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_Destaques FCT

_EntrevistaProf. Jorge Lampreia

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_Investigação na FCT

_Notícias FCT

_Novos Mestres e Doutores

_CrónicaJoão Gobern

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NESTAEDIÇÃO824

Permitida a citação, ainda que parcial, de textos, fotografias ou ilustrações, sob quaisquer meios, desde que indicando sempre a sua origem.

Propriedade e Edição FCT /UNL — Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, Monte de Caparica 2829-516 Caparica (www.fct.unl.pt;

sec-dir@fct .unl .pt ) Director Fernando Santana Editora Lu ísa Pedroso ( lu isa.pedroso@fct .unl .pt ) Fotógrafo Már io Sousa Capa Designpúblico, soluções globais,

lda. Revisão de Texto Rita Monteiro Colaboram nesta Edição Álvaro Fonseca, Ana Madalena Ludovice, António M. Nunes dos Santos, Christopher Damien

Auretta, Clara Parente Boavida, João Gobern, Mariana Gaio Alves, Nuno Videira, Octávio Mateus, Palmira Fontes da Costa e Ruy Costa Conselho Editorial José

Moura (presidente) , Palmira Costa, Rita Monteiro e Luísa Pedroso Participação Editorial Biblioteca da FCT/UNL Concepção Gráfica e Design Designpúblico, soluções

globais, lda. (www.designpublico.com) Impressão DPI Cromotipo (www.dpicromotipo.pt) Tiragem desta Edição 2500 exemplares

Turning Point

A Faculdade está a iniciar uma nova fase da sua vida com o modelo de governo que decorre dos novos Estatutos e do espírito consagrado no RJIES. Materializa-se assim a oportunidade de tornar o funcionamento da Escola mais eficaz, na prossecução dos objectivos que vierem a ser fixados pelo Plano de Acção (2009 – 2013), a aprovar pelo Conselho de Faculdade. Estamos, portanto, no que se poderia designar por turning point, ou seja, a passar de uma fase em que já conseguimos atingir resultados apreciáveis, para outra em que se espera poder ainda melhorar o nosso desempenho pela optimização do direccionamento da nossa energia, com menos perdas e mais momentum. O caminho, parece indiscutível, deverá ser o que melhor permitir à Faculdade progredir para uma Escola de Investigação, acentuando e ampliando o que já a caracteriza no âmbito deste objectivo e que, em boa parte, se sustenta na qualidade das suas actividades de investigação. Os tempos são difíceis, mas não percamos tempo a tentar justificar o que no actual contexto universitário, cada vez mais concorrencial, já não é justificável. Procuremos antes potenciar as nossas capacidades, porque a Escola o merece e o seu futuro não nos é indiferente.

Procuremos, afinal, tirar partido deste turning point !

Fernando SantanaDirector da FCT

EDITORIAL

n.º 8 Junho 2009EntreTanto

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Depósito legal n.º 251725/06 ISSN 1646-6721

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EXPO FCT 2009Cerca de oito mil alunos e seiscentos professores de todo o país visitaram a FCT em Abril passado, na 3.ª edição da ExpoFCT – Mostra de Ciência, Tecnologia e Inovação.

Nem o céu cinzento, nem mesmo a chuva miudi-nha, conseguiram estragar a festa! Pelo terceiro ano consecutivo, a FCT esteve de portas abertas durante um dia inteiro para mais uma mostra de Ciência, Tecnologia e Inovação. E a receptividade não podia ter sido melhor, já que nos visitaram cerca de 8 mil alunos dos 9.º, 10.º, 11.º e 12.º anos do ensino secundário. Para estes alunos, a ExpoFCT foi uma oportunidade para ficarem a conhecer as actividades de ensino e in-vestigação realizadas nesta Faculdade, assim como ex-perimentar, ainda que apenas por um dia, o que é viver num Campus universitário. Para esta mostra, que envolveu todos os sectores departamentais da FCT, foram preparadas mais de uma centena de experiências ao vivo e demonstrações em laboratórios. Actividades em que os alunos puderam participar/observar, tais como programar robôs, lançar satélites virtuais, ver o efeito dos ventos, tempestades e terramotos, medir a radioactividade, soldar e fabricar uma peça mecânica, produzir biodiesel, analisar o DNA e identificar micróbios. A esta iniciativa quiseram associar-se diversas em-presas que marcaram presença na ExpoFCT e apresen-taram algumas das últimas novidades tecnológicas. A vida académica na sua vertente mais lúdica, com a actuação das Tunas e de grupos de Dança e de Teatro, também não foi esquecida. E, para os alunos de espírito mais aventureiro, houve também desportos mais radi-cais, tais como slide, escalada e tiro ao arco. Promover o conhecimento científico e tecnológico e dar a conhecer o ensino e a oferta educativa desta Fa-culdade, são os principais objectivos da ExpoFCT.

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Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa n.º8 | EntreTanto | Junho 2009

Leopoldo Guimarães, antigo director da FCT e reitor da UNL, regressou à Faculdade para ser ho-menageado por ocasião do seu 70.º Aniversário. A cerimónia realizou-se no passado dia 15 de Abril no Anfiteatro do Centro de Investigação de Materiais (CENIMAT) que, no decorrer da própria homenagem, foi baptizado com o seu nome. Coube a Rodrigo Martins, presidente do Departa-mento de Ciência dos Materiais (DCM) e impulsiona-dor desta homenagem, a primeira intervenção para salientar a dedicação de Leopoldo Guimarães à acti-vidade académica e os contributos prestados ao pro-gresso da ciência. Fazendo questão de frisar que esta foi, sobretudo, uma homenagem ao amigo e ao colega. Recordando que foi Leopoldo Guimarães que lan-çou os alicerces do DCM, Rodrigo Martins fez uma re-trospectiva da sua constituição até ao presente, dando particular atenção às pessoas que o integraram e que fizeram dele aquilo que é hoje. Porque, nas palavras do próprio, “acima de tudo estão as pessoas”. E esse foi o principal ensinamento que guardou de Leopoldo Guimarães. O Director da FCT fez questão de, com a sua pre-sença, associar toda a Faculdade a esta homenagem, salientando a importância da obra deixada por Leo-poldo Guimarães, a nível de infra-estruturas, de edifí-

cios, de cursos e de parcerias estabelecidas, que são hoje cruciais, sendo disso exemplo a relação privile-giada com a Câmara Municipal de Almada. Contudo, na opinião de Fernando Santana, o antigo director da FCT, que exerceu o cargo durante 16 anos, deixou-nos sobretudo “uma cultura académica de abertura de espírito e de visão de futuro”. Em reconhecimento da Faculdade pela sua obra, dedicação e amizade, o Director entregou uma lem-brança a Leopoldo Guimarães, gesto que foi seguido por Rodrigo Martins, pela presidente da Câmara Mu-nicipal de Almada e pela Governadora Civil de Setú-bal, também presentes nesta cerimónia. O homenageado, que integrou a comissão insta-ladora da UNL, retribuiu com a entrega, ao Director da FCT, dos primeiros documentos relacionados com o projecto da Faculdade, assim como um conjunto de fotografias que retratam as primeiras construções.Ao professor Rodrigo Martins ofereceu um quadro pintado pelo próprio há mais de 20 anos. Promessa antiga, agora, concretizada. O homenageado pautou a sua intervenção com poemas da sua própria autoria, depois de agradecer, comovido, a todos os amigos que fizeram questão de estar presentes.

FCT presta

HOMENAGEM A LEOPOLDO GUIMARÃES

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Cerimónia de homenagem a Leopoldo Guimarães no Anfiteatro baptizado com o seu nome

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Rodrigo Martins e Elvira Fortunato na escadaria da Assembleia da RepúblicaELVIRA FORTUNATO,

PROFESSORA E INVESTIGADORA DA FCT SOMA PRÉMIOS E HOMENAGENS

HOMENAGEADA NA AR

Elvira Fortunato, Professora do Departamento de Ciência dos Mate-riais e Directora do CENIMAT (Centro de Investigação de Materiais) da FCT, foi homenageada na Assembleia da República, no passado dia 13 de Março.

Os deputados aprovaram de pé, por unanimidade e aclamação, um Voto de Congratulação em que a “Assembleia da Republica felicita a in-vestigadora Elvira Fortunato e toda a sua equipa pelos êxitos alcançados e congratula-se pelos merecidos prémios atribuídos e pelo prestígio que esta cientista acrescentou à investigação científica portuguesa”.

Considerada uma das melhores investigadoras, a nível mundial, pelo seu trabalho inovador e criativo na área da electrónica transparente, El-vira Fortunato tem recebido inúmeros prémios e distinções. Em 2005 recebeu o Prémio Estímulo à Excelência Científica da Fundação para a Ciência e Tecnologia. No ano passado foi distinguida com aquele que é considerado o Nobel Europeu, o primeiro prémio do European Research Council na área da Engenharia, no valor de 2,25 milhões de Euros. Foi o maior prémio até hoje atribuído a um cientista português. Recentemente, recebeu o Seeds of Science 2009, na categoria de Engenharia e Tecnolo-gia. Instituídos pelo jornal Ciência Hoje, estes prémios distinguem per-sonalidades que se destacam na produção e divulgação de conhecimento científico.

PRÉMIO PERSONALIDADE 2008

Elvira Fortunato foi distingui-da com o Prémio Personalidade, atribuído pela Associação para a Promoção do Multimédia e da So-ciedade Digital (APMP).

O Prémio Personalidade, o único atribuído por nomeação, distingue uma personalidade que se tenha destacado no ano de 2008 pela sua excelência e inovação na área das Tecnologias de Informa-ção e Comunicação.

Esta é a 4.ª edição dos Pré-mios da APMP, com o objectivo de promover a divulgação de traba-lhos realizados por profissionais e empresas dos sectores do multi-média, nas seguintes categorias: Tecnologias de comunicação; In-formação e divulgação; Educação e Cultura; Entretenimento; Co-mércio Electrónico; Prémio Sony Escolas em HD.

A cerimónia de atribuição dos Prémios Nacional Multimédia de-correu no dia 25 Junho, no audi-tório da Fundação Portuguesa das Comunicações.

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PRÉMIO ROTARY

Elvira Fortunato foi também distinguida com o Prémio Rotary Investigação-Tecnologia do Ano Rotário de 2008-2009.

Um prémio que o Distrito 1960 de Rotary International justificou com “a excelência da sua Acção, da sua Motivação, do seu Profis-sionalismo e da sua Liderança em-penhada na congregação de Ideias, de Projectos e de Equipas”.

O Rotary International sur-giu em 1905 em Chicago. É um Movimento centenário de Líderes Profissionais que se dedicam à prestação de serviços sociais e hu-manitários, tendo como objectivo a Compreensão e a Paz Mundial, sendo esta actividade desenvolvida também em Portugal desde 1926.

A Cerimónia de Entrega dos Prémios Rotary 2008-2009 re-alizou-se no dia 7 de Junho, no Cine-Teatro Municipal João Mota, em Sesimbra.

O trabalho desenvolvido pelo CENIMAT, Centro de Investigação em Materiais, da FCT/UNL, foi reconhecido pela redacção da Exame Infor-mática, que lhe atribuiu um prémio na categoria Inovação. Este reconhecimento resulta da invenção do transístor de papel, uma descoberta que em meados do ano passado teve grande repercussão, quer no meio científico quer mediático. Elvira Fortunato e a equipa de investigadores que coordena conjunta-mente com Rodrigo Martins foram os responsáveis por esta inovação que vem abrir um mundo novo de possibilidades: ecrãs de papel, etiquetas e pacotes inteligentes, chips de identificação ou aplicações médicas. Com a vantagem da nova tecnologia ser, além de barata, amiga do ambiente. Os Prémios Exame Informática, que assinalam este ano a sua 3.ª edi-ção, são atribuídos a dez categorias: Personalidade, Produto, Inovação, Internet, Responsabilidade Ambiental, Software, Imagem Digital, Exame Informática Lab, Fabricante de Computadores e Marca Nacional. O prémio foi entregue a Rodrigo Martins e Elvira Fortunato, no passa-do dia 3 de Junho, pelo Director da Exame Informática, que se deslocou ao CENIMAT para esse efeito

CENIMAT RECEBEU PRÉMIO EXAME INFORMÁTICA

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Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa n.º8 | EntreTanto | Junho 2009

A Sub-directora da FCT, Zulema Pereira, com Elvira Fortunato e Rodrigo Martins

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A ÚLTIMA LIÇÃO DO PROFESSOR JOÃO TIAGO MEXIA João Tiago Mexia, Professor Catedrático do De-partamento de Matemática, proferiu a sua Aula Jubi-lar no passado dia 3 de Junho, no Grande Auditório da FCT. A cerimónia juntou docentes da FCT e de outras universidades, antigos e actuais alunos de doutora-mento e mestrado, colaboradores e amigos do home-nageado. A abertura da cerimónia coube à Presidente do Departamento de Matemática, prosseguindo com as intervenções dos Professores Stanislaw Mejza e Ro-man Zmyslony, ambos da Universidade de Zielona Góra, da Polónia, e do Professor Dinis Pestana, da Fa-culdade de Ciências da Universidade de Lisboa, sobre a obra científica do Professor João Tiago Mexia.

Após a alocução do Director da FCT, Professor Fernando Santana, que salientou as qualidades pro-fissionais e humanas do homenageado, seguiu-se a lição de Jubilação do Professor João Mexia. Esta in-cidiu sobre modelos lineares e inferência estatística, utilizando modelos lineares normais. Foi também abordado o papel da inferência estatística na compre-ensão e interpretação de dados reais, salientando a importância e a elegância matemática dos modelos lineares normais. O Prof. João Mexia explicou, ainda, como é possível obter modelos mais complexos a partir destes, referindo algumas aplicações práticas. Ao terminar a sua última lição, manifestou a in-tenção de prosseguir o trabalho de investigação que tem realizado nesta área e de continuar a colaborar com o Departamento de Matemática da FCT porque, como o próprio fez questão de referir, “ninguém corta a raiz ao pensamento”. Ainda no âmbito da celebração da jubilação do Prof. João Tiago Mexia realizou-se nos dois dias se-guintes, a 4 e 5 de Junho, um Workshop de estatística com a participação de alguns dos mais eminentes es-tatísticos portugueses e estrangeiros, bem como de docentes e investigadores da FCT e de outras univer-sidades, nomeadamente pessoas que ao longo da sua vida profissional se relacionaram mais de perto com o Prof. João Tiago Mexia. Doutorado em Matemática (especialidade de Es-tatística), com Distinção e Louvor, pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da UNL, em 1988, João Tiago Mexia obtém a Agregação pela FCT em 1992, tendo sido aprovado por unanimidade. Ao logo da sua car-reira académica, publicou livros e dezenas de artigos científicos, proferiu mais de uma centena de comuni-cações e foi orientador de numerosas Teses de Dou-toramento.

O professor João Tiago Mexia

a receber uma lembrança do director da FCT

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FCT VENCE FINAL NACIONAL DO IMAGINE CUP

rar a energia que necessitam para a sua vida e para o contexto georreferenciado em que estão incluídas. O Per-MAN é uma ferramenta de software que auxilia a gestão da microgeração oriunda da energia humana. Para tal, a equipa criou um dispositivo com o qual as pessoas podem gerar energia, acumulá-la e descarregá-la depois num dispositivo que pode servir para alimentar o funcionamento das residências, dos escritórios e demais ambientes, podendo os emisso-res com excesso de energia acumulada vendê-la à rede pública. A P3 acredita que as pessoas são fontes renová-veis de energia limpa. A ideia aproveitar, ou reaprovei-tar, a energia que a pessoa já está a produzir para ali-mentar um certo espaço residencial e/ou comercial. Com a evolução da tecnologia, é possível acreditar que dispositivos energeticamente mais eficientes estarão ao dispor das pessoas e que a microgeração poderá vir a ganhar contornos mais poderosos. Num futuro não muito distante, o consumidor comum poderá ser independente da rede energética, gerando a energia de que necessita. Esta é já a quarta vez que a FCT vence o concurso Imagine Cup. Diferentes equipas ganharam anterio-res edições, em 2004, 2005 e 2007.

A equipa da FCT/UNL venceu a edição 2009 do Imagine CUP e vai representar Portugal na final mun-dial desta competição promovida pela Microsoft. É a 4.ª vez que a FCT vence este concurso.

A equipa People Powered Places (P3) da Facul-dade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa venceu a Final Nacional do Imagine Cup 2009, a maior competição mundial de tecnologia para estudantes do ensino superior e secundário, promo-vida pela Microsoft. Formada pelos alunos Nuno Dias, Gonçalo Castro e Ricardo Ferreira e orientada pelo Professor Celson Lima, do Departamento de Engenharia Electrotécnica e de Computadores, a equipa venceu na categoria principal, a de Software Design, com o projecto Per-MAN (Personal EneRgy MANagement System ).A P3 vai agora representar Portugal na Final Mun-dial da competição, que este ano decorre no Cairo, Egipto. Tendo como tema central o ambiente (a escassez, a limitação de recursos naturais e a finitude de recur-sos energéticos), a equipa da FCT propõe-se criar um sistema de produção e partilha de energia humana, que alimente o ambiente, colocando as pessoas a ge-

A equipa P3 exibe o cheque que a vai levar ao Cairo

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ENTREVISTA AO PROF. JORGE LAMPREIA, PRESIDENTE DO CONSELHO PEDAGÓGICO DA FCT

Quando entrou para a Universidade ainda nem sequer existia a FCT. Tem 53 anos e é Engenheiro Químico, formado pelo IST. Muito antes da sua institucionali-zação, fez um dos primeiros mestrados em Engenha-ria Biológica, promovidos pela UNL e o Instituto Gul-benkian de Ciência. Pouco depois cumpriu o serviço militar e, quando regressou, concorreu a Assistente no Departamento de Química. Diz que foi o único em-prego que teve na vida. E a verdade é que, tirando um ano em que esteve fora (1990/91) em pós-doc, todo o seu percurso profissional decorreu na FCT. O normal, segundo o próprio: foi assistente, fez o doutoramento, deu aulas e fez investigação. Há dez anos que é pre-sidente do Conselho Pedagógico. Embora estas fun-ções o desobriguem de leccionar, nunca deixou de o fazer, com maior ou menor regularidade.

A sensivelmente meio ano de terminar o prazo para a adaptação total a Bolonha, em que pé estão as coi-sas na FCT?Há um conjunto final de doutoramentos que foram entregues na reitoria e que agora têm de seguir para a Direcção Geral do Ensino Superior. Mas, assumindo que todos são aprovados, não há mais nada. Ou seja, no próximo ano lectivo, não há nenhum curso antigo. A oferta educativa da FCT estará toda adaptada a Bo-lonha.

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“COM BOLONHA O NOSSO NÍVEL DE EXIGÊNCIA COM OS ALUNOS TERÁ DE SER MUITO MAIOR”

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Com a adaptação a Bolonha, houve alterações da qualidade pedagógica, para melhor ou para pior?Esse é um assunto bastante difícil já que se perguntar isso a cinco pessoas diferentes, provavelmente tem cinco respostas diferentes. Repare: quando de re-pente, o País passou os seus cursos para três anos, enfrentámos um problema difícil de gerir... Não sabe-mos ainda se será tendência natural dos alunos faze-rem cinco anos (três anos de licenciatura mais dois anos de mestrado). É avisado pensar que a maioria não o irá fazer. E assim, cinco anos eram cinco anos... Agora, serão três... Não sendo possível meter o Ros-sio na rua da Betesga, alguns de nós, docentes, têm essa tendência e fazem-no. É que muitos de nós têm dificuldade em abrir mão de matérias que conside-ram importantes e quando têm de cortar, como é tudo importante, não cortam. Se falarmos de formação absoluta, a formação em três anos é menos boa do que a formação em qua-tro ou em cinco. A questão que se põe, que tem tanto de educação/formação como de racionalidade econó-mica, é que, para uma boa parte dos alunos, não são precisos cinco anos para aquilo que, realmente, vão fazer na vida. Essa é uma situação para a qual, nós portugueses, ainda não estamos preparados, mas que em vários países europeus nunca foi problema. Portanto, a formação de três anos parece-me suficiente para determinados objectivos. E acresce que é uma formação que permite voltar à escola, no futuro, se tal for necessário. Paralelamente, os cur-sos de três anos têm um problema que tendo sempre existido, ganha uma importância nova. E com esse problema ainda não sabemos lidar. Vejamos: no pri-meiro ano, os alunos chumbam muito; no segundo ano começam a ambientar-se e no terceiro.... vão-se embora. Todos nós sabemos que os nossos alunos, nos cursos antigos de cinco anos, só começavam a “atinar” lá para o terceiro, e depois tinham o quarto e o quinto para finalmente estudarem com deve ser. Num curso de três anos, se estão cá cinco é porque chumbaram, não é porque aprenderam mais. Num curso de cinco anos havia mais tempo para recupe-rar. Ainda nos estamos a habituar a esta realidade. Há qualquer coisa que a escola tem de fazer, mas devo confessar que não sei o que será. Penso que, com apenas três anos, o nosso nível de exigência para com o comportamento/atitude dos alunos terá de ser muito maior. É que os alunos saem daqui pelo menos dois ou três anos mais novos do que saíam antes... Assim, não só saem mais novos, como são “submetidos” menos tempo ao ambiente universitário. Por outro lado, presumo que nós, os docentes, não teremos mudado grande coisa os nossos métodos de dar aulas. E, já agora, não tenho a certeza de que seja

benéfico, para os alunos, já nesta fase, a adaptação ao paradigma de Bolonha. Porque a adaptação ao pa-radigma de Bolonha significa eles estudarem/traba-lharem mais no dia a dia e nós “explicarmos menos”, em tempo de aulas e na forma de o fazer. Claro que alguns dos problemas mencionados não se colocam nos cursos de Mestrado Integrado que continuam a ser de 5 anos.

A adaptação a Bolonha por parte da FCT já foi ou vai ser alvo de alguma avaliação? A Faculdade vai fazer alguma coisa para ver como as coisas estão a correr em relação a Bolonha, se é preciso mudar os méto-dos?Nós vamos ter de fazer isso e, provavelmente, vai ser feito no próximo ano. Este ano, na nossa escola, houve um conjunto de acontecimentos paralelos, mas, cer-tamente no próximo ano lectivo, a escola está estabi-lizada com os novos estatutos e os novos corpos de gestão e teremos que começar a ver como é que as coisas estão, como é que os alunos estão a ter su-cesso. Essa avaliação tem de ser feita até porque, quando a Agência de Acreditação entrar em funcionamento, vai pedir-nos esses dados. Há todo um conjunto de ferramentas, de indicadores que nós precisamos de criar.

Mais recente que Bolonha, e se calhar até mais im-portante, está a ser a reforma introduzida pelo novo regime Jurídico das Instituições do Ensino Superior. A FCT já aprovou os novos Estatutos e iniciou o pro-cesso eleitoral que levará à eleição dos novos ór-gãos. Quer fazer-me o ponto da situação?Neste momento, estamos apenas à espera que o Conselho-Geral da Universidade se reúna e nomeie os elementos externos do Conselho-Geral da Facul-dade – à data, já nomeou – para dar continuidade ao processo, que terminará com a eleição do Director já de acordo com os novos estatutos. Penso que no má-ximo lá para fins de Julho todo este assunto estará encerrado.

Os estudantes queixam-se de que com o novo RJIES perderam peso nos órgãos de governo das universi-dades. Os estudantes têm razões de queixa?A Assembleia de Representantes que existia antes era inoperante, o Senado inoperante era… Eu não sei se os estudantes alguma vez tiveram grande peso, re-almente. Eram órgãos tão numerosos…

Aliás, há quem diga que o novo regime cria órgãos mais pequenos e funcionais, mas também menos democráticos. Concorda?Concordo, claro. Normalmente, falamos em termos

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abstractos. É menos democrático… em comparação com a situação A ou B, mas é muito mais governável… Porque, às tantas, o que as pessoas têm é um con-junto de legitimidades com origem completamente diferente e as legitimidades completamente diferen-tes fazem as pessoas chocar umas com as outras. Por exemplo, na maior parte das escolas portuguesas o Director é um, o Presidente do Conselho Científico é outro. Basta que não se dêem bem para que a es-cola não funcione. Dantes, agora não! Se o Director não funciona, ele é responsável por não funcionar. Mesmo. Toda a gente deixa de ter desculpas, e aque-les que não gostam, que façam uma lista e apresen-tem os seus projectos. Os estudantes não deviam estar preocupados se têm representatividade no Conselho Geral ou não. Eles deviam estar preocupados com outras formas de representatividade que são as deles. Eles não se preocupam tanto como eu gostaria. As Associações de Estudantes têm muito pouca participação, as vo-tações são sempre muito pouco expressivas. As AGAs são muito pouco concorridas. No passado recente, chegava a ser difícil ter candidatos alunos para algu-mas Comissões Pedagógicas de curso....

Em muitas universidades tem havido protestos dos estudantes no sentido de reclamar mais bolsas de estudo e outros apoios para os alunos mais caren-ciados. Como está a situação na FCT? Há conheci-mento deste tipo de situações?Pessoalmente, não tenho conhecimento. Comparado com os outros anos, penso que não aconteceu nada de especial. Nem sequer tenho conhecimento de re-querimentos de alunos a pedir a suspensão do paga-mento de propinas.

Quanto ao abandono escolar, e segundo notícias que citavam um estudo relativamente recente, em

2005/2006, a taxa média de abandono foi de 11,35% nas universidades públicas. Este número aplica-se à FCT? Que dados tem a FCT relativamente ao aban-dono escolar?Não sei, mas, curiosamente, eu até pensava que essa taxa fosse maior. Bem, uma coisa é certa: não existem mecanismos para mandar os alunos embora. Portanto, muitos dos que não abandonam, arrastam-se… Provavelmente, é por isso que não há tanto abandono como isso. Porque se já houvesse prescrições ou qualquer outro sistema de “punição de permanência” talvez esses números fossem mais altos. Em relação à FCT não tenho números, nem quanto ao abandono nem às suas causas… esse es-tudo nunca foi feito.

O que é que, no seu entender, caracteriza uma boa prática pedagógica?Nós temos uma situação muito curiosa. E não me re-firo, especificamente, à FCT. Nenhum de nós sabe se tem jeito para dar aulas. Muitos de nós – na minha opinião deveriam ser todos – vieram para a Faculdade para fazer investi-gação e, claro, sabíamos que tínhamos de dar aulas. Portanto, fomos aprendendo a dar aulas, quer dizer…achamos nós! Ainda assim, há uma coisa que eu acho que ca-racteriza, em muitos casos, esta Faculdade, em re-lação a outras. É que, de uma maneira geral, os do-centes da FCT são bastante disponíveis. Com o tipo de ensino que nós temos, com as características dos nossos alunos, eu acho que isso é uma mais valia para os nossos estudantes. De uma maneira geral, eu não sou capaz de definir uma boa prática pedagógica sem ser por lugares comuns. Por exemplo, convém que não se seja “chato” a expor a matéria. Mas, claro, muitos de nós seremos chatos a expor a matéria e

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porque não havíamos de o ser? Não foi a nossa mo-tivação principal. E, aí sim, há uma falha no sistema. Eu, por exemplo, no IST tive um professor que era tão chato, tão chato, que era impossível! Por outro lado, esta característica nunca representou problema por-que nós, na realidade, nunca fomos/somos avaliados - talvez passemos a sê-lo no novo estatuto - por essa componente. Atenção: também não sei como se re-solve. Não me consta que todos os Professores do Secundário, por exemplo, sejam bons e tiveram toda a preparação que existe para dar aulas.

Quais são as queixas mais frequentes dos alunos?Na maior parte das vezes, os problemas que existem têm a ver com a avaliação, com os resultados da ava-liação. Apesar de tudo as regras de avaliação das ca-deiras ainda produzem muito atrito. Já não é tão caó-tico como dantes; as coisas estão muito mais homo-géneas, mas, em determinadas cadeiras, os alunos não percebem, por exemplo, como é que em exames que não são de escolha múltipla, chumbam com 9,25. Ou, como é que em determinada cadeira chumbam praticamente todos. Não percebem este tipo de coi-sas. Ou como é que existem pequenas regras verda-deiramente labirínticas. Há uma coisa muito curiosa…se olharmos para os inquéritos a que os alunos respondiam quando eram obrigatórios, verificamos que uma percentagem enorme de estudantes está satisfeita ou muito satis-feita com a Faculdade. São relativamente poucos os alunos que estão insatisfeitos - cerca de 10% . Mesmo quando chumbam muito, em algumas cadeiras, eles compreendem… sabem que não estudaram. Em ou-tras cadeiras, sentem que são tratados com alguma injustiça. Não me custa a admitir que, em alguns ca-sos, tenham razão.

E isso tem a ver com quê, com a exigência da ca-deira?Tem mais a ver com idiossincrasias. Há sempre umas cadeiras que são mais exigentes que outras. Aquilo que me parece é que há alunos que pensam que não importa a quantidade de esforço que fazem. Seja lá qual for esse esforço, nunca ou quase nunca será suficiente. Em alguns casos, os resultados dão-lhes razão. Mas isto não é geral, caso contrário a grande maioria dos alunos não estaria satisfeita com a Fa-culdade. Este tipo de coisas resulta de uma outra carac-terística da nossa profissão: os professores universi-tários estão habituados a fazer o que querem e como querem. A muitos níveis.

É claro que, nos últimos anos, aqui na FCT, as coisas alteraram-se muito… Hoje há muito menor disparidade de procedimentos. E ainda vamos ter de fazer mais… Não podemos continuar com o insucesso escolar que temos.

As taxas de insucesso são muito elevadas?O que eu sei é todos os anos entram cerca de mil e saem cerca de quinhentos. Um sucesso de 50% é muito pouco. A Universidade do Minho tem, no mí-nimo, 65-70% de sucesso.

Como é que gostaria, então, que fosse o ensino aqui na FCT?Nós temos um problema com a nossa população es-tudantil. Damos cursos de engenharias e ciências. Alguns, são dos cursos mais difíceis que existem, para os quais, paradoxalmente, bastam médias bai-xas. Portanto, a primeira coisa que gostaria era ter a possibilidade de escolher os alunos, mesmo que alguns deles não fossem assim tão bons em termos de média. Ora, se o financiamento do ensino superior depende do número de alunos que temos/metemos, não podemos dar-nos ao luxo de barrar a entrada aos alunos. E só temos 300-400 alunos razoáveis/bons a entrar… Daí para a frente, já se poderia mudar o esquema de ensino que temos. O ensino devia ir no sentido de obrigar os alunos a escrever mais (na minha cadeira, por exemplo, o in-sucesso aumenta sempre que há uma pergunta para escrever em vez da resolução de um problema), ser mais individualizado e também mais orientado, mas feito por eles fora da aula. Porque é que eu disse que queria poder escolher os alunos? Porque têm de ser alunos que estejam mais focalizados e organizados. Não podem dizer: “não tive tempo”. Não pode haver desculpas.

Que mecanismos usa a FCT para aferir a qualidade do seu ensino?Também ainda não temos, mas vamos ter de os criar. Este é um assunto que temos discutido este ano no Conselho Directivo, inclusivamente, aferir da quali-dade dos alunos que terminaram o curso, mas ainda não sabemos como é que o vamos fazer.

O Governo aprovou muito recentemente a revisão dos estatutos da carreira docente para o ensino su-perior. O que pensa de tornar obrigatório o grau de doutoramento para dar aulas na universidade? É fundamental. É o mínimo. Será uma mais-valia. Em qualquer país da Europa, ninguém é professor univer-sitário sem ter o doutoramento.

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Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa n.º8 | EntreTanto | Junho 2009

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MADALENA PINTO19 anosLicenciatura em Biologia Celular e Molecular2º ano

Esta aluna optou por classificar um conjunto de categorias, que lhe pareceram mais pertinentes, de acordo com uma escala que vai do insuficiente ao excelente.

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Competência científica dos professores:Muito bom, já que os professores estão inteira-mente integrados na disciplina que leccionam e apresentam elevado grau de conhecimento sobre a matéria que abordam. Nunca ocorreu ficar sem resposta a uma questão por falta de conheci-mento por parte do professor.

Competência pedagógica dos professores:Bom. Contudo, um professor que tenha um grau elevado de competência científica mas que não tenha a qualidade de bom orador e a capacidade de expressar claramente o seu conhecimento, dificulta a percepção da matéria leccionada por parte dos alunos.

Pertinência da formação científica:Muito bom. Tendo em conta que a área de bio-logia sofre inovações/descobertas constantes, sinto que o ensino as acompanha. Mais especifi-camente e em relação ao meu curso, penso que todas as disciplinas leccionadas tiveram um pro-pósito e foram ou virão a ter aplicação no mer-cado de trabalho.

Metodologias de ensino/aprendizagem:Bom. Há uma boa inter-relação entre a compo-nente teórica e prática das disciplinas e a maté-ria de cada cadeira é dada com continuidade e em articulação com matérias subsequentes. O facto de realizarmos apresentações orais/relatórios/trabalhos na maioria das disciplinas é um aspecto bastante positivo porque nos permite realmente aplicar os nossos conhecimentos e construir um discurso próprio

Metodologia de avaliação:Bom. Mesmo nas cadeiras com exame final, a avaliação é contínua, através da realização de trabalhos individuais/grupo e, em certas cadei-ras, também por intermédio da participação do aluno em aula. Relacionamento professor-aluno:Muito bom. As dúvidas expostas em aula foram sempre cordialmente respondidas. Disponibili-dade de horários para esclarecimento de dúvidas,

ENSINO NA FCT: O TESTEMUNHO DE ALGUNS ALUNOS

Todas as universidades pugnam por ter um ensino de excelência. Mas haverá um conceito único e consensual sobre “o que é ensinar”? E quais os métodos mais correctos de ensino? E o que é ser-se bom Professor? Uma coisa é certa, a forma como os professores entendem o que é ensinar determina, efectiva-mente, o seu comportamento na sala de aula. Para tentarmos perceber até que ponto o ensino da FCT corresponde às expectativas dos alunos, fomos conhecer algumas opiniões.

Os seis alunos inquiridos, escolhidos de forma aleatória, responderam às seguintes questões:

1 Quais são os aspectos mais positivos do ensino na FCT?

2Que fragilidades encontra no ensino em geral e, em particular, na FCT?

3Qual é, no seu entender, o perfil de um bom pro-fessor?

4De acordo com esse perfil, como classificaria, de uma forma geral, os professores da FCT?

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durante os quais os alunos podem falar individu-almente com o professor. Em geral, os professo-res mostram-se compreensivos e disponíveis.Equipamentos (laboratórios, espaços de estudo, biblioteca, espaços de sociabilidade):Muito bom. Laboratórios com bom equipamento e abordagem de variadas técnicas em aulas práti-cas. Espaços de estudo numerosos e adequados, acesso grátis à internet, biblioteca com bibliogra-fia extensa e com condições fantásticas, espaços livres cuidados e agradáveis, locais/cafés onde socializar, variadas escolhas de locais de alimen-tação, boas condições sanitárias e bom estado geral de conservação dos edifícios. Apoio à investigação (financeiro e compatibili-dade com a licenciatura):Posso apenas falar da minha experiência, pelo que não irei avaliar este ponto. Boa divulgação de projectos de investigação. No meu caso, tive faci-lidade em integrar-me num projecto laboratorial financiado pela FCT (Fundação para a Ciência e Tecnologia). Contudo, as exigências do trabalho laboratorial e de investigação são frequentemente incompatíveis com o trabalho de licenciatura em termos de carga horária.

Horários:Bom. Boa distribuição de carga horária/discipli-nas. No entanto, muitas vezes, o tempo requerido pelo trabalho da Faculdade impossibilita a reali-zação de outras actividades (culturais, artísticas, sociais), tão importantes para o desenvolvimento pessoal e profissional como a formação científica específica.

Avaliação global: (medida pela percepção de bem estar na Facul-dade): Muito bom.

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Organização dos currículos:Suficiente. Já foram bastantes as cadeiras em que a matéria foi repetida, não só em aulas teóri-cas como em aulas práticas (laboratório).

Relacionamento com o mercado de trabalho:Suficiente. Até à data não houve nenhuma infor-mação relativa à inserção laboral pós-licenciatura, pelo menos para a licenciatura em que me encon-tro. Não há contacto com o mundo empresarial. Não possuo conhecimentos que me permitam responder à questão das fragilidades do ensino em geral.

3 Um bom professor é aquele que, tendo um vasto conhecimento da área que lecciona, consegue

expor clara e objectivamente a informação. É aquele que inova no método de ensino e o faz cativando os alunos. Deve “comunicar” com os alunos e não simplesmente “ditar” a matéria. Está disposto a responder a dúvidas (pertinen-tes), sem nunca diminuir o aluno que as coloca, e, se necessário, a repetir o ponto da matéria mal entendido para que o aluno o perceba.

4Muito bom.

DANIELA VALENTE22 anosBioquímica3º ano

1 Começo por apontar algumas das características que fazem o sucesso do ensino na FCT e que, na minha opinião, são a boa relação aluno-pro-fessor, métodos de ensino actualizados, cursos com grande conteúdo prático e valorização dos mesmos, acessibilidade aos meios laborato-riais e com material adequado, disponibilização de meios informáticos 24h/dia para os alunos e facilidade de acesso aos conteúdos programá-ticos das cadeiras via online, através dos sites dos departamentos e das plataformas moodle e CLIP.

2 De um modo geral, penso que o trabalho em equipa é pouco desenvolvido, apesar das aulas práticas e outras actividades em grupo, acredito que não somos ensinados desde início a trabalhar em equipa. Deveria também ser possível organi-zar um método de ensino que nos direccionasse a estudar a matéria antecipadamente às aulas. Para além dos testes e exames, existem outras avaliações tais como relatórios, discussões de trabalhos e seminários. Não sinto que tenha-mos tido uma preparação para lidar com estas avaliações o que cria um défice de qualidade e produtividade. Uma das soluções possíveis pode-ria passar por tornar a cadeira de “expressão e comunicação” obrigatória e reajustando-a para uma comunicação tecnológica/científica e empre-sarial. Relativamente à FCT, existe a problemática das elevadas taxas de chumbo. Estes resultados têm, na minha opinião, a ver com uma prepara-ção/nível de exigência desajustados de cadeira ou cadeiras anteriores, evidenciando a necessidade de uma maior interacção pedagógica que assegu-rando uma preparação adequada dos alunos.

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3Essencialmente, um bom professor, não tem que ser perfeito e corresponder a todas as expectati-vas de um aluno. Mas, deve ser um bom conhece-dor da matéria e um bom comunicador. Deve ter a capacidade de transmitir de forma pragmática e simples o conhecimento necessário aos alunos, de ser humano e justo.

4Ora, é difícil classificar em geral os professores da FCT, porque, cada caso é um caso e, feliz-mente, há personalidades diferentes. Assim, posso apenas adiantar que, pela minha experiên-cia, na maioria, foram bons professores.

ANTÓNIO MOTA23 anos3.º anoLicenciatura em Engenharia Informática

1As instalações são excelentes: laboratórios bem equipados, boas salas de aula e auditórios. O campus é convidativo, pois tem um ambiente agradável, com muitos bares e restaurantes, banco, livraria, casa de fotocópias, mini-mercado, centro de saúde, etc. Quero ainda salientar que os professores são bons tecnicamente e que esta é uma das poucas Faculdades onde há sempre estacionamento, talvez a melhor neste aspecto.

2Pouca proximidade entre alunos, professores e empresas.É o problema das universidades grandes, alunos e professores andam desencontrados, há pouca proximidade. E com isto quero referir-me ao acompanhamento, preocupação e continuidade ao longo do semestre. É necessário cativar os alunos. Os alunos vivem um dia a dia despren-dido, vão pouco às aulas, não se preocupam, a não ser nos prazos limites, com os testes e com a entrega de trabalhos. Os alunos não procuram a ajuda dos professores, e estes não se interessam pelos alunos.

3Um bom professor é aquele cuja prioridade é garantir que as matérias que lecciona são absor-vidas pelos alunos. Na minha opinião é necessá-rio acima de tudo cativar os alunos, perguntar a

si mesmo, os alunos gostam desta matéria, con-sideram-na importante? O que posso fazer para os inteirar da relevância destes conteúdos? Um bom professor não é aquele que se preo-cupa em dar a matéria e fazer testes, mas aquele que garante que os testes são justos e avaliam de forma coerente, sem nunca esquecer que os testes ou os trabalhos são apenas uma forma do professor aferir se os alunos sabem ou não. Este é, no meu entender, um aspecto esquecido com frequência. Um bom professor preocupa-se, conhece os alunos e faz-se respeitar.

4Empregados... Devo reconhecer que grande parte dos professores que tive eram bons tecni-camente, e este é um dos aspectos mais posi-tivos, tive alguns professores extraordinários e alguns maus, mas, a maioria, apenas normal: dão a matéria, preocupam-se com os alunos que se preocupam, fazem testes, corrigem e lançam notas. Por outras palavras, fazem o trabalho deles. Penso que há muito a melhorar. Os pro-fessores devem trabalhar para se aproximarem dos alunos, proporcionando-lhes a ligação com o mercado de trabalho. Mas a maior falha é não se fazerem respeitar.

TIAGO VILARINHO23 anos Licenciatura em Engenharia Civil (Estruturas e Geotécnia)Mestrado (de 2.º ciclo)

1 Na minha opinião a grande mais-valia do ensino da FCT (refiro-me ao DEC, que é o departamento que conheço melhor) é a proximidade que existe entre os professores e os alunos. De facto, antes de ingressar no ensino superior, nunca pensei encontrar uma Faculdade onde pudesse bater à porta de um qualquer professor e ser recebido como fui durante o meu curso. Este tipo de atitude permite aos alunos, que realmente se interessem pelas matérias, elevar os seus conhecimentos e apresentar trabalhos de qualidade.

2Penso que na FCT, tal como nos outros cursos de Eng. Civil das grandes Faculdades do nosso país, o ensino está muito virado para a teoria, sobrevalorizando esse aspecto face à sua apli-cação prática. Isso, por si só, não é necessaria-mente um defeito dos cursos, contudo, na minha opinião, constitui uma fragilidade, na medida em que a integração no mercado de trabalho não é imediata. Considero o estágio em empresa um

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elemento formativo indispensável, tendo em vista a integração do aluno no mercado de trabalho.

3 Para mim, um bom professor não é necessaria-mente uma pessoa de topo, ao nível dos conhe-cimentos, na matéria que leccione. Tem essen-cialmente de ter uma boa capacidade oratória, capaz de cativar a audiência, ser claro e preciso na explicação das matérias e ter disponibilidade e conhecimento para responder às questões dos seus alunos.

4 Obviamente que nem todos os professores com quem me cruzei possuíam as características ide-ais que, na minha opinião, são necessárias para ser um bom professor. Ainda assim, e particular-mente no DEC que é o departamento que melhor conheço, existem professores de grande quali-dade e que acabam por se tornar um exemplo e referência durante o nosso futuro profissional e pessoal.

TIAGO SANTOS25 anosLicenciatura em Engenharia Informática2.º ano

1A proximidade entre aluno e professor, a qua-lidade de alguns professores e os laboratórios bem equipados.

2No geral é a falta de preparação com que os alu-nos chegam à Faculdade. O problema vem de trás. Os alunos não são bem preparados e motivados desde o básico. Vimos para a universidade por-que nos dizem que com um canudo temos mais facilidade de ter emprego, mas quando “caímos” na Faculdade, muitas vezes num curso que nem sabemos bem o que é, é um choque tremendo. E o resultado é os alunos reprovarem a muitas cadeiras, ou desistirem, ou demorarem o dobro do tempo a acabar o curso. Outra fragilidade, fruto do processo de Bolonha, foi terem fundido cadeiras transformando-as em “cadeirões”! Acho um erro passar um curso de cinco para três anos. Era possível passar para quatro anos sem prejudicar os alunos, mas assim vão ficar conhecimentos para trás.Na FCT há professores, pelo menos no meu curso, que não se percebe como é que o são, visto que

se limitam a debitar matéria. Parece não haver uma avaliação interna da FCT.

3É aquele que, além de ter os conhecimentos téc-nicos, tem a sensibilidade pedagógica para per-ceber se o estamos a entender e, se não for o caso, está disponível para voltar a explicar. Um bom professor não pode ter o seu emprego e vir à Faculdade “despachar” umas aulas.

4Este é um dos pontos que a FCT tem de melhorar. Temos professores muito bons que contrastam com professores muito maus. Devia haver um gabinete onde os alunos pudessem apresentar queixa, quando esta se justificasse, e levasse a apurar o que está a falhar ou porque há tantos chumbos. É assim que se faz nas universidades de topo, nomeadamente nos EUA. Além disso tem de se distinguir quem é bom professor, e então deve dar aulas, de quem é bom investigador e deve fazer trabalho de laboratório. Se obrigar-mos todos os professores a darem aulas e a investigarem vamos ter maus professores e maus investigadores. Depois há que fazer a ponte com a indústria.

CLÁUDIO JORGE22 anosEngenharia Biomédica2.º ano de Mestrado Integrado

1Os aspectos mais positivos no ensino da facul-dade são a possibilidades de os professores dis-ponibilizarem tempo para retirarem dúvidas aos alunos e os professores permitirem o acesso aos conteúdos leccionados nas aulas.

2O material electrónico disponível para as aulas, muitas das vezes não se encontra em boas condi-ções, as salas de aula não são as mais adequadas para o número de alunos inscritos a essa disci-plina (aulas teóricas).

3Preocupado com os alunos, motivador, que retire dúvidas sempre que questionado e bom orador.

4 Com base nos professores que tenho encontrado, numa escala de 0 a 10, classificaria nos 7/ 8.

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Nos anos vinte do século passado, Bertrand Russel apontou para o facto paradoxal de a edu-cação se ter tornado o maior obstáculo para o de-senvolvimento da liberdade do pensamento. Até que ponto, e volvidos tantos anos, esta reflexão é ainda pertinente na actualidade? Um dos prin-cípios informadores do processo de Bolonha é a passagem de um ensino baseado na transmissão de conhecimentos para um ensino assente no de-senvolvimento de competências. Acredito que um dos modos mais eficazes de expandir as compe-tências dos alunos passa pelo apelo à sua criati-vidade em projectos de realização em equipa. No entanto, só muito excepcionalmente a criatividade é explicitamente definida como um objectivo dos processos educativos e de avaliação do desempe-nho do aluno. Na realidade, a criatividade é forte-mente inibida em disciplinas assentes apenas em

processos de ensino preditivo que estabelecem o que os estudantes devem aprender sem deixar qualquer lugar para resultados “inantecipados” ou determinados por um envolvimento activo dos alunos. Mais ainda, processos de avaliação que limitam a gama de possibilidades de resposta dos alunos são altamente inibidores da sua criatividade. Não desvalorizo os métodos tradicionais de ensino e avaliação, o que proponho é que, de um modo complementar, se aposte na valorização da criatividade dos alunos no ensino universitário. É importante que o docente guie a realização de projectos que apelem à criatividade dos alunos. No entanto, é igualmente crucial deixar alguns imponderáveis, alguns graus de liberdade que re-sultam das suas escolhas e experiências pesso-ais. E, quase sempre, somos surpreendidos pela grande qualidade dos resultados. Pelo menos tem sido esta a minha experiência na docência das disciplinas de História da Ciência e de Bioética. Dos projectos já realizados destaco não só a participação dos alunos em exposições (“Mulhe-res na Ciência” em 2005/06 e “A rEvolução Darwi-niana” em 2008/09) mas também a elaboração de autênticos documentários ou de documentos audiovisuais de sensibilização sobre questões da Bioética bem como a elaboração de álbuns musi-cais com temas afins a esta disciplina. O processo de aprendizagem pode ser ao mesmo tempo sério e divertido e a conjugação destes dois aspectos torna mais eficaz a consolidação e a descoberta de novos saberes. Um ensino centralizado apenas na transmissão de conhecimentos é um ensino que se arrisca a perdurar muito brevemente na

Richard Feynman a dar uma aula na Universidade e Einstein a escrever uma demonstração no quadro do seu gabinete na Universidade de Princeton

ENSINO E CRIATIVIDADEEducation is not filling a bucket, but lightning a fire.W. B. Yeats

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Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa n.º8 | EntreTanto | Junho 2009

COMO ENSINAR MATEMÁTICA? COMO APRENDER MATEMÁTICA?

Eis duas perguntas intimamente ligadas, que justificarão esta breve reflexão. Talvez seja importante que esclareça que a minha formação-base é em Engenharia Civil e que o destino não me proporcionou a aprendizagem formal de teoria ou técnicas da Pedagogia, ou Didáctica. Ainda assim, e depois de 25 anos ao serviço do Departamento de Matemática da FCT-UNL, confesso que, cada vez mais, me sinto privilegiado por poder ser Professor! Lages Lima, distinto matemático, é claro: “O bom professor é aquele que vibra com a matéria que ensina, conhece muito bem o assunto e tem um desejo autêntico de transmitir esse conheci-mento, portanto interessa-se pelas dificuldades dos seus alunos e procura colocar-se no lugar deles, (...). Não há fórmulas mágicas para ensi-nar Matemática.” in “Matemática e Ensino”, SPM/Gradiva (2004). Segundo Lages Lima, um bom ensino da Ma-temática deve equilibrar três componentes fun-damentais: a Conceptualização (a criação de uma base consistente de conceitos e definições), a Manipulação desses conceitos – uma fase de “mãos na massa”, de utilização dos conceitos e, finalmente, as Aplicações – resolução de pro-blemas ou realização de trabalhos, preferencial-mente ligados à realidade. Pensando no ensino de unidades curriculares propedêuticas da área de Matemática nos cur-sos de Engenharia, é relativamente comum que a conceptualização corresponda essencialmente às aulas teóricas. A Manipulação inicia-se nas aulas

memória dos alunos. Muito provavelmente o rasto daquilo que fica são sobretudo, e infelizmente, as más experiências. A criatividade e o espírito de iniciativa são es-pecialmente necessários à adaptação a um mundo cada vez mais complexo e em constante mudança. É necessário acreditar na criatividade dos jovens e nos seus frutos no processo de aprendizagem. A valorização da criatividade não só contribui para o aumento do empenho dos alunos como é tam-bém essencial para o desenvolvimento de compe-tências que serão profícuas na sua vida activa. As universidades devem ser um lugar que permita aos alunos compreender melhor o mundo na sua complexidade e admiráveis detalhes mas devem ser também instituições que preparem os alunos para uma vida activa onde terão de lidar com as-suntos e problemas complexos e nas quais a cria-tividade, a imaginação, a adaptabilidade, a flexi-bilidade, a autonomia, a capacidade de trabalhar em equipa e as capacidades de comunicação e de inovação são, não só desejáveis, como impres-cindíveis. Como afirmou Einstein no seu discurso “Sobre a Educação” pronunciado em Nova Iorque em 15 de Outubro de 1936, “considera-se a es-cola simplesmente como veículo para transmitir à geração que cresce o máximo de conhecimen-tos. Isto não é justo. O conhecimento é uma coisa inanimada enquanto a escola está ao serviço dos vivos. Ela deve desenvolver nos jovens indivíduos as qualidades e as capacidades que representam um valor para a prosperidade da sociedade. Mas tal não quer dizer que a individualidade deva ser destruída e que o indivíduo se deva tornar num simples instrumento para a sociedade, como uma abelha ou uma formiga. Com efeito, uma socie-dade de indivíduos estandardizados, sem objec-tivo e originalidade pessoais, será uma sociedade pobre, sem possibilidade de se desenvolver. Pelo contrário, o objectivo deve ser a educação de in-divíduos que venham a agir e pensar de uma ma-neira independente e que, apesar disso, vejam no serviço à comunidade a acção mais sublime da sua vida”.

Palmira Fontes da CostaProf.ª Auxiliar do DCSA

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teóricas e domina as aulas práticas. As Aplica-ções, na minha opinião, deveriam surgir quer nas aulas teóricas, quer nas aulas práticas. Um primeiro problema: como muitos alunos acabam por não assistir regularmente às aulas teóricas, fequentemente perde-se a transmissão de conceitos-base. Acresce a esta questão a jus-tificada exigência de obtenção de Frequência, que leva os alunos a assistir às aulas práticas, inde-pendentemente da assistência às aulas teóricas, com a dificuldade acrescida resultante da falta de bases. Como resolver esta dificuldade? Ocorrem-me duas possibilidades: o (difícil) controlo de pre-senças nas aulas teóricas, com exigência de um número mínimo de aulas frequentadas, ou a pas-sagem a aulas teórico-práticas, o que, em geral, se traduziria num acréscimo de custos. Um segundo problema reside nas Aplicações, muitas vezes com pouco destaque. Interrogo-me se os programas (clássicos) adoptados e as car-gas horárias (possíveis, face às sucessivas redu-ções em reformulações curriculares) permitirão ilustrar devidamente a aplicabilidade das maté-rias estudadas e, assim, seduzir, ou “recompen-sar” os alunos... Um terceiro problema corresponde à insu-ficiente Manipulação de conceitos. Com efeito, não é suficiente a assistência às aulas teóricas e às aulas práticas! Para uma aprendizagem ade-quada, um aluno deveria trabalhar as matérias leccionadas, fora das aulas. Infelizmente, apenas um reduzido número de alunos teve a sorte de ga-nhar hábitos de trabalho antes de entrar na Uni-versidade! O que podemos fazer ? Creio que não podemos desisitir e devemos recorrer aos TPC e, quando possível, a trabalho(s) (eventualmente de grupo) de aplicação dos conceitos a um contexto mais próximo da realidade. No contexto do reforço da aprendizagem con-tinuada ao longo do semestre, considero que a utilização de uma plataforma de ensino à dis-tância (por exemplo, o moodle) pode ser muito relevante. A experiência na docência de Investi-gação Operacional a diferentes cursos de Enge-nharia, com a utilização da plataforma moodle, foi muito gratificante. Em cada semana, abre-se um novo tópico que, para além de disponibilizar materiais de apoio às aulas teóricas e práticas da semana (ou da semana seguinte) inclui sem-pre uma actividade de apoio – nas 14 semanas, são disponibilizados 9 TPC e 5 Testes de Auto-Aferição. Cada actividade fica disponível apenas durante dois ou três dias, auto-corrige-se após

a submissão e permite ao aluno obter comentá-rios, que o ajudam a corrigir erros detectados. A utilização dos resultados correspondentes às primeiras submissões dessas actividades, como exigência para uma “avaliação por Testes”, face à alternativa “avaliação por Exame”, é um incen-tivo suficiente para garantir uma grande adesão. É interessante constatar a relação existente entre os resultados obtidos nas 14 actividades e o re-sultado final na unidade curricular. Termino, citando George Steiner, que, de modo eloquente, descreve o fascínio do ensino, constituindo uma fonte de inspiração para todo o Professor: “O pulso do ensino é a persuasão. O professor solicita atenção, concordância e, idealmente, di-vergência colaborativa. (...) Na persuasão, na so-licitação (...) verifica-se um inelutável processo de sedução, voluntário ou acidental. O Mestre dirige-se ao intelecto, à imaginação, ao sistema nervoso, ao íntimo do ouvinte. (...) Um mestre ca-rismático, um “profe” inspirado, toma nas suas mãos de um modo radicalmente “totalitário”, psi-cossomático, o espírito vivo dos seus alunos ou discípulos. Os perigos e privilégios são ilimita-dos.” in “As Lições dos Mestres”, Gradiva (2005).

Ruy Costa, Prof. Associado Dep. Matemática da FCT

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“BREVE ABORDAGEM AO POEMA ‘LIÇÃO SOBRE A ÁGUA’ DE ANTÓNIO GEDEÃO”

“Lição sobre a água”

Este líquido é água.Quando puraé inodora, insípida e incolor.Reduzida a vapor,sob tensão e a alta temperatura,move os êmbolos das máquinas que, por isso,se denominam máquinas de vapor.

É um bom dissolvente.Embora com excepções mas de um modo geral,dissolve tudo bem, ácidos, bases e sais.Congela a zero graus centesimaise ferve a 100, quando à pressão normal.

Foi neste líquido que numa noite cálida de Verão,sob um luar gomoso e branco de camélia,apareceu a boiar o cadáver de Oféliacom um nenúfar na mão

António Gedeão, Poemas Escolhidos, Lisboa: Edições João da Costa, 1996, 62

No poema “Lição sobre a água” de António Gedeão defrontamo-nos com uma descontinui-dade que, hoje em dia, resulta da clivagem pa-tente entre a cultura de raiz filológico-humanís-tica, por um lado, e, por outro, uma cultura lar-gamente influenciada pela evolução da ciência e da tecnologia. A “lição” que este poema encerra reside na clivagem epistemológica que subjaz a esta experiência de descontinuidade. A “lição” será, portanto, múltipla e polivalente, transpa-rente e turva, problemática e elucidativa: o todo suspenso na liquidez metamórfica inerente ao universo temático da água.

O texto constitui uma lição mas igualmente uma espécie de ciência metafórica. Na violenta aposição da máquina de vapor referida e o corpo flutuante de Ofélia, vislumbra-se uma máquina de vapor que produz, na semiose interna do poema, não apenas força locomotora, de acordo com as leis da termodinâmica mas igualmente ímpeto metafórico. Nas entrelinhas de uma ciência hi-dráulica que o poema comunica, infiltra-se uma hidráulica figurada, prenhe de destino: um des-tino, veiculado, na terceira estrofe, pela figura de Ofélia, amante malfadada do Príncipe Hamlet. Na mudez suicidária de Ofélia emerge uma ciência do interlúdio composta de ciência e sombra, de máquinas e metáfora, de termodinâmica e pathos trágico. Dado que toda a “Lição” se assenta na práxis de um processo de experimentação e verificação rigoroso, o poema de Gedeão efectua uma meta-morfose de paz epistemológica em desassossego discreto, em perplexidade cognitiva. Ofélia concentra no seu pathos todo um uni-verso da água. Sendo o seu destino o de se sub-meter irremediavelmente a um processo de dis-solução dentro de águas mortíferas, o seu retorno ao caos elementar completa a lição de Gedeão. O Poeta escolhe toda uma cosmologia da água de modo a exprimir uma semiose de desconsolo e desamparo: apanágio de todos os mares que re-velam a condição humana no instante dos seus múltiplos naufrágios.

Christopher Damien Auretta,Prof. Auxiliar do DCSA ([email protected])

Auto-retrato de António Gedeão

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“A importância do papel do professor como um agente de mudança, promovendo a compreensão e a tolerância, nunca foi tão óbvia como hoje. Ela, na verdade, tornar-se-á mesmo mais crítica no Século XXI”Jacques Delors, 1996

Vivemos numa época de expansão rápida do conhecimento e simultaneamente de especializa-ção; contudo, menciona-se quase sempre que, na sociedade do conhecimento e de globalização que estamos a construir, o generalista deve imperar na primeira fase da sua formação universitá-ria. Nas sociedades modernas, a importância da educação tem sido reiterada em muitos escritos, relatórios, estudos, discursos, declarações polí-ticas, etc; evocada como prioritária para muitos políticos e responsáveis institucionais, desco-nhecedores da etimologia e significado da palavra “prioritária” (“prior”, antes, algo que vem antes de tudo, com obrigatoriedade de estar comple-tada antes do resto avançar), a educação, antes de mais, deve proporcionar ao Homem a possi-bilidade dele se poder realizar como ser criativo, inatamente solidário e com a potencialidade de poder escolher.

O Homem é também um ser em metamor-fose e, por conseguinte, para formar este homem completo, a educação tem de ser global e perma-nente. Não se trata de adquirir de modo pontual conhecimentos definitivos e restritivos, aquisição tantas vezes motivada pela ideia de que um di-ploma cria o direito a um emprego dentro da qua-lificação correspondente, mas sim na perspectiva de que o conhecimento é hoje parte integrante e indispensável da cultura e que se deve estar preparado para, ao longo da vida, renovar um sa-ber em constante evolução, desabrochar na sua plenitude como indivíduo e como membro de uma colectividade, apresentar-se como inventor de técnicas, como alguém que alarga as fronteiras da sua compreensão, de si-mesmo, dos Outros e da Natureza que o rodeia, em suma, um criador e fazedor de sonhos. Enfim, o Homem Novo deve aprender a saber Ser, a ser capaz de compreender as consequên-cias globais dos comportamentos individuais e sobretudo assumir a solidariedade que compõe o destino da sua espécie, sempre numa busca de um pensar e sentir libertos das amarras que as instituições muitas vezes lhe pretendem impor e ainda estar consciente dos valores do pluralismo e da tolerância, inimiga voraz dos seus precon-ceitos. No olhar íntimo e pessoal na minha viagem interior como docente, no nosso sistema edu-cativo, o que mais me incomoda é sem dúvida o silêncio e a disponibilidade para o esqueci-mento. O silêncio: os alunos dizem pouco, tão pouco quanto possível; não querem parecer es-túpidos aos olhos do professor. Sabem que este os vai avaliar e consequentemente têm a percep-ção de que se parecerem estúpidos terão uma

UMA ORQUESTRA COM DISSONÂNCIA

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má nota; preferem, portanto, ficar em silêncio do que abrirem a boca e esclarecerem as dúvidas. A disponibilidade para o esquecimento: apesar de sabermos que os nossos estudantes tipicamente fazem colagens (“empinar”) para os exames, ra-pidamente pretendem “esquecer” uma maioria do conhecimento (testado) pouco tempo depois do exame. Deitam fora, com muito à vontade, no pri-meiro “caixote de lixo” que encontram, esse co-nhecimento sujeito a teste; muito provavelmente fazem-no porque no processo de transmissão – no aprender e no ensinar – não se foca o modo como o conhecimento é produzido, donde pro-vém, dando-se ênfase à utilidade (prática) desse conhecimento em detrimento da sua génese e evolução ao longo do tempo, subalternizando-se a compreensão, o quadro referencial teórico dos formandos, e o pouco uso de fontes primárias que auxiliarão a “aprender” como as questões cientí-ficas são solucionadas; muito do saber é dado em pacotes de “conhecimento acabado”, dogmatica-mente afirmado, pacote que deve ser aplicado em alguns exemplos práticos. Outros incómodos serão a retenção, a desis-tência e o insucesso e, no que respeita a este úl-timo, é difícil entender um sistema que permite ao discente se inscrever num número de anos duplo ou triplo do que os necessários para completar a formação a que se propõe; não é apenas per-mitir e colaborar num desperdício de tempo num período da juventude; é tão-só tornar o discente inconsciente da sua responsabilidade perante si-mesmo e tornar passiva a possibilidade de esco-lha que deve possuir, uma das características a desenvolver no seu processo de maturação. Ainda na minha qualidade de docente I have a dream…. I have two dreams: o primeiro, é que

o discente possa, no futuro próximo, ter um pa-pel na construção da sua própria formação, algo que o sistema actual não permite devido à rigidez curricular existente nos vários graus de ensino; o outro sonho, é que o conhecimento possa ser transmitido na sala de aula como se verdadeira-mente estivéssemos na presença de uma orques-tra: os instrumentalistas, conhecedores da par-titura devem ser conduzidos (aliás etimologica-mente, educar é conduzir!) por um maestro, num verdadeiro diálogo, de partilha de paixões, de fra-gilidades, de entusiasmo sonante e contagiante com um público maior que é a sociedade no seu todo. Hoje, na sala de aula, temos ainda maestros sem batuta, pois esta parece ser desnecessária porque apenas ele conhece a partitura. Nas Cartas a um Jovem Poeta, em resposta ao jovem hesitante indagador, Franz Xavier Ka-ppus, relativamente à qualidade dos seus versos, Rainer-Maria Rilke pergunta-lhe antes para pro-curar a razão que o impele a escrever, arrema-tando: “pergunte-se a si próprio se morreria caso fosse impedido de escrever”. Apesar da pouca importância dada a este género de literatura nas sociedades modernas, “Morreria se não escre-vesse?”, eis a questão. Apesar da pouca impor-tância (em particular, os governos actuais, pelo menos o nosso) dada à profissão de professor, eis a questão: “Morreria se não ensinasse, apren-desse e investigasse?”.

A.M. Nunes dos SantosProf. Catedrático do DCSA [email protected]

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REPOSITÓRIOS INSTITUCIONAIS E ACESSO LIVRE AO CONHECIMENTO Os Repositórios Institucionais são sistemas de informação que servem para armazenar, preservar e difundir os resultados da investigação científica de uma dada instituição. Podem ser criados e mantidos de forma individualizada ou por grupos de instituições que trabalhem numa base cooperativa. Os autores po-dem publicar os seus trabalhos em revistas de acesso livre, ou nas revistas comerciais habituais, fazendo o auto-arquivo no repositório da sua instituição.Mandatos de Acesso Livre Em Março de 2008, o Conselho da European Uni-versity Association1 (EUA) aprovou por unanimidade as recomendações do seu Grupo de Trabalho sobre Open Access que salientam, entre outras, a impor-tância das instituições de ensino superior adoptarem políticas que promovam o auto-arquivo e facilitem a disponibilização da sua produção científica em repo-sitórios institucionais. Na sequência das recomen-dações feitas pela EUA, diversas instituições imple-mentaram os designados mandatos. Estes mandatos reúnem um conjunto de políticas que promovem o ar-quivo e o acesso livre dos documentos, após a sua pu-blicação, em repositórios institucionais. São exemplo de instituições europeias que adoptaram um mandato de acesso livre2 a Universidade do Minho, a Universi-dade de Southampton e a Universidade Carlos III de Madrid. Destacam-se, também, os mandatos ameri-canos do MIT e da Harvard University.

RCAAP Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal Na sequência destes acontecimentos foi apresen-tado, em Dezembro de 2008, o RCAAP (Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal). O RCAAP é uma iniciativa da UMIC – Agência para a Sociedade do Conhecimento e da FCCN – Fundação para a Compu-

tação Científica Nacional com a colaboração da Uni-versidade do Minho. O portal RCAAP tem como objec-tivos a recolha, agregação e indexação dos conteúdos científicos em acesso livre existentes nos repositórios de instituições de ensino superior participantes. Os repositórios para fazerem parte deste projecto têm de apresentar alguns requisitos entre os quais: estarem em conformidade com o protocolo OAI-PMH (Open Archives Initiative Protocol for Metadata Harvesting); usarem um identificador persistente para cada docu-mento (Handle System) e um standard de metadados (Dublin Core). Estes requisitos permitem a interope-rabilidade entre os repositórios através da recolha dos metadados de cada registo. Assim, ao fazer uma pesquisa neste portal beneficia de mais de 20 000 do-cumentos em texto integral de 14 instituições de en-sino superior nacionais.

Repositório Institucional da UNL - RUN A Universidade Nova de Lisboa, através da Facul-dade de Ciências e Tecnologia (FCT), integrou o grupo piloto de repositórios institucionais que fazem parte do RCAAP. O Repositório Institucional da Universi-dade Nova de Lisboa - RUN - (http://dspace.fct.unl.pt) surgiu na sequência do alargamento do Repositório Digital da FCT a todas as unidades orgânicas da Uni-versidade, aquando da decisão do Colégio dos Direc-tores no início de 2009. O RUN surgiu na sequência de iniciativas promovidas por departamentos, centros de investigação e serviços da FCT. Em 2006 a UIED (Uni-dade de Investigação Educação e Desenvolvimento) deu inicio a um processo de arquivo e disponibilização em formato digital das teses desta unidade. Em 2007 uma parceria entre o Laboratório de E-learning e o Centro de Documentação e Biblioteca (CDB) permitiu congregar vários projectos de repositórios existentes na FCT num projecto conjunto. Desde 2008, o CDB e o Laboratório de E-learning têm coordenado a defini-ção da política do Repositório Institucional da UNL, a produção de conteúdos de apoio, a formação de uti-lizadores e a gestão e administração do sistema. Os objectivos do repositório são: organizar de forma sis-temática os materiais resultantes da produção cientí-fica e técnica da UNL; contribuir para dar visibilidade e aumentar o impacte da investigação desenvolvida na UNL; permitir o acesso através da Web à produ-ção científica e técnica produzida na UNL; preservar a memória do trabalho científico e técnico da UNL e participar activamente, enquanto parceiro, no esforço

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conjunto da comunidade científica nacional e interna-cional, no domínio do acesso livre a repositórios ins-titucionais. Os conteúdos que integram o repositório são essencialmente: artigos publicados, dissertações de mestrado, teses de doutoramento, livros, capítulos de livros, documentos de conferências, trabalhos em eventos ou palestras, relatórios, patentes e anotações a decisões jurisprudenciais.

Direitos de autor e arquivo no RUN Os direitos de autor dos documentos arquivados no repositório em momento algum são retirados aos autores ou às editoras que os detenham. Apenas é pedido aos detentores dos direitos de autor que fa-cultem à UNL o direito de preservar e distribuir di-gitalmente o documento através do repositório. Para teses e dissertações o arquivo é obrigatório, podendo os autores escolher os termos de disponibilização definidos através da declaração de autorização3. Para documentos publicados em editoras ou revistas inter-nacionais é aconselhada a consulta da base de da-dos do projecto SHERPA/RoMEO4 que informa qual a política de cada editora ou revista para documentos arquivados em repositórios institucionais, através de um código de cores.

Auto-arquivo e impacte das citações Os benefícios que advêm da prática do auto-arquivo são cada vez mais reconhecidos em diversos estudos. Stevan Harnard5 (2008) menciona que o Acesso Li-vre maximiza o progresso na investigação através do auto-arquivo em Repositórios Institucionais e através de mandatos de auto-arquivo em Universidades. Um desses benefícios é o impacte das citações de publi-cações em acesso livre como concluem estudos6 das Universidades de Harvard, Stanford, Loughborough entre outras.

Num futuro próximo é nosso objectivo fazer a divulgação do Repositório Institucional da UNL nos vários departamentos das unidades orgânicas e pro-mover sessões de formação de utilizadores porque o quadro das publicações científicas está a mudar e para acompanharmos essa mudança torna-se es-sencial que os investigadores estejam informados e participem. Se estiver interessado em auto-arquivar as suas publicações no Repositório Institucional da Universidade Nova de Lisboa – RUN – (http://dspace.fct.unl.pt) contacte o Centro de Documentação e Bi-blioteca através do email: [email protected]

Clara Parente [email protected]

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1 European University Association (EUA), consultado em Maio de 2009 de http://www.eua.be/index.php?id=1

2 ROARMAP, consultado em Maio de 2009 de http://www.eprints.org/openaccess/policysignup/

3 CDB (2009). Declaração de autorização. Consultado em Maio de 2009 de http://moodle.fct.unl.pt/file.php/1423/varios/Declara-cao_autorizacao_teses_REP.pdf

4SHERPA/RoMEO, consultado em Maio de 2009 de http://www.sherpa.ac.uk/romeo/

5 Harnard, Stevan, (2008). Optimizing and integrating open access mandates. Consultado em Maio de 2009 de http://confoa08.sdum.uminho.pt/apresentacoes/stevan_harnard_portugal.pdf

6 The effect of open Access and downloads (‘hits’) on citation im-pact: a bibliography of studies. Consultado em Maio de 2009 de http://opcit.eprints.org/oacitation-biblio.html

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REHABILITA 08 A arquitectura de reabilitação foi tema de uma outra exposição que esteve patente na Sala Multiusos da Biblioteca da FCT, entre Janeiro e Fevereiro. A REhabilita08 é uma exposição itinerante sobre reabilitação de construções de carácter industrial em espaço português e espanhol. A Mostra chegou à FCT por iniciativa da Biblioteca e do Ayuntamento de Plasencia, depois de já ter es-tado em Badajoz, Castelo Branco e Portalegre. O objectivo da REhabilita08 foi, por um lado, o de abordar o problema da perda de património edificado, em particular da destruição de edifícios emblemáti-cos industriais e, por outro, debater e reflectir sobre modelos arquitectónicos reflexos de uma época em que o processo de industrialização interferia/interac-tuava com o espaço urbano ou natural. Esta exposição representou a abordagem de um tema que ainda não tinha sido trazido à Biblioteca da FCT e que serviu, na opinião do seu Director, José Moura, de lançamento do debate/reflexão para a re-qualificação, de forma sustentável, do Campus da Fa-culdade.

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EXPOSIÇÃOACTOS COMPULSIVOS DE COMUNICAÇÃO ENTRE BACTÉRIAS E HUMANOS A Biblioteca do Campus de Caparica teve patente uma exposição de Ana Leonor, reveladora do universo criativo, muito sui generis, desta artista plástica. A estranheza, por assim dizer, começa logo no título: “Actos Compulsivos da Comunicação entre Bactérias e Humanos”. O Director da Biblioteca assume que foi um grande desafio, mas ao mesmo tempo “ a oportunidade de mostrar um tema/instalação/exposição única, dife-rente” e que, por isso mesmo, provocou nas pessoas sentimentos muito diversos, não deixando ninguém indiferente. A exposição resultou da investigação que a pró-pria artista tem vindo a fazer sobre bactérias, consi-derando por isso que este foi o local – onde também se estudam as bactérias – apropriado para expor o seu trabalho. Da mesma opinião é José Moura, segundo o qual, “o tema, largamente abrangente, não podia encontrar melhor envolvente (…) as bactérias, os hu-manos, o problema científico, o tema e a proposta, a interrogação científica interpenetram o mundo da ciência e da arte, e alertam-nos para a complexidade dos problemas que a ciência enfrenta, precisando de recorrer à interdisciplinaridade”. A exposição “Actos Compulsivos de Comunica-ção entre Bactérias e Humanos”, que esteve patente entre 26 de Fevereiro e 27 de Março, foi apresentada em colaboração com a VPF Rock Gallery e a Casa da Cerca – Centro de Arte Contemporânea, de Almada.

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2 ARQUITECTOS 2 PINTORES A mais recente proposta da Biblioteca da FCT/UNL foi a exposição “2 Arquitectos 2 Pintores”, da au-toria de Rosário Ribeiro e José Moura-George. Os dois artistas não se conheciam, mas aceitaram o desafio de realizarem uma exposição em comum. Por uma feliz coincidência, segundo José Moura, director da Biblioteca, 2 Arquitectos que “pintam” ou 2 Pintores que “arquitectam” entenderam-se numa confluência cromática com e sem contornos defini-dos, do abstracto ao figurativo sugerido. O próprio espaço de exposição foi comissariado e transformado pelos próprios artistas. Inaugurada a 16 de Abril, a exposição “2 Arquitec-tos 2 Pintores” esteve patente ao público até ao pas-sado dia 3 de Junho.

“UMA CARTA COREOGRÁFICA” Na sala multiusos da Biblioteca está em exposi-ção “Uma carta coreográfica”. Trata-se de uma exposição da coreógrafa Mada-lena Vitorino, em resposta a um convite da Direcção--Geral das Artes. A ideia foi a de criar uma exposição sobre dança, para um público vasto e transversal, que pudesse percorrer o País e apresentar-se em múlti-plos locais e instituições. O resultado foi uma exposição em forma de carta. O que esta carta propõe é uma visita a um conjunto de corpos, com idades, em situações e condições dife-rentes, através da linguagem da fotografia, da pintura e do desenho, que celebram a sua existência. Para essa celebração criou-se um grande mapa com nove painéis. Cada um deles ilumina um ponto de vista sobre o corpo. A seguir a estes nove painéis, ha-verá outros nove que falarão do movimento do corpo quando este se transforma em dança. Esta exposição divide-se, assim, entre duas esta-ções: saltando do sítio da terra, do corpo como adivi-nha, para o lugar da dança, a dança como fábula. A visitar até dia 3 de Outubro.

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“A rEvolução Darwiniana” na FCT Celebram-se neste ano de 2009 os 200 anos do nascimento do naturalista inglês Charles Darwin e os 150 anos da publicação da sua obra seminal A origem das espécies [On the origin of species]. Numa iniciativa do Departamento de Ciências da Vida (DCV) em colaboração com o Departamento de Ciências Sociais Aplicadas (DCSA) e com o apoio da Biblioteca UNL no Campus de Caparica (CDB), a FCT associou--se às comemorações que têm lugar um pouco por todo o Mundo para celebrar o génio de Darwin e as suas ideias revolucionárias sobre a Evolução biológica com o evento “A rEvolução Darwiniana”, que decorreu durante os meses de Março e Abril de 2009. Esta reflexão sobre o impacto da vida e obra de Darwin e das suas ideias, no seu tempo e na actualidade, e sobre a sua abordagem científica e o seu exemplo de homem de ciência, pretendeu não só contribuir para divulgar a Evolução como conceito unificador da Biologia e mostrar a sua importância para a sociedade, como também esclarecer e desmistificar temas científicos muitas vezes mal interpretados ou distorcidos. Esta iniciativa combinou actividades de âmbito diverso, com destque para um ciclo de conferêcias/debate em que foram convidados professores e investigadores de várias instituições para partilhar e discutir temáticas relacionadas com Darwin e a Evolução:Tema 1 - “Darwin: o homem e o naturalista” teve como palestrantes Palmira Fontes da Costa e António Manuel Nunes dos Santos (DCSA, FCT-UNL) e moderação de Fernando Catarino (Professor Jubilado da FC-UL).

Tema 2 - “A evolução como ideia” teve como palestrantes Dora Batista (Centro de Biologia Ambiental, FC-UL) e Ana Leonor Pereira (Faculdade de Letras da Univ. Coimbra; CEIS20), e moderação de José Paulo Sampaio (DCV, FCT-UNL).Tema 3 - “A evolução de facto” teve como palestrantes Octávio Mateus (DCT, FCT-UNL; Museu da Lourinhã), Álvaro Fonseca (DCV, FCT-UNL) e André Levy (Unidade de Investigação Eco-Etologia, ISPA), e moderação de José Moura (DQ, FCT-UNL).Tema 4 - “Ciência e crença: uma ligação perigosa?” teve como palestrantes Luís Archer (Professor Jubilado FCT-UNL), Olga Pombo (Centro de Filosofia das Ciências, FC-UL) e Ludwig Krippahl (DI, FCT-UNL), e moderação de A. M. Nunes dos Santos (DCSA, FCT-UNL). Os podcasts de todas as conferências-debate, produzidos pelo Laboratório de e-learning da FCT, estão disponíveis em http://eventos.fct.unl.pt/darwin2009/confer.html. A iniciativa incluiu também uma exposição de posters correspondentes a uma selecção de trabalhos de alunos da FCT das disciplinas de Introdução à Biologia (Tema: “A revolução Darwiniana numa perspectiva científica actual – evolução de Genes e Genomas”) e História da Ciência (Temas: “Os antecedentes da revolução Darwiniana – até 1859” e “As consequências da revolução Darwiniana – depois de 1859”), a instalação “In the House”, que pretendeu recriar o ambiente do gabinete de Charles Darwin concebida por cinco jovens artistas, ex-alunos da Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa e uma instalação exterior executada pela empresa “Formiga Luminosa – Construtora de Imagem ®”. Decorreram ainda uma mostra de livros e vídeos relacionados com Darwin e a Evolução e a representação de duas peças de teatro: “O professor de Darwin” pela A Barraca, com encenação de Hélder Costa; e “Conferência de um macaco” (a partir de “Relatório a uma Academia” de Franz Kafka) pela Causa AC, com encenação de Amândio Pinheiro. O sucesso destes eventos espelhou-se na adesão do público e foi, em grande medida, o resultado de um trabalho de conjunto que incluiu docentes do DCV e do DCSA, o Director da Biblioteca e membros da equipa do CDB, a que se juntaram contribuições de vários serviços da FCT.

Álvaro Fonseca e Ana Madalena LudoviceProfessores Auxiliares do Departamento de Ciências da Vida

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Os artistas na Instalação “In the House”

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10 ANOS DE SOLUÇÕES EM STOCK Fundada no final de 1999, a Soluções em Stock é uma empresa de consultadoria e equipamentos infor-máticos. Quase a completar dez anos de existência, resultou da vontade e da utopia de dois jovens alunos do curso de Engenharia de Produção Industrial: João Tiago e Eduardo Mendonça. Os dois, que já tinham deixado para trás o curso de Eng. Física, decidiram aventurar-se no mundo da informática. “ Éramos amigos, alunos do mesmo curso, dirigentes associa-tivos e muito “miúdos”, mas cheios de energia”, ex-plica João Tiago Iglésias, o único fundador que ainda se mantém na empresa. Mas, além da vontade de fazer coisas novas, pró-pria da juventude, o que os levou a criar uma empresa que em nada tinha a ver com a área académica esco-lhida? João Tiago diz que “ambos gostávamos muito de informática e detectámos algumas carências nessa área dentro da própria Faculdade”. O que é natural, se pensarmos que estamos a falar de há 10 anos atrás e em como a área da informática evoluiu desde então: “havia uma grande necessidade de apoio informático por parte de pessoal docente e não-docente, quer de helpdesk, quer de problemas mais complicados como, por exemplo, de administração de rede”. Além disso, constataram também que a Facul-dade tinha necessidade de comprar hardware e não tinha bons fornecedores. Então, a ideia foi dar solu-ções, quer a nível de serviços informáticos quer a ní-vel de hardware. Os primeiros tempos não foram fáceis, uma vez que não deixaram de estudar e ao mesmo tempo tinham uma empresa nova em mãos para gerir. Outro problema sério, diz João Tiago, “ é que não tínhamos dinheiro”. Contaram com dois importantes apoios: do Madan Parque (Parque de Ciência e Tecno-logia, associado à FCT/UNL) e da própria FCT, na al-tura dirigida por Leopoldo Guimarães. Mas, o grande impulso para o lançamento da empresa veio da Quí-mica e do apoio dado pelo Prof. Jorge Lampreia, com a assinatura de um contrato para gerir a estrutura informática deste Departamento, um dos maiores da Faculdade, que se mantém em vigor até hoje. Surge assim a Soluções em Stock. Pensada para suprimir as lacunas da FCT a nível informático, so-correndo-se de mão-de-obra da própria Faculdade. Entretanto, o “core business” alargou-se a outras

Faculdades com os mesmos problemas, mas a filo-sofia mantém-se basicamente a mesma. Ainda hoje, diz João Tiago “contratamos ao projecto, à tarefa, e assim conseguimos mão-de-obra altamente qualifi-cada para cada tipo de trabalho que executamos”. E isso verifica-se, de uma forma geral, dentro da Facul-dade. E a verdade é que a empresa conseguiu alguns estagiários de grande qualidade, dois deles até são hoje sócios: Mário Castela, ex-colega de Engenharia Física, que era contratado à peça quando tomou a po-sição do outro fundador, Eduardo Mendonça, que saiu para fazer carreira na sua área académica e Pedro Marques, colaborador há oito anos, que ao revelar-se um elemento de um enorme valor, foi convidado, há cerca de quatro, para sócio da empresa. Ao fim de 10 anos de existência, a Soluções em Stock continua a manter uma estrutura física muito reduzida. Além dos três sócios, apenas mais duas pessoas dão apoio, uma a nível administrativo e de gestão e outra a nível técnico. João Tiago reconhece, contudo, que a capacidade instalada não é a ideal e, embora sabendo que este não é momento mais apropriado, gostava de expandir a empresa a nível de quadros. Precisamente, devido à crise, a empresa encon-tra-se actualmente numa fase de mudança de estra-tégia. Se, inicialmente, as universidades eram o seu mercado preferencial, problemas de burocracia e di-ficuldade nos pagamentos de facturas levaram-na a virar-se para o mercado privado. Porque, explica João Tiago, “o Estado paga de facto muito tarde e isso cria problemas de gestão muito grandes”. Assim, a ideia é passar para o sector privado o know-how adquirido, ao longo destes anos, no sector público. João Tiago prevê que esse período de transição esteja concluído dentro de alguns meses, para que, no início do próximo ano, a empresa consiga crescer e aumentar a sua capacidade instalada. Uma das necessidades mais prementes é a da mudança de instalações, uma vez que as actuais são provisórias desde que a empresa foi fundada. A solução ideal passaria pela mudança para o novo Madan Parque, até porque a empresa não gos-taria de perder os laços que tem à Faculdade. João Tiago considera muito importante a ligação à univer-sidade porque “possibilita a troca de know-how, de informação e potencia o surgimento de ideias novas e mesmo de oportunidades”.

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João Tiago Iglesias fundador da Soluções em Stock

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Desenvolver novos materiais interactivos é o ob-jectivo de um projecto de investigação que está a ser desenvolvido pela YDreams em parceria com investi-gadores da FCT/UNL. Chama-se “YInvisible” e, além da YDreams, que lidera o projecto, estão envolvidos o Grupo de Fotoquímica e Química Supramolecular (FOT) e o Centro de Investigação de Materiais (CENIMAT) da FCT/UNL, assim como diversas empresas portuguesas. Tecidos com imagens dinâmicas, papel onde sur-gem desenhos ou uma camisola que muda de cor, são algumas das aplicações da tecnologia YInvisible. Contudo, o objectivo é ir mais longe e desenvolver pro-dutos interactivos não convencionais em diferentes materiais. Segundo o Doutorando Carlos Pinheiro, que tem estado plenamente envolvido neste projecto, o tra-balho já realizado “provou ser possível aplicar a nossa tecnologia em materiais como as folhas de acetato, ce-râmicas e papel. Com o conhecimento adquirido nes-

tes substratos ambicionamos expandir esta tecnologia para a madeira e cortiça”. Trata-se de trabalhar em materiais usados pela indústria portuguesa “na ten-tativa de oferecer inovação tecnológica nos produtos derivados destes mesmos materiais”. A tecnologia utilizada, explica este investigador do Grupo de Fotoquímica, é semelhante a uma pilha elec-troquímica, “simplesmente, em vez do tradicional zin-co e cobre usado nas pilhas dos manuais de química, usamos materiais electrocrómicos”. Estes materiais “têm a capacidade de mudar de cor quando estão su-jeitos a uma diferença de potencial e alteramos o seu estado de oxidação”. Na maioria dos casos, acrescen-ta, “uma voltagem de 1.5V (o mesmo que uma pilha comum pode debitar) é suficiente”. Carlos Pinheiro faz questão de salientar que “esta tecnologia, por si só, não é nenhuma invenção”, uma vez que já em 1929 foi registada a primeira patente so-bre este assunto. Aquilo que, hoje em dia, garante a diferenciação é a “optimização da performance quer na utilização de no-vos compostos ou de novos desenhos de dispositivos”. Além das aplicações já referidas, este investigador antevê numerosas possibilidades para esta tecnologia que permite transmitir mensagens tendo por base as variações de cor. Assim, diz Carlos Pinheiro, se tivermos em conta que vivemos “rodeados de informação visual: semáfo-ros, luz de stop dos carros, piscas dos carros, sinais rodoviários, horários dos transportes públicos...Com esta tecnologia podemos incorporar esta informação em novos materiais, meios e facilitar assim o acesso à informação evoluindo para uma sociedade de compu-tação ubíqua”.

YDREAMS E INVESTIGADORES DA UNL DESENVOLVEM NOVOS MATERIAIS INTERACTIVOS

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Tabuleiro de fast food com aplicação lúdica baseada na tecnologia “YInvisible”

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MIRAGAIA LONGICOLLUM, O NOVO DINOSSAURO PORTUGUÊS Miragaia longicollum é o nome de mais um novo dinossauro estegossauro na Lourinhã que aumenta o número existente em Portugal e coloca o país em séti-mo lugar em maior número de espécies de dinossau-ros, algo surpreendente tendo em conta a área territorial. Os dinossauros estegossauros são normalmente identificados pelas suas placas no dorso, espinho na cauda, membros pequenos e pescoço curto. Contudo, este novo estegossauro com 150 milhões de anos sur-preendeu os paleontólogos do Museu da Lourinhã, Uni-versidade Nova de Lisboa e Universidade de Cambridge pelo seu pescoço comprido. Ainda que o pescoço de cerca de metro e meio do Miragaia longicollum possa parecer pequeno, quando comparado com o dos gigan-tes saurópodes, as 17 vértebras cervicais representam mais cinco do que as do Stegosaurus e mais dez do que a girafa – sendo mesmo o número mais alto entre todos os dinossauros não-avianos. Miragaia longicollum é um dinossauro herbívoro quadrúpede semelhante ao Stegosaurus. Inicialmente julgava-se tratar-se da espécie Dacentrurus armatus que também existia em Inglaterra, França e Espa-nha, mas recentemente reconheceu-se tratar-se de uma nova espécie. Descoberto em Miragaia, perto da Lourinhã, foi recolhido o mais completo exemplar que compreende a metade anterior do esqueleto, incluindo parte do crânio, o primeiro na Europa para este grupo de animais. Os crânios são muito raros e difíceis de en-contrar pois desagregam-se com facilidade e não fos-silizam tão facilmente. A reconstituição do esqueleto completo está em exposição no Museu da Lourinhã. Não existe nenhuma linhagem evolutiva directa entre este dinossauro e as girafas ou de qualquer outro mamífero, portanto, o longo pescoço evoluiu indepen-dentemente através de diferentes estratégias evoluti-vas em vários animais: Miragaia longicollum, plesios-sauros, cisnes, e dinossauros saurópodes têm muitas vértebras no pescoço, enquanto que as girafas têm apenas sete vértebras, embora invulgarmente longas. Mas o que levou este estegossauro a evoluir para um pescoço comprido? Os paleontólogos levantam duas hipóteses: a competição com outros dinossauros

leva a explorar áreas de alimentação menos usadas por outros herbívoros ou a selecção sexual, em que os indivíduos de pescoço maior seriam mais facilmente seleccionados pelos parceiros. Apesar de ser o exemplo clássico de evolução darwiniana, mesmo para as modernas e bem estudadas girafas, existem resultados dúbios sobre a razão evo-lutiva do pescoço longo: alguns estudos sugerem que as girafas evoluíram o seu longo pescoço através de selecção sexual, enquanto outros sugerem que o po-sicionamento no nicho ecológico foi o principal meca-nismo evolutivo. Em animais fósseis com 150 milhões de anos fóssil é ainda mais difícil determinar a cau-sa. Caracteres sexuais secundários são muitas vezes características anatómicas ou comportamentais que reduzem hipóteses de sobrevivência, mas aumentar a probabilidade de selecção sexual pelo parceiro, como cores intensas, longas caudas, chifres exagerados e, eventualmente, longos pescoços. O alongamento do pescoço ocorreu por dois proces-sos evolutivos: pela adição de mais vértebras do pescoço e pela cervicalização, isto é, a transformação de vérte-bras do dorso em pescoço. O aumento no comprimento e número de vértebras do pescoço deste dinossauro de-monstra a evolutiva flexibilidade dos dinossauros e sua capacidade de se adaptar às mudanças. O Miragaia longicollum e outros estegossauros eram quadrúpedes herbívoros com uma fileira de pla-cas e espinhos ao longo do corpo, desde o pescoço até à cauda. A defesa era concedida pelos dois pares de longos espinhos na cauda. O comprimento total do corpo era de cerca de 6 metros de comprimento e cer-ca de 2,5 m de altura. A pequena cabeça tinha dentes minúsculos adap-tados para cortar vegetação. Sabemos pouco sobre o seu comportamento: es-tamos ainda a descobrir se eles viviam em grupos ou sozinhos, como ninho e reproduzir, e ainda como foi a sua fisiologia. Neste estudo identificou-se não só uma nova espé-cie e género, mas também um novo grupo (equivalente a uma subfamília) de dinossauros: os Dacentrurinae. O nome Miragaia longicollum tem duplo signifi-cado: se por um lado Miragaia é a povoação perto da Lourinhã, onde foi descoberto, também significa “bela Gaia” (deusa da Terra), de pescoço longo.

Octávio MateusInvestigador da FCT/UNL e director do Museu da Lourinhã

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Octávio MateusRéplica do Miragaia Longicollum

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INVESTIGAÇÃO & EDUCAÇÃO Para iniciar...

Uma parte da Investigação em Educação permite examinar as crenças com que correntemente interpre-tamos alguns fenómenos educativos nas vossas vidas quotidianas. Por vezes estes resultados de pesquisa científica confirmam e fundamentam as nossas ideias prévias, mas outras vezes conduzem a desmontar ideias correntes que não encontram sustentação no quadro do trabalho científico. Para ilustrar esta afirma-ção recorremos aos resultados de projectos de inves-tigação recentemente desenvolvidos na UIED (Unidade de Investigação em Educação) sobre o ensino superior português.

Quais são as dificuldades de inserção profissional dos diplomados de ensino superior?

Nos últimos anos as situações de diplomados de ensino superior que, na ausência de outras oportuni-dades de emprego, se vêm obrigados a trabalhar como “caixas de supermercado” ou noutras ocupações para as quais são claramente sobre-qualificados têm sido recorrentemente divulgadas pelos meios de comu-nicação social. Este tipo de reportagens jornalísticas deixa transparecer a ideia de que um diploma superior hoje “não vale nada”, contribuindo para difundir a ideia entre os cidadãos de que as situações de desemprego e de emprego precário assumem proporções alarman-tes entre os diplomados de ensino superior. Ora, estas ideias correntes não são de modo al-gum confirmadas pelos resultados de investigação que vêm sendo produzidos por vários investigadores sobre esta temática, designadamente na UIED. Com efeito, os indicadores estatísticos demonstram que, quer em Portugal quer nos 27 países da União Europeia, a pro-babilidade de um indivíduo se encontrar sem emprego diminui à medida que aumenta o nível de escolaridade que esse indivíduo atingiu. Ou seja, é entre os diplo-mados de ensino superior que menos desempregados existem, por comparação com os grupos de diploma-dos de níveis de escolaridade inferiores. Contudo, como é evidente, a questão não se colo-ca apenas em termos de emprego/desemprego, mas também no plano da correspondência entre formação académica e ocupação profissional desempenhada.

Apenas no ano de 2001 foram recolhidos dados sobre estas matérias a nível nacional e seguindo procedimen-tos que permitem considerar a amostra inquirida esta-tisticamente representativa. Os resultados indicam que a grande maioria dos diplomados empregados consi-dera que a actividade profissional que desmepenha se relaciona com a área em que completou o curso, com ligeiras variações consoante as áreas disciplinares de formação. Estas mesmas tendências de resposta vêm sendo encontradas nos estudos que diferentes univer-sidades e institutos politécnicos têm concretizado, de modo a conhecer os percursos após a licenciatura dos seus diplomados (são exemplos as Universidades de Aveiro, Lisboa e Minho ou o Politécnico de Beja). No caso da Universidade Nova de Lisboa não existe uma acção sistemática de recolha e análise de dados sobre inserção profissional de diplomados, existindo estudos isolados conduzidos por investigadores que trabalham na área na Faculdade de Ciências e Tecnologia e na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas. Em síntese, os resultados das várias investigações têm indicado que as dificuldades em encontrar empre-go ou em encontrar emprego numa área relacionada com a formação académica não assumem a expressão massiva que tantas vezes se lhes atribui, nem parecem ser as mais significativas no período de inserção pro-fissional. Porém, os estudos que vêm sendo realizados re-gularmente em algumas universidades (por exemplo Universidades de Aveiro e Lisboa) permitem análises comparativas rigorosas e indicam claramente que se tem registado desde finais da década de 90 uma de-gradação progressiva das condições contratuais e renuneratórias do emprego dos diplomados. Ou seja, são claras as dificuldades que os diplomados enfren-tam em termos da sua estabilidade (designadamen-te contratual) no mercado de trabalho, bem como os próprios diplomados identificam nos vários estudos dificuldades que dizem respeito às competências ne-cessárias à integração e inter-relacionamento pessoal nas organizações de trabalho, bem como ao seu de-sempenho profissional. Num estudo, terminado em 2003, que abrangeu diplomados de todas as licenciatu-ras da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Univer-sidade Nova de Lisboa apontava-se exactamente neste mesmo sentido.

Qual o tipo de motivações que conduzem os indivídu-os a inscrever-se em mestrados e doutoramentos?

É do conhecimento comum que o número de pes-soas que se inscrevem e concluem mestrados e dou-toramentos no ensino superior tem vindo a aumentar

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progressivamente ao longo das últimas décadas. Nos anos mais recentes esta procura crescente por parte de populações cada vez mais jovens é muitas vezes explicada nos discursos correntes em função das di-ficuldades que estes experimentariam no mercado de trabalho, sendo interpretado o seu (re)ingresso no en-sino superior como uma alternativa ao desemprego e ao emprego em condições precárias. Os resultados obtidos no quadro de um projecto desenvolvido em equipa, financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia entre 2003 e 2006, inclui contributos que permitem questionar aquelas ideias correntes sobre as motivações que conduzem à pro-cura de formação de nível superior. O projecto foi de-senvolvido por uma equipa multidisciplinar em que colaboraram investigadores de diversas instituições de ensino superior (FCT/UNL, ISEG, FPCE/UL, UA) e de várias áreas disciplinares (Sociologia, Economia, Ciên-cias de Educação) que se interessam pela investigação de temas educativos. Através de técnicas de recolha de dados em extensividade e em profundidade, o pro-jecto permitiu caracterizar percursos, opções, opini-ões e representações de mestres e doutores e de do-centes do ensino superior em domínios disciplinares que incluem as Engenharias, a Economia e Gestão e as Ciências de Educação. Os resultados globais permitem questionar a no-ção de que o mestrado e o doutoramento são procu-rados, sobretudo, por indivíduos que não conseguem aceder a um emprego no mercado de trabalho actual. Do que se trata, aparentemente, não é de procurar aceder ao emprego, mas sim de desempenhar melhor o emprego1. Paralelamente a estas motivações profissionais, razões relacionadas com o desenvolvimento intelectual e a aquisição de conhecimentos são também de grande importância para os sujeitos para escolher mestrado e doutoramento. Tal parece revelar que as formações na universidade são procuradas por motivações relacio-nadas com a esfera profissional da vida dos indivíduos, mas também por elementos que traduzem uma valori-zação das instituições de ensino superior como espa-ços de aprendizagem e desenvolvimento pessoal. Um outro aspecto que os dados do projecto permi-tem questionar é o interesse e incentivo que as enti-dades empregadoras demonstram sobre o facto de os seus empregados frequentaram este tipo de formação. De facto, assumem um carácter de pouca ou nenhuma importância o incentivo e exigência das entidades pa-tronais para a frequência deste tipo de formação2, bem como o apoio financeiro destas mesmas entidades no pagamento de propinas.

Para finalizar...

Escolhemos referenciar brevemente alguns resul-tados de investigação que dizem respeito aos diploma-dos de ensino superior e ao modo com articulam as esferas da educação e do emprego. Trata-se de uma área em que as mudanças associadas ao Processo de Bolonha podem estar a introduzir mudanças mais ou menos profundas que importa continuar a analisar. Em diversos países europeus, incluindo Portugal, se constata um aumento das inscrições no ensino supe-rior nos últimos dois anos, bem como os estudantes de ensino superior parecem mais frequentemente combi-nar a frequência deste nível de ensino com o desem-penho de actividades profissionais com caráceter mais ou menos temporário e como maior ou menor proxi-midade com a sua área de estudos. Estas tendências, a confirmarem-se, deverão suscitar alguma alteração do perfil típico dos estudantes de ensino superior e, simultaneamente, um conjunto de desafios para as instituições nos planos organizativo e pedagógico.

Mariana Gaio AlvesProf.ª Auxiliar do DCSA

1 Salientamos que o inquérito foi realizado junto de diplomados que terminaram em 1995/96 e 2000/01 e que pode acontecer que este aspecto tenha sofrido alterações no caso dos sujeitos que mais recentemente ingressaram em mestrado e doutoramento. Na verdade, recorde-se que os coordenadores de mestrado as-sinalam que a média etária dos públicos dos respectivos cursos tem diminuído e tenha-se em conta também que o aumento das dificuldades de acesso ao emprego por parte dos diplomados de ensino superior nos anos imediatamente a seguir à conclusão da licenciatura podem induzir alguns a procurar continuar a sua formação através de mestrado e mesmo de doutoramento.

2 No caso dos doutores e da razão “exigências da entidade patro-nal” encontramos uma excepção à linha de argumentação que estamos a desenvolver, mas que facilmente se torna compreen-sível notando que a maioria dos doutores inquiridos eram antes do início do doutoramento docentes ou investigadores no ensi-no superior, pelo que quer a sua progressão na carreira quer a manutenção do seu emprego estão dependentes da obtenção do grau de doutor.

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Uma equipa do Departamento de Ciências e Enge-nharia do Ambiente da Faculdade de Ciências e Tec-nologia da Universidade Nova de Lisboa (Prof. Nuno Videira, Prof.ª Paula Antunes, Prof. João Farinha e Eng.º João Tomé) tem vindo a colaborar no desenvolvi-mento do Projecto PMEmas – Implementação Fasea-da do EMAS em Pequenas e Médias Empresas (PME), numa parceria com a Agência Portuguesa do Ambiente (APA). O objectivo principal deste projecto consiste em promover a crescente participação das organizações portuguesas no Sistema Comunitário de Eco-Gestão e Auditoria (EMAS). O EMAS é um instrumento de gestão ambiental de carácter voluntário, aplicável na União Europeia, diri-gido a todo e qualquer tipo de organização que preten-da avaliar e melhorar o seu desempenho ambiental, mantendo o público e outras partes interessadas in-formadas a esse respeito. As motivações subjacentes à adesão de uma organização ao EMAS são diversas. Desde logo, podem apontar-se factores estratégicos de natureza económica e ambiental. A necessidade de cumprir a legislação, cada vez mais exigente, a pers-pectiva de redução de custos por via de um aumento da eficiência ambiental dos processos, a melhoria da imagem junto da sociedade e a obtenção de ganhos de competitividade, são fortes motivos para uma organi-zação aderir a este instrumento. Uma organização que pretenda registar-se no EMAS deverá cumprir dois requisitos principais: a implementação de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) e a elaboração de um documento público sobre

Projecto PMEmasAVALIAÇÃO, COMUNICAÇÃO E MELHORIA CONTÍNUA DO DESEMPENHO AMBIENTAL NAS ORGANIZAÇÕES

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o seu desempenho ambiental – a Declaração Am-biental. Estes elementos deverão ser posteriormente verificados por auditores externos acreditados para o efeito. O SGA é a peça central do processo, consistindo na combinação de diferentes elementos (e.g. política ambiental, aspectos ambientais, objectivos e metas ambientais, procedimentos de controlo e gestão) que visam assegurar a melhoria contínua do desempenho ambiental da organização. No final de Março de 2009, encontravam-se regis-tadas no EMAS 4331 organizações a nível europeu, 79 das quais localizadas em Portugal (http://ec.europa.eu/environment/emas/index_en.htm). Apesar da ten-dência de aumento do número de registos, têm-se observado dificuldades na adesão das organizações ao sistema, sobretudo ao nível das PME. Neste sentido, o PMEmas surgiu com a missão de prestar assistência na implementação de SGA e promover a participação das PME portuguesas no EMAS. Numa primeira fase, aderiram voluntariamente a esta iniciativa 13 empre-sas do sector da indústria gráfica. A metodologia de-senvolvida no PMEmas assentou no faseamento do processo de implementação de SGA, adaptando-o às especificidades de cada sector de actividade. A equipa de projecto participou ainda no levantamento da legis-lação aplicável, na formação de responsáveis ambien-tais e no acompanhamento contínuo do processo de implementação nas empresas aderentes. Foi também criado um grupo técnico de acompanhamento, coor-denado pela APA, no qual participaram investigadores do DCEA-FCT-UNL e representantes de Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional, da Direc-ção-Geral da Empresa e associações sectoriais, de-signadamente a Associação Portuguesa da Indústria Gráfica, de Comunicação Visual e Transformadoras de Papel (APIGRAF). A missão deste grupo consistiu na avaliação do cumprimento dos requisitos estabeleci-dos para cada uma das fases de implementação dos

SGA das empresas aderentes. Até à data, cerca de 50% das empresas progrediu até à terceira das seis fases estabelecidas na metodologia, sendo que uma delas já completou o ciclo, tendo obtido recentemente o registo no EMAS – a SOCTIP, Sociedade Tipográfica, SA (Nº de registo PT-000084). Paralelamente, as equipas da FCT-UNL e da APA produziram um manual que visa disseminar a metodo-logia desenvolvida junto do universo das empresas do sector, constituindo um guia passo-a-passo que ilus-tra, com recurso a um extenso conjunto de exemplos práticos, as boas práticas na implementação do EMAS. Este primeiro manual produzido no âmbito do projec-to PMEmas – “Manual de Implementação do EMAS no Sector da Indústria Gráfica”, foi apresentado publica-mente no“1º Encontro das Organizações registadas no EMAS”, que decorreu na EXPONOR, no passado dia 5 de Junho (http://www.apambiente.pt/Instrumentos/GestaoAmbiental/emas/). Numa altura em que se prepara o alargamento do PMEmas a novos sectores de actividade, entendemos que a prossecução deste projecto tem proporcionado um vasto conjunto de benefícios, que se repercutem a diversos níveis, incluindo o enriquecimento do ensino destas matérias, designadamente no Curso de Mes-trado Integrado em Engenharia do Ambiente da FCT-UNL. Através de uma aposta na partilha e co-produção de conhecimento entre os diferentes intervenientes no processo – Universidade, Administração Pública e Empresas – o projecto PMEmas tem vindo, assim, a dar passos no sentido de investigar e testar novas me-todologias e ferramentas de avaliação, comunicação e promoção da melhoria contínua do desempenho am-biental das organizações.

Ruy CostaProf. Auxiliar do DCEA

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FCT/UNL ACOLHE “PARCERIAS INTERNACIONAIS

O auditório da Biblioteca da FCT/UNL acolheu uma reunião de trabalho que juntou pequenas e médias empresas (PME) e os responsáveis por pro-gramas que envolvem as parcerias internacionais, estabelecidas entre o Governo Português e universi-dades norte-americanas. Entre os programas existentes foram selecciona-das as parcerias Internacionais de Portugal com a Uni-versidade do Texas, em Austin (UT Austin), o Massa-chussets Institute of Technology (MIT) e a Universidade de Carnegie-Mellon (CMU). A sessão de abertura contou com presença do Secretário de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, do Reitor da UNL, do Director da FCT e de António Câmara, Professor desta Faculdade e Director Geral da YDreams e, também, organizador desta ini-ciativa. Na sua intervenção, o Professor Manuel Heitor es-tabeleceu como prioridades deste encontro a definição de áreas estratégicas e dos respectivos instrumentos, os quais serão tidos em conta pela Fundação para a Ciência e Tecnologia na escolha de futuras parcerias internacionais. Esta iniciativa fez parte da Semana Europeia das PME, que decorreu entre 6 e 14 de Maio e cujo objectivo foi o de promover o empreendedorismo, com destaque para as Pequenas e Médias Empresas que resultaram de investigação universitária ou que estão associadas a programas de investigação liderados por Universida-des. Na ocasião, a Comissão Europeia publicou uma brochura com o perfil de um empreendedor de cada um dos 33 países participantes. António Câmara, que é Director Geral do Programa UT Austin|Portugal foi um dos empresários destacados.

PRÉMIO SANTANDER TOTTA / UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA O Prémio de Mérito Científico Santander Totta/ Universidade Nova de Lisboa, que nesta edição foi atri-buído na área das Ciências Sociais e Humanas, distin-guiu os investigadores Duarte Brito, da Faculdade de Ciências e Tecnologia e João Vareda, da Faculdade de Economia. Pedro Pereira, economista da Autoridade da Concorrência, integra também a equipa de inves-tigação. O projecto vencedor, “The Economics and Re-gulation of Next Generation Networks”, visa estudar, nos próximos dois anos, diversos aspectos da regula-ção das Redes de Nova Geração, recorrendo a um mo-delo de concorrência entre empresas para responder a diversas questões relevantes neste contexto. Esta é a segunda edição do Prémio, que surge no âmbito do convénio de colaboração celebrado há cerca de três anos entre o Santander Totta e a UNL. O ob-jectivo é distinguir projectos de investigação liderados por jovens doutorados e fomentar a colaboração en-tre unidades orgânicas da UNL. O prémio, no valor de 25.000 euros, foi entregue no dia 12 de Fevereiro, numa cerimónia realizada na Reitoria da Universidade Nova de Lisboa.

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O director da FCT, o secretário de Estado Manuel Heitor, o reitor da UNL e António Câmara

Entrega do Prémio Santander Totta/UNL

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PRÉMIO NACIONAL TLeIA 2008 O Prémio Nacional de Tra-balhos de Licenciatura em Inte-ligência Artificial – TLeIA 2008 distinguiu Han The Anh, aluno da Faculdade de Ciências e Tecnolo-gia da UNL e Davide Carneiro da Universidade do Minho.Nesta 3.ª edição, e a título extra-ordinário, foram designados ven-cedores ex-aequo os trabalhos “Evolution Prospection”, da auto-ria de Han The Anh e “Virtual Assisted Living Environment”, de Davide Carneiro. Criado pela APPIA (Associa-ção Portuguesa para a Inteligên-cia Artificial) em 2006, no âmbito das comemorações dos 50 Anos da Inteligência Artificial, o Prémio TLeIA destina-se a laurear tra-balhos desenvolvidos por alunos no contexto de cursos de gradua-ção de 1.º e 2.º ciclos ou de ciclos integrados. Os trabalhos, que podem ser de cariz prático ou teórico, são avaliados por um júri constitu-ído por um grupo de cientistas da área da Inteligência Artificial, liga-dos à APPIA. Han The Anh é um estudante vietnamita do “European Master in Computational Logic” no Depar-tamento de Informática da FCT/UNL, sendo também membro do CENTRIA, Centro de Investigação em Inteligência Artificial da UNL. Esta é a segunda vez que um aluno da FCT ganha este prémio. O primeiro vencedor foi Gonçalo Lopes, em 2006.

A Faculdade de Ciências e Tecnologia da UNL foi palco da assinatura de dois protocolos entre a Sun Microsystems e os Ministérios da Educação, da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e do Trabalho e Segurança Social. Estes protocolos inserem-se no âmbito do Plano Tecnológico e visam a promoção da “Rede de Investigação da Sun Microsystems Portugal” e a extensão do programa “Investindo na sua carreira – Iniciativa Académica Sun” (IAS). Com a Rede de Investigação Sun Microsystems pretende-se promo-ver a colaboração entre laboratórios de investigação portugueses e os Sun Labs na Califórnia, assim como entre outros grupos de investigação de universidades norte-americanas. Com a duração de dois anos, esta cola-boração efectiva-se através do programa “Research Residences”, que pos-sibilitará aos investigadores portugueses visitar o Sun Labs por períodos de dois a quatro meses e, reciprocamente, a estadia de investigadores dos Sun Labs e de universidades norte-americanas em centros de investigação portugueses. O projecto IAS, que vai abranger cerca de 2 milhões de estudantes e professores portugueses, tem por objectivo desenvolver o conceito de “open learning”, disponibilizando formação on-line gratuita e de qualida-de. Pretende ainda promover a certificação dos estudantes portugueses em tecnologias altamente procuradas no mercado, facilitando assim a sua inserção profissional. Composto por cerca de 400 cursos on-line, este pro-grama abrange áreas relacionadas com a tecnologia Java, a administração do Sistema Operativo Solaris, o StarOffice, sistemas de armazenamento e servidores de competências profissionais. É a primeira vez na Europa que um programa destes se alarga a toda a população escolar de um país.

ESTADO PORTUGUÊS E SUN MICROSYSTEMS UNEM-SE NO DESENVOLVIMENTO DA SOCIEDADE DO CONHECIMENTO

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O ministro Mariano Gago também participou na assinatura dos protocolos com a Sun Microsystems

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LANÇAMENTO DO LIVRO MOODLE 1.9 MULTIMÉDIA Da autoria de João Pedro Soares Fernandes, foi recentemente editado, pela Packt Publishing, o livro “Moodle 1.9 Multimedia”. O livro tem como tema principal a integração de multimédia em cur-sos Moodle, usando como exemplo a construção de um curso sobre mú-sica (http://musicforaneverydaylife.com). A música foi escolhida como tema porque consegue reunir facilmente conteúdos de outras áreas, como as Línguas, a História, a Geografia ou as Ciências, tentando ser relevante para professores e formadores de várias especialidades. Uma das ideias principais é mostrar o multimédia no Moodle, não ape-nas como uma forma de melhorar a instrução, mas também de ajudar os alunos e formandos a construírem elementos multimédia no seu proces-so de aprendizagem, partilhando e discutindo com os colegas e avaliando entre si os seus resultados. Esta ideia está em consonância com a visão do Moodle como ambiente de aprendizagem, não apenas pela disponibili-zação facilitada de conteúdos educativos mas pelo envolvimento activo dos alunos em actividades significativas para o seu dia-a-dia.

Alguns exemplos de temas abordados no livro: - Criar e editar imagens, desenhos, capturas de ecrã, áudio, música e vídeo. - Integrar elementos multimédia no Moodle, em tópicos, recursos e actividades como fóruns, glossários, trabalhos etc. - Aprender os procedimentos básicos na criação de vídeos com equi-pamentos simples - Realizar download e publicação de vídeos em serviços de partilha na Web. - Criar elementos multimédia tais como mapas online, podcasts, diagra-mas, mapas de conceitos, linhas cronológicas, planos de construção usando ferramentas Web 2.0, integrando os resultados no Moodle. - Integrar elementos multimédia em testes e lições. - Interagir com os alunos em tempo real, usando ferramentas de co-municação síncrona e de partilha de ecrã. - Conhecer vários aspectos dos direitos de autor e segurança na Web.

João Fernandes, que se encontra actualmente a realizar o doutora-mento na área das Ciências da Educação em Inglaterra, no King’s College London, licenciou-se em Ensino de Ciências da Natureza pela FCT/UNL, tendo integrado a equipa Moodle@FCTUNL como bolseiro de investigação, até Dezembro de 2008.

NOVA PUBLICAÇÃO DO PROF. JACQUES EUZÉBY Através das edições Lavoisier, chega-nos mais um livro do Pro-fessor Jacques Euzéby, portador de renome internacional na sua especialidade. Trata-se do “Grand Dictionnai-re Illustré de Parasitologie Médi-cale et Vétérinaire”, uma grande obra, com mais de 800 páginas, 6 mil entradas e 500 ilustrações.Sendo essencialmente destina-do às profissões médicas – Médi-cos, Veterinários e Farmacêuticos – este “Grande Dicionário” pode também ser muito útil a Biólogos e Imunologistas, universitários e especialistas de instituições de in-vestigação. Com uma longa carreira acadé-mica de mais de 60 anos, Jacques Euzéby é Doutor honoris causa pe-las Universidades de Torino (Itália) e Temesvar (Roménia) ; Membro da “Academia Nacional de Medicina”, da “Academia Veterinária de Fran-ça” e da “Academia Real de Espa-nha” e Professor Emérito das Esco-las Veterinárias de França.

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ARTE PÚBLICA EM EXPOSIÇÃO Um dos espaços da Galeria Municipal de Arte de Almada acolheu uma mostra de Arte Pública do Concelho, com destaque para o Monumento aos Per-seguidos, obra do escultor Anjos Teixeira, de 1969. Trata-se de um conjunto de fotografias, da autoria de Mário Sousa, fotógrafo da FCT/UNL, que documen-tam a intervenção de conservação e restauro efec-tuada neste monumento, em 2008. Esta intervenção foi coordenada por Fernando Pina, Professor da Faculdade de Ciências e Tecnologia. O Trabalho foi executado por professores, alunos e colaboradores exteriores à Faculdade, bem como por funcionários da Autarquia.

JORNADAS TECNOLÓGICAS DA FCT/UNL Realizou-se, na primeira semana de Maio, mais uma edição das Jornadas Tecnológicas da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lis-boa – JORTEC 2009. Trata-se de uma iniciativa abran-gente, já que se destina a alunos, docentes, investiga-dores e empresas. O objectivo é dar a conhecer o que de melhor se faz nas diferentes áreas apresentadas: Informática, Elec-trotecnia, Gestão Industrial, Mecânica, Materiais, Ma-temática, Ambiente, Biomédica, Bioquímica, Química e Geologia. Em simultâneo, e como é também habitual, decor-reu a JobBShop 2009 – Feira de Emprego, Estágios e Bolsas da Faculdade de Ciências e Tecnologia da UNL. Com esta iniciativa pretende-se aproximar o mun-do empresarial e a FCT/UNL, através da promoção de perfis e competências dos seus diplomados, da divul-gação de oportunidades e projectos profissionais, do incentivo ao empreendedorismo e do desenvolvimento de competências de empregabilidade. As JORTEC tiveram a sua primeira edição há doze anos atrás, sendo na altura organizadas pelos alunos do 4.º ano de Eng. Química. Em 2006, a iniciativa foi alargada a todas as licenciaturas em Engenharia da Faculdade, nascendo assim o actual conceito das Jor-nadas Tecnológicas da FCT/UNL. Tanto as JORTEC como a JobShop são organizadas pela Associação dos Estudantes da FCT.

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Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa n.º8 | EntreTanto | Junho 2009

Inauguração da mostra de arte pública de Almada

Jobshop 2009

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Biologia Doutor Ricardo Pedro Moreira DiasDoutor Nuno Ricardo Furtado Dias Mendonça

BioquímicaDoutora Márcia Cristiana Martins Guilherme

BioorgânicaMestre Bruno Rodrigo da Conceição Vitoriano

Ciências da EducaçãoDoutora Maria Manuel Barbosa de SoveralMestre Fernando Luís Ferreira SantosMestre Leonor de Lemos Fernandes Dias TeixeiraMestre Maria Madalena Cardoso Falcoeiro Vieira

Ciências do AmbienteDoutor Eduardo Manuel Hipólito Pires Mateus

Conservação e RestauroDoutora Ana Luísa do Vale Fonseca Claro

Engenharia BiomédicaMestre Ana Luiza Barszczak SardinhaMestre Filipa Isabel Castelhano Belo

Engenharia CivilMestre João Pinto Mourão RodriguesMestre Tiago André Reis PereiraMestre Vanda Rute Nazário Neves TrindadeMestre João Pedro Calçada Maia dos SantosMestre Miguel Maria Sardinha de Oliveira de Sena EstevesMestre Sandra Sofia Correia SaraivaMestre Tiago Cláudio Vilarinho

Engenharia de MateriaisDoutor Luís Miguel Tavares FernandesMestre Hugo de Jesus Espada LouroMestre Ricardo Luís Espingardas Nascimento

Engenharia do AmbienteMestre Bernardo Rodrigues Santos AugustoMestre Vânia Sofia de Oliveira BentoMestre Ana Catarina Cotrim MartinsMestre Ana Rita de Lima Pereira Ribeiro

Mestre Adalgiza Oliveira Pereira FonsecaMestre Ana Catarina Martins FonsecaMestre Ana Margarida Natividade FerreiraMestre Susana Calhau FerreiraMestre Mário José Pereira Gonçalves FerreiraMestre Pedro Miguel Pinheiro GomesMestre Rui Miguel Bouça PrataMestre Ana Filipa Ferreira Fernandes EstevesMestre Alda Filipa Moura LopesMestre Manuel Celestino Vilela Teixeira de AlmeidaMestre Patrícia de Almeida NunesMestre Hugo Miguel Picardo Rosa

Engenharia e Gestão IndustrialMestre Pedro Miguel Fernandes RuivoMestre Ana Filipa Rosa Pereira da Costa

Engenharia Electrotécnica e de ComputadoresMestre Pedro Miguel Xavier FaleiroMestre Ricardo José Fernandes PereiraMestre Fernando Miguel Bernardo MoitinhoMestre Pedro Emanuel Varandas de SousaMestre Carlos Pedro Maia da Costa CândidoMestre Rui Rodrigues MilagaiaMestre Vasco Pedro dos Anjos SantosMestre Hugo Borda D`Água Mestre Gonçalo Nuno Ventura de Brito NunesMestre Filipe de Carvalho MoutinhoMestre David dos Santos AlvesMestre Pedro Miguel Filipe da Almeida Mestre Hélio Alexandre Malão Martins

Engenharia FísicaDoutor João Manuel Cachado Lourenço

Engenharia GeológicaMestre Nuno Miguel Carriço Melgado AlvarezMestre Nuno Miguel de Jesus BarreirasMestre Ana Maria dos Santos Ribeiro Mestre Daniel Filipe Neves Rodrigues

Engenharia InformáticaMestre Vasco Alexandre dos Santos Dionísio DomingosMestre Fausto José da Silva Valentim MouratoMestre Tiago João Parreira da Gama Franco Mestre Miguel Correia Ricardo

NOVOS MESTRES E DOUTORES NA FCT/UNL

fct mestres e doutores

Entre 1 de Janeiro e 30 de Abril de 2009, a Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa graduou mais de duas centenas de alunos.A lista que se segue revela os novos Doutores e Mestres por área curricular:

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Mestre Paulo Alexandre Cabral de CastroMestre Filipe Miguel Coutinho Batista DuarteMestre João Alexandre de Sá DuarteMestre Ana Cristina de Freitas DiasMestre Gustavo Salvador MarquesMestre Maria João Rodrigues Marques Moutela Mestre Sandra Isabel Alves AntónioMestre Afonso Luís Paixão de Oliveira PimentelMestre Renato de Lemos Mendes Severino RodriguesMestre Ana Sofia Conceição PenimMestre Paulo Filipe Neves Bento CancelaMestre Dagmar do Rosário Mendes Cristóvão Baptista Mestre Pedro Honrado Rio Pereira Mestre Pedro Jorge Gonçalves LoboMestre André da Fonseca RosaMestre João Paulo da Conceição SoaresMestre Hugo Miguel Pinto VenturaMestre Filipe Miguel Sousa Pereira AfonsoMestre Vasco Nuno da Silva de SousaMestre Carlos Miguel Marques Martins Simões Nunes Mestre Pedro Miguel do Rosário Ferreira Sousa

Engenharia QuímicaDoutor Rui Cláudio dos Reis RodriguesDoutor Márcio Milton Nunes Temtem

Engenharia Química e BioquímicaMestre Susana Rodrigues MarquesMestre Bruna Nascimento Gambôa AlbuquerqueMestre Bruno Miguel Aguiar NogueiraMestre João Filipe Remédio dos ReisMestre Luís Miguel Viegas das NevesMestre Ruth Isabel Tomaz Morais da CostaMestre Cristina Sofia de Sousa BeltrãoMestre Filipe Miguel de Oliveira Calixto Mestre Neuza Alexandra Neves Carvalho

Engenharia MecânicaMestre João Pedro de Almeida PinheiroMestre Ricardo Jorge Pernes BirrentoMestre Carlos Filipe Godinho MatiasMestre António Paulo Santos da CostaMestre Hugo Rodrigues Gonçalves MarquesMestre José Maria D`Orey Ramos

Engenharia SanitáriaDoutor Luís Alberto Junça de Morais Mestre Amélia Paulos RibeiroMestre Maria Helena da Cunha Cardoso Vaz Ribeiro

Geologia para o EnsinoMestre Samuel David Santos Brito

Gestão e Políticas AmbientaisMestre Ana Cecília Peixoto Afonso LopesMestre Marina Araújo Rodrigues

História e Filosofia das CiênciasDoutor Paulo Nuno Torrão Pinto Martins

Instrumentação, Manutenção Industrial e QualidadeMestre Milton José Américo

MatemáticaDoutora Gracinda Rita Diogo Guerreiro

Matemática AplicadaMestre Isabel Maria Barroso CabreraMestre Miguel António Oliveira MirandaMestre Ana Isabel da Silva MartinsMestre Lisete Fernandes de NoronhaMestre Susete Tomás dos SantosMestre Rute Alexandra Baião CarrujoMestre Valter Manuel Pereira MarquesMestre Tânia Sofia Marques NovoMestre Margarida Santos Gomes

Ordenamento do Território e Planeamento AmbientalMestre Rita Catarina de Sá Pinto Pereira GomesMestre Maria Helena Almeida da Fonseca

QuímicaDoutor Filipe José Santos DuarteDoutora Andreia Sofia Brotas da Costa Loureiro

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MUITO ESTUDO, MUITA CIÊNCIA

JOÃO GOBERN*

Nada o irritava mais do que a frase batida “o saber não ocupa lugar”. Lembrava-se bem da primeira vez que alguém lha dissera, porque a gripe que a humanidade inventara nessa época era a gripe das aves. Que ele, na sua incessante busca do conhecimento, acreditara ser sinónimo de “galicismo”, até ao dia em que – sozinho, sem ajudas – concluíra, com uma lógica inabalável de justaposições, que um galicismo, afinal, só podia ser um tremor de terra com epicentro na capoeira.

Tinha sempre à mão o caderno onde ia tomando nota das sentenças a que chegava, investigando e re-flectindo, para descodificar as palavras difíceis. Já lá estava “cacofonia”, que defendia, com argumentos ca-tegóricos, ser o som que a mulher tantas vezes provo-cava, quando pratos, pires e copos lhe escorregavam das mãos e se escaqueiravam no letal chão da cozinha. Lá aparecia “melancólica”, que ele jurava ser um tipo particular de desarranjo intestinal derivado do excesso de consumo de melão, meloa ou melancia. Lá figurava “extraído”, que ele não tinha dúvidas que se tratava de alguém que, em tempos, fora enganado mas se reconciliara. Sonhava publicar, um dia, esse seu livro didáctico de significados menos óbvios até para poder juntá-lo à colecção que tinha em casa, de lombadas alinhadas por centímetros e cores – os tais que ou-tros tinham a desfaçatez de garantir que não ocupa-vam lugar, quando a ele já lhe custavam mais do que um par de longas prateleiras. Pouco dado ao estudo dos géneros ou à observação das cronologias, orgu-lhava-se de ter organizado os livros pelas localidades de origem dos autores: a Irene, o António Maria e o Eugénio, de Lisboa; o Carlos, do Porto; o Leonardo, de Coimbra; o Camilo e o João Ruiz, de Castelo Branco; a biografia do Diamantino, de Viseu; um poeta, António Manuel Couto, de Viana; o Nuno, de Bragança; o Joa-quim, de Paço d’Arcos; a Ana, de Benavente; o Manuel, de Arouca; a Catarina, de Resende; o Mário, do Zam-bujal; o Rui, de Pego; o Mário-Henrique, de Leiria; a Regina, de Gouveia; a Maria João, de Seixas; o Carlos, de Loures; o Garcia e a Maria Teresa, da Horta. Os que mais admirava, pelo rigor geográfico, eram o Luís, do Camões, e um vizinho, o António Ribeiro, do Chiado. Tinha já espaços reservados para as estreias literárias da Bárbara, de Guimarães, e do Nelson, de Évora. Ha-via dois volumes que lhe andavam a dar volta à paci-ência – antes de lhes escolher o lugar na prateleira,

precisava de saber se a Maria Velho e o Fernando, am-bos da Costa, eram da Caparica, do Castelo ou de outra Costa qualquer.

Recentemente, tinha comprado um livro do João, de Braga, e, por sabê-lo sportinguista de coração, co-locou-o ao lado de Cesário, Verde. Em tempos, pen-sara numa disposição mais concordante com o estado de espírito ou com as características do autor. Come-çara com o Jorge, Amado, o Fernando, Namora, o Joa-quim, Namorado, o Manuel, Alegre, o Vasco Pulido, Va-lente, o José Riço, Direitinho, o Joaquim, Manso. Mas parara a tempo: pacifista por natureza, assustara-se com a perspectiva de levar para casa livros de Álvaro, Guerra, e de uma tal Florbela que Espanca. Tentara a gastronomia, para desistir depois do Alfredo, Guisado, e do António, Torrado. Ensaiara a zoologia, mas de-pressa descobriu incompatibilidades entre o Eduardo Prado, Coelho, o Francisco Rodrigues, Lobo, o Edu-ardo Guerra, Carneiro, o António, Sardinha, e o Bulhão, Pato. Fora pela condição social mas não havia mais do que o António, Nobre, e o Paulo Jorge, Fidalgo.

Nunca fizera questão de ler nenhum dos volumes que comprara, até porque tinha medo de lhes fazer perder a aura virginal e intocada com que brilhavam na estante. A sua leitura resumia-se aos magazines, capa-zes de o fazer brilhar a ele, com propósito ou sem ele, quando puxava das tiradas científicas a meio dos en-contros com os amigos, espantados com tanto estudo, tanta ciência. Saber, por exemplo, que a guilhotina não foi – apesar do nome – criada pelo médico revolucioná-rio francês Joseph Ignace Guillotin. Por uma razão sim-ples: já era usada no Yorkshire inglês desde 1286, mais de cinco séculos antes da Revolução Francesa.

Essas leituras, às vezes, davam-lhe cabo das ilu-sões romanescas – foi-se abaixo quando soube que o planeta Terra conta, na realidade, com sete luas e não apenas com a que nos inspira as noites, que o animal africano que mais seres humanos mata é o hipopó-tamo, apesar de herbívoro e olhado como bonacheirão, que o nome de Buffalo Bill se baseia num erro técnico, porque o lendário cowboy nunca viu nenhum – o que ele matou às mãos cheias eram bisontes.

Houve, ainda assim, uma descoberta que o paci-ficou: o que mata mais nos nossos dias e é três vezes mais letal do que as guerras? Nem a droga, nem o ta-baco, nem o álcool, nem a fome. A resposta certa é: o trabalho. Todos os anos morrem dois milhões de al-minhas humanas em acidentes laborais ou vítimas de doenças profissionais. Nunca mais trabalhou. Fica em casa, a olhar orgulhosamente para os livros, à espera de que o saber ocupe outro lugar.

*jornalista

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