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Órgão Informativo do Conselho Regional de Medicina do Paraná Ano VII • Nº 57 Maio e Junho/2003 www.crmpr.org.br e-mail: [email protected] Entidades médicas harmonizam propostas em defesa da profissão ENVELOPAMENTO AUTORIZADO. PODE SER ABERTO PELO ECT IMPRESSO A Casa do Médico Inaugurada oficialmente durante o XV Encontro dos Conselhos, a nova sede em Curitiba já absorve todas as atividades do CRM-PR, incluindo programas científico-culturais, que, de forma gradativa, serão ampliados em parcerias, como das sociedades de especialidades e OAB-PR. A “Casa do Médico” também oferece espaço para os residentes e acadêmicos. Página 15 X Encontro Nacional das Entidades Médicas ofere- ceu uma grande demons- tração de força e união de pro- pósitos. Mais que isso, celebrou a maior proximidade com nossos representantes políticos, através da reinstalada Frente Parla- mentar da Saúde, e estreitou o diálogo com o novo Governo. O debate em torno de temas da maior relevância, como Ato Médico, escolas médicas, relação e valorização do trabalho e forta- lecimento das ações preventivas de saúde pública, fez aumentar a expectativa de proximidade de um estágio de conquistas à atividade e ao profissional. A “Carta dos Médicos à Nação Brasileira”, extraída do ENEM, diagnostica a atual situação da saúde do país e receita os remé- dios necessários à melhoria das condições de vida da população e para a melhor prática da medi- cina. Editorial e Páginas 8, 9 e10 Definidos candidatos às eleições de agosto Página 3 Ampliadoprograma de videoconferências Páginas 4 e 5 Fechamento de curso em Ponta Grossa Página 11 Preocupação com orçamento à saúde Página 12 Assistência supletiva colocada em debate Página 13 Paixão pelas letras e pela medicina Página 16 Nesta edição Mesa diretora do X ENEM, realizado em Brasília: José Luiz Bonamigo Filho, presidente da ANMR (1. à esquerda); Héder Murari Borba, da Fenam; Edson de Oliveira Andrade, do CFM; Eleuses Vieira de Paiva, da AMB; Ricardo Albuquerque Paiva, da CMB; Gastão Wagner, secretário de Assistência à Saúde do MS; e Rafael Guerra, médico, deputado federal por Minas Gerais e presidente da Frente Parlamentar da Saúde. Conselho oferece consultoria jurídica CRM-PR está disponibilizando um novo serviço através de sua Assessoria Jurídica. Os médicos inscritos agora têm acesso à consultoria em todos os ramos do Direito, podendo tirar dúvidas sobre assuntos de seu interesse, de ordem jurídica, de caráter particular ou de seus familiares. O serviço é gratuito e de propósito informativo e esclarecedor, sem determinar vinculação profissional futura. Pág. 3 X ENEM

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Órgão Informativo doConselhoRegional de Medicina doParaná

Ano VII • Nº 57Maio e Junho/2003www.crmpr.org.bre-mail: [email protected]

Entidades médicas harmonizampropostas em defesa da profissão

ENVELOPAMENTO AUTORIZADO. PODE SER ABERTO PELO ECTIMPRESSO

A Casa do MédicoInaugurada oficialmente durante o XV Encontrodos Conselhos, a nova sede em Curitiba jáabsorve todas as atividades do CRM-PR, incluindoprogramas científico-culturais, que, de formagradativa, serão ampliados em parcerias, comodas sociedades de especialidades e OAB-PR. A“Casa do Médico” também oferece espaço para osresidentes e acadêmicos. Página 15

X Encontro Nacional dasEntidades Médicas ofere-ceu uma grande demons-

tração de força e união de pro-pósitos. Mais que isso, celebrou amaior proximidade com nossosrepresentantes políticos, atravésda reinstalada Frente Parla-mentar da Saúde, e estreitou odiálogo com o novo Governo. Odebate em torno de temas damaior relevância, como AtoMédico, escolas médicas, relaçãoe valorização do trabalho e forta-lecimento das ações preventivasde saúde pública, fez aumentar aexpectativa de proximidade deum estágio de conquistas àatividade e ao profissional. A“Carta dos Médicos à NaçãoBrasileira”, extraída do ENEM,diagnostica a atual situação dasaúde do país e receita os remé-dios necessários à melhoria dascondições de vida da populaçãoe para a melhor prática da medi-cina.Editorial e Páginas 8, 9 e10

Definidos candidatosàs eleições de agostoPágina 3

Ampliado programade videoconferênciasPáginas 4 e 5

Fechamento de cursoem Ponta GrossaPágina 11

Preocupação comorçamento à saúdePágina 12

Assistência supletivacolocada em debatePágina 13

Paixão pelas letrase pela medicinaPágina 16

Nesta edição

Mesa diretora do X ENEM, realizado em Brasília: José Luiz Bonamigo Filho, presidente da ANMR (1. àesquerda); Héder Murari Borba, da Fenam; Edson de Oliveira Andrade, do CFM; Eleuses Vieira de Paiva,da AMB; Ricardo Albuquerque Paiva, da CMB; Gastão Wagner, secretário de Assistência à Saúde do MS;e Rafael Guerra, médico, deputado federal por Minas Gerais e presidente da Frente Parlamentar da Saúde.

Conselho oferece consultoria jurídicaCRM-PR está disponibilizando um novo serviço através de sua Assessoria Jurídica. Os médicos inscritosagora têm acesso à consultoria em todos os ramos do Direito, podendo tirar dúvidas sobre assuntos deseu interesse, de ordem jurídica, de caráter particular ou de seus familiares. O serviço é gratuito e depropósito informativo e esclarecedor, sem determinar vinculação profissional futura. Pág. 3

X ENEM

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ENEM: a nova esperança

M A I O E J U N H O - 2 0 0 3 / P Á G I N A 2

editorial

e x p e d i e n t e

Jornal do Conselho Regional de Medicina do Paraná

Conselho EditorialLuiz Sallim Emed (coordenador), Donizetti Dimer Giamberardino Filho, EhrenfriedOthmar Wittig, João Manuel Cardoso Martins, Eloi Zanetti e Hernani Vieira.

Diretoria - Gestão 1998/ 2003Presidente: Cons. Luiz Sallim EmedVice-Presidente: Cons. Donizetti Dimer Giamberardino Filho1.ª Secretária: Cons. Marília Cristina Milano Campos2.ª Secretária: Cons. Monica De Biase Wright KastrupTesoureiro: Cons. Roberto Bastos da Serra FreireTesoureiro-Adjunto: Cons. Gerson Zafalon MartinsCorregedora: Cons. Raquele Rotta Burkiewicz

Conselheiros EfetivosCarlos Ehlke Braga Filho, Carlos Roberto Goytacaz Rocha, Daebes Galati Vieira,Donizetti Dimer Giamberardino Filho, Gerson Zafalon Martins, Hélcio BertolozziSoares, José Luís de O. Camargo (Londrina), Kemel Jorge Chammas (Maringá), LuizSallim Emed, Marcos Flávio Gomes Montenegro, Mariângela Batista Galvão Simão,Marília Cristina Milano Campos, Mauri José Piazza, Monica de Biase Wright Kastrup,Raquele Rotta Burkiewicz, Roberto Bastos da Serra Freire, Rubens Kliemann, SérgioMaciel Molteni, Wadir Rúpollo e Zacarias Alves de Souza Filho.

Conselheiros SuplentesAntonio Carlos de A. Soares (Cascavel), Célia Inês Burgardt, Cícero Lotário Tironi,Jorge Rufino Ribas Timmi, José Eduardo de Siqueira (Londrina), Lucia HelenaCoutinho dos Santos, Luiz Antonio de Mello Costa (Umuarama), Luiz JacinthoSiqueira (Ponta Grossa), Manoel de Oliveira Saraiva Neto, Marco Antonio do S.Marques R. Bessa, Mario Stival, Minao Okawa (Maringá), Niazy Ramos Filho, NilsonJorge de M. Pellegrini (Foz do Iguaçu), Orlando Belin Júnior (Guarapuava), RenatoSeely Rocco e Sylvio José Borela (Pato Branco).

Membros NatosDr. Duilton de Paola / Dr. Farid Sabbag / Dr. Luiz Carlos Sobania / Dr. EhrenfriedOthmar WittigConsultor jurídico: Antonio Celso Cavalcanti de AlbuquerqueAssessores jurídicos: Afonso Proenço Branco Filho e Martim Afonso PalmaMédico Fiscal: Dr. Elísio Lopes Rodrigues

Sede – Curitiba / Regionais da Saúde Estadual: Curitiba / Curitiba Norte /Curitiba Sul / ParanaguáRua Victório Viezzer, 84, bairro Vista Alegre / 80810-340 - Curitiba – PR / Fone:(0xx41) 240-4000 / Fax: (0xx41) 240-4001.·Delegacia Seccional de ApucaranaRua Dr. Oswaldo Cruz, 510 – sala 502 / Edifício Palácio do Comércio – Centro /86800-720 – Apucarana- PR / Fone: (0xx43) 424-1417Presidente: Dr. José Marcos Lavrador·Delegacia Seccional de Campo MourãoAv. Capitão Índio Bandeira, 1400 sala 412 – Centro / 87300-000 – Campo Mourão-PR / Fone/fax: (0xx44) 525-1048.Presidente: Dr. Dairton Luiz Legnani·Delegacia Seccional de CascavelRua Senador Souza Naves, 3983 – sala 705 / Edifício Comercial Lince – Centro /85801-250 – Cascavel- PR / Fone/fax: (0xx45) 222-2263.Presidente: Dr. Keithe de Jesus Fontes·Delegacia Seccional de Foz do IguaçuRua Almirante Barroso, 1293 – sala 604/ Condomínio Centro Empresarial PedroBasso / 85851-010 – Foz do Iguaçu – PR / Fone/fax: (0xx45) 572-4770Presidente: Dr. Nilson Jorge de Mattos Pellegrini·Delegacia Seccional de GuarapuavaRua Barão do Rio Branco, 779 sala 07 – Centro / 85.010-040 – Guarapuava-PR/Fone/fax: (0xx42) 623-7699Presidente: Dra. Vera Lúcia Dias·Delegacia Regional de LondrinaAv. Higienópolis, 32 sala 1403 / Condomínio Empresarial Newton Câmara/ 86020-040 – Londrina-PR / Fone: (0xx43) 3321-4961 /Fax: (0xx43) 3339-5347Presidente: Dr. José Luís de Oliveira Camargo·Delegacia Regional de MaringáRuas das Azaléias, 209 / 87060-040 – Maringá- PR Fone/fax: (0xx44) 224-4329Presidente: Dr. Kemel Jorge Chammas·Delegacia Seccional de Pato BrancoRua Ibiporã, 333 sala 401 – Centro / 85501-280 / Fone/fax: (0xx46) 225-4352Presidente: Dr. Paulo Roberto Mussi·Delegacia Seccional de Ponta GrossaRua XV de Novembro, 512 sala 76 – Centro / 84010-020 – Ponta Grossa-PR/ Fone/fax: (0xx42) 224-5292Presidente: Dr. Luiz Jacinto Siqueira·Delegacia Seccional de ToledoRua Santos Dumont. 2705 – Centro / 85900-010 – Toledo-PR / Fone/fax: (0xx45)252-3174Presidente: Dr. Eduardo Gomes·Delegacia Seccional de UmuaramaPraça da Bíblia, 3336 – sala 302 / Edifício CEMED – Zona 01 / 87501-670 –Umuarama-PR / Fone/fax: (0xx44) 622-1160Presidente: Dr. Luiz Antônio de Melo Costa·Delegacia Regional de Porto UniãoRua Prudente De Morais, 300 - 89400-000 - Porto União - SCFone: (0xx42) 523-1844 – Fax: (0xx42)522-0936Delegado Regional do Cremesc: Dr. Ayrton Rodrigues Martins

Jornalista responsável: Hernani Vieira – Mtb 993/06/98V-PR / Assistentes editoriais:Priscila P. J. Naufel e Giselli Brisk / Fotos: Joel Cerizza e Miro Matiak / ProjetoGráfico: Jump! Comunicação / Editoração: Upper Comunicação (0xx41) 252-0674 /Fotolito e Impressão: Serzegraf / Tiragem: 16.500 mil exemplares.

m grande número de médi-cos compareceu ao X En-contro Nacional das En-

tidades Médicas, demostrando forçae união de propósitos. Muitos parla-mentares também estiveram presen-tes, prestigiando e enriquecendo osdebates gerados pelo evento. É umgesto significativo essa aproximaçãocom parlamentares, não apenas parao conhecimento das reivindicaçõesda classe médica, mas também para oesclarecimento das nossas propostas.

Os temas previamente esco-lhidos e discutidos, reforçam aharmonia entre as entidades, poisdefiniram-se as principais metas. Aexpectativa dos médicos é grande,especialmente no sentido de me-lhorar o nível salarial e as relaçõesde trabalho com as diversas ins-tituições onde ou para as quaisdesenvolvem suas atividades. Nãopor acaso que a questão fluiu emdiversas direções a partir do debatedos grandes temas levados ao ENEM:escolas médicas, valorização pro-fissional, plano de carreira na esferado SUS/Plano Saúde da Família, atomédico e rol de procedimentos.

Atualmente, há uma gama devínculos profissionais que se esta-belecem sem garantias de segurançade um bom emprego. Além de muitomais obrigações que direitos, taisrelações de trabalho acabam se trans-formando em sucessivas transgres-sões aos preceitos da Lei. Jornadasdistorcidas e condições inseguras ouinapropriadas para a prática médicaacabam estreitando o caminho parao terreno minado das infrações éticase da indução aos erros. Anseia-se aimplantação de plano de cargos esalários na estrutura do SUS, tal qualse reivindica uma melhor atençãona alçada da saúde suplementar, daía mobilização visando a implantaçãoda Lista Hierarquizada de Proce-dimentos Médicos.

A luta em defesa da qualidadedo ensino começa a oferecer resul-tados práticos, não somente pelaconscientização de governantes elegisladores sobre a necessidade de

cumprimento dos critérios indis-pensáveis para abertura de novasescolas, mas, também, pelas açõesnos Estados que visam estancar osriscos de lançar no mercado detrabalho médicos malformados e queirão colocar em risco pacientes e elespróprios. Neste aspecto, o Paranáacaba de exibir seu exemplo, inter-rompendo o curso de medicina daUEPG, por razões técnicas, edissolvendo articulações políticasque projetavam levar escolas comos mesmos vícios a outras regiões.

Sempre defendemos uma ampladiscussão com a sociedade brasileirasobre o Ato Médico. Assim, enten-demos que a proposta que tramitano Legislativo Federal traduz a certe-za de que o médico não poderá serexcluído da equipe de saúde e, assim,estará assegurando melhor qualidadena assistência à população. Já ficoudemonstrado que existe forte inte-resse na exclusão do médico, parareduzir os custos na assistência àsaúde. Alguns projetos realizadas poragentes comunitários de saúde, quereceberam treinamentos sumários,tomam decisões sem qualquercompetência, expondo os pacientesa sérios riscos. Outros profissionaisda área da saúde extrapolam a sua

competência legal e atuam como semédicos fossem. O CFM propõe quea atenção aos pacientes pode sercompartilhada para a melhor qua-lidade da assistência, mas não vaiaceitar abusos nos atos que sãoexclusivos das profissão médica. Apopulação precisa ser esclarecida edeve exigir ser atendida por médicono diagnóstico e tratamento de suasdoenças.

Do mesmo modo, estamosengajados no fortalecimento daatenção primária à saúde, com osdesdobramentos pertinentes queenvolvem a expansão do ProgramaSaúde da Família, a valorizaçãoprofissional e instrumentos deeducação continuada. Muito maisque a união ratificada pelas enti-dades médicas, o ENEM veiorenovar nossas esperanças de umnovo tempo à profissão e à sociedade.Mas também nos ofereceu a certezade que as grandes conquistasdependem do esforço solidário decada um de nós, que começa naprática ética da medicina, na relaçãomédico-paciente afetiva e trans-parente e no cumprimento de suasresponsabilidades profissionais.

Cons. Luiz Sallim Emed,presidente do CRM-PR

Qualidade do ensino sob riscoCresce a cada ano o número de estudantes brasileiros que optam poringressar em universidades fora do país. O curso de medicina ainda é omais procurado, especialmente na Bolívia e no Paraguai. O MercosulEducacional, órgão assessor do Conselho de Ministros da Educação dospaíses do Mercosul, estuda propostas para assegurar um novo sistemade revalidação automática de diplomas entre os integrantes do bloco,mas encontra resistência entre as instituições médicas brasileiras,temerosas de que se acabe prejudicando os esforços em defesa de formaçãocom qualidade. Muitas escolas em países do Conesul são reconhecidascomo autênticos “caça-níqueis”, sem qualquer compromisso com qualificação.

Na Universidade Federal do Paraná, 70% dos 40 pedidos derevalidação de diplomas protocolados este ano são de médicos recém-formados. Segundo Miguel Ibraim Hanna Sobrinho, coordenador docurso de Medicina da UFPR, a instituição segue o modelo preconizadopela Associação Brasileira de Educação Médica, que, embora seja rígidoe demorado, funciona como filtro para profissionais formados eminstituições de baixa qualidade. No ano passado, das 18 pessoas quefizeram a prova de conhecimentos específicos, só quatro alcançaram anota mínima exigida.

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eleições do CRM

Consenso na composição donovo quadro de conselheiros

chapa de consenso deno-minada “União médica” foihabilitada para compor o

novo quadro de conselheiros efe-tivos e suplentes do ConselhoRegional de Medicina do Paranápara o quinquênio 2003/2008. Aeleição vai ocorrer em 20 de agostoe também marca a indicação dosintegrantes das Delegacias Regionaise Seccionais, todas igualmente comchapa única. Em Curitiba e nas cida-des-sedes das Delegacias a votaçãoserá das 8 às 20h. Os médicosinscritos no Conselho que residemem municipalidades sem urnacoletora de votos receberão todo omaterial com antecedência, atravésdos Correios. O voto é obrigatório.O não-cumprimento, sem justa causaou impedimento, resulta em sançãoadministrativa e multa no valorcorrespondente à meia anuidade.

O corpo de conselheiros contacom 21 efetivos e igual número desuplentes. Entre os 42 membros, umé indicação da Associação Médicado Paraná. A renovação chega a 50%dos conselheiros que compõem oatual mandato do CRM-PR, quetermina em 1.º de outubro. A possedos membros eleitos vai ocorrernaquela data, quando em reuniãoplenária os conselheiros escolherão,via voto, a composição da nova Di-retoria, com as funções de presiden-te e vice, 1.º e 2.º secretários, tesou-reiro titular e adjunto e corregedor.

A escolha dos novos conse-

Conselho Regional de Medicina do Paraná, a exemplo do que já fez há alguns anos, está disponibilizando suaAssessoria Jurídica para proporcionar, a todos os médicos inscritos, consultorias jurídicas sobre qualquer ramodo direito, sem ônus para os consulentes. Assim, o médico que tenha dúvidas sobre assuntos de seu interesse,

de ordem jurídica, de caráter particular ou de seus familiares, poderá agendar consulta com um dos advogados doConselho para saná-las, recebendo então orientação sobre os caminhos que poderá tomar, as prerrogativas que possuifrente à lei e os problemas que eventualmente esteja enfrentando.

Dessa forma, o conselho estará viabilizando aos médicos inscritos um serviço importante e especialmente semqualquer vinculação profissional futura, desde que disponibilizará apenas a consulta, de caráter estritamente informativoe esclarecedor, cumprindo assim uma de suas obrigações como órgão representativo da classe médica.

O CRM-PR estará promovendo também pela sua Assessoria Jurídica, em favor dos médicos aposentados, açõesrevisionais de suas aposentadorias, visando reajustar os benefícios defasados pelos aumentos concedidos a menor, noperíodo de 1996 a 2002. Os médicos que se aposentaram nesse período poderão solicitar revisão do valor queatualmente vem percebendo, com eventuais chances de reajuste. Cumulativamente, o pagamento será pleiteado dosvalores devidos em conseqüência das defasagens, acrescidos de juros e correção monetária.

Os interessados deverão contatar o CRM-PR, bem como o agendamento de consultas poderá ser feito pelotelefone (0xx41) 240-4060.

• Delegacia Seccional de ApucaranaChapa “Responsabilidade com quali-dade ética”Efetivos: Adail Rother Júnior, CarlosAlberto Gebrim Preto, GuilhermeAugusto Storer, José Marcos Lavradore Osmundo Pereira Saraiva.Suplentes: Altimar José Carletto,Enéas Peres Prado, Milton CésarRodrigues, Nércio Gonzalez Estrada eNewton Benevenuto.

• Delegacia Seccional de Campo MourãoChapa “Ética e progresso”Efetivos: Antônio Carlos Cardoso,Dairton Legnani, Manoel da ConceiçãoGameiro, Moacir Ciulla Porciúncula eWilfredo Sérgio Sandy Saavedra.Suplentes: Altair Gonçalves, AntônioSérgio de Azevedo Rebeis, CarlosRoberto Henrique, José AlexandreGargantini Rezze e Sílvio Xavier.

• Delegacia Seccional de CascavelChapa “Consciência e união”Efetivos: Keithe de Jesus Fontes,Fayez Mehanna, Aldo Luís Hota, GleiceFernanda Costa Pinto Gabriel e HiKyung Ann.Suplentes: Nelson Ossamu Osaku, JoséFernando Carvalho Martins, Allan CezarFaria Araújo, André Pinto Montenegroe Paulo Marcelo Schiavetto.

• Delegacia Seccional de Foz do IguaçuChapa “União”Efetivos: Isidoro Antônio VilamayorAlvarez, Luiz Henrique Zaions, NilsonJorge de Mattos Pellegrini, TomásEdson Andrade da Cunha e Valter daCruz Teixeira.Suplentes: José Antônio RodriguesJúnior, Marco Aurélio Farinazzo, MichelCotait Júnior, Rodrigo Lucas deCastilhos Vieira e Sebastião PintoLeme Filho.

Delegacia Seccional de GuarapuavaChapa “Ética e equilíbrio”Efetivos: Wagner Novaes Carneiro,Amir Youssef Nasr, Augusto César PradoAlves, Stefan Wolanski Negrão eFrederico Eduardo W. Wirmond.Suplentes: Edílson Rodrigues da Silva,Edina Ramos R. Carvalho, AudevirBenedito Ribeiro, David L. AlvesFigueiredo e Iara Rodrigues Vieira.

lheiros baseou-se, inicialmente,quanto ao perfil ético dos escolhi-dos. Em seguida, prevaleceramaspectos como a experiência deconselheiros, convite a médicos queatuam em várias instituições desaúde públicas ou privadas ou comatuação em diversos hospitais, tipode especialidade médica e outrasespecialidades de maior demanda, eainda a necessidade de renovar eformar novas lideranças. “Se sobre-põe o intuito de contemplar umamaior representatividade dos mé-dicos paranaenses”, resume o atualpresidente, Luiz Sallim Emed.

As normas que definiram opleito deste ano dos ConselhosRegionais estão contidas na Reso-lução n.º 1.660/2003 do ConselhoFederal de Medicina, editada emmarço. A Comissão Eleitoral doParaná é composta pelos membrosnatos do Conselho Duílton de Paola,Ehrenfried Othmar Wittig e LuizCarlos Sobania, conforme editalpublicado em maio. O período pararegistro das chapas foi de 2 a 16 dejunho, prevalecendo no Estado aconstituição de um grupo ajustadoàs propostas de trabalho que vêmsendo desenvolvidas, com destaquepara a união das entidades médicas,a valorização profissional e açõespara melhor qualificação e educaçãocontinuada.

Na chapa única que estaráconcorrendo ao pleito de agosto, sãocandidatos a conselheiros efetivos:

Carlos Ehlke Braga Filho, CarlosRoberto Goytacaz da Rocha, Doni-zetti Dimer Giamberardino Filho,Edgard Luiz Westphalen (Londrina),Ewalda Von Rosen S. Stahlke(AMP), Gerson Zafalon Martins,Hélcio Bertolozzi Soares, KemelJorge Chammas (Maringá), LuizSallim Emed, Marco Antonio S. M.R. Bessa, Marília Cristina MilanoCampos, Mauri José Piazza, MiguelIbrahim Abboud Hanna Sobrinho,Mônica de Biase Wright Kastrup,Raquele Rotta Burkiewicz, RobertoBastos da Serra Freire, SérgioOssamu Ioshii, Wadir Rúpollo,Sérgio Maciel Molteni, WilmarMendonça Guimarães e ZacariasAlves de Souza Filho.

O suplentes são: AlexandreGustavo Bley, Antonio Techy(Ponta Grossa), Carlos EdmundoRodrigues Fontes (Maringá), CarlosPuppi Busetti Mori (Cascavel),Célia Inês Burgardt, FernandoMeyer, Hélio Delle Donne Júnior(Guarapuava), Joachim Graf, JoséLuís de Oliveira Camargo (Lon-drina), Lúcia Helena Coutinho dosSantos, Luiz Antonio de MeloCosta (Umuarama), Luiz ErnestoPujol, Marcelo da Silva Kaminski,Marcos Flávio Gomes Montenegro,Mário Stival, Marta Vaz Dias deSouza Boger (Foz do Iguaçu),Maurício Marcondes Ribas, PauloRoberto Mussi (Pato Branco),Romeu Bertol, Roseni TeresinhaFlorêncio e Wanderley Silva.

Conselho presta consultoria jurídica

• Delegacia Regional de LondrinaChapa “União médica Londrina”Efetivos: Adelmo Ferreira, Álvaro Luizde Oliveira, João Henrique SteffenJúnior, Luís Fernando Rodrigues e MarcosMenezes Freitas de Campos.Suplentes: Adel Mamprim, AlessandraSpironelli Pinheiro, Antonio CésarMarson, José Eduardo de Siqueira eSylvio Ferreira Filho.

• Delegacia Regional de MaringáChapa “Trabalho e integração”Efetivos: Kemel Jorge Chammas, MárioMassaru Miyazato, Natal Domingos Gia-notto, Minao Okawa e Mário Lins Peixoto.Suplentes: Aldo Yoshissuke Taguchi, LuísFrancisco Costa, José Carlos Fernandes,Mariane Arns e Vera Lúcia Alvarez Beltran.

• Delegacia Seccional de Pato BrancoChapa “Novo milênio”Efetivos: Eduardo Obrzut Filho, GianaDacle Telles, João Schemberk Júnior,Paulo Furtado e Sylvio José Borela.Suplentes: César M. de Souza, EduardoToshimitsu, Gilberto Almeida e JoséNortolaz Neto.

• Delegacia Seccional de Ponta GrossaChapa “União médica”Efetivos: Luiz Jacintho Siqueira,Gilberto Luiz Ortolan, Dalton ScarpinGomes, Northon Arruda Hilgenberg eDário de Melo Júnior.Suplentes: Marcelo Tassari, DaniellaAlvarez Mattar, Cleverson Urcichi,Marcelo Jacomel e Meierson Reque.

• Delegacia Seccional de ToledoChapa “União Mèdica de Toledo”Efetivos: Celso Paulo M. Dall’Oglio,Eduardo Gomes, José Afrânio DavidoffJúnior, Roberto Simão Roncatto e SérgioKazuo Akiyoshi.Suplentes: Frederico Patino Cruzatti, IvanGarcia, José Carlos Bosso, José MariaBarreira Neto e Wilsom Botton.

• Delegacia Seccional de UmuaramaChapa “Integridade ética”Efetivos: Guilherme Antônio Schmitt,João Jorge Hellú, Luiz Renato Ribeirode Azevedo, Mauro Acácio Garcia eOsvaldo Martins de Queiroz Filho.Suplentes: Adalberto Carlos GiovaniniFilho, Fernando Elias Mello da Silva,Juscélio de Andrade, Luiz Antônio deMelo Costa e Luís Lucacin Júnior.

Eleições nas Delegacias

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bioéticaM A I O E J U N H O - 2 0 0 3 / P Á G I N A 4

A Medicina, deHipócrates à atualidade

medicina teve sua ori-gem assentada no para-digma sobrenatural, na

função tribal do curandeiro, dolíder religioso com seu poder decura delegado pelos deuses,sempre foi um misto de bruxaria,ciência e religião.

Ela tinha a característica dopaternalismo, na qual o curan-deiro, depois substituído pelomédico, decidia pelo doente. Eas escolas de medicina ensina-vam, e algumas ainda ensinam,desta maneira.

Na Grécia, Hipócrates re-monta o início da preocupaçãoética no relacionamento domédico com o paciente. Trans-portando os princípios universaisda conduta humana, tornou-seclássico o seu juramento chama-do de “Juramento de Hipó-crates”, que passou a ser umafonte tradicional da condutaético-profissional médica.

O juramento compara osmestres da medicina como sefossem os pais do estudante;ensina que a arte de curarpretende sempre o benefício dodoente; respeitando a intimi-dade e os segredos ao médicorevelados, a medicina jamaispode ser usada para favorecer ocrime ou corromper os costumes;aos que cumprirem esse jura-mento, que gozem de fama ehonra, os que o transgrediremque seja o contrário o seu destino.

Entretanto, Hipócrates, con-siderado o “Pai da Medicina”,não mencionava a vontade dodoente, pois não era interessantepara o médico perder tempoconversando ou ouvindo o doen-te. Durante anos a interaçãomédico-paciente foi alicerçadaem três crenças: obrigação em

Carlos Ehlke Braga Filho (*)

13.a Jornada de Bioética, realizada dia 23 demaio, em Maringá, contou com a participaçãode médicos, estudantes e demais profissionais

da cidade e região. O evento teve início às 20h, noauditório da Delegacia Regional do CRM-PR edestacou os temas “Ensino da Bioética”, “Rela-cionamento Médico-Paciente” e “Escolas Médicas”.

Entre os palestrantes, o conselheiro José Eduardode Siqueira, de Londrina, ressaltou a importânciada bioética como disciplina nos cursos de medicina.“Foi interessante falar sobre este assunto aosacadêmicos de Maringá. Inclusive, fui convidado aretornar para explanar melhor o tema na própriauniversidade”, conta José Eduardo de Siqueira, queé coordenador da Câmara Técnica de Bioética doConselho e da Regional do Paraná da SociedadeBrasileira de Bioética.

O presidente do CRM-PR, Luiz Sallim Emed, fezabordagem de questões polêmicas que afetam acategoria, como a abertura indiscriminada de cursosde medicina em todo o país. Através da história damedicina, Carlos Ehlke Braga Filho, professor econselheiro, resgatou a importância de restabelecera boa relação entre médico e paciente nos dias dehoje. Segundo ele, fatores internos e externosacarretarem em alterações nos padrões decomportamento de ambas as partes. “O avanço e oencarecimento da tecnologia, o desajuste depolíticas governamentais ineficientes e oempobrecimento da população são as principaiscausas dessa problemática”, cita Braga. Ele acreditaque a bioética pode ajudar a atenuar essasdificuldades e a promover a distribuição de recursosmédicos à população de maneira igualitária.

As Jornadas de Bioética têm como objetivo levara todas as regiões do Paraná a discussão em tornode questões de relevância da medicina moderna eo exercício ético da profissão. A 14.ª Jornada foilevada a Londrina, nos dias 27 e 28 de junho, coma participação do presidente da Sociedade Brasileirade Bioética, Dr. Volnei Garrafa.

reverenciar o médico, a obriga-ção de ter fé no médico e a obri-gação de obediência ao médico.

As bases éticas da medicinana época de Hipócrates ainda sãoos pilares da medicina huma-nística, mas o doente tornou-semais consciente de seus direitose os médicos passaram a respeitá-lo em sua autonomia.

O espetacular desenvolvi-mento da tecnologia e da ciência,que hoje estamos testemunhan-do, tornaram mais agudos osproblemas éticos nas relaçõessociais. No ensino da medicina oque se percebe é a mercanti-lização no espírito e no objeto. Aarte médica, com ares de ciência,tornou-se impregnada de tecno-logia e fez desaparecer o papelsocial do médico, que passou aser prestador de serviços.

Na área médica impera acrise no ensino, inicialmente emrelação ao acesso à escola, ondea elite econômica e social man-tém sua hegemonia e dominação,e posteriormente durante aformação médica humanística,onde são valorizados os conhe-cimentos técnicos em detrimentoà medicina humanística. Oscurrículos hipertrofiam as disci-plinas e conteúdos tecnológicose o estudante vai progressi-vamente perdendo o contatodireto e pessoal com o doente. Oraciocínio médico está sendo feitocom o apoio tecnológico e muitopouco com a anamnese e examefísico. O médico já não conversacom o doente e o doente confiamais no laboratório e no aparelhodo que no exame médico.

O Estado Brasileiro neolibe-ral, ao definir conhecimentos quedevem ser ensinados, transformaa cultura em mercadoria, na qualos detentores do chamado capitaleconômico têm mais chances de

deter também o capital culturale poder até dispensá-lo, pois otítulo escolar constitui moedafraca cujo valor total só se faz sentirnos limites do mercado escolar.

A prática médica, notada-mente nos países capitalistas,demonstra o contraditório entrea criação de novos benefícios denatureza tecnológica e a restriçãodo acesso para a maioria dapopulação. Evidente que não sepode atribuir à tecnologia tra-çados pré-estabelecidos em rela-ção ao trabalho e sociedade, masquem promove as mudanças é oindivíduo ao reconhecer-se a sipróprio, a apropriar-se da reali-dade e nela intervir.

O aparelho formador dosprofissionais da saúde vive um di-lema: conciliar o conhecimentotecnológico sem perder de vistaas bases humanistas. A máquina,a técnica na medicina, vêmprogressivamente substituindo omédico, que nunca se dispôs detantos meios e nunca teve tãodistanciado dos fins que deveservir.

Duas preocupações são fun-damentais: o uso racional datecnologia utilizada a serviço dohomem e da humanidade e auniversalização do acesso àsaúde. O médico deve estar, hoje,consciente de seu papel comofator de luta e resistência, paraque a saúde possa ser o objetoprincipal do Estado e, mais doque nunca, necessita estar aolado do doente.

E, em seu genialidade, Fer-nando Pessoa sentenciou: “Omédico precisa apenas de duasmãos e de todo o sentimento domundo”.

(*)Carlos Ehlke Braga Filhoé conselheiro e membro da CâmaraTécnica de Bioética do CRM-PRe diretor do IML.

Jornada de Bioéticaem Maringá

Palestrantes da 13.ª Jornada: Carlos Ehlke Braga Filho, LuizSallim Emed e José Eduardo de Siqueira.

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geral

Frágil fiscalização de remédioscoloca saúde pública em risco

fragilidade dos órgãoscompetentes à fiscali-zação dos remédios pro-

duzidos no Brasil resultou emnovas vítimas no primeiro se-mestre deste ano. O recente casode contaminação do contrateradiológico Celobar, suspeito dematar cerca de duas dezenas depessoas por intoxicação, chamouatenção da opinião pública ecolocou em evidência a realidadeda indústria farmacêutica noBrasil.

No Rio de Janeiro, cerca de12 pacientes ficaram cegos apósserem submetidos à operação decorreção de catarata. Examesposteriores constataram que acausa estava relacionada a duassolução oftálmicas contaminadaspor bactérias, que foram utiliza-das durante as cirurgias. O labo-ratório Lenssurgical Oftalmolo-gia, que fabricava o colírio MethylLens Hypac 2%, funcionavairregularmente e teve ordem de

segundo volume do Pro-jeto Diretrizes AMB/CFM contém mais 40

novas diretrizes e contou coma participação de 15 Sociedadesde Especialidades para serconcluída. Agora, menos de umano depois do lançamento doprimeiro volume, a segundaedição encontra-se finalizada eem processo de impressão. Maispatologias estão disponíveis.Na gestão anterior, o Ministé-rio da Saúde celebrou parceriae a expectativa é que o governoatual mantenha a disposição depublicar as 100 patologias maisprevalentes que motivam in-ternações no SUS. Trata-se deum trabalho eficiente que vaicontribuir para a redução decustos e melhor qualidade deatenção aos pacientes.

Em breve, cerca de 10 milexemplares do novo volumeserão distribuídos para biblio-tecas, hospitais, faculdades demedicina e entidades médicas.Além disso, o trabalho terá

Projeto Diretrizes - volume IIatualização constante e estarádisponível nos sites do Con-selho Federal de Medicina(www.portalmedico.org.br) e daAssociação Médica Brasileira(www.amb.org.br). O projetoDiretrizes é coordenado pelodiretor científico da AMB, FabioBiscegli Jatene, e por uma equipede consultores formada porWanderley Marques Bernardo,Moacyr Roberto Cuce Nobre eJosé Eluf Neto.

Com o intuito de unir aqualidade da prática médica como apoio das diretrizes de proce-dimentos clínicos e cirúrgicos, aAMB está promovendo cursossobre o emprego das diretrizesmédicas. Os cursos são dirigidospara a classe médica, associandoa experiência do médico à melhorevidência científica disponível.O último curso sobre diretrizesmédicas ocorreu nos dias 27 e 28de junho e foi dirigido aos repre-sentantes das Sociedades Cien-tíficas filiadas à AMB. Saiba maisacessando o site da Associação.

ada vez mais freqüentes,casos sobre falsos médicostêm rendido boas man-

chetes para os noticiários e geradoconstante preocupação para so-ciedade. Para reverter este quadro,o Conselho de Medicina do Paranáinsiste para que as SecretariasMunicipais de Saúde, unidadeshospitalares e aos próprios mé-dicos, sobretudo os diretoresclínicos dos hospitais, aos quais serecomenda atenção constante nahora de contratarem novos pro-fissionais, já que poderão ser

Alerta com atuação de falsos médicosresponsabilizados ética e judicial-mente de forma solidária peloexercício irregular da medicina.

Devemos ter consciência de queexercer a medicina sem adequadapreparação envolve riscos à vida edeve ser um problema combatidopelos órgãos competentes. Os falsosprofissionais iludem o paciente detodas as formas. Primeiro, insinu-ando-se como se tivessem cursosuperior. Depois, solicitando examescomplementares e, em alguns casos,prescrevendo “medicamentos”alternativos de efeito duvidoso, sem

comprovação científica. Em regiõesdo interior, muitas pessoas deixam-se enganar pelo uso da “roupabranca”, um estetoscópio pendu-rado no pescoço, uma maleta decouro com um aparelho de pressão,“receituário” e carimbo. E prefei-turas e hospitais se deixam enganarcom a promessa de apresentaçãoposterior dos documentos legais,como ocorreu recentemente emCuritiba com um falso pediatra quechegou a atuar por mais de um mêsnum posto de saúde.

Recentemente, ainda, a polícia

paulista descobriu que um falsomédico exercia ilegalmente aprofissão num posto de saúde deBoiçucanga, em São Sebastião, nolitoral norte de São Paulo. VanderleiPereira trabalhou durante um ano etrês meses no Posto de Saúde Muni-cipal, sem causar desconfianças. Aprefeitura alegou que Pereira apre-sentou todos os documentos neces-sários, com autenticação feita emcartório. O Cremesp esclareceu que,após receber o pedido para registrodo falso médico, constatou que odiploma era falso e comunicou o fato

à Polícia Federal, que é o órgãocompetente para agir nestes casos.

A recomendação é que ascontratações sempre sejam homo-logadas após consulta prévia juntoao CRM ou suas Delegacias. Emcaso de dúvidas, é aconselháveltambém pedir ao médico queapresente declaração de condutaética profissional - documentofornecido pelo próprio CRM.Vários casos de falsos médicos jáforam detectados no Paraná peloConselho, daí a preocupaçãoconstante de alerta.

recolhimento expedida pelaAgência Nacional de VigilânciaSanitária (Anvisa); o outromedicamento Oftvisc, fabricadopelo laboratório Oftvision, teve doislotes interditados em abril tambémpor suspeita de contaminação.

O CRM recomenda que mé-dicos e encarregados de dispen-sários de hospitais estejam sempreatentos no momento de conferira origem dos medicamentos. Acompra e a prescrição de qual-quer produto para a saúde deveser precedido de certificação deregistro na Anvisa e de que seufabricante possui autorização doGoverno para funcionar. A ilegi-timidade de remédios no merca-do brasileiro coloca em risco asaúde da população e abre espaçopara laboratórios clandestinos eprofissionais desqualificados. AAnvisa recebeu meia centena dedenúncias este ano, quase ametade apontando para medica-mentos com problemas de origem.

Conferência NacionalDecorrente de indicações das

últimas Conferências Nacionaisde Saúde e da avaliação doRelatório Final da CPI dosMedicamentos, a 1.a Conferên-cia Nacional de Medicamentose Assistência Farmacêutica temdata prevista para os dias 15 a 18de setembro, em Brasília. Serádebatido o tema “Efetivando oAcesso, a Qualidade e a Huma-nização na Assistência Farma-cêutica em Controle Social”,propondo diretrizes e estratégiaspara a formulação e efetivaçãode ações que garantam o acessodos serviços de saúde.

Como mais um instrumentopara garantir a participaçãopopular e o fortalecimento docontrole social na definição daspolíticas públicas de saúde, aComissão Organizadora preten-de expor no evento as experiên-cias institucionais relacionadas aotema central.

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educação continuadaM A I O E J U N H O - 2 0 0 3 / P Á G I N A 6

iolência e avaliação psi-quiátrica em tempos atu-ais foi o tema do debate

promovido pelo Departamentode Psicologia da UFPR e oInstituto Médico Legal, nos dias8 e 9 de maio, durante o Encontrode Psiquiatria Forense do Paraná.O evento, realizado no auditóriodo IML, reuniu mais de 200participantes, entre estudantes,médicos, advogados e alguns dosprincipais especialistas no assuntono Estado.

O Prof. Jamil Zugueib Neto,Departamento de Psicologia daUFPR, diz que o objetivo doencontro foi alcançado: “Mos-tramos que o IML pode ultra-passar seus papéis tradicionais eque deve se responsabilizar porpesquisas que vão contribuir parao progresso da ciência e dasociedade”. Durante sua fala, oProf. Zugueib destacou o Labo-ratório de Estudos sobre Violênciado IML, criado em parceria coma UFPR para estudar a violênciae suas conseqüências subjetivasno indivíduo, na família e nos

Violência e avaliaçãopsiquiátrica nos tempos atuais

Composição da mesa (da esquerda para direita): Eduíno Sbardelline,Alexandre Gebran Neto, Carlos Ehlke Braga Filho, Jamil ZugueibNeto, Nizan Pereira e Celso Ribas.

grupos de pertinência. A parceriacom a instituição, apoiada peloconselheiro do CRM-PR e diretordo IML, Carlos Ehlke BragaFilho, é um passo muito impor-tante para que pesquisas sejamrealizadas e soluções sejampropostas. “O médico legista devedar um passo a mais em seutrabalho, contribuindo em pes-quisa e fazendo um exame deacuidade, visto as novas formasde conduta que o indivíduo deveter”, afirma Zugueib.

Numa avaliação da psiquia-tria em tempos atuais, foi apre-sentado um perfil da situação daviolência em Curitiba e no inte-rior do Estado. E, a partir destesdados, foi realizada a avaliaçãodo problema da violência: “Nãoexiste só a violência do indivíduo,tem também a das instituições,que é simbólica, cometida atra-vés dos costumes, dos estigmassociais e no preconceito degênero e raça”, explica o Prof.Zugueib, ressaltando que há umainsatisfação, um “mal-estar”muito grande do sujeito na

sociedade contemporânea e queé isto que deve ser avaliado paraque se encontre soluções para aviolência.

O médico, professor da UFPRe Secretário Estadual de Assun-tos Estratégicos, Nizan Pereira,fez a abertura solene do eventono dia 8 de maio. Nizan elogioua iniciativa do IML em propor adiscussão e abordou o grandedesafio de resolver o problema daviolência urbana. “É funda-mental que o Estado volte adifundir a verdadeira noção decidadania e seja um instrumentoque garanta a igualdade e ajustiça”, afirma.

Os problemas causados pelamá administração pública noBrasil foram abordados pelomédico e diretor técnico do IML,Alexandre Gebran Neto. Emo-cionado, Gebran disse que, paraele, era muito importante estarali para discutir estes assuntos.“Procuraremos romper com aimagem negativa do InstitutoMédico Legal e conduzir estainstituição nos caminhos doexercício da cidadania do povoparanaense”, ressaltou.

Drogas e juventudeA Associação Brasileira de

Estudos de Álcool e Drogas(ABEAD) promoveu, no au-ditório do CRM-PR, palestrasobre “O Jovem e as drogas – aeducação, a comunidade e amídia”. O evento, que ocorreunos dias 13 e 14 de junho, foi umadas atividades preparatórias parao XV Congresso Brasileiro daABEAD, que vai ocorrer de 3 a7 de setembro em São Paulo.Outros detalhes na próximaedição do Jornal do CRM.

Assistência domiciliarO Conselho Federal de Medicina recém-editou a Resolução n. 1.668/03, que dispõesobre normas técnicas necessárias àassistência domiciliar de paciente. Anorma define as responsabilidades domédico, hospital, empresas públicas eprivadas, bem como a interface multi-profissional neste tipo de assistência. Emseu artigo 1.o, a resolução expressa que“todas as empresas públicas e privadasprestadoras de assistência à internaçãodomiciliar deverão ser cadastradas/regis-tradas no Conselho de Medicina do estadoonde operam”. Além regimento internoque estabeleça as normas de funcio-namento, a empresa deverá contar comdiretor técnico, necessariamente médico,que assumirá perante o Conselho a respon-sabilidade ética de seu funcionamento.A íntegra da resolução, bem como a ex-posição de motivos sobre o discipli-namento do Sistema de AtendimentoDomiciliar, estão no site do CFM/CRM-PR.

Contas aprovadasConforme decisão em sessão plenária de10 de abril, o CFM editou a Resolução n.º1.663/2003, que julga regulares as contasdo exercício de 2002 do CRM do Paraná,do Distrito Federal e de mais 23 estados.

Pareceres do CFMPlantões de sobreavisoParecer 9/2003Ementa: Os plantões de sobreaviso cons-tituem prática usual da organização deserviços médicos, devendo obedecer anormas rígidas de funcionamento paraevitar prejuízos no atendimento à popu-lação e garantir a segurança do médico. Osobreaviso deve ser remunerado.

Método Lasik e responsabilidadeParecer 21/2003Ementa: Lasik. Procedimento oftal-mológico. Obrigatoriedade de apre-sentação de termo de consentimento aopaciente. Inexistência.

LEGISLAÇÃOAnencefalia e transplanteParecer 24/2003Ementa: Uso de órgãos de anencéfalospara transplante. Ente com incompa-tibilidade vital por não possuir a partenobre e vital do cérebro. Uma vezautorizado formalmente pelos pais, omédico poderá proceder ao transplante deórgãos do anencéfalo após a sua expulsãoou retirada do útero materno.

Malformação e assistênciaParecer 25/2003Ementa: Merece apoio a iniciativa deLegislativo Municipal em procurargarantir assistência aos idosos e criançasportadoras de malformações de lábioleporino e/ou fenda palatina. No entanto,alerta-se para o fato da necessidade de seprover assistência à saúde para todas asfaixas etárias, bem como se recomendaque os critérios de tratamento prestemassistência a todas as malformações queacometem os recém-nascidos, e nãoapenas lábio leporino e/ou fendas pala-tinas. Consulta refere-se a projetos de leique visam garantir na rede municipalassistência assistência aos idosos e criançasportadoras de malformações de lábiolepurino/fenda palatina.

Procedimento de entubação por não-médicoParecer 26/2003Ementa: Entubação orotraqueal e desfi-brilação cardíaca são atos médicos, sendopermitido a leigos, na ausência de médico,a utilização de desfibrilador cardíacoautomático externo. Cursos que ensinamatos médicos só podem ter como alunosmédicos e/ou estudantes de Medicina.

Pareceres aprovados pelo CFM em Plená-rias. Confira a íntegra dos pareceres no sitedo CRM-PR/CFM.

Confira: agendacientífica, banco deempregos, oportunidadesprofissionais e outrasnotícias no site do CRM

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educação continuadaM A I O E J U N H O - 2 0 0 3 / P Á G I N A 7

Inaugurado programa de intercâmbiocom escolas de outras regiões do país

Júri simulado discute ética em ortopediao dia 9 de maio, a Socie-dade Brasileira de Orto-pedia e Traumatologia -

Regional do Paraná e o ConselhoRegional de Medicina promoveramo júri simulado sobre “Ética emOrtopedia”. O evento, realizadona nova sede do CRM-PR, foitransmitido por videoconferência,interligando as cidades de Curi-tiba, Londrina e Maringá.

Dirigido aos médicos, aca-dêmicos, residentes e estudantesde direito, o júri simulado temcomo objetivo revisar possíveis

Conselho Regional de Medi-cina do Paraná inaugurouuma nova etapa de inter-

câmbio com as universidades brasi-leiras, aplicando as facilidadestecnológicas disponibilizadas comseu projeto de videoconferências.Em parceria com a Pontifícia Uni-versidade Católica do Paraná, oCRM promoveu no início de junhopalestras de dois renomados profes-sores paranaenses para acadêmicosda Faculdade de Medicina do Acre,em Rio Branco. A experiência incluiua interação com os coordenadoresdo programa de Telepatologia daFaculdade de Medicina da USP, emSão Paulo, que no futuro esperamestender à escola acrense os debatesanátomo-clínicos a partir da rea-lização de autópsias em tempo real.

O Prof. György Bôhm e outrospares da USP integraram-se àvideoconferência depois de teremconduzido transmissão de aula paraoutro Estado.da sede do Conselhode Medicina, em Curitiba, o Prof.João Manuel Cardoso Martins,titular de Clínica Médica e Reu-matologia da PUC-PR, proferiu

palestra sobre “Abordagem clínicado paciente com depressão”. Afragilidade vivenciada pelo médicoe o acadêmico de medicina, sobpressão por uma série de fatores ecom elevado percentual de depen-dência química face a maior faci-lidade de acesso às drogas, foi umdos assuntos que mais despertarama curiosidade dos estudantes doAcre. Depressão entre os que atuamna área médica tem grande influêncianos índices de suicídios, comorevelou o palestrante.

“Tratamento das pneumonias”foi o assunto exibido pelo Prof. JoãoCarlos Folador, titular de Pneuma-tologia da PUC. O tema, por estarem grande evidência no momento,sobretudo pela expansão da Sars,também prendeu a atenção dosacadêmicos. O palestrante ressaltouque as pneumonias são a sexta causade morte nos Estados Unidos e aprimeira entre as causas infecciosas.Também procurou despertar aosfuturos médicos para a importânciada avaliação clínica, do exame físico,hoje muitas vezes desprezado pelofascínio da tecnologia.

O coordenador do curso demedicina da faculdade de RioBranco, Prof. Milton Santos Freitas,não escondeu o seu entusiasmo coma experiência e conclamou osidealizadores do programa de Te-lepatologia da USP e CRM-PR paraque ajudem a viabilizar o acessocontínuo da escola às videocon-ferências. Acentuou que a atividadesuperou as expectativas e despertoupara um importante mecanismo deensino. Luiz Sallim Emed, presi-dente do Conselho de Medicina doParaná, mediou as palestras eratificou a importância para todos.“Queremos ajudar a levar conhe-cimento a alunos e professores etambém aprender muito com eles”,disse Emed, assinalando a possibi-lidade de que, além da educação adistância, o intercâmbio se façatambém com visitas de estudantes edocentes às nossas faculdades e àsda região Norte. O presidente dizque novos ciclos de palestras evideoconferências devem ser im-plementados em breve, com aparticipação de outras faculdadesparanaenses.

João Carlos Folador (àdir.) e João Manuel

Cardoso Martins(abaix0), rpofessores da

PUC-PR, foram ospalestrantes em programa

de videoconferênciaestendido a cursos de

medicina de outrosEstados.

falhas, ou encontrar pontospassíveis de discussão, em pro-cessos que já foram devidamentejulgados. Na ocasião, o casolevado à debate novamente foi ode um catador de lixo que teriasofrido amputação de ambas aspernas devido à possível imperíciamédica .

Após relatarem e discorremsobre o caso, os participantes damesa do júri concluíram quemuitos processos de ética profis-sional ocorrem pela falta deatenção dos médicos durante o

primeiro atendimento,criticaram o descasocom o preenchimentode prontuários e o re-gime de carga horáriaa que são submetidosos plantonistas. “Ho-je, os prontos-socorrosdispõem de especia-listas variados, infeliz-mente cada um cuidada sua parte e a lista de proce-dimentos básicos acaba ficandode lado”, diz o ortopedista CarlosRoberto Goytacaz da Rocha,

também conselheiro do CRM. OConselho vem implementandoatividades científicas com associedades de especialidades e

ainda desenvolve o programa detele-educação com a FMUSP, comdiscussões anátomo-clínicas acada duas semanas.

O cons. Goytacaz da Rocha (3.º da esq. para dir.)coordenou o júri simulado.

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opiniãoM A R Ç O E A B R I L - 2 0 0 3 / P Á G I N A 8

ARQUIVO GE M

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bioéticaM A R Ç O E A B R I L - 2 0 0 3 / P Á G I N A 9

MINADA.P65

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X ENEM

Carta dos médicos à Nação Brasileiras representantes de 283mil médicos, reunidos noX Encontro Nacional das

Entidades Médicas, em Brasília,neste dia 30 de maio, vêm mani-festar à Nação e ao Governo doPaís o seu posicionamento rela-cionado ao importante momentopolítico que vivemos, bem comoapontar as medidas que consi-deramos necessárias à melhoriadas condições de vida e saúdede nosso povo.

Nos primeiros meses de 2003,assistimos a ascensão ao Poder donovo Presidente, através dahistórica votação de mais de 50milhões de brasileiros. O mundoviveu uma guerra de grandesproporções, mais motivada porinteresses geopolíticos e econô-micos do que pela chamada “lutacontra o terrorismo”.

Presenciamos o surgimentode uma nova e letal epidemia,que mais que a guerra pode vir atrazer enorme sofrimento agrande parte da população doplaneta e sérios prejuízos econô-micos aos países atingidos.

No Brasil, é enorme a ex-pectativa da população e aresponsabilidade de todos nós naconstrução de um País mais justo,com menos iniqüidades e bemcolocado no cenário interna-cional. Ainda convivemos coma vergonhosa posição de 74° lugarno Índice de DesenvolvimentoHumano (IDH). Proliferou-se aviolência, em suas mais variadasformas, durante anos e tornou-se também uma questão desaúde pública. A segunda causade morte entre os brasileiros éadvinda da violência.

Continua a Nação subme-tida à sangria de vultosas quantiasmensais para o pagamento dosjuros da dívida externa. Chega-mos ao ponto de, em um mês, oBrasil gastar com os serviços da

dívida o correspondente a quasetodo o orçamento anual doMinistério da Saúde: mais de R$20 bilhões, limitando as possi-bilidades dos brasileiros conquis-tarem o pleno direito à cidadania.

Os médicos brasileiros parti-ciparão ativamente do grandedebate nacional, que se inicia emrelação à reforma da Previdência,devendo este ser ancorado emdados reais. Queremos discutirtambém a reforma política e asrelações de trabalho em nossoPaís. Somos favoráveis às açõesgovernamentais, desde que elasnão prejudiquem e penalizemnosso povo em seus direitosduramente conquistados.

Na questão da saúde, ressal-tamos a mudança de conduçãodo novo Ministério, em relaçãoao tratamento com o movimentomédico brasileiro. As entidadesnacionais foram, nesse período,já recebidas pelo Ministro daSaúde em diversas ocasiões.Além disso, foi convocada a 12ªConferência Nacional de Saúdee está sendo encaminhado umgrande debate nacional, rela-cionado à saúde suplementar.Foram iniciadas, ainda, as dis-cussões relativas à forma detrabalho dos médicos, aos seusdireitos e à sua carreira. Assim, oX Encontro Nacional dos Mé-dicos Brasileiros propõe:

1 - Uma ampla discussãosobre o Ato Médico com a so-ciedade brasileira, com o Parla-mento e com o Governo, tendoem vista a necessidade urgentede definir, claramente, os atosprivativos de nossa profissão e osque podem ser compartilhados.Os médicos brasileiros defendema aprovação do Projeto de Lei doSenado nº 25/2002. A eventualexclusão do médico de qualquerequipe de saúde compromete aqualidade do atendimento à

população e, em última análise,indica a preocupação com aredução de custos, que vemocorrendo há 12 anos, e menos agarantia de acesso universal àsaúde.

2 - O fortalecimento daAtenção Primária à Saúde, emseu conceito de atenção integralao cidadão, garantindo o acessoa todos os níveis de complexidadee resolubilidade, a reversão dosbaixos indicadores epidemio-lógicos de saúde, assegurando acontratação dos profissionaismédicos, através de concursopúblico, com carreira definida,para provimento de cargos dentrodo Sistema Único de Saúde,incluindo aí o Programa deSaúde da Família. Deverá serapresentado ao Congresso Na-cional um projeto de lei de-terminando a implantação doPrograma de Saúde da Famíliaem todos os municípios brasi-leiros. A Assistência Primária àSaúde deverá ser acompanhadade permanente processo deeducação continuada dos pro-fissionais que nele atuam, a fimde garantir uma atenção dequalidade em todas as faixasetárias da população brasileira.

3 – Os médicos brasileiroslutarão, com tenacidade, pelaimplantação de um Plano deCarreira, Cargos e Salários doSistema Único de Saúde, a serimplementado por todos osEstados da Federação. Deveráser respeitada a complexidadeda carreira do médico, com suanecessária diferenciação nasatribuições e responsabilidadesrelativas ao exercício de suasatividades profissionais.

4 – O estabelecimento deum piso nacional da categoriamédica, hoje calculado emR$ 2.711,11, para o período de20 horas semanais, corrigido pelos

índices em vigor.5 – A urgente revisão da

política de criação de cursos demedicina, sem a devida compro-vação de sua necessidade sociale recursos para sua completaimplantação e manutenção.Consideramos fundamental aaprovação de dois projetos de leiem tramitação no CongressoNacional. Um estabelece o cará-ter terminativo aos pareceres doConselho Nacional de Saúdepara a abertura de novas escolasmédicas. O outro estabelece aconcessão de período de morató-ria, sem autorização de aberturade novos cursos de medicina.

6 - O cumprimento das re-comendações resultantes dasavaliações oficiais de desem-penho de cursos de medicina.Propomos, também, o atrelamen-to das novas escolas com a ofertade vagas na residência médica.

7 – Implantar a Lista Hierar-quizada de Procedimentos Médi-cos (LHPM), com o objetivo devalorizar o trabalho médico eregular as relações com as opera-doras de planos de saúde. OSistema de Saúde Suplementar

no Brasil carece de um grandedebate com a sociedade, bus-cando a satisfação dos 40 milhõesde usuários que dele dependeme dos profissionais médicos que aele dedicam os seus serviços.

8 – A participação dos mé-dicos em todos os fóruns de gestãoe controle social do SistemaÚnico de Saúde. É fundamentala participação e mobilizaçãodurante a preparação da 12ºConferência Nacional de Saúde.

Desta forma, os médicosbrasileiros vêm reafirmar seuapoio ao Sistema Único deSaúde, público, integral, univer-sal e equânime. Como cidadãosbrasileiros, mantemos a luta e aexpectativa de um Brasil melhor,onde a saúde e o direito a umavida digna sejam garantidos atodos nós.Brasília, 30 de maio de 2003.Associação Médica Brasileira

Associação Nacional dosMédicos Residentes

Confederação MédicaBrasileira

Conselho Federal de MedicinaFederação Nacional dos

Médicos

Condições de trabalhoAo analisar os dados extraídos da Pesquisa Perfil do Médico, ocorregedor do CFM, Roberto D’Ávilla apresentou uma preocupaçãoespecífica com o setor de emergência dos hospitais. “Mais dametade das demandas contra os profissionais ocorrem nasemergências. Temos que olhar com cuidado para esse setor,checando e fiscalizando suas condições de trabalho, pois é lá quese concentra o profissional mais jovem e, normalmente, menospreparado”, assinalou D’Ávilla, que participou dos trabalhos sobreo tema “Plano de Carreira, Cargos e Salários”.No debate sobre o assunto, o dirigente Eurípedes Carvalho observouuma tendência de terceirização na área de saúde. “Essa prática,que está se tornando comum na área médica, tem como objetivodriblar a Lei de Responsabilidade Fiscal. Desta forma, osprofissionais ficam frágeis no momento da negociação”. CidCarvalhaes, do Sindicato dos Médicos de São Paulo, defendeu arealização de um evento para discussão exclusiva do tema,respaldada por assessorias jurídicas e técnicas.

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escolas médicas

Preocupação com qualidade do ensinoinfluencia fechamento do curso de PG

través de Decreto assi-nado em 12 de maio, ogovernador Roberto Re-

quião determinou a suspensão dofuncionamento do curso de me-dicina na Universidade Estadualde Ponta Grossa. O ato foisucedido por muita discussão,inclusive nas esferas do Le-gislativo e do Judiciário, masprevaleceram os argumentos deque o curso não preenchia osrequisitos necessários e ainda iriacomprometer as finanças doEstado, especialmente no fi-nanciamento das demais escolasmédicas, universidades e hos-pitais universitários.

A posição do governadorRequião, sem precedente nahistórica mobilização nacionalem defesa de cursos médicos de

qualidade, teve ampla repercus-são positiva durante o X EncontroNacional das Entidades Médicas,realizado em Brasília. Nummomento em que há grandeesforço para conter a proliferaçãode cursos médicos que nãoatendam a necessidades sociaise infra-estrutura compatível, ogesto do Chefe do Executivoparanaense foi interpretado comoum exemplo a ser seguido nosdemais Estados e, ao mesmotempo, fonte de estímulo àconsolidação de legislação espe-cífica para regulamentar a aber-tura e funcionamento de novasescolas.

O decreto governamentalchegou a ser contestado judi-cialmente, mas o Tribunal deJustiça fez prevalecer os argu-

mentos sustentados pelo Exe-cutivo. A mobilização das li-deranças políticas locais tambémconduziu à apresentação deproposta no Legislativo Estadual,pelo deputado Plauto Miró Gui-marães Filho, de revogação dodecreto.

O pedido de urgência paraapreciação do projeto acabousendo rejeitado por 29 a 17 votosna sessão do dia 2 de junho. Nodia 12 do mesmo mês, inte-grantes do Movimento Pró-Medicina foram recebidos pelosministros da Saúde e da Edu-cação, em Brasília.

Humberto Costa, da Saúde,acenou com a possibilidade deliberar recursos para os hospitaisMunicipal e da Criança, quejuntos, no futuro, poderiam dar

suporte à universidade. Cris-tóvão Buarque, da Educação,foi cauteloso e requereu in-formações mais detalhadas sobrea constituição e estruturação docurso. Os ministros, contudo,foram unânimes que a decisãocabe apenas ao governo doParaná. Com o remanejamento

dos acadêmicos de medicinapara as demais escolas estaduais,não há nenhuma perspectiva amédio prazo para reativação docurso. A Universidade de PontaGrossa conta com outros 35cursos e, como as demais ins-tituições públicas de ensino, sofrecom as limitações financeiras.

Conselho solidário à posição do governadorm ofício encaminhadoem junho, a diretoriado Conselho Regional

de Medicina do Paraná soli-darizou-se com o governadorRoberto Requião e enalteceua sua postura de equilíbrio aoreavaliar a recém-inaugu-rada Faculdade de Medicinade Ponta Grossa e, ao mesmotempo, legitimar o direito deseus alunos, acomodando-osnas demais escolas estaduais.“Entendemos que nesta po-sição não há qualquer res-quício de discriminação aovaloroso povo daquela região,mas, sim, a intenção de fazercom que as escolas de Medi-cina, estejam onde estiverem,

tenham reais condições deformar profissionais aptos aexercer a nobre profissão, semoferecer riscos à população ou aeles próprios”, diz um trecho dodocumento.

Ainda no ofício, o CRMrealça a posição das instituiçõesrepresentativas da classe médica,que consideram temeroso eimprudente que uma Faculdadede Medicina inicie suas ativi-dades sem preencher os requi-sitos indispensáveis para garantirum ensino médico de qualidade.“Consideramos que embora durae frustrante para muitos, a deci-são de interromper a continui-dade do curso é justa. Primeirocom o respaldo do Judiciário e,

agora, do Legislativo Estadual, avossa iniciativa, enquanto Chefedo Poder Executivo, também estáassociada às reais prioridades doEstado, que devem prevalecerem defesa dos interesses maioresda sociedade paranaense”, assi-nala o texto do Conselho, que secolocou à disposição para intervir“em iniciativas que, de fato,contribuam de forma imediatapara melhorar os indicadores dasaúde no Paraná e para tornarmais harmoniosa e eficaz adistribuição de médicos em nossoEstado”.

Ainda de acordo com osconselheiros do CRM, a so-lidariedade emprestada pelacomunidade ponta-grossense

nesse impasse deve ser in-terpretada como instrumentode luta para grandes con-quistas, o que inclui atémesmo a constituição doalicerce para uma futuraescola médica, adequada aoscritérios legais e revestida deefetivo compromisso social. “Épreciso deixar claro que oCRM-PR apoiou a decisão dogovernador quanto a inter-rupção do curso médico. Noentanto, a qualidade daassistência médica e hos-pitalar de Ponta Grossa não éobjeto de crítica por parte doConselho de Medicina”, en-fatizou o presidente LuizSallim Emed.

Congratulaçõesde deputadoO Deputado Estadual Luciano Ducciencaminhou Voto de Congratulações daAssembléia Legislativa ao ConselhoRegional de Medicina do Paraná pelainauguração da sede própria. De acordocom o parlamentar, por ser um órgãovoltado à promoção do exercício ético domédico, o CRM-PR tem assumido umpapel ativo no debate da Bioética e,sobretudo, nas questões que envolvem oSUS, “estando sempre presente nos forosrelevantes para a construção do sistema”.

Completa o deputado, ex-secretáriode Saúde de Curitiba: “Com a inau-guração de magnífica sede própria,desde logo disponibilizada pela entidadepara o uso da sociedade na promoção dodebate de suas questões, os atuaisdirigentes da mesma coroam otrabalho de várias gerações de médicosabnegados que, sem tréguas, têmtrabalhado pela dignificação damedicina e pela promoção de seuselevados padrões éticos.”

Na visita à sede do CRM, o governador Roberto REquião manifestoua sua preocupação com a qualidade do ensino médico no Paraná.

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financiamento

Preocupação com orçamento dasaúde para o próximo exercício

Lei de Diretrizes Orça-mentárias (LDO) foi vo-tada pela Assembléia

Legislativa no dia 23 de junho,diante de uma estimativa dearrecadação global superior a R$11 bilhões para o próximo exer-cício. Das 35 emendas apresen-tadas pelos deputados, 25 foramrejeitadas, dentre elas a do Dr.Luciano Ducci, que defendia adestinação efetiva ao setor desaúde de 12% da receita correntelíquida, tal qual fixa a EmendaConstitucional n.º 29. Preva-lecendo a interpretação dadapelo governo estadual, a exemplodo que já vinha ocorrendo nagestão anterior, a base de finan-ciamento orçamentário da saúdeno Estado, para 2004, acaba“perdendo” mais de R$ 300milhões dos cerca de R$ 650milhões previstos.

Entre os vários itens incor-porados ao orçamento da saúdeestão obras de saneamento (R$230 milhões), o plano fechado deassistência ao funcionalismopúblico (R$ 62 milhões) e defesaanimal e vegetal. O fraciona-mento dos recursos tende arefletir negativamente na qua-

lidade e das condições de acessoda população à assistência médi-ca, compra de medicamentos econsultas especializadas, além defrustrar a expectativa da redeprestadora de serviços ao SUS deuma melhor remuneração. Odeputado Luciano Ducci pro-testou contra a decisão. “Avinculação dos recursos à saúdeé uma luta histórica dos partidosde esquerda”, declarou, ao sesurpreender com a falta de apoiodo PT. Ele insiste que há consensoaté mesmo no Conselho Nacio-nal de Saúde sobre a incons-titucionalidade na inclusão deitens sem a influência direta nosistema público de saúde.

Atenção à saúdeTendo como um dos compro-

missos de campanha a luta pelagarantia dos recursos mínimosconstitucionais à saúde, sobretu-do na esfera do governo estadual,o Dr. Luciano entendeu quehouve pressão do governo pelanão aprovação de sua emenda(foram 26 votos contra e 9 afavor). Ele considera absurda ainclusão do item saneamento,ainda mais por se tratar debenefício tarifado. “Mudou o

governo mas a situação precáriada saúde continua a mesma”,reagiu. “É irresponsabilidadeempurrar com a barriga umproblema tão grave”, completouo colega Barbosa Neto (PDT),numa resposta ao argumento deÂngelo Vanhoni (PT), de que oEstado não tem tal vulto derecursos para investir de um anopara outro e que a discussão seriaretomada no fim do ano, navotação do Plano Plurianual.

Conselheiros do CRM-PRsolidarizaram-se com a mobi-lização do deputado LucianoDucci e se declararam confiantesde que o governador RobertoRequião tenha sensibilidade àquestão, tal qual no episódio dafaculdade de medicina de PontaGrossa. O entendimento é deque, buscando outras fontes decusteio, o governo estadual possasuprir os itens hoje incorporadosao orçamento da saúde, propi-ciando melhor qualidade naatenção à saúde, inclusive comcondições de absorver a de-manda reprimida por falta derecursos. O Conselho pretendecontribuir com o Executivo e oLegislativo, oferecendo sugestões

e propostas para superar as difi-culdades da saúde.

Promulgada em setembro de2000, a EC 29 determina ospercentuais mínimos de recursosque as União, Estados e Muni-cípios devem aplicar anualmenteem ações e serviços de saúde. Noâmbito dos Estados, estava fixadaem 7% e deveria passar para8,25% no ano seguinte, mas ficoumuito abaixo no Paraná, princi-palmente devido a inclusão deitens como saneamento e açõesambientais. O problema se repe-tiu em 2002, que deveria terinvestimentos de 9,5% do orça-mento.

Dados do governo Lernerindicam a aplicação de 8,28%das receitas líquidas, ou muitopróximo do mínimo constitu-cional. Porém, o Conselho Esta-dual de Saúde, ao excluir gastosque deveriam receber recursosde outras fontes, observa que asaúde recebeu de fato só 3,70%.Quer dizer, deixou de investirmais de R$ 217 milhões em saúdenaquele ano. Em 2003, a exi-gência mínima seria de 10,75%,mas o setor de saúde deve rece-ber pouco mais da metade. A

União e os municípios, estes emsua maioria, têm oferecido suareciprocidade no financiamentoda saúde. A maior parte dosEstados, tal qual o Paraná, vemutilizando o critério de incorporardespesas com ações com algumainfluência nas condições de vidada população. A proposta daLDO do atual governo, comoreforça o Dr. Luciano, estáperfeita na composição da receitae da destinação do percentual de12%, mas peca na distribuiçãodas despesas.

Na próxima edição, o Jornaldo CRM-PR dará amplo desta-que ao assunto, com manifes-tações de fontes do governoestadual, Conselho de Saúde eprestadores de serviços, incluindoa classe médica.

Deputado Luciano Ducci requerrevisão no repasse de recursos.

CRM e OAB-PR reforçam atividades conjuntasepresentantes da Sec-cional Paranaense daOrdem dos Advogados

do Brasil estiveram em visita ànova sede do Conselho Regio-nal de Medicina do Paraná, nodia 16 de junho. Eles foramrecepcionados pelos conse-lheiros-diretores e tambémpelos componentes do Depar-tamento Jurídico do CRM.José Hipólito Xavier da Costa,

presidente da OAB-PR; AntônioSebastião da Cunha Gebran, pre-sidente da Caixa de Assistência dosAdvogados (CAA-PR); MaurícioSagboni Montanha Teixeira, dire-tor-tesoureiro da CAA-PR; conhe-ceram as instalações da sede e depoisparticiparam de reunião-almoço.

Na oportunidade, foram dis-cutidos assuntos comuns de repre-sentatividade de classe e açõesconjuntas em defesa das profissões e

da sociedade. A obra arquitetônicada nova sede, que dá ênfase aaspectos históricos da medicina, foienaltecida pelos visitantes, quetambém elogiaram a mostra sobreos pioneiros que está aberta àvisitação.

Em 2001, o CRM-PR e a OAB-PR estabeleceram convênio com oobjetivo de fortalecer o direito dacidadania e, principalmente, deexcluídos. A partir de agora, ficou

acordado que um representante daOrdem vai participar da CâmaraTécnica de Bioética do Conselho,para contribuir na discussão de temassobre o Biodireito eoutros afins. Ainda umgrupo de trabalho serádefinido para estabelecercursos-palestras, sobconsenso de que é pos-sível fixar uma jornadaanual com temas de

interface entre o direito e amedicina, além de outros deinteresse a advogados, médicose estudantes.

presidentesdo CRM

e da OAB

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planos de saúde

Assistência supletivaem debate nacional

Fórum de Saúde Suple-mentar, que será reali-zado em três etapas de

junho a setembro deste ano,tende a propiciar em importanteinstrumento para tentar corrigirdistorções e aperfeiçoar os me-canismos de organização e ge-renciamento do sistema. Hoje, asoperadoras de planos de saúdeestão sob foco de toda a socie-dade, inclusive sendo alvo deComissão Parlamentar de In-quérito no Congresso e de outrasformas de investigação em âm-bitos locais, como a instauradapela Câmara de Vereadores deCuritiba.

Mesmo com o reajuste de247% em seus preços desde aedição do Plano Real até maioúltimo, as operadoras queixam-se de defasagens, apesar deaplicar percentuais mínimos ounenhum aos que lhes prestamserviços, como médicos, hos-pitais, clínicas e laboratórios deanálises clínicas. E, além de estar

sob cerrada crítica da rede con-veniada, que cobra perdas de 57a 104% devido a inconstância dosreajustes nos últimos anos, osplanos também estão em rota decolisão com os usuários, o que éatestado pelos índices elevadosde reclamações levadas aosórgãos de defesa do consumidore ANS. Como o próprio ministroda Saúde admitiu em audiênciaconjunta de operadoras e pres-tadores de serviços, possíveisendossos de reajustes somenteocorrerá após terminado o Fórum.

As três edições do Fórum vãoocorrer em Brasília. Depois daprimeira, de 25 a 27 de junho, apróxima será nos dias 4 e 5 deagosto. A última em 9 de se-tembro. Uma das questões quetende a ganhar destaque é a dacontratualização, cujo texto foiaprovado através de consultapública com poucas alterações.O contrato é visto como o ins-trumento indispensável para quemédicos e demais prestadores

vejam aclarados os direitos eobrigações no processo. O planode contas hospitalares estará emdiscussão, assim como o cartãodesconto, que está sob fogo-cruzado da Agência.

Função reguladoraA classe médica vê com

desconfiança a possibilidade deque a “caixa-preta” das planilhasdas operadoras possa ser tornadapública. Porém, entende que osfóruns vão permitir a discussãomais aprofundada dos problemasque cercam a assistência suple-tiva e, até mesmo, que a ANSseja cobrada a cumprir de fato asua função reguladora, comoocorre com maior eficiência econtundência em outras áreas deatuação pública, como telefonia,energia elétrica e combustíveis.Além da desvalorização e quedana qualidade dos serviços pro-fissionais, a rede conveniada temreforçado a sua queixa quanto arestrições de acesso e as cha-madas glosas nos pagamentos.

Médicos param

Evasão dos planos de saúde

Os médicos do Rio de Janeiro suspenderam em 10 de junho osatendimentos aos clientes de planos de saúde, em protesto contra afalta de reajustes. A manifestação durou 24h, com suspensão deexames, consultas e cirurgias não emergenciais. A empresa Sul Américachegou a ser eleita como a operadora que ficaria sem assistência portempo indeterminado, mas promoveu um reajuste emergencial paracontornar o impasse. O Sindicato dos Médicos do Rio, estado quereúne 30 mil profissionais, diz que as operadoras não reajustam asconsultas há cinco anos e que, nesse período, aumentaram em 46,10%os planos individuais e promoveram percentuais ainda maiores nosplanos empresariais, que detêm 70% dos usuários e não são controladospelo governo. O encontro sobre políticas médicas, promovido pelaAPM/AMB, aponta para a grande insatisfação contra os planos desaúde, principalmente pela falta de reajustes. Existe mobilização dasentidades para que a classe médica não mais aceite as condiçõesimpostas pelas operadoras.

Interferindo na autonomiaPesquisa encomendada pela Associação Paulista de Medicina e queenvolveu 2.160 médicos de todas as regiões do país, indica que 44%dos entrevistados consideram os planos de saúde ruins e péssimos eigual percentual (44%) só regulares. Somente 11% dos médicos achamos planos bons e 1% considera ótimos. A quase totalidade dosprofissionais (93%) afirmou que os planos interferem em suaautonomia. Restrições a doenças preexistentes (82,2%), glosarprocedimentos ou medidas terapêuticas (72,2%), atos de diagnósticoe terapêuticos mediante designação de auditores (69,1%), tempo deinternação de pacientes (64%) e período de internação pré-operatório(45%) foram os problemas predominantes. A margem de erro dapesquisa é 2%.

Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad)indicam que quase 4 milhões de brasileiros perderam a proteção daassistência supletiva nos últimos quatro anos, reflexo principalmentedos preços cada vez mais altos das mensalidades dos planos de saúde eda pauperização da classe médica. Os contratos de assistência médicasubiram 247% desde o início do Plano Real até maio último, de acordocom a Fipe. Além disso, o peso de tais gastos no orçamento da classemédia dobrou em 10 anos. Em 1987, os planos de saúde representavam17% dos gastos com saúde das famílias com renda mensal acima de 30salários mínimos. Em 96, já havia saltado para 32%.

Em 1998, conforme estudos da Pnad, havia 38,7 milhões de usuáriosde planos de saúde no país, ou 24,5% da população. Mesmo com ocrescimento populacional, este ano o número caiu para 35 milhões,como observa a Agência Nacional de Saúde Suplementar. Nestefenômeno, detecta-se uma grande migração para planos mais baratos epara o Sistema Único de Saúde. Não por acaso o Ministério da Saúderegistrou o aumento significativo do atendimento nos ambulatóriospúblicos.

As empresas de medicina de grupo contabilizavam 18,4 milhões deusuários em 2000. Agora estão com 16,2 milhões. Como 70% dosplanos são coletivos, contratados pelas empresas para seus empregados,o desemprego minou o segmento. Também os usuários de planosindividuais decresceram de 4,1 milhões para 3,6 milhões nos últimosdois anos. O número de pessoas cobertas por seguro-saúde caiu de 6,1para 5,2 milhões (14,7%). Uma das modalidades mais atingidas foi adas apólices individuais, que caiu de 50 para 30% do total.

CPI investiga as operadorasAs principais operadoras de planos de saúde que serão investigadas pela CPIinstalada na Câmara dos Deputados, em junho, já foram autuadas pelo governofederal em mais de R$ 671 milhões, sendo 620 milhões em impostos não pagos àReceita Federal. O montante envolve 78 empresas, entre elas os cinco maioresgrupos que atuam no país. Os demais R$ 51 milhões são multas aplicadas pelaANS em decorrência de violações às normas vigentes na assistência. Porém, só R$354 mil (ou 0,7% do total) foram pagos depois de as operadoras terem recorridoà ANS e perdido as ações. O relatório do Idec usado no requerimento que motivoua abertura da CPI, todas as oito empresas que foram testadas pela entidadedesrespeitaram a lei. O percentual de desrespeito variou de 31 a 50%. De acordocom o Idec, as empresas de planos de saúde lideraram as reclamações em 2002 eaté março deste ano.

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geralM A I O E J U N H O - 2 0 0 3 / P Á G I N A 1 4

NOTASAcreditação hospitalarO Manual de Acreditação dasOrganizações Prestadoras deServiços Hospitalares deverá estarpronto no segundo semestre desteano. As sugestões e críticas àproposta foram coletadas pelaAnvisa e a Organização Nacionalde Acreditação (ONA) através daConsulta Pública n. 9, de 7 de abrile que teve seu prazo prorrogadopara 23 de junho. A acreditação éum novo conceito de qualidadeque associa segurança e éticaprofissional, responsabilidade equalidade no atendimento. OInstituto Paranaense de Acre-ditação em Serviços de Saúde, doqual o CRM faz parte, teve efetivaparticipação no modelo do manual.Saiba mais sobre acreditaçãoacessando o site da Anvisa(www.anvisa.gov.br) ou da ONA(www.ona.org.br).

Patologia ClínicaA Sociedade Brasileira de Patolo-gia Clínica/Medicina Laboratorial(SBPC/ML) abriu inscrições, até odia 23 de agosto, para o concursode Título de Especialista emPatologia Clínica (TEPAC) de 2003.A prova será realizada na sede daSBPC/ML, no Rio de Janeiro, em23 de setembro. Podem participardo concurso médicos que con-cluíram o programa de ResidênciaMédica em Patologia Clínica/Medicina Laboratorial credenciadopela Comissão Nacional de Resi-dência Médica; profissionaisgraduados há pelo menos cincoanos, com atuação comprovada naespecialidade; e médicos com maisde 15 anos de formado, quetrabalham em instituições deensino e pesquisa e que com-provem atividade em PatologiaClínica/Medicina Laboratorial. Asinformações e a ficha de inscriçãoestão no site (www.sbpc.org.br).

Acidentes de TrânsitoNum esforço de mobilização eorganização nacional permanente,

Ações para alegrarHospital Infantil Pequeno Príncipe, de Curitiba, desenvolveum conjunto de ações para humanizar o atendimento e, comelas, consegue reduzir o tempo de internamento dos pacientes.

As atividades recreativas e culturais, propostas pelo Serviço Voluntáriodo hospital, ajudam na recuperação e tratamento das crianças. “Elesnão pensam na doença. A brincadeira ameniza a dor e distrai tantoeles quanto os pais”, explica a coordenadora do voluntariado, Rita deCássia Lous. O Pequeno Príncipe é referência em sua especialidade ehá muito ostenta o título de Hospital Amigo da Criança.

Diariamente, mágicos, artistas plásticos, contadores de história ecerca de 350 voluntários ajudam nas atividades recreativas da ins-tituição. “A sexta-feira é dia de evento cultural e aos domingos é oDia da Família”, conta. No domingo, pais, parentes e pacientes par-ticipam juntos das brincadeiras. E, como em toda sexta-feira, em 13de junho último, os Amigos do Riso foram visitar as crianças. Com ointuito de alegrá-las, o grupo esteve no hospital pela segunda vez parafazer palhaçadas e divertir os pacientes. “Faço este trabalho pelaalegria que posso levar a uma criança”, explica um dos integrantes dogrupo, Bruno Nogueira. Os Amigos do Riso surgiram em Santa Cata-rina e percorrem todo o país, fazendo visitas a hospitais, creches, asilose orfanatos.

com intenção de diminuir os acidentesde trânsito, a Associação Brasileira deMedicina de Tráfego, Abramet, lançou oMovimento Nacional para a Diminuiçãodos Acidentes de Trânsito. A atividadese desenvolverá ao longo do ano, a partirda divulgação e implementação de umasérie de medidas e práticas preventivasjunto à mídia, empresas, escolas eórgãos públicos. O movimento já contacom o apoio de cerca de 40 organizaçõespúblicas e privadas e, ao final de 2003,a Abramet pretende divulgar osresultados alcançados a partir dasmedidas implantadas ou desenvolvidas.Para mais informações contatar pelo e-mail ([email protected]).

Guerra contra o cigarroO Governo Brasileiro se comprometeu atomar medidas no combate ao tabacoao assinar, em 16 de junho, a ConvençãoInternacional de Controle do Tabaco.Com a adesão oficial, o Brasil propõemedidas como o aumento do preço docigarro, o combate ao contrabando e ocontrole da venda e publicidade doproduto. Além do Brasil, outros 27 paísesjá aderiram à convenção. Para que elaentre em vigor serão necessárias 40adesões, marca que a OMS pretendeatingir até o final do ano, e osparlamentos desses governos precisarãoratificar o texto para que ele se tornelei. A agência de saúde da Organizaçãodas Nações Unidas (ONU) acredita quese o tratado for adotado em todo omundo, o número de fumantes seráreduzido de forma significante nospróximos 30 anos.

Contrato para saúdeO governo britânico planeja obrigar osobesos e fumantes a assinar um contratono qual se comprometam a fazer regimee deixar de fumar, em troca de umtratamento gratuito, custeado pelaprevidência social. De acordo com o

secretário de Saúde da Grã-Bretanha,Alan Millburn, o objetivo da medidaradical é melhorar a saúde das pessoase aliviar a saúde pública dos casos dedoenças “evitáveis” relacionadas afumo, álcool, estresse ou dietadeficiente. Uma equipe de técnicosestuda formas para garantir aresponsabilidade do paciente, já queserão tratados com o dinheiro público.Aqueles que não cumprirem seu devercontratual, ou que não compareceremàs consultas médicas, podem perderseu direito ao tratamento gratuito.Já os médicos seriam obrigados aoferecer todo tipo de ajuda aospacientes para que alcancem seupropósito e a tratá-los segundo asnormas estabelecidas

Medicina enlutadaO Dr. Tito Fábio Ferraz Moreira Salles(CRM 898) faleceu em Curitiba no dia16 de junho último. Formado em 1958pela Universidade Federal, eraespecialista em psiquiatria e me-dicina de trabalho. A medicinaparanaense perdeu outros profissionaisilustres nas últimas semanas. O Dr.Altino Afonso Costa (CRM 1163)faleceu em 10 de maio. Formado em1960, pela UFRJ, era médico emParanavaí. No dia 18 de maio, faleceua Dra. Ailema Lory Luvison Franck(CRM 1431), que tinha se formado em1963 pela Federal do Paraná. Em 1.ºde junho morreu o Dr. Oswaldo Schmidt(CRM 1514), também graduado naFederal, em 1964. O Dr. Augusto MennaBarreto Monclaro (CRM 6113) faleceuno dia 6 de junho. Formado pela UFPRem 1978, tinha oftalmologia comoespecialidade.

Prêmio de MonografiaEncerram-se em 4 de agosto asinscrições para a edição de 2003 doPrêmio de Monografia Ética doConselho de Medicina do Paraná. Otema deste ano é “O médico namoderna sociedade do Século XXI”.Podem participar todos os brasileiros,independente da formação. Os autoresdos dois melhores trabalhos recebempremiação em dinheiro e certificado.

Destaque em PediatriaMinistério da Saúde (MS) instituiu o Prêmio Nacional ProfessorFernando Figueira. A iniciativa é um reconhecimento aosestabelecimentos hospitalares integrantes do SUS que se

destacam em ações de humanização do atendimento à criança e deincentivo ao aleitamento materno. Na década de 60, o professorFernando Figueira (falecido em abril de 2003) criou o InstitutoMaterno Infantil de Pernambuco (Imip) que, em 1990, foi o primeirohospital no Brasil a receber, do Fundo das Nações Unidas para aInfância (Unicef) e do MS, o título de Hospital Amigo da Criança.

O regulamento do Prêmio Nacional Professor Fernando Figueirae a seleção dos estabelecimentos serão feitos por uma comissãoformada por representantes de diversas entidades, entre elas oConselho Federal de Medicina (CFM), a Associação MédicaBrasileira (AMB) e a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Acomissão avaliará os estabelecimentos selecionados pelas secretariasestaduais de saúde e cada região do país terá um hospital premiadoanualmente. A premiação é constituída de um certificado e umaplaca aos vencedores.

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especialM A I O E J U N H O - 2 0 0 3 / P Á G I N A 1 5

naugurada no final de abril,durante a realização do XVEncontro dos Conselhos de

Medicina da Região Sul/Su-deste, a nova sede do CRM-PRjá absorve todas as suas ativi-dades, arquivos e estruturafuncional. A transferência daantiga sede da Rua MarechalDeodoro, no centro de Curitiba,teve de ser gradativa para nãoincorrer em transtornos ou pre-juízos àqueles que dependiamdos serviços. Pequenas obras deajustes e modelações continuamsendo realizadas na sede da Vista

Etapas do projeto “Casa do Médico”Alegre, mas sem interferir nofluxo interno ou externo deatividades.

Reuniões de diretoria e ple-nárias, assim como os julga-mentos, já fazem parte da rotinano novo prédio, assim como oatendimento administrativo, quevai desde atualização cadastralaté a entrega de carteiras aosrecém-graduados. Também estãoativos os Departamentos deFiscalização do Exercício Pro-fissional, Jurídico, Processamentode Dados e as Comissões eCâmaras Técnicas.

O auditório, com seus 276lugares, começa a ser utilizadopara iniciativas científico-cultu-rais. O arrojado projeto arqui-tetônico do prédio, que dá ênfasepara características históricas damedicina, tem sido um atrativoà parte e motivo de freqüentesvisitas de contemplação. Oacervo da exposição “Pioneirosda Medicina do Paraná”, distri-buído no saguão do andar admi-nistrativo, ajuda a enriquecer ovisual da sede, que nasce comoa “Casa do Médico”.

Com a nova sede, o Conselho

de Medicina do Paraná consolidao sonho alimentado por 45 anospor seus diretores. O projeto co-meçou a se tornar realidade háuma década, quando o entãopresidente Wadir Rúpollo forma-lizou a aquisição do terreno numaregião valorizada e de fácil aces-so. A “pedra fundamental” daobra foi finalmente lançada emabril de 2002. Um ano depois, erainaugurada com o status de umadas mais belas e funcionais sedesde instituições médicas do país.

A Comissão de Sede, queorientou e coordenou todo o

projeto de constituição de novoespaço e é homenageada complaca alusiva, foi formada porWadir Rúpollo, Cícero Tirone,Donizetti Giamberardino Filho,Gerson Zafalon Martins, KemelJorge Chammas e Luiz CarlosSobânia. O projeto arquitetônicofoi de autoria dos profissionaisLuiz Augusto Souza Netto Ba-coccini e Sabrina Danielle Slom-po , com a execução ficando acargo da Construtora Pussoli S/A, que venceu a licitação feitapelo Conselho. Parte dos custosfinanceiros foi coberta pelo CFM.

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PAIXÃO PELA ARTE DAMEDICINA E DAS LETRAS

a expressão serena de umsenhor simpático escondem-se 81 anos de uma biografiafascinante, marcada por

muita vitalidade e perseverança.Quem não conhece João DedeusFreitas Netto como jornalista, cer-tamente lembra-se dele na figura domédico responsável, do incansáveljogador de basquete, ou ainda comoadmirável pesquisador e amante dalíngua portuguesa. Uma históriaintrigante, cheia de lembranças quese confundem com as dos paranaen-ses. E, hoje, ao olhar para trás, este

João DedeusFreitas Nettofala sobre suatrajetória e avaliaa qualidade damedicina atual

imensurável amante da vida reco-nhece com satisfação que deixou suacontribuição para sociedade.

Tudo na vida de Freitas Nettoaconteceu muito cedo. Ao 16 anos,por influência do pai e irmãos,começou a trabalhar como repórterpolicial para o Jornal Diário da Tarde.“Eu sempre digo para as pessoas queantes de tudo sou jornalista, poisessa foi minha primeira profissão”,afirma. A medicina só entraria nasua vida alguns anos mais tarde, em1942, quando prestou vestibularpara o curso da Universidade Federaldo Paraná. No ano seguinte, foiconvocado para servir o exércitodurante a Segunda Guerra Mundial.“Na Itália, atuei junto ao Hospitalde Sangue, onde permaneci durantelongos dez meses. Foi uma experiên-cia difícil, porém inesquecível”,conta. Ao voltar para o Brasil, reto-mou a faculdade de medicina e pas-sou a se dedicar com maior entusias-mo às suas reportagens. Após aformatura, em 1951, teve a oportu-nidade de começar a trabalhar noInstituto de Medicina e Cirurgia doParaná, ao lado de grandes mestrescomo Erasto Gaertner, Sady Pizzattoe Bento Luiz.

Devido a falta de tempo, algunsanos depois apoiou-se no trabalhoude medicina preventiva na SaúdePública, no departamento de Ser-viço de Propaganda e EducaçãoSanitária. “Clinicar exige muitotempo e dedicação. Acabei meinteressando por esta área deprofilaxia e nela me aposentei comomédico”, recorda. Em 2002, recebeudo Conselho Regional de Medicinado Paraná o Diploma de MéritoÉtico-Profissional, uma homenagemaos seus 50 anos de carreira.

Como jornalista, Freitas Nettotambém foi presidente do Sindicatoda Categoria em três mandatos, foidiretor do jornal O Estado do Paranáe da Imprensa Oficial do Estado,onde atuou até 1983. Atualmente,

é diretor da Associação Paranaensede Basquete, membro do Sindicadode Jornalista e do Grande ConselhoDante Alighieri no Paraná.

Tempos modernosSuas avaliações sobre a medicina

moderna o deixam um pouco desis-timulado. Ele conta que conseguiuconciliar suas profissões com outrasatividades apenas porque a práticamédica não exigia dedicação exclu-siva naquela época. “Hoje em dia éuma correria. Um bom exame clínico,por exemplo, deve ser feito em umahora, o que acaba não acontecendodevido a falta de tempo” reclama.Ainda fazendo comparações, “du-rante a Segunda Guerra recebiamtratamento no Hospital de Sangueapenas aqueles que tinham algumachance de sobreviver. Em algunslugares do mundo, infelizmente, éassim que funcionam os prontos-socorros atualmente” recorda.

Para Freitas Netto, a medicinadeve ser exercida como um sacerdó-cio e não ser encarada com objetivoslucrativos. “Claro, a técnica de tra-tamentos evoluiu muito nos últimosanos, mas, infelizmente, o papel domédico parece estar em segundoplano”, critica. A figura do clínicogeral, segundo ele, deveria ser maisvalorizada. “Um dos grandes malesda medicina moderna é a falta domédico da família, da pessoa queauxilia o doente não apenas curandoa doença física”. Para diminuir adistância entre médicos e pacientes,ele defende a adoção de uma disci-plina específica de humanismo noscurrículos das escolas médicas. “Éimportante que o profissional estejaem pleno contato com o paciente,faça um levantamento preciso dohistórico médico para alcançar umdiagnóstico mais seguro”, explica.

Outro assunto que o preocupaé a discussão em torno da aberturaindiscriminada de escolas médicas.Freitas Netto é contra a criação denovos cursos e preza pela melhoria

da qualidade de ensino. “As escolasde medicina precisam estar maispreparados para capacitar profis-sionais com qualidade. Todos sabemque o mercado de trabalho não estáfácil, a concorrência é cada vez maisacirrada”, acrescenta.

Segredos da longevidadeQuando questionado sobre seu

segredo para manter a longevidadee a saúde, Freitas Netto sugere umaresposta simples: trabalhar. Para ele,ocupar a mente com problemassadios e reservar tempo para esportesou hobbys que gerem prazer e saúdeé o melhor caminho para encontrara felicidade. “Quando as pessoasdizem que não tem tempo parapraticar esporte, pergunto se têmtempo para escovar os dentes etomar banho”, ironiza.

Acostumado a encarar a vidade maneira saudável, o jornalistacondena a falta de preocupação dosmédicos atuais neste aspecto. “Oque parece estar acontecendo é umdesvio de comportamento. Omédico é uma figura emblemáticapara o paciente e deve dar o bomexemplo”, recomenda ao criticarprofissionais que convivem comvícios nocivos à saúde, como álcool,fumo e vida sedentária.

Sua paixão pelo esporte come-çou aos 12 anos, quando descobriuo basquete no Colégio novo Ateneu,em Curitiba. Hoje, pelo menos 3vezes por semana reúne-se com umgrupo de 40 colegas acima de 65anos, no clube Círculo Militar, eainda tem pique para participar dealguns torneios. Considerado opraticante mais antigo do estado, omédico foi homenageado com acriação do Torneio Freitas Netto,que ocorre há 13 anos no litoralparanaense e já é o segundo maiorda categoria master no país, ficandoatrás do campeonato brasileiro. Otorneio é promovido pela Asso-ciação Paranaense de Veteranos doBasquete, em parceria com o SESC.

João Dedeus Freitas Neto: em sua biblioteca e no Dia do Médico de 2002,quando recebeu o Diploma das mãos da cons. Mônica De BIase Kastrup.