 105,79 97,19 113,68 99,10 94,64 103,16 94,89 111,05

abr/17 100,38 98,90 98,96 100,38 112,30 101,25 100,62 99,27 100,67 116,19

mar/17 101,87 96,13 99,95 107,05 137,46 102,25 96,60 101,20 106,57 136,25

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38 Revista do Instituto de Finanças FECAP

Tabela 4 – IFECAP: Índice geral por regiões sem ajuste sazonal

Período Agregado Capital Interior

São José

do Rio Preto

Ribeirão Preto

Presidente Prudente Sorocaba

São José dos

Campos

Bauru Campinas

mar/18 127,10 126,10 127,53 139,31 138,89 132,50 117,35 131,18 126,90 120,63

fev/18 127,10 126,10 127,53 139,31 138,89 132,50 117,35 131,18 126,90 120,63

jan/18 133,24 125,93 134,09 138,21 129,31 138,68 137,61 132,94 134,80 127,14

dez/17 117,38 131,94 115,79 120,31 104,00 122,61 118,49 124,65 107,27 106,42

nov/17 101,10 121,07 98,63 109,13 102,96 97,19 95,24 91,40 97,50 102,67

out/17 106,34 102,00 106,68 104,81 117,50 118,57 92,29 115,74 89,50 104,63

set/17 109,41 111,54 110,17 118,20 137,86 85,56 103,66 115,71 115,00 105,24

ago/17 109,45 113,17 108,79 100,42 105,22 89,44 126,76 115,76 121,82 101,71

jul/17 110,97 133,64 109,64 110,82 103,94 108,44 118,25 108,78 97,83 110,00

jun/17 106,21 94,00 107,23 88,80 125,71 105,66 106,96 116,45 110,29 105,00

mai/17 99,10 110,71 97,80 100,00 102,73 109,58 104,41 91,43 93,43 92,34

abr/17 101,25 100,54 102,52 103,33 104,71 107,95 105,26 105,83 100,97 95,36

mar/17 102,25 103,57 100,96 96,55 105,00 115,77 98,89 101,32 88,70 100,14

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39Ano I - nº02 - Novembro de 2018

Tabela 5 – IFECAP: Índice geral por regiões com ajuste sazonal

Período Agregado Capital Interior

São José

do Rio Preto

Ribeirão Preto

Presidente Prudente Sorocaba

São José dos

Campos

Bauru Campinas

mar/18 126,67 124,80 127,12 138,39 139,19 132,09 116,12 129,31 128,06 123,99

fev/18 127,29 125,52 127,07 135,03 139,22 129,73 120,92 130,69 126,83 119,59

jan/18 133,13 126,28 133,38 140,11 128,74 135,92 135,37 130,80 134,80 128,28

dez/17 118,46 133,72 116,41 115,21 102,94 125,93 128,89 121,15 106,52 110,01

nov/17 99,66 122,39 97,49 108,97 103,21 96,74 93,95 90,71 96,35 100,01

out/17 105,12 100,99 105,74 102,95 118,09 118,82 88,31 112,44 86,18 109,39

set/17 107,06 112,68 106,46 117,02 130,31 82,27 98,60 112,28 113,80 99,76

ago/17 109,11 110,94 108,50 102,91 105,43 88,46 121,99 117,34 122,82 99,53

jul/17 112,36 130,28 112,08 112,69 103,93 108,59 122,54 110,20 103,34 112,32

jun/17 108,74 98,46 109,34 90,38 124,29 108,98 109,45 121,27 113,90 104,35

mai/17 101,46 112,37 100,21 100,48 107,53 114,52 105,88 96,26 93,81 93,06

abr/17 100,38 97,85 102,22 106,33 107,10 107,50 104,14 106,28 96,52 93,28

mar/17 101,87 102,50 100,64 95,91 105,23 115,41 97,85 99,88 89,51 102,93

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40 Revista do Instituto de Finanças FECAP

Nesta edição, apresen-tamos um panorama do crime no Estado de São Paulo, com base nos últi-mos dados disponibili-zados pela Secretaria de Segurança Pública de São

Por Allan Silva de Carvalho e Prof. Erivaldo Costa Vieira

Paulo (SSP-SP), referentes ao mês de julho de 2018.

Os crimes envolvendo roubo de veículos con-tinuaram a apresentar quedas em seu indicador,

verificadas desde maio/18. Entretanto, os furtos de veículos sofreram um aumento, quando compa-rados com o mês anterior (jun/18).

Panorama do crime em SP

4. BOLETIM ECONÔMICO DO CRIME

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41Ano I - nº02 - Novembro de 2018

Segundo os dados da SSP/SP, em julho, foram registrados 12.658 bole-tins de ocorrência para roubo e furto de veículos no Estado de São Paulo, o que

Realizando uma análise semestral, no primeiro semestre de 2018, foram registrados 78.504 rou-bos e furtos de veículos, representando uma redu-ção de 8%, quando com-parado ao semestre ante-rior (jul/17 – dez/17). Já quando comparado ao mesmo semestre do ano anterior (jan/17 – jun/17), há uma queda de 11%.

significa uma queda de 8% em relação ao mesmo mês do ano passado (jul/17) e uma retração de 2%, quando comparado ao mês anterior (jun/18).

Com base nos dados dis-poníveis sobre roubo de cargas, podemos observar que o mês de julho fechou com 729 ocorrências no Estado de SP. Em com-paração ao mês anterior (jun/18), observa-se uma redução de 6% e quando comparado ao mesmo mês do ano anterior (jul/17), a redução é ainda maior, 15%.

Analisando os dados desde junho/17, em média, diariamente são roubados 165 veículos e 272 são furtados.

Se você se interessou e deseja saber mais sobre os resultados, consulte a nossa análise completa no 13° Boletim Econômico Tracker-FECAP, disponível de forma gratuita no link:

https://www.flipsnack.com/boletimeconomico/t racke r_ fecap_se tem-bro_2018.html

Média Máximo Mínimo

ROUBO – OUTROS 22.370 24.888 19.706

ROUBO DE VEÍCULO 5.125 5.730 4.490

ROUBO DE CARGA 808 1.011 662

FURTO – OUTROS 42.259 46.716 40.628

FURTO DE VEÍCULO 8.421 9.099 7.510

Média diária ROUBO - OUTROS 722 803 636

Média diária ROUBO DE VEÍCULO 165 185 145

Média diária ROUBO DE CARGA 26 33 21

Média diária FURTO - OUTROS 1.363 1.507 1.311

Média diária FURTO DE VEÍCULO 272 294 242

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42 Revista do Instituto de Finanças FECAP

5. INDICADOR FINANCEIRO

Nesta segunda edição da Revista do Instituto de Finanças da FECAP rea-lizou-se uma análise das três principais empresas de capital aberto do Setor de Papel e Celulose: Klabin, Suzano e Fibria. A pro-dução nessa indústria é

realizada a partir de flo-restas de eucalipto e pínus, que, em função do solo e clima favoráveis e da alta produtividade, torna o setor no Brasil um dos mais competitivos do mundo. É importante destacar que no momento em que este

relatório era produzido houve o anúncio da fusão entre as empresas Suzano e Fibria. A operação une as duas maiores empresas de celulose do país e trans-forma a companhia resul-tante na líder mundial no mercado de celulose.

5.1 Perfil das empresas analisadas

Klabin

É a maior produtora e exportadora de papéis do Brasil e líder na produção

de papéis e cartões para embalagens, embalagens de papelão ondulado e sacos industriais, além de comercializar madeira em

toras. Aproximadamente 60% do seu faturamento líquido (R$ 8,4 bilhões) são oriundos do mercado interno e 40% do mercado

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43Ano I - nº02 - Novembro de 2018

5.1 Perfil das empresas analisadas

5.2.1 Volume de Vendas

externo. Possui 18 unidades industriais (17 no Brasil, em oito estados, e uma na Argentina) e está divi-dida em quatro áreas de negócio: Florestal (maté-ria-prima para produção de celulose e comerciali-zação de toras de madeira para serrarias e lamina-doras), Celulose (celulose de fibra curta, celulose de fibra longa e celulose fluff), Papéis (papel kraft, papel cartão e papel reciclado) e Conversão (embalagens de papelão ondulado e sacos industriais).

Suzano Papel e Celulose

A Suzano é uma compa-nhia brasileira que se des-taca em termos globais no desenvolvimento de produ-tos fabricados a partir do plantio do eucalipto, além de estar entre as maiores produtoras verticalmente integradas de papel e celulose de eucalipto da

América Latina. O por-tfólio de produtos con-templa papel “Imprimir e Escrever” revestido e não--revestido, papel cartão, papel tissue, celulose de mercado e celulose fluff. Aproximadamente 30% do seu faturamento líquido (R$ 10,5 bilhões) são oriundos do mercado interno e 70% do mercado externo. A produção tem origem nas unidades industriais loca-lizadas em Suzano, Rio Verde e Limeira, no Estado de São Paulo; Mucuri, na Bahia; e Imperatriz, no Maranhão. A capacidade de produção anual é de cinco milhões de toneladas de papel e celulose (2017).

Fibria

Líder mundial na produ-ção de celulose de fibra curta (com capacidade produtiva de 7,25 milhões de toneladas anuais de celulose de mercado),

a Fibria se destaca por exportar para mais de 40 países cerca de 90% da celulose produzida, e cujos principais mercados são a Europa e a Ásia. A Companhia conta com unidades industriais loca-lizadas em Aracruz (ES), Jacareí (SP), Três Lagoas (MS) e Eunápolis (BA) e possui 1,092 milhão de hectares de florestas, sendo 656 mil hectares de florestas plantadas, 374 mil hectares de áreas de preservação e de con-servação ambiental e 61 mil hectares destinados a outros usos, em seis esta-dos: Espírito Santo, Bahia, Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Rio de Janeiro. A principal destinação do produto da Fibria é para a produção de papel para fins sani-tários (48%), em seguida para imprimir e escrever (34%) e por fim papéis especiais (17%).

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44 Revista do Instituto de Finanças FECAP

A Klabin apresentou um aumento de produção em praticamente todas as uni-dades de negócio (florestal, celulose, papéis e emba-lagens) de 2014 a 2017, exceção para as vendas

A Suzano também apre-sentou um aumento no volume de vendas de celu-lose nos últimos quatro anos. Em 2017, seu volume de vendas de celulose atin-giu um pico histórico, tota-lizando 3,6 milhões de toneladas (cerca de 2,4% superior ao volume de

A Fibria, desde 2015, vem apresentando aumento consistente no volume de vendas de celu-lose. Em 2017, totalizou 6,2 milhões de toneladas, um aumento de 13% em relação ao ano anterior. No seu Relatório Anual de 2017, a Fibria informa que o maior volume é jus-tificado, principalmente,

de Kraftliner. Um ponto importante a ser destacado é a finalização do ramp up da Unidade Puma durante o segundo trimestre de 2017. A unidade inaugu-rada em março de 2016

2016). No seu Relatório Anual de 2017, a Suzano informa que o aumento do volume de produção e vendas de celulose se deu, principalmente, após o neologismo da produ-ção da unidade Imperatriz (MA), que teve sua capaci-dade instalada ampliada

pelo início das operações do Projeto Horizonte 2 (324 mil toneladas vendi-das), que foram direcio-nadas substancialmente para o mercado asiático e pelo efeito de 12 meses do contrato com a Klabin. Em maio de 2016, a Fibria ini-ciou a aquisição de celulose de fibra curta produzida pela Klabin na sua fábrica

foi responsável pelo cres-cimento de 70% das ven-das de celulose em 2017, que atingiram 1.355 mil toneladas.

de 1,5 milhão para 1,65 milhão de toneladas anu-ais. Ao contrário do que ocorreu com o volume de celulose, o volume de vendas de papel apre-sentou recuo de cerca de 10,7% no período de 2014 a 2017.

localizada na cidade de Ortigueira, no Estado do Paraná. Esse é um con-trato de “take or pay”, com duração de seis anos em condições diferencia-das em termos de volume, exclusividade, garantias e prazos de pagamento em até 360 dias, e cujos pre-ços foram praticados em condições de mercado.

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45Ano I - nº02 - Novembro de 2018

5.3. Indicadores econômico-financeiros

A situação de liquidez das Companhias é ana-lisada por meio de qua-tro indicadores: quociente Capital de Giro Líquido/Ativo Circulante (CGL/AC), Liquidez Corrente, Liquidez Seca e Liquidez Imediata.

No caso da Klabin, o índice CGL/AC mostra que, em média, de 2014 a 2017, aproximadamente dois terços do ativo circu-lante (65%) foram financia-dos por recursos de longo prazo. Essa constatação é corroborada pelo Índice de Liquidez Corrente (ILC) médio do período, que foi de 2,86. No caso do Índice de Liquidez Seca (ILS), é possível observar que, mesmo subtraindo os esto-ques do ativo circulante da Klabin, o valor resultante supera o valor dos passi-vos circulantes (2,63 em média no período), ou seja, a Companhia mantém ati-vos circulantes “líquidos” suficientes para honrar os passivos de curto prazo. Já o Índice de Liquidez

Imediata (ILI) mostra que, em média, a Klabin possui um saldo de caixa e equi-valentes de caixa (apli-cações financeiras) duas vezes maior do que seus passivos circulantes.

De 2015 a 2017, tanto a Suzano quanto a Fibria financiavam aproximada-mente metade do seu Ativo Circulante com fontes de financiamento de longo prazo, uma vez que o índice CGL/AC permaneceu pró-ximo de 50% e o Índice de Liquidez Corrente (ILC) ficou próximo de 2,0. No mesmo período, o Índice de Liquidez Seca (ILS) das duas Companhias tam-bém ficou próximo de 1,5, mostrando liquidez está-tica mesmo sem a inclu-são dos estoques. Já no caso do Índice de Liquidez Imediata (ILI), observa-se que a Suzano, de 2015 a 2017, manteve um saldo de caixa e equivalentes de caixa menores do que seus passivos circulantes (ILI abaixo de 1,0), enquanto

a Fibria manteve um indi-cador ligeiramente acima de um.

É importante destacar que as duas Companhias pos-suem políticas de manu-tenção de saldos mínimos de caixa. A Fibria, por exemplo, no seu Relatório Anual de 2017 afirma que deverá manter um saldo mínimo de caixa, equi-valentes de caixa e títulos e valores mobiliários, de modo a evitar que a ocor-rência de descasamento em seu fluxo de caixa afete sua capacidade de paga-mento. Esse saldo mínimo de caixa é definido pela seguinte soma: (a) saldo de caixa mínimo opera-cional, que reflete o ciclo de conversão operacional de caixa; (b) saldo mínimo para cobertura do serviço da dívida, que inclui juros e principal de curto prazo; e (c) imposto de renda e outras contribuições fiscais de curto prazo.

5.3.1. Indicadores de Liquidez

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46 Revista do Instituto de Finanças FECAP

Os indicadores de ativi-dade complementam a análise de liquidez, pois indicam os prazos médios associados aos itens mais relevantes do ativo e do passivo circulantes (con-tas a receber, estoques e fornecedores). De forma geral, todas as compa-nhias do setor de papel e celulose apresentam Ciclo Financeiro (ou Ciclo de Conversão de Caixa) positivo, ou seja, o tempo médio entre estocagem de produtos e recebimento do caixa proveniente das ven-das é superior ao prazo de pagamento obtido junto aos fornecedores.

Com relação ao Giro do Estoque, observa-se que de 2014 a 2017 a Klabin apresentou uma rotação média de 6,7 vezes (o que equivale a um prazo médio

de estocagem de 54 dias); a Suzano de 5,2 vezes (70 dias de estoque) e a Fibria de 4,4 vezes (83 dias de estoque). De 2015 a 2017, observa-se um aumento no Giro de Estoques da Klabin (de 6,3x para 7,1x) e da Fibria (de 4,18x para 4,44x) e uma estabilidade na rotação dos estoques da Suzano.

É importante destacar que o Giro do Estoque e o Prazo Médio de Estocagem apresentam problemas quando se trata de empre-sas industriais. Segundo Martins (2017), numa empresa industrial existem várias contas de estoque: matéria-prima, embala-gens, materiais de uso e consumo, produtos em elaboração e produtos acabados. Como cada uma dessas contas possui

um prazo de rotação dife-rente, se tomarmos o total dos estoques para efeito de cálculo (como é o caso do indicador apresentado neste relatório), não esta-mos calculando o prazo médio de rotação genuina-mente dos produtos aca-bados e sim uma média de todos os estoques da empresa.

Com relação ao Prazo Médio de Recebimento, enquanto a Suzano e a Fibria apresentaram pra-zos relativamente estáveis de 2014 a 2017, a Klabin apresentou uma redução de cerca de 12 dias em seu prazo médio de rece-bimento (de 84 dias em 2014 para 72 dias em 2017). Nesse período, a Receita Operacional Líquida da Klabin cresceu aproximadamente 71% e

5.3.2. Indicadores de Atividade

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47Ano I - nº02 - Novembro de 2018

as Contas a Receber de Clientes cresceram ape-nas 50%. Como o Prazo Médio de Estocagem e de Recebimento da Suzano e Fibria não apresentaram alterações substanciais, o Ciclo Operacional das duas Companhias apre-sentou certa estabilidade no período analisado. Já a Klabin apresentou uma redução (cerca de 14 dias) em seu Ciclo Operacional, principalmente em virtude da redução do seu Prazo Médio de Recebimento.

No que se refere ao paga-mento aos fornecedores, a Klabin mostrou uma redu-ção em seu Prazo Médio de Pagamento de 52 dias em 2015 para 38 dias em 2017. Nesse mesmo perí-odo, a Suzano apresentou estabilidade nesse indica-dor e a Fibria observou um aumento expressivo do seu Prazo Médio de Pagamento a partir de 2016. Esse aumento é devido ao con-trato de aquisição de celu-lose firmado com a Klabin (com prazo de pagamento em até 360 dias). De 2015 para 2016, o saldo da conta Fornecedores da Fibria aumentou de R$ 668 milhões para R$ 1,8

bilhão, sendo que, dessa variação, cerca de R$ 740 milhões referem-se às compras de celulose asso-ciadas ao contrato com a Klabin.

Assim como acon-tece com o Prazo Médio de Estocagem, o cál-culo do Prazo Médio de Pagamento a Fornecedores na empresa industrial tam-bém apresenta problemas. Segundo Martins (2017), o problema central consiste na utilização do Custo dos Produtos Vendidos (CPV), uma vez que nessa conta há mão-de-obra, encar-gos sociais, depreciações, energia, água, aluguéis, etc.

O comportamento dos prazos operacionais dis-cutidos acima (estoca-gem, recebimento e paga-mento) determina o Ciclo Financeiro (ou Ciclo de Conversão de Caixa) das companhias. Esse Ciclo é de fundamental importân-cia, pois se trata do perí-odo que a Companhia pre-cisa financiar o seu capital de giro com fontes de financiamento que exigem um retorno sobre o capital aportado (empréstimos e

financiamentos, debêntu-res e capital dos acionistas).

No caso da Klabin, houve uma redução de aproxi-madamente 13 dias no Ciclo Financeiro de 2014 a 2017. O principal fator, conforme já destacado, foi a redução do prazo médio de recebimento. Já a Suzano observou um aumento de aproximada-mente 8 dias em seu Ciclo Financeiro no mesmo período. Embora o Prazo Médio de Recebimento tenha apresentado esta-bilidade, o Prazo Médio de Estocagem aumentou cerca de 4 dias e o Prazo Médio de Pagamento apresentou uma redução de aproximadamente 3 dias. A Fibria, por sua vez, em virtude do aumento expressivo do Prazo Médio de Pagamento, apresen-tou forte redução do seu Ciclo Financeiro, que era de aproximadamente 78 dias em 2014 e pratica-mente zerou em 2017. Esse efeito é explicado em grande parte pelo contrato de aquisição de celulose produzida pela Klabin, conforme já mencionado.

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48 Revista do Instituto de Finanças FECAP

Considerando as três companhias do Setor de Papel e Celulose, a Klabin é aquela que possui a maior alavancagem com índice Dívida Líquida/EBITDA médio de 4,7 vezes no período de 2014 a 2017. A Companhia, no entanto, vem reduzindo gradativa-mente sua alavancagem financeira nos últimos três anos. Em 2015, a rela-ção Dívida Líquida/EBITDA da Klabin era de 6,25 e o EBITDA gerado não foi sufi-ciente para cobrir as des-pesas financeiras líquidas. Já no primeiro trimestre de 2018, a relação Dívida Líquida/EBITDA caiu para 3,75 e o índice de cober-tura de juros (EBITDA/Resultado Financeiro) pas-sou para 2,90. A Klabin e suas controladas não têm quaisquer contratos de financiamentos manti-dos na data das referidas informações financeiras que possuam cláusulas restritivas (covenants) que estabeleçam obrigações quanto à manutenção de

índices financeiros sobre as operações contratadas cujo descumprimento torne automaticamente exigível o pagamento da dívida.

A Suzano também redu-ziu sua alavancagem financeira. A relação Dívida Líquida/EBITDA, que era de 4,1 em 2014, caiu para 1,75 no pri-meiro trimestre de 2018. A cobertura de juros tam-bém apresentou evolução. Em 2015, as despesas financeiras líquidas consu-miam praticamente todo o EBITDA gerado. Já em 2016, a empresa apresen-tou Resultado Financeiro positivo e, no primeiro tri-mestre de 2018, a relação EBITDA/Resultado finan-ceira era de 9,7, situação amplamente confortável em termos de cobertura de juros. Em seu Relatório da Administração de 2017, a Suzano informa que as cláusulas de covenants financeiros que estabele-cem determinados níveis máximos de alavancagem

expressos (normalmente pela razão Dívida Líquida/EBITDA) estavam todos adimplentes. Em 2017, o custo médio da dívida da Suzano em reais foi de 6,9% a.a. ou 99,6% do CDI, e em dólar foi de 5,1% a.a. O prazo médio da dívida consolidada no encerramento de 2017 era de 84 meses.

A Fibria, após ter atin-gido o pico de 3,63 de alavancagem financeira (medida pela relação Dívida Líquida/EBITDA) no primeiro trimestre de 2017, também iniciou seu processo de desalavanca-gem a partir do segundo trimestre do mesmo ano. No primeiro trimestre de 2018, a relação Dívida Líquida/EBITDA era de 2,08 e o índice de cober-tura de juros (EBITDA/Resultado Financeiro) de 6,75 (em 2015 era de apenas 1,45). Alguns financiamentos da Fibria e suas controladas têm cláusulas (covenants) que

5.3.3. Indicadores de Endividamento

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49Ano I - nº02 - Novembro de 2018

5.3.4. Indicadores de Rentabilidade

determinam níveis máxi-mos de endividamento e alavancagem, bem como níveis mínimos de cober-tura de juros a vencer. Os covenants especificam que o índice de endividamento (Dívida Líquida/EBITDA) não pode exceder 4,5 vezes e que a Companhia deverá manter um nível mínimo de 1,0 de cober-tura de juros a vencer. No período analisado (2014 até o primeiro trimestre

Tendo em vista o perfil exportador da indústria de papel e celulose, a renta-bilidade das companhias desse setor é influenciada fortemente pela demanda do mercado internacio-nal. Além disso, há outros fatores relevantes, como, por exemplo, os preços do papel e da celulose prati-cados no mercado interna-cional, bem como o com-portamento da taxa de câmbio.

de 2018), não houve des-cumprimento dos cove-nants acordados. O prazo médio total da dívida da Fibria em 31/12/17 era de 60 meses, e o custo médio total da dívida medido em dólar era de 3,4% a.a.

Em 2016 (31/12/2016) e no primeiro trimestre de 2017 (31/03/2017), as três Companhias apresentaram Resultado Financeiro Positivo, o que

Com relação à Klabin, observa-se uma queda acentuada da margem bruta de 2014 a 2017. Nesse período, enquanto a Receita Operacional Líquida cresceu 71%, o lucro bruto cresceu ape-nas 22%. Um aspecto que merece atenção é a ques-tão da contabilização da variação do valor justo dos ativos biológicos. No caso da Klabin, essa varia-ção é contabilizada antes

torna o índice de cober-tura de juros (EBITDA/Resultado Financeiro) sem sentido, pois não há des-pesa financeira “líquida” a ser coberta. O Resultado Financeiro positivo nesse período deveu-se, prin-cipalmente, ao efeito da variação cambial na par-cela do endividamento atrelada ao dólar (que no ano de 2016 teve uma desvalorização de 17% frente ao real).

dos Custo dos Produtos Vendidos (influenciando, portanto, o lucro bruto) e no caso da Suzano e Fibria, essa variação é contabilizada como Outras Receitas/Despesas Operacionais (não influen-ciando, portanto, o lucro bruto). A margem bruta da Suzano e Fibria evoluíram positivamente de 2014 a 2017 com um pico em 2015.

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50 Revista do Instituto de Finanças FECAP

Com relação à mar-gem EBITDA, a Klabin apresentou uma margem média, de 2014 a 2017, de aproximadamente 34%, enquanto a Suzano e a Fibria apresentaram margens médias de 40% e 43%, respectivamente no mesmo período. É importante destacar que a margem EBITDA apre-sentada leva em conta o EBITDA “ajustado”, o qual é divulgado no Relatório da Administração das Companhias. Um dos principais ajustes realiza-dos diz respeito à variação do valor justo dos ativos biológicos (que não pos-sui “efeito caixa” e pode ser positiva ou negativa). Outro aspecto importante

Com relação à renta-bilidade patrimonial, de 2014 a 2017, o Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE) de todas as empre-sas analisadas apresen-tou forte volatilidade. Um

é que em função da repre-sentatividade da deprecia-ção, amortização e exaus-tão (que é extraída tanto do custo dos produtos ven-didos quanto das despesas operacionais) e da varia-ção cambial (que impacta o resultado financeiro), é possível que o EBITDA ajus-tado apresente um valor superior ao do lucro bruto. Por essa razão, em 2017, por exemplo, a margem EBITDA e a margem bruta da Klabin apresentaram valores semelhantes.

Um aspecto importante a ser considerado na aná-lise das margens de lucro das Companhias do setor de papel e celulose é que a margem líquida não

dos principais responsá-veis por essa volatilidade foi o resultado finan-ceiro das Companhias, expresso pelo Índice de Carga de Juros (que rela-ciona o Lucro antes dos

guarda relação relevante com a margem operacio-nal em função da rele-vância (e volatilidade) do Resultado Financeiro, dentro do qual a variação cambial é contabilizada. Em 2016, por exemplo, as três Companhias apre-sentaram margem líquida superior à margem ope-racional, pois obtiveram Resultado Financeiro for-temente positivo. Já em 2015, embora as três Companhia tenham apre-sentado margem opera-cional positiva (de 25% a 35%), a margem líquida mostrou-se negativa (como no caso da Klabin e Suzano) ou muito reduzida (com foi o caso da Fibria).

Juros e Imposto de Renda com o Lucro Operacional). Por um lado, quando esse indicador apresenta valor superior a 1 (Índice de Carga de Juros > 1), o Resultado Financeiro

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51Ano I - nº02 - Novembro de 2018

contribui positivamente para a rentabilidade da companhia. Por outro lado, quando esse indicador é inferior a 1 ou negativo, o Resultado Financeiro con-tribui negativamente para a rentabilidade.

De 2014 a 2017, é possí-vel observar uma forte osci-lação do Índice de Carga de Juros (ICJ) em todas as empresas analisadas. Em

Os preços das ações das companhias do Setor de Papel e Celulose apresen-taram forte volatilidade de 2014 a 2017, conforme pode ser observado nos gráficos abaixo. De janeiro de 2014 a dezembro de 2015, os papéis das três Companhias apresen-taram forte valorização. As ações preferenciais da Klabin (KLBN4) apre-sentaram valorização de 68% e as ações ordiná-rias da Suzano (SUZB3) e Fibria (FIBR3) apresenta-ram valorização de 102% e 105%, respectivamente, no período mencionado. No mesmo período, o Real apresentou forte desva-lorização em relação ao dólar norte-americano. Em janeiro de 2014, a

2015, por exemplo, todas as empresas apresenta-ram ICJ negativo (média de -0,61). Em 2016, por sua vez, todas elas apre-sentaram ICJ superior a 1 (média de 2,12). Já em 2017, houve nova inver-são de tendência e todas as empresas apresenta-ram ICJ menor do que 1 (média de 0,63). Apesar da volatilidade dos demais componentes do ROE

moeda norte-americana estava cotada a R$ 2,39/US$ e em janeiro de 2016 a cotação alcançou R$ 4,17/US$, uma desvalori-zação de cerca de 65% no período.

Como se trata de um setor fortemente voltado para a exportação, as Companhias apresentam uma receita em reais maior quando o Real se desvalo-riza em relação ao dólar. Após a cotação do dólar alcançar R$ 4,17/US$ em janeiro de 2016, a taxa de câmbio apresentou uma reversão de tendência até outubro de 2017, quando o Real passou a ser cotado próximo a R$ 3,20/US$. Ao longo do ano de 2016, os preços das ações das

(Carga Tributária, Margem Operacional, Giro do Ativo Total e Índice Ativo-Capital Próprio), é possível concluir que o Índice de Carga de Juros foi o componente que exerceu maior influência na volatilidade no Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE – Return on Equity) das empresas do setor de papel e celulose de 2014 a 2017.

três Companhias também apresentaram forte recuo, acompanhando o movi-mento da taxa de câmbio. As ações preferenciais da Klabin (KLBN3) apresenta-ram desvalorização de 23% no período e as ações ordi-nárias da Suzano (SUZB3) e Fibria (FIBR3) apresen-taram desvalorização de 22% e 37%, respectiva-mente. Em 16/03/2018, após o anúncio da fusão entre a Suzano e a Fibria, as ações da Suzano dispa-raram (uma valorização de 21% no dia) e as ações da Fibria despencaram (recuo de 10%), refletindo a rela-ção de troca acordada na combinação dos dois negócios.

5.4 Indicadores de mercado

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52 Revista do Instituto de Finanças FECAP

CÂMBIO (R$/US$)

5.5 Referências bibliográficas

Martins, Eliseu; Diniz, Josedilton Alves; Miranda, José. Análise avançadas das demonstrações contábeis. São Paulo: Atlas, 2017.

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53Ano I - nº02 - Novembro de 2018

GLOSSÁRIO

INDICADORES DE LIQUIDEZ

INDICADOR FÓRMULA INTERPRETAÇÃO

Capital de Giro Líquido (CGL)

Ativo circulante - Passivo circulante

Sendo positivo, significa que a empresa possui mais aplicações que fontes de financiamento no curto prazo, ou seja, o passivo circulante financia parte do ativo circulante e o restante é financiado por passivos de longo prazo ou pelo patrimônio líquido. *

CGL / Ativo Circulante

Ativo circulante - Passivo circulante

Ativo circulante

×100

Mede a porcentagem do ativo circulante que é financiada por fontes de longo prazo. **

Índice de Liquidez Corrente

Ativo circulante

Passivo circulante

Mostra o quanto a empresa possui de recursos de curto prazo (ativo circulante) para cada real de dívidas de curto prazo (passivo circulante). *

Índice de Liquidez SecaAtivo circulante - Estoques

Passivo circulante

Mostra o quanto a empresa possui de ativos líquidos para cada real de dívida de curto prazo. *

Índice de Liquidez Imediata

Disponível

Passivo circulante

Mostra a parcela das dívidas de curto prazo (passivo circulante) que poderiam ser pagas imediatamente por meio dos valores relativos a caixa e equivalentes de caixa (disponível). *

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54 Revista do Instituto de Finanças FECAP

INDICADOR FÓRMULA INTERPRETAÇÃO

Giro do Estoque360

Prazo Médio de Estocagem

Expressa o número de vezes que o estoque foi renovado no ano.

*****

Prazo Médio de Estocagem

Estoque médio

Custo das mercadorias vendidas diário

Representa, na empresa industrial, o tempo de produção

e estocagem;

Prazo Médio de Recebimento

Contas a receber médio

Receita operacional bruta diária

Expressa o tempo decorrido entre a venda e o recebimento.

*****

Prazo Médio de Pagamento

Fornecedores médio

Custo diário das mercadorias vendidas

Expressa o tempo decorrido entre a compra e o pagamento

aos fornecedores. *****

Ciclo OperacionalPrazo médio de estocagem + Prazo médio

de recebimento

Representa o tempo decorrido entre a compra e o recebimento da venda da mercadoria. *****

Ciclo Financeiro Ciclo operacional - Prazo médio de pagamento

Representa o tempo decorrido entre o pagamento ao

fornecedor e o recebimento das vendas. *****

Giro do Ativo TotalReceita operacional líquida

Ativo total médio

Indica a eficiência com que a empresa utiliza os seus ativos

para gerar vendas. ****

INDICADORES DE ATIVIDADE

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55Ano I - nº02 - Novembro de 2018

INDICADOR FÓRMULA INTERPRETAÇÃO

Índice de Endividamento Geral

Passivo circulante + Passivo não circulante

Ativo total

×100

Mensura a proporção de capital de terceiros (tanto

operacional como financeiro) no financiamento dos ativos. **

Dívida Líquida / EBITDA

Passivo oneroso - Disponível

EBITDA

Indica o número de anos de geração “potencial” de caixa

das operações requeridos para pagar todas as dívidas onerosas

da empresa. **

EBITDA / Resultado Financeiro

EBITDA

Resultado financeiro

Mensura a capacidade da empresa em honrar o serviço da dívida, isto é, as despesas

financeiras decorrentes do endividamento. **

Dívida Líquida / PLPassivo oneroso - Disponível

PL

Compara o uso do capital financeiro de terceiros

(empréstimos e financiamentos) com o uso de capital próprio

(capital sócios). **

Índice Ativo / Capital Próprio

Ativo total médio

Patrimônio líquido médio

Quociente entre o ativo total e o patrimônio líquido da empresa

(indica quanto a empresa possui no ativo total para cada $ 1,00

de capital próprio). ****

INDICADORES DE ENDIVIDAMENTO

x100

x100

x100

x100

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56 Revista do Instituto de Finanças FECAP

INDICADOR FÓRMULA INTERPRETAÇÃO

Margem BrutaLucro bruto

Receita operacional líquida

Mede a porcentagem de cada unidade monetária de vendas

que permanece após a empresa deduzir o valor dos bens

vendidos. ****

Margem EBITDAEBITDA

Receita operacional líquida

Mede a porcentagem de cada unidade monetária de vendas remanescente após a dedução de todos os custos e despesas, exceto depreciação, amortização, juros e impostos.

****

Margem Operacional (EBIT)

Lucro operacional

Receita operacional líquida

Mede a porcentagem de cada unidade monetária de vendas remanescente após a dedução de todos os custos e despesas, exceto juros e impostos. ****

Margem LíquidaLucro líquido

Receita operacional líquida

Mede a porcentagem de cada unidade monetária de vendas remanescente após a dedução de todos os custos e despesas, inclusive juros e impostos. ****

Índice de Carga Tributária

Lucro líquido

Lucro antes do imposto de renda (LAIR)

Representa a relação entre o lucro líquido e o lucro antes

do imposto de renda. Quanto menor for a carga tributária, maior será essa relação. ***

Índice de Carga de Juros

Lucro antes do imposto de renda (LAIR)

Lucro operacional”

Representa a relação entre o lucro antes do imposto de renda e o lucro operacional (EBIT). Quanto menor for a

carga de juros, maior será essa relação. Empresas com resultado

financeiro positivo terão essa relação maior do que um. ***

Retorno sobre o PL (ROE)

Lucro líquido

Patrimônio líquido médio

Mede o retorno percentual obtido sobre o investimento dos

acionistas na empresa. ****

INDICADORES DE RENTABILIDADE

x100

x100

x100

x100

x100

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57Ano I - nº02 - Novembro de 2018

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

* Martins, Eliseu; Diniz, Josedilton Alves; Miranda, José. Análise didática das demons-trações contábeis. São Paulo: Atlas, 2014.

** Málaga, Flávio K. Análise de Demonstrativos Financeiros e da Performance Empresarial. 2ª ed. São Paulo: Saint Paul Editora, 2012.

*** Interpretação adaptada de Bodie, Zvi; Kane, Alex; Marcus, Alan, J. Investimentos. Porto Alegre: AMGH, 2010.

**** Gitman, L. J. Princípios de Administração Financeira. 12ª ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010.

***** Matarazzo, D. C. Análise Financeira de Balanços. 7ª ed. São Paulo: Atlas, 2010.

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58 Revista do Instituto de Finanças FECAP

6. NÚCLEO DE APOIO FISCAL E CONTÁBIL – NAF Conheça um pouco mais sobre essa atividade

O NAF - Núcleo de Apoio Contábil e Fiscal, “escritó-rio” da Receita Federal que oferece assistência tributá-ria e fiscal aos contribuin-tes, foi instituído em 2016 na FECAP, tendo sua ativi-dade ampliada em 2018. É uma iniciativa internacio-nal, com representantes em vários países da América Latina. Só em SP são 47 núcleos semelhantes.

O principal objetivo do NAF é promover uma inte-ração maior entre a Receita Federal, as IES, os alunos e a sociedade, propiciando, por meio da cooperação mútua, a qualificação de futuros profissionais e a prestação de serviços fis-cais aos contribuintes

hipossuficientes, com vistas ao fortalecimento da ima-gem de ambos perante a sociedade e ao desenvolvi-mento da moral tributária e da cidadania.

Na FECAP, a atividade é desenvolvida por meio do Instituto de Finanças e tem como Coordenador o Prof. Dr. Tiago Slavov, especia-lista na área tributária. O NAF conta atualmente com 1 estagiário fixo, que atende todos os dias das 13h às 18h, além de alu-nos voluntários que con-tribuem quando o volume de atividades é grande, como é o caso do período auxilio ao preenchimento da Declaração do Imposto de Renda. Somente no

período de abril, o NAF realizou 245 atendimentos de orientação do IRPF, con-tando com o envolvimento de professores e 37 alunos, que totalizaram 320 horas de serviços prestados.

Além do atendimento ao IRPF, no mês de maio, o NAF passou a orien-tar o preenchimento da Declaração Anual do M i c r o e m p r e e n d e d o r Individual. Em junho, segundo programa de ati-vidades da Receita Federal, o NAF dedicará atenção às operações de Comércio Exterior desenvolvidas pelo MEI (Microempreendedor Individual).

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59Ano I - nº02 - Novembro de 2018

No formato de parce-ria proposto pela Receita Federal, a FECAP fica res-ponsável pela mobilização dos alunos nas capacita-ções promovidas pela RFB que versem sobre obriga-ções tributárias e/ou adu-aneiras, disponibilizando também espaço físico e equipamentos para a insta-lação do NAF. Já a Receita Federal presta assistên-cia técnico-tributária na implantação, execução e acompanhamento do NAF, auxiliando na capacitação dos estudantes em temas tributários.

É oportuno observar que o NAF é um projeto de extensão que possui vasto campo de crescimento, possibilitando a interface

entre acadêmicos de vários cursos, como tam-bém a ampliação do por-tfólio de serviços relativos aos tributos federais, auxi-liando a comunidade de forma gratuita, bem como a promoção de atividades de conscientização para diferentes públicos dentro e fora da FECAP.

Assim, a ideia central do NAF é atuar em três fren-tes: a primeira refere-se à orientação e atendimento gratuito de contribuintes de baixa renda, micro e pequenas empresas, com dificuldades em realizar os procedimentos legais frente à RFB, seja por falta de informação e conheci-mento, seja por falta de adequação às tecnologias.

A segunda refere-se à educação fiscal por meio de ações na sociedade, promovidas pelas IES em conjunto com a RFB, pro-movendo a consciência cidadã e da moralidade tributária.

A última refere-se a pro-porcionar aos acadêmicos o acesso à prática profis-sional, inclusive com inter--relacionamento com o Órgão, por meio de cur-sos e de uma plataforma de interação (Cuboz/NAF). Enfim, objetiva atuar na colaboração da formação de profissionais da área financeira com visão da função social dos tributos e dos direitos e deveres associados à legislação tributária.

Receita Operacional bruta deduzida das devoluções de vendas.

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60 Revista do Instituto de Finanças FECAP

7. FECAP GENESIS BLOCK Um novo grupo com um olhar adiante

O FECAP Genesis Block foi criado em março de 2018 com o objetivo de desenvolver e disseminar conhecimento crítico sobre Blockchain, a tecnologia por trás das moedas digi-tais e que pode ser des-tacada entre as principais inovações desde o surgi-mento da internet.

Nossa missão é reduzir a distância entre a universi-dade e a sociedade, entre o universo acadêmico e o mundo dos negócios, por meio da educação, do estímulo à pesquisa de alto impacto e de um processo permanente de aproximação e de troca

de informações entre estu-dantes, professores, pes-quisadores, operadores de tecnologia, executivos e formuladores de políticas públicas. Acreditamos que podemos contribuir para um mundo melhor, edu-cando e treinando as pró-ximas gerações de líderes para a busca de soluções negociadas de conflitos, conectando universidade, sociedade, governos, negócios e tecnologia, com o objetivo de promo-ver a inclusão social.

O FECAP Genesis Block está comprometido com o alcance de metas de longo prazo e com a criação de

valores para a Instituição, alunos, professores e parceiros institucionais. Liderado por uma equipe de professores-pesqui-sadores qualificados e com suporte de operado-res internacionais conec-tados com a tecnologia Blockchain, o grupo reúne, também, talentosos estu-dantes dos cursos de gra-duação, pós-graduação e mestrado, com ricas e diversificadas experiências em tecnologia.

O FECAP Genesis Block acredita que o Blockchaim technology tem potencial para proporcionar uma nova era de inovação

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disruptiva, oferecendo uma oportunidade única para um vigoroso ciclo de desenvolvimento (e não apenas de cresci-mento econômico) para as nações, seja no âmbito dos negócios, seja da vida democrática ou da inclu-são social.

O Blockchain tem poten-cial para apoiar o cresci-mento das fintechs e para incluir nos serviços finan-ceiros uma vasta popula-ção sem acesso ao sistema bancário tradicional. Mas o Blockchain não se limita a isso. Ele pode facilitar a cooperação internacional

e a solução de conflitos, pode fortalecer a demo-cracia, promovendo elei-ções mais limpas e ajudar no combate à corrupção, aperfeiçoando os meca-nismos de accountability da sociedade sobre os governos.

Nossos Estudos e Pesquisas:

Os membros do FECAP Genesis Block têm discutido e trabalhado com os seguintes temas:

Aspectos tecnológicos - Blockchain

Aspectos Legais – Blockchain e Criptomoedas.

Aspectos regulatórios – Blockchain e Criptomoedas.

Nosso Time:

Encontre-nos aqui ou envie um e-mail para: [email protected]

www.genesisblock.fecap.br

Allexandro Mori

Joelson Sampaio

Augusto Galery

Juliana Inhasz

Édson Barbero

Míriam Pires

Husam Abboud

Tiago Slavov

Jésus Gomes

Vinícius Brunassi

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62 Revista do Instituto de Finanças FECAP

Foto: MIT News

8. ENTREVISTA COM O PROFESSOR HEITOR ALMEIDA: Brasileiros e Pesquisas em Finanças

Alcançar uma carreira internacional de prestígio não é uma tarefa sim-ples. Na academia, em especial, pesquisadores precisam entregar resulta-dos inovadores por meio de pesquisa de ponta. Providos de rigor científico, tais resultados são julga-dos e precisam demons-trar avanço considerável para a área de estudo. Em finanças a situação não é diferente.

Instituições de referência internacional competem pela contratação de pes-quisadores talentosos para compor o corpo docente. Dessa forma, brasileiros

com carreira promissora em pesquisa despertam o interesse de centros aca-dêmicos de excelência em diferentes países. Em finanças, podemos aferir um conjunto de pesquisa-dores brasileiros desen-volvendo pesquisa de alto nível em escolas de negócio e economia de elevado prestígio, como MIT, UC-Berkeley, London School of Economics, Cornell, University of Illinois, University of Cambridge, Washington University, Rochester, entre outras.

Com o propósito de incentivar a realização

de pesquisas inovado-ras na área de finanças, a Sociedade Brasileira de Finanças é responsá-vel pela organização de um evento que se tornou referência para a área, conhecido como Encontro Brasileiro de Finanças (EBFin). O principal objetivo do evento é desenvolver e disseminar conhecimentos que resultem no aprimo-ramento e na elevação da qualidade da pesquisa e de práticas relacionadas a área de finanças.

Em julho de 2018, a FECAP recebeu o XVIII EBFin, que contou com palestran-tes de reconhecimento

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internacional na área de finanças. Dentre eles, o brasileiro Heitor Almeida, PhD em economia pela University of Chicago, pes-quisador e professor de finanças da Gies College of Business – University of Illinois. O Instituto de Finanças FECAP aprovei-tou a oportunidade para conversar com o profes-sor Heitor Almeida e aferir quais são as principais difi-culdades encontradas por pesquisadores brasileiros para o desenvolvimento de pesquisas de ponta. Para ele, o pesquisador bra-sileiro precisa estreitar o relacionamento com pes-quisadores de ponta de outros lugares. Além disso, apresentar resultados con-siderando bases de dados ainda não exploradas é crucial. Confira os princi-pais trechos da entrevista.

Instituto de Finanças FECAP: Qual sua percep-ção sobre a participação de brasileiros (no geral) em pesquisas de fronteira na área de finanças?

Heitor Almeida: Com pequenas exceções, somente os brasileiros que estão fora participam. Considero muito difícil

fazer isso do Brasil.

Instituto de Finanças FECAP: Você acredita que um pesquisador que con-cluiu seu doutorado e tra-balha no Brasil pode rea-lizar pesquisa de ponta na área de finanças?

Heitor Almeida: Com certeza, mas acredito que o desafio é grande. O pes-quisador encontrará um conjunto de dificuldades que terá de superar. Por exemplo, no Brasil o con-tato com pesquisadores de ponta para orientar e criti-car trabalhos é limitado.

Instituto de Finanças FECAP: Como podería-mos melhorar a formação do pesquisador em finan-ças no Brasil?

Heitor Almeida: Colocar os alunos em contato com pesquisadores de ponta que estão publicando em top journals. Isso pode ocorrer através de cursos, mini-cursos, etc, como eu faço no Insper todo ano.

Instituto de Finanças FECAP: De que maneira os principais periódi-cos em finanças recebem artigos que apresentam

pesquisas com dados bra-sileiros? Apresentar uma base de dados desconhe-cida dificulta a aprovação do artigo?

Heitor Almeida: Isso já acabou. Existem, por exem-plo, vários papers recentes usando dados de trabalho do Brasil. O importante é ter dados únicos, o país importa pouco.

Instituto de Finanças FECAP: Quais os princi-pais desafios para publicar em top journals de finan-ças hoje?

Heitor Almeida: Elevada competição. Em adição, é preciso reconhecer que os padrões estão bem elevados.

Instituto de Finanças FECAP: Como um aluno de graduação pode se pre-parar para uma carreira de pesquisa em finanças? O que é fundamental?

Heitor Almeida: Ele pre-cisará cursar um bom dou-torado. Em adição, penso ser importante fazer con-tato direto com pesquisa-dores que podem colocar o aluno no caminho certo.

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