epilepsia consulta de epilepsia / umes serviço de neurologia dos huc conceição bento 05-11-2009

42
EPILEPSIA Consulta de Epilepsia / UMES Serviço de Neurologia dos HUC Conceição Bento 05-11-2009

Upload: internet

Post on 18-Apr-2015

126 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: EPILEPSIA Consulta de Epilepsia / UMES Serviço de Neurologia dos HUC Conceição Bento 05-11-2009

EPILEPSIA

Consulta de Epilepsia / UMES

Serviço de Neurologia dos HUC

Conceição Bento

05-11-2009

Page 2: EPILEPSIA Consulta de Epilepsia / UMES Serviço de Neurologia dos HUC Conceição Bento 05-11-2009

O QUE É EPILEPSIA?

COMO SE MANIFESTA?

COMO SE DIAGNOSTICA?

COMO SE TRATA?

1

2

Page 3: EPILEPSIA Consulta de Epilepsia / UMES Serviço de Neurologia dos HUC Conceição Bento 05-11-2009

COMO SE DIAGNOSTICA?

Page 4: EPILEPSIA Consulta de Epilepsia / UMES Serviço de Neurologia dos HUC Conceição Bento 05-11-2009

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL – episódios repetidos / recorrentes:

-Síncope / síncope convulsiva

-cardíaca

-vaso-vagal

-Crises psicogénicas

-Alterações metabólicas (hipoglicémia, ...)

-Migraine (aura visual)

-D. Sono (parassónias, narcolépsia)

-D. Movimento (discinésias paroxísticas)

-...

Page 5: EPILEPSIA Consulta de Epilepsia / UMES Serviço de Neurologia dos HUC Conceição Bento 05-11-2009

Crise convulsivadd – confirmar que se trata de uma crise “epiléptica”,ou seja,

devida a actividade eléctrica neuronal cortical anómala

Crise sintomáticaSituação AGUDAProvocada por uma alteração

aguda sistémica ou neurológicaSem episódios prévios

EpilepsiaSituação RECORRENTE- conhecida: episódios prévios

semelhantes- Inicial: 1ª crise

EPI:Incidência: 50/100.000/ano; Prevalência: 4-10/1000/ano; Picos incidência: < 1A e > 60 A

Page 6: EPILEPSIA Consulta de Epilepsia / UMES Serviço de Neurologia dos HUC Conceição Bento 05-11-2009

NICE (National Institute for Clinical Evidence) guidelines:

• Deve ser pedido EEG para suportar um diagnóstico de epilepsia nos adultos com uma história de crise, sugestiva de ter uma origem epiléptica.

• Nas crianças recomenda-se EEG após um segundo ou subsequente episódio suspeito.

• Nos casos referidos o EEG deve ser realizado em 4 semanas.

National Institute for Clinical Evidence. NICE guidelines: the diagnosis and management of the epilepsies in adults and children in primary and secondary care. London: NICE, 2004.

Page 7: EPILEPSIA Consulta de Epilepsia / UMES Serviço de Neurologia dos HUC Conceição Bento 05-11-2009

EEG (Vídeo-EEG)EEG (Vídeo-EEG)

Interictal

Ictal

SuperfícieInvasivo

RotinaProlongado com sono sesta24 horasMonitorização prolongada

Provas de activação

The Patient Guide to Epilepsy.CIBA-GEIGY, 1993.

Page 8: EPILEPSIA Consulta de Epilepsia / UMES Serviço de Neurologia dos HUC Conceição Bento 05-11-2009

Basic Mechanisms Underlying Seizures and Epilepsy American Epilepsy Society

Page 9: EPILEPSIA Consulta de Epilepsia / UMES Serviço de Neurologia dos HUC Conceição Bento 05-11-2009

In: Ernst Niedermeyer, Fernando Lopes da Silva. Electroencephalography, Basic Principles, Clinical Applications, and Related Fields. Lippincott Williams & Wilkins. Philadelphia, 1999.

Page 10: EPILEPSIA Consulta de Epilepsia / UMES Serviço de Neurologia dos HUC Conceição Bento 05-11-2009

O EEGEEG de superfície permite registar a actividade eléctrica existente no couro cabeludo.

a soma dos potenciais de excitação e inibição pós-sinápticos das dendrites apicais dos neurónios piramidais das camadas mais superficiais do córtex.

Basic Mechanisms Underlying Seizures and Epilepsy American Epilepsy Society

in: Jerome Engel, Jr. Seizures and Epilepsy. FA Davis Company. Philadelphia, 1989

Page 11: EPILEPSIA Consulta de Epilepsia / UMES Serviço de Neurologia dos HUC Conceição Bento 05-11-2009

O EEGEEG de superfície permite registar a actividade eléctrica existente no couro cabeludo.

a soma dos potenciais de excitação e inibição pós-sinápticos das dendrites apicais dos neurónios piramidais das camadas mais superficiais do córtex.

LIMITAÇÕESLIMITAÇÕES

-Tamanho das áreas corticais activadas (tamanho mín. necessário)

-Fenómenos de propagação (vias fisiológicas; volume de condução)

-Amostra espacial (nº de eléctrodos utilizados; r. mesiais e basais)

-Amostra temporal (duração do registo)

(Actividade paroxística (AP)/epileptogénica, na epilepsia)

Page 12: EPILEPSIA Consulta de Epilepsia / UMES Serviço de Neurologia dos HUC Conceição Bento 05-11-2009

O. Hans Lüders, Soheyl Noachtar. Atlas and Classification of ElectroEncephaloGraphy. W.B. Saunders Company. Philadelphia, 2000.

Page 13: EPILEPSIA Consulta de Epilepsia / UMES Serviço de Neurologia dos HUC Conceição Bento 05-11-2009

O. Hans Lüders, Soheyl Noachtar. Atlas and Classification of ElectroEncephaloGraphy. W.B. Saunders Company. Philadelphia, 2000.

Page 14: EPILEPSIA Consulta de Epilepsia / UMES Serviço de Neurologia dos HUC Conceição Bento 05-11-2009

O. Hans Lüders, Soheyl Noachtar. Atlas and Classification of ElectroEncephaloGraphy. W.B. Saunders Company. Philadelphia, 2000.

Page 15: EPILEPSIA Consulta de Epilepsia / UMES Serviço de Neurologia dos HUC Conceição Bento 05-11-2009

ESPECIFICIDADE e SENSIBILIDADE da AP no EEG rotina

ESPECIFICIDADE - 78-98%O EEG pode apresentar AP num indivíduo sem epilepsia? Se o EEG for positivo qual é a probabilidade do indivíduo ter epilepsia?

• < 1% de adultos saudáveis (até 10-30% se patologia cerebral)• 2-4% de crianças saudáveis• familiares de doentes com epi. generalizada idiopática (10% resposta fotoparoxística)• cegueira congénita (pontas occipitais)

SENSIBILIDADE - 25-56%O EEG pode ser normal num individuo com epilepsia?Se o EEG for negativo qual é a probabilidade do indivíduo ter epilepsia?

• 44 a 75% dos primeiros EEG podem ser normais• EEG de 24 horas só 10% negativos (sens 90%)• “oligoepilepsias” 85 a 90% negativos (sens 10-15%)• Geometria do foco (campos abertos/campos fechados)Mesmo o EEG ictal pode ser negativo

– Crises parciais simples: 80-84%– Geometria do foco– Crises com muitos artefactos de movimento

78-98%

Específico

44-75%

Pouco sensível

Page 16: EPILEPSIA Consulta de Epilepsia / UMES Serviço de Neurologia dos HUC Conceição Bento 05-11-2009

Factores que influenciam a existência de AP:

Não modificáveis:• Idade• Síndrome epiléptico• Localização da zona epileptogénica• Frequência das crises

Modificáveis:• Timing da realização do EEG• Duração do registo; nº de exames• Nº e localização dos eléctrodos utilizados• Utilização de técnicas de activação• Presença de medicação que aumente, diminua ou

induza AP

Page 17: EPILEPSIA Consulta de Epilepsia / UMES Serviço de Neurologia dos HUC Conceição Bento 05-11-2009

DIAGNÓSTICO DE EPILEPSIA:

•A presença de Act Epileptogénica/Paroxística

EEG sem act epileptogénica >> POSSÍVEL

clínica compatível e EEG com act epileptogénica ii >> PROVÁVEL

EEG com act epileptogénica i >> DEFINITIVO

•O tipo de Act Epileptogénica/Paroxística

generalizada

epilepsia

focal

Page 18: EPILEPSIA Consulta de Epilepsia / UMES Serviço de Neurologia dos HUC Conceição Bento 05-11-2009

In: Smith S J M. EEG in the diagnosis, classification, and management of patients with epilepsy.

J Neurol Neurosurg Psychiatry 2005; 76 (Suppl II):ii2-ii7.

RR/EEG:

27% N

37% Inesp

58% AP

Page 19: EPILEPSIA Consulta de Epilepsia / UMES Serviço de Neurologia dos HUC Conceição Bento 05-11-2009

EXAMES DE IMAGEM EM EPILEPSIA

• ESTRUTURAL

•RMN-CE

•TAC-CE

-FUNCIONAL

-SPECT

-PET

-RMN funcional

-Espectroscopia por RMN

RMN-CE

AVANÇOS

Hardware

Sequências aquisição

Processamento pós-aquisição

IDEALMENTE

Revisão por um NR com treino em epilepsia

Centros especializados

Page 20: EPILEPSIA Consulta de Epilepsia / UMES Serviço de Neurologia dos HUC Conceição Bento 05-11-2009

RMN-CE

É o exame de imagem estrutural de eleição: mais sensível e específico

Objectivos:

Identificar patologias que necessitem de tratamento específico.

Permitir um diagnóstico etiológico e sindromático e assim possibilitar um prognóstico preciso.

T1, T2, DP

IR

FLAIR

Coronais

Axiais

Sagitais

3D

Cortes finos

Pelo menos 1,5 T

Gadolíneo

Avaliação quantitativa

Crianças com < 2anos : mielinização incompleta

Neurorradiologista com treino em epilepsia

Page 21: EPILEPSIA Consulta de Epilepsia / UMES Serviço de Neurologia dos HUC Conceição Bento 05-11-2009

TAC-CE

útil:

• na detecção de calcificações corticais

• na urgência

• se RMN-CE não possível

•não disponível

•pacemaker cardíaco

•implante coclear

Page 22: EPILEPSIA Consulta de Epilepsia / UMES Serviço de Neurologia dos HUC Conceição Bento 05-11-2009

EPILEPSIA – EXAMES DE IMAGEM em situação não aguda (ILAE 1997)

IDEALMENTE

RMN-CE em todos os doentes com epilepsia excepto nos que tenham um diagnóstico electroclínico definitivo de Epilepsia Generalizada Idiopática ou Epilepsia Focal Benigna da Infância.

A RMN-CE está particularmente indicada se:

•Evidência clínica ou no EEG de início focal

•Inicio de crises não classificadas ou aparentemente generalizadas no 1º ano de vida ou na idade adulta

•Evidência de défice focal mantido neurológico ou neuropsicológico

•Crises não controladas com AEs de 1ª linha

•Perda do controlo das crises ou modificação do seu padrão

“MÍNIMOS”

TAC-CE se não é possível realizar RMN-CE

RMN-CE essencial se

•Crises focais ou generalizadas não controladas com os AE

•Ocorrência de défices neurológicos ou neuropsicológicos progressivos

Page 23: EPILEPSIA Consulta de Epilepsia / UMES Serviço de Neurologia dos HUC Conceição Bento 05-11-2009

Enfarte

Page 24: EPILEPSIA Consulta de Epilepsia / UMES Serviço de Neurologia dos HUC Conceição Bento 05-11-2009

Ganglioglioma

Page 25: EPILEPSIA Consulta de Epilepsia / UMES Serviço de Neurologia dos HUC Conceição Bento 05-11-2009
Page 26: EPILEPSIA Consulta de Epilepsia / UMES Serviço de Neurologia dos HUC Conceição Bento 05-11-2009

SPECT: perfusão

Interictal > hipoperfusão

Ictal > hiperperfusão

SUBTRACÇÃO

PET: metabolismo – interictal > hipometabolismo

Co-registo SPECT ou PET com RMN-CE

Page 27: EPILEPSIA Consulta de Epilepsia / UMES Serviço de Neurologia dos HUC Conceição Bento 05-11-2009

Ictal

Interictal

Page 28: EPILEPSIA Consulta de Epilepsia / UMES Serviço de Neurologia dos HUC Conceição Bento 05-11-2009
Page 29: EPILEPSIA Consulta de Epilepsia / UMES Serviço de Neurologia dos HUC Conceição Bento 05-11-2009
Page 30: EPILEPSIA Consulta de Epilepsia / UMES Serviço de Neurologia dos HUC Conceição Bento 05-11-2009
Page 31: EPILEPSIA Consulta de Epilepsia / UMES Serviço de Neurologia dos HUC Conceição Bento 05-11-2009

COMO SE TRATA?

Page 32: EPILEPSIA Consulta de Epilepsia / UMES Serviço de Neurologia dos HUC Conceição Bento 05-11-2009

Se não for possível classificar o síndromo escolher um AE de largo espectro!

Page 33: EPILEPSIA Consulta de Epilepsia / UMES Serviço de Neurologia dos HUC Conceição Bento 05-11-2009

ENVIAR AO S. URGÊNCIA SE:

• 1º episódio

• Convulsão > 5 minutos

• 2ª convulsão logo de seguida

• Estado de consciência alterado > 20-30 minutos

• Traumatismo

Page 34: EPILEPSIA Consulta de Epilepsia / UMES Serviço de Neurologia dos HUC Conceição Bento 05-11-2009

Iniciar tratamento?

• crises situacionais . risco de recidiva

• epilepsias benignas . alteração cognitiva

• convulsões febris MESS; FIRST

Que fármaco escolher?

• síndromo / tipos de crises

• efeitos secundários / comorbilidades

Qual é o objectivo do tratamento?

• sem crises / menos crises / crises menos graves

• sem efeitos secundários /mínimo de efeitos secundários

• diminuir défices cognitivos / alterações comportamentais

AGRESSIVIDADE DO TRATAMENTO

Tratamento até quando?

• prognóstico (síndromo, etiologia, aspectos particulares)

Tratamento não farmacológico?

• dieta cetogénica / cirurgia / VNS

Page 35: EPILEPSIA Consulta de Epilepsia / UMES Serviço de Neurologia dos HUC Conceição Bento 05-11-2009

Tipo de crises / síndromo >>> Tratamento

In: Renzo Guerrini. Lancet 2006;367:514

Page 36: EPILEPSIA Consulta de Epilepsia / UMES Serviço de Neurologia dos HUC Conceição Bento 05-11-2009

Largo espectro

ValproatoFelbamatoLamotriginaTopiramatoZonisamidaLevetiracetamRufinamida

Crises parciais

FenitoínaCarbamazepinaOxcarbazepinaGabapentinaPregabalinaTiagabineLacosamida

AusênciasEtosuximida

Fármacos antiepilépticos

MIOCLONIAS E AUSÊNCIAS

Page 37: EPILEPSIA Consulta de Epilepsia / UMES Serviço de Neurologia dos HUC Conceição Bento 05-11-2009

Pg 514

Remission = 50 + 20 = 70%

Page 38: EPILEPSIA Consulta de Epilepsia / UMES Serviço de Neurologia dos HUC Conceição Bento 05-11-2009

1- Remissão espontânea sem sequelas; nem sempre necessária medicação – ep. benignas (ex. epilepsia benigna rolândica)

2- Controlo adequado das crises com medicação e remissão espontânea – ep. farmacossensitivas (ex. epilepsia de ausências infantis)

3- Controlo adequado das crises com medicação mas sem remissão – ep. farmacodependentes (ex. epilepsia mioclónica juvenil; muitos casos de epilepsia focal sintomática)

4- Sem controlo adequado das crises com medicação – ep. farmacorresistentes

Renzo Guerrini / Lancet 2006;367:499-524

1- Prognóstico bom a excelente – epilepsias auto-limitadas; poucas crises; 1º AE é eficaz (20-30%)

2- Prognóstico bom – o controlo adequado das crises pode demorar; recidiva alta c/s AE (20-30%)

3- Prognóstico mau – continuam a ter crises; AE paliativos, frequência e/ou severidade (30-40%)

Kwan and Sander. J Neurol Neurosurg Psychiatry 2004;75:1376-1381

Page 39: EPILEPSIA Consulta de Epilepsia / UMES Serviço de Neurologia dos HUC Conceição Bento 05-11-2009
Page 40: EPILEPSIA Consulta de Epilepsia / UMES Serviço de Neurologia dos HUC Conceição Bento 05-11-2009

TRATAMENTO NÃO MÉDICO:

-CIRURGIA

-ESTIMULADOR VAGAL

-DIETA CETOGÉNICA

Page 41: EPILEPSIA Consulta de Epilepsia / UMES Serviço de Neurologia dos HUC Conceição Bento 05-11-2009

EPILEPSIA CRÓNICA - MORBILIDADE

NEUROLÓGICA > alt. cognitivas; alt. mnésicas; migraine

PSIQUIÁTRICA > alt. comportamentais; depressão; ansiedade; psicose

MÉDICA > alt. ósseas; patologia vascular; alt. reprodução; disf. sexual

EPILEPSIA CRÓNICA – MORTALIDADE (2 a 3 xs pop geral)

ACIDENTES/TRAUMATISMOS < tipo de crises

STATUS < síndromo; compliance

SUICÍDIO < depressão; iatrogenia

SUDEP < ep. refractárias; crises convulsivas; crises frequentes

in: Duncan et al. Lancet 2006;367:1087-100

Page 42: EPILEPSIA Consulta de Epilepsia / UMES Serviço de Neurologia dos HUC Conceição Bento 05-11-2009

Status epilepticus

In: Simon Shorvon. Handbook of Epilepsy Treatment. 2nd edition. Blackwell Publishing, 2005