Envolvimento da Mulher na Prática da Aquacultura na Província da Zambézia

AutoresHabiba MussáJoana Alberto JoséRodrigues PitaRosa Simbine

1

Escola Superior de Ciências Marinhas e Costeiras

Quelimane, 2015

Estrutura da apresentação Introdução Objectivos Justificativa Metodologia Resultados e DiscussãoConclusõesRecomendações Referências Bibliográficas

2

1.Introdução

A Piscicultura é a produção e reprodução de peixes em condições controladas, usando água doce, salgada ou salobre.

Em Moçambique, a piscicultura é realizada desde 1952, a construção de represas na Zambézia, Nampula e em Manica foi um importante marco que impulsionou a piscicultura, particularmente, à produção de tilápia.

Por todo o país a mulher vive situações de exclusão em relação ao homem em muitas actividades assim como na piscicultura.

3

Cont…

A desigualdade do género nas pescas manifesta-se pela distribuição das tarefas por sexo, em que cabe às mulheres as tarefas menores e não remuneradas.

Estes constrangimentos relacionam-se a falta de educação, acesso ao crédito, e poder na gestão das finanças.

O presente trabalho pretende saber até que nivel a mulher encontra-se envolvida na aquacultura e dificuldades que a mesma enfrenta para desenvolver a actividade e aceder ao crédito em alguns distritos da província da Zambézia.

4

Objectivos GeralEstudar o envolvimento da mulher na prática da

aquacultura nos distritos de Nicoadala, Namarroi, Milange e Alto-Molocuè Província de Zambézia.

Específicos Avaliar os custos e benefícios sócio económicos da

prática da Aquacultura; Identificar as oportunidades e os obstáculos no acesso

ao mercado dentro das cadeias de valor e padrões no acesso ao crédito formal e informal;

Analisar as práticas adoptadas pelas mulheres na mitigação dos riscos originados pela actividade e as suas respectivas estratégias; 5

Contextualização e justificativa

• O estudo examina o grau de inserção da mulher na actividade de piscicultura, o nível do conhecimento, de gestão e liderança na realização desta actividade.

• A importância deste estudo justifica-se pelo facto dos seus resultados abrirem possibilidades para empoderar as mulheres na criação de pequenas e médias empresas em piscicultura.

6

Metodologia Método – Hipotético Dedutivo Instrumento de colecta de dado – Entrevista Semi-

Estruturada Amostragem – Intencional – 18 piscicultoras e 31

piscicultores Para determinação da rentabilidade do investimento usou

se o método de DE SÁ et al. (2008).

• RL = RB – DT

• RL = Renda Líquida (Mt)

• RB = Renda Bruta (Mt)

• DT = Despesa Total (Mt)• DT= Σ todas as despesas

7

Resultados e Discussão

De acordo com o banco de dados do INAQUA o número de potenciais piscicultoras é inferior em relação aos homens. Num total de 43 piscicultores identificados, 16 (37%) são mulheres. A percentagem de mulheres envolvidas na piscicultura a título individual variou de 22 a 44%, sendo o mínimo observado no distrito de Milange e o maior observado no distrito de Alto Molocué.

A maior parte (94%) dos piscicultores e piscicultoras entrevistados iniciaram a prática da piscicultura por oportunidade. Sendo que apenas 6% iniciaram por curiosidade

8

Numero de piscicultores desagregados por sexo

Piscicultores

Mulheres Homens

Distrito No % No % Total

Alto

Molocué4 44 5 56 9

Milange 2 22 7 78 9

Namarroi 6 40 9 60 15

Nicoadala 4 40 6 60 10

Total 16 37 27 63 43

9

Custos da prática da aquacultura

10

• Cerca de 96% dos piscicultores praticam piscicultura de subsistência com a excepção do distrito de Nicoadala que produz e comercializa em grande escala, e consegue por época (6 meses) arrecadar 40 a 50 mil meticais por tanque de receita líquida

• Os principais custos estão associados a material para abertura de tanques, pagamento de serviços de escavações e aquisição da ração.

Benefícios sócio-económicos

• Melhoria das condições de dieta alimentar introduzindo proteína de origem animal.

• Aprimoração dos conhecimentos sobre a aquacultura.

• Auxílio na compra de alimentos e material escolar para as crianças.

• Equilibrio no rendimento da família que maioritariamente depende da agricultura.

11

Relações de Poder, acesso e Controle de Recursos

• 100% dos maridos inquiridos referem que a prática da piscicultura pela sua mulher não alterou a posição que a mesma ocupa em relação ao marido. Contudo, atraiu para si a admiração da família e da comunidade elevando, assim, o seu valor perante a sociedade.

12

Relações de Poder, acesso e Controle de Recursos (Cont.)

• Quando a mulher é proprietária dos tanques de piscicultura a decisão de como será aplicado o lucro proveniente da venda do peixe é tomada pelo casal. Em quanto que, em alguns casos, quando o homem é o proprietário dos tanques a última palavra é do marido.

13

Distribuição de tarefas entre os membros da família

• A abertura e limpeza dos tanques é reservado aos Homens dada

a natureza do trabalho cabendo às mulheres a preparação da

ração artesanal, alimentação dos peixe e a limpeza das bordas do

tanque para além de outras actividades domésticas. Os homens

justificam a desigualdade na distribuição das tarefas por se

encontrarem mais ocupados em outras actividades que são

remuneradas. O que revela a desvalorização das actividades

reprodutivas realizadas pela mulher.

14

ConclusõesDo estudo realizado concluiu-se que :

•Os custos de produção no primeiro ciclo ainda são altos quando comparados com a receita líquida.

•72% das mulheres e apenas 19% dos homens usam a receita da piscicultura para aquisição do material escolar e produtos básica (sal, sabão e outros) e 5,6% das mulheres investe na piscicultura.

•Apenas 11% de mulheres beneficiou de financiamento formal para o inicio da piscicultura comparado com 16% dos homens.

15

Conclusões (Cont.)

• A mulher envolvida na prática da piscicultura elevou o respeito e reconhecimento pelas suas capacidades de prover rendimentos para a família.

• A mulher enfrenta dificuldades no acesso ao crédito por falta de conhecimento sobre as fontes de financeamento e os requisitos para o seu acesso.

16

Recomendações• Recomenda-se que se faça mais um estudo em duas

estações do ano, de modo a encontrar evidências no comportamento dos piscicultores nas outras actividades

• Aos decisores• Divulgação das oportunidades e dos requisitos

necessários para o financiamento;• Tornar a aquacultura mais rentável através de acesso

de rações de qualidade que resultem em bom desempenho zootécnico;

• O empoderamento da mulher em matérias de gestão

financeira e em técnicas de maneio em piscicultura;17

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

• ActionAid. (2014). Ja somos 522 Mulheres alfabetizdas em Namarroi. http://www.actionaid.org/pt/mozambique/stories/já-somos-522-mulheres-alfabetizadas-em-namarroi

• Avault, J. (1996). Fundaments of Aquaculture; a step by step guide to commercial aquaculture. Baton Rouge: AVI Publishing Co.

• Boane, C. (2008). Caracterização morfológica e identificação dos parasitas metazoários que ocorreram nas populações de carpa comum, C. carpio, do Rio Limpopo e da Lagoa Chuáli, em Moçambique. Maputo. Mocambique.

• Cyrino, J. E., Bicudo, A. J., & Sado, R. Y. et all. (2010). A piscicultura e o ambiente-uso de alimentos ambientalmente correctos em piscicultura (Vol.39). São Paulo: Revista Brasileira de Zootecnia.

• Cotrim, T. e Curto, P. R. ( 2011). Moçambique-O primeiro Guia em Português. 1ª edição. 28pp.

• Estratégia Nacional de desenvolvimento, 2015-2035. Maputo, Moçambique. WWW.mpd.gov.mz

• Iceida (2013). Support to the Fisheries Sector of Mozambique 2013-2017. http\\ Iceida.is/ English

• Instituto Nacional de Desenvolvimento da Aquacultura. (2012). Curso Modular de Capacitação em Aquacultura. Moçambique.

• Instituto Nacional de Estatística, 2007. Estatísticas do Distrito. Moçambique.

• Mozpesca. (2004). Projectos ou iniciativas de Piscicultura. Revista trimestral do

• Ministério das Pescas. Centro de Informação e Treino. Direcção Nacional de Economia Pesqueira. Maputo. Moçambique.

• Ministério das Pescas. (2004). Aquacultura. Departamento de Aquacultura. Maputo.

• Recuperado em 2006, de http://www.mozpesca.gov.mz/138 Aquacultura.html.

• Ministério das Pescas. (2010). Plano Diretor das Pescas, 2010-2019. Maputo. Moçambique. http:/ www.Mozpesca.gov.mz.

• Ministério das pescas (2014). Governação e Crescimento Partilhado das Pescas no Sudoeste do Oceano Índico em Moçambique.

• Ministério das Pescas. (2014). Balanço Anual e Plano Económico e Social (2013). Maputo.

• Movimento Moçambicano de Mulheres Rurais. (2015). Relatório de Mapeamento das Organizações das mulheres Rurais. Maputo. Moçambique • Oelke, C. A., & Reis, E. (2013). Tecnologia de Rações. Brasil.

•

• Plano de acção do quadro das nações unidas para assistência ao desenvolvimento de Moçambique 2012-2015. www.planipolis.iiep.Unesco. Org.

• UNFPA (2006) Igualdade de Género e Empoderamento da mulher em Moçambique, Moçambique.

• Valenti, W. C. (2002). Aquicultura Sustentavel. Portugal: Congresso de Zootecnia. 18

• Obrigado

19