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  • 7/25/2019 Epistemologia da comunicao e da democracia: a centralidade da comunicao no processo poltico

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    7Revista Novos Olhares - Vol.1 N.1

    Epistemologia da Comunicao

    na Democracia: a centralidade

    do conceito de comunicao na

    anlise dos processos polticos

    Luiz SignatesProfessor do PPG em Comunicaoda Universidades Federal de Gois

    e da graduao em Comunicao daPoncia Universidade Catlica deGois. Coordenador dos Ncleos dePesquisa em Comunicao, Polcae Cidadania (UFG) e Comunicaoe Cidadania (PUC). Doutor emComunicao pela ECA/USP.E-mail: [email protected].

    1 Este trabalho foi originalmenteapresentado ao Grupo de TrabalhoEpistemologias da Comunicao do XXEncontro da Comps, na UniversidadeFederal do Rio Grande do Sul, PortoAlegre, de 14 a 17 de junho de 2011.

    Resumo: As cincias sociais conferem ao conceito de comunicao um lugarsecundrio, a parr do qual os processos sociais so analisados sem que se d sinstucionalidades e processos comunicacionais a relevncia que lhes deve ser

    conferida, especialmente ao se avaliar as sociedades contemporneas, altamentecapilarizadas pelas tecnologias de comunicao. Este trabalho busca discur essaproblemca e efetua, a parr dela, uma experimentao terica no campo decongidade das cincias polcas, buscando dar comunicao uma centralidadetal, que se torne fortemente constuva da prpria noo de democracia.

    Palavras-Chave: Epistemologia da Comunicao. Comunicao e polca.

    Abstract: The Social Sciences set the communicaon concept down in a secondaryplace, resulng in an analysis of the social processes without the relevance requiredby the instucionalies and the communicaon processes, especially if one

    evaluates the contemporary sociees, highly capillarized by the communicaonstechnologies. The present paper proposes to discuss this issue and to provide atheorecal experimentaon on the eld of Polical Sciences conguity, aiming atgiving to communicaon a central role, so it can strongly become a constuvepart of the noon of democracy.

    Keywords: Communicaon epistemology, communicaon, polics.

    Introduo

    A questo de conferir centralidade ao conceito de comunicao, para a leiturade processos sociais que tenham a ver com o campo cienco da comunicao, uma das mais atuais problemcas com as quais tem se defrontado a discussoepistemolgica da comunicao no Brasil, em especial o GT de Epistemologiasda Comps1. A busca, nesse sendo, a de dar ao objeto da comunicao aconformao e a preponderncia que congurem uma possibilidade de descriodas realidades sociais capaz de dar alta considerao aos conceitos e categoriasde anlise dos processos comunicacionais, em seus prprios termos.

    Nesse sendo, busca-se, aqui, no apenas consolidar o campo de estudos, mastambm trabalhar na perspecva de temazar questes de interesse de outroscampos ciencos neste caso, o da cincia polca de forma a ressaltar, nainterdisciplinaridade construda, a contribuio efeva do campo da comunicaoao pensamento social como um todo. A compreenso, nesse sendo, a dedestacar que, especialmente no modo como se ordena o mundo contemporneo,a comunicao constui um conceito fundamental, que emerge como importantecategoria de anlise para interpretar os mais variados processos sociais.

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    O amplo problema que torna este debate necessrio parte do modo comoas cincias da comunicao so observadas, pela estruturao da cincia noBrasil hoje. Pelos critrios do CNPq, a comunicao classicada como cinciasocial aplicada. Evidentemente, tal categorizao tende a no levar em conta arelevncia terica das cincias da comunicao, como fundamento para as teoriassociais de base e para as cincias que se baseiam no vinculo social, tais como asociologia, a antropologia, a polca e a psicologia.

    A classicao do CNPq pode ser avaliada como decorrente do despresgioterico da disciplina e da fragilidade polca do campo, mesmo na granderea das cincias humanas e sociais. Alm disso, o adjevo aplicada pareceser decorrente de uma concepo na qual a comunicao vista como meradecorrncia do pensamento das cincias sociais como um todo, na condio deaplicao, ou instrumento, dentro de uma perspecva tendente ao tecnicismoou abordagem funcionalista.

    Evidentemente, essa concepo procede do prprio modo de funcionamento docampo, especialmente da forma como o ensino de comunicao foi estruturadoe das relaes, extremamente funcionais, do mundo acadmico da comunicao

    com o mercado de trabalho. Os cursos picos da rea, tais como o jornalismo,a publicidade e as relaes pblicas, so historicamente voltados para o ensinotcnico, dentro do qual o desenvolvimento do pensamento terico, quando no simplesmente visto como mera perda de tempo, prima pela supercialidade.

    A superao desse gap de desenvolvimento terico, sem perder a dimenso daaplicabilidade prca das diversas formas de comunicao, um dos desaosdo campo cienco da comunicao no Brasil hoje. preciso desenvolverconceitualmente a noo de comunicao, delimitando seu campo de estudose sua zona de denies, bem como especicar sua racionalidade especca edimensionar adequadamente o campo metodolgico de sua pesquisa. Este

    trabalho, sem qualquer pretenso exausva, pretende ser uma contribuio paraa superao desse gap.

    Dentro desta problemca, este argo efetua, primeiro, a crca da abordagemque as cincias sociais e polcas do ao conceito, ao trat-lo de forma subjunvae secundria, buscando evidenciar a situao de invisibilidade da comunicaonas disciplinas sociais, para, em seguida, experimentar a aplicao do conceito dimenso dos estudos da polca, e, destarte, buscar a reconstruo da noo dedemocracia a parr das questes comunicacionais.

    Comunicao nas cincias humanas e sociais: a invisibilidade de um conceito

    Ao se dizer que a disciplina e o campo cienco da comunicao carecem dearmao e autonomia, vrias coisas de fato esto sendo ditas. A primeira,de natureza conceitual e talvez a mais relevante, a de que nem mesmo ospensadores da rea sabem ao certo o que seja o objeto que dizem estudar. questo sobre o que signica comunicao, muito se diz, mas pouco se signica,pois, na maioria das vezes, outras teorias, exgenas ao campo, funcionam comobase para a construo das denies e dos usos tericos.

    Esta lma observao o mote para a segunda questo: os fundamentostericos das cincias da comunicao no se encontram em seu interior. As teoriasexplicavas vm dos sistemas tericos dotados histrica e epistemologicamentede maior presgio, no campo das cincias humanas e sociais, em especial dasreas da lingsca, da sociologia e da psicologia.

    Na verdade, essa condio de exogenia das bases tericas da comunicao no um problema em si. Signicam, talvez, que os diversos arsenais tericos dascincias sociais e humanas tm algo a dizer sobre o que ocorre nos processos

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    comunicacionais, que se desenvolvem verginosamente nas sociedadescontemporneas. Entretanto, o que se quesona, porquanto constui sintomada fragilidade terica do campo da comunicao, que, sempre que o conceitode comunicao comparece numa dessas descries tericas, o processocomunicacional em estudo no exsurge como centralidade daquilo que se estuda,e sim, como subjunvo, subalterno, na anlise feita.

    A comunicao, ento, no de fato descrita, ou explicada teoricamente.E sim serve como instrumento para conferir explicao para outros fatores,funcionando como lente para visualizar outros objetos. Essa caractersca daexogenia dos estudos sobre questes de interesse da comunicao no apenasexpressa a fragilidade do campo o que poderia ser julgado como uma mera edesimportante reivindicao polca, fruto do simples anseio dos pesquisadoresda rea de autoarmarem suas prprias idendades, na disputa pela legimidade,no vasto campo das cincias.

    A exogenia terica na verdade expressa um problema muito mais grave: osprocessos comunicacionais, que talvez se responsabilizem por grande partedas transformaes sociais, polcas e culturais do mundo contemporneo, no

    so explicadas em seus prprios termos. Caso esteja correto o juzo de que acomunicao mais do que simples aparato instrumental de outros processos,h que se combater o que pode ser chamado de invisibilidade do conceito decomunicao, ante outros conceitos e categorias mais presgiados ou ante objetosque no sejam o processo comunicacional, mesmo quando valores, relaes einstuies de comunicao estejam empiricamente envolvidas.

    Um exemplo ndo e quase absurdo, a parr do ponto de vista deste trabalho,para exemplicar esse carter de invisibilidade terico-conceitual, encontra-se,sem dvida, na lma grande teoria social produzida no sculo 20: a Teoria daAo Comunicava, de Jrgen Habermas (1981 e 1981a). A enorme e altamente

    consistente arculao terica do lsofo alemo foi capaz de produzir umateoria que trata pracamente de todas as grandes cincias do homem e produzenm uma teoria geral de sociedade ancorada no conceito de comunicao...sem tratar de mdia, nem de tecnologias de comunicao, nem de relaes sociaistecnologicamente mediadas...

    O que Habermas denominou comunicao foi o vnculo social lingiscamentemediado, desconsiderando, nesse movimento, o conceito de comunicao, talcomo formulado pela cincia especca. A limitao dessa apropriao conceitual visvel, para qualquer pesquisador que trabalhe a centralidade da comunicaocomo conceito fundamental e categoria de anlise para o entendimento dosprocessos sociais contemporneos.

    Ao desconhecer a comunicao, em seu sendo mais amplo, o autor alemocometeu o equvoco de submeter as relaes sociais ao vnculo estreito e originalda relao face-a-face, como j pontuara Thompson (1998), e, tambm, deixoude perceber os modos de formao das esferas pblicas, na medida em que seumodelo no tem pracidade categorial para surpreender as redes de comunicao,ou a linguagem em circulao, na complexa formao de imagens pblicas.

    Uma sociedade capilarizada por tecnologias de comunicao no pode serdescrita como uma sociedade anterior ao desenvolvimento dessas tecnologias,tal a transformao social que essas possibilidades, uma vez extensivamente

    ulizadas pelos sujeitos, para congurarem as prprias relaes. Sendo assim,no vivel pretender que as cincias da comunicao prossigam no nvel defragilidade terica em que se encontram.

    Esta a talvez a tarefa fundamental do campo cienco da comunicao,hoje. Como tentava de contribuio para isso, procurar-se- evidenciar alguns

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    dos elementos epistemolgicos e tericos que, para os efeitos deste trabalho,considera-se fundamentais: o conceito de comunicao e suas peculiaridadesaplicavas (no caso em pauta, na relao com a polca, em condio nosubalterna da arculao terica) e metodolgicas (ou seja, na conformaoespecca das pesquisas em comunicao, em termos gerais, e da comunicaopolca, de modo especco).

    A comunicao como campo autonomizado da modernidade

    A exigncia de uma conformao terica especca para a comunicao noadvm to somente do tratamento subjunvo das demais cincias humanas esociais, quando tratam dos processos e instuies de comunicao. Alis, essetratamento talvez seja to demonstravo da fragilidade do campo da comunicao,como o da incapacidade das cincias sociais tradicionais em tratar desse objeto.Mas, a questo no apenas esta.

    Tal necessidade terica procede do reconhecimento de que algo mudou, narealidade social das sociedades, com o desenvolvimento das tecnologias decomunicao e das redes de relaes sociais criadas a parr de ento. O que aqui

    foi chamado de capilarizao das tecnologias na inmidade da vida das pessoasparece ser o movimento signicavo, que, atravs de inmeras modalidades, vemse tornando cada vez mais profundo.

    O que parece importante ressaltar que os processos de comunicao, seantes puderam ser considerados vicrios ou instrumentais dos demais campossociais, ganharam forte autonomizao, a parr do desenvolvimento das novastecnologias de comunicao e toda a instucionalidade que acompanhou essemovimento.

    A idia de autonomizao dos campos da modernidade procede de Max Weber(1921). Um campo social qualquer se autonomiza, na medida em que as condies

    de legimidade e de referncia simblica para hierarquizao dos sujeitos que ocompem advm do interior e das regras do prprio campo, e no externamente.Com base nesse parmetro e de olho nas caracterscas da modernidade,Weber idencou trs racionalidades autonomizadas: a racionalidade cognivo-instrumental da cincia e da losoa; a racionalidade estco-expressiva dasartes; e a racionalidade moral-prca da religio e do Direito (Santos, 1995).

    A percepo de que o campo da comunicao se autonomiza foi intensamentetrabalhada por Lavina Ribeiro, para quem, na consolidao da esfera pblicamoderna, a comunicao se instucionalizou em um campo regido por umanormavidade prpria. Ora, se isso for verdadeiro, ento no suciente pensar

    a comunicao a parr da racionalidade especca dos demais campos, nemmesmo como um processo vicrio ou delegado, como teorizou AdrianoRodrigues (1990).

    A m de testar esta possibilidade, pode-se pensar que o campo da comunicaotrabalha perpassando as trs outras racionalidades. Nesse sendo, encontra-se aracionalidade moral-prca nas dimenses normava e polca da comunicao,abrindo a fecunda possibilidade dos estudos polcos e cos num momentohistrico em que o fazer polco implica visibilidade. De forma semelhante, aracionalidade cognivo-instrumental pode ser encontrada na dimenso cognivada comunicao, o que possibilita o estudo no s do funcionamento pedaggicodos meios ou da relao entre comunicao e educao, como tambm paraa apreenso da lgica econmica do funcionamento das instuies dessecampo. E, por m, a racionalidade estco-expressiva seria a que proporcionaas possibilidades de abordagem da comunicao como arte. Como se v,tal abordagem abre vias cuja pernncia no pode, de forma alguma, serdesconsiderada.

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    Em face dessas formulaes axiomcas, passa-se aqui ao debate sobre ascondies de possibilidade da democracia na comunicao e das relaesefevas, empiricamente analisveis, entre democracia e comunicao. Este argopretende enfeixar alguns corolrios das reexes anteriores, sintezados em trsprincipais, a saber: primeiro, a comunicao, no plano social, como modo de serda democracia; segundo, no plano polco, a comunicao como garandora doregime democrco; e, como conseqncia terica das duas razes anteriores,terceiro e lmo, no mbito das prcas governamentais, a comunicao comopolca pblica.

    Comunicao como modo de ser da democracia

    O conceito de democracia no , de forma nenhuma, simples, embora algumas desuas caracterscas possam ser considerada quase autoevidentes, tal a maneiracomo se conjugam signicao geral ou usual da palavra. As teorias a respeitono so unssonas, trabalham com diferentes categorias e nem sempre guardam aclareza necessria que permita armar, diante de um pas, ou governo ou regimequalquer, se ele ou no democrco. Neste trabalho, dar-se- preferncia a umasequncia simplicada de idias e argumentaes, que, evidentemente, no ter

    a pretenso de esgotar a temca, nem mesmo nos complexos aspectos em quese delineia no campo das cincias polcas. A pretenso adotar a abordagemque se mostrar mais sugesva para que se possa idencar a relao tericapossvel entre democracia e comunicao.

    O que vem a ser, anal, a democracia? Raro o autor que no principie a busca poruma denio consistente na prpria emologia da palavra, cujas origens remetemao vocbulo grego (demos), isto , povo. o que testemunha GuilhermoODonnel, ao armar que a palavra democracia, desde tempos imemoriais,recebeu fortes (mas diferentes) conotaes morais, todas fundamentadas em umaviso dos cidados como agentes (ODONNEL, 1999). A priorizao do cidado,

    do povo, da sociedade ante o Estado e as demais instuies, das bases sociaisperante as estruturas de poder, constui o fundamento inicial do signicado dedemocracia, qualquer seja a teorizao a que se venha a recorrer.

    Isso, contudo, de modo nenhum o bastante, caso se considere a complexidadecom que se organizam as democracias contemporneas, permeadas por diferenase recheadas de contradies, dentro das quais, especialmente na Amrica Lana,elementos modernos se misturam a heranas arcaicas e a liberdade entrecruze oautoritarismo sob as mais variadas formas.

    Os tericos em geral remetem a Schumpeter para denir a democracia a parr decertas regras, no que ele chama de mtodo democrco, denido como sendo

    um arranjo instucional para chegar a decises polcas pelas quais os indivduosadquirem o poder de decidir mediante uma compeo pelo voto popular(SCHUMPETER, 1942, p. 242). Esta denio acrescenta a questo instucional obrigatria, embora no exclusivamente, a relao Estado-sociedade e a tcnicado sufrgio.

    Outra categoria, de carter complementar a esta, foi apontada por AdamPrzeworski, segundo o qual democracia um sistema em que os pardos perdemeleies. H pardos, ou seja, divises de interesses, valores e opinies. H

    compeo organizada por regras. E h periodicamente vencedores e perdedores.(PRZEWORSKI, 1996, p. 10). O direito ao contraditrio e oposio, e a garana

    polca e instucional de que o voto popular e livre ser respeitado, na decisopela alternncia do poder, constuem fatores bsicos de caracterizao de umregime democrco, quaisquer sejam suas peculiaridades.

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    Seguindo nessa linha, em direo a um nvel de detalhamento ainda maior, digna de nota a extensa denio de Diamond, Linz e Lipset, segundo os quais ademocracia

    Um sistema de governo que atende a trs condies essenciais: concorrnciaampla e signicava entre indivduos e grupos organizados (especialmente ospardos polcos) para todas as posies de governo que tm poder efevo,

    em intervalos regulares de tempo e com excluso do uso da fora; um nvelaltamente includente de parcipao polca na seleo dos lderes e daspolcas pblicas mediante, ao menos, eleies peridicas e isentas, de modoa no excluir nenhum grupo social importante dentre a populao adulta; eum grau suciente de liberdades civis e polcas liberdade de expresso,liberdade de imprensa, liberdade de formar e liar-se a organizaes paragaranr a integridade da compeo e da parcipao polca. (DIAMOND,LINZ E LIPSET, 1990, p. 6-7).

    Ressalte-se, nesta lma citao, a presena de alguns elementos altamenterelevantes, at para a sustentao das exigncias anteriores: a taxa de incluso, togrande quanto possvel, nos processos compevos pela liderana; e as diversas

    liberdades, com destaque s liberdades relacionadas comunicao expressoe imprensa. Maior preciso neste caso especco advm de Sartori, segundo oqual para haver democracia preciso que exista uma opinio pblica autnoma[...] [e uma] estruturao policntrica da mdia e seu jogo compevo (SARTORI,1987, 98 e 110). Descentralizao da propriedade das instuies de mdia eformao de uma opinio pblica autnoma so, pois, condies fundantes doprocesso democrco.

    Interessante observar como a comunicao, seja em sua verso instucional esistmica, seja como processualidade social de trocas simblicas, faz-se presentecomo elemento aferidor da condio democrca. Onde quer que se pense o

    jogo democrco em funcionamento, pode-se surpreender a comunicao comocategoria analca fundamental. Seno vejamos: o jogo comunicacional oque torna possvel a existncia e a administrao do contraditrio nas disputaseleitorais; a prpria gura do voto no outra coisa seno o modo pelo qual ocidado emerge como eleitor, ao gerar a informao para o sistema democrcode sua vontade polca, em relao s foras em disputa; e, por m, as condiesessenciais de liberdade da fala e da formao de opinio, que constuem direitoshumanos universais, mediante os quais a ca democrca se consolida em todosos seus aspectos.

    Eis porque se postula neste trabalho que a comunicao no seja observadaapenas como um instrumento ou uma ferramenta pela qual se d a estratgiapolca. Essa viso externalizada dos processos de comunicao no apenas redutora, na medida em que deixa de perceber o sendo estruturante dacomunicao na sustentao da democracia. Tal apreenso igualmente falsa,porquanto no se pode avaliar uma democracia sem considerar as circunstnciasestruturais e conjunturais da comunicao na formao e no relacionamento dosgrupos sociais, como tambm nos modos especcos de desenvolvimento dasimagens pblicas em circulao.

    A comunicao , pois, no apenas um componente da democracia, mas o seuprprio modo de ser, nas instuies, nos grupos sociais e na sociedade comoum todo. Em outras palavras, ser to mais democrca uma sociedade, quanto

    forem livres e fortes os processos de produo e circulao social do sendos. E,em contraparda, ser to mais autoritria e andemocrca uma sociedade,quanto os modos de comunicao forem reduzidos ao silncio ou impedidos decircular, pela ao violenta dos sistemas de poder. Somente pela comunicao, ademocracia adquire condies de se realizar como tal, na medida em que passe

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    a imperar a soluo no violenta dos conitos, ao se tornarem mediados pelalinguagem, seja pelo jogo argumentavo, seja pela disputa das imagens, empblico.

    Comunicao como garana do regime democrco

    Os aspectos prcos e polcos do primeiro corolrio fazem-se senr com clareza,na exposio deste segundo. Sendo a comunicao o modo de ser da democracia,

    parece autoevidente que a preservao de uma democracia exige como aopermanente o fortalecimento e a ampliao dos processos de comunicao. Nocusta, porm, explicitar esse axioma, a m de torn-lo mais visvel, at para oestudo de suas resultantes metodolgicas e categoriais.

    Esse raciocnio pode ser feito tanto na anlise das condies de existnciaou exno do regime democrco, quanto na avaliao na dos sinais dedemocrazao que temos denominado gradiente de democracidade2.Democracia no algo que simplesmente existe ou no existe, e sim um processo,demarcado pela existncia em maior ou menor grau de cada uma de suascondies, inclusive e sobretudo as de comunicabilidade entre indivduos, grupos

    e instuies entre si.

    A histria das sociedades contemporneas j demonstrou, saciedade, que aao demarcadora da exno das democracias, ou seja, que as aes violentas deimplantao de ditaduras caracterizam-se, entre outras coisas, pelo silenciamentodas instuies e da prpria populao. O silncio da sociedade e o controle dacomunicao constuem os elementos bsicos de garana do poder totalitrio,que, em contraparda, s se viabiliza se e quando tais elementos perdem, poralguma razo, sua efevidade.

    Eis porque as providncias picas de um regime totalitrio, no momento emque se impe pela fora, so basicamente trs: fechar o parlamento, controlar

    absolutamente a imprensa e reprimir a formao de toda e qualquer esferapblica. O poder, a efevidade e a capacidade de autosustentao de uma ditadura diretamente dependente da eccia dessas providncias. Qualquer fratura oufragilidade em qualquer um desses elementos constui sria ameaa ao regime epode, no limite, determinar a criao das condies simblicas de seu fracasso.

    A represso da esfera pblica costuma ocorrer por meio de um atentadodireto aos direitos fundamentais de liberdade de expresso e opinio. O regimeautoritrio decreta Estado de exceo e passa a policiar a interao dos grupose instuies sociais, de forma a impedir a arculao de focos de resistnciaou de formao de opinio pblica contrria ao regime. Tangidos pelo medo, os

    cidados deixam de formar grupos de conversao em pblico e, onde isso venhaa acontecer, tende-se despolizao dos dilogos, o que, na prca, constuiefevo silenciamento polco.

    O controle absoluto da imprensa representa sobretudo a negao ao jornalismode publicar a nocia que eventualmente no interesse ao regime. Nesses casos,mulplicam-se os atos de censura, por parte do Estado, e de autocensura, nointerior das instuies de comunicao, sobre os prossionais e seu trabalho. Acapacidade de resistncia dos prossionais e dos prprios jornais arbitrariedadedo governo ditatorial um dos fatores que melhor indica a fragilidade ou a forapolca do regime.

    E, por m, o fechamento dos parlamentos constui, obviamente, o silenciamentopolco e jurdico da interlocuo livre entre sociedade e Estado e uma dasaes de arbtrio mais caracterizadoras do regime totalitrio. Sem parlamento, apopulao no encontra, entre os polcos, o debate e a tomada de deciso sobreos quais ela poderia inuenciar.

    2 O conceito de gradiente dedemocracidade constui umacategoria qualitava de anlise polca,a parr da noo de comunicao, e

    explicitada em uma obra do autor, aindaindita, da qual as reexes deste argoigualmente fazem parte..

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    Duas observaes de acrscimo so necessrias, neste ponto. Primeiro, asditaduras no podem se manter sem comunicao, apesar de serem, por denio,repressoras dos processos comunicacionais. A incomunicabilidade fatal paraqualquer regime, no importa qual seja, uma vez que sabido em cincia polcaque todo regime, por mais fechado, tem que se apoiar em pelo menos um setorimportante da sociedade. No possvel ser ditador contra todos.

    No que respeita aos processos comunicacionais, o raciocnio relavamentetrivial de que at para sustentar os recursos da rania, o uso da linguagem devese fazer presente de forma instrumental. Em termos simplicados, preciso queescravo e senhor parcipem da mesma comunidade lingsca, ainda que apenaso suciente para que regras, ordens e ameaas de punio sejam minimamentecompreendidas.

    A diferena entre a comunicao nos regimes autoritrio e democrco, pois, que, naquele, a comunicao percebida apenas como meio para que se alcanceos ns pretendidos, restando todas as demais formas sob suspeita, consideradascomo ameaa ao regime. Nas democracias, em princpio, d-se o contrrio:mesmo que as razes e usos instrumentais e estratgicos da comunicao no

    estejam ausentes, a sustentao e a proteo aos espaos de liberdade quedeterminam o gradiente de democracidade do regime.

    O rano, pois, no pode fechar todos os jornais e encerrar a questo, pois osilncio s at certo ponto o benecia. O que ele deseja e exige at onde puder o alinhamento, o elogio, a ausncia de crcas. O que se silencia, no exerccio doautoritarismo, so as vozes em contrrio e, sobre as demais, busca-se estender omanto pesado do controle e da represso, que variam conforme a fora e o graude totalitarismo que haja empiricamente.

    A segunda observao diz respeito ao fato de que, mesmo nos regimesdemocrcos, elementos autoritrios e at ilegmos podem se fazer presentes,sem necessariamente se poder falar em ruptura da democracia. Alis, faz parte danatureza especca do jogo democrco a pretenso de manter o autoritarismo sobregras, j que, pensando em termos racionais, seria excessivamente dispendioso eat indesejvel democrazar tudo, no sendo de lanar todo exerccio de vontadee toda deciso no mbito da esfera pblica, da fala coleva, na busca do consensoou do voto.

    Entretanto, este aspecto especco e contraditrio da relao entre liberdadee democracia poder sempre ser legimamente colocado em causa, sendoesta possibilidade a da discusso sobre a regra, sua permanncia ou suaalterao aquilo que ser o critrio aferidor da condio democrca. Eis que

    surpreendemos, nesse ponto, algo importante para o objeto deste trabalho: osconitos e contradies da democracia fazem parte do jogo democrco, sobestrita (porm ampla) condio de se estabelecerem como comunicao.

    As liberdades fundamentais de expresso, de opinio e de negociao de sendospara a ao so, pois, elementos fundamentais, caracterizadores do regimedemocrco. Tais liberdades podem estar presentes apenas parcialmente e emsituaes sociais especcas, sem caracterizar ruptura do regime democrco.Entretanto, sua ausncia, ainda que parcial e limitada, pode implicar, neste caso,a inexistncia de uma democracia plena e slida.

    esse carter relavo e relacional dos processos comunicavos na sociedade,aquilo que obriga o esforo terico a pensar, como zeram inmeros autores, emgraus de democrazao, a parr das medio das condies de liberdade nospases em anlise. Para os efeitos deste trabalho, pela mesma razo fala-se aquiem gradiente de democracidade, observando-se a democracia como processo,

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    adotando-se a vertente qualitava como mtodo e se sugerindo a comunicaocomo categoria aferidora da democracia ou da democrazao.

    Comunicao como polca pblica

    Pensada a comunicao como modo de ser da democracia e como garana parao regime democrco, parece ter cado clara a pretenso terica deste trabalho:conferir a centralidade devida comunicao, no trato das questes polcas,

    a parr do reconhecimento de que, em grande sendo, fazer polca fazercomunicao fato que tem se tornado cada vez mais importante, quanto maisas tecnologias de comunicao penetram o codiano das pessoas e instuies.Espera-se igualmente ter ganho clareza a percepo de que esse axioma setorna ainda mais relevante, quando a temca polca a democracia, j que osvnculos deste regime com os processos de circulao da linguagem parecem sermuito mais fortes do que o so em outras formas de governo.

    A sequncia a esta linha de raciocnio , ento, a anlise das responsabilidadesinstucionais do Estado e da sociedade polca com as aes de comunicao.Se o vnculo da comunicao com a avidade polca assim to extenso e

    profundo, torna-se conseqncia das mais simples esperar que as instuiesdemocrcas prioritariamente a estatal assimile e assuma responsabilidadespara com a preservao e o aprofundamento das bases comunicavas do regimedemocrco. Em outras palavras, exige-se o desdobramento instucional naforma de polcas pblicas de comunicao.

    A verdade, contudo, que pracamente no existem polcas pblicas decomunicao no Brasil e o prprio pensamento a respeito muito recente, nopas. Na realidade, possvel ir at mais alm: a comunicao no pensada porpolcos e governantes na qualidade de uma polca pblica. Eis o movo peloqual se formula aqui o lmo corolrio, que defende justamente essa qualidade.Comunicao polca pblica e, como tal, deve ser pensada dentro da prpriarazo do Estado.

    H vrios modos de se fazer isso. O que parece ser o mais claro e direto pensaras diferentes concepes que os polcos, formuladores das polcas pblicas,fazem do Estado, tomando como critrio os resultados em termos de objevospolcos, de cada uma dessas concepes. Nesse sendo, a imagem de um Estadopode ser:

    a) Adversrio. Trata-se do modo de ver o Estado, quando imperam os regimestotalitrios e opressores. A herana brasileira de concepo do Estado,mesmo nos perodos democrcos, bastante semelhante a esta, embora,

    neste caso, outras vises se faam presentes, de forma mais complexa. NoBrasil, a herana colonial muito prxima parece ter construdo uma acepoda instuio estatal como lugar de explorao e opresso, ante a qual imperioso resisr, forma de pensar que talvez tenha contribudo para gerar ovelho adgio lano-americano: Hay gobierno? Jo soy contra.

    O Estado, visto como adversrio, tem em si um nico papel: o de gerar poder,capacidade suciente de controle social, capaz de sustentar sua hegemonia, deforma violenta, se necessrio. A idia de opresso e seu oposto, a resistncia,pacca ou armada, o fundamento desse modelo de Estado.

    No campo da comunicao, as polcas especcas so igualmente repressivas:

    atuam no sendo de silenciar as oposies e determinar os contedos eformas dos processos e organizaes de mdia. A comunicao neste sendo muito mais um risco, a ser evitado e controlado, do que algo que se pareade fato com uma polca de comunicao.

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    b) Instrumento para alcanar outros ns.Trata-se de um modelo estratgico-instrumental de Estado, mas, no no sendo sistmico da palavra, de usoda instuio e de suas estruturas como meios para se alcanar os ns doEstado, que seria um modelo de po gerencial. Visto como instrumento paraalcanar outros ns, a idia a de que os ns no so os do Estado, nem osda sociedade, e sim outras nalidades, de natureza privada e nem semprecabveis dentro das regras cas e legais.

    O Estado visto como instrumento desta forma o Estado cujas polcasterminam por gerar explorao e corrupo. Visto como terra de ningum, ainstuio estatal percebida como zona onde os impostos se transformamem dinheiro desnado a saques, pelos grupos de poder que o dominam.Qualquer semelhana destes elementos descrivos com realidades como abrasileira pode no ser mera coincidncia.

    No plano da comunicao, este po de Estado gerador de ideologia, emseu sendo forte, como falsa concepo da realidade. As aes e polcasde comunicao assim movimentadas visam sempre construir arcialmentea imagem dos governos, a m de evitar que o uso arbitrrio da instuio

    converta-se em escndalos e visibilidade pblica da corrupo.

    c) Prestador de servios ou parceiro funcional. Trata-se do Estado gerencialou administravo, e assim visto, como campo de negociaes de compra evenda de servios estatais pelas organizaes privadas, e fornecedor de bense servios pblicos. Num quadro de democracia e ausncia de corrupoelevada, este o modelo que costuma prevalecer no meio polco.

    Percebido desta forma, o Estado adquire uma imagem dupla: a de cliente dosfornecedores privados de insumos e a de fornecedor dos cidados vistos comoclientes. Em ambos os casos, a idia que prevalece a de que a instuioestatal viabiliza negcios e atende necessidades e demandas da sociedade.

    As polcas de comunicao do Estado parceiro so usualmente aes depropaganda, desnadas a vender a imagem do governo e de seus servios,como argumento de legimao da gesto, frequentemente orientada paragaranr ao grupo polco instalado no poder a maximizao das chances devitria eleitoral, no prximo pleito.

    d) Lugar de armao e produo da cidadania. Trata-se do que se poderiadenominar Estado cidado. Este modelo evidentemente no exclui o anterior,sendo muito comum que a atuao do Estado como parceiro possa seranalisada pelo vis da cidadania, para aferir at que ponto os direitos so

    respeitados, no instante mesmo em que servios so prestados populao.Um Estado clientelista, por exemplo, parece-se muito com o modelo b, maspode ter boa parte da viso concernente ao modelo c; entretanto, no temcomo haver resqucios relevantes deste modelo d.

    Este Estado, diferena dos demais pos, realiza um po de polcaabsolutamente especial: produz comunicao. Ao direcionar suas aes erelaes para a valorizao da cidadania, torna-se uma instuio protetoradas liberdades e orientada para a obedincia estrita vontade do cidado.

    Para isso, polcas devem ser desenvolvidas no sendo de ampliar ao mximoas zonas de percepo e contato da populao, devolvendo a ela condies de

    atendimento e realizao, no apenas no campo dos servios pblicos, mastambm no mbito da organizao social, do respeito rigoroso aos direitoshumanos e da manuteno dos canais de dilogo dos grupos e instuiessociais entre si e destas com o prprio Estado.

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    Numa rpida sntese, voltada para o desenvolvimento do pensamento dacomunicao como polca pblica, esta pode ser categorizada, nos diferentesmodelos de Estado citados, como

    a) Estado como adversrio (totalitrio): A comunicao risco a ser evitado erepresso para eliminao da oposio e alinhamento da mdia ameaada desobrevivncia. O objevo no haver comunicao no permida. O principalmeio de comunicao o aparato da polca, legal ou secreta.

    b) Estado como meio para outros ns (instrumental): A comunicao instrumento de exerccio de poder e de converso ideolgica. O objevo produzir a hegemonia da informao pretendida. O meio principal decomunicao estabelecer uma relao com as instuies de mdia, pormeio da qual se possa comprar/produzir o consenso midico.

    c) Estado como prestador de servios (gerencial): A comunicao meio depropaganda, voltada para a produo da imagem favorvel. O objevoneste caso posicionar a administrao na mdia, razo pela qual no raro encontrar-se este modelo de Estado pracando as mesmas polcas de

    comunicao do modelo anterior.

    d) Estado como lugar da cidadania (comunicavo): A comunicao condiode relacionamento e accoutability. O objevo comunicavo, no sendopragmco: obter parcipao e produo da opinio. Produzir esferaspblicas, portanto, uma vez que a esfera pblica, com sua amplicaocada vez maior dos relacionamentos, sob a proteo do Estado, o meiode comunicao policamente mais adequado e eciente, para garanr apermanncia e a longevidade do Estado democrco e cidado. At porque amulplicao as esferas pblicas, no entorno do Estado, justamente o quepode fornecer um profundo enraizamento dessas esferas e, portanto, dossujeitos de cidadania que dela fazem parte nos rgos estatais, custodiando-oe contribuindo para determinar as polcas pblicas.

    Nesse sendo, uma polca de comunicao consistente com o modelo cidadode imagem do Estado uma polca que congure, pelo menos, uma polcapblica especca, na qual os objevos sejam, entre todos aqueles que congurama cidadania parcipava, em seu aspecto tanto temco, quando pragmco,viando a produo do mximo de comunicabilidade. No limite, trata-se de criaruma situao social, polca, cultural e administrava que favorea a inverso dalgica do poder e do controle, na relao entre Estado (instuio por excelnciade poder) e sociedade.

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