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BENS & SERVIÇOS Revista da Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul – Número 84 / ABRIL 2012 F E C O M É R C I O - R S Entrevista EUGENIO MUSSAK PARTICIPA DE FÓRUM ESTADUAL DE GESTÃO E ABORDA O TEMA DA LIDERANÇA TENDÊNCIAS VAREJO 3.0: A VEZ DO CONSUMIDOR SERVIÇOS As facilidades e vantagens do formato delivery ESTOQUE Como manter o controle?

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BENS&SERVIÇOSRevista da Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul – Número 84 / aBRIl 2012

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como manter o controle?

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Publicação mensal do sistema Fecomércio-rs Federação do comércio de bens e de serviços do estado do rio Grande do sul

Avenida Alberto Bins, 665 – 11º andar – Centro CEP 90030-142 – Porto Alegre/RS – BrasilFone: (51) 3284.2184 – Fax: (51) 3286.5677 www.fecomercio-rs.org.br – [email protected]

Presidente: Zildo De Marchi

vice-Presidentes: Luiz Carlos Bohn, Ronaldo Netto Sielichow, Levino Luiz Crestani, Luiz Antônio Baptistella, Jorge Ludwig Wagner, Antônio Trevisan, André Luiz Roncatto, Arno Gleisner, Cezar Augusto Gehm, Flávio José Gomes, Francisco José Franceschi, Itamar Tadeu Barboza da Silva, Ivanir Antônio Gasparin, Joel Vieira Dadda, Leonardo Ely Schreiner, Leonides Freddi, Luiz Caldas Milano, Moacyr Schukster, Nelson Lídio Nunes, Olmar João Pletsch, Olmiro Lautert Walendorff, Julio Ricardo Andriguetto Mottin, Alécio Lângaro Ughini, Ibrahim Muhd Ahmad Mahmud, Renzo Antonioli, João Oscar Aurélio, Maria Cecília Pozza, Manuel Suarez Cacheiro, Joarez Miguel Venço, Ivo José Zaffari, João Francisco Micelli Vieira

diretores: Adair Umberto Mussoi, Ary Costa de Souza, Carlos Cezar Schneider, Celso Canísio Müller, Cladir Olimpio Bono, Darci Alves Pereira, Edson Luis da Cunha, Edison Elyr dos Santos, Élvio Renato Ranzi, Francisco Squeff Nora, Gabriel de Oliveira Souto Jr., Gerson Nunes Lopes, Gerson Jacques Müller, Hélio Berneira, Henrique José Gerhardt, Isabel Cristina Vidal Ineu, Jaime Gründler Sobrinho, Jamel Younes, Joel Carlos Köbe, Jorge Salvador, José Nivaldo da Rosa, Jovino Antônio Demari, Liones Oliveira Bitencourt, Luís Alberto Ribeiro de Castro, Luiz Carlos Dallepiane, Luiz Henrique Hartmann, Marco Aurélio Ferreira, Marcos André Mallmann, Marice Fronchetti Guidugli, Milton Gomes Ribeiro, Paulo Roberto Kopschina, Paulo Renato Beck, Rogério Fonseca, Rui Antônio dos Santos, Sérgio José Abreu Neves, Sueli Lurdes Morandini Marini, Tien Fu Liu, Túlio Luis Barbosa de Souza, Walter Seewald, Zalmir Francisco Fava. Diretores Suplentes: Airton Floriani, Alexandre Carvalho Acosta, André Luis Kaercher Piccoli, Antonio Clóvis Kappaun, Arlindo Marcos Barizon, Carmen Zoleike Flores Inácio, Clobes Zucolotto, Daniel Miguelito de Lima, Dinah Knack, Eduardo Vilela Neves, Eider Vieira Silveira, Ernesto Alberto Kochhann, Everton Barth dos Santos, Francisco Amaral, Gilberto José Cremonese, Gilmar Tadeu Bazanella, Hildo Luiz Cossio, Janaína Kalata das Neves, Jair Luiz Guadagnin, Jarbas Luff Knorr, João Antonio Harb Gobbo, Jorge Alfredo Dockhorn, José Joaquim Godinho Cordenonsi, José Vilásio Figueiredo, José Vagner Martins Nunes, Juares dos Santos Martins, Jurema Pesente e Silva, Ladir Nicheli, Luiz Alberto Rigo, Luiz Carlos Brum, Marcus Luis Rocha Farias, Miguel Francisco Cieslik, Paulo Ganzer, Ramão Duarte de Souza Pereira, Régis Luiz Feldmann, Ricardo Pedro Klein, Romeu Maurício Benetti, Silvio Henrique Frohlich, Susana Gladys Coward Fogliatto, Valdir Appelt

conselho Fiscal

titulares: Rudolfo José Müssnich, Erselino Achylles Zottis, Fábio Norberto Emmel suplentes: Luiz Roque Schwertner, Nelson Keiber Faleiro, Gilda Lúcia Zandoná

deleGados rePresentantes cnc: Titulares: Zildo De Marchi, Moacyr Schukster Suplentes: Luiz Carlos Bohn e Ivo José Zaffari

conselho editorial: Júlio Ricardo Andriguetto Mottin, Luiz Carlos Bohn e Zildo De Marchi

assessoria de comunicação: Aline Guterres, Camila Barth, Caroline Santos, Catiúcia Ruas, Fernanda Borba, Fernanda Romagnoli, Liziane de Castro, Luana Trevisol, Simone Barañano e Sinara Oliveira

coordenação editorial: Simone Barañano

Produção e eXecução: Temática Publicações

edição: Fernanda Reche (MTb 9474)

cheFe de rePortaGem: Luísa Kalil

rePortaGem: Luísa Kalil, Marcelo Salton Schleder e Patrícia Campello

colaboração: Caroline Corso, Carlos Pires, David P. Lima Jr., Edgar Vasques, Marco Aurélio Freitas e Priscilla Buais Avila

edição de arte: Silvio Ribeiro revisão: Flávio Dotti Cesa

Foto de caPa: SuperStock/Getty Images

tiraGem: 25,5 mil exemplares

É permitida a reprodução de matérias, desde que citada a fonte. Os artigos assinados não refletem, necessariamente, a opinião do veículo.

Esta revista é impressa com papéis com a certificação FSC (Forest

Stewardship Council), que garante o manejo social, ambiental e

economicamente responsável da matéria-prima florestal.

imPressão: Pallotti

sumárIo

opinião

agenda 06palavra do presidente 07notícias & negócios 08sustentabilidade 12guia de gestão 14

17entrevista 18serviços 24tendências 26saiba mais 32estoque 34vitrines

internacional 38personalidade

sesc

senac

visão do varejo

negócios

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institucional 44visão econômica 46glossário

mais & menos

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36

3940

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Bens & Serviços / Abril 2012 / Edição 84

&sErVIÇosbens

0518

insPirando líderes

Palestrante convidado para a 22a edição do Fórum

Estadual de Gestão da Fecomércio-RS, Eugenio

Mussak fala sobre conhecimento e geração Y entrevista

14

mesmo Ponto, desaFios renovados

Que aspectos devem ser levados em consideração na hora

de adquirir um ponto comercial? Como agregar diferenciais

sem espantar a clientela? guia de gestão

24serviços

Praticidade e conForto a domicílio

Saiba as vantagens e a praticidade oferecidas pelas empresas que

dispõem do serviço de tele-entrega. Conheça a história de quem

aposta nessa estratégia

26varejo 3.0: a vez do

consumidorSaiba o que está reservado para o futuro do

comércio de bens e serviços na terceira geração

desse mercado

Tendências

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Bens & Serviços / Abril 2012 / Edição 8406A G E N D A abril1o/3 a 24/4ServiçoS gratuitoS

No período, a unidade Senac Canoas promove serviços gratuitos de cortes de cabelo e coloração. Telefone para contato: (51) 3476-7222.

19/4atividadeS de cabeleireiro

Em Camaquã, o curso de Cabeleireiro do Senac disponibilizará atendimentos gratuitos de corte de cabelo na praça Zeca Neto. Mais informações no site www.senacrs.com.br/camaqua.

20/4aula inaugural doS técnicoS ead

Lajeado sedia evento para recepção dos novos alunos dos cursos técnicos Transações Imobiliárias e Recursos Humanos. Telefone para contato: (51) 3748-4644.

Formatura do técnico em Óptica

O Senac Passo d’Areia realiza a cerimônia de formatura do curso Técnico em Óptica, em Porto Alegre. Telefone para contato: (51) 3341-0444.

21/4 a 29/4turnê de vitor ramil

O Arte Sesc - Cultura por toda parte promove turnê do músico Vitor Ramil por seis cidades gaúchas.

24/4portaS abertaS

Evento do Senac Passo d’Areia voltado para diretores de escolas, presidentes de sindicatos e responsáveis pelo setor de estágios dos hospitais conveniados.

moStra caSa da Saúde

Lançamento da Mostra Casa da Saúde Sesc, em Novo Hamburgo.

25/4centenário doS contoS gaucheScoS

Sesc-RS é um dos promotores do lançamento estadual do projeto Simões Lopes Neto - Escritor da Alma Gaúcha.

10/4FeStival palco giratÓrio

Evento de lançamento da 7ª edição do Festival Palco Giratório Sesc e do livro O Brasil passa pelo Sesc, em Porto Alegre.

14/4projeto SeSc PartituraS

Montenegro é a cidade gaúcha a sediar o lançamento do projeto Sesc Partiruras, que será realizado simultaneamente em outros 23 estados brasileiros.

15/4circuito SeSc de corridaS

O município de Camaquã sedia o Circuito Sesc de Corridas 2012.

17/4 a 22/4Feicap

Senac Três Passos realizará atividades gratuitas na Unidade Móvel do Senac durante a 12a edição da Feira Exposição Industrial Comercial e Agropecuária (Feicap). Telefone para contato: (55) 3522-2001.

16/4AulA inAugurAl

Na data, o Senac Educação a Distância realiza aula inaugural dos cursos técnicos em Administração, Marketing, Recursos Humanos, Transações Imobiliárias, Logística, Qualidade,

Meio Ambiente e Segurança do Trabalho. Telefone para contato: (51) 3284-1990.

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Palavra do Presidente

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Zildo De Marchi Presidente do Sistema Fecomércio-RS/Sesc/Senac

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O comércio de bens e serviços de uma cidade, estado ou país diz muito da cultura em que o mesmo se encontra. No caso do mercado gaúcho, já sabe-mos que nosso empreendedorismo tem como marca registrada o pioneirismo e o compromisso com a qualidade.

Atualmente, vemos o mercado ca-minhar em direção a um cenário cada vez mais digital e, ao mesmo tempo, que valoriza as relações humanas. Não podemos – nem devemos – lutar contra a evolução do tempo, e não há dúvidas de que a tecnologia disponível hoje al-terou, e muito, a nossa rotina e a manei-ra como nos comunicamos. O comércio e seus mais variados segmentos estão inseridos neste cenário de mudanças, e hoje encontramos especialistas deba-tendo a terceira geração do varejo.

Cabe, agora, aos empreendimentos comerciais oferecer mais que simples-mente o espaço físico de um negócio. É necessário saber traduzir a experiência que o mesmo oferece. Para isso, uma loja, restaurante ou salão de beleza, por exemplo, devem continuar apren-dendo o que deseja o seu consumidor, o

seu público-alvo, no intuito de melhor atendê-lo, sempre.

Não importa a geração em que o varejo se encontre, não importa as mudanças provocadas pelo impacto tecnológico: atender às demandas dos consumidores é primordial para que um comércio se solidifique em uma comuni-dade, gerando desenvolvimento, renda, e mesmo agregando qualidade de vida aos moradores da região.

O varejo 3.0 aproxima-se do que há de mais real na rotina de um determina-do mercado: a experiência vivida pelos seus consumidores, sejam esses assíduos ou não. Trocar essas experiências e criar novas referências de produtos e serviços é uma forma de aprimorarmos o nosso trabalho. Mais importante, representa uma maneira de continuarmos crescen-do, sempre junto ao povo gaúcho.

A terceira geração do varejo

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Otimismo gaúcho O otimismo em relação ao futuro está mais

presente entre os empresários gaúchos. É o

que sinaliza o Índice de Confiança do Em-

presário do Comércio gaúcho (Icec-RS) de

março, que registrou 130,1 pontos, melhora

de 4,8% frente a fevereiro. Questionados

sobre a confiança na situação atual, expectati-

vas para o futuro e investimentos, o indicador

que reflete a confiança no futuro segue o

mais alto, marcando 162,8 pontos, à frente

da percepção quanto à situação atual (114,1

pontos) e do nível de investimentos, que

teve o acréscimo percentual mais expressivo,

de 7,2%, mas atingiu uma menor pontuação:

113,6. A pesquisa é realizada pela Confedera-

ção Nacional do Comércio (CNC).

Sem vistorias para baixo riscoProposta de uma portaria interministerial pretende

definir uma norma nacional de licenciamento do Corpo de

Bombeiros para os pequenos negócios. Com isso, atividades

consideradas de baixo risco poderão entrar em funcionamento

antes da vistoria do Corpo de Bombeiros.

A norma classifica o grau de risco das atividades econômicas para

aplicação das medidas de segurança contra incêndio e pânico e

deve ser editada pelos ministérios da Justiça (MJ) e do Desenvol-

vimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), com o escopo de

desburocratizar e tornar mais ágil a abertura de empresas.

São indicadas como atividades de baixo risco aquelas

desenvolvidas em construções abaixo de 750m², que não

armazenem mais de 90 quilos de gás de cozinha (GLP) ou mais

de 250 litros de líquidos inflamáveis. Também não podem reunir

um público superior a cem pessoas, possuir mais do que três

pavimentos e nem comercializar produtos explosivos, como

fogos de artifício. Para essas empresas, o processo de vistoria

passa a ser feito depois que o negócio estiver funcionando.

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Calendário esportivo Sesc 2012A agenda 2012 de eventos esportivos no Rio Grande do Sul

segue com atividades realizadas pelo Sesc. Além do Circuito Sesc de Corridas, Olimpíada Comerciária, Jogos Sesc de Masters

e Sêniors, Olimpíada da Saúde e Circuito Nacional Sesc Tria-thlon estão na programação de abril e dos próximos meses.

Segundo os organizadores, a expectativa é de reunir mais

de 25 mil atletas nos eventos esportivos de 2012. Camaquã

recebe a próxima atividade, no domingo (15/4), quando

acontece a quarta etapa do Circuito Sesc de Corridas. A partir

deste ano, o Circuito Sesc de Corridas tem na prova adulta

(a partir de 16 anos) as distâncias de 3km, 5km e 10km. Já

o percurso infantil terá como distância: 1km para categoria A (10 a 12 anos) e 2km para categoria B (13 a 15 anos). Ao

todo serão 13 etapas em várias cidades gaúchas, mais a final estadual marcada para 16 de dezembro, em Porto Alegre. Para

o segundo semestre de 2012, jogos da Olimpíada Comerciária, Jogos Sesc de Masters e Sêniors, Olimpíada da Saúde e a etapa

gaúcha do Circuito Nacional Sesc Triathlon movimentarão o circuito esportivo gaúcho.

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Dívidas tributárias com facilidade de pagamento

Após uma liminar junto ao Tribunal de Justiça do

Rio Grande do Sul e negociação com a Secretaria

da Fazenda do Estado (Sefaz-RS), o Sindilojas Porto

Alegre angariou benefícios para os lojistas asso-

ciados optantes pelo simples. Agora as empresas

poderão regularizar as dívidas de ICMS geradas até

dezembro de 2011, pelo não pagamento da dife-

rença de alíquota interestadual de ICMS, à vista, sem

multa, apenas com acréscimo de juros de mora.

Para quem optar por realizar o parcelamento dos

valores pendentes, o acordo com a Secretaria per-

mite o pagamento em até 48 parcelas, acrescidas de

juros de mora e multa de 40% sobre o valor total.

Para quitar o valor à vista, os lojistas devem acessar

o site www.sefaz.rs.gov.br para gerar a guia de

pagamento. No caso de parcelamento, o empre-

sário deverá procurar a Secretaria da Fazenda do

Estado para que o órgão realize os procedimentos

necessários. A entidade estimula seus associados

a buscarem a regularização, para evitar autuações

futuras e prejuízos maiores.

Senac-RS inaugura unidade na SerraNa primeira semana de junho será inaugurada a escola

Senac em Gramado. Com um investimento de R$ 1,5

milhão, em uma área de 800 metros quadrados, está

localizada na rua São Pedro, nº 663 e poderá atender

150 alunos por turno, com cursos focados nas áreas de

Gastronomia, Hotelaria, Idiomas e Informática.

O objetivo da iniciativa é oferecer à população da

região profissionalizações de qualidade para inserção no

mercado de trabalho. Com a proximidade da Copa do

Mundo de 2014 no Brasil, o Senac-RS anseia qualificar a

comunidade de Gramado e região para os serviços de

atendimento aos atletas e turistas.

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Lançamento do projeto Sesc PartiturasMontenegro foi a cidade gaúcha escolhida para sediar o lançamento

nacional do projeto Sesc Partituras. No dia 14 de abril, serão

realizados concertos simultâneos em 23 estados do país. Os

concertos serão executados por músicos locais, incluindo grupos

de câmara, corais, solistas e orquestras. O Teatro Therezinha Petry

Cardona será palco do lançamento no Rio Grande do Sul.

O Quinteto de Cordas da Orquestra de Câmara Fundarte

interpretará clássicos de Glauco Velásquez e de Sergio Nogueira

a uma plateia formada por convidados da classe artística gaúcha.

O quinteto é formado por João Campos Neto (violino), Vagner

Cunha (violino), Martinêz Galimberti Nunes (viola), Fábio Chagas

(violoncelo) e Luciano Dalmolin (contrabaixo). O objetivo do

projeto Sesc Partituras é difundir a música brasileira, estimular a

formação de grupos de câmara e possibilitar ao público o contato

com a riqueza da música escrita no Brasil.

Vagas abertas para cursos técnicos O Senac-RS está com inscrições abertas em oito opções de cursos na

modalidade a distância. As aulas se iniciam no dia 16 de abril, com até

dois encontros presenciais por semana na unidade. Os interessados

podem optar pelos cursos de Transações Imobiliárias, Marketing,

Administração, Recursos Humanos, Logística, Segurança do Trabalho,

Meio Ambiente e Qualidade. Além dos encontros presenciais, os

alunos terão à disposição um ambiente virtual de aprendizagem,

para acessar o conteúdo do curso, atividades, listas de discussões,

debates e conferências. O estudo a distância privilegia o processo da

autonomia do aluno na construção do conhecimento, como também

oferece maior comodidade ao estudante, pois poderá adaptar seus

horários aos estudos conforme sua rotina. Mais informações estão

disponíveis pelo telefone (51) 3284-1990.

Fecomércio-RS indica integrantes para Fopemepe-RSA Fecomércio-RS indicou como integrantes para o Fórum Permanente das Empresas de Micro e Pequeno Porte do RS

(Fopemepe-RS) os vice-presidentes André Roncatto e Ronaldo Sielichow, e pelo Senac-RS, Jaime Sobrino e Leonardo Schreiner.

A Fecomércio-RS e o Senac-RS foram convidados a participar pelo secretário de Estado da Economia Solidária, Maurício

Dziedricki. Os quatro indicados objetivam unir esforços do governo e da iniciativa privada para a conjectura e elaboração de

ações e políticas públicas orientadas para o segmento.

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três PErguntas

Um dos principais nomes da alta costura no Rio Grande do Sul, Rui Spohr despertou para o mundo fashionista aos 16 anos, quando percebeu sua sensibilidade para a arte do vestir. A partir de então, passou a aperfeiçoar seu

dom. Spohr viajou para a França, onde teve a oportunidade de lapidar seu talento e agregar inspiração direta da fonte da moda, com contato próximo a Yves Saint Laurent e Christian Dior, além da vivência em endereços como Chambre Syndicale de La Couture Parisiènne. O estilo de Rui se projeta na década de 60, quando parti-

cipou dos desfiles de Rhodia. Desde então, Rui Spohr é referência na alta costura no setor da moda.

o que é a moda para as gaúchas, hoje?

sPohr Hoje e sempre não temos uma moda específica diferente de todo o país. O que nos distingue em partes é o trajar do in-verno, pois temos o frio, diverso da maioria dos outros estados. Grandes abrigos, cachecóis, toucas e luvas compõem o guarda-

roupa da gaúcha. O inverno permite que a mulher se vista mais e melhor. É a estação em que o vestir se torna mais bonito.

Que transformações o senhor observa no mundo da moda, desde quando começou?

sPohr A única transformação percebida como um todo foi a democratização da moda. Hoje nas ruas temos maior presença da moda contemporânea do que nos salões de festa dos clubes. Quanto maior a classe social, menos interessam os modis-

mos. Há simplesmente um acompanhamento de moda. Quanto mais se cultua a moda, menos estilo próprio se mostra. Sabemos que a verdade está nas ruas, a atualidade se vê nas cores, nos materiais, mas deve-se estar atento, pois nem tudo

que se vê ou que a mídia impõe é a verdade em termos de elegância.

Qual a sua opinião sobre os hábitos de consumo de moda dos gaúchos?

sPohr O que nos diferencia é termos as quatro estações razoavelmente bem definidas. Isso nos obriga a mudar, e mudar é sinônimo de moda, de renovação. Renovar-se é somar e crescer sempre.

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Ponto eletrônico: novas regras já estão valendoNo mês de abril, entrou em vigor a Portaria 1.510/2009 referente às novas regras para controle do ponto eletrônico.

Após uma série de adiamentos, a medida passa a valer e exige que as empresas brasileiras de vários setores adotem

equipamentos aptos a viabilizar a impressão de comprovantes de entrada, saída e intervalos no trabalho. No entanto,

o Grupo Interconfederativo Empregador da Confederação Nacional do Comércio (CNC) busca a suspensão da

Portaria e a criação de um grupo de trabalho tripartite, formado pelo governo, empresas e empregados, para avaliar a

conveniência desse sistema. O Sistema Fecomércio-RS/Sesc/Senac apoia a posição da CNC.

Turismo religioso em expansãoCom a expansão do mercado do turismo religioso, nota-se cada vez

mais o aumento de pessoas que viajam pela fé. E além dos conhecidos

Santuários Marianos da Europa, destinos como Turquia e Jordânia têm

se destacado no turismo católico. Mas apesar de esses países estarem se

consolidando como destino católico e com o número de turistas brasi-

leiros crescendo a cada ano nesses locais, Israel continua sendo um dos

lugares mais procurados por brasileiros, e só no ano passado recebeu 55

mil turistas do Brasil na Terra Santa. Esse número é bastante expressivo

se comparado ao ano de 2009, em que Israel recebeu 28 mil brasileiros.

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ustentabilidadeS

Bens & Serviços / Abril 2012 / Edição 8412

Muito além do compromisso com o meio ambiente, a prática da sustentabilidade é uma

atitude a ser tomada por todas as empresas, independentemente de atuação e porte.

Confira algumas tendências relacionadas ao tema e saiba como é fácil adotá-las

Tendênciasverdes para o varejo

Debater a sustentabilidade am-biental tem sido um tema recorrente no universo do empreendedorismo. Não é à toa que, cada vez mais, surgem no mercado empresas comprometidas com o papel que exercem no meio ambien-te. É uma forma não somente de res-peitar o planeta, mas também um modo

inteligente de reduzir custos por meio da economia de energia, da redução das emissões de carbono, entre outras vantagens que as práticas sustentáveis podem oferecer.

Fato é que o compromisso com a sustentabilidade está se tornando um pré-requisito para que novas empresas

cresçam frente a seus consumidores. Mas como é possível efetivar esse compromis-so? Diferentes pesquisas vêm revelando possíveis tendências no que diz respeito à sustentabilidade. Conheça algumas des-sas apostas:

CloudComputingA possibilidade de armazenar a in-

formação nas nuvens se fortalece como uma opção econômica e sustentável tanto entre as grandes empresas como nas de pequeno e médio portes. Um es-tudo realizado pelo CDP (Carbon Dis-closure Project), plataforma focada no reporte da emissão de carbono, apon-tou que as empresas que investem no cloudcomputing podem reduzir o con-sumo de energia e também diminuir as emissões de carbono pela metade.

iluminação ledO termo LED (tradução para diodos

emissores de luz) tem marcado presen-ça no mercado brasileiro especialmente

Além da empresa verdeAlgumas tendências apontadas por empresas especializadas em sustentabilidade:

lojas novas: como proposta de oferecer um diferencial, a dica é projetar e

construir novas lojas de modo a atrair clientes, proporcionando ótima experiência

de compra, baixos custos operacionais e baixos impactos sobre o meio ambiente.

Produtos e fornecedores: estabelecer critérios para seleção de fornecedores e

produtos sustentáveis é uma forma de se diferenciar. Tais critérios podem ser:

dar preferência a produtos com rotulagem tipo FSC (Conselho Brasileiro de

Manejo Florestal - FSC Brasil).

Propaganda e marketing: saber comunicar de forma correta as iniciativas

sustentáveis de sua empresa é um grande desafio. O Conselho Nacional de

Autorregulamentação Publicitária (Conar) criou diretrizes para publicidade com

apelos de sustentabilidade para orientar o mercado a ter uma comunicação

correta, no intuito de evitar a propaganda enganosa ou falsidade ideológica.

Fonte: SuStentAx

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Bens & Serviços / Abril 2012 / Edição 84 13

em função das telas de televisão LED, que garantem uma imagem de melhor qualidade, além de menor consumo de energia. Fato é que a iluminação LED, que também pode ser encontrada na tela de aparelhos celulares, já é uma tendência forte, e estima-se que até 2015 seja dominante no mercado. No que diz respeito a espaços comerciais, a economia por meio da iluminação LED pode chegar a 90%.

ecoTelhadosDe supermercados a escolas, os eco-

telhados estão presentes nas principais construções e reformas que mostram preocupação com o meio ambiente. Eles permitem a absorção da água da chuva, além de agirem como isolantes térmicos e reduzirem o consumo de energia. Também chamados de telha-dos verdes, os ecotelhados permitem,

inclusive, o cultivo agrícola no topo dos prédios, prática que já acontece em países como os Estados Unidos.

susTenTabilidadeemPresarial

A empresa SustentaX, especializa-da na certificação de empreendimentos sustentáveis, elaborou o Guia Susten-taX para comunicação responsável com o consumidor e o Guia de comunicação e sustentabilidade do CEBDS – Conselho empresarial brasileiro para o desenvol-vimento dustentável. Os guias podem servir de fonte de consulta e pesquisa para diferentes empreendimentos sobre como se comunicar responsavelmente com o consumidor.

O fundador e presidente do Grupo SustentaX, Newton Figueiredo, afirma: “Sustentabilidade empresarial é garan-tir rentabilidade e perenidade para sua

empresa, gerando seu lucro de forma responsável para com a sociedade”.

Recentemente, a SustentaX listou algumas tendências sustentáveis que podem auxiliar o varejo nas definições de estratégias e ações ligadas ao tema. Confira quadro na página ao lado.

Desafio para todosEspecializada no tema sustentabilidade,

a revista Ideia Sustentável publicou

recentemente uma reportagem abordando

os desafios que o tema traz a todos –

inclusive ao universo das pequenas e

médias empresas. Conheça algumas das

recomendações propostas no texto.

Confira mais em www.ideiasutentavel.com.br:

Supere a inércia e tome a atitude: as

PMEs também têm compromisso com a

sustentabilidade. Dê o primeiro passo.

Reduza ou elimine os impactos

socioambientais: pequenas mudanças de

atitude podem ajudar

Comunique o valor das práticas

sustentáveis de sua empresa a todos os

públicos de interesse, incluindo sua equipe

de colaboradores, fornecedores e clientes

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Bens & Serviços / Abril 2012 / Edição 84

uia de GestãoG14

Q

Assumir a direção de um negócio implica uma série de cuidados. Os clientes da casa

são, talvez, o mais importante deles. Saiba que cuidados tomar ao adquirir um novo

ponto e de que forma agregar mudanças

uem já não passou por um determinado empreendimento e ob-servou uma placa dizendo “Sob nova direção”? Adquirir um ponto comercial nem sempre é uma tarefa fácil. Da mes-ma forma como quem deseja começar do zero, assumir a direção de um negó-cio que já é reconhecido em determi-nado ponto envolve, igualmente, uma série de desafios.

Há quem pense que comprar a em-presa pronta é mais fácil, por se tratar de uma referência conhecida no local. Entretanto, o consultor Telmo Telles afirma que não é bem assim. “Muitas vezes, o que se tem observado é que as pessoas compram o negócio porque a barreira de entrada – o que pode ser tanto o custo quanto o valor a ser inves-tido – é baixa. E, normalmente, quando as barreiras de entrada em determina-dos negócios são baixas, a lucratividade cai bastante também”, explica Telles.

Seja para quem está procurando ou para quem já adquiriu um ponto, o consultor recomenda alguns cuidados. Um ponto importante são os clientes. “Identificar quais são os segmentos e motivações que os clientes têm para adquirir o produto ou serviço”, exem-plifica Telles. Outro fator a considerar é se existe alguma demanda que não está sendo atendida. “Isso permite que o empresário entre em um segundo momento, que é o de agregar diferen-ciais”, acrescenta.

Desta forma, explica Telles, se é identificada alguma necessidade não atendida no mercado, o empresário pode elaborar uma estratégia diferen-ciada. A exemplo, que busque atender a demanda e que outras empresas locais não estão conseguindo vencer.

Este é outro fator que precisa ser considerado: a concorrência. “Analisar qual é a densidade demográfica das em-

presas que são similares naquela região, naquele mercado. Tentar entender tam-bém como se dá a cultura de concor-rência nesse mercado.” De acordo com o consultor, são perguntas que podem contribuir para o progresso do negócio: “Os concorrentes valorizam mais as questões de custo ou de diferenciação? De que maneira eles agem no mercado? Isso é muito interessante e extremamen-te salutar que se conheça: o desempe-nho dos concorrentes na área em que se deseja atuar”. Nesse âmbito, ainda estão inseridas questões como análise do segmento, se o mercado está em expan-são com o artigo ou em que ponto do ciclo de vida do produto ele se encontra. Telles costuma citar o seguinte exem-plo: “Se hoje eu convidar duas ou três pessoas para montar uma empresa que fabrica tablets, o mercado estará cheio, pois é um produto que está no início do seu ciclo de vida. Mas se eu juntar pesso-

mas com desafios renovadosMesMo ponto,

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as para montar uma empresa que fabrica computadores, já é outra visão, porque é um produto que vem em uma curva mais descendente”, compara.

OS fAtOrES intErnOSLocalização, ambiente, concorrên-

cia, público consumidor: o que esses pontos apresentam em comum é o fato de representarem fatores externos ao ponto que o empresário deseja assumir. Há uma outra análise que merece ser feita, que é a que diz respeito a fato-res internos, como, por exemplo, uma análise histórica do negócio. “Essa sim, seria uma parte complementar”, ex-plica o consultor Telmo Telles. Nesse quesito entram questões como histó-rico de comportamento, atendimento ao cliente, política de marketing, em que por exemplo, atitudes são tomadas

pelo ponto em função do mercado em que atua. “Analisando esses dois focos – externo e interno – eu consigo traçar uma nova estratégia, um novo produto ou um enfoque diferente para adentrar neste mercado”, destaca o consultor. Entender a cultura local também é im-portante, uma vez que, da mesma forma com que os mercados mudam, a manei-ra como uma comunidade se comporta também muda de região para região. “Esse conhecimento é importante para entrar com algumas estratégias defini-das e pensadas.”

Mas e quando o ponto já foi adqui-rido? Como trabalhar as mudanças? Na visão de Telles, tudo passa pela espécie de diagnóstico apresentado anterior-mente. “Sem ele, qualquer tipo de ação ou remédio pode ser tornar inócuo.” Es-tudar esses pontos pode, inclusive, evi-

tar apostas erradas. “Pode acontecer de a pessoa não achar interessante e não entrar no negócio.” Caso a pessoa já tenha adquirido o ponto, recomenda-se fazer o diagnóstico com um viés na solução do problema.

COnExãO SP/rSO paulista Marçal Payão chegou

a Porto Alegre em 2007, com o obje-tivo de atuar em outro segmento que não o de restaurantes, ramo no qual já acumulava experiência desde São Paulo. Começou a trabalhar com um estacionamento, até que um cliente o informou a respeito da venda de um restaurante. Os proprietários, um casal de argentinos, sonhavam em se aposen-tar para ter mais tempo para viagens e ficar com a família. “Quando você compra um restaurante, na prática o

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uia de GestãoG16

novo dono estabelece as regras, seja mudar ou dar continuidade às antigas”, explica Payão. Porém, com relação ao Massas do Forte, ponto adquirido pelo empresário paulista, houve o desejo de manter o funcionamento e o cardápio, bem como a equipe de funcionários. Na compra do negócio, ele manteve o nome e também a fábrica de massas. Desta forma, Payão pôde conhecer me-lhor a clientela. Assim como levanta-do por Telles, Payão viu a importância na conquista dos clientes. “Os donos eram antigos, estavam ali há mais de dez anos”, conta. Por isso, as mudan-ças foram feitas de seis em seis meses, sem fechar o ponto, para o cliente “ir se acostumando”. Uma delas foi na es-trutura física do local. “Muitos clientes viam a casa como extensão da casa de-les, alguns nem queriam a mudança”. Aos poucos, o toldo de plástico virou portas e janelas de vidro, e a área com mesas também foi ampliada.

O cardápio ganhou novas opções de carne, mas as massas – tradicionais da casa – foram mantidas. Do total de 22 pratos criados pelos antigos donos, 16 ainda são servidos diariamente no ponto.

Ao analisar os desafios em assumir um novo negócio, Payão reconhece: o verdadeiro desafio foi a adaptação dele mesmo ao cliente. Afinal de contas, gaúchos são famosos pelo tão chamado “bairrismo”, o que nem sempre facilita o processo de mudanças.

Em 2012, Marçal Payão reflete so-bre a expansão do negócio, com a inau-guração de uma unidade da Massas do Forte na Zona Sul de Porto Alegre.

MudAnçA COMPlEtASe, ao adquirir o restaurante Mas-

sas do Forte, Marçal Payão optou por manter alguns integrantes da equipe, bem como o nome do negócio e o car-dápio original, os empresários Airton e Rosana Demutti escolheram a reforma geral do ponto que adquiriram. O casal procurava investir em um empreendi-

mento no ramo de farmácia, quando soube da venda de um ponto em um dos bairros da capital. Rosana conta que houve cuidados como estudar o his-tórico da empresa, o movimento no lo-cal e também a proximidade a hospitais, importante para uma loja de farmácias. “Mesmo com alguns problemas, assu-mimos o desafio.” O casal já acumulava experiência no comércio, mas no ramo da alimentação. Comprado o ponto, começaram as mudanças: o local foi fe-chado, reformado, uma nova equipe de colaboradores foi contratada e o nome também passou a ser outro. Airton e Rosana são franqueados da rede Droga-bel Drogarias. Com relação à clientela, Rosane não hesita: conquistar o cliente é o principal desafio para quem adquire um ponto comercial. Para a sorte dos franqueados, a receptividade de quem frequentava a antiga farmácia foi ótima. “Mas estamos trabalhando em cima dis-so, por meio do bom atendimento, dos produtos em dia, da limpeza da loja”, elenca a sócia-proprietária.

Passo a passoConfira alguns pontos a serem

analisados quando se está interessado

em comprar um ponto comercial (ou

se você já adquiriu um):

Clientes

Concorrência

Mercado

Economia e cultura locais

Questões demográficas

(determinados negócios e produtos

só crescem significativamente se a

população cresce também)

Marçal Payão: mudanças feitas aos poucos

Lúci

a Si

Mon

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Bens

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Marco Aurélio Freitas Diretor comercial da Perto S/A

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O sentimento patriota tem ultrapassa-do os limites da época de jogos da Copa. O mundo tem reconhecido o potencial eco-nômico do Brasil, e nós temos percebido a nossa importante participação no mercado de tecnologia para bancos e de varejo. Pode-mos, enfim, nos orgulharmos disso.

O país tem aumentado a sua participação em grandes eventos de tecnologia mundo a fora. No mais recente deles – e um dos mais importantes –, o CeBIT, Feira Internacional de Tecnologia da Informação, Telecomunicações, Software e Serviços, realizado em Hannover, o Brasil foi escolhido como país parceiro e teve a participação da presidente Dilma Rousseff. A Perto tem acompanhado essa evolução e foi uma das pioneiras a participar do evento, estando presente há mais de 15 anos. Para a empresa, o CeBIT é uma importante vitrine e uma oportunidade de levar tecnologia 100% nacional para além das fronteiras do Brasil. Neste ano, a empresa apresentou suas soluções para bancos e varejo e, juntamente com outras empresas nacionais, teve saldos extremamente positivos em termos de parcerias, negociações e novos projetos. No evento, que é fundamental pela sua abrangência em termos de visitantes que chegam de todas as partes do mundo, ve-mos uma excelente oportunidade para apre-sentar o portfólio de tecnologias de ponta,

soluções inovadoras, de alta confiabilidade, e totalmente adaptadas a reduzir custos de acor-do com as demandas.

Entre as principais tendências que po-dem ser apontadas para o setor estão as soluções de imagem. Desde o primeiro se-mestre de 2011, a compensação de cheques por meio da digitalização dos documentos passou a ser obrigatória e vem movimen-tando os investimentos das instituições fi-nanceiras. Sob o novo modelo determinado pelo Banco Central do Brasil, a imagem do documento é capturada por um scanner e enviada por arquivo eletrônico ao longo do trâmite da compensação. O processo eli-mina a necessidade de transporte físico do cheque, o que se traduz em agilidade e se-gurança. Segundo estimativas da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), as insti-tuições gastam, em média, R$ 300 milhões ao ano para fazer o transporte dos cheques. No Brasil, cerca de 90 milhões de cheques são emitidos mensalmente.

Para atender as demandas de tantas transformações tecnológicas como esta, a indústria brasileira precisa estar em cons-tante atualização e seguir padrões rígidos de qualidade. Nesse sentido, o Brasil está sendo reconhecido internacionalmente como um importante polo tecnológico.

T ecnologia e inovação made in Brazil

“Entre as principais tendências que podem ser apontadas para o setor

estão as soluções de imagem.”

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FOTOS: Lúcia SimOnEu

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O senhor é médico. como esta formação o auxilia hoje em palestras no mundo corporativo?

muSSak Na verdade, eu estudei Medicina, mas não a exerço há muito tempo. Sempre fui ligado à educação. Quando me formei em Medicina já era professor, havia criado uma escola, então não me dediquei a essa área. Muitos anos depois, fiz uma especialização na área médica, em fisiologia humana, para entender melhor o funcionamento do corpo e do cérebro, e isso me ajuda muito, hoje, quando eu analiso questões ligadas ao comportamento humano nas organizações e na vida em geral.

inspirandoLídereS

E n T R E V i s T a

em um de seus artigos o senhor afirma que a grande marca da humanidade é a transfe-rência do conhecimento. O senhor poderia explicar melhor?

muSSak O conhecimento provavelmente é a grande força que nós temos na sociedade atual. Estamos vivendo uma sociedade chamada de ‘sociedade do conhecimento’. Essa expressão foi criada por Peter Drucker há bastante tempo. Nós percebemos que a partir da década de 1950, 1960, o número de trabalhadores da indústria passou a ser menor que o número de trabalhadores em outras áreas da atividade humana. Então percebeu-se que não estávamos mais

na sociedade industrial, mas sim, que havia dúvidas sobre o tipo de sociedade que estávamos construindo. Se era sociedade do serviço, da informação ou da comunicação. Até que Peter Drucker criou a expressão ‘knowledge workers’ – trabalhadores do conhecimento. Ele diz: daqui para a frente nós não vamos mais trabalhar com a força dos braços, e sim com a força do conhecimento. A partir de então, começamos a usar essa expressão. O conhecimento é, de fato, uma vantagem competitiva, seja para uma pessoa, um grupo, uma empresa ou mesmo para um país. Nós só podemos competir em um mundo globalizado a partir do conhecimento.

Professor, escritor, consultor, médico. inúmeros são os créditos que Eugenio Mussak pode

receber. o mais importante deles talvez seja o de inspirador. ao realizar palestras por todo

o país, ele ensina a descobrir as características que formam um líder de verdade

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entrevista

Bens & serviços / abril 2012 / Edição 8420

de que forma esse conhecimento é transferido?

muSSak Poderíamos dividir o conheci-mento em dois tipos: o explícito e o tácito. O primeiro é aquele que está nos livros, nos manuais, nas apostilas, na internet. Enfim, é qualquer conhe-cimento que eu posso acessar, sozinho, diretamente, e esse conhecimento hoje é imenso. Nós temos hoje a maior biblioteca que a humanidade já criou: a internet. Mas há outro tipo de co-nhecimento, que chamamos de tácito. Vem do latim tacitus, que significa oculto. É um conhecimento que existe, mas não está explícito, não pode ser acessado diretamente. Ele está oculto

na cabeça de alguém, então eu só posso transferir esse conhecimento através das relações humanas. Logo, quando alguém trabalha numa empresa durante 10, 20, 30 anos e depois se afasta, essa pessoa está levando consigo uma ver-dadeira biblioteca, um conhecimento que ela construiu durante o seu tempo de atividade na empresa. O que se deseja hoje nas organizações é que esse conhecimento seja transferido. Por isso, nós falamos muito da importância do clima organizacional, das boas relações, da cultura forte na empresa ou no setor, para que uma pessoa ensine a outra da mesma forma como ela também apren-deu com outra pessoa e também com a própria prática.

a atitude “Do it yourself” (Faça você mesmo) é muito comum em países como os esta-dos unidos. esta cultura é uma tendência para o Brasil?

muSSak Acredito que estamos perceben-do essa tendência em crescimento aqui no Brasil. Porque cada vez teremos menos pessoas para fazer para nós aquilo que nós mesmos podemos fazer. E o que eu acho interessante dessa cultura ‘do it yourself’ é que eu tenho a impressão de que isso é uma das influ-ências sobre o empreendedorismo: não ficar esperando que alguém me dê um emprego, eu vou criar o meu próprio emprego. Não ficar esperando que o mundo resolva meus problemas, irei eu mesmo resolvê-los sozinho.

de que forma o autoconhecimento contribui para o sucesso de um empreendedor?

muSSak O autoconhecimento é uma das condições essenciais para que a pessoa construa uma vida plena, uma vida rica, uma vida que vale a pena. O autoconhecimento não significa apenas que eu conheço as caracte-rísticas da minha personalidade. Ele significa saber exatamente quais são os meus sonhos, os meus grandes objetivos de vida, os valores que para mim são importantes e que eu defendo. Significa também conhecer suas forças e suas fraquezas, o que é fundamental, pois, muitas vezes, não conseguimos atingir os resultados que desejamos, porque nossos inimigos internos não nos permitiram e nós acabamos culpando o inimigo fora de nós. Na verdade, o inimigo fora de nós

“o conhEciMEnTo PRoVaVElMEnTE é a gRandE

foRça quE TEMos na sociEdadE aTual.”

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não tem o menor poder de me vencer, ele só tem o poder de me destruir, desde que eu já tenha sido vencido por um inimigo interno. E há vários inimigos internos. Eu citaria quatro: a ignorância, um inimigo poderoso; a indolência, que é o deixar para depois, a preguiça; a arrogância, que é você se achar superior, achar que não precisa de ninguém, que já sabe tudo, isso vai acabar te destruindo. E o medo, ainda que o medo possa passar de inimigo para amigo. Ele é inimigo quando te paralisa, mas é amigo quando te alerta para os perigos que você enfrentará, e aí você se organiza pra enfrentá-los.

especialistas apontam que a gestão de pessoas é um dos principais desafios das empresas hoje. O senhor concorda com isso? Por quê?

muSSak De forma simples, sempre digo que para abrir uma empresa são necessários três elementos: capital, que é mais parte mais fácil; conhecimento, pois você precisa entender daquele assunto, estar preparado e conhecer o mercado, por exemplo. E o terceiro item do tripé são as pessoas, a equipe. Se você vai abrir uma empresa onde só você vai trabalhar, então você não é um empresário, mas sim, um profissio-nal liberal. Mas se você vai abrir uma empresa de fato, precisará de gente, e essa é a parte mais complexa, não que seja difícil. Porque nada é difícil: depois que você aprende, tudo é fácil. Mas tem um pouco mais de comple-xidade porque a gestão de pessoas é diferente da gestão de coisas. Coisas significam dinheiro, estoque, projeto,

processos. Agora, pessoas são diferen-tes, só por um motivo: pessoas pensam, têm sentimento, vontade própria. Não consigo controlar as pessoas, mas eu consigo liderar. E a liderança se faz a partir da motivação, da inspiração, da criação de um objeto comum, da definição de causas, e isso precisa ser desenvolvido. É uma competência extremamente importante para um empreendedor transformar-se em líder. Caso contrário, ele jamais terá uma equipe sólida, consistente.

Qual a diferença entre ser liderável e controlável?

muSSak Como eu disse, as pessoas têm vontade própria, e eu não consigo controlar a vontade das pessoas, mas

eu consigo desenvolver a vontade das pessoas. Sou capaz de inspirar, porque a vontade depende do pensamento. Você só tem vontade quando pensa. Se você não pensar, não terá vontade, terá apenas o desejo, que é diferente, porque são as coisas básicas para manter a sua sobrevivência. Vontade é trabalhar, es-tudar, criar, transformar, empreender, fa-zer ginástica. Tudo isso depende de uma força interior chamada vontade, que deriva do pensamento. Então, liderar significa desenvolver nessas pessoas o pensamento, para que então elas criem a vontade de fazer as coisas.

O senhor realiza palestras por todo o país, escreve artigos para diferentes publicações e mantém um blog e um programa de rádio. como administra o seu tempo?

“cada VEz TEREMos MEnos PEssoas PaRa fazER PaRa

nós aquilo quE nós MEsMos PodEMos fazER.”

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entrevista

Bens & serviços / abril 2012 / Edição 8422

“a MElhoR ManEiRa dE sE PRoMoVER o

aPREndizado é coM gERaçõEs cRuzadas.”

muSSak O tempo é, provavelmente, nosso patrimônio mais escasso. Todos nós temos 24 horas por dia, e não con-sigo negociar para ter mais ou menos tempo, mas conseguimos negociar para aproveitar melhor o tempo que nos é disponível. Há dois deuses do tempo: Khronos e Kairos. O primeiro é o deus do tempo contado, com ele não se negocia. Kairos é o deus que nos ajuda a escolher o que faremos com o tempo que temos disponível. É o deus das escolhas, então, acredito que adminis-trar o tempo significa fazer uma boa relação com Kairos. Isso também vai implicar você se organizar inclusive tecnologicamente. Eu uso para orga-nizar meu tempo uma tecnologia e um

anjo da guarda. A tecnologia eviden-temente é o Outlook, a internet, o celular. Tenho minha agenda perma-nentemente atualizada no celular. Mas isso só vai acontecer se tiver um anjo da guarda por trás, que é minha secretária. Conto com a ajuda de três secretárias trabalhando diretamente comigo, e uma delas é responsável por organizar minha agenda. Dessa forma a gente consegue ser mais produtivo e, ainda assim, ao final do dia eu olho para o que fiz e acho que poderia ter aproveitado melhor o tempo. Nós aproveitamos bem o tempo quando fazemos uma de três coisas, ou as três coisas juntas: primeiro, quando esta-mos produzindo, trabalhando, trans-

formando esse mundo num mundo melhor, por meio do nosso trabalho. Segundo, quando estamos aprenden-do: estudando, assistindo a uma aula, conversando com alguém, lendo. A terceira maneira é nos divertindo, tendo prazer: assistindo a um filme, indo ao futebol, praticando hobbies, batendo papo com os amigos. Momen-tos de lazer: nós precisamos disso, é fundamental. Se não estamos fazendo nenhuma dessas coisas, provavelmente estamos desperdiçando tempo e, como eu disse, o ideal é quando conseguimos fazer tudo junto. Quando você, no seu trabalho, sente que está produzindo, aprendendo e, ao mesmo tempo, é um prazer fazer aquele trabalho, esse é o melhor dos mundos.

O que as gerações atuais podem aprender com as mais antigas, no que diz respeito ao mundo corporativo?

muSSak Acredito que as gerações mais antigas também têm o que aprender com as novas gerações. Aliás, a melhor maneira de se promover o aprendizado é com gerações cruzadas. Entretanto, é importante lembrar ao jovem que ele, absolutamente, não sabe tudo. Ele não pode desperdiçar o aprendizado de quem viveu antes dele, porque dessa forma ele economizará muito tempo, evitando cometer erros que já foram cometidos por outros. Esta é a grande virtude de estudar História: é apren-der com os erros e acertos de quem viveu antes de você. Apesar de que a história não se repete, sempre tem algo que pode facilitar a construção da nossa própria história. Acredito

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Bens & serviços / abril 2012 / Edição 84 23

“sER adaPTáVEl é uMa das gRandEs ViRTudEs

da aTualidadE.”

que a geração Y é fascinante, em toda a história da humanidade é a geração que mais tem o que ensinar aos seus pais. É uma geração extremamente conectada, veloz, bem-informada, mas com pouca profundidade e com grande nível de ansiedade, que quer que as coisas aconteçam mais rápido do que elas realmente podem acontecer. Se eu pudesse dar um conselho para geração Y, seria: aprofunde-se em um tema, tenha vários interesses, mas aprofunde-se em um tema por vez. Porque senão você será sempre superficial em tudo o que você fizer, e percebo que isso é uma tendência da nova geração.

existe o perfil ideal de líder? Qual?

muSSak Acredito muito na ideia da liderança situacional. Isto é, você não exerce a liderança sempre do mesmo jeito. Acredito que o melhor perfil de líder, hoje, é aquele capaz de criar vários perfis, a depender da situação. O líder da paz é diferente do líder da guerra; o líder da crise é o diferente do líder da estabilidade. Mas essa capa-cidade de adaptar-se, de mudar, de ser vários ao mesmo tempo, não é um defeito. Ser adaptável é uma das gran-des virtudes da atualidade. Entretanto, existem alguns fatores que são funda-mentais para todos os tipos de lideran-ça, que são características do caráter do líder. Ele pode variar a competência, a depender do momento, mas o caráter do líder, que é a capacidade de inspirar confiança, porque ele respeita os valo-res, não abre mão dos valores, não está preocupado com resultado a qualquer custo. Ele lida com pessoas consideran-

do que elas são seres humanos e não coisas. Isso são essências do líder que, independentemente da situação, têm que estar presentes.

como será o empreendedor do futuro?

muSSak Cada vez mais estou convencido de que o empreendedor é o articulador social. Ele promove relações humanas, ele está integrado a um ecossistema que tem clientes, fornecedores, parcei-ros, colaboradores e órgãos reguladores que tem provedores de conteúdo, enfim. Todos aqueles que de alguma

forma integram essa cadeia alimentar da produção do serviço, da indústria. Eu vejo o empreendedor cada vez mais como um articulador de relações na sociedade. E aquele empreendedor que fica olhando só para dentro da sua em-presa, para o seu próprio umbigo, que não faz uma leitura permanente do que está acontecendo no mundo, não acompanha as mudanças do mundo, não participa como promotor dessas mudanças, ele não vai encontrar espaço neste mundo extremamente conectado que estamos construindo daqui para a frente.

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ntre os diferentes serviços que uma empresa pode oferecer, o formato delivery é uma opção que agrega vanta-gens em inúmeras situações. Uma de-las, por exemplo, é aquele dia chuvoso em que a rua parece ser o lugar menos apropriado para se estar, e você precisa ir à farmácia.

Ou então, após um dia cansativo no trabalho, a opção de entrega de uma

E

Em uma rotina cada vez mais acelerada, a opção de tele-entrega representa verdadeiro

sinônimo de agilidade e economia de tempo. Da casa ou do escritório, obter um serviço

a um telefonema de distância pode ser um diferencial na sua empresa

e conforto a domicílioPraticidade

refeição em casa pode poupar a ida ao supermercado. A solução para essas si-tuações? Delivery. O termo em inglês para a conhecida tele-entrega pode ser a verdadeira salvação para emergências, falta de tempo ou cansaço, um denomi-nador comum para o corre-corre atual. Investir na entrega a domicílio pode ser um diferencial para empresas dos mais variados portes e segmentos.

Não Perca o focoNa opinião de Filipe Schütt, só-

cio-proprietário do Sushi Namoto, de Porto Alegre, manter o foco no que a empresa está disposta a fazer é um fa-tor crucial. “Sem isso, você não atende bem a nenhuma das pontas. É difícil ter foco em vários segmentos”, explica.

Schütt já possuía experiência no ramo de restaurantes quando surgiu o interesse em trabalhar com delivery. Aos poucos, a ideia foi ganhando forma e assim nasceu o Sushi Namoto, que trabalha primor-dialmente com tele-entrega de comida japonesa, além do serviço para eventos. Dos pedidos que recebe, 99% são para a entrega a domicílio, mas o cliente tam-bém tem a opção de buscar no ponto. Ao contrário de pratos rápidos como pizza ou baurus, o prazo de entrega do Sushi Namoto é um pouco maior, pois o prepa-ro é feito na hora. “Só usamos artigos da melhor qualidade porque o produto cru exige isso. Não elaboramos nada às 15h para entregar às 22h”, ressalta.Schütt (D) e Silva (E) estão à frente do Sushi Namoto

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Bens & Serviços / Abril 2012 / Edição 84 25

Para Schütt, um restaurante que pro-cura abrigar o serviço no balcão, além da tele-entrega e do atendimento à mesa no local, geralmente corre o risco de não dar conta de tudo. “Como explicar a demora no serviço in loco para atender ao telefo-ne? Isso é falta de foco.” “Atender muitas pontas ao mesmo tempo exige discerni-mento”, complementa o empresário.

Além da tele-entrega, de segunda a segunda, a partir das 18h30, o Sushi Na-moto expandiu, neste mês de abril, o ser-viço para o horário de almoço, durante a semana. A média de pedidos, por noite, é de aproximadamente 80, todos concen-trados em um único ponto. “No momen-to, não temos planos de expandir, mas atendemos a cidade de ponta a ponta”, conta Schütt, que tem como braço direi-to o sócio-proprietário e sushiman Ander-son Silva, que acumula 20 anos de expe-riência no preparo da culinária oriental. Por enquanto, revela o empresário, o foco da empresa é manter o formato delivery e crescer desta maneira.

ciNema em casaEm tempos de televisão digital, ir

ao cinema sem sair de casa está ficando

cada vez mais fácil. Mesmo assim, certos hábitos permeiam gerações, e da mesma forma como o cinema, o costume de alu-gar filmes também permanece em alta. O sócio-proprietário da videolocadora E o vídeo levou, de Porto Alegre, Álvaro Ber-tani, já trabalhava com sistema de tele-entrega antes mesmo de a empresa ter um site. Inicialmente, a ideia era propor mais conforto ao cliente. “Hoje é uma necessi-dade”, avalia. Antes da geração DVD, as fitas VHS eram enviadas em pacotes de 10 a 15 filmes, conforme o gosto e perfil do cliente. “Não era tão comum trabalhar com tele-entrega em videolocadora, mas

acreditávamos que daria um reforço”, recorda o empresário, lembrando que as indicações por telefone nem sempre eram a opção mais fácil. Hoje o cliente da E o vídeo levou navega pelo site, escolhe os filmes que deseja conforme a disponibi-lidade e opta pela tele-entrega ou busca na própria loja. A videolocadora oferece, ainda, um sistema de telebusca, que é a possibilidade da devolução sem sair de casa. Se esta é uma tendência no seg-mento de videolocadoras, Álvaro Bertani não tem dúvidas. “Não há volta. Acredi-to que não há quem sobreviva, hoje, sem este serviço. Todas têm que ter”, confia.

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videolocadora oferece serviço de tele-entrega e telebusca

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T E N SN CD IÊ A

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TexTo: Marcelo SalTon Schleder

mais tradicional forma de comércio, as lojas físicas representaram por séculos a única forma de um comerciante atender os seus clientes. Entretanto, o desenvolvimento dos meios de transporte e de comunicação quebrou esse monopólio, ao propiciar o surgi-mento dos caixeiros-viajantes e dos catálogos de compra, sem fa-lar no recente e-commerce, o comércio eletrônico. Hoje, a tecno-logia possibilita aos consumidores ter acesso a praticamente tudo de quase qualquer lugar, ao mesmo tempo que o varejo se tornou parte de uma relação complexa entre vendedor e comprador.

Na última década, a crescente influência do meio digital e as transformações socioeconômicas causaram mudanças no comportamento dos consumidores. Para atender o público acostumado com a interatividade da internet, cada vez mais lojistas têm recorrido a um novo modelo de negócio, batizado de varejo 3.0, em que o próprio ponto de venda atrai, informa e serve os clientes.

O novo conceito de ponto de venda tem pouca relação com o padrão anterior, em que eram simplesmente comercializados produtos e serviços. No varejo 3.0, a característica principal é a

Varejo 3.0:

conSuMidora vez do

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O ponto de venda não é mais um mero balcão de negócios.

Para atender a nova geração de clientes, as lojas oferecem atendimento

personalizado e a experimentação dos produtos. Conheça essa

tendência e como ela afetará o comércio

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convergência entre todos os canais da empresa, sejam físicos ou virtuais, re-sultando no fortalecimento da marca. A loja passa a ser a principal ferramenta de marketing da companhia. “Antes era apenas um local de compra, mas hoje já se tornou um lugar de passeio. Em alguns casos, o estabelecimento passa a ser a perfeita representação do estilo de vida de seus consumidores”, diz o autor e editor do portal Falando de Varejo, Caio Camargo.

Para atender às expectativas do con-sumidor atual, a loja precisa tornar a experimentação possível, de preferência com o uso de recursos tecnológicos. Ca-margo destaca que o comprador tinha, até pouco tempo, opções limitadas no varejo, e a aquisição era uma simples questão de escolha de tamanhos e cores. “Atualmente, quando uma pessoa se de-

para com um novo produto, ele tem a oportunidade de experimentar ou viven-ciar algum tipo de benefício ou serviço, antes mesmo de comprá-lo. Isso auxilia na compra por impulso, ou seja, desperta o desejo por aquela peça”, explica.

Quando a atividade da empresa envolve tecnologia, espera-se que o ambiente do ponto de venda transpire design e inovação. É o caso da Apple. Contudo, há situações em que o tra-tamento ao visitante corre na direção oposta. Na rede de cafeterias Starbucks, os colaboradores são orientados a es-crever à mão o nome dos clientes nos copos antes de servirem. Foi uma saída para evitar a frieza e a impessoalidade da etiqueta impressa.

O MODELO APPLEReconhecida por apostar em ino-

vação, a Apple é uma das principais referências em varejo 3.0. No modelo adotado pela companhia nos Estados Unidos, os clientes podem interagir com os produtos da loja a partir de um aplicativo para os telefones celulares da empresa. Com a fotografia dos códigos de barra dos produtos, o dispositivo eletrônico identifica em que ponto de venda o potencial comprador está e o atendimento acontece pela internet, sem qualquer intervenção da equipe de vendas. O pagamento é automático no cartão de crédito, a partir de informa-ções no cadastro do consumidor.

O sócio-diretor da Shopping Bra-sil, José Roberto Resende, acredita que a principal vantagem desse sistema é a facilidade para o comprador. “Ele tem a oportunidade de comprar onde quiser, na hora em que desejar e receber o produto

da forma escolhida, ou seja, o futuro é servir de acordo com a conveniência do consumidor. Cada vez mais irá aumentar o número de pessoas que prefere não ir ao ponto de venda”, analisa.

A declaração de Resende se apoia na recente mudança de hábitos provo-cada pelo comércio eletrônico. Antiga-mente, o consumidor buscava informa-ções sobre uma mercadoria na internet, verificava onde seria mais barato e en-tão se dirigia até uma loja física. Agora acontece o oposto: as pessoas se dirigem ao ponto de venda para escolher um artigo, mas usam o computador para a pesquisa de preço e a compra.

Nas grandes cidades, o tempo se tornou insuficiente para permitir que os clientes fizessem visitas frequentes aos estabelecimentos comerciais. O princí-pio da conveniência costuma prevalecer, com exceção dos pontos de venda que atendem a necessidades específicas e são capazes de oferecer um diferencial. É o caso da iPlace, revendedora dos produtos da Apple no Brasil. A empresa, fruto da parceria da companhia norte-americana com o Grupo Herval, segue os mesmos princípios das lojas da matriz.

“A Apple é uma empresa lança-dora de tendências. Na estratégia da companhia, representar uma visão de vanguarda é importante, assim como ter uma estrutura que permite ao pú-blico fazer um test-drive dos dispositivos fabricados. São dois pontos fundamen-tais”, diz o diretor comercial do Grupo Herval, Germano Grings.

O varejo 3.0 está no DNA da iPla-ce. “Há clientes que visitam nossas unidades até três vezes por semana, em busca da experiência de uso de novos

“Para o consumidor, o canal de

compra é indiferente.”

José Roberto Resende Sócio-diretor da Shopping Brasil

divulgação/Shopping BraSil

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Bens & Serviços / Abril 2012 / Edição 84 29

produtos. Isso cria uma relação gostosa, difícil de encontrar em outros segmen-tos”, comenta Grings. A experiência da parceria com a Apple rende ensi-namentos a respeito da valorização da marca e no atendimento ao consumi-dor nas demais redes do grupo.

VAREJO MULTICANALConhecer a melhor forma de usar a

convergência entre os serviços ofereci-dos ao cliente constitui uma vantagem no mercado. A era em que as ferramen-tas de marketing utilizavam formas úni-cas para abordar o consumidor ficou no passado. Hoje, as pessoas interpretam a marca como um objeto único e, em ra-zão disso, não faz mais sentido apostar em imagem, posicionamento e até mes-mo preços diferentes em cada canal. Essa estratégia confundiria o público

sobre os valores associados à empresa.Para as empresas, o importante é

fidelizar o cliente, independentemente das ferramentas de venda utilizadas. Da mesma forma, “para o consumidor, o canal em que ele compra é indiferente”, acredita Resende. Entretanto, ele res-salta que a loja física não perde a con-dição de referência, devido aos serviços oferecidos. Um exemplo de companhia adaptada a essa tendência é a Polishop. Após iniciar com televendas em 1999, o empreendimento passou a divulgar seus produtos em catálogos de ofertas e na internet. Entretanto, para se apro-ximar de potenciais compradores, inau-gurou o primeiro ponto de venda em 2003. De lá para cá, foram abertas mais de 140 unidades em todo o país.

“A lojas físicas nasceram para de-monstrar os produtos da mesma forma

como são exibidos pela televisão ou in-ternet. Só que o consumidor pode inte-ragir com as mercadorias, experimentá-las”, explica o presidente da Polishop, João Appolinário. O próximo passo será a inauguração de três megastores, previs-tas para os próximos meses. Os espaços internos serão divididos em áreas temá-ticas, mantendo a mesma linha de orga-nização do site e do catálogo de ofertas, e todos os artigos expostos estarão prontos para serem testados pelos visitantes.

Propostas como a da Polishop reve-lam que o consumidor deixou de ser pas-

a evolução do varejoVAREJO 1.0

Por décadas, loja era sinônimo de

estrutura física, cuja finalidade era facilitar

a distribuição de mercadorias para o

consumidor. Dentro da cadeia comercial,

o poder estava concentrado na indústria.

Como o mercado era visto: compradores

de massa, com necessidades físicas.

VAREJO 2.0

No século 20, as grandes redes do

varejo assumiram o controle da cadeia

comercial, através de estratégias de

marketing e da criação de bancos de

dados de clientes.

Como o mercado era visto:

consumidores inteligentes, dotados de

coração e mente.

VAREJO 3.0

Nesse novo cenário, o consumidor

controla as relações comerciais.

Como o mercado é visto:

seres humanos plenos, com coração,

mente e espírito.

na iplace, os clientes têm liberdade para experimentar os produtos da apple

divulgação/iplace

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sivo e está mais disposto a interagir com as marcas. Quando alguém experimenta um produto adquire conhecimentos so-bre a tecnologia envolvida e tem maior capacidade de discernimento sobre os benefícios que a compra traria. Já a empresa passa a conhecer melhor as ne-cessidades de seus clientes. “Não somos uma companhia só de venda por televi-são ou pela internet. Somos multicanal, com diversas formas de relacionamento com o público. As lojas nos auxiliam por serem uma forma de contato direto e isso causa um impacto em nossa forma de trabalhar, assim como os sites de rela-cionamento”, destaca Appolinário.

LOJA DO FUTUROO ponto de venda adaptado ao con-

ceito de varejo 3.0 tem, na maior parte dos casos, forte ênfase na tecnologia. tecnologia de identificação por radiofre-

quência (RFID). Através dessa ferramen-ta de transmissão de dados, todos os ele-mentos da loja ficam interligados. É o que acontece na filial da grife Billabong no Iguatemi Alphaville, em Barueri (SP).

O diretor da Vip-Systems, Fabián Ro-mano, explica que a ideia principal da loja inteligente é proporcionar uma experiên-cia de compra ímpar ao cliente. “Desde a chegada, o consumidor terá informações sobre os produtos que pretende adquirir e com toda rapidez, sem necessidade de perder muito tempo em filas. Isso tem im-pacto em toda a cadeia, inclusive na casa do freguês”, argumenta.

As vantagens não se limitam apenas aos compradores. Romano assegura que o conceito de loja inteligente beneficia também o gestor do negócio. “A tecno-logia permitirá o controle dos processos básicos. Todos os módulos integrados

Uma clínica estética, por exemplo, pode oferecer ao cliente a chance de simular um novo corte de cabelo pelo compu-tador, enquanto uma ótica poderia pro-porcionar ao comprador a chance de comparar armações em seu próprio rosto com o recurso fotográfico.

Com o objetivo de tornar a experi-ência de compra eficiente e agradável, a provedora de soluções tecnológicas Vip-Systems desenvolveu um modelo de loja inteligente, com foco na interatividade. Expositores digitais com informações dos produtos, mapas da loja com locali-zação das mercadorias, provadores com monitores touchscreen para consulta de tamanhos, cores e disponibilidade de uma peça de roupa. Todos esses recursos deixaram o universo dos sonhos e agora estão disponíveis para os varejistas.

Presente em diversos estabelecimen-tos, a Vip-Systems utiliza desde 1997 a

“A experimentação desperta o

desejo por um produto.”

Caio CamargoEditor do portal Falando de Varejo

divulgação/Shopping BraSil

a interação dos consumidores com os produtos motivou a polishop a abrir filiais pelo Brasil

divulgação/poliShop

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Bens & Serviços / Abril 2012 / Edição 84 31

as tecnologias inteligentes A loja inteligente da Vip-Systems reúne

uma série de inovações. Conheça algumas:

Expositor inteligente – identifica a

mercadoria e mostra a localização no

mapa virtual do varejo. Permite conhecer

produtos relacionados, cores e tamanhos

disponíveis.

Arara inteligente – avisa a necessidade

de reposição de estoque e alerta para

produtos colocados em locais errados,

além de fazer inventários instantâneos.

Provador inteligente – reconhece peças

e sugere cores e tamanhos. Permite

chamar o vendedor, que receberá o aviso

por mensagem de texto em celular.

PDV inteligente – faz a leitura automática

dos produtos e permite o pagamento de

múltiplas formas.

Desativador inteligente – confere os

produtos pagos, através da leitura de

etiquetas RFID.

trarão ao varejista a certeza de que ele está disponibilizando o produto certo, no momento certo, para o cliente certo e com a melhor relação custo/benefí-cio”, declara.

SOLUÇÕES DE BAIXO CUSTOUma boa notícia para os empresá-

rios de pequeno e médio portes, sem condições de realizar investimentos altos, é que é possível adaptar o estabe-lecimento comercial ao varejo 3.0 sem mergulhar na tecnologia. Essa estraté-gia é tão possível que também passou a ser adotada por grandes redes.

É o caso da gigante canadense de roupas para ginástica e ioga Lululemon Athletic. Logo na entrada dos pontos de venda, os visitantes encontram um grande painel, com fotos dos clientes da filial, relação de sugestões para os designers de roupas, com a devida res-posta da empresa, avisos sobre eventos relacionados com a comunidade local e mensagens pessoais, formando uma es-pécie de rede social interna. A criativi-dade e a decisão de investir no relacio-namento resultaram na aproximação com os consumidores.

Criada por três ávidos leitores insa-tisfeitos com o atendimento das lojas tradicionais, a livraria e cafeteria Pala-vraria, de Porto Alegre, deseja atender um público apaixonado pela literatura. “Sentíamos falta de folhear as obras e de conversar com alguém sobre elas”, conta uma das sócias, Carla Osório. A saída encontrada foi criar um negócio que se aproximasse do que eles gosta-riam de frequentar.

“Quem vem aqui gosta de livros e de conversar sobre o assunto. Nós ofe-

recemos um ambiente que permite essa discussão das obras, dos autores e dos personagens”, diz Carla. Na Palavraria, os clientes têm a sensação de estar em casa. Nos sofás e mesas da loja, é comum encontrar clientes fazendo uso do acer-vo para trabalhar e estudar.

As mudanças não acontecem da noite para o dia, principalmente em cidades longe dos grandes centros ur-banos. “O caminho mais natural e inte-ressante é buscar sempre uma transfor-mação e acompanhamentos orgânicos, alterando pequenas coisas, como uma nova abordagem que rejuvenesça o ponto de venda na mente dos consumi-dores”, indica Camargo.

Por mais que a tecnologia esteja re-lacionada com o varejo 3.0, conhecer o cliente e valorizá-lo é o principal ensi-namento dessa nova tendência de ges-tão. “O segredo é tornar a loja o paraíso para o consumidor”, define Resende.

Billabong, em Barueri: referência no uso de tecnologia no ponto de venda

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aiba maisS

Bens & Serviços / Abril 2012 / Edição 8432

c o n s u m o

c o m p o r t a m e n t o

i m a g i n a s ó !

Alta costura e facilidade para todosProdutos e serviços também agregam os

conceitos de acessibilidade. O mercado

já disponibiliza uma linha de roupas para

pessoas com limitações de movimento e

com dificuldade de se vestir. O projeto

é da inglesa Ann Oliver, que desenhou

diversos modelos baseados na sua

experiência pessoal. Ela tem esclerose

múltipla. A Xeni Collection objetiva

viabilizar alta costura com qualidade de

vestuário e facilidade para todos. As pe-

ças têm ímãs em vez de zíperes e botões

com fechamento fácil. As roupas podem

ser encontradas no site da marca e têm

preços entre 250 e 550 libras.

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Intercâmbio atrai pessoas com idade acima de 50 anos

Para quem imagina que fazer intercâmbio é plano de vida só de jovens, a turma dos cinquentões chega para mostrar que não é bem assim. Segundo a Bex, uma organização brasileira especializada em intercâmbio cultural e cursos no exterior, cresce o número de brasileiros “maduros” com o objetivo de investir em pacotes do gênero com destino a países como Itália, Inglaterra, França e Espanha. Eles não se restringem ao turismo: agregam passeios com aulas de história e culinária, por exemplo.

Descontos em restaurantes atraem consumidoresNos sites de compras coletivas, ofertas na rede gastronômica representam a

preferência do consumidor norte-americano. A constatação é da agência Lab

42. Conforme o estudo, os descontos em restaurantes são o que mais atraem

57% dos entrevistados. Empatados (com 29%) aparecem os spas, atividades es-

portivas, hospedagem e artesanato; enquanto 27% elegem cupons ligados à boa

forma e academias. O mesmo levantamento revelou que 30% dos internautas

empregaram entre US$ 50 e US$ 150 em cupons em 2011; já 27% compraram

mais de US$ 250; 25% entre US$ 150 e US$ 250 e 17% abaixo dos US$ 50.

Brasil está de bem com a vidaCrise, violência urbana, corrupção?

O brasileiro não se rende às mazelas que

assolam o seu dia a dia. Estudo mundial

da Ipsos colocou o Brasil no ranking do

quarto país mais feliz, empatado com a

Turquia, logo depois de Índia e México.

A pesquisa realizada em novembro de

2011 constatou que 30% dos brasilei-

ros definem-se como “muito felizes”.

Anderson Cavalcante, administrador de

empresas e especialista em desenvolvimento das competências humanas, avalia

que as pessoas estão aprendendo que é possível estar de bem com a vida a

partir de simples ações do cotidiano. “Em um mundo onde há guerras, competi-

ção, desemprego e tragédias naturais, é preciso entender que aproveitar um dia

ensolarado no parque ou encontrar com os amigos são iniciativas que transfor-

mam o nosso dia e são capazes de criar significado para uma vida”, ressalta.

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Bens & Serviços / Abril 2012 / Edição 84 33

r e c u r s o s h u m a n o s

s e g m e n t o

e m t e m p o

Aproximadamente 76,4% das orga-

nizações vão investir em inovação.

Para tanto, as respectivas empresas

brasileiras vão utilizar recursos próprios

ou de fundos setoriais para pesquisa e

desenvolvimento de produtos e pro-

cessos. O dado é de estudo exclusivo

realizado pela consultoria francesa Glo-

bal Approach Consulting (GAC) com

30 grandes companhias do Brasil. Ainda

foi constatado que 52% dos pesqui-

sados pretendem fazer uso da Lei do

Bem, criada em 2005 com o objetivo

de viabilizar incentivos fiscais para quem

apostar em projetos inovadores. “Um

número significativo de companhias bra-

sileiras está apta a utilizar esse recurso

no país, mas não o fazem principal-

mente por desconhecimento”, explica

André Palma, diretor da GAC Brasil.

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Inovações na pauta corporativa

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Empreendedores apostam no setor alimentícioNúmeros animadores no mercado

alimentício. Levantamento da Central

Mailing List, negócio focado na

comercialização de banco de dados

no Brasil, o segmento se expandiu

de maneira sustentável. No ano

passado, em média, abriram 746 mil

estabelecimentos alimentícios, sendo

224.657 restaurantes, 103.526 bares,

410.042 lanchonetes e 7.909 cantinas. “E esse número só tende a crescer nos próximos

anos. Principalmente porque os brasileiros precisam estar preparados para receber os

turistas para a Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016”, garante Marcos

Alex Rodrigues, diretor da empresa.

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Incremento de 13% no setor de shopping centers Previsões do Ibope Inteligência estimam que o mercado de shopping centers registre um

aumento de 13,5% até o final de 2012, em comparação a 2011. O ano, segundo a pesqui-

sa, deve se encerrar com 470 shoppings e aproximadamente 11 mil novas lojas. A região

Sudeste é a que abriga a maior quantidade desses empreendimentos. A região Sul aparece

em segundo, mas com um crescimento menor, saindo de 74 em 2010 para 77 em 2011.

A maior parcela dos consumidores de shoppings é das classes A e B, entretanto a classe

C será importante consumidora quando seu padrão for elevado para C1 e B2, pois o foco

do consumo será na qualidade de vida e não apenas em produtos básicos.

Só com horário flexível!O que influencia alguém insatisfeito a levantar todos os

dias e ir para o mesmo local de trabalho? Um motivo

seria a flexibilidade, conforme pesquisa realizada pela

Accenture – empresa global de consultoria, tecnologia

e outsourcing (fornecimento de serviços especializa-

dos a empresas e parcerias estratégicas) – com 3.900

executivos de médios e grandes empreendimentos em

todo o mundo, de ambos os sexos e idades entre 30

e 50 anos. A maioria dos entrevistados não pretende

pedir demissão, especialmente pelo fato de possuir um

horário flexível na empresa.

• O descontentamento com o emprego atinge 57% das mulheres. Entre os

homens, o percentual de insatisfação profissional aumenta para 59%

• Apesar de o descontentamento ser geral entre executivos de ambos

os sexos, mais de dois terços do total de entrevistados disseram que não

pretendem pedir demissão

• Cerca de 44% dos profissionais disseram utilizar as opções de horário

flexível por mais de três anos

• A falta de oportunidades de crescimento e de um plano de carreira foi

apontada como a principai barreira para o progresso na carreira por 42%

dos entrevistados. Menos da metade (20%) disse que o maior obstáculo

para o desenvolvimento profissional advém do ambiente familiar, como o

nascimento de filhos

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Bens & Serviços / Abril 2012 / Edição 8434

o mundo globalizado, em que a competição é cada vez mais forte, ter um diferencial é a melhor estratégia para conquistar e manter clientes. Contudo, muitas vezes isso não é o suficiente para garantir a sobrevivência do negócio. É preciso saber o momento correto para oferecer um produto ao consumidor e, mais do que isso, estar constantemente preparado para suprir a demanda sem aumentar os custos.

Para manter o cliente satisfeito, é ne-cessário desenvolver estratégias de con-trole dos estoques. Sabe-se que manter um depósito de bens de produção gera despesas. O desafio é economizar atra-vés da redução no volume de mercado-rias acumuladas sem colocar em risco o atendimento ao público. Por essa razão, a gestão nessa área, considerada estraté-gica para o sucesso do negócio, tem des-pertado a atenção dos empresários.

N

busca pelo equilíbrioA gestão de estoque envolve constante análise das vendas e planejamento. Ter um

domínio sobre esse setor administrativo significa garantir regularidade nas vendas e mais

capital de giro e investimentos voltados ao crescimento

Coordenador do curso de Logística da Unisinos, o professor Rafael Bassani destaca que o controle adequado das mercadorias se reflete em benefícios para a companhia, principalmente pelo aumento no capital de giro. “Dessa for-ma, uma organização pode disponibi-lizar mais recursos em treinamento de pessoal, em marketing, com a divulga-ção da imagem da marca, e em equipa-mentos ou tecnologias de informação”, explica. Outra vantagem é a redução de espaços, pois um estoque reduzido requer uma quantidade menor de cola-boradores ligados ao processo.

Da mesma maneira, uma política equivocada pode comprometer o futuro da empresa, seja através do excesso ou da falta de produtos. Sempre que há acú-mulo desnecessário, acontece uma perda de espaço físico e aumento nos gastos com armazenamento e controle, além do gerenciamento concentrar um maior número de colaboradores. No caso da carência de insumos, Bassani alerta sobre A estratégia da Big Center Festa é manter um banco de dados atualizado sobre a venda dos produtos

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Bens & Serviços / Abril 2012 / Edição 84 35

o risco de “quebra de contratos de forne-cimento, perdas financeiras – porque os clientes deixam de adquirir os produtos – e o consequente abalo na imagem da organização junto ao mercado”.

cONTROLEA proprietária da rede Emilice Cal-

çados, Emilice Satte Alam, acredita que a tarefa de administrar o estoque está entre as mais difíceis da atividade comer-cial. “Hoje, penso que representa, depois das compras, o principal fator para dar competitividade à loja”, diz. Como com-plicador, o planejamento das duas áreas está interligado. Se a empresa compra uma mercadoria desejada pelos clientes, mas não possui uma reserva adequada, acaba com as prateleiras vazias no ponto de venda, enquanto a procura abaixo das expectativas resulta em estoques cheios.

Para minimizar as dificuldades no controle de estoque, a rede Emilice Calçados, presente na região sul do Estado, desenvolveu há dois anos um software próprio. Toda mercadoria rece-bida pela empresa é inserida no sistema através de códigos de barras do fabri-cante e, no momento da venda, o leitor

comunica automaticamente a saída do produto. Mensalmente é realizada uma conferência nos dados de registro das entradas, saída e devoluções, quando o programa informa qualquer discrepân-cia. “Antes, o controle de estoque era manual. Demorava muito e, como o se-tor não é terceirizado, os colaboradores ficavam muito desgastados”, recorda Emilice, satisfeita com a mudança.

Há seis anos no mercado, a rede Big Center Festa tem sede em Porto Alegre e atua também em outros quatro mu-nicípios, sempre dentro do conceito de autosserviço. Para evitar prejuízos rela-cionados ao estoque são considerados o tempo médio de permanência na gôn-dola e a relação custo/benefício de um produto. “O principal cuidado é manter o controle primário atualizado, assim evitamos o acúmulo de mercadorias e também mantemos os dados sobre os principais itens vendidos”, diz o gerente controller da empresa, Cássio Marba.

LOGÍsTIcaUm aspecto importante para o

planejamento de estoque é a logística. O empresário deve sempre contemplar

a distância da fábrica até o estoque, assim como os meios de transporte en-volvidos. “No interior, as coisas são um pouco mais difíceis. É diferente de ter uma loja próxima de um grande centro consumidor ou de produção, requer contato constante com a fábrica ou seus representantes”, avalia Emilice.

Outra questão passa pelo calendário promocional. Na maioria dos setores do comércio, as principais referências nas vendas são o Natal e o Dia das Mães, datas em que o estoque costuma ser re-forçado. Em compensação, os meses de janeiro e fevereiro costumam ser um período de queima de mercadorias das coleções anteriores, através das liquida-ções. Ao lojista, é recomendado também ficar de olho nas mudanças climáticas e ao momento econômico da região.

O estoque exige atenção contínua e tem implicações no dia a dia de um varejo. Administrá-lo é tarefa para quem conhece de perto o desempenho dos demais setores e revela muito so-bre o perfil da companhia. “É através do estoque que sabemos onde estamos, para onde queremos ir e como estamos indo”, reflete Marba.

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m uma sociedade na qual a imagem recebe cada vez mais destaque, as vitrines adquirem um papel estraté-gico na sedução do público consumidor. São elas as responsáveis por despertar a atenção e o interesse pelos produtos que compõem o catálogo de uma loja.

Hoje, o vitrinismo é considerado um dos alicerces no sucesso das vendas, tão importante quanto os anúncios publicitá-

E

Montar uma vitrine não é um processo fácil. Para atrair olhares de potenciais

compradores, os lojistas precisam criar um cenário arrojado e moderno, sem deixar de

lado o bom gosto. Entenda como essa ferramenta auxilia no sucesso de um negócio

para as comprasconvite

rios. Há profissionais dedicados a essa ta-refa, capazes de transformar um mero es-paço para a exposição de produtos em um eficiente canal de comunicação com os potenciais clientes. É por essa razão que, para a maioria das pessoas, caminhadas desinteressadas em regiões comerciais ra-ramente se encerram sem ao menos uma espiada no mostruário de um varejo.

Para se construir uma vitrine capaz de chamar a atenção e seduzir, é ne-cessário estar atento a dois princípios básicos. “Em primeiro lugar, o empre-sário deve conhecer o público-alvo do negócio. O tipo de consumidor que se deseja atrair é definido a partir do mix de produtos oferecidos. O outro fator essencial é o planejamento”, diz o pro-gramador visual de ambientes comer-ciais Iran Marcon.

Montar uma vitrine adequada aos desejos do público-alvo causa impacto positivo em um varejo. O processo de venda se inicia quando o cliente, ain-

da fora do ambiente da loja, observa os produtos expostos. É nesse primeiro contato que as expectativas são geradas e surgem os impulsos, capazes de levar um consumidor a comprar um produto de que nem cogitava.

Ciente do perfil de consumidor a ser atingido, o varejista deve considerar a localização e o projeto arquitetônico do ponto de venda para criar a vitrine. É o que acontece na Don Juan Moda Ho-mem, de Marau. “Esses fatores influen-ciam bastante, assim como a loja estar em local de fácil acesso, com boa visu-alização e orientação solar. Isso permite a construção de uma vitrine mais aberta e permeável, e faz com que as pessoas vejam o interior do varejo também”, ex-plica o gerente Renato Lopes.

Mudar seM pressaO mobiliário leve contribui para

tornar o cenário mais agradável e ver-sátil. “É importante valorizar a ilumi-

Interior da vitrine da Portiere: intenção é de surpreender o potencial cliente

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nação e o layout. A loja deve passar a impressão de estar viva, em constante modificação”, reforça Marcon. Em ge-ral, o tempo de vida útil de uma vitrine de roupas é de uma semana. Como as pessoas costumam passar em frente dos mesmos locais quase todos os dias, no deslocamento entre a casa e o trabalho, há a necessidade de apresentar a elas sempre coisas novas. No entanto, esse período pode ser quinzenal, no caso dos pontos de venda de maior porte, com espaço amplo para a vitrine.

Não é recomendado, contudo, pro-mover mudanças na vitrine em prazo inferior a sete dias. “Isso transmite ao público uma sensação de ansiedade. O ideal é o lojista planejar a decoração da vitrine para todo o mês, com manu-tenções semanais”, alerta Marcon. Na substituição dos produtos, devem ser acompanhadas as características sazo-nais e das variações climáticas.

realidade dos Móveis Na Portiere, rede de móveis persona-

lizados e de alto padrão, as lojas são en-vidraçadas. Dessa forma, o cliente tem acesso quase que irrestrito aos produtos expostos. Essa forma de apresentação foge do modelo tradicional de vitrine. A gerente comercial e arquiteta Fabia-na Bastos destaca que a estratégia é uma forma de valorizar as características da empresa. “São ambientes arrojados, preocupados em otimizar os espaços e apresentar soluções de alta tecnologia e funcionais”, declara.

Outra diferença do setor de móveis é a longa vida útil da vitrine. Comparado à área de vestuário, o ciclo de lançamen-to dos produtos é maior, em média 12

meses. Como a necessidade de consumo não é tão forte, a Portiere tem trabalha-do com a ideia de inovação, de fortale-cimento da marca. “A intenção é expor algo inovador para a cidade. Os ambien-tes de entrada são os mais imponentes e de acesso imediato dentro do layout da loja”, destacou Fabiana.

venda de sonhosUm dos maiores erros na montagem

de uma vitrine é a poluição visual. O excesso de mercadorias expostas e pla-cas de promoção em todos os cantos deixam a impressão de desorganização e falta de cuidado. O gerenciamento

adequado trabalha de acordo com as proporções do espaço e ordena os pro-dutos de acordo com uma classificação lógica para o consumidor, como faixa de preço ou relação de uso.

Não há uma fórmula universal para a criação da vitrine perfeita. Cada pon-to de venda tem seu público específico, com suas particularidades. Uma orienta-ção de Marcon é abusar da criatividade: “Sempre se deve surpreender o cliente. Uma dica para o varejista é observar as vitrines ao redor e, então, ir na contra-mão”. Investir no diferencial é, no final das contas, a melhor forma de transfor-mar os produtos em objetos dos sonhos.

roberto tostes / stock XchnG

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nternacionalI

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o último mês de março, o Sistema Fecomércio-RS promoveu, em parceria com o governo do Estado do Rio Grande do Sul e o Consulado da África do Sul, um seminário bilateral, no intuito de aprimorar o relacionamento entre o Brasil e a terra de Nelson Mandela. Re-presentantes do governo estadual e da República sul-africana estiveram reuni-dos para trocar ideias e experiências, em especial com relação à Copa do Mundo.

O seminário, realizado no dia 15, em Porto Alegre, ocorreu o dia todo e foi di-vidido em apresentação de trabalhos por parte de empresas e dos governos brasi-

N

Seminário bilateral África do Sul–Brasil reuniu autoridades do governo e

representantes de empresas dos dois países para trocar ideias, experiências e discutir

o possível legado da Copa Mundial de 2014

entre Brasil e África do Sulcooperação

leiro e sul-africano e uma rodada de ne-gócios com a participação de mais de 40 empresas sul-africanas interessadas em formar novas parcerias e buscar represen-tantes comerciais.

Representando o Sistema Fecomércio, estava o vice-coordenador do Conselho de Comércio Exterior da Fecomércio-RS, Levino Crestani. “É uma ocasião impor-tante, pois é um envolvimento das nossas empresas, com uma aproximação junto ao Estado, fazendo com que as empresas de lá venham para o Brasil”, afirma. Segun-do Crestani, a África do Sul está trazendo sua experiência com o mundial de 2010 para o Rio Grande do Sul; entretanto, o foco do seminário não está centrado ape-nas no futebol, mas também em “outros negócios que poderão acontecer”.

Representando o governador do Es-tado, Tarso Genro, o secretário adjunto de desenvolvimento e Promoção da In-vestimentos, José Antônio Valle Antunes Júnior, realizou uma apresentação sobre a política industrial do Rio Grande do Sul, em que abordou aspectos como infraes-trutura, energia e ensino superior.

O seminário também contou com a presença do embaixador designado pela República da África do Sul no Brasil, Mphakama Mbete, que revelou a ex-pectativa de fechar bons acordos de ne-gócios, visando a relação e cooperação empresariais em diferentes setores. Para a diretora-chefe do Departamento de Desenvolvimento de Exportação, Co-mércio e Investimento do Ministério de Comércio e Indústria da República da África do Sul, Bongi Ludidi, esta é uma oportunidade de colaboração. “Nós po-demos elaborar parcerias benéficas mú-tuas”, explicou.

Na apresentação sobre o legado da Copa da África do Sul, o diretor adjunto do mesmo departamento, Jacob Moatshe, reconheceu que o Rio Grande do Sul está passando por desafios com as construções dos estádios. “Nós temos a expertise para dividir com vocês.” E acrescentou: “Nós não somos competidores, somos parcei-ros, e sabemos que vocês têm uma in-dústria de construção muito forte. Vocês estão enfrentando desafios similares aos nossos em termos de desenvolvimento”.

Evento promovido pela Fecomércio-RS reuniu autoridades dos dois países

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ersonalidadeP

Bens & Serviços / Abril 2012 / Edição 84 39

encer as posições divergentes e chegar ao cume de uma negociação: o “sim”. Parece difícil? Na opinião do an-tropólogo americano William Ury, é uma tarefa que requer criatividade e persistên-cia. Especialista no assunto e cofundador do Programa de Negociação da Harvard, nos Estados Unidos, ele já escreveu de-zenas de livros sobre técnicas para nego-ciar por meio da busca de relações mais harmoniosas com as pessoas. Para tanto, aconselha todos os interlocutores (em-presários, líderes e autoridades políticas) a se ater a um fator simples, mas vital nas atividades do dia a dia: ouvir o outro lado, entender o que ele precisa.

E se existe alguém com algo a en-sinar sobre o tema, essa pessoa é Ury. A teoria, impressa nas suas inúmeras publicações e ministrada em palestras realizada pelo mundo afora, vem acom-panhada de uma larga experiência e curiosas vivências de campo. O antro-pólogo conviveu meses com tribos de

bosquimanos no deserto do Kalahari, na África. Lá, foi entender como o gru-po lida com os conflitos.

Diga-se de passagem, que os teste-munhos in loco o tornaram um expert em negociações. No rol dos seus clien-tes corporativos, destacam-se Ameri-can Express, Boeing, Dow Chemical, Ford, IBM, Johnson & Johnson e Mi-crosoft, entre outros. A competência reconhecida internacionalmente não se restringe às iniciativas desenvolvidas no meio empresarial. A sua atuação no âmbito governamental também fez his-tória. Mediou conflitos na Indonésia, Venezuela, África do Sul, Iugoslávia e Oriente Médio. O contato com re giões balizadas pelas relações complexas e tensas não tirou o seu otimismo. Muito pelo contrário, confirmou uma das suas principais premissas, em que a conversa (ou o diálogo) é a base para o sucesso. Ainda na década de 1980, Ury ajudou o governo americano numa empreitada

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saber ouvir para aprender a negociar

e tanto. Participou do projeto que es-tabeleceu um plano de trabalho para controlar o risco de uma crise nuclear acidental com os soviéticos.

Essa vivência intensa contribuiu para subsidiar os best-sellers Como chegar ao sim e Supere o não. Obras que ultrapassaram a marca de 5 milhões de exemplares vendidos. Dicas valiosas de um grande ne gociador para poten-ciais negociadores!

Autor de best-sellers, entre os quais Como chegar ao sim e Supere o não, William Ury

transforma a sua experiência na mediação de conflitos em técnicas para orientar quem

possui dificuldade em lidar com interesses contrários

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Bens & Serviços / Abril 2012 / Edição 8440

revenir é a forma menos dolorida, mais fácil e econômica de garantir a saúde oral de um indivíduo. Uma boca malcuidada é um terreno fértil para a proliferação de bactérias, causadoras de transtornos que vão de uma simples cárie à periodontite, podendo culminar com a perda dos dentes.

Para evitar esse cenário, o Sesc/Sistema Fecomércio-RS desenvolve, em parceria com prefeituras de municí-pios do Rio Grande do Sul, o programa Sorrindo para o Futuro. No 7º Encontro Anual dos Coordenadores, realizado no dia 21 de março no Teatro do Bourbon Country, em Porto Alegre, foi anunciado

P

A conservação adequada dos dentes é importante para a saúde e a autoestima. Com

o objetivo de melhorar a higiene bucal, um projeto do Sesc/Sistema Fecomércio-RS

tem beneficiado mais de 250 mil crianças gaúchas por meio de ações na sala de aula

que mais de 83% dos alunos atendidos pela iniciativa registraram melhora ou mantiveram boas condições de higiene bucal. Os dados são relacionados a uma pesquisa de 2010, em que foram avalia-dos 53.859 crianças de 754 escolas, em 133 cidades.

A pesquisa também revela que 97,2% dos professores dos colégios participantes do Sorrindo para o Futuro acreditam em melhorias nos hábitos de saúde oral dos estudantes. Os profissio-nais de ensino também identificaram que 44,7% das crianças têm necessi-dade de tratamento odontológico. Nas instituições de ensino da zona rural, o índice alcança 56%, contra 42% das es-colas em áreas urbanas.

Uma iniciativa pioneira no país, o programa Sorrindo para o Futuro foi lançado em 2003. Hoje, 257 mil alu-nos da educação infantil até o quinto ano do ensino fundamental de colégios públicos, em 2.878 escolas de 389 mu-

SorriSosaudável para a vida inteira

Prefeitura de São Sepé recebe Prêmio Destaque: município teve índice de melhoria na higiene bucal

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Bens & Serviços / Abril 2012 / Edição 84 41

nicípios, recebem gratuitamente kits de higiene bucal (escova, creme e fio den-tal), enquanto os professores e dentistas passam por um treinamento específico para o atendimento dos estudantes.

Sob contínua avaliação, o programa tem conseguido ampliar o acesso aos tra-tamentos dentários. As formas passam por restauração atraumática, prevenção de fatores de riscos comuns (má alimen-tação, falta de atividade física e de con-dições higiênicas), formação de escolas promotoras de saúde e motivação da comunidade escolar com a gincana esta-dual, promovida anualmente.

ConquiSta da CidadaniaEscovar os dentes após as refeições e

usar o fio dental diariamente são a me-lhor forma de manter a saúde da boca em dia. Entretanto, quem não tem acesso ou deixa de usar esses recursos costuma ficar com um sorriso amarelado, mau hálito e, no longo prazo, pode ficar desdentado. Qualquer uma dessas situações resulta em constrangimento, inibe a vontade de sorrir e ocasiona a perda da autoestima.

A pedagoga Marta Quintanilha Go-mes acredita que a saúde bucal, aliada a outros fatores, contribui para que um indivíduo respeite a si próprio. “Se al-guém não tem o devido cuidado com os dentes, a autoestima fica baixa e essa pessoa não consegue se enxergar como um cidadão; isto é, um sujeito capaz de interferir, criar e pensar o seu lugar so-cial no mundo”, diz.

Marta tem acompanhado o Sorrindo para o Futuro de diversas funções, inclu-sive como professora de escola pública de Porto Alegre, e acredita que o pro-grama do Sesc-RS desempenha um pa-pel importante de qualificação de saúde pública bucal. “Há crianças de oito anos que só conhecem a escova de dentes a partir do trabalho desenvolvido nas es-colas. Como muitas famílias não têm condições de adquiri-las, cabe aos colé-gios a tarefa de fornecê-las”, conta.

CaSoS de SuCeSSoNo 7º Encontro Anual dos Coor-

denadores do Sorrindo para o Futuro, o Sesc-RS realizou a entrega do Prêmio

Destaque em Melhoria da Saúde Bucal. A distinção, um reconhecimento pela excelência do trabalho desenvolvido pelas prefeituras, foi recebida pelas au-toridades de Mariano Moro, Alpestre, Riozinho, São Lourenço do Sul, Santa Maria e São Sepé.

Com um índice de melhoria ou ma-nutenção de boas condições de higiene bucal em 99,9% das crianças avaliadas, São Sepé é a cidade gaúcha em que o Sorrindo para o Futuro registrou maior êxito. “É uma parceria com o Sesc-RS que não pode acabar. Desde que o pro-grama se iniciou, o município nunca ficou de fora, e nos próximos anos sen-tiremos a diferença. Esse trabalho de prevenção nas crianças deve resultar em adultos mais saudáveis”, destaca o prefeito Arno Schröder.

O sucesso das políticas de preven-ção na cidade ganhou a aprovação da comunidade local. Para Schröder, mais municípios deveriam adotar a estratégia, em razão da economia e da qualidade de vida dos cidadãos do amanhã. “Não se pode pensar duas vezes. Nos próximos anos iremos colher os frutos que hoje são semeados. Como diz o nome do progra-ma, estaremos sorrindo para o futuro”.

Raio-X do Sorrindo para o FuturoPercentual de crianças que melhoraram

ou mantiveram boa condição bucal:

2004 77,4%

2005 72,8%

2006 80,1%

2007 80,7%

2008 81,8%

2009 82,9%

2010 83,7%Fonte: PRogRAmA SeSc SoRRinDo PARA o FutuRo

Simon BAtchelAR/Stock.Xchng

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Bens & Serviços / Abril 2012 / Edição 8442

elebrada geralmente entre os meses de março e abril, a Páscoa é um dos feriados mais movimentados do ano. Do litoral à serra, os gaúchos deslocam-se rumo a diferentes destinos no intuito de comemorar a data, sempre lembrada de forma tão doce.

Isso porque um dos principais sím-bolos da Páscoa é o chocolate. Difícil é achar quem não goste. Preto, bran-co, meio-amargo, recheado, trufado, com amêndoas ou frutas, opções é que não faltam. E que tal combinar o arti-go originário do cacau ao universo da

C

Universode doçura e charme

moda? Esse foi o desafio do Senac-RS ao elaborar o desfile apresentado du-rante o Chocofest, o maior evento de Páscoa no Brasil, realizado anualmente em Gramado, na serra gaúcha.

Pelo terceiro ano consecutivo, o Senac marcou presença no evento, que

Senac-RS inova mais uma vez ao combinar moda e gastronomia na terceira edição de

desfiles realizados durante o Chocofest, em Gramado. A instituição também promoveu

oficinas gratuitas com receitas à base de chocolate

Vestido de noiva de chocolate foi uma das grandes atrações do desfile

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Bens & Serviços / Abril 2012 / Edição 84 43

ocorreu entre os dias 22 de março de 8 de abril, harmonizando as principais tendências da moda a criações inova-doras. Além disso, os visitantes tam-bém tiveram a oportunidade de confe-rir uma série de oficinas gastronômicas à base de chocolate.

Universo PolarPara remeter às cores, formas e tex-

turas do tema da coleção deste ano, Universo Polar, o chocolate branco foi o principal ingrediente utilizado pela equipe do Senac.

De acordo com o coordenador da área de Moda e Beleza da entidade, Márcio Weiss, o desafio foi agregar al-gum elemento que garantisse resistên-cia e brilho aos acessórios que comple-mentaram os figurinos. Para obter esse efeito, foi utilizada a técnica do isomal-te, um processo elaborado com o aque-cimento do açúcar da beterraba, que se transforma em um produto com a rigi-dez e aparência de cristal. “Foi a base para joias e acessórios”, explica Weiss, que trouxe a novidade diretamente das passarelas de Londres. Ao todo, foram elaborados 14 looks, compostos por pe-ças comestíveis criadas a partir do cho-colate branco.

Segundo a coordenadora da área Gastronomia do Senac, Ursula Juliane Silva, a experiência com o chocolate, em especial o preto, já havia sido tes-tada na edição de 2010. No entanto, o uso do chocolate branco e a técnica do isomalte foram um verdadeiro desafio. O chocolate branco necessita de mais gordura que o preto para oferecer su-porte. “Fizemos alguns testes de acrés-cimos da gordura de palma (extraída da

árvore palma), com 40% e 50%, o que dá mais sustentação e firmeza ao cho-colate, e ainda fica comestível e com o aspecto que queríamos”, conta Ursula.

O resultado foi um processo que combinou tanto o desenvolvimento de um trabalho criativo quanto o apren-dizado de um novo processo. “O mais bonito é ver a integração entre moda, beleza e gastronomia”, diz Ursula. A co-ordenadora afirma que, mesmo durante a edição de 2012, a equipe já se propôs a imaginar o que poderia ser criado para o ano que vem.

Além de combinar a doçura e o charme, os figurinos comestíveis tam-bém tinham uma mensagem importan-te: a consciência ambiental. Por meio do tema Universo Polar, o desfile foi um convite à reflexão sobre os efeitos provocados pelo aquecimento global. A temática foi pensada por Márcio Weiss em função de alguns processos químicos utilizados na indústria têxtil ainda contribuírem para poluição da at-mosfera e o aquecimento global. “Não podemos mais pensar em um desenvol-vimento insustentável. O aquecimento global e o efeito estufa são os respon-sáveis pelo derretimento acelerado da calota polar”, destaca Weiss, também responsável pela criação dos croquis do desfile. A grande atração ficou por conta dos noivos de chocolate. O mo-delo do noivo foi apresentado em estilo despojado, com linhas retas e texturas que remetem aos blocos de neve das ca-lotas polares, chamando a atenção do público para os problemas ambientais. Já o vestido da noiva exibiu acessórios em isomalte, que garantiu o brilho se-melhante ao do cristal.

Para todos os gostosComposto por peças de moda mas-

culina, feminina e infantil, o desfile Universo Polar foi realizado em quatro edições, sendo a última exclusivamente com figurinos para as crianças.

Além dos desfiles, durante o Cho-cofest o Senac promoveu em seu estan-de uma série de oficinas gastronômicas gratuitas para toda a família. As ativi-dades foram desenvolvidas pela equipe de docentes das escolas de Bento Gon-çalves, Caxias do Sul, Pelotas e Taqua-ra. O chocolate serviu de base para o preparo de diferentes pratos e petiscos. Entre as receitas apresentadas, biscoi-tos divertidos, crepe trufado, mousse de frutas e caramelos de chocolate. Além dessas ações, o Senac também prepa-rou receitas especiais voltadas para as crianças, como gelado no palito e bom-bom de brigadeiro.

Figurinos infantis ganharam exclusividade no último dia de desfile, que antecedeu o domingo de Páscoa

Fotos: João Castro/DiVulgação senaC-rs

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Bens & Serviços / Abril 2012 / Edição 8444

o dia 29 de março, o Siste-ma Fecomércio-RS realizou a 22ª edi-ção do Fórum Estadual de Gestão. O evento teve por objetivo apresentar as diretrizes da entidade e seus braços re-presentativos, como Sesc e Senac, para o ano de 2012.

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A mais recente edição do Fórum Estadual de Gestão apresentou diretrizes do

Sistema Fecomércio-RS/Sesc/Senac para 2012 e contou com palestra cativante de

Eugenio Mussak sobre liderança

objetivos

A manhã começou com um pro-nunciamento do presidente do Siste-ma, Zildo De Marchi, que enfatizou a importância da integração da entida-de. “Temos que valorizar mais nossa base, nossos sindicatos, para que nos-sos associados tenham o sentimento

de satisfação”, destacou De Marchi, lembrando que o trabalho promovido pela Fecomércio-RS deve fazer pulsar a economia e melhorar as atividades que cada braço do Sistema desenvol-ve. “Acredito na nossa realização e na do nosso Estado. Sou otimista por natureza, e depende de nós para que tudo aconteça dentro das expectati-vas e condições que existem”, ressal-tou o dirigente.

Em seguida, o vice-presidente do Sis-tema Fecomércio-RS/Sesc/Senac, Luiz Carlos Bohn, apresentou o mapa estra-tégico para 2020, fazendo um paralelo entre os objetivos atingidos em 2011 e os projetos em andamento já para este ano.

Entre os dados apresentados estão o percentual de reconhecimento pú-blico sobre a entidade e as ações re-alizadas pela Fecomércio-RS junto às bases representativas no último ano. Bohn destacou a importância do tra-balho que está sendo feito atualmente,

e metas para todos

Mais de 300 pessoas compareceram ao evento

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Bens & Serviços / Abril 2012 / Edição 84 45

o qual diz respeito ao reconhecimento do Sistema Fecomércio-RS/Sesc/Se-nac. A manhã teve continuidade com a apresentação dos objetivos atingidos e metas almejadas pelo Senac e Sesc, respectivamente.

O gerente da Assessoria de Plane-jamento do Senac, Ariel Berti, come-morou o trabalho da entidade junto ao Programa Senac Gratuidade (PSG), com 77,39% da contribuição compul-sória investida no programa em 2011, patamar maior do que o esperado.

Por sua vez, o diretor regional do Sesc, Everton Dalla Vecchia, revelou indicadores tais como a meta de sa-tisfação do cliente Sesc – os comer-ciários – em 2011: 96,98%. Para este ano, o Sesc tem por objetivo registrar o total de 407.520 CDFs ativos, e estar presente em 496 municípios gaúchos, “Temos obrigação de fortalecer o Sis-tema”, reiterou Vecchia.

Antes de encerrar a primeira parte do evento, Luiz Carlos Bohn subiu nova-mente ao palco para elencar os principais objetivos estratégicos do Sistema Feco-mércio-RS em 2012 (confira ao lado).

Liderança em focoUma das marcas do Fórum Estadual

de Gestão é a presença de um convi-dado especial. Nessa edição, o profes-sor Eugenio Mussak foi o palestrante aguardado pelo público formado por cerca de 300 empresários. Durante 1h30, o escritor falou sobre diferentes aspectos que concernem a liderança, por meio da apresentação intitulada O líder que transforma. Segundo Mus-sak, para trilhar o caminho do sucesso é importante que o empresário saiba que produto deseja entregar ao mer-cado, e que conheça também o que o próprio mercado deseja. Entre histórias de sua trajetória profissional e lições aprendidas com Mario Quintana, Pe-ter Drucker e Max Weber, entre outros pensadores e personalidades, Mussak conquistou o coração da plateia, que o aplaudiu em pé ao término da palestra. “Liderar é unir a alma ao corpo em uma atividade significativa e prazerosa”, en-sinou o convidado.

A manhã foi encerrada com a assi-natura do convênio entre o Sistema Fe-comércio-RS e o Sistema Sicredi, cujo objetivo é fomentar e promover acor-dos entre os associados e representados dos sindicatos filiados à Fecomércio-RS e o sistema de crédito cooperativo para dispor soluções financeiras de natureza cooperativa, adequadas às necessidades de cada região. “Vamos trabalhar muito para que esse convênio traga mais feli-cidade às pessoas”, comentou o presi-dente da Central Sicredi Sul, Orlando Borges Müller, agradecendo ao trabalho e empenho de todos os que tornaram o convênio uma realidade. Para o presi-dente do Sistema Fecomércio-RS/Sesc/Senac, Zildo De Marchi, a entidade está alinhada com a filosofia da cooperação. “Em grupo venceremos e nos fortalece-remos cada vez mais”, conclui.

À tarde, foram realizadas reuniões com presidentes, diretores e executivos de sindicatos, além de workshops para os executivos.

Mãos à obraConfira as principais metas do Sistema Fecomércio-RS para este ano:

Fortalecer a base de representação da entidade

Promover Fóruns Estaduais de Gestão

Reforçar o trabalho junto aos demais municípios gaúchos por meio do Giro pelo Rio Grande

Promover reuniões com sindicatos para troca de boas práticas

Realizar visitas técnicas como forma de ampliar a percepção do que acontece

nas bases associadas

Fortalecer o Sistema de Excelência em Gestão Sindical (SEGS) e

trabalhos de consultoria

Trabalhar o Programa de Desenvolvimento Associativo (PDA)

Dar continuidade ao trabalho de assessoria sindical

Investir na ampliação das ações do Comitê Setorial de Comércio e Serviços

Zildo De Marchi enfatizou a importância da integração da entidade

fotos: Lúcia siMon

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Marcelo PortugalConsultor econômico da Fecomércio-RS

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Nos últimos oito meses a taxa de juros bási-ca da economia brasileira vem caindo de forma contínua. Tudo indica que mais uma redução deverá ocorrer em breve, trazendo a taxa Selic dos atuais 9,75% ao ano para 9% ao ano. A partir desse patamar de juros começam a existir fatores institucionais que impedem uma redu-ção ainda mais agressiva da taxa de juros bási-ca. Dois fatores são os mais importantes.

O primeiro deles está associado à forma de remuneração da caderneta de poupança. A remuneração é de 0,5% ao mês (6,17% ao ano) mais TR sem ser onerada pelo imposto de renda e por taxas de administração. Ima-ginando uma taxação média de IR de cerca de 20% e uma taxa de administração de cerca de 1,8%, a poupança geraria uma rentabilida-de equivalente a cerca de 8,5%, ao ano para o investidor. Assim, para uma remuneração próxima de 8,5% os fundos de investimen-tos oferecidos pelos bancos se tornariam não atrativos. Na verdade, mesmo ao nível atual de juros de 9,75% ao ano, já há muitos fundos de investimento de varejo, com elevadas taxas de administração, que não são competitivos com a poupança. Os bancos captam recursos de diferentes fontes (CDBs, poupança, fundos de investimentos, etc.) para diferentes usos (crédito ao consumidor, financiamento imobi-liário, compra de títulos públicos, etc). Um de-sequilíbrio na captação em favor da poupança

geraria também um desequilíbrio indesejado na oferta de crédito bancário para as distintas atividades econômicas.

O segundo fator importante a limitar a re-dução dos juros está associado às escolhas do governo quanto ao volume de gasto público e à taxa de inflação. Temos uma meta explícita de 4,5% de inflação ao ano. Para atingir essa meta o governo tem de gerenciar a demanda agrega-da através do controle dos gastos públicos e dos juros. A elevada expansão dos gastos públicos observada na última década obrigou o Banco Central a manter a taxa de juros elevada para obter a meta de inflação. Juros civilizados, simi-lares àqueles praticados em países desenvolvi-dos, implicam um setor público também civili-zado, com mais eficiência e menor crescimento do gasto público.

O controle dos gastos públicos e a mudan-ça na remuneração da caderneta de poupança são dois temas de difícil tratamento político. O cenário mais provável é que a nossa taxa de juros, embora relativamente baixa para os nossos padrões históricos, continue ainda bem acima dos níveis praticados usualmente nos países desenvolvidos. Para reduzir os juros de forma consistente, sem gerar inflação ou de-sequilíbrios no mercado de crédito, o governo deveria falar menos e atuar mais nas reformas institucionais que podem tornar os juros baixos uma realidade.

O s limites à queda dos juros

“O controle dos gastos públicos e a mudança na remuneração da caderneta

de poupança são dois temas de difícil tratamento político.”

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Bens & Serviços / Abril 2012 / Edição 84 47

uso da tecnologia no dia a dia avança cada vez mais. Para estar infor-mado, não faltam recursos. Computa-dores, celulares, tablets, é só escolher o dispositivo móvel de preferência. Feito isso, existe uma alternativa que facilita ainda mais a atualização de notícias.

A maioria dos sites possui um íco-ne pequeno, geralmente na cor laranja, chamado de RSS, sigla em inglês para a expressão Really Simple Syndication. É um sistema concebido para otimi-zar o compartilhamento de notícias na internet e viabilizar ao internauta acesso a conteúdos atualizados minu-to a minuto. Com a inovação para lá de contemporânea, o empresário clica diretamente nos endereços virtuais do seu interesse.

O RSS, padrão desenvolvido em linguagem XML, ganhou adeptos por permitir uma leitura dinâmica, em tem-po real, sem precisar voltar ao site ori-ginal responsável pela publicação das informações. Adotado principalmente

por páginas virtuais de notícias e blogs, ele pode ser acessado mediante progra-mas e sites agregadores.

Por meio da respectiva tecnologia, os usuários têm a possibilidade de se inscre-ver em sites que fornecem os feeds RSS, os quais disponibilizam conteúdo web (ou resumos) juntamente com os links para as versões na íntegra. No arquivo RSS, em extensão .xml, .rss ou .rdf, o leitor visualiza informações como títu-lo, página (endereço em que há algo novo), descrição da alteração, data e

O

Prático e hábil em disponibilizar informação superatualizada, a tecnologia RSS chegou

para ajudar os internautas no acesso aos links de conteúdos específicos. É um recurso para

agilizar a vida de quem objetiva estar sempre por dentro das notícias

notíciasem tempo real

autor, entre outros dados. As alterações ocorrem de forma muito rápida.

Multiplicação de feedsNão faz muito que o sistema se di-

fundiu. A febre começou no início da década de 90. Agências de jornalismo como a Reuters, CNN e BBC propa-garam o uso do RSS a partir de vários acordos para que outros websites incor-porassem as suas notícias. Atualmente, a tecnologia conquistou espaço em outras áreas, como a de marketing.

Como utilizar o sistemaUma das possibilidades é o internauta fazer uso de um programa-cliente

também denominado de agregador. Nele são incluídos os RSS que ele deseja

acompanhar

Outro meio é fazer um registro em sites específicos e neles incluir os RSS. São

agregadores via navegador ou browser

Cada pessoa pode editar manualmente seu RSS ou usar um programa/script

próprio para isso. Na internet, existe uma vasta gama de geradores de RSS em

site de downloads. Alguns gerenciadores de conteúdo, como o WordPress,

geram feeds automaticamente

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Carlos PiresSócio responsável pelas áreas de Consumer Markets – Brasil e Audit – SP da KPMG

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O setor de varejo brasileiro vive um acelerado processo de mudança, o que equivale à abertura de boas oportunidades de negócio, mas apenas às empresas e aos grupos que se movimentarem rápido e que estão preparados para as especificidades de nosso mercado.

Passamos por uma profunda mudan-ça social, que traz consigo oportunidades enormes para as empresas dos mercados de consumo. Estima-se que 35 milhões de pes-soas vão ascender à classe média brasileira até 2014, somando-se aos 32 milhões que já se enquadraram nesse grupo social na últi-ma década. Esses novos consumidores têm amplo acesso a crédito barato e já demons-traram gostar de comprar.

A valorização do real em relação às moe das estrangeiras, especialmente o dólar, fez despencar os preços de tablets, PCs, TVs e outros produtos. O PIB avançou 7,5% em 2010 e, embora o crescimento da economia tenha desacelerado ao longo de 2011, a 2,7%, não há dúvidas de que o Brasil con-quistou um lugar na mesa de negociações de alto nível da economia global.

Os recursos naturais disponíveis têm sido ‘garotos-propaganda’ do avanço da ativida-de econômica, liderado por empresas ávidas por compras. Mas as empresas do segmento de consumo, especialmente as varejistas do

setor de alimentação, também se benefi-ciaram desse crescimento.

Ainda existem oportunidades disponíveis, principalmente em setores não alimentícios. Algumas redes norte-americanas e europeias devem realizar grandes movimentos no Brasil, e certos players indicam que esses grupos podem já estar por aqui “reconhecendo o terreno”.

No entanto, as possíveis entrantes de-vem estar preparadas para eventuais perdas financeiras no início de sua incursão no país. O mercado consumidor brasileiro é generoso, porém difícil de ser conquistado. Aspectos lo-gísticos estão melhorando, graças, em parte, aos preparativos para a Copa e para os Jogos Olímpicos de 2016. Todavia, os custos logísti-cos são equivalentes a aproximadamente 10% do PIB, e o transporte de bens até zonas rurais continua sendo uma tarefa árdua.

Alguns economistas se afligem em relação a uma possível bolha de crédito, e o número de brasileiros entrando no mercado habitacio-nal gera certa preocupação. Mas o país conta hoje com estabilidade econômica e um gover-no que se recusou a interferir nos mercados – especialmente em relação ao varejo – e está fazendo grandes progressos na questão tribu-tária, onde se percebe existir vontade política para a mudança. Para as grandes empresas e grupos do setor de consumo, a questão que fica não é quando investir, mas como fazê-lo.

T endências no atrativo varejo brasileiro

“O mercado consumidor brasileiro é generoso, porém difícil

de ser conquistado.”

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Bens & Serviços / Abril 2012 / Edição 84 49

Mais Menos&Milagre brasileiroO ritmo das vendas brasileiras de

smartphones, só em 2011, subiu milagrosos

conforme estudos do IDC Brasil.

QueM são eles?Em pesquisas da Web Shoppers, a con­

sultoria observou que a renda familiar de

dos e­consumidores fica entre R$ 1 mil

e R$ 3 mil.

Cartão para Que te QueroLevantamento da Abecs revela o

aquecimento do mercado de cartões de

crédito, débito e de rede/loja no Brasil:

o setor teve um crescimento de valor

faturado na ordem de

em 2011.

NúMeros de verãoNa matemática do Operador Nacional

do Sistema (ONS), o horário de verão

resultou em uma economia de

somando os resultados dos subsistemas

Sudeste/Centro­Oeste, Sul e Nordeste.

179%,

35%

R$ 670 bilhões

R$160 milhões,

populares eM baixaNo mês de fevereiro, a participação

de carros com motor 1.0 no total de

automóveis emplacados foi de

– menor percentual em 17 anos,

diz a Fenabran.

sábado de CoMprasCálculos da Abrasce apontam

sábado como o dia campeão

de vendas nos shopping centers,

respondendo por

do total de gastos dos consumidores.

Mulheres Na gestãoDe 21,1 milhões de pessoas à frente

de empreendimentos em estágio

inicial ou com menos de 42 meses de

existência no Brasil,

são mulheres, mostra a pesquisa

GEM (Global Entrepreneurship Monitor),

do Sebrae.

bilhões No setor MoveleiroO Instituto Data Popular confirmou o que

o país já vem acompanhando faz algum

tempo: a classe C está movimentando

o mercado consumidor brasileiro e não

perdeu tempo investindo

em produtos como armários, sofás,

mesas e cadeiras.

Fgts Na eCoNoMiaSó em 2011, o Fundo de Garantia do

Tempo de Serviço (FGTS) injetou

na economia em 2011, sendo R$ 56,7

bilhões em saques e R$ 37,7 bilhões em

financiamentos em habitação, saneamento

básico e infraestrutura urbana.

42,6% 24%

49,3%

R$ 17,9 bilhões

R$ 94,4 bilhões

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David P. Lima Jr.Palestrante, consultor de empresas e diretor da Mega Treinamentos

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Durante todos os anos em que atuo na área de treinamentos, pude observar os esforços da maioria das empresas em treinar seus profissio-nais em duas das áreas mais críticas: vendas e marketing. É fato que o treinamento das equi-pes tem se mostrado como uma ferramenta fundamental e indispensável para a obtenção de melhores profissionais nessas áreas e, por que não dizer, para construir competências ne-cessárias ampliando seu “diferencial” de merca-do, com relação à ação dos seus competidores.

Observo que a velha e enorme dificuldade dos profissionais de vendas em fugir da guer-ra do “precinho e do prazão” tem se mostrado viva e latente, dificultando, como sempre, seus resultados na prospecção de novos negócios. Fica fácil entender a diferença entre preço e valor se usarmos a famosa citação de Warren Buffet que diz: “preço é o que pagamos, valor é o que levamos.”. A diferença é tão sutil quanto óbvia. O valor é definido não pelo que a orga-nização faz, mas pelos benefícios e necessidades supridas por seus produtos e/ou serviços.

Para que o valor de um produto e/ou servi-ço seja definido, é necessário analisar o ponto de vista do possível cliente. A definição dos preços com base apenas nos custos de produ-ção e comercialização pode se tornar um erro, pois se, por um lado, o custo serve para definir o preço mínimo, a fim de que não vendamos com prejuízo, por outro lado essa atitude não

leva em conta a percepção do cliente, que pode atribuir àquele objeto um valor muito maior.

A grande pergunta é: como podemos alte-rar a percepção de valor do cliente? Devemos introduzir mudanças nos campos materiais ou conceituais, mudanças que criem novos sig-nificados ou aplicações daquele produto ou serviço para o cliente.

Vale notar que já vivemos numa economia regida pelos serviços, em que, mesmo quando o que está à venda é um produto, são os ser-viços que induzem à decisão de compra. Os serviços são intangíveis, e vender o invisível é mais difícil, pois enquanto produtos são fa-bricados e podemos vê-los e tocá-los, haven-do transferência de propriedade, serviços são oferecidos e experimentados, portanto devem estabelecer e promover relacionamentos e li-gações entre as pessoas.

É necessário ter em mente que a maioria das vendas, hoje em dia, é de serviços, e que o preço é, na verdade, uma das chaves que o cliente ou prospect avalia para saber se algo é bom (as outras chaves são marca, embalagem e relacionamento).

As técnicas de serviço para ter um relacio-namento perene com os clientes passam pela afinidade natural, a velocidade, o expertise apa-rente, o espírito de comprometimento, a capa-cidade de oferecer uma solução completa, o uso de palavras mágicas e a dedicação.

Q uanto vale um produto?

“Para que o valor de um produto e/ou serviço seja definido, é necessário

analisar o ponto de vista do possível cliente.”

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