quadro estrátegico desenvolvimento aquacultura - cabo verde out 2010

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Quadro Estratégico para o Desenvolvimento da Aquacultura Cabo Verde 2010 (Tradução do Original em língua Inglesa) Preparado por: Consultor contratado pela FAO: Verissimo dos Santos Economista/MSc Equipa principal de Estudos sobre aquacultura no INDP: Ana Viula – Eng.ª / Técnica Alimentar, Departamento Promoção e Desenvolvimento Carlos F. Santos – Eng.º/Director Departamento Promoção e Desenvolvimento Márcia V. Costa – Bióloga / Técnica Departamento Investigação Haliêutica Maria A. Correia Economista/ Directora Departamento Administrativa e Financeira Oksana T. Pastor Bióloga/Directora Departamento Investigação Haliêutica Osvaldina D. Silva Economista/Directora Departamento Estudos e Projectos Validado no Atelier de Parceiros Públicos e Privados no dia 15 de Setembro de 2010. Outubro 2010

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Page 1: Quadro Estrátegico Desenvolvimento Aquacultura - Cabo Verde Out 2010

 

   

     

Quadro Estratégico para o Desenvolvimento da Aquacultura  

Cabo Verde 2010          

(Tradução do Original em língua Inglesa)   

      

      Preparado por: Consultor contratado pela FAO: Verissimo dos Santos ‐ Economista/MSc  Equipa principal de Estudos sobre aquacultura no INDP: Ana Viula – Eng.ª / Técnica Alimentar, Departamento Promoção e Desenvolvimento Carlos F. Santos – Eng.º/Director Departamento Promoção e Desenvolvimento Márcia V. Costa – Bióloga / Técnica Departamento Investigação Haliêutica Maria A. Correia ‐ Economista/ Directora Departamento Administrativa e Financeira Oksana T. Pastor ‐ Bióloga/Directora Departamento Investigação Haliêutica Osvaldina D. Silva ‐ Economista/Directora Departamento Estudos e Projectos   Validado no Atelier de Parceiros Públicos e Privados no dia 15 de Setembro de 2010.   

Outubro 2010   

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INDICE  

I. INTRODUÇÃO II. DESAFIOS/RESTRIÇÕES III. OPORTUNIDADES IV. OBJECTIVOS DO DESENVOLVIMENTO DA AQUACULTURA V. ABORDAGEM PARA DEFINIÇÃO DO QUADRO ESTRATÉGICO VI. DEFINIÇÃO DO QUADRO ESTRATÉGICO     6.1  Identificação de zonas com maior potencial para o desenvolvimento da aquacultura                  6.2  Definição de tipos de aquacultura       6.3  Definição do quadro apropriado para a divulgação das actividades possíveis do sector 

          6.4   Seguimento do Quadro Estratégico   VII. ELEMENTOS DO QUADRO ESTRATÉGICO E O PAPEL DOS SECTORES PÚBLICO E 

PRIVADOS.     7.1     Sistemas  de produção adequados     7.2  Acesso e disponibilidade de factores de produção/inputs 

                  7.3     Divulgação/Outreach     7.4  Investigação     7.5  Educação e Formação     7.6  Marketing 

           7.7    Organizações de Produtores     7.8  Regulação     7.9     Controle, Acompanhamento e Avaliação  

              VIII   QUESTÕES ESPECÍFICAS            8.1  Centros Públicos de Informação e Seguimento 

    8.2  Sistemas de aquacultura não convencionais     8.3     Cultura de espécies inexploradas, introduções de espécies e organismos                 geneticamente modificados     8.4    Cabo Verde enquanto ambiente único e especial  VIII. CONCLUSÕES IX. RECOMENDAÇÕES 

  

    

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I. Introdução  

O Arquipélago de Cabo Verde é constituído por dez ilhas e alguns ilhéus, com uma superfície total de cerca de  4.000 km2 e uma população que ronda os 500.000 habitantes. Este arquipélago localiza‐se entre os 14° 23´ e 17° 12´ N e22° 40´ e 25° 22´ W, cerca de 560 km da costa oeste africana. 

  A  Zona  Económica  Exclusiva  (ZEE)  de  Cabo  Verde  alcança  quase  800.000  km2,  apresentando  um potencial Haliêutico relativamente fraco, estimando em 36.000 a 44.000 toneladas/ano (INDP). 

 Em Janeiro de 2010, no quadro do projecto TCP Facility, TCP/CVI/3301 (Baby01), o INDP endereçou um  pedido  à  FAO,  solicitando  uma  assistência  técnica  e  financeira,  visando  a  elaboração  de  um Quadro Estratégico para a Aquacultura em Cabo Verde e a  formulação de um projecto‐piloto TCP, para dar  inicio e seguimento à  implementação do processo de desenvolvimento da aquacultura em Cabo Verde. 

 Neste mesmo contexto e subsequentemente a um trabalho de fact‐finding elaborado pela FAO em Março de 2010, contratou‐se um consultor, para, em concertação com a representação da FAO em Cabo  Verde  e  ainda  o  FAO/RAF  Aquaculture  Officer  em  Acra,  perto  do  Instituto  Nacional  de Desenvolvimento das Pescas, apoiar na elaboração do primeiro draft de um quadro estratégico para o desenvolvimento da aquacultura, bem como um TCP (Technical Cooperation Project), que permitirá a implementação das primeiras acções no âmbito do quadro estratégico.  

 

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II. DESAFIOS/RESTRIÇÕES  

Durante  a missão  da  FAO  e  consequentemente  Technical  Service  Report1  os  seguintes  assuntos foram, em forma de fact‐findings,  identificados e realçados: 

 • Adicionado  aos  cinco  clássicos  desafios  do  desenvolvimento  da  aquacultura  (Os  cinco  desafios 

omnipresentes: Acesso a  ração e alevinos/larvas de boa Qualidade e Preço,  combinando ao acesso á capitais (financiamento) e ainda informação apropriada e acesso aos mercados), há que apontar ainda a forte limitação ao acesso e disponibilidade de água doce, combinado com zonas costeiras que oferecem pouca. Para além destes,  reporta‐se ainda  sobre um Mercado  local  com particularidades e apetência para  espécies  carnívoras,  enquanto  a  carne  de  peixe  (espécies  pelágicas)  são  a  principal  fonte  de proteína animal para a população. 

 • Acredita‐se  que  o  momento  presente  é  apropriado  para  uma  primeira  abordagem  aprofundada  á 

questão  da Aquacultura,  uma  vez  que  o  interesse,  tanto  por  parte  de  privados,  como  de  entidades publicas,  já é notória. Em termos de acções concretas, há  já a reportar, por exemplo, uma assistência técnica de experts chineses perto do INDP, envolvimento e interesse do INDP e da DGP (Direcção Geral das Pescas), bem como, pelo menos três projectos privados na área aquícola, prestes a serem iniciadas. 

 • Projectos conhecidos presentemente incluem: (i) cultura de juvenis de tilápia para isco de tunídeos; (ii) 

cultura de  tilápia utilizando água de diques/barragens ou águas  residuais;  (iii) cultura de garoupa em jaulas  marinhas;  (iv)  Larvicultura  de  lagosta  para  a  possibilidade  de  repopulação  de  áreas  sobre exploradas; e  (v) engorda de camarão marinho  importando Pós‐larvas  (Pls) dos EUA ou Brasil. Assim, pelo  menos  virtualmente,  todos  os  recursos  aquáticos  do  país  estão  considerados  para  a  sua possibilidade de utilização na produção aquícola. 

   

• Segundo se apurou, os projectos para a produção de tilápia consideram a utilização de um cruzamento de Oreo‐chromis mossambicus, maioritariamente masculinos (99%), de 15 a 20 gr., que nos últimos dias de vida são aclimatizados a salinidade igual a existente no mar, colocados em tanques e usados na pesca do atum, uma vez que um dos principais constrangimentos desse tipo de pesca reside na dificuldade de sincronização  entre  existência  de  juvenis  de  pelágicos  para  isco  e  época  de  presença  de  tunídeos. Acredita‐se  não  existir  nenhum  risco  de  tilápias  aclimatizadas  conseguirem  subsistir  um  ambiente completamente marinho e estabelecerem‐se como uma espécie exótica. Assim, uma produção de tilápia que considerasse também a Larvicultura e produção de alevinos podia fornecer outros interessados na cultura/engorda  desta  espécie,  especialmente  fora  da  época  do  atum. No  entanto,  para  o mercado local, não se sabe se a tilápia em geral, ou a espécie Mossambicus poderá ser uma espécie bem aceite para consumo. 

 • A garoupa é uma das espécies que no Mercado local atinge os preços mais elevados e há um interesse 

notável do sector público no estudo da sua reprodução e mais tarde, se viável, a sua cultura comercial. Óbvio  que  para  isso  serão  necessários  consideráveis  investimentos  na  investigação,  estudo  e desenvolvimento das  técnicas particulares de  reprodução e alimentação,  incluindo a  forma que estas particularidades afectam a viabilidade de um possível cultivo. Para a engorda do atum, foram utilizados em Cabo Verde  jaulas, com sucesso moderado, que poderão servir de guia para experiências também com garoupa.    

• A cultura de camarão marinho considera o uso exclusivo de organismos certificados enquanto livres de quaisquer patogénicos. Esta é uma questão crítica que deve sempre ser observada. Entendeu‐se que os projectos e estudos ambientes estão já elaborados e aprovados para esta actividade.  

 • No  contexto  actual,  a  disponibilidade  de  água  doce  é  limitada,  crítica  e  competida.  Alguma  água 

encontra‐se  disponível  após  as  grandes  chuvas  e  recentemente  nas  barragens  construídas.  A  água disponível  é  exclusivamente  usada  na  agricultura.  Existem  igualmente poços  e  tanques,  usados para armazenar águas extraídas do subsolo com uso de energia eólia. Água é desde sempre um factor crítico para as ilhas e o seu uso é direccionado para as formas mais optimizadas.   

                                                            1 J.Moehl, RAFT AQUACULTURE OFFICER (TCP/CVI/3301/March 2010)  

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 • Assim e pela escassez da água, parece ser que o mais óbvio para um Estado  Insular será um eventual 

desenvolvimento maioritariamente na área maricultura. No entanto e até o presente, as áreas costeiras visitadas mostraram‐se relativamente desprotegidas, sujeitas ao vento e energia das ondas. Para além disso, há que considerar que a par dos desafios  físicos  impostos pela natureza das  linhas costeiras, as espécies  realmente  interessantes  para  cultivo  não  estão  definidas  e  não  se  conhece  o  seu comportamento  neste  ambiente.  Igualmente  há  a  considerar  um  desenvolvimento  turístico  notável, susceptível  de  concorrer  para  a  utilização  das  áreas  mais  bem  protegidas  do  vento  e  correntes marítimas.  

 • Em termos de  inputs existentes e susceptíveis de caracterizar um envolvimento futuro na aquacultura, 

deve‐se frisar faltam ainda vários aspectos. Possibilidades de Larvicultura são objecto de algum estudo por parte  do  Instituto Nacional  de Desenvolvimento  das  Pescas. No  país  não  existe  ainda  quaisquer espécies que não sejam marinhas. Em relação a ração, outro aspecto crítico da aquacultura, não existe como é obvio  fábricas para sua produção, mas considera‐se que a boa relação comercial com o Brasil permitira a importação em condições concorrenciais, por exemplo aos mesmos valores que se consegue em outros países do  continente  (ex. Gana). No entanto,  é  imprescindível  levar em  consideração que quase  toda  a  ração  mundialmente  comercializada  contém  baixos  índices  de  proteínas  (30‐36%) projectadas para  espécies omnívoras.  Espécies  carnívoras  como  a  garoupa necessitam de  ração  com conteúdos de proteínas muito mais elevados, que, se disponíveis no mercado  internacional, precisam ser encontrados e principalmente os prazos de validade dessas rações estudados.    

 

Para  além  destes  pontos,  facilidades  laboratoriais  são  necessárias,  infra‐estruturas  e  experts  são necessários  para  investigações  e  estudos  mais  aprofundados  na  questão  das  oportunidades  de cultivo na aquacultura.  

Um  sucesso no desenvolvimento aquícola perspective‐se através da criação uma  rede de  recursos humanos  capacitados  para  tal,  que  impulsionam  este  possível  subsector. A  presente  iniciativa no INDP, portanto o Core Team, é de se considerar já um bom começo.  

Mais ainda, outros grandes constrangimentos como a necessidade de capitais para financiamentos, irão despoletar, capitais não apenas para os  investimentos e custos operacionais relacionados, mas também  para  assegurar  os  investimentos,  uma  vez  que  o  investimento  em  grande  escala  neste sector acompanha‐se sempre de consideráveis riscos.  

 III. OPORTUNIDADES 

 O  sector  da  Aquacultura  fornece  hoje  mais  de  50%  da  carne  de  peixe  para  consumo  humano (excluindo portanto as capturas para produção de óleo e rações). Este sector é apontado como sendo um  sector  viável  e  com  enorme potencial de  crescimento, uma  vez que  a demanda por proteína animal  proveniente  do  pescado  cresce,  enquanto  os  stocks  selvagens  de  peixes  decrescem  em grande velocidade, mostrando já várias espécies claros sinais de sobre exploração. No entanto, más práticas  aquícolas  em muitos  países  que  se  interessaram menos  pela  sustentabilidade  do  sector, conduziram a vários problemas de ordem social e ambiental. Cabo Verde, enquanto nação iniciadora no sector, pode perfeitamente evitar uma série de constrangimentos se conseguir criar as condições certas,  projectando  um  sector  aquícola  seguro  e  transparente,  identificando  claramente  as oportunidades,  articulando  e  analisando  possíveis  constrangimentos  e  uma  vez  chegado  a conclusões, promovendo fortemente os resultados.  

 

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Como  frisado  no  estudo  fact‐finding  aquaculture  cabo  verde    do  FAO‐Expert  John  Moehl,  já virtualmente  foram  considerados  as  principais  vias  para  possibilidades  de  investimentos  na aquacultura, portanto projectos e  ideias de projectos apresentados:  (i) cultura de  juvenis de tilápia para  isco de tunídeos; (ii) cultura de tilápia utilizando água de diques/barragens ou águas residuais; (iii)  cultura  de  garoupa  em  jaulas marinhas;  (iv)  Larvicultura  de  lagosta  para  a  possibilidade  de repopulação de áreas sobre exploradas; e  (v) engorda de camarão marinho  importando Pós‐larvas (Pls) dos EUA ou Brasil.  

 Por  exemplo  o  Ecoturismo,  enquanto  indústria  emergente,  tem mostrado  interesse  em  integrar diversas actividades e  já acontece com visitas nas áreas de cultivo, marinho e em viveiros. As vezes passeios e mergulhos nas áreas marítimas interessantes são combinados com essas visitas.  As  mudanças  climáticas,  um  problema  muito  endereçado  por  diversos  órgãos  e  agências governamentais, pode ser capaz de provocar mudanças significativas nos comportamentos naturais e provavelmente afectar as zonas de pesca e habitats das espécies que tradicionalmente se pescam. A aquacultura pode vir a fornecer alternativa para aqueles que vêm‐se obrigados a mudar em demasia os seus hábitos de pesca, proporcionando novas formas de subsistência. 

O  acesso  a  capitais  para  financiamento  de  projectos  contínua  sendo  um  dos  principais constrangimentos mundiais, portanto ainda persistentes na Ásia, Pacífico, América Latina, Caraíbas e principalmente África  subsaariana.  Estes  constrangimentos  deverão  continuar, mas  perspectiva‐se algum optimismo. Considerando no entanto aspectos como boa governação e boa gestão da coisa pública,  estes  constrangimentos  podem  ser  ultrapassados  com  a  captação  de  investimentos externos,  em  sistemas de produção  em  grande  escala  e  intensivos  em  termos de necessidade de capitais.  Em  vários  países  da  África  subsaariana,  investimentos  estrangeiros  de  consideráveis montantes  fazem‐se  já  sentir, como são os casos de Gambia, Namíbia, Nigéria, Senegal, Uganda e recentemente,  também em Cabo Verde, para a  cultura e engorda de  camarão,  tilápia e atum. No caso de Cabo Verde, ouve‐se um crescente interesse das autoridades cabo‐verdianas e brasileiras em cooperar nesta área com investimentos. 

Contínuos e  as  vezes dramáticos  avanços em  tecnologias, principalmente na da  informação e das comunicações estão criando novas oportunidades de comunicação, transmissão de aprendizagem e partilha de conhecimentos de uma forma rápida e económica. O desafio para os governos e outras partes  interessadas no desenvolvimento da aquicultura é aproveitar e aplicar essas oportunidades em benefício do sector. 

O acesso aos mercados de exportação complicou‐se  recentemente, com a necessidade de garantir maior qualidade, adoptando portanto leis e regulamentos complexos, procedimentos esses, exigidos tanto pelos países  importadores como pelos países produtores em si. É provável que o acesso aos mercados  poderá  ser  melhorado  através  do  desenvolvimento  de  sistemas  de  certificação  de qualidade e segurança alimentar. Como consequência, os agricultores, especialmente os pequenos operadores, poderiam formar, com assistência técnica apropriada, pequenas associações ou clusters e envidar esforços para implementar as melhores práticas de gestão e melhorar a auto‐regulação. 

Aquacultura – Plano para o sucesso: 

Para  entender  o  que  é  necessário  para  garantir  um  sector  aquícola  nacional  bem‐sucedido, considera‐se necessário olhar para êxitos de outras nações e as etapas para proteger sua  indústria, conforme relatado, por exemplo, pelos seguintes países: 

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Na Índia, a aquacultura, principalmente de carpa e camarão, desenvolveu‐se em três fases distintas2:  

1  ‐  A  fase  '  Ascendente'  do  final  da  década  de  1980  até  1995,  onde  um  senso  de  enorme competitividade prevaleceu entre os aquicultores. Estes mantiveram um grande sigilo em todas as suas operações de exploração para tentar produzir cada vez mais camarão e conseguir altos lucros, as vezes em apenas quatro meses de crescimento 

2  ‐  A  fase  de  “queda”  (1995‐2001),  onde  se  testemunhou  o  aparecimento  de  doenças  virais virulentos, particularmente a  'white spot syndrome virus  ' (WSSV‐ vírus da síndrome da mancha branca), que  reduziu a  indústria de aquacultura de  camarão ao  caos, principalmente devido à ganância de alta produção, “poluição” devido à pobre gestão aquícola e falta de experiência e a cooperação  entre  os  aquicultores. No  entanto,  como  uma  bênção  disfarçada,  esta  catástrofe obrigou um  regime de  aquicultura mais maduro  e  responsável,  apesar das perdas  colossais  e intervenções jurídicas muito severas. 

3 ‐ A “fase de sustentabilidade” (desde 2002), facilitada com as intervenções das instituições de investigação e desenvolvimento,  incentivou‐se os aquicultores a uma mais aberta  cooperação, partilhando  experiências  e  técnicas,  juntando  esforços  e  entendendo  que  o  sucesso  era dependente também do seu vizinho. 

Segundo a FAO ‐ India National Aquaculture Sector Overview: A aquicultura na Índia nos últimos anos  não  só  levou  a  substanciais  benefícios  socio‐económicos,  como  o  aumento  dos  níveis nutricionais,  renda,  emprego  e  entrada de divisas, mas  também  trouxe para utilização  vastos recursos em  termos de água e  solo, anteriormente não utilizados ou  subutilizados. Com  água doce  da  aquicultura,  sendo  compatível  com  outros  sistemas  de  agricultura  é  largamente ambientalmente amigável e  fornece para a  reciclagem e utilização de vários  tipos de  resíduos orgânicos. Para além disso, com a combinação de práticas aquícolas e agricultura, uma vez que se escolheram sistemas favoráveis a ambas as culturas e ao ambiente, conseguiu‐se uma maior rentabilização da água e  solos, bem  como  fizeram‐se progressos na utilização de desperdícios orgânicos (ração) e reciclagem de águas residuais. 

Experiencia da Jamaica3. 

A  Jamaica  iniciou‐se  na  aquicultura  em  1950  com  a  introdução  de  tilápia  mossambica  com sucesso moderado até finais de dos anos 70´s. Em 1980 o governo da Jamaica solicitou o apoio da  FAO, que  respondeu positivamente  com um  TCP  (Technical Cooperation Project),  a que  se chamou “Programa de desenvolvimento e coordenação da aquicultura” (ADCP). O programa de coordenação e desenvolvimento da aquicultura  fez a proposta para que  fosse criado um grupo de estudos, composto por técnicos Jamaicanos a trabalhar em tempo  inteiro. Esta proposta  foi aceite  e  estudos  sobre  a  key‐factors  relacionados  com  a  aquacultura  foram  desenvolvidos  e assim uma estratégia nacional foi posta em prática. Por exemplo, para a selecção de tecnologias aquícolas,  as  seguintes  informações  foram  tidas  em  consideração  e  enquanto  factores  para decisão: 

i. Estudos de viabilidade e resultados financeiros de sistemas de cultivo comparados; ii. A  potencialidade  de  Produção  (produção/ano),  que  cada  forma  de  cultivo  pudesse 

proporcionar; 

                                                            2  FAO‐Country  Aquaculture  Profile,  National  Centre  for  Agricultural  Economics  and  Policy  Research,  New  Delhi,  India, Central Institute of Brackishwater Aquaculture, Chennai, India. 3 A policy for development of aquaculture in jamaica‐report of the government of jamaica. 

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iii. A  natureza  e  alcance  que  o  envolvimento  governamental  pudesse  atingir  (investigação, extensionismo, incentivos, financiamentos) para fomentar sistemas de cultivos viáveis. 

iv. Os  riscos  associados  com  cada  tecnologia  de  cultivo  (tecnológicos,  ambientais,  doenças, predadores, económicos etc.) 

v. O  impacto  que  cada  sistema  de  cultivo  pudesse  provocar  nos  objectivos  governamentais (emprego, potencial de produção de proteína animal para a população, entrada de divisas etc.) 

E depois o estudo de key‐factors como por exemplo: 

vi. Resultados microeconómicos de  pequenos  cultivos  (a base  de  estimativas  e  considerando factores  como  emprego,  possibilidade  de  exportação,  divisas,  potencial  de  produção, espécies para produção, riscos associados a cada espécie etc.);  

vii. Potencial máximo de produção, considerando os esforços e incentivos governamentais; viii. Riscos; ix. Influência do Governo para conseguir os objectivos; 

Considerando estes aspectos e estudos detalhados, a equipa chegou a conclusões e fez a proposta ao Governo  para  envolver‐se  na  criação  de  condições  e  incentivos  para  as  seguintes  actividades aquícolas: 

x. Cultivo de tilápia em viveiros xi. Cultivo de camarão em viveiros xii. Cultivo de tilápia em braços de rios xiii. Cultivo de espécies marinhas em enclaves de mar xiv. Cultivo de ostra em manguezais (mangrooves).  

Igualmente uma estratégia nacional foi lançada, acompanhada dos elementos jurídicos necessários e ainda projectos‐piloto  foram  implementados, enquanto que paralelamente acções de  investigação aplicada  foram  conduzidas,  organizando  formações  e  educação  no  sector,  contribuindo  para  a criação de um sector aquícola saudável. Assim, em 2008 a  Jamaica  já produziu 8.000  toneladas de camarão e peixe provenientes da aquacultura.  

Vários outros exemplos poderiam  ser  levados em consideração,  também para pequenos países ou ilhas,  como  por  exemplo  as  ilhas  Canárias  que  decidiram  pelo  investimento  na maricultura  em gaiolas, com sucesso considerável. A produção de dourada e robalo alcançou entre 9.000 e 10.000 toneladas em 20084.  

 Bons exemplos de grandes países  também estão a  ser propalados, como a Austrália, que  fez uma aposta forte nas espécies geneticamente melhoradas. O Sector aquícola da Austrália, depois de uma pesquisa  de  10  anos5,  apresentou  recentemente  uma  espécie  de  camarão  tigre  gigante, geneticamente modificado  e  com  rápido  crescimento  (crescimento  superior  em  20%  ao  camarão tigre comum). As indústrias aquícolas na Austrália estão tendo produções de até 17,5 toneladas por hectare de  viveiros, enquanto que  a maioria dos países não produz mais de   5 à 7  toneladas por hectare. 

 Notícias encorajadoras para o sector chegam também do Brasil, onde o cultivo de tilápia e camarão é considerado  em  alguns  Estados  de  autêntica  revolução  social,  criando  empregos  e melhorando  o 

                                                            4 Marine fish farming in Spain – Instituto Agonomio de Mediterraneo de Zaragoza. 5 (CSIRO) – Commonwealth Scientific abd Industrial Research Organisation. 

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nível de vida de populações rurais. Ao mesmo tempo, o governo brasileiro promove no mundo um dos  maiores  programas  de  investigação  sobre  as  espécies  nativas,  com  muito  sucesso. Recentemente, o Presidente Lula da Silva  inaugurou a primeiro projecto de maricultura comercial, uma  fazenda  situada  a  onze  quilómetros  de  Costa  de  Recife,  capaz  de  produzir  até  10.000 toneladas/ano de Rachycentridae (bijupirá).  

                                              

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IV  OS OBJECTIVOS DO DESENVOLVIMENTO DA AQUACULTURA.  

Objectivos que se visionam a curto e médio prazo incluem:  o Criação de empregos; o Redução  da  pobreza  e  contribuição  para  melhorias  nos  níveis  de  vida  das  populações 

(principalmente costeiras); o Aumento das exportações e diminuição das importações; o Satisfazer  a  demanda  por  produtos  do mar  de maior  valor  comercial  (filetes,  camarão6, 

lagosta, etc.); o Diminuir  a  problemática  da  escassez  do  isco,  evitar  a  captura  de  juvenis7  e  aumentar  as 

capturas de atum.  

O  objectivo  do  presente  plano  estratégico  é  sugerir  os  caminhos  para  um  desenvolvimento sustentável da aquacultura, permitindo alcançar os objectivos propostos, evidenciando os aspectos relacionados com a sustentabilidade económica, financeira, social e ambiental. 

          

                                                            6 É importante ressaltar que, apesar de ter sido aprovado para Cabo Verde um projecto de engorda de camarão não‐nativo, a introdução de espécies não‐nativas é uma questão que exige ponderação, especialmente camarão, que é considerado um vector de doença para o  ambiente. Assim, para  além das pós‐larvas deverem  ter o  certificado de  "organismos  livre de agentes patogénicos", devem exigir a garantia de  facilidades de biossegurança  (INDP‐Tariche/Valadares). Por exemplo, a FAO/NACA/UNEP/WWP  –  International  Principles  for  Responsible  Shrimp  Farming,  recomenda  no  princípio  nr.  4  – Broodstock  e  Postlarvae:  "Sempre que  possível,  o uso de  larvas/juvenis  (Pls)  endémicos  domesticados  e  seleccionados, livres ou resistentes a patogénicos, reforçando assim a biossegurança, reduzindo doenças e aumentando a produção e ao mesmo  tempo  reduzindo  a  procura  de  populações  selvagens."  Em  Cabo  Verde,  se  existir  um  camarão  adequado  a domesticação, ele precisa ser descoberto e estudado, oferecendo assim a possibilidade de investigação. O Brasil começou por exemplo estudos sobre as espécies nativas de camarão para repovoamento do ambiente selvagem e ainda substituição de PLs importados. 7 É  importante frisar que no cultivo de  isco o produto final (proteína animal) será redireccionado para a pesca de atum e não para  consumo humano, o que  levanta um problema  ético  (INDP‐Tariche/Valadares). Entretanto,  é preciso  também fazer nota que na preparação das rações para a aquacultura, a maioria do teor de proteína animal provém da utilização de capturas de espécies com menor valor comercial, o que  levanta, de certa  forma, as mesmas questões  relacionados com certa ética. Para além disso e especialmente em Cabo Verde, o  isco vivo  (juvenis de pelágicos) utilizado para a pesca de tunídeos,  é  capturado  em  ambiente  selvagem,  conservado  em  tanques  e  mais  tarde  usados  para  alimentar  e  atrair cardumes.  Para  além  da  questão,  também  relacionada  com  a  ética,  deve‐se  ainda  considerar  que  quantidades consideráveis  de  juvenis  são  retiradas  do  ambiente  selvagem,  ficando  incapazes  de  chegar  a  fase  de  maturação  e reproduzirem.  Cabo  Verde  apresenta  já  leis  que  abordam  a  temática  da  captura  de  juvenis  de  pelágicos,  mas  é normalmente aberto excepções quando se trata de captura para utilização enquanto isco. 

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V. ABORDAGEM PARA DEFINIÇÃO DO QUADRO ESTRATÉGICO  A abordagem é estruturada em quatro fases:  

• Fase de visionamento da estratégia. (envision) • Fase de acesso as informações (assessment) • Fase de analise (analysis) • Fase de apuramento (output) 

  APPROACH  

   

             

Envision:  actividades nesta fase incluirão a organização projecto; desenvolvimento detalhado de um plano de trabalho; definição de uma equipe central dentro do INDP para trabalhar com o consultor; definir as tarefas e funções de cada participante; preparação de um primeiro plano de conteúdos da estratégia; familiarização com CNP (Conselho Nacional das Pescas) 

 Assessment: actividades nesta fase incluirão varias pesquisas e estudos, contactos com os stakeholders; definição das funções e intervenções do sector público e privado; recolha de informações/dados pertinentes para cada área de actividade e sistema de produção; avaliação da sustentabilidade de sistemas de produção, inventariação de principais problemas relacionados com o assunto, inventariação dos riscos (ambiental, social, económico, financeira e jurídica);   

 Analysis: actividades nesta fase incluirão a analise de todos os dados e informações recolhidas para elaboração de um primeiro draft de quadro estratégico; durante todo o processo a equipa ouvirá e envolverá os stakeholders e outros colaboradores.  

 Output: Esta é a fase final do trabalho onde será apresentando o primeiro draft para apreciação dos vários colaboradores e participantes; serão organizadas reuniões e ateliers de socialização, bem como será elaborado uma primeira abordagem sobre um projecto de cooperação técnica (TCP) para apreciação das partes.  

 ENVISION ASSESSMENT ANALYSIS

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VI  DEFINIÇÃO DO QUADRO ESTRATÉGICO  o Identificação de zonas com maior potencial para o desenvolvimento da aquacultura o Definição dos tipos de aquacultura o Definição do quadro apropriado para a divulgação das actividades possíveis no sector o Seguimento do Quadro estratégico 

  6.1 Identificação de zonas com maior potencial para o desenvolvimento da aquacultura  Análises superficiais em zonas consideradas com potencial para a aquacultura foram anteriormente dinamizadas por algumas agências do Estado e também privados. No entanto estas análises tiveram como base apenas informações como a topografia, profundidades das baias, informações recolhidas perto  de  pescadores  e  outros  agentes.  Existe  então  a  necessidade  de  uma  análise  muito  mais profunda,  acção  essa  que  deverá  ser  prioritária  no  âmbito  dos  próximos  passos  a  seguir  após elaboração  do plano.  Ter  uma  clara  definição  sobre  áreas  onde  a  probabilidade  da  prática  viável (condições físicas) da aquacultura existe e é crucial para potenciar investimentos e guiar investidores que normalmente não dispõem  inicialmente da necessária  informação técnica para  implementar os seus projectos. 

  

6.2 Definição de tipos de aquacultura    

Aquicultura divide‐se normalmente  em  aquicultura  comercial e não  comercial  (ou de  subsistência como acontece em vários países, principalmente nos países em vias de desenvolvimento). Para esta última prática,  recentes desenvolvimentos  tecnológicos parecerem permitir algumas práticas onde com  poucos  recursos  aquáticos  seja  possível  algum  cultivo:  Mini‐Fish  farms,  pequenas  gaiolas marinhas, que no futuro, o uso da água armazenada para a agricultura poderá apresentar iniciativas às  Comunidades. No  entanto,  a  aquacultura  deve  ter  uma  forte  base  comercial,  começando  com extensivas  análises  de mercado,  tecnologia,  know‐how  e  interesse  privado.  A  combinação  destes factores poderá contribuir para um sector aquícola comercial rentável (marinha e em terra).  

    

6.3 Definição do quadro apropriado para a divulgação das actividades possíveis no sector  Um nível elevado de informações técnico‐científico é considerado normal para um desenvolvimento sustentável de um possível subsector da aquacultura. Este nível  tecnológico em países em vias de desenvolvimento  só  é  conseguido  com  forte  envolvimento  do  sector  público,  que  fomenta  a pesquisa e divulgação de resultados e informação.  Considerando  experiências  interessantes  e  de  sucesso  em  outros  países,  é  possível  propor  uma estratégia geral de  suporte ao desenvolvimento  tecnológico da aquacultura. Um  team de  técnicos com mobilidade, poderá existir, por exemplo no INDP, tendo como função a pesquisa de informação para acompanhamento das actividades no  sector,  fornecendo aos  stakeholders  toda a expertise e assistência  técnica  que  necessitam.  Esta  equipe móvel  deverá  ter  um mínimo  de  infra‐estruturas necessárias,  incluindo  para  além  de  laboratórios,  veículos  equipados  para  visitas  ao  terreno, justificando‐se no facto que:  

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1. Assistência técnica ao sector é necessária e deve ser garantido a longo prazo; 2. Normalmente os produtores ou privados interessados no sector têm dificuldades 

na obtenção da assistência técnica duradoura;  3. Essa  assistência  técnica  deve  ser  normalmente  muito  específica  e  por  isso 

custosa quando considerada a sua necessidade a médio‐longo prazo.   

Para além disso, é de se considerar que este tipo de abordagem com uma equipe móvel de experts é dimensionada  de  tal  forma  que  a  equipe  investigue  e  produza  informações  úteis  para  apoiar directamente os operadores.         6.4 Seguimento do Quadro Estratégico 

 Considerando que um quadro estratégico é apenas o  início de um processo  interactivo  complexo, várias  acções,  incluindo  TCPs,  actividades‐piloto,  etc.,  serão  conduzidas  e  contribuirão  para  a melhoria  da  qualidade  do  quadro  estratégico,  abordando  situações  reais.  Como  um  dos resultados/outputs de um TCP é esperado propostas de melhorias do quadro estratégico. 

 

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VII.  ELEMENTOS  DO  QUADRO  ESTRATÉGICO  E  O  PAPEL  DOS  SECTORES  PUBLICO  E PRIVADO.  

       Um desenvolvimento sustentável da aquacultura irá ter como base um número considerável de factores  e  condições  que  necessitam  existir,  para  que  uma  estratégia  possa  ser  delineada  e flexível:  Os factores considerados mais decisivos são: [1] Sistemas de produção adequados; [2] Disponibilidade e bom acesso aos  factores de produção/inputs(ração,  larvas, alevinos, Capital, etc.);  [3]  Divulgação/outreach;  [4]Investigação;  [5]  Educação  e  Formação;  [6] Marketing;  [7] Organização  de  Produtores;  [8]  Regulação/Legislação;  [9]  Controle,  Monitorização  e Avaliação. 

 Para os dois  tipos de aquacultura considerados no documento  (comercial e de  subsistência ou não  comercial),  a  secção  seguinte pretende  lançar pistas  para o  posicionamento  dos  sectores público  e  Privado.  Quando  não  especificado,  as  propostas  aplicar‐se‐ão  à  todos  os  tipos  de aquacultura.  Há  luz dos  limitados recursos humanos e financeiros, os governos devem abdicar do seu papel enquanto  investidor directo para passar a  ser um  facilitador e promotor do desenvolvimento, portanto  a  aplicar  também  para  o  subsector  da  aquacultura,  que  deve  ser  independente  e comercialmente  viável.  O  sector  privado  compõe‐se  normalmente  por  dois  tipos  de  actores: investidores  directos,  incluindo  produtores  e  fornecedores  de  serviços  e  investidores  indirectos, principalmente as organizações da sociedade civil.   

7.1  Sistemas de Produção Adequados 

 O Governo, através das suas agências, por exemplo o Instituto Nacional de Desenvolvimento das Pescas e a Direcção Geral das Pescas, deve: 

 • Identificar tecnologias e sistemas adequados de produção, bem como as espécies mais 

apropriadas para o cultivo; • Promover estudos sobre os factores chaves dos sistemas de produção escolhidos; • Identificar  e  estudar  zonas  favoráveis  à  prática  da  aquacultura  com  os  sistemas 

escolhidos; • Promover estudos de Mercado e de viabilidade dos  sistemas de produção escolhidos, 

de forma a criar claras oportunidades de negócio; • Informar  investidores e  interessados  sobre o  resultado dos estudos das  tecnologias e 

espécies, concentrando as suas acções em torno das zonas escolhidas e estudadas; • Promover  a  cooperação  na  área  da  aquacultura  com  outros  países  e  aproveitar  das 

suas experiências.  

Já o sector Privado deverá: 

 • Estar  devidamente  informado  das  tecnologias,  sistemas  e  espécies  estudadas  e 

promovidas pelo sector público, bem como estar atento as zonas apontadas como mais favoráveis à prática da actividade;  

•   Participar  activamente  nas  discussões  com  o  governo  e  sector  público,  de  forma  a definir as melhores estratégias, criando oportunidades de negócios.  

     

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7.2   Acesso e disponibilidade de factores de produção/inputs 

a)     Rações: 

 O Governo e sua agência devem: 

 • Promover  o  acesso  a  ração  de  boa  qualidade  (certificada)  e  preço,  retirando  taxas 

aduaneiras  e  impostos  às  rações  importadas,  bem  como maquinaria  necessária  para preparação  de  ração  e  conexos.  Uma  indústria  nacional  de  produção  de  ração  deve também ser estimulada; 

• Estimular a importação da ração certificada, baixando ou retirando taxas portuárias; • Conseguir e disponibilizar informações sobre rações e matérias‐primas, especialmente preços 

em mercados internacionais; • Promover a Inspecção e certificação de rações; • Promover  a  adopção  de  práticas  responsáveis  de  produção  e  utilização  de  ração,  criando 

manuais  e  códigos de  condutas  responsáveis  (exemplo:  FAO  Technical Guidelines  for Good Aquaculture Feed Manufacturing Practice); e, 

• Encorajar o sector privado à facilitar o acesso à rações de boa qualidade, fornecendo todo o subsector.   

Investidores devem (incluindo produtores de ração): 

 • Produzir ou importar as rações e pô‐los á disponibilidade dos aquacultores; • Garantir uniformidade na qualidade dos produtos produzidos ou importados; • Identificar mecanismos que permitam o acesso e por conseguinte a disponibilização a bom 

preço da ração produzida ou importada; • Divulgar as suas análises de rentabilidade na importação e produção das rações, conseguindo 

o melhor entendimento possível com o cliente; • Disponibilizar informações sobre a disponibilidade de rações;  • Apoiar na promoção de programas de divulgação de rações de boa qualidade e manejo das 

mesmas; • Seguir e monitorizar programas de divulgação e apoio. 

 

Produtores/aquacultores devem: 

 • Fazer  o  devido  lobby  para  promover  a  tomada  das melhores  decisões  que  promovam  o 

desenvolvimento do sector; e, • Criar a ligação necessária às agências que promovam a investigação e desenvolvimento. 

  

b)     Larvas e Alevinos (organismos para o cultivo): 

O Governo deve limitar‐se a: • Providenciar  informações  sobre  fontes  e  preços  de  larvas,  pós‐larvas  e  alevinos  de 

comprovada qualidade; • Providenciar  regras  para  a  importação  e  produção  de  larvas  e  alevinos,  incluindo  todas  as 

certificações  a  nível  da  saúde  e  segurança  bio‐alimentar,  bem  como monitorizar  todo  os processos;  

• Promover a manutenção de stocks de pós‐larvas ou alevinos das espécies seleccionadas e que correspondem aos sistemas de produção escolhidos; e,  

• Encorajar aquacultores para promoverem o acesso e disponibilizarem organismos de melhor 

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qualidade possível. 

Investidores directos devem: • Produzir  e  distribuir  organismos  de  grande  qualidade  e  com  todos  os  certificados  de 

qualidade; • Considerar a possibilidade de por em quarentena importações e garantir organismos livres de 

quaisquer patogenias, colaborando com as autoridades que devem monitorizar os processos;  • Disponibilizar os produtos a um preço acessível; • Identificar e conseguir mecanismos que permitam o acesso do sector a estes organismos de 

alta qualidade e a bom preço; • Participar  e  promover  programas  de  divulgação, manuseio  e  boas  práticas  de  gestão  dos 

organismo para cultivo, e  • Monitorizar resultados. 

  

Produtores e organizações de produtores devem: • Servir enquanto fórum para troca de informações entre os stakeholders; • Fazer  o  devido  lobby  para  promover  a  tomada  das melhores  decisões  que  promovam  o 

desenvolvimento do sector; e, • Criar a ligação necessária ás agências que promovem a investigação e desenvolvimento.  

         c)  Capital: 

A disponibilização e gestão de créditos e capitais pelo Governo, muitas vezes  levou a situações complexas e sem viabilidade económica. Assim, a disponibilização de capital para investimentos no  sector  deveria  caber  a  agências  devidamente  capacitadas  (por  exemplo  o  Fundo  de Desenvolvimento  das  Pescas)  para  o  efeito  e  apenas  para  projectos  que  se  provem financeiramente  e  economicamente  viáveis.  Mais  ainda,  em  relação  a  viabilidade  dos investimentos, o Governo deve muito mais concentrar‐se no seguinte:  

• Apoiar com informações consistentes e convencer as agências financeiras sobre a viabilidade e oportunidade dos projectos na área aquícola; 

• Avaliar  os  méritos  técnicos  das  propostas  de  investimento  apresentados  às  agências  de crédito para financiamento; 

• Aconselhar  os  aquacultores  sobre  onde  e  como  aceder  a  financiamento  de  instituições especializadas; e, 

• Interagir  com  as  agências  de  crédito,  de  forma  a  possibilitar  a  negociação  de melhorar  as condições na apresentação de taxas de juros e garantias.  

 O sector Privado deve:  

• Para além de fazer investimentos com o próprio capital, recorrer‐se as instituições de crédito privados para propostas de financiamentos de projectos; 

• Propor  instituições  de  crédito  a  considerar  taxas  de  juros  competitivas,  por  exemplo  as utilizadas internacionalmente para agro‐negócios (agricultura, pescas etc.) 

• Os  investidores  devem  sempre  apresentar  planos  de  negócios  (business  plans)  claros, realísticos, acompanhados de estudos de Mercado e de viabilidade económica e Financeira; 

• As  instituições  de  créditos  devem  financiar  empreendimentos  que  considerem  actividade aquícola (principalmente quando aconselhados pelo Governo); 

• Pequenos e médios investidores devem apresentar capacidade de gestão antes de avançarem com propostas de financiamentos; 

• ONGs devem apoiar investidores e interessados a encontrarem os melhores financiamentos; • Participar na transferência de informações, principalmente sobre a oferta de créditos; • Sensibilizar  pequenos  aquacultores  ou  comunidades  interessadas  a  promoverem  o 

associativismo, mutualismo e assim criarem fundos de utilização conjunta; • Examinar a possibilidade de criação de um  fundo de garantia para projectos aquícolas  (por 

exemplo em cooperação com o FDP, ou o Banco Social em criação); 

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  7.3 Divulgação/Outreach  O Governo deve: 

 • Providenciar assistência técnica com a necessária qualidade, através de uma eficiente equipa 

de divulgação e programas próprios; • Conseguir  os  parceiros  certos  para  colaboração,  quando  não  é  possível  o  sector  público 

sozinho ter acesso as informações técnicas que são necessárias; • Estabelecer  redes  nacionais  e  internacionais  sobre  a  aquacultura,  com  informação  técnica 

facilmente acessível aos atores do sector; • Ser o coordenador das acções de divulgação; • Encorajar  a  formação  de  grupos  de  produtores  para  correcta  racionalização  dos  inputs 

(principalmente nas importações), bem como fomentar a troca de informação entre os atores.  • Encorajar os produtores comerciais a divulgar informações com os produtores não comerciais 

ou de subsistência. • Facilitar  a  criação  de  fóruns  de  discussão  sobre  todos  os  aspectos  relacionados  com  a 

aquacultura; e • Propor  aos  grandes  investidores  a  contratação  da  assistência  técnica,  promovendo  o 

desenvolvimento e solidificação da expertise necessária.  O Sector Privado deve: 

 • Apoiar e reforçar os programas de extensão/divulgação dos sectores públicos, especialmente 

no tocante à divulgação das informações relacionadas com rações e organismos de cultivo;  • Avaliar a eficácia da divulgação e aconselhar sobre as necessidades; • Ser fonte de informação do sector público; • Produtores comerciais devem pagar pela assistência técnica; e • Produtores  comerciais  devem  avaliar  suas  oportunidades  em  servir  também  como 

fornecedores de informação.  •  

7.4  Investigação  Para a aquacultura comercial, o governo deve:  

• Financiar a investigação básica, apoiando na identificação e estudo das espécies nativas com potencial para  a  aquacultura e  ainda na  adaptação das  técnicas  aquícolas e espécies  com provas dadas de cultivo comercialmente viáveis;  

• Apoiar  a  investigação  aplicada  quando  em  interesse  dos  produtores,  promovendo oportunidades de negócios; 

• Promover  estudos de  viabilidade  ambiental,  social  e  económico‐financeira para projectos  de interesse;  

• Promover  estudos  sobre  a  disponibilidade  e  importação/produção  de  rações  para  a aquacultura; 

• Garantir que a investigação segue os propósitos dos produtores e sector Privado; • Desenvolver métodos e procedimentos que garantam que produtores e investidores tenham 

acesso á expertise, assistência técnica e infra‐estruturas do Estado, para promoção e suporte das suas actividades. 

  

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Para a aquacultura não comercial, o governo deve:  

• Financiar  completamente  a pesquisa de  sistemas  simples  e pouco  custosos, que possam  ser operados por pequenos operadores, ou associações em comunidades piscatórias.   

O Sector Privado deve:  

• Financiar parte da investigação necessária; • Avaliar os resultados da investigação pela sua utilidade e propor áreas de interesse. 

 7.5 Educação e Formação  O Governo deve:  

• Desenvolver  currículos  específicos  para  formação  prática  de  gestores  e  técnicos  de aquicultura; 

• Organizar e/ou conduzir conforme necessidade e em intervalos regulares, cursos rápidos, em estilo on‐the‐job, bem como outras formações e valorização dos recursos humanos no sub‐sector;  

• Estabelecer  um  plano  de  formação  contínuo  para  o  pessoal  técnico  das  agências governamentais e criar  ligações e vínculos com agências  locais, regionais ou  internacionais, proporcionando formação, educação e assistência, incluindo opções de formação a distância; 

• Manter actualizado e fornecer informações sobre possibilidades de carreiras técnicas no sub‐sector; e 

• Introduzir a médio e longo prazo, formações em Ciências relacionadas com a aquacultura nas Universidades. 

 O Sector Privado deve:  

• Custear a formação dos técnicos necessários para o desenvolvimento do sub‐sector; • Promover oportunidades de formação nas suas granjas e fazendas de produção; e • Informar o sector público sobre a eficácia das formações e aconselhar sobre as necessidades 

de formação.  7.6  Marketing  Governo deve:  

• Disponibilizar e produzir informações sobre os produtos da aquacultura, os preços de venda a  retalho,  conservação  e  tratamento  para  produtores  e  consumidores  através  de,  por exemplo, jornais, boletins, rádio rural ou outros meios de comunicação; 

• Proteger os produtores locais contra a concorrência desleal externa (importações) desde que as  medidas  de  protecção  utilizadas  sejam  compatíveis  com  as  convenções/acordos internacionais de comércio. 

• Fornecer a infra‐estrutura básica para um bom sistema de marketing; • Incentivar  os  produtores  comerciais  a  desenvolver  canais  de  mercado  que  possam  ser 

acessados por pequenos produtores; 

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• Preparar e publicar regularmente as orientações sobre a aplicação das normas de qualidade dos produtos da aquacultura, bem como melhorar a aceitação dos produtos aquícolas. 

 Os privados devem:  

• Fornecer produtos de qualidade uniforme de acordo com às exigências do mercado e normas locais e internacionais; e 

• Procurar  mecanismos  que  possam  fornecer  garantias  de  mercado  para  pequenos produtores. 

 7.7 Organizações de Produtores  O governo deve:  

• Promover  e  facilitar  a  formação  de  organizações  de  produtores  com  estatuto  jurídico apropriado,  por  exemplo,  publicitando  suas  vantagens  na  negociação  colectiva, racionalização administrativa etc.; e  

• Aconselhar os aquacultores sobre onde e como obter assistência na  formação de grupos e função desses grupos. 

 O Sector Privado deve:  

• Organizar‐se para defender os seus interesses, facilitar o acesso aos consumíveis e mercados, etc., 

• As  ONGs  deverão  desempenhar  um  papel  catalisador  na  criação  de  organizações  de produtores; e, 

• As  organizações  devem  considerar  a  possibilidade  de  criação  de  uma  organização  de produtores nacionais. 

 7.8 Regulação  O Governo ou sector público devem:  

• Estabelecer  direitos  de  usuários  claros  e  seguros  sobre  os  terrenos  e  lâminas  de  águas favoráveis aos investimentos na aquacultura; 

• Evitar custos desnecessários de aquisição de direitos sobre os terrenos e lâminas de águas e os direitos para a prática da actividade;  

• Regulamentar fortemente o movimento de organismos aquáticos, bem como as drenagens e desperdícios dos processos de cultivo, requerendo estudos específicos de impacte ambiental (EIA); 

• Regulamentar fortemente a  importação e utilização de organismos aquáticos, não‐nativos e organismos geneticamente modificados. 

• Para a aquacultura comercial, providenciar licenças que especifiquem claramente os direitos e deveres de cada parte; 

•  Dispensar  tais  autorizações  para  a  aquacultura  não‐comercial,  desde  que  não  sejam excedidos os limites normativos que deverão ser impostos pelo governo; 

• Adoptar  um  balcão  único  para  a  obtenção  de  licenças  e  informações  relevantes  para  o desenvolvimento da aquicultura; 

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• Colectar e publicar dados estatísticos fiáveis e actualizados;  • Aplicar  e  fazer  cumprir  códigos  internacionais  adequados  subscritos  pelo  Governo  (por 

exemplo, códigos internacionais de conduta da aquacultura responsável – CCRF). • Determinar critérios para exigir estudos de avaliação de impacto ambiental. • Regulamentar a produção de organismos para cultivo (larvas, pós‐larvas e juvenis); • Regulamentar a produção comercial de rações; e • Definir um regulamento para o controlo da qualidade dos produtos da aquacultura. 

 O sector Privado deve:  

• Levar em conta os regulamentos propostos; • Adoptar regulamentos internos que promovam as boas práticas no sector; • Adoptar regulamentos que permitam a produção segura e de qualidade constante; e • Divulgar dados de produção e informações sobre a produção possibilitando o sector público 

a monitorização necessária.  7.9  Controle, Acompanhamento e Avaliação  Governo deve:  

• Controlar o movimento de organismos aquáticos (larvas, pós‐larvas, alevinos) e as descargas e desperdícios do sector aquícola; 

• Controlar  o  uso  de  organismos  aquáticos  não‐nativos  e  organismos  geneticamente modificados; 

• Para a aquacultura comercial, exigir licenças que especificam os direitos e obrigações de cada parte; 

• Aplicar e fazer cumprir códigos  internacionais de boas prácticas (exemplo., Code of Conduct for Responsible Fisheries (aquaculture) –CCRF); 

• Definir um sistema padrão de recolha e tratamento de estatísticas/dados; • Colectar e publicar dados estatísticos fiáveis e actualizados; • Definir a necessidade ou não de apresentação de estudos de impacte ambiental conforme a 

intensidade da actividade; • Controlar a qualidade dos organismos (larva, alevinos) de produção; • Controlar a qualidade das rações; • Controlar a qualidade dos produtos aquícolas. • Regularmente avaliar o nível de desenvolvimento do sector. 

 O setor privado deve:  

• Respeitar os regulamentos sobre o movimento dos organismos aquáticos entre  a disposição de normas das descargas de efluentes e desperdícios da produção; 

• Respeitar os  regulamentos sobre o uso de organismos aquáticos não‐nativos e organismos geneticamente modificados; 

• Buscar autorização antes de estabelecer uma exploração na aquacultura; • Aplicar códigos internacionais adequados que o governo venha a subscrever; • Fornecer regularmente estatísticas fiáveis e actualizadas; e 

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• Ter auto‐regulação e mecanismos de auto‐controle para garantir qualidade dos organismos utilizados,  qualidade dos alimentos comerciais e a qualidade dos produtos aquícolas.  

 VIII   QUESTÕES ESPECÍFICAS 

 Seguindo a lógica e o processo descrito acima, questões específicas sobre o quadro estratégico para o desenvolvimento da aquacultura em Cabo Verde incluem: 

 8.1  Centros Públicos de informação e seguimento 

 O  sector  público  deve manter  pelo menos  um  centro,  por  exemplo,  o  Instituto Nacional  para  o desenvolvimento  das  pescas,  onde  seja  possível  o  acesso  a  informação,  expertise  na  área, investigação e formação prática. Os critérios para manutenção de tal centro, seriam, entre outros, a sua  viabilidade  económica,  parcerias  publico‐privados,  a  necessidade  da  investigação  sobre espécies  com  viabilidade  comercial  para  o  cultivo,  necessidade  do  estudo  de  zonas  com maior índice de favorabilidade para o cultivo aquático etc. Estes serviços técnicos do sector público devem ter a capacidade para apoiar o sector privado na determinação do potencial e viabilidade dos seus projectos de aquacultura.   8.2 Sistemas de aquacultura não convencionais 

 A  cultura  de  espécies  ornamentais  deve,  também,  ser  considerada  entre  os  vários  sistemas  de aquacultura praticados em todo o mundo. Cultivos orgânicos certificados (bio‐Culturas, por exemplo bio‐camarão),  plantas  aquáticas  e  algas(  para  a  industria  da  ração),  aquaponics  e  policulturas (combinação  de  cultura  de  várias  espécies)  etc.  são  também  exemplos  de  sistemas  não convencionais. Cabo Verde também deve investigar sobre novas tecnologias no sector, desenvolver e fomentar  estudos  em  áreas  como  aquicultura  de  baixo  consumo  de  água,  aquacultura  de  baixo impacto ambiental  (por exemplo Zero Exchange technologies), sistemas de produção concentrados (mini‐fish farms, aquaponics) etc.  

 8.3    Cultura  de  espécies  inexploradas,  introduções  de  espécies  e  organismos  geneticamente modificados. 

 Mundialmente, as correntes principais de produção da aquicultura com significado comercial, giram‐se  em  torno de poucas  espécies que  se provaram  comercialmente  viáveis  enquanto  commodities importante, por exemplo, o salmão, o camarão, a tilapia, o catfish (dourada, bagre), o robalo, a carpa e recentemente o atum e a cobia (também conhecido como Bijupirá, Rachycentrum Canadum). Uma aquacultura comercial a curto‐médio prazo só será possível através de espécies  já provados viáveis comercialmente, uma vez que, para além de estudos e experiências por agências governamentais e, ultimamente, o  início de um projecto de  cultivo de  camarão marinho  e  ideias  sobre o  cultivo da tilápia, o país não tem nenhuma experiência com aquacultura comercial. Aliás, praticas comerciais na aquacultura  requerem  sempre  investimentos  consideráveis,  requerendo  a  melhor  articulação possível com as agências governamentais e principalmente parcerias público‐privados. No entanto, qualquer  introdução  de  espécies  não‐nativos  ou  não  domesticados  só  deverá  ser  possível, considerando  as  normas  internacionais  de  conduta  e  bio‐segurança,  onde  apenas  organismos 

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devidamente  certificados  podem  ser  utilizados.  Assim,  as  agências  públicas  deverão  não  apenas capacitar‐se  para monitorizar  e  controlar  estas  actividades,  como  também  vialvelmente  estudar, acompanhar e  identificar as melhores espécies e comercialmente mais viáveis, com forte aceitação enquanto commodities. Esta pode ser uma estratégia  interessante a tentar, uma vez que, cerca de 90%  dos  commodities  provenientes  da  aquacultura  baseiam‐se  na  introdução  comercial  dessas poucas espécies, grande parte delas já hoje geneticamente modificadas, livres de patogenias e vários casos  resistentes  ás  patogenias  mais  conhecidas.  Principalmente  as  espécies  que  possam  ser resistentes a patogenias  são de considerar.  (SPF  ‐Specific Pathogen Free e SPR  ‐ Specific Pathogen Resistant.   O  Controle  da  integridade  genética  de  organismos  aquáticos,  é  uma  questão  importante,  que frequentemente  será  abordada  sob  a  rubrica  da  aquicultura.  Referência  foi  feita,  acima,  dos procedimentos  cautelares que  aconselham‐se, no entanto  ser digno de nota que  a  gestão  gaiolas marinhas  (marine  cages),  viveiros  etc.,  deverão  ainda  globalmente  ser  significativamente aprimorados para que quaisquer benefícios de organismos geneticamente modificados possam vir a tornar‐se aparentes.  8.4 Cabo Verde enquanto ambiente único e especial.  Considerando o ambiente exclusivo e limitado de Cabo Verde, a escolha dos sistemas de aquacultura, obviamente,  terão um  impacto maior se comparado com outros vastos ambientes, principalmente no que toca a escassez de terra e água. Por isso a máxima moderação é necessário para se evitarem conflitos de interesse (ambiental, social e económica). Por exemplo conflitos em relação a utilização de áreas costeiras (comunidades piscatórias, turismo etc.) são necessariamente de se esperar. Para além  disso  e  principalmente  a  nível  ambiental,  a  necessidade  de  sistemas  ambientalmente mais favoráveis  é  crucial,  requerendo  no  entanto  sempre  uma  abordagem  responsável,  com  elevados níveis de precaução, seguimento e vigilância, que se considera exequível, uma vez que não se espera uma grande massificação de projectos e produção aquícola, oferecendo por conseguinte bom acesso às práticas de controlo e seguimento.   IX CONCLUSÕES  Os  desafios,  limitações  e  constrangimentos  são  consideráveis,  mas  considera‐se  também  existir interessantes  oportunidades. Deste modo,  aconselha‐se  a  continuidade  desse  quadro  estratégico, baseando‐se principalmente no seguinte: 

  

• O  entusiasmo  de  Cabo  Verde,  principalmente  do  sector  Privado  e  ainda  a  vontade política em participar na criação de um sector viável; 

• O apoio já demonstrado de várias entidades internacionais;  • As instituições de crédito que perspectivam oportunidades de negócios,  • Várias  pesquisas  e  estudos  já  elaborados  e  em  andamento  pelo  sector  público,  por 

exemplo o INDP; 

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• A boa governação e boa gestão da coisa pública que Cabo Verde apresenta são também indícios para a possibilidade de criação de um sector onde o envolvimento público pode ser muito benéfico, facilitando e promovendo os investimentos no sector;  

• Forte participação e interesse do sector Privado nas políticas públicas;  • Compromisso  já  assumido  publicamente  pelo  governo  para  apoiar  a  aquicultura, 

enquanto pré‐requisito para o desenvolvimento sustentável do sector; • Compromisso  que  acredita‐se  vai  assumir  a  forma  de  clara  articulação  das  políticas, 

planos  e  estratégias  e  a  disponibilidade  de  apoio  financeiro  adequado,  através  de agências próprias; 

• Vontade em apoiar com assistência técnica pública, através de programas, projectos de divulgação e extencionismo, com apoio de equipes técnicas. 

 X   RECOMENDAÇÕES  

O processo deve prosseguir com a implementação de um plano/TCP (Technical Cooperation Project) integrado, que permitirá testar alguns sistemas, bem como propor a própria melhoria do quadro estratégico, culminando num plano estratégico da aquacultura.

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Project Collaborators/REFERENCES:   

 

Private Stakeholders, S.Vicente: Small Farmers Associação dos Pescadores  de S.Pedro:  ‐Mr. Celestino Oliveira (Fisherman) ‐  Presidente 

                            Associação dos Pescadores de Salamansa:  ‐Mr.Alfredo Bandeira (Fisherman) – Presidente  ‐Mr. Carlos David de Brito (Fisherman)  ‐ Vice Presidente 

 Private Stakeholders, S.Vicente: Industry Farmers: ‐Grupo de Investidores Privados da Aquacultura: ‐Mr. Rui Cunha, Nelson Santos, Carlos Santos – Representantes ‐Cabo Verde Tuna Farming Aquaculture Development: ‐Mr.Nuno Duarte Almeida (Manager)  

Private Stakeholders, Santiago: Small Farmers: ‐Associação dos Pescadores do Porto Mosquito ‐Mr. Aldino Gomes de Pina‐Presidente ‐Associação dos Pescadores da Ribeira da Barca 

• Mr. José Rui Oliveira‐Presidente • Mr. Antero Rocha‐Vice‐Presidente 

Private Stakeholders,Santiago: Investors/Fish Associations‐Community Farmers: ‐Santa Cruz Municipality: ‐Orlando Sanches – Presidente de Câmara de Santa Cruz 

INDP, S.Vicente:                 ‐Mr. Oscar Melício – Presidente 

INDP, Praia:   ‐Mr. Victor Barreto – Director Regional 

DGP, Praia:  ‐Mr. Adalberto Vieira – Director Geral das Pescas ‐Mrs. Yvone Lopes – Directora de Serviço 

Ministério do Ambiente, Desenvolvimento Rural e Recursos Marinhos, Praia: ‐ Mr. Clarimundo Gonçalves  – Director Geral 

DGA, Praia: ‐Mr. Moisés Espírito Santo Borges – Director Geral ‐Mr. Nuno Ribeiro – Director S. G. Recursos Naturais 

Câmara Comercio Indústria Sotavento:  ‐Mr.  Paulo Lima ‐ Presidente 

MDHOT, Praia: ‐Mr.  Carlos Varela Cartografia e SIG 

   ‐Mr. José A. Andrade‐ Cartografia Private Collaborator:  

‐Dr. Emanuel Lima ‐ Aquacultura   FAO, Praia:   

‐VanDeVen, Frans (FAOCV) – Représentant ‐Fonseca, Luciano (FAOCV) ‐ Assistant au Représentant (Programme) ‐Araujo, Elizabeth (FAOCV) – Assistante au Représentant (Administration) ‐J.Moehl ‐ FAORAFT Aquaculture Officer, Ghana.