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VII Convibra Administração Congresso Virtual Brasileiro de Administração www.convibra.com.br ENTRAVES AO FLUXO DAS OPERAÇÕES DE EXPORTAÇÃO DAS VINÍCOLAS DA REGIÃO DO ALTO VALE DO RIO DO PEIXE Marcelo Moro ¹ RESUMO Desde o inicio, na sua criação, o vinho é considerado um alimento para a humanidade. Pesquisas recentes revelaram inclusive propriedades curatórias para o mesmo. Nesse grande produto chamado vinho, abre agora no mercado a chance de exportação, contudo, os entraves que existem para seu intento não são poucos, nem fáceis de contornar. Começam no plano psicológico e partem para o real, revelando uma burocracia desmedida, a falta de profissionais qualificados disponíveis no mercado, passando por supostos incentivos à exportação e seus adendos. Não obstante, vemos que a exportação brasileira cresce, batendo recorde ano após ano. Palavras Chave: Exportação. Vinhos e espumantes. Barreiras. Incentivo. ABSTRACT From the start, in its creation, the wine is considered a food for mankind. Recent research also curator for the same properties. In this great product called wine, now opens the market a chance to export, however, the barriers that exist for their intent are not few, nor easy to circumvent. Begin in the psychological and depart for the real, revealing an excessive bureaucracy, lack of qualified professionals available in the market, through alleged export incentives and its addenda. Nevertheless, we see that Brazil's exports grow, hitting a record year after year. Keywords: Export. Wines. Barriers. Incentive. 1. Graduado em Administração, com especialização em Marketing e Negócios e MBA em Logística Empresarial.

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ENTRAVES AO FLUXO DAS OPERAÇÕES DE EXPORTAÇÃO DAS VINÍCOLAS

DA REGIÃO DO ALTO VALE DO RIO DO PEIXE

Marcelo Moro ¹

RESUMO

Desde o inicio, na sua criação, o vinho é considerado um alimento para a humanidade.

Pesquisas recentes revelaram inclusive propriedades curatórias para o mesmo. Nesse grande

produto chamado vinho, abre agora no mercado a chance de exportação, contudo, os entraves

que existem para seu intento não são poucos, nem fáceis de contornar. Começam no plano

psicológico e partem para o real, revelando uma burocracia desmedida, a falta de profissionais

qualificados disponíveis no mercado, passando por supostos incentivos à exportação e seus

adendos. Não obstante, vemos que a exportação brasileira cresce, batendo recorde ano após

ano.

Palavras Chave: Exportação. Vinhos e espumantes. Barreiras. Incentivo.

ABSTRACT

From the start, in its creation, the wine is considered a food for mankind. Recent research also

curator for the same properties. In this great product called wine, now opens the market a

chance to export, however, the barriers that exist for their intent are not few, nor easy to

circumvent. Begin in the psychological and depart for the real, revealing an excessive

bureaucracy, lack of qualified professionals available in the market, through alleged export

incentives and its addenda. Nevertheless, we see that Brazil's exports grow, hitting a record

year after year.

Keywords: Export. Wines. Barriers. Incentive.

1. Graduado em Administração, com especialização em Marketing e Negócios e MBA em Logística Empresarial.

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1 INTRODUÇÃO

Primeiramente, era chamada de Rio das Pedras, fundada em 1918 e, mais tarde passou

a chamar-se Perdizes na esperança de chamar novos membros para sua colonização, e estava

situada na margem esquerda do Rio do Peixe. Na margem direita era fundada a Colônia

Vitória, que na data de 31 de dezembro de 1943 fundiu-se com sua vizinha e deu inicio à

criação da cidade de Videira, que foi oficializada em 03 de março de 1944. Seu nome

deve-se ao fato da região possuir vasta extensão em videiras e desde 1918, quando já se

colhiam cachos pesando cerca de 1,3 kg, já era um grande centro vitivinicultor do estado de

Santa Catarina.

A cultura da cidade e adjacências dá-se na sua maioria pela colonização italiana nessa

região, razão pela qual a gastronomia é predominantemente italiana. Advindo desse fato e da

região ser propícia ao cultivo da uva, desde o início vários colonos obtinham dos seus

parreirais a matéria prima para produção do seu vinho artesanal, não obstante em satisfazer as

necessidades familiares, ainda o tinham para oferecer as visitas diárias.

Figura 1.1 – Alto Vale do Rio do Peixe

Fonte: www.panceri.com.br acessado em 24/09/2007.

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O primeiro gole não nos deixou nenhuma dúvida de que

estávamos experimentando algo extraordinário. O vinho era

esplêndido. Era deliciosamente doce e, no entanto, tão fresco e

intenso que se teria pensado que fora feito na véspera, e lhe

dissemos isso (KLADSTRUP 2002, p12).

Com o passar dos anos, viu-se nesse âmbito em particular, um meio de aumentar a

renda familiar, baixa na época, e procederam à produção e o envase do seu vinho doméstico.

Nas festas em família, era comum que os participantes elogiassem o vinho servido e, por

conseguinte, levassem pequenas quantidades para casa, gerando assim a idéia da venda do

mesmo, não aos parentes, mas aos amigos desses. Então, com o intuito de começar e de

aumentar as vendas, aprenderam formas de cultivo e preparo do vinho, culminando em

exemplares dignos das melhores mesas, fato esse comprovado por concursos atuais¹ que

embasam o escrito acima.

A globalização, fundamentada na abertura de mercado fez os vitivinicultores

descobrirem o mercado externo e começarem a exportar seus produtos para além das nossas

fronteiras. Com isso, descobriram Barreiras Alfandegárias e Fito-Sanitárias, que deviam ser

entendidas e tornar adequadas à sua produção para tornar o seu vinho ou espumante apto à

exportação.

Joanna comenta em seu livro a dualidade do vinho, pois não é um assunto difícil de

entender, mas a vasta quantidade de estilos, de uvas utilizadas na fabricação, da forma de

degustar e dos acompanhamentos relativos a cada uma dessas “facções”, parece tornar o

assunto extremamente complexo.

Isso quer dizer que, mesmo aprendendo sobre o vinho, entendendo suas vicissitudes,

cada espécie de uva demanda de forma independente sua manufatura e feitio de vinho,

diferenciando tanto em métodos de maturação, época de colheita, tempo de “descanso” e

modo de envase para esse descanso. Em suma, do plantio à colocação das garrafas a venda,

tudo foi reestudado e melhorado.

2 O VINHO

A citação de Kladstrup é derivada de uma conversa entre os personagens do livro do

autor referido, e denota o prazer que a bebida oriunda da fermentação da uva, o vinho,

proporciona aos seus degustadores e apreciadores. Nesse ponto obriga-se a abrir um contexto

no parágrafo. Degustadores, apreciadores e “bebedores” de vinho são pessoas diferentes, onde

o único ponto comum é o objeto de uso.

Começando pelo “bebedor”, que é a pessoa que menos aproveita as qualidades do

mesmo, e mais de seus “efeitos colaterais adversos”. Costumente toma o vinho em largos

1. Concurso Estadual do Vinho, na sua 15º edição, a ser realizado no mês de Agosto.

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goles, sem se importar com estilo de vinho e combinação com alimentos sólidos. Também

mistura o vinho com refrigerante de cola, tomando a popular Porta Aberta.

O apreciador do vinho também é degustador, pois obstrai do vinho todo seu potencial,

tomando com a combinação correta de alimentos, ou a combinação correta de companheiros,

que também é de suma importância para o aproveitamento total de seus prazeres.

Para os bebedores de vinho, que desejam se tornar apreciadores desse líquido,

deixamos umas dicas na seqüência, que não obstante em profundidade, pelo menos tornará a

arte de tomar um vinho num prazer, e não meramente um ato embebedatório.

Olhe para o vinho: se não souber distinguir se ele está translúcido ou não, pelo menos

perceberá se há ou não pedaços de rolha em sua taça;

Incline o cálice: avalie a cor do vinho, se é algo que lhe agrada aos olhos;

Torcida: gire em sentido anti-horário para ver como o vinho adere nas paredes e

depois escorre;

Cheire o vinho: após a torcida, cheire o aroma exalado pelo vinho. Isso ajuda a

preparar as papilas gustativas pelo liquido que logo virá. Grandes degustadores

conseguem inclusive indicar o ano que o vinho foi produzido. Treine que um dia você

também chegará nesse patamar;

Deguste o vinho: degustar não é beber. Sorva o vinho dentro da boca e o mantenha

ali. Você terá a confirmação do que seu olfato captou. Manobre o vinho dentro da

boca, para atingir todas as partes da língua;

Após da degustação: o autor acha que degustar um vinho de qualidade superior é

pecado. Caso seja vinho de baixa qualidade, a degustação é uma dádiva. Isso é dito

pelo fato de que, caso você vá degustar vários vinhos, não pode ficar alcoolizado, o

que lhe obrigará a cuspir o vinho que você está degustando. Obviamente, um vinho de

qualidade superior o fará engolir, para obter máximo prazer do mesmo;

Tome notas: não será por que está degustando pela primeira vez que não deva tomar

notas do que você sentiu. Pelo contrário. Tome nota na primeira vez, sempre. Com o

passar do tempo (e de mais degustações) você poderá analisar suas primeiras notas

com as atuais, e verá sua evolução.

Com isso tudo, você poderá, no começo a perceber os defeitos mais comuns que são

possíveis de identificar no vinho, como o cheiro da cortiça (rolha) no vinho, a volatilidade e

oxidação (vinho com cheiro de vinagre é... vinagre), cheiro de enxofre, que deixa o vinho

carregado e um gosto desagradável no fundo da garganta.

2.1 EFEITOS DO VINHO A FAVOR DA SAÚDE

O vinho e o espumante, para seus produtores e apreciadores são considerados alimento

e remédio, e não simplesmente uma bebida alcoólica.

Remédio?

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Julio Anselmo de Souza Neto e Ramon Moreira Consenza, no estudo dos efeitos no

vinho no sistema cardiovascular nos dizem que os “registros históricos mostram que o uso

medicinal do vinho (...) data de mais de 2.000 anos. (...) egípcios, os gregos e os romanos e do

mundo oriental, como os hindus, se utilizaram do vinho como remédio para corpo e alma”

(REVISTA MÉDICA DE MINAS GERAIS, 1994, p27)

Recentemente, também contra o mal de Alzheimer, conforme nos explica o Dr. Jean-

Marc Orgogozo.

(...) as conclusões de seus estudos em 3.777 pacientes com mais de

65 anos da região de Bordeux (distritos de Gironde e Dordugne). (...)

pessoas que tinham o hábito regular de beber de 250ml a 500ml de

vinho por dia tinha uma chance 75% menos de desenvolver o mal de

Alzhmeier. Este estudo desencadeou uma série de outras pesquisas

que referendaram esses dados e descobriram que a proteção

oferecida pelo hábito regular de beber vinho moderamente, protege

também de outros tipos de demência, não apenas Alzhemeir.

(IBRAVIN) (grifo nosso).

Além disso, estudos já comprovaram também que o tanino presente no vinho

auxilia na prevenção de ataques cardíacos e acidentes vasculares cerebrais, pois é um

poderoso antioxidante, que nos protege dos radicais livres que aceleram o nosso

envelhecimento, além de impedir a formação de coágulos responsáveis pelos males acima.

O que poucos sabem é que o vinho tinto também esta sendo associado ao bom

colesterol, como demonstrado por pesquisadores na França em 2002. Bertrand Perret

(EMEDIX, 2002) disse que “esse estudo fornece, pela primeira vez, uma caracterização

detalhada da composição do HDL em consumidores regulares”. Esse estudo foi feito com

homens e mulheres que ingerem vinho regularmente, e que ficaram em jejum por uma noite e

tiveram amostras sangüíneas colhidas para análise, o que demonstrou

que o aumento no nível de HDL, observado em pessoas que bebiam

regularmente, está associado com o enriquecimento de partículas do

HDL com fosfolipídeo polinsaturado e particularmente, naqueles que

contém ácidos graxos ômega-3, um efeito que pode ser benéfico

contra doenças cardiovasculares. (PERRET, idem)

O importante é lembrar que, em todos os estudos, o enfoque está no ato de beber

moderadamente, ou seja, a ingestão máxima de 35 gramas de álcool por dia, como

exemplificado por Perret. Acima desse valor é considerado com ingestão demasiado, e o bem

feito antes é malogrado pela quantidade exacerbada de álcool no organismo.

3 HISTÓRIA DO VINHO NO BRASIL

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Segundo estudos da Paleobotânica, a videira surgiu no período terciário do tempo

geológico. Gravuras encontradas entre a Armênia e a Pérsia (datados de cerca de 3.500 anos

A.C) mostram que o homem primitivo se alimentava dos frutos da videira. Da Armênia para a

Ásia Menor, Península Balcânica, e em direção ao Sul para Síria e Egito, daí para os domínios

Romanos, depois a Suíça, Alemanha, Grã-Bretanha, Espanha e Portugal.

Em 1532, e expedição colonizadora de Martim Afonso de Souza trouxe as primeiras

videiras para nosso país. Com a descida dos jesuítas ao Rio Grande do Sul, nos meados do

século XVII aparece o primeiro registro histórico de cultivo da vinha nesse estado.

Depois de instalada, chegou proibida pelo governo português, que tinha por prioridade

proteger os vinhos de Portugal já consagrados naquela época.

Originalmente, o plantio se dava para abastecer as adegas da Santa Fé, para utilização

no missal, mas havia dificuldades de adaptação das viníferas utilizadas no momento.

Contudo, isso mudou em 1840, com a introdução da variedade americana Isabel, após

fundação de Porto Alegre pelos açorianos e do reconhecimento da primazia do Manoel de

Macedo Brum da Silveira no plantio de videiras por Dom João VI. Essa variedade teve

grande sucesso pelo fato da sua resistência e rusticidade a tornarem superior às outras cepas

viníferas, mais frágeis que já existiam anteriormente. A uva Isabel foi-se disseminando nas

áreas de colonização alemã como São Leopoldo.

Nos meados de 1875, a viticultura volta a se expandir, graças à colonização italiana,

pois seus emigrantes encontravam no vinho alívio para o esforço despendido no dia-a-dia. As

famílias se estabeleceram inicialmente em São Paulo, pontos de Santa Catarina e interior,

como Serra Gaúcha, fundando os maiores expoentes da viticultura nacional, como os

municípios de Flores da Cunha, Garibaldi, Caxias do Sul, Bento Gonçalves e outros. Da Serra

Gaúcha para Videira, Pinheiro Preto e demais localidades do Alto Vale do Rio do Peixe,

região de maior expressão na produção vitivinícola do Estado.

O pesquisador Celito Guerra comenta sobre as pesquisas em Santa Catarina que

“alguns tintos têm demonstrado alto potencial de qualidade. Já no caso dos brancos, há que se

encontrar soluções para certos problemas climáticos das zonas de altitude, como as geadas

tardias" (JORNAL BON VIVANT), o que demonstra potencialidade nas variedades ofertadas

na região.

Jean Pierre Rosier, engenheiro agrônomo, doutor em enologia e gerente regional da

Epagri de Videira, explica que na metade da década de 80

foi criada então a Cantina Modelo da Estação Experimental de

Videira, que desenvolveu trabalhos de vinificação e introdução de

variedades. Uma parceria com o Sindicato das Indústrias do Vinho de

SC promoveu a difusão destas técnicas e avançou nas áreas de

fitossanidade, desenvolvendo trabalhos com porta-enxertos e sistemas

de condução, além de acompanhar os produtores de vinho na

elaboração de vinhos finos (IDEM).

Em junho passado, a empresa Panceri tornou-se a primeira exportadora de vinhos de

Santa Catarina, promovendo um embarque de vinhos para a República Tcheca.

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4 VINHO E PRATOS: A COMBINAÇÃO PERFEITA

Não apenas beber o vinho, mas tê-lo como acompanhante em pratos a serem servidos

aos nossos convidados (os mais afoitos entendem que o prato é o acompanhante do vinho, e

não ao contrário).

Experts em vinhos conseguem, facilmente, enumerar as qualidades do vinho de modo

e enaltecer seu acompanhamento (e vice versa), mas para seus iniciantes, podemos citar uma

regra básica, que vai ajudar a se manter no caminho certo:

Vinhos tintos (fortes) anulam os peixes e frutos do mar

Vinhos brancos (doces e aromáticos) brigam com as carnes escuras.

Nos quadros seguintes, você poderá trabalhar de um modo mais profissional sobre os

acompanhamentos, com a sugestão do sr. João Afonso, que pode ser encontrado em sua

totalidade no site http://sobenge.com.br/mrdev/artigos/print.asp?cod=161.

BRANCOS

Quadro 01: Quadro de Combinações do Vinho Branco com alimentos.

Fonte: http://sobenge.com.br/mrdev/artigos/print.asp?cod=161

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TINTOS

Quadro 02: Quadro de Combinações do Vinho Tinto com alimentos.

Fonte: http://sobenge.com.br/mrdev/artigos/print.asp?cod=161

5 CANTINAS DO ALTO VALE DO RIO DO PEIXE

Compactuando ao fato da região ser vinífera desde os primórdios de sua colonização,

não é novidade a grande quantidade de cantinas na região. Como comentado no início do

texto, grande parte dos produtores são colonos que obtinham da uva o vinho para suprir suas

necessidades e que viram a partir daí, um meio de aumentar sua renda familiar. Por

conseguinte da extensão das cantinas, tomo a liberdade de listar apenas as principais no

quadro abaixo.

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Quadro 03: Relação das vinícolas do Alto Vale do Rio do Peixe

Dentro da região do Alto Vale do Rio do Peixe, no ano de 2006 foram colhidas cerca

de 19.858.402,60kg do fruto da videira, sendo que 274.403,5 kg era uvas viníferas (utilizadas

na produção de vinho fino) e 19.583.999,10kg uva comum (utilizadas na produção de vinho

de mesa).

Apesar da diversidade de cantinas na região do Alto Vale do Rio do Peixe, a Vinícola

Panceri Ltda é a única e trabalhar com exportação de vinho de forma regular.

No dia 09 de agosto do corrente ano, foi assinado um termo de cooperação técnica

entre a Universidade do Oeste de Santa Catarina e o Sindicato do Vinho de Santa Catarina,

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ratificando cada vez mais a idéia que vem se desenhando a bastante tempo, que é a instalação

do Laboratório de Microvinificação e do Instituto do Vinho de Santa Catarina.

Essa iniciativa é parte do projeto de Formação do Turismo Enogastronômico (Projeto

FORTE) que a UNOESC mantém com a Itália, através da Escola Técnica de Vitivinicultura.

Segundo o vice-reitor Antônio Carlos de Souza, “o laboratório vai possibilitar (...) o

desenvolvimento de novas variedades, melhoria da genética das cultivares existentes na

região e a unificação dos processos nos mesmos moldes da escola Italiana” (UNOESC, 2007).

Celso Panceri, presidente do Sindicato do Vinho diz que essa parceria “será o resgate

da região do Vale do Rio do Peixe, grande produtora de Vinho, mas que por muito tempo

ficou no esquecimento” (IDEM) e que

o conhecimento dos profissionais que atuam com pesquisas na

área da vitivinicultura na universidade, aliada as novas

tecnologias, será de grande importância e seremos parceiros em

toda e qualquer iniciativa que venha a somar em prol do setor da

vitivinicultura de nosso Estado. (IDEM)

Isso tudo vem reforçar o aumento gradual da qualidade do vinho na região do Alto

Vale do Rio do Peixe, e firmar a região como pólo exportador do vinho catarinense.

6 EXPORTAÇÃO DE VINHO DO ALTO VALE DO RIO DO PEIXE

A produção brasileira de vinhos e espumantes entrou de maneira ofensiva no mercado

internacional a partir do convênio assinado na data de 25 de outubro de 2004, na cidade

gaúcha de Caxias do Sul, pelos presidentes da Apex, Juan Quirós, e do Conselho Deliberativo

do Ibravin, Arnaldo Passarin. A meta inicial era findar o ano de 2006 com exportação superior

ao montante de US$ 455 mil, o que seria um acréscimo de 88% em relação com o ano de

2003.

Segundo dados da Associação Brasileira de Enologia (2004), a vitivinicultura

brasileira é detentora de mais de 900 premiações internacionais, sendo caracterizada pela

constante evolução, fruto do investimento na produção e tecnologia da área. Em 2004, Santa

Catarina já era um dos pólos vitivinícolas brasileiro, com produção de 41,1 mil t e 3,5 mil ha

plantados.

Os dados mais recentes (2007) indicam que a exportação vem crescendo, sendo que o

primeiro trimestre do ano foi 120% superior ao mesmo período do ano passado, e ultrapassou

a cifra de US$ 450 mil. Em 2006 foi exportado US$ 3,15 milhões em vinhos e espumantes,

segundo dados fornecidos pra Wines From Brazil. Como fala sua gerente de promoção

comercial, Andréia Gentilini Milan,

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Apesar da política de câmbio desfavorável que tem prejudicado

imensamente as exportações brasileiras as vinícolas têm demonstrado

que através de um trabalho em conjunto e contínuo é possível crescer

no mercado externo apesar de tantas dificuldades (IBRAVIN, 2007)

(grifo nosso)

Esse crescimento foi impulsionado pelos Estados Unidos, Alemanha e República

Tcheca, pois estão sendo despendidos intensos esforços nesses países na promoção comercial

desde ano passado. Dentre esses esforços, podemos citar a participação do Wines From Brazil

nas feiras de London Wine Fair em maio, o Circuito de Degustação de vinhos nos Estados

Unidos em Setembro e realização do seminário Como Exportar Vinhos para a Europa, em

Bento Gonçalves, RS.

Interessante frisar que no dia 24 de maio do corrente ano, no London International

Wine & Spirits Fair (Feira Internacional de Vinhos de Londres) foi lançado o Grande Reserva

Pisani Panceri, pela Vinícola Panceri, sediada no Alto Vale do Rio do Peixe. Isso ratificado

pelo comentário de Steve Fischer (ÊXITO, 2007), da International Food & Drink, que falou

que “jamais imaginamos que o Brasil produzisse vinhos de tamanha qualidade” (Êxito, 2007

p. 66).. Cabe ressaltar que “a Vinícola Panceri é a primeira empresa catarinense do setor de

vinhos a comercializar seus produtos na Europa” (IDEM).

Conforme divulgou a Assessoria de Imprensa da Apex-Brasil em seu site no dia 25 de

fevereiro do corrente ano, “as exportações brasileiras de vinhos cresceram mais de cinco

vezes (...) passando de US$ 772 mil em 2003 para US$ 4 milhões em 2007” (APEX-Brasil)

Dentre esse montante cabe salientar que 57% desse valor exportado correspondem às

empresas que participam do programa Wines From Brazil.

O Presidente do Conselho Deliberativo do Ibravin, Denis Debiase enaltece os dados

alcançados até o momento, pois através deles tem a certificação que o projeto de

internacionalizar o vinho brasileiro é um sucesso. Nesse biênio 2008 – 2009 tem início a

segunda etapa do convênio supracitado, conforme cita a Assessoria de Imprensa APEX-

Brasil,

28 pequena e médias empresas do Rio Grande do Sul, Santa Catarina,

Pernambuco e da Bahia serão beneficiados (...) participações nas

principais feiras internacionais do setor, como a Prowein, na

Alemanha, a London Wine Fair, na Inglaterra e a Vinexport, na

França (APEX-BRASIL em 25/02/08)

Uma área da Economia Brasileira cresce constantemente. A exportação brasileira vem

batendo recordes de vendas desde 2000. Esse número não é ainda maior, pois há uma

percepção que somente grandes empresas, como Perdigão, Gerdau, Embraer e Petrobrás

podem exportar. Mas esse não é o único entrave à exportação. Conforme a Assessoria de

Imprensa da NetComex (2006),

os entraves burocráticos que muitas vezes o dono de um pequeno

negócio enfrenta quando pensa em exportar é um desestímulo para

que quer alcançar novos mercados. (...) falta de informação e

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preparado do empresário que não conhece o mercado (...) e nem sabe

o caminho das pedras na hora de exportar.

Além disso, as pequenas e micro empresas também elencam outros fatores, como a

cotação do dólar, a falta de profissionais com experiência em comércio exterior e a grande

dificuldade de encontrar parceiros que cuidem das vendas em outros países como os

principais entraves para a exportação. Magaly Albuquerque, analista do Sebrae, apud Ana

Paula Ribeiro (2008) diz que “é necessário identificar empresas com potencial exportador e

apoiá-las para que possam vender seus produtos”. Para isso, a Secex (Secretaria do Comércio

Exterior), em parceira com o Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio),

SEBRAE, Banco do Brasil e Banco Nordeste implantaram o programa Primeira Exportação.

O programa funciona através da assessoria da Faculdade de Alagoas, através do curso

de Comércio Exterior, onde os alunos exercem um papel de

elaborar um plano de comercialização, com base em pesquisas de

pólos de referência dos setores, pesquisa de mercado, alteração no

produto de acordo com as exigências de mercado de cada país,

marketing internacional, documentação, despacho e aduana

(Assessoria NetComex, 2006)

e com isso melhorar as condições das empresas exportadoras da região.

Outros entraves também seriam o: (a) ambiente competitivo, onde as maiores

reclamações se pautam na taxa de câmbio, burocracia alfandegária e carga tributária: a (b)

estrutura interna da empresa, onde as reclamações se pautam na falta do profissional

adequado, falta de condições financeiras e a percepção que o produto é caro para os padrões

do mercado internacional e, por último; (c) condições de acesso a mercados externos, onde a

dificuldade em encontrar um parceiro apto para apoiar as vendas é maior entrave, seguido da

necessidade de se estruturar canais de comercialização em outros países e as exigências

burocráticas por último.

Nesse ambiente damos o exemplo da Vinícola Pizzato, que “chegou a ser procurada

por importadores americanos, mas perdeu o contrato por não ter produção suficiente para

exportar” (APEX-Brasil, 200?).

Os Estados Unidos é o principal mercado de exportação dos vinhos nacionais. Para se

exportar ao continente norte americano, a vinícola precisa de um investimento médio de US$

50 a US$ 60 mil (dados obtidos da Conceito Assessoria em Comunicação, 2007). Nesse

ambiente, é importante o conhecimento da legislação que há em cada estado e também saber

que o nível de exigência é alto, para que o produtor não gaste dinheiro demasiado e volte sem

pedidos para casa.

Dentro dessa prerrogativa, todos os países têm barreiras alfandegárias legais que

impossibilitam o acesso facilitado do produto advindo das viníferas, que são suas barreiras

técnicas.

Segundo o INMETRO,

Barreiras Técnicas às Exportações são barreiras comerciais derivadas

da utilização de normas ou regulamentos técnicos não transparentes

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ou que não se baseiam em normas internacionalmente aceitas ou,

ainda, decorrentes da adoção de procedimentos de avaliação da

conformidade não transparentes e/ou demasiadamente dispendioso,

bem como de inspeções excessivamente rigorosas (MANUAL DE

BARREIRAS TÉCNICAS, p 10).

Ou seja, os países buscam vários mecanismos que dificultem a entrada de mercadorias

importadas, com o intuito de protegerem seus mercados internos. Normalmente esse

mecanismo utilizado é a tarifa sobre importação, mas os acordos de mútuo comércio visam

inicialmente à unificação da tarifa, e sua conseqüente redução, o que faz os países buscarem

novos artifícios para o mesmo.

Em nosso país, o órgão que regulamenta o produto vinho e espumante é o Ministério

da Agricultura.

7 APRESENTAÇÃO DOS DADOS

A partir dos dados supra apresentados, podemos elencar os principais entraves da

seguinte maneira:

7.1 FALTA DE PREPARO PARA EXPORTAR

As empresas não designam um profissional que fique específico para cuidar da

exportação, ou seja, que se dedique em prospectar clientes, fazendo o marketing internacional,

cuidando da logística que leve o produto até o porto onde será despachado e toda sua

burocracia necessária. Isso também se deve ao fato que hoje não se encontra no mercado esse

profissional específico, pois as grandes empresas exportadoras arregimentam todos os mais

habilitados. O que a empresa então necessita é buscar um profissional criativo e proativo no

mercado e capacitá-lo a atuar nesse mercado, ao mesmo tempo em que desenvolve uma

política de retenção de talentos, para que após todo investimento no mesmo ele não migre

para outra grande empresa por proposta superior.

7.2 PARCEIROS

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A falta de conhecimento do mercado a que desejamos inserir nossos produtos faz que

a procura pelo parceiro de vendas internacional seja prejudicada, pois não temos a confiança

necessária para apostar uma larga escala de investimento em qualquer empresa, seja ela de

primeiro nível ou não. Isso ocorre da decisão equivocada do “quando” procurar o parceiro,

que deveria ser nos primórdios da produção ao invés de fazê-lo com o produto “embalado

para exportação”. Esse erro de tempo prejudica a empresa, pois o dinheiro investido na

produção precisar ser re-obtido com a venda e a demora no encontro do parceiro faz essa

produção ir para o mercado interno, desestimulando o vitivinicultor.

7.3 BUROCRACIA DEMASIADA

Apesar do governo brasileiro ter base motivacional para exportação, com inúmeros

incentivos ao mesmo, a burocracia despendida para tanto realmente desmotiva as pequenas e

micro empresas em investir forte na sua produção para exportar o excedente. A demora no

trâmite de liberação para exportação coloca a Vinícola na mesa posição acima, caso na tenha

capital de giro de retaguarda para agüentar essa demora. Para pequenas e micros empresas

essa demora afeta seu fluxo de caixa de modo que para eles o incentivo a exportar não se

torne tão interessante assim.

7.4 PRODUÇÃO

As vinícolas têm na sua mentalidade que somente o excedente deve ser exportado e

para isso devem aumentar sua produção. Em algum momento elas vão perceber que poderão

exportar TODA sua produção, visando assim somente mercado externo e receita em moeda

estrangeira. Dos entraves apresentados, esse é o mais difícil de ser contornado, pois o

primeiro fato vem do capital para aumento de produção e o preparo psicológico para atuar

somente nesse campo, caso decisão pelo mesmo, e de abandonar seus “parceiros” regionais.

8 CONCLUSÃO

VII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br

As micro e pequenas empresas Vinícolas desejam exportar e isso é um fato. Apesar de

toda existência de incentivos à exportação, a realidade não mostra isso. Diversos entraves

trabalharam para dificultar isso, como taxas de câmbio, burocracia desmedida, falta de

profissional qualificado disponível no mercado, falta de conhecimento no mercado exterior.

Focando em exportação, é inconcebível aceitar falta de exportação por culpa de

burocracia desmedida. Num ambiente globalizado, onde a informação sai do interior do Brasil

e chega às capitais européias em micro segundos, a demora para liberação de embarque e

preenchimento de papéis agem de contra-senso aos incentivos oferecidos às empresas que

desejam entrar nesse campo de divisas monetárias internacionais.

Claro que, observando toda sua história, descobre que o maior entrave é o medo do

desconhecido, ou seja, os empresários não conhecem o mercado externo e também não vão

atrás para conhecer. Com isso, inventam desculpas para não exportar, quando na realidade é o

medo do novo ou do desconhecido que os impedem de entrar nesse campo da exportação.

Nesse âmbito em particular, a falta de profissionais qualificados disponíveis no

mercado também interfere nisso, pois os mesmo tem a capacidade e o conhecimento

necessário para tanto.

As empresas que conseguiram sobrepujar essa primeira instância e entraram de corpo

alma e produtos no mercado externo estão agora na segunda fase, onde os problemas se

tornam reais e precisam ser contornados, com decisão e perseverança.

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