eqm - você acredita em ressurreição?

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BOM DIA BAURU - DOMINGO / 8 DE ABRIL DE 2012 8 BOM DIA BAURU - DOMINGO / 8 DE ABRIL DE 2012 9 Pesquisador separa estudos dos conceitos espíritas Marco Antonio do Nascimento. Ele é voluntário do Instituto há 19 anos e chama a atenção para o caráter laico das pesqui- sas. “Muita gente confunde com religião. Até estudamos fenô- menos semelhantes ao espiri- tismo, mas os caminhos são di- ferentes.” Marco Antonio lembra que o que prevalece é o método de hipótese e experimento. Segundo os pesquisadores da área, há três tipos de proje- ção: a espontâneo, a voluntária e a forçada - caso da EQM. Para eles, a projeção voluntária é possível após treino. Entre os assuntos pesquisa- dos estão a sensação de estar fora do corpo, a premonição, in- tuição, telepatia, interação extra- física e retrocognição (memória de vidas passadas). n A EQM (Experiência de Qua- se-Morte) é apenas um dos assuntos pesquisados no cam- po da Conscienciologia, ciência proposta em 1994 pelo médico e médium Waldo Vieira. O médico é co-fundador do IIPC (Instituto Internacional de Projeciologia e Conscienciolo- gia), onde concentram-se estu- dos sobre a manifestação da consciência além do cérebro fí- sico e do corpo humano. As pesquisas concentram-se no modelo mostrado na arte abaixo. “A consciência pode se manifestar em três níveis: o so- ma, o psicossoma e o mentalso- ma. Elas acontecem dentro e fora do corpo. Nosso desafio é estu- dar o que acontece nos níveis mais avançados de consciência”, explica o pesquisador e coorde- nador do IIPC em São Paulo, dia a dia CIÊNCIA a ter alucinações. “Esses relatos (de EQM) po- dem ser um sintoma de baixo fluxo sanguíneo cerebral ou baixa glicose”, diz Reginaldo Boni. Para uma ala da medici- na, o indivíduo pode ter passa- do apenas por um estado de confusão mental. A EQM reúne características comuns nos relatos de quem já viveu. Uma luz branca, um tú- nel, sensação de paz, retrospec- tiva da vida. Para o especialista em Conscienciologia e Projecio- logia, Marco Antonio do Nasci- EQM (Experiência de Quase-Morte) acontece com pacientes quase terminais, sobreviventes da morte clínica, que contam que estiveram em “outro mundo”. No dia em que a religião celebra a ressurreição de Cristo, BOM DIA traz a opinião de um especialista sobre EQM, um médico e duas pessoas que passaram por isso Maria Clara Lima Agência BOM DIA V ocê acreditaria em al- guém que dissesse que saiu de seu corpo, quase morreu, viu uma porção de coisas de um “outro mundo” e agora está vivo e saudável? Pois é. A EQM (Experiência de Quase-Morte) divide opinião de especialistas. Trata-se de uma experiência de quem este- ve muito perto da morte, teve contato com “uma vida pós- morte”, mas voltou a seu corpo. Para a medicina convencio- nal, o conceito de morte é claro. A vida termina quando não há mais atividade cerebral. Reginaldo Boni, coordenador dos serviços de captação de Ór- gãos e Tecidos da Santa Casa de São Paulo, explica que, em caso de parada cardíaca ou acidentes graves, a dificuldade em respi- rar e a ansiedade extrema po- dem ocasionar falta de oxigênio no cérebro, levando o paciente n O agente operacional Sebastião Fausto Angelim, 38 anos, quase morreu em um acidente de moto na Paraíba. Do tempo que ele passou no hospital e das nove horas que ficou no Centro Cirúrgico, Tião - como é conhecido -, lembra apenas da experiência que mu- dou a sua vida. A brutalidade do choque do seu corpo contra o as- falto lhe tirou a capacidade de sentir cheiro, gosto e escutar com clareza. Mas para ele, a vida ganhou outro sentido depois de en- carar a morte de perto. A educadora Lucy Lutfi, 76, transformou os eventos de suas EQMs em uma livro chamado “Voltei Para Contar”(Ed. Editares), lançado em 2006. Ela o define como parte de sua missão em ex- plicar os fenômenos da projeção e os mistérios da consciência. Ela relata que desde os 9 anos já passava por situações de projeção espontânea e era repreendida pelos familiares que não a entendia. O BOM DIA falou com os dois. Veja os principais trechos dos relatos. Lucy Lutfi, 76 anos Desde criança eu tinha experiência de projeção, mas na época eu não entendia bem. Tive duas Experiência de Quase-Morte. Uma em 1972 e a outra em 1980. A primeira foi um choque, mas não senti medo. Cai no mar e vi meu corpo batendo contra as pedras, depois vi a minha inteira vida passar como um filme até sentir que eu tinha que voltar por causa da minha mãe. Ela precisava de mim. Na segunda vez, durante uma cirurgia, eu ouvi o médico dizer ‘ela morreu’. Fiquei pairando no alto do centro cirúrgico, mas sabia que a minha hora não havia chegado Fui para uma sala onde pessoas cuidavam de mim. Eu estava muito aflito. Não sabia o que estava acontecendo, apenas que estava passando por um momento difícil. Vi meu tio e minha tia, que já haviam morrido, eles estavam ao meu lado. Passei por um corredor e cheguei até um lugar que parecia uma recepção. Lá, cumprimentei uma mulher, que me passou um sentimento de paz. Nunca vou esquecer disso, vou contar para os meus netos. Quando acordei, senti vontade de cantar mento, o que acontece nesses casos é que a consciência é pro- jetada para fora do corpo e a pes- soa é capaz de vivenciar o mun- do intra e extra-físico. “As pes- soas que passam por isso não são loucas ou estão mentindo”, diz. Marco Antonio explica que a EQM é como um acidente e muitas pessoas não estão prepa- radas para ver o mundo com es- sa perspectiva. O especialista es- tuda a possibilidade da cons- ciência interagir fora do corpo, como nos casos da EQM De acordo com o psicólogo clínico Julio Peres, a morte ain- da é um tabu na sociedade. Nin- guém fala de morte até estar de frente com ela. Para o psicólogo, pessoas que afirmam ter tido alguma espécie de EQM preci- sam ser ouvidas, e não critica- das. “A possibilidade da morte é uma experiência intensa e qua- se sempre confusa”. Para Julio Peres, quem passou por esse tipo de experiência deve ser encorajado a conversar com outras pessoas sobre o assunto. Os relatos de quem viveu isso Sebastião Fausto, 38 anos Você acredita em ressurreição? ressurreição? POLÊMICA “As pessoas que passam por isso não são loucas e nem estão mentindo” _ Marco Antonio Coordenador do Instituto de Projeciologia e Con s cienciolo g ia Divulgação

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Matéria sobre a experiência quase morte

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BOM DIA BAU R U - DOMINGO / 8 DE ABRIL DE 20128 BOM DIA BAU R U - DOMINGO / 8 DE ABRIL DE 2012 9

Pesquisador separa estudosdos conceitos espíritas

Marco Antonio do Nascimento.Ele é voluntário do Instituto

há 19 anos e chama a atençãopara o caráter laico das pesqui-sas. “Muita gente confunde comreligião. Até estudamos fenô-menos semelhantes ao espiri-tismo, mas os caminhos são di-fe re nte s . ”

Marco Antonio lembra que oque prevalece é o método dehipótese e experimento.

Segundo os pesquisadoresda área, há três tipos de proje-ção: a espontâneo, a voluntáriae a forçada - caso da EQM. Paraeles, a projeção voluntária épossível após treino.

Entre os assuntos pesquisa-dos estão a sensação de estarfora do corpo, a premonição, in-tuição, telepatia, interação extra-física e retrocognição (memóriade vidas passadas).

n A EQM (Experiência de Qua-se-Morte) é apenas um dosassuntos pesquisados no cam-po da Conscienciologia, ciênciaproposta em 1994 pelo médicoe médium Waldo Vieira.

O médico é co-fundador doIIPC (Instituto Internacional deProjeciologia e Conscienciolo-gia), onde concentram-se estu-dos sobre a manifestação daconsciência além do cérebro fí-sico e do corpo humano.

As pesquisas concentram-seno modelo mostrado na arteabaixo. “A consciência pode semanifestar em três níveis: o so-ma, o psicossoma e o mentalso-ma. Elas acontecem dentro e forado corpo. Nosso desafio é estu-dar o que acontece nos níveismais avançados de consciência”,explica o pesquisador e coorde-nador do IIPC em São Paulo,

dia a dia CI Ê NCIA

a ter alucinações.“Esses relatos (de EQM) po-

dem ser um sintoma de baixofluxo sanguíneo cerebral oubaixa glicose”, diz ReginaldoBoni. Para uma ala da medici-na, o indivíduo pode ter passa-do apenas por um estado deconfusão mental.

A EQM reúne característicascomuns nos relatos de quem jáviveu. Uma luz branca, um tú-nel, sensação de paz, retrospec-tiva da vida. Para o especialistaem Conscienciologia e Projecio-logia, Marco Antonio do Nasci-

EQM (Experiência de Quase-Morte) acontece com pacientes quase terminais, sobreviventes da morte clínica,que contam que estiveram em “outro mundo”. No dia em que a religião celebra a ressurreição de Cristo,BOM DIA traz a opinião de um especialista sobre EQM, um médico e duas pessoas que passaram por isso

Maria Clara LimaAgência BOM DIA

Você acreditaria em al-guém que dissesseque saiu de seu corpo,quase morreu, viuuma porção de coisas

de um “outro mundo” e agoraestá vivo e saudável?

Pois é. A EQM (Experiência deQuase-Morte) divide opiniãode especialistas. Trata-se deuma experiência de quem este-ve muito perto da morte, tevecontato com “uma vida pós-morte ”, mas voltou a seu corpo.

Para a medicina convencio-nal, o conceito de morte é claro.A vida termina quando não hámais atividade cerebral.

Reginaldo Boni, coordenadordos serviços de captação de Ór-gãos e Tecidos da Santa Casa deSão Paulo, explica que, em casode parada cardíaca ou acidentesgraves, a dificuldade em respi-rar e a ansiedade extrema po-dem ocasionar falta de oxigêniono cérebro, levando o paciente

n O agente operacional Sebastião Fausto Angelim, 38 anos, quasemorreu em um acidente de moto na Paraíba. Do tempo que elepassou no hospital e das nove horas que ficou no Centro Cirúrgico,Tião - como é conhecido -, lembra apenas da experiência que mu-dou a sua vida. A brutalidade do choque do seu corpo contra o as-falto lhe tirou a capacidade de sentir cheiro, gosto e escutar comclareza. Mas para ele, a vida ganhou outro sentido depois de en-carar a morte de perto.

A educadora Lucy Lutfi, 76, transformou os eventos de suasEQMs em uma livro chamado “Voltei Para Contar” (Ed. Editares),lançado em 2006. Ela o define como parte de sua missão em ex-plicar os fenômenos da projeção e os mistérios da consciência. Elarelata que desde os 9 anos já passava por situações de projeçãoespontânea e era repreendida pelos familiares que não a entendia.

O BOM DIA falou com os dois.Veja os principais trechos dos relatos.

Lucy Lutfi, 76 anos

“”

Desde criança eu tinha experiência deprojeção, mas na época eu não entendia bem.Tive duas Experiência de Quase-Morte. Umaem 1972 e a outra em 1980. A primeira foi umchoque, mas não senti medo. Cai no mar e vimeu corpo batendo contra as pedras, depoisvi a minha inteira vida passar como um filmeaté sentir que eu tinha que voltar por causa daminha mãe. Ela precisava de mim. Na segundavez, durante uma cirurgia, eu ouvi o médicodizer ‘ela morreu’. Fiquei pairando no alto docentro cirúrgico, mas sabia que a minha horanão havia chegado

“”“”

Fui para uma sala onde pessoas cuidavam demim. Eu estava muito aflito. Não sabia o que

estava acontecendo, apenas que estavapassando por um momento difícil. Vi meu tio

e minha tia, que já haviam morrido, elesestavam ao meu lado. Passei por um

corredor e cheguei até um lugar que pareciauma recepção. Lá, cumprimentei uma

mulher, que me passou um sentimento depaz. Nunca vou esquecer disso, vou contarpara os meus netos. Quando acordei, senti

vontade de cantar

“”

mento, o que acontece nessescasos é que a consciência é pro-jetada para fora do corpo e a pes-soa é capaz de vivenciar o mun-do intra e extra-físico. “As pes-soas que passam por isso não sãoloucas ou estão mentindo”, diz.

Marco Antonio explica que aEQM é como um acidente emuitas pessoas não estão prepa-radas paraver omundo comes-sa perspectiva. O especialista es-tuda a possibilidade da cons-ciência interagir fora do corpo,como nos casos da EQM

De acordo com o psicólogoclínico Julio Peres, a morte ain-da é um tabu na sociedade. Nin-guém fala de morte até estar defrente com ela. Para o psicólogo,pessoas que afirmam ter tidoalguma espécie de EQM preci-sam ser ouvidas, e não critica-das. “A possibilidade da morte éuma experiência intensa e qua-se sempre confusa”.

Para Julio Peres, quem passoupor esse tipo de experiência deveser encorajado a conversar comoutras pessoas sobre o assunto.

Os relatos de quem viveu isso

Sebastião Fausto,38 anos

Você acredita emre s s u r re i çã o ?re s s u r re i çã o ?

P OL Ê M ICA

“As pessoas quepassam por isso nãosão loucas e nemestão mentindo”

_ Marco AntonioCoordenador do Institutode Projeciologia eCon s cienciolo g ia

D i v

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