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ENVOLVIMENTO DA GSK3 NO DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO DOCARRAPATO R.(BOOPHILUS) MICROPLUS: EFEITO DO SILENCIAMENTO POR RNAI EM FÊMEAS PARCIALMENTE INGURGITADAS E SUA REGULAÇÃO POR CÁLCIO NAS CÉLULAS EMBRIONÁRIAS BME26 Arianne Fabres de Jesus UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE DARCY RIBEIRO CAMPOS DOS GOYTACAZES - RJ Fevereiro – 2010

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ENVOLVIMENTO DA GSK3 NO DESENVOLVIMENTO

EMBRIONÁRIO DOCARRAPATO R.(BOOPHILUS) MICROPLUS:

EFEITO DO SILENCIAMENTO POR RNAI EM FÊMEAS

PARCIALMENTE INGURGITADAS E SUA REGULAÇÃO POR CÁLCIO

NAS CÉLULAS EMBRIONÁRIAS BME26

Arianne Fabres de Jesus

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE DARCY

RIBEIRO

CAMPOS DOS GOYTACAZES - RJ

Fevereiro – 2010

II

ENVOLVIMENTO DA GSK3 NO DESENVOLVIMENTO

EMBRIONÁRIO DOCARRAPATO R.(BOOPHILUS) MICROPLUS:

EFEITO DO SILENCIAMENTO POR RNAI EM FÊMEAS

PARCIALMENTE INGURGITADAS E SUA REGULAÇÃO POR CÁLCIO

NAS CÉLULAS EMBRIONÁRIAS BME26

Arianne Fabres de Jesus

“Dissertação apresentada ao Centro de Biociências e

Biotecnologia da Universidade Estadual do Norte

Fluminense Darcy Ribeiro, como parte das

exigências para obtenção do título de Mestre em

Biociências e Biotecnologia”.

Orientador: Prof. Dr. Carlos Logullo

Co-orientadora: Prof. Dr. Anna Okorokova Façanha

Campos dos Goytacazes – RJ

Fevereiro - 2010

III

ENVOLVIMENTO DA GSK3 NO DESENVOLVIMENTO

EMBRIONÁRIO DOCARRAPATO R.(BOOPHILUS) MICROPLUS:

EFEITO DO SILENCIAMENTO POR RNAI EM FÊMEAS

PARCIALMENTE INGURGITADAS E SUA REGULAÇÃO POR CÁLCIO

NAS CÉLULAS EMBRIONÁRIAS BME26

Arianne Fabres de Jesus

Comissão examinadora

_______________________________________ Sirlei Daffre (USP) Membro Externo da Banca

__________________________________________ Profª Antonia Elenir Amâncio Oliveira (LQFPP – CBB – UENF) Membro da Banca

__________________________________________ Prof. Fábio Lopes Olivares (LBCT – CBB – UENF) Membro da Banca

__________________________________________ Prof. Dr. Carlos Logullo (LQFPP - CBB – UENF) Orientador __________________________________________ Prof. Dr. Anna Okorokova (LFBM - CBB – UENF) Co-Orientadora

IV

"Devemos, no entanto, reconhecer,

como me parece, que o homem com

todas as suas nobres qualidades... ainda

sofre em sua prisão corpórea a indelével

marca de sua humilde origem."

Charles Darwin

V

DEDICATÓRIA

Aos meus pais, Neuza e Dulcino, pelo

exemplo, amor e dedicação

incondicional.

VI

Agradecimentos:

Aos meus pais, por sempre estarem do meu lado incondicionalmente;

Ao meu afilhado, João Pedro, que traz alegrias a todo instante;

A toda minha família, pelo apoio;

À amiga Josiana, que sempre fará parte da minha vida;

Aos amigos Érica, Wilson e Rafaela por compartilhar as alegrias e tristezas;

À Paula Pohl por toda a ajuda em meu estagio em Porto Alegre e pela atenção em

São Paulo;

Ao Logullo pela oportunidade;

À galera do laboratório que proporciona um ótimo ambiente de trabalho, com muito

bom humor e amizade (Danielle, Leonardo, Luiz, Renato, Wagner, Barbara, Helga,

Eldo, Evenilton, Jorge, Ojana, Gabriel, Igor, Ronaldinho);

À Adriana, por toda ajuda no lab;

Ao prof. Itabajara por todos os auxílios;

VII

Índice

Resumo ..................................................................................................................... XI

Abstract.................................................................................................................... XII

Introdução.................................................................................................................13

Carrapatos............................................................................................................14

Ciclo de Vida ........................................................................................................16

Embriogênese ......................................................................................................18

Células embrionárias BME26..............................................................................19

Glicogênio Sintase quinase 3(GSK3) ............................................................20

RNAi em carrapatos.............................................................................................25

Objetivos ...................................................................................................................28

Objetivo Geral ......................................................................................................29

Objetivos específicos ..........................................................................................29

Materiais e Métodos .................................................................................................30

Carrapato Rhipicephalus (Boophilus) microplus ....................................................31

Alimentação artificial...........................................................................................31

Síntese do dsRNA................................................................................................32

Injeção do RNAi em partenóginas......................................................................33

Análise da transcrição gênica de GSK3 por qPCR .........................................33

Observação dos embriões por microscopia óptica..........................................34

Manutenção da cultura de células embrionárias ..............................................34

Silenciamento gênico por RNAi da GSK3 em cultura de células ..................35

Dosagem de glicogênio.......................................................................................35

Western blotting...................................................................................................36

Resultados ................................................................................................................37

Silenciamento da GSK3 em fêmeas do carrapato R. microplus ....................38

Silenciamento da GSK3 em células embrionárias BME26 .............................43

Avaliação da regulação da GSK3 por cálcio ...................................................45

Discussão .................................................................................................................50

Conclusões ...............................................................................................................56

Referências ...............................................................................................................58

VIII

Índice de figuras

Fig. 1: O carrapato Rhipicephalus (Boophilus) microplus ........................................16

Fig. 2: O ciclo biológico do Rhipicephalus (Boophilus) microplus .............................19

Fig. 3: Etapas do desenvolvimento do R. microplus .................................................20

Fig. 4: Regulação da GSK3 através da fosforilação de seu resíduo Ser9 ..............23

Fig. 5 - Esquema da GSK3 mostrando os resíduos Ser9 e Tyr216 que podem ser

fosforilados.................................................................................................................24

Fig. 6: Esquema mostrando a provável via de RNAi em carrapatos .........................27

Fig. 7: Alimentação artificial por capilar .....................................................................40

Fig. 8: Ganho de peso das fêmeas depois da alimentação artificial .........................41

Fig. 9: Confirmação do silenciamento da GSK3 em partenóginas ............................42

Fig.10: Efeito do silenciamento gênico por RNAi da

GSK3...........................................................................................................…….....44

Fig. 11: Confirmação do silenciamento da GSK3 na células embrionárias BME26

....................................................................................................................................45

Fig. 12: Avaliação da concentração de glicogênio em células silenciadas ...............46

Fig. 13: Avaliação da fosforilação do resíduo Tyr 216 da GSK3 .................................47

Fig. 14: Avaliação da expressão da GSK3 em células incubadas com CaCl2

....................................................................................................................................48

Fig. 15: Avaliação da expressão da GSK3 em células incubadas com thapsigargina

....................................................................................................................................49

Fig. 16 : Avaliação da transcrição da GSK3b em células incubadas com CaCl2 ou

thapsigargina .............................................................................................................50

IX

Índice de tabelas

Tab. 1: Substratos da GSK3 agrupadas por suas funções celulares ........................22

Tab. 2: Efeito do silenciamento da GSK3 por RNAi na oviposição e eclosão ..........43

X

Abreviaturas

Akt – Proteína quinase B

dsRNA – RNA dupla fita

DAB - Diaminobenzamidina

EDTA- ácido etilenodiaminotetracético

EGTA – ácido etileno glicol tetracético

GS – Glicogênio sintase

GSK3 – Glicogênio sintase quinase 3

PKB/Akt - proteína quinase B

PAGE - gel de poliacrilamida para eletroforese

PI3K - fosfatidil-inositol-3-OH quinase

PMSF - fluoreto de fenil-metil-sulfonila

PVDF - polyvinylidene difluoride

TBS - tampão Tris-HCl 10 mM, NaCl , pH 7,0

TRIS- trishidroximetil aminometano

Wnt – Via de sinalização Wingless

XI

Resumo

O carrapato bovino Rhipicephalus (Boophilus) microplus causa grandes prejuízos a

pecuária de países tropicais e subtropicais de todo o mundo. Neste carrapato, o

ovário da fêmea é o principal sítio de transcrição da enzima Glicogênio sintase

quinase 3 (GSK3). Esta enzima foi originalmente caracterizada como controladora

da síntese de glicogênio em resposta à via de sinalização da insulina, estando

associada a diversos substratos. Esta quinase faz parte de numerosas vias de

sinalização, incluindo metabolismo de glicogênio, transcrição, transporte intracelular

de vesículas, regulação do citoesqueleto, ciclo celular e apoptose. Visando estudar a

função da GSK3 o silenciamento gênico por RNAi em partenóginas (fêmeas

parcialmente alimentadas) foi realizado. O RNAi contra GSK3 reduziu

significativamente a oviposição e eclosão dos ovos dessas fêmeas. Nossos

resultados indicam que a GSK3 é uma proteína essencial envolvida no

desenvolvimento embrionário. Além de estar envolvida no desenvolvimento

embrionário, ela também se mostrou capaz de regular a síntese do glicogênio em

células embrionárias da linhagem BME26, assim como descrito largamente na

literatura para outros organismos. Ainda, fornecemos as evidências que os níveis

celulares de cálcio regulam a atividade da GSK3 já que os níveis de transcrição,

expressão e fosforilação dessa proteína aumentaram em células incubadas com

CaCl2.

XII

Abstract

The cattle ticks, Rhipicephalus (Boophilus) microplus affect cattle production in

tropical and subtropical regions of the world. This tick, the ovary of the female is the

major site of Glicogênio sintase quinase 3 (GSK3) transcription. This This enzyme

was originally characterized as controlling the synthesis of glycogen in response to

the signaling pathway of insulin, standing. associated with various substrates. This

kinase is part of numerous signaling pathways, including glycogen metabolism,

transcription, intracellular transport of vesicles, regulation of the cytoskeleton, cell

cycle and apoptosis. In order to study the function of the GSK3 gene silencing by

RNAi in partenóginas (partially fed females) was performed. RNAi against GSK3

significantly reduced oviposition and hatching of eggs of these females. Our results

indicate that GSK3 is an essential protein involved in embryonic development, it was

also able to regulate the synthesis of glycogen in embryonic stem cell line BME26, as

widely described in the literature for other organisms. More, we provide evidence that

the cellular levels of calcium regulate GSK3 activity because transcription,

expression and phosphorilation levels this protein increased in CaCl2 cells incubated.

13

Introdução

14

Carrapatos

Carrapatos são artrópodes ectoparasitas hematófagos obrigatórios que

infestam um grande número de espécies de vertebrados terrestres tais como

mamíferos, pássaros, répteis e anfíbios. Eles estão distribuídos em três

famílias: Argasídae, Ixodidae e Nuttalliellidae (Keirans 1992; Keirans e

Robbins, 1999). Argasídeos são carrapatos que procuram o hospedeiro para

sugar sangue, abandonando-o em seguida e alimentando-se mais de uma vez.

As fêmeas efetuam várias posturas, alternando ovoposição com alimentação

sangüínea. Cada postura não ultrapassa 150 ovos totalizando um número

realmente pequeno quando comparado aos ixodídeos. Já a família

Nuttalliellidae é representada por apenas uma espécies Nuttalliella namaqua

(Keirans et al., 1976). Pouco se sabe sobre a sua biologia e esta família

aparentemente não tem importância médica ou veterinária. O carrapato

Riphicephalus (Boophilus) microplus pertence à família dos Ixodídeos. Nessa

família a alimentação dura um tempo mais prolongado e é feita uma única vez

em todo o ciclo de vida e a ovoposição resulta num grande número de ovos,

sendo esta a diferença mais marcante entre estas famílias (Flechtmann, 1977).

O carrapato R. microplus (Fig. 1) é originado da Ásia e infesta

preferencialmente bovinos, sendo responsável por grandes perdas econômicas

para a pecuária de regiões tropicais e subtropicais. Sua incidência é maior nos

grandes rebanhos da América, África, Ásia e Austrália, sendo considerado o

carrapato de maior importância econômica nos rebanhos da América do Sul

(Gonzáles, 1995; Nari, 1995). Segundo estimativas realizadas no ano de 2006,

15

os prejuízos econômicos causados por esta espécie no Brasil atingiram a

ordem de dois bilhões de reais (Embrapa, 2005).

Fig. 1: O carrapato Rhipicephalus (Boophilus) microplus parasitando seu hospedeiro, o boi

(Bos taurus).

Na tentativa de minimizar perdas econômicas, têm sido propostas

alternativas que se baseiam na obtenção de antígenos obtidos do próprio

carrapato. Com base neste princípio já foram desenvolvidas duas vacinas já

comercializadas: a TickGARDtm, australiana (Willadsen et al., 1995) e a

GAVACtm, cubana (Rodriguez et al., 1995a, b). Embora estas vacinas

apresentem proteção significativa para os rebanhos de onde elas foram

criadas, essa proteção diminui expressivamente em outras áreas do mundo

dependendo da cepa de carrapato existente (Willadsen et al., 1995; Rodriguez

et al., 1995b). Nosso grupo de trabalho vem realizando testes de vacinação

com outro antígeno, não relacionado à proteína utilizada na GAVAC e

TickGARD. Trata-se de uma proteína de 54 kDa isolada de ovos e

caracterizada como um precursor de proteinase aspártica, denominada BYC

(Pro-catepsina de vitelo de Boophilus) (Logullo et al., 1998, Abreu et al., 2004).

Os testes de vacinação com a BYC demonstraram que ela é capaz de

16

promover uma significativa interferência no processo reprodutivo do carrapato,

com redução no número de fêmeas ingurgitadas, diminiuição da oviposição e

na fertilidade levando a uma proteção de aproximadamente 30% (Vaz Jr. et al.,

1998), comparável as vacinas já comercializadas. Todavia o conhecimento dos

aspectos fisiológicos e bioquímicos que regem a formação dos embriões deste

parasita é fundamental para eleger com acurácia os antígenos a serem

utilizados como vacinas nestes hospedeiros.

Ciclo de Vida

O carrapato R. microplus apresenta duas etapas distintas no seu ciclo de

vida uma fase parasitária durante um período médio de 22 dias sobre um único

hospedeiro e uma fase não parasitária que ocorre no solo e que pode durar de

dois a três meses, dependendo principalmente das condições climáticas

existentes (Fig. 2) (Gonzales et al., 1974).

A fase não parasitária compreende os estágios de fêmea adulta (teleógina),

ovo e larva infestante. A fêmea adulta fecundada, ao desprender-se do bovino

procura um local no solo para efetuar a postura. Em condições adequadas de

temperatura (26-28ºC) e umidade (~80%) a postura se inicia no terceiro dia

após a queda. Após a ovoposição, que é de aproximadamente 3000 ovos, a

fêmea morre. A eclosão dos ovos inicia a partir de 21 dias após o inicio da

postura. As larvas necessitam de um período de maturação médio de uma

semana para estarem aptas a fixarem-se no hospedeiro e continuarem o

desenvolvimento (Gonzales et al., 1974).

17

Na fase parasitária, o carrapato apresenta três variações morfológicas

distintas: larva, ninfa e adulto. A larva alimenta-se e inicia o processo de

desenvolvimento e crescimento tegumentário. Passa por um período de inércia

entre o quarto e quinto dia e atinge a fase de metalarva. Em torno do sexto dia,

adquire uma nova estrutura, com um outro tegumento, mais um par de patas,

ficando agora com 4 pares, e uma fileira de dentição do hipostômio entre outras

alterações: é a fase de ninfa. Esta fase dura em média dois a quatro dias,

sendo que ao continuar seu desenvolvimento, uma nova alteração no

exoesqueleto se processa, havendo um igual período de inatividade,

denominado de metaninfa para que ao final do processo surja o indivíduo

adulto, sexualmente diferenciado. Isto acontece em torno do décimo segundo

dia. A partir dessa fase, inicia-se o processo de maturação dos machos e das

fêmeas, sendo que em torno do décimo sétimo dia os machos já estão aptos à

cópula. As fêmeas, após serem fecundadas, passam de metaninfa para

neógina num período médio de 17 dias. Em seguida, em um período de três

dias, passam a partenógena (parcialmente ingurgitada) e em mais dois dias, a

teleógina (ingurgitamento máximo) (Gonzales et al., 1974). Nota-se um

crescimento mais acentuado do tegumento nessa fase, sendo que nas últimas

horas próximas ao ingurgitamento completo, a alimentação intensifica-se, ao

ponto das fêmeas apresentarem um tamanho cerca de 10 vezes superior ao

dos machos. Aos 22 dias, a maioria das fêmeas cai ao solo. Os machos podem

permanecer no bovino por mais de 38 dias fecundando inúmeras fêmeas

(Gonzales et al., 1974).

18

Fig. 2: O ciclo biológico do Rhipicephalus (Boophilus) microplus. Seu desenvolvimento é

dividido em duas fases: Uma fase de vida livre e outra parasitando seu hospedeiro (Bos

taurus). (Gonzáles et al., 1974)

Embriogênese

Campos e colaboradores em 2006 demonstraram algumas etapas da

embriogênese do carrapato R. microplus. O processo ocorre em média de 21

dias, desde a postura dos ovos até a eclosão, em condições controladas de

temperatura e umidade. No desenvolvimento do R. microplus, ocorre a

formação do blastoderma sincicial após a fecundação, na qual muitos núcleos

estão presentes em um citoplasma comum (Fig 3B). A formação do

blastoderma sincicial ocorre no terceiro dia de desenvolvimento. Antes dessa

etapa o ovo, com apenas um dia, apresenta apenas um núcleo (Fig. 3A).

Posteriormente, membranas crescem a partir da superfície envolvendo os

núcleos e formando células, que dão origem ao blastoderma celular. O

19

blastoderma celular foi observado no quinto dia (Fig. 3 C). A partir do sétimo

dia o embrião já se apresenta segmentado (Fig. 3 D).

Fig. 3: Etapas do desenvolvimento do R. microplus em diferentes dias da embriogênese: A- 1

dia, B- 3 dias (blastoderma sincicial), C- 5 dias (blastoderma celular), D- 7 dias (embrião

segmentado), E- 12 dias. (modificado de Campos et. al., 2006)

Células embrionárias BME26

A cultura primária da linhagem BME26 foi desenvolvida em agosto de

1981 usando uma massa de ovos de 17 dias de desenvolvimento de uma única

fêmea ingurgitada (Holman et al., 1980). Como essa linhagem teve origem em

fragmentos de tecidos embrionários, a origem tecidual e o nível de

diferenciação dessa linhagem ainda não é conhecida. Em 2008 Esteves e

colaboradores confirmou a origem dessa linhagem através do sequenciamento

parcial do gene mitocondrial que codifica para a proteína 16S. A seqüência

desse gene é 100% idêntica a seqüência do gene de R. microplus, mostrando

que essa linhagem realmente foi derivada dessa espécie.

As células BME26 possuem um crescimento relativamente lento, com o

tempo de duplicação de aproximadamente 15 dias. Assim como outras

linhagens de células de carrapato, o tempo de duplicação dessa linhagem é

altamente influenciada pela temperatura de incubação, suplementação do

20

meio, histórico de passagens e pode variar de 5 a 15 dias dependendo do meio

utilizado. O tempo de duplicação é altamente contrastante com a rápida

multiplicação celular que ocorre durante a embriogênese (Nuñez et al., 1985).

Essas observações apontam para necessidade de caracterização mais

detalhada de aspectos fisiológicas e nutricionais dessa linhagem.

A linhagem BME26 se adere firmemente ao substrato e é

morfologicamente heterogênea. Culturas iniciais, pouco confluentes, possuem

a aparência de fibroblastos e a medida que aumenta a confluência as células

adotam morfologia arredondada,tornando-se maiores e com uma grande

quantidade de vesículas. O número de vesículas, que contem uma grande

quantidade de lipídeos, varia de célula para célula. Elas também possuem uma

grande quantidade de glicogênio disperso no citoplasma (Esteves et al., 2008).

Glicogênio Sintase quinase 3 (GSK3)

A GSK3 é uma serina/treonina quinase originalmente reconhecida como

um componente da via de sinalização da insulina onde ela é capaz de controlar

a síntese de glicogênio por inibir a glicogênio sintase (Embi et al., 1980). A

enzima está envolvida em diversos processos fundamentais para a célula,

como ciclo celular, transcrição gênica e integridade do citoesqueleto. Isso

ocorre devido ao fato dessa proteína ser capaz de fosforilar enzimas chaves

que coordenam esses processos (Grimes e Jope, 2001). A tabela 1 sumariza

os seus substratos com respectivas funções celulares.

21

Tabela 1: Alguns substratos da GSK3 agrupadas por suas funções celulares (Jope e Johnson, 2004)

Proteínas do metabolismo e sinalização

Proteínas estruturais Fatores de transcrição

AcetilCoA carboxilase Proteína precursora amilóide APC ATP-citrato liase Axina Ciclina D1 Ciclina E elF2B Glicogênio sintase Substrato de receptor de insulina1 Receptor NGF Nucleoporina p62 P21 Presenilina-1 PKA Proteína Fosfatase 1 Piruvato desidrogenase

DF3/MUC1 Dinamina like Kinesina de cadeia leve MAP1B MAP2 NCAM Neurofilamentos tau Telokina

AP-1 b-catenina C/EB CREB GATA4 p53 HIF-1 HSF-1 Mash 1 MITF c-Myb c-Myc NeuroD NFAT NF-kB Notch

A GSK3 se encontra constitutivamente ativa em células não estimuladas

pelas vias de sinalização que ela faz parte sendo inativada por essas vias

quando elas se encontram ativadas (Fig. 4 – Bradley e Woodgett, 2003; Dajani

et al., 2001). Ela é capaz de fosforilar mais de 40 substratos e por causa dessa

ação múltipla deve ser muito bem controlada (Jope e Johnson 2004). Um

desses mecanismos regulatórios consiste na fosforilação do sítio especifico da

GSK3. A atividade da GSK3é aumentada pela fosforilação no resíduo Tyr216,

que pode ser resultado de autofosforilação (Wang et al., 1994) ou da

fosforilação de outras quinases (Lesort et al., 1999; Hartigan e Johnson, 1999).

Inversamente, a fosforilação do resíduo Ser9 resulta na inibição da atividade

dessa quinase.

22

Fig. 4 – Regulação da GSK3 através da fosforilação de seu resíduo Ser9. Em células não estimuladas a GSK3 encontra-se constitutivamente ativa. Tanto substratos pré-fosforilados quanto os não pré-fosforilados podem ser fsoforilados pela GSK3 nessa condição. Quando as quinases que inibem a GSK3 são ativadas pelas vias de sinalização que a que ela participa, a GSK3 é fosforilada por essas quinases em seu resíduo Ser9 sendo inibida. Isso previne a fosforilação de qualquer substrato dessa proteína.

A via fosfatidilinositol 3-quinase (PI3K)/proteína quinase B (AKT) é um

dos sistemas que levam a inativação da GSK3 pelo aumento de sua

fosforilação na Ser9. Nessa via de sinalização a PI3K é ativada por fatores de

crescimento como IGF-1 (insulin-like growth factor-1) que leva a fosforilação de

AKT. Subsequentemente AKT fosforila a Ser9 da GSK3. Adicionalmente a

Ser9 da GSK3 pode ser fosforilada por proteína quinase C (Goode et al.,

1992), proteína quinase A (Fang et al., 2000), p90Rsk e p70 S6 quinase. Assim

múltiplos mecanismos são utilizados para modificar a ativação da GSK3

através da fosforilação. A Fig. 5 mostra o esquema da GSK3 marcando seus

resíduos fosforiláveis (Ser9 e Tyr216).

23

Fig. 5 – Esquema da GSK3 mostrando os resíduos Ser9 e Tyr216 que podem ser fosforilados

(Bradley e Woodgett, 2003)

Além da fosforilação, a atividade da GSK3 pode ser modulada pela sua

distribuição subcelular. Inicialmente a GSK3 foi considerada uma enzima

citoplasmática solúvel (Boyle et al., 1991; Hemming et al., 1981). Contudo, a

GSK3 é capaz de fosforilar proteínas no núcleo. Está capacidade implica na

localização nuclear da GSK3 . De fato, GSK3 foi co-purificada com o

glicogênio de núcleo de fígado de ratos (Caracciolo et al., 1998), também foi

encontrada no núcleo de células NIH-3T3 com o ciclo celular interrompido

(Diehl et al., 1998), em cardiomiócitos estimulados com endotelina-1 (Haq et

al., 2000) e em oocitos de Xenopus laevis submetidas a choque térmico (Xavier

et al., 2000).

Outro modo de regulação dessa proteína é a sua ligação com outras

proteínas, que é tão importante quanto outras modificações que alteram sua

atividade. Esta regulação está bem descrita na via de sinalização Wnt (Fig. 5)

onde a GSK3 se liga a axina fosforilando a -catenina (Dajani et al., 2003). A

ligação específica mostra que existem diferentes domínios de reconhecimento

para cada substrato, mas o conhecimento desses domínios está restrito a via

Wnt (Bax et al., 2001; Fraser et al., 2002). Pouco se sabe sobre estes domínios

de ligação da GSK3com outros substratos

Domínio quinase

24

Existem várias evidências de que o cálcio também regula a ativação da

GSK3. Existem duas hipóteses, uma é o aumento da fosforilação da GSK3 em

seu resíduo Tyr216/279 (Frame e Cohen, 2001; Hartigan e Johnson, 1999;

Bradley e Woodgett, 2003). A outra mostra que a atividade da GSK3 é

aumentada independentemente da fosforilação da Tyr, via aumento da

desfosforilação da Ser9/21 (Song et al., 2002; King et al., 2006).

Estudos com levedura identificaram que Mck1p, proteína kinase da família

GSK3, foi ativada por Ca2+ levando a fosforilação da kinase Hsl1, resultando na

regulação da mitose (Mizunuma et al., 2001). Ainda, Mck1 promove a

fosforilação de RCNs, reguladores negativos de calcineurina (CaN, proteína

fosfatase Ca2+/calmodulina dependente 2B), sendo uma dos componentes

essenciais da via de sinalização calcineurina-dependente (Hilioti et a., 2004)

Apesar das evidências da regulação da GSK3 pelo cálcio, não se sabe

por qual via essa regulação acontece. Song e colaboradores (2002)

demostraram que essa regulação poderia ser via proteína fosfatase 2A que tem

sua atividade aumentada pelo aumento de cálcio que é acompanhado por um

aumento da desfosforilação da GSK3 no resíduo Ser9, o que promove um

aumento de sua atividade. King e colaboradores (2006) demonstraram que o

aumento dessa desfosforilação poderia ser dependente da proteína fosfatase

1A.

Devido ao envolvimento com diversas cascatas de sinalização qualquer

alteração (silenciamento, mutação ou super-expressão) na atividade ou

expressão da GSK3 pode promover mudanças fenotípicas levando a má

formação e/ou letalidade de embriões. A perda da função como conseqüência

da mutação no gene da GSK3 em Drosophila levou a perda das cerdas

25

(Siegfried et al., 1992). Estudos em Xenopus laevis demonstraram que a

expressão de uma versão mutante da GSK3 inativa induziu a duplicação do

eixo embrionário (He et al., 1995). A super-expressão de GSK3 normal ou

mutante em ouriço do mar perturba a formação da padronização do eixo

embrionário (Emily-Fenouil et al., 1998).

RNAi em carrapatos

A técnica de RNA de interferência oferece uma ferramenta alternativa

para a caracterização da função de várias proteínas através do silenciamento

da expressão do mRNA (Aljamali et al., 2002). Nessa técnica as moléculas de

RNA fita dupla são internalizadas pela célula e seu efeito se torna maior nos

próximos estágios do desenvolvimento do carrapato por um mecanismo ainda

não conhecido (Nijhof et al., 2007). Foi demonstrado que em outros organismos

após a internalização os dsRNAs são clivados em fragmentos de 21-25 pb

("small interfering RNA" ou siRNA) por uma enzima chamada Dicer com

atividade de RNAse III. Os siRNAs associam-se no citoplasma ao complexo

multi-protéico induzido de silenciamento por de RNA (RISC) (Hammond et al,

2001) no citoplasma, e o complexo formado e ativado reconhece e cliva RNAm

celulares complementares ao siRNA presente no complexo (Fig. 5). Kurscheid

e colaboradores (2009) forneceram as evidencias da presença da via de RNAi

em R. microplus associada a sequências de ESTs, incluindo Dicer, proteínas

Argonauta, RdRP (RNA polimerase RNA dependente) e proteínas associadas

com o transprote do dsRNA.

26

RISC ativada

RNAm a ser degradado

RISC ativada

RNAm a ser degradado

Fig. 6 – Esquema mostrando a provável via de RNAi em carrapatos. O RNAi sistêmico é capitado pela célula via proteína Sid-1. A dsRNA exógena ou viral entra no citoplasma e é processada em fragmentos de 21 a 23 nucleotídeos de comprimento (siRNA). A proteína chave para essa degradação específica é a proteína Dicer-1. Então o complexo de silenciamento induzido por RNA (RISC) é ativado e degrada o RNAm correspondente à dupla fita (de la Fuent et al., 2007).

A técnica de silenciamento gênico foi utilizada primeiramente em

carrapatos por Aljamali e colaboradores em 2002 e tornou-se rapidamente

aplicada (de la Fuente e Kocan, 2006), sendo útil na caracterização molecular e

funcional de várias proteínas do carrapato (Kocan et al., 2009, de la Fuent et

al., 2006).

Alguns exemplos do uso do RNAi incluem o estudo da proteína ligadora

de histamina (HBP) em fêmeas do carrapato Amblyoma americanum (Aljamali

et al., 2003), o silenciamento de antígenos protetores em I. scapulares (de la

Fuent et al., 2005), o silenciamento das proteínas 4D8 e Rs86, análogas à

Bm86, em R. sanguineus que resultou em diminuição da fixação do carrapato,

ingurgitamento, peso e oviposição (de La Fuent et al., 2006), silenciamento das

27

proteínas v-SNARE e t-SNARE, que mostraram ser importantes no processo

de alimentação do carrapato A. americanum (Karim et al., 2004a; 2004b; 2005).

O silenciamento de uma cistatina salivar de A. americanum promoveu

interferência no processo de alimentação e sobrevida dos carrapatos. Estes

estudos demonstram que a técnica de RNAi pode ser amplamente utilizada no

estudo de função das macromoléculas de carrapatos auxiliando na busca de

alternativas para o controle desse artrópode.

28

Objetivos

29

Objetivo Geral

Avaliar o papel da GSK3 durante a embriogênese do carrapato R.

microplus através da avaliação da oviposição, eclosão e desenvolvimento

embrionário dos ovos de fêmeas silenciadas através de RNAi para a GSK3

Avaliar a interferência do cálcio na transcrição, expressão e fosforilação

do resíduo Tyr216 da GSK3 nas células embrionárias BME26;

Objetivos específicos

Promover o silenciamento da GSK3 em fêmeas parcialmente

ingurgitadas e na linhagem de células embrionárias BME26;

Confirmar o silenciamento da GSK3 nos ovários de fêmeas

parcialmente ingurgitadas e na linhagem de células BME26;

Caracterizar o fenótipo obtido pelo silenciamento através da

avaliação da oviposição, eclosão e desenvolvimento dos ovos das

fêmeas silenciadas;

Analisar a concentração do glicogênio na linhagem de células

BME26 silenciadas para a GSK3;

Avaliar a transcrição, expressão e fosforilação do resíduo Tyr216 da

GSK3nas células embrionárias BME26 incubadas com CaCl2;

30

Materiais e Métodos

31

Carrapato Rhipicephalus (Boophilus) microplus

Os carrapatos da espécie R. microplus foram criados em bovinos na

Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Os

carrapatos se desenvolveram em bovinos isolados em estábulos, livres de

qualquer contato com o campo. As larvas foram colocadas no dorso dos

bovinos e após 20 dias as fêmeas no estágio de partenógenas, com

aproximadamente 50 mg, foram coletadas manualmente para os ensaios com

RNAi ou coletadas após a queda (21 dias). Os carrapatos foram mantidos a

28°C e 85% de umidade.

Alimentação artificial

As fêmeas no estágio de partenógenas foram alimentadas com sangue

de um bovino não infestado com carrapato. O sangue foi coletado com sistema

de coleta à vácuo, com o anticoagulante heparina.

As fêmeas foram fixadas em bandejas e separadas em grupos controle,

controle negativo (injetadas com dsRNA de um gene não relacionado) –

galactosidade de E. coli - e injetadas com dsRNA específico para GSK3.

A cada três horas o capilar era trocado e as fêmeas permaneciam

alimentando-se por 28 horas na estufa, a 28ºC, com 80% de umidade relativa.

Os ovos de cada grupo foram coletados e mantidos nas mesmas condições.

32

Síntese do dsRNA

O RNAi foi desenhado para o gene da GSK3 específico para o carrapato

R. microplus. Para a síntese do RNAi, foi selecionada uma região apropriada

do gene. Essa sequência foi submetida a um BLAST no GenBank para

determinar a especificidade do fragmento. O fragmento selecionado contém

798 pb que compreendem os nucleotídeos 697 a 1495 do RNAm da GSK3

(GenBank EF142066).

RNA total foi extraído de ovos de 17º dia de desenvolvimento usando reagente

TRIzol (Invitrogen) como descrito pelo fabricante. O cDNA foi sintetizado a

partir de 2 g de RNA total. A reação foi realizada na presença de RT randon

primer e transcriptase reversa (High-capacity cDNA Reverse Transcripion kit -

Applied Biosystems), de acordo com as instruções do fabricante. Depois da

trascrição reversa, 1 µg do produto foi utilizado para a reação de PCR usando

primers para o gene da GSK3desenhados como descrito acima contendo a

sequência do promotor T7 para a síntese in vitro do dsRNA. Os primers

utilizados foram os seguintes GSK-3T7L: 5’-

TAATACGACTCACTATAGGGTTATGCGACGGCTAGAACACT-3’ and GSK-

3T7R: 5’-TAATACGACTCACTATAGGGGCTCTTGCTCTGTGAAGTTGAA-3’.

Os amplicons gerados foram purificados por gel filtração em coluna spin S-400

(Amersham). A síntese do dsRNA foi realizada utilizando a enzima RNA

polimerase T7 de acordo as especificações do fabricante (T7 RiboMAX™

Express RNAi System - Promega).

33

Injeção do RNAi em partenóginas

Teléoginas foram coletadas logo após a queda e fêmeas no estágio de

partenógenas foram removidas dos bovinos. As fêmeas nos dois estágios

foram usadas para a injeção de aproximadamente 4 g (1,5 l) de dsRNA

específico para GSK3na posição ventral com seringa Hamilton (33 gauge

needle).Carrapatos controle foram injetados com tampão PBS ou com dsRNA

de um gene não relacionado (-galactosidase) de E. coli.

Após a injeção as partenóginas foram alimentadas artificialmente como descrito

acima. Os parâmetros biológicos analisados foram o número de fêmeas que

ingurgitaram e o peso dos carrapatos. Depois do período de oviposição (10

dias) o peso dos ovos postos foi determinado. A eclosão foi verificada 40 dias

após a oviposição.

Análise da transcrição gênica de GSK3 por qPCR

O RNA total foi extraído de 2 ovários de teleóginas 24 e 48 h após a

injeção, 2 ovários de partenóginas 24, 48 e 72 h após a alimentação artificial

ou de células embrionárias BME26 silenciadas para a GSK3 usando reagente

TRIzol (Invitrogen) como descrito pelo fabricante.

O cDNA foi sintetizado a partir de 2 g de RNA total. A reação foi realizada

na presença de RT random primer e transcriptase reversa (High-capacity cDNA

Reverse Transcripion kit - Applied Biosystems), de acordo com as instruções

do fabricante. Depois da reação da transcrição reversa, 200 ng do produto de

cada amostra foi utilizada para a reação de PCR em tempo real usando primers

34

de genes específicos com kit Master SYBR Green (Roche). A amplificação foi

feita usando LightCycler® (Roche). A expressão da proteína ribossomal 40S foi

usada para normalizar e quantificar da expressão relativa de GSK3. Os

primers utilizados foram: 5’-CGAGGTGTACCTGAACCTGGT -3’ (forward) e 5’-

CGATGGCAGATGCCCAGAGAG -3’ (reverse) para GSK-3; 5’-

GGACGACCGATGGCTACCT-3’ (forward) e 5’-

TGAGTTGATTGGCGCACTTCT -3’ (reverse) para mRNA da proteína

ribossomal 40S. A expressão relativa foi expressa em função dos valores

determinados experimentalmente para a eficiência de ambos os pares de

primers, alvo e referência, e de acordo com os valores de Cp, como proposto

por Pfaffl (2001).

Observação dos embriões por microscopia óptica

Amostras de ovos de fêmeas injetadas com ou sem dsRNA foram

coletadas depois de 18 dias do inicio da oviposição, colocadas em lâminas com

óleo de imersão, examinadas na lupa e fotografadas com câmera digital.

Manutenção da cultura de células embrionárias

A cultura de células embrionárias da linhagem BME26 foi mantida a 34º

C em garrafas de cultura de 25 cm2 contendo 5 mL de meio completo (meio L-

15B diluído 3:1 com água estéril e suplementado com 10% de soro fetal bovino,

10% de triptose fosfato, 100 unidades/mL de penicilina e 100 mg/mL de

estreptomicina). As células aderidas foram ressuspendidas em meio completo

35

com seringa de 5 ml e plaqueadas em uma densidade de aproximadamente

5X105 células para os ensaios. A densidade das células foi determinada

através de contagem em câmara de Neubauer e a viabilidade celular foi

avaliada por coloração com azul de trypan (0,4% Sigma)

Silenciamento gênico por RNAi da GSK3 em cultura de células

As células BME26 foram descoladas e plaqueadas em placas de cultura

de células de 24 poços em uma densidade de 5x105 células por poço em 500l

de meio completo. Depois de 24 horas, quando as células se aderem

novamente, o RNA dupla-fita foi adicionado em meio de cultura completo.

Depois de 48 horas o meio foi trocado. Após 72 horas as células foram

utilizadas para extração de RNA para a confirmação do silenciamento ou outros

ensaios. Como controles negativos foram utilizadas células incubadas com

PBS ou RNA dupla-fita contra galactosidase de E. coli .

Dosagem de glicogênio

As células BME26 tratadas com RNA dupla-fita foram lisadas em tampão

Tris-HCL contendo 0,1% Triton X-100, 100 M leupeptina, 1 M pepstatina,

100 M PMSF, 1 mM EDTA, 50 mM fluoreto de sódio, 100 M molibidato de

amônio e 1 mM vanadato de sódio. Depois, 20 µL do sobrenadante foi

incubado com 1 unidade de α-amiloglicosidase (Sigma Chemicals) por 4 h a

40°C. O conteúdo de glicose foi enzimaticamente determinado usando glicose

oxidase (Glucox® Kit enzimatico para dosagem de glicose; Doles, inc.), a partir

36

de incubação por 30 min a 37 °C de acordo com as instruções do fabricante. A

concentração de glicose foi determinada por uma curva padrão e normalizada

pela concentração de proteína de cada amostra.

Western blotting

As células BME26 incubadas na presença de diferentes concentrações

de CaCl2, 1 mM de EGTA ou diferentes concentrações de thapsigargina por 1h

foram lisadas em tampão Tris-HCl 10mM pH 7,4 contendo 0,1% Triton X-100,

100 M leupeptina, 1 M pepstatina, 100 M PMSF, 1 mM EDTA, 50 mM

fluoreto de sódio, 100 M molibidato de amônio e 1 mM vanadato de sódio. A

concentração total de proteína de cada amostra foi determinada pelo méto do

de Bradford (1976). As amostras contendo quantidades equivalentes de

proteína (200 g de proteína) foram aplicadas em SDS-PAGE 10%. As

proteínas foram transferidas para membrana de PVDF por 2 h a 38 mA.

Membranas foram bloqueadas em tampão TBS (Tris–HCl 20 mM pH 7,4, NaCl

150 mM e 0,1% Tween 20 contendo 3% de leite desnatado por 2h a

temperatura ambiente. As membranas foram lavadas e incubadas com

anticorpo policlonal anti-pTyr279/216 GSK3(1:1000 - Sigma) ou anticorpo

monoclonal anti-GSK3(1:1000 - Sigma) em TBS. O anticorpo secundário

utilizado foi o anti IgG de coelho conjugado a peroxidade (1:2000 - Sigma) e a

membrana foi revelada utilizando 0,013% (w/v) de 3,3’-diaminobenzidina

(DAB), 2M de Tris, 0,1M de imidazol e 1% de H2O2 . Imagens foram

digitalmente adquiridas com o scanner e analisadas semi-quantitativamente

usando o programa ImageJ (Sasaki et al., 2006).

37

Resultados

38

Silenciamento da GSK3 em fêmeas do carrapato R. microplus

Primeiramente o silenciamento da expressão da GSK3 por RNAi foi

realizado em fêmeas totalmente alimentadas (teleóginas). A injeção foi

realizada dois dias após a queda da fêmea. Para a confirmação do

silenciamento foi realizada a quantificação da transcrição da GSK3b por PCR

tempo real em ovários das fêmeas retiraods 24 e 48h após a injeção. Não

houve diferença na transcrição da GSK3 entre as fêmeas injetadas com

dsRNA específico para a GSK3 em relação com o dsRNA do controle

negativo (dado não mostrado). Todavia, a expressão gênica de GSK3foi 4

vezes menor após de 48 h de injeção de dsRNA comparando com 24h. A

transcrição dessa proteína já se encontra alta no ovário de teleóginas. Partimos

para o silenciamento da expressão da GSK3 em fêmeas que ainda não

terminaram sua alimentação (partenóginas) e possuem o nível de transcrição

da GSK3 baixo no ovário. As partenóginas foram retiradas do bovino 24h

antes do término da alimentação (em torno de 50 mg) e injetadas com dsRNA

para GSK3, -galactosidase de E. coli ou tampão PBS. Subseqüentemente as

fêmeas foram alimentados artificialmente com capilar por 28 h (Fig. 6).

39

Fig. 7 – Alimentação artificial por capilar. Fêmeas parcialmente ingurgitadas foram

aliementadas com sangue bovino em capilares por 28 h. A – fêmeas antes da alimentação; B –

fêmeas após 3 h de alimentação.

O peso individual das fêmeas de carrapato após a alimentação não foi

significativamente diferente (p> 0,81) entre controle e grupos tratados (média ±

desvio padrão) (grupo controle 70 mg ± 19,74 mg; grupo gene não

relacionado): 75 mg ± 28,05 mg; grupo dsRNA GSK3: 73 mg ± 28,79 mg),

indicando que a presença do dsRNA não interfere o ganho de peso das fêmeas

(Fig. 7).

A B

40

0h 28h0

30

60

90

120 Controle Controle neg.GSK3

Tempo de alimentação artificial

Peso

dos

car

rapa

tos

(mg)

Fig. 8 – Ganho de peso das fêmeas depois da alimentação artificial por capilar. Barra branca:

controle; Barra listrada: Controle negativo; Barra cinza: dsRNA específico para GSK3;

Para a confirmação do silenciamento dois ovários de fêmeas de cada

grupo coletados 24, 48 e 72 h após a alimentação artificial foram utilizados para

quantificação da transcrição da GSK3 por PCR tempo real. Foi observado que

o nível de transcrição da GSK3 nos ovários dos grupos controle aumentou

gradualmente ao longo do tempo analisado. Contudo, em fêmeas injetadas

com dsRNA para a GSK3 os níveis permanecem muito baixos nos ovários,

chegando a 95% de redução depois de 72 h de alimentação artificial quando

comparado ao controle (Fig. 8)

.

41

Fig. 9 – Confirmação do silenciamento da GSK3 em ovários de partenóginas. A transcrição

relativa de GSK3 foi determinada por PCR quantitativo a partir do RNA total extraído de ovários

de fêmeas injetadas com PBS (barra branca), dsRNA de -galactosidase de E. coli (barra

listrada) ou dsRNA de GSK3 de carrapato (barra cinza) coletado 24, 48 ou 72h após o fim da

alimentação artificial.

Além disso, as fêmeas tratadas com dsRNA para a GSK3 tiveram uma

redução de 29,1% na oviposição e uma redução na eclosão de seus ovos de

76% quando comparado ao controle negativo (tabela 2).

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

24h 48h 72hTran

scri

ção

Rel

ativ

a (G

SK3/

40S)

42

Tabela 2 – Efeito do silenciamento da GSK3 por RNAi na oviposição e eclosão

Fêmeas ingurgitadas/ fêmeas

alimentadas

Peso dos carrapatos após a

alimentação (mg)

Peso dos ovos

(mg)

Redução do peso dos

ovos (%)

Total de lavas eclodidas

(mg)

Redução na eclosão

(%)

Controle 35/41 112,14 (±12,92) 47,16 (±10,64) 0 15,77 (±4,15) 0

Controle

negativo

35/40 129,5 (± 7,77) 50,99 (±3,1) -10,01 (±14,96) 20,85 (±3,1) -7,54(±39,93)

dsRNA GSK3 35/39 104,29 (±6,37) 43,94 (±2,41) 29,16 (±1,39) 2,57 (±2,4) 76,08 (±16,01)

Os resultados foram expressos como média de dois experimentos independentes. Fêmeas ingurgitadas/ fêmeas incubadas indica o número de fêmeas que

se alimentaram através da alimentação artificial por capilar e o número de fêmeas que foram usadas. A porcentagem da redução do peso dos ovos foi

calculada através da comparação com o peso dos ovos de fêmeas inoculadas com tampão PBS. O grupo do controle negativo não tem diferença significativa

quando comparado ao grupo inoculado com PBS (p >0,05). ** p < 0,05 (Teste t).

43

Os ovos de carrapato de fêmeas injetadas com dsRNA para GSK3

exibiram um fenótipo alterado quando observados em estereomicroscópio e

comparados com os grupos controle (Fig. 9). Enquanto os embriões do grupo

controle foram totalmente visíveis após 18 dias de oviposição, os ovos das

fêmeas injetadas com dsRNA para a GSK3 apresentam um aspecto

indiferenciado.

Fig. 10 – Efeito do silenciamento gênico por RNAi da GSK3 no desenvolvimento embrionário.

(A) Desenvolvimento embrionário de ovos com 18 dias após a oviposição de fêmeas do grupo

controle negativo (B) Desenvolvimento embrionário de ovos inoculadas com dsRNA para

GSK3 com 18 dias de desenvolvimento. Barra de tamanho: 1 mm; barra de tamanho da

amplificação: 0.25 mm; A seta indica o ovo que foi utilizado na ampliação

Silenciamento da GSK3 em células embrionárias BME26

Para minimizar as dificuldades técnicas do silenciamento em

partenóginas partimos para o silenciamento na cultura de células embrionárias

BME26. O silenciamento foi realizado na ausência de agentes usados para

transfecção e a confirmado através de PCR em tempo real após 96 e 120 h de

exposição à dsRNA. A redução na transcrição da GSK3 em células tratadas

44

Cont. Neg cont 96h 120h 96h 120h0.00

0.25

0.50

0.75

1.00

1.25

1.50

1.75

0.5 g 1 g

* * **

Rel

ativ

e tr

ansc

ript

ion

(GSK

-3/4

0S)

com 1 µg de dsRNA de GSK3 foi em torno de 75% tanto em 96 quanto em

120 horas (Fig. 10).

Fig. 11 – Confirmação do silenciamento da GSK3 nas células embrionárias BME26 através de

PCR em tempo real. Os resultados estão expressos como média de três experimentos

independentes. * p < 0,05 (comparado com controle e controle negativo) (Test t).

A confirmação do silenciamento foi avaliada por análise de um

parâmetro bioquímico. A dosagem de glicogênio foi escolhida, pois a

GSK3regula negativamente o acúmulo desse metabólito. Foi verificado que

houve um aumento em torno de 35% na concentração de glicogênio das

células silenciadas (Fig. 11), indicando que realmente essa proteína regula a

síntese de glicogênio nessas células, como já descrito no próprio R. microplus

e também em outros organismos. Estudos mais detalhados devem ser

realizados para analisar o crescimento e morte celular nessa situação.

45

Control controle neg. dsRNA GSK30.025

0.035

0.045

0.055

0.065

0.075 *

g

de g

licog

ênio

/ g

de p

rote

ína

Fig. 12 – Avaliação da concentração de glicogênio em células silenciadas por RNAi para a

GSK3. Os resultados estão expressos como média de quatro experimentos independentes. *

p < 0,05 (Comparado com controle e controle negativo) (Test t).

Avaliação da regulação da GSK3 por cálcio

Para avaliar o efeito do cálcio na fosforilação da GSK3 incubamos as

células embrionárias BME26 com três diferentes concentração de CaCl2. O

extrato das células incubadas foi utilizado para análise da fosforilação da GSK3

por western blotting em seu resíduo Tyr216. A fosforilação do resíduo Tyr 216 nas

células incubadas com CaCl2 aumentou em relação ao controle (Fig. 12). Além

disso, a fosforilação do mesmo resíduo diminui fortemente quando as células

foram incubadas com EGTA, um quelante de cálcio, mostrando que tanto

depleção do cálcio intracelular como estresse do cálcio extracelular podem

influenciar na fosforilação dessa quinase.

46

Fig. 13 – Avaliação da fosforilação do resíduo Tyr216 da GSK3através de Western Blotting

utilizando anticorpo policlonal anti-GSK3 (Tyr) em células embrionárias incubadas com

diferentes concentrações de CaCl2 ou 1mM de EGTA.

Além de avaliar a fosforilação da GSK3 também verificamos sua

expressão através de western blotting utilizando anticorpo anti-GSK3. O

extrato de células incubadas com diferentes concentrações de CaCl2 e EGTA

foi utilizado e a expressão da GSK3 aumentou em células incubadas com

CaCl2 (Fig. 13). Não houve diferença entre as células controle e as células

incubadas com 1 mM de EGTA.

47

controle EGTA 1 mM CaCl2 5 mM CaCl2 10 mM CaCl250

55

60

65

unid

ade

arbi

trár

ia

Fig. 14 – Avaliação da expressão da GSK3através de Western Blotting (A) utilizando

anticorpo policlonal anti-GSK3 em células incubadas com diferentes concentrações de CaCl2

ou 1mM EGTA . B – Análise desintrometrica do western blotting.

Adicionalmente, analisamos a expressão da GSK3 através de western

blotting utilizando células incubadas com thapsigargina. A thapsigargina é um

inibidor específico da cálcio ATPase tipo SERCA expressa no retículo

endoplasmático. Essa bomba é uma das principais responsáveis em manter os

níveis de cálcio citoplasmático em níveis níveis baixos submicromolares

garantindo sinalização celular . A inibição da SERCA resulta em aumento dos

níveis de cálcio citoplasmático (Takadera et al., 2006). Assim como nas células

A

B

48

Controle EGTA 0,1 M TG 1 M TG 10 M TG10

15

20

25

30

unid

ade

arbi

trár

ia

incubadas com CaCl2 a expressão da GSK3 na presença de thapsigargina foi

maior em relação ao controle (Fig. 14).

Fig. 15 – Analise da expressão da GSK3através de Western Blotting (A) utilizando anticorpo

policlonal anti-GSK3. As células BME26 foram incubadas com 1 mM de EGTA ou com

concentrações crescentes de thapsigargina. B – Análise desintrometrica do western blotting.

Além de avaliar os níveis protéicos da GSK3 em células incubadas com CaCl2

ou thapsigargina através de immunoblotting também avaliamos os níveis da

transcrição desse gene por PCR em tempo real. Houve aumento na transcrição

gênica dessa proteína nas células incubadas com CaCl2 ou thapsigargina, (Fig.

15) confirmando os dados obtidos por western blotting, onde mostram uma

A

B

49

Control EGTA TG 0,2 M Cálcio 1mM1.00

1.25

1.50

1.75

2.00Tr

ansc

riçã

o re

lativ

a (G

SK3/

40S)

correlação direta entre transcrição e tradução deste gene nesta situação

experimental.

Fig. 16 – Avaliação da transcrição da GSK3 por PCR em tempo real em células incubadas

com 1mM de EGTA, CaCl2 ou thapsigargina.

50

Discussão

51

Até a presente data, mais de 40 proteínas foram identificados como

substratos de fosforilação medidada pela GSK3. Devido ao seu importante

papel fisiológico, a atividade de GSK3 é alvo de um complexo controle

regulatório (Jope e Johnson, 2004). Existem vários mecanismos que regulam

essa quinase incluindo, fosforilação, formação de complexo protéico,

localização subcelular e proteólise. Ainda há evidências de que sua atividade a

GSK3 pode ser regulada por cálcio (Frame e Cohen, 2001; Hartigan e Johnson,

1999; Bradley e Woodgett, 2003; Song et al., 2002; King et al., 2006). Na

linhagem de células embrionárias BME26 a fosforilação da GSK3 em seu

resíduo Tyr216 foi aumentada quando as células foram incubadas com CaCl2

(Fig. 12). Além disso, a fosforilação neste mesmo resíduo foi bastante

diminuída quando as células foram incubadas com EGTA, um quelante de

cálcio. A mudança na fosforilação dessa quinase pelo CaCl2 e pelo EGTA

sugere que a GSK3 pode ser regulada pelo cálcio. Vale ressaltar que o EGTA

não é um quelante específico para o cálcio, por isso estudos futuros devem ser

realizados, com um quelante específico, para a confirmação desses

dados.Além da fosforilação houve também aumento da expressão e transcrição

da GSK3 quando as células foram incubadas com CaCl2 e thapsigargina (Fig.

13, 14 e 15), um inibidor de cálcio ATPase do retículo endoplasmático que

aumenta os níveis intracelulares de cálcio. Curiosamente o EGTA também foi

capaz de aumentar a fosforilação da GSK3, em níveis menores, provavelmente

por modular os níveis endógenos de cálcio ou outros cátions divalentes.

Já se sabe que a inibição de SERCA pela tapsigargina (Price et al.,

1992) ou depleção de estoque de ER com ionóforos (Drummond et al., 1987)

resultam numa condição fisiológica denominada estresse do retículo

52

endoplasmático. Uma das respostas da célula é ativação de influxo de cálcio

(Putney 1990) e ativação de via de sinalização calcineurina-dependente

(Bonilla et al., 2003) que promovem a sobrevivência celular. A participação da

GSK3 na via calcineurina-dependente foi demonstrada em levedura (Hilioti et

al., 2004). Estudos recentes em animais mostram que durante estresse do

retículo endoplasmático, a GSK3 interage com Hsp105 promovendo a ativação

de caspase-3 (Meares et al., 2008). Desse modo, aumento de níveis de GSK3

e sua fosforilação nas células embrionárias BME26 indica a ocorrência do

estresse do retículo endoplasmático com participação ativa da GSK3. Como

estresse do retículo endoplasmático é envolvido em processo de autofagia e

apoptose, estudos posteriores são necessários para caracterizar esse processo

e sua regulação por cálcio/calcineurina durante embriogênese de carrapato.

Logullo e colaboradores (2009) demostraram que não há, em ovos de R.

microplus uma relação direta entre a transcrição da GSK3b e sua fosforilação.

Quando as células embrionárias BME26 foram incubadas com EGTA foi visto

que existe uma grande diminuição da fosforilação do resíduo Tyr216 da GSK3b

e um pequeno aumento de sua transcrição confirmando os dados mostrados

por Logullo e colaboradores (2009). Ao contrario disso, a transcrição e a

expressão apresentaram uma relação direta, indicando que neste caso o

controle da tradução desta proteína depende da transcrição. As células

incubadas com EGTA, CaCl2 e thapsigargina tiveram um aumento tanto na

transcrição, mostrada por PCR tempo real, quanto na expressão, mostrada por

western blotting.

A GSK3 se encontra constitutivamente ativa em células não estimuladas

e pode ser inibida por uma variedade de estímulos extracelulares como,

53

insulina, fator de crescimento epidermal e proteína Wnt (Grimes e Jope, 2001;

Frame e Cohen, 2001). Estudos em organismos vertebrados e invertebrados

mostram que a GSK3 é uma quinase essencial para a padronização do eixo

embrionário em embriões na via de sinalização Wnt (Ferkey e Kimelman,

2000). Está via determina a polaridade dos segmentos embrionários em

Drosophila e a formação do eixo embrionário em Xenopus. Além disso, essa

via promove o crescimento celular e a diferenciação durante a embriogênese

de mamíferos (Ikeda et al., 1998). Além de seu papel na via Wnt, a GSK3

possui um importante papel no metabolismo do glicogênio (Grimes e Jope,

2001). Na ausência da via da insulina a GSK3 fosforila e inibe a glicogênio

sintase. Quando o nível de glicose sanguínea aumenta o nível de insulina

também aumenta. A Akt é ativada, como resultado da ativação da via da

insulina, e fosforila e inibe a GSK3. Devido a inibição da GSK3 pela ativação da

Akt, a glicogênio sintase pode ser ativada e promover a formação do

glicogênio. A GSK3 é uma quinase altamente conservada presente em

diversas espécies vertebradas e invertebradas (Dornelas et al., 1998). Logullo

e colaboradores (2009) caracterizaram primeiramente a GSK3 em carrapatos.

Este estudo demonstrou que existe somente uma isoforma dessa quinase

presente nos embriões do carrapato R. microplus, a isoforma GSK3. Além

disso, o ovário da fêmea de R. microplus é o principal tecido de transcrição da

GSK3.

O uso do RNAi na caracterização de vias metabólicas em carrapatos foi

primeiramente utilizado por Aljamali e colaboradores em 2002 e rapidamente

se tornou uma poderosa técnica para o estudo de genes (de la Fuente e

Kocan, 2006; Kocan et al. 2009). A redução na oviposição e eclosão de ovos

54

de fêmeas que foram silenciadas (Tabela 2) também foi vista em fêmeas que

tiveram a GSK3 inibida pela injeção de inibidores específicos para essa

quinase (Fabres et al., submetido) sugerindo que a supressão na expressão e

ou função da GSK3 é responsável pelos efeitos biológicos observados nos

ovos de fêmeas tratadas. Estudos anteriores demonstram a resposta ao RNAi

sistêmico em carrapatos não alimentados após a injeção, e o correspondente

gene silenciado ocorre em múltiplos tecidos (de la Fuente et al., 2006a; Nijhof

et al., 2007). Nijhof e colaboradores (2007) e Kocan e colaboradores (2007)

demostraram o efeito do RNAi sistêmico na prole de carrapatos quando a

dsRNA é injetada na hemolinfa de teleóginas causando o silenciamento na

primeira geração de larvas. Adicionalmente, ovos de fêmeas injetadas com

dsRNA para GSK3 apresentam um fenótipo alterado quando comparado ao

controle negativo, demonstrando o efeito do silenciamento da GSK3 durante o

desenvolvimento (Fig. 9). Esses ovos apresentaram um aspecto indiferenciado,

tendo a aparência de ovos de poucos dias de desenvolvimento.

Um problema para a analise morfológica desses embriões é a

impermeabilidade dos ovos de carrapato, que torna inviável o uso de técnicas

de coloração para microscopia. Devido a este problema, ainda não foi possível

avaliar todas as alterações morfológicas causadas pelo silenciamento da

GSK3. Diante desta difilculdade, estamos procurando adaptar um protocolo

de permeabilizacão usado para observar embriões de Tribolium castaneum

para o uso em ovos de carrapato (Wigand et a., 1998). Assim, os embriões

puderam ser observados parcialmente e futuramente acredita-se que será

possível avaliar todas as alterações morfológicas causadas pelo silenciamento

(dados não mostrados). Além disso, por problemas técnicos, ainda não foi

55

possível avaliar por qual via a GSK3 está influenciando o desenvolvimento dos

embriões de carrapato. Por outro lado, preliminarmente, nosso grupo

demonstrou o envolvimento da GSK3 no metabolismo de glicogênio durante a

embriogênese do carrapato R. microplus (Logullo et al. 2009). Uma diminuição

da expressão dessa proteína pode promover uma depleção da energia devido

a diminuição da glicose livre que pode estar sendo mobilizada para a síntese

de glicogênio em excesso, isso pode estar paralizando o desenvolvimento

desses embriões. Além disso, não podemos descartar o envolvimento da GSK3

na via Wnt que possui um grande envolvimento durante a formação

embrionária de organismos vertebrados e invertebrados (Wodarz 1998).

Acredita-se que futuramente será necessário avaliar por qual via esta proteína

esta influenciando o desenvolvimento desses embriões.

56

Conclusões

57

Os resultados desta dissertação permitem concluir que:

A GSK3 tem uma grande importância durante o desenvolvimento

embrionário do carrapato R. microplus, já que o silenciamento

gênico por RNAi dessa proteína causou diminuição na oviposição,

eclosão e desenvolvimento dos ovos de fêmeas injetadas com

dsRNA específico para GSK3;

Foi possível realizar o silenciamento gênico por RNAi nas células

embrionárias BME26 sem o uso de transfecção;

A GSK3 está envolvida no metabolismo de glicogênio das

células embrionárias BME26, como descrito na literatura, já que o

silenciamento dessa proteína alterou os níveis desse metabolito;

O cálcio foi capaz de alterar a fosforilação no resíduo Tyr216,

transcrição e expressão da GSK3 nas células embrionárias

BME26;

Não houve relação entre a fosforilação, a transcrição e expressão

da GSK3 nas células embrionárias incubadas com EGTA,

mostrando que essa proteína é regulada em vários níveis;

Houve relação entre a transcrição e expressão da GSK3 nas

células embrionárias BME26 incubadas com EGTA.

58

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