ensinando física moderna através de experimentos com

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i Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com Materiais Alternativos GERLANIO NOGUEIRA CAVALCANTE Juazeiro do Norte - CE Fevereiro de 2017

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Page 1: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

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Ensinando Física Moderna Através de

Experimentos com Materiais Alternativos

GERLANIO NOGUEIRA CAVALCANTE

Juazeiro do Norte - CE Fevereiro de 2017

Page 2: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

ii

Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com Materiais Alternativos

GERLANIO NOGUEIRA CAVALCANTE

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ensino de Física no Curso de Mestrado Profissional de Ensino de Física (MNPEF), como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Ensino de Física.

Orientador: Prof. Dr. Célio Rodrigues Muniz

Juazeiro do Norte - CE Fevereiro de 2017

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iii

Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com Materiais Alternativos

Gerlanio Nogueira Cavalcante

Orientador: Prof. Dr. Célio Rodrigues Muniz

Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-Graduação em Ensino de Física no Curso de Mestrado Profissional de Ensino de Física (MNPEF), como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Ensino de Física

Juazeiro do Norte- CE Fevereiro de 2017

Page 4: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

iv

FICHA CATALOGRÁFICA

______

Cavalcante, Gerlanio Nogueira

Ensinando Física Moderna através de experimentos com matérias alternativos/ Gerlanio Nogueira Cavalcante – Juazeiro do Norte: URCA / Departamento de Física, 2017.

iv, 83 f.: il.

Orientador: Dr. Célio Rodrigues Muniz

Dissertação (mestrado) – URCA / Instituto de Física / Programa de Pós-Graduação em Ensino de Física (MNPEF), 2017.

Referências Bibliográficas: f. 69-72.

1. Ensino de Física. 2. Experimentos de Física Moderna. 3. Materiais Alternativos. 4.Aprendizagem Significativa I. Muniz, Célio Rodrigues. II. Universidade Regional do Cariri, Instituto de Física, Programa de Pós-Graduação em Ensino de Física (MNPEF). III Ensinando Física Moderna através de experimentos com matérias alternativos CDD ___

Page 5: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

v

DEDICO:

Aos meus avôs: ANTÔNIO FRANCALINO NOGUEIRA (in memoriam) e MARIA CARLOTA DA CONCEIÇÃO (in memoriam, a quem devo toda educação pela

qual foi submetido ao longo da vida. Meus “GUERREIROS”.

A minha amada esposa AlZENI, pelo incentivo, compreensão aos longo desses anos juntos.

A minha filha LETÍCIA JOANNE, “SER” de luz, que ilumina e enche nossas

vidas de amor e carinho a cada dia.

Aos meus pais: JOANA E MOACIR, pelo dom da vida. Aos meus irmãos: ERLÂNDIA, APARECIDA, JANIKEL, JANIQUELE e

JANIELE, por está ao meu lado sempre que precisei.

Aos meus sobrinhos: KAMILLY, CRISTIAN E ANA CLARA.

Aos meus tios: RITA, DAMIANA e NETO, pelo apoio em todos os momentos da minha vida.

Page 6: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

vi

AGRADECIMENTOS

Agradeço ao grande mentor do universo, o meu bom DEUS pelo dom da vida,

por tudo que tem feito de maravilhoso em minha vida, por me da as armas

necessárias para vencer na vida.

Ao meu orientador prof. Dr. CÉLIO MUNIZ, por não desistir de mim e não deixar

eu desistir ao longo desse caminho, sendo que foram vários os desencontros de

opiniões, mas sempre procurou o melhor caminho para que eu seguisse.

Aos professores do departamento de física do Curso de Pós-Graduação em

Ensino de Física (URCA) pelos valiosos conhecimentos transmitidos WILSON,

APIANO, ANTÔNIO CARLOS. ALEXANDRE, EDUARDO, JOELMA (in

memoriam), em especial ao professor-coordenador AUGUSTO, pela atenção e

preocupação.

Aos meus colegas de mestrado, uma pequena turma que se transformou em

uma família, THIAGO, RODRIGO, JORGE, VLADIMIR, ÍTALO, ÍCARO, JOÃO

PAULO, CARLOS e em especial SÉRGIO pelos conselhos, pela convivência um

verdadeiro pai.

Aos todos os amigos e irmãos que a vida me deu ao longo da faculdade, em

especial, WOXGTHON, FÁBIO, MARCELO E FRANCISCO “BABÁ”, pela

agradável companhia e pelos tortuosos dias de estudos.

Aos amigos que tornaram-se meus irmãos FRANCISCO VANDERLI e VALDEIR

PEDRO, pela força profissional que me deram, pelo amparo, pelo

companheirismo.

A EEEP Maria Célia Pinheiro Falcão e todos que fazem parte daquela bela

instituição de ensino, por me acolher tão bem, por me da subsídios para crescer

profissionalmente.

Page 7: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

vii

A professora MARIA JOSÉ, pela força desde o início dessa caminhada, fazendo

a correção e me orientando na conclusão do projeto e do memorial.

Ao senhor ZÉ DOMINGO, LÚCIA e toda sua família pela amizade, confiança e

acolhida em sua casa sempre que precisei.

A todos os alunos e professores que participaram da pesquisa de forma

espontânea, visando o aprendizado e aperfeiçoamento.

A todos os meus amigos que de forma direta ou indireta participaram e me

ajudaram nessa longa jornada.

A CAPES pela valiosa contribuição financeira através da bolsa do MNPEF, sem

a qual, para mim seria impossível arcar com tantas despesas de viagem e

hospedagem.

Page 8: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

viii

O ser humano vivencia a si mesmo, seus pensamentos como algo separado do resto do universo - numa espécie de ilusão de ótica de sua consciência. E essa

ilusão é uma espécie de prisão que nos restringe a nossos desejos pessoais, conceitos e ao afeto por pessoas mais próximas. Nossa principal tarefa é a de

nos livrarmos dessa prisão, ampliando o nosso círculo de compaixão, para que ele abranja todos os seres vivos e toda a natureza em sua beleza. Ninguém

conseguirá alcançar completamente esse objetivo, mas lutar pela sua realização já é por si só parte de nossa liberação e o alicerce de nossa

segurança interior.

Albert Einstein

Page 9: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

ix

RESUMO

Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com Materiais Alternativos

Gerlanio Nogueira Cavalcante

Orientador:

Prof. Dr. Célio Rodrigues Muniz

Como professor de Física do Ensino Médio, atuante no interior dos Estados do Ceará e Rio Grande do Norte, notamos, ao longo do tempo um desinteresse dos alunos em relação ao Ensino de Física, a maioria das vezes isso acontece pois, a disciplina envolve cálculos matemáticos, outras vezes por falta de motivação dos alunos, em relação às aulas aplicadas pelos professores. Buscando entender o que ocorre no Ensino de Física, e em particular Física Moderna. Desenvolvemos uma pesquisa de cunho qualitativo-quantitativa, com professores e alunos, objetivando encontrar quais os problemas presentes e apontar uma possível solução, na forma de um produto educacional que incentive a todos, a tomar gosto pelo estudo de alguns conceitos de Física Moderna e Contemporânea. Na pesquisa podemos identificar que os alunos gostam de aulas que envolvem a Física teórica com a prática, o que faz com que eles se afastem ou deixem de gostar da disciplina é a Matemática aplicada de forma descontextualizada. Com os professores, identificamos que os problemas na maioria das vezes são impostos pelo próprio sistema educacional vigente (carga horária insuficiente, estrutura escolar, materiais práticos inexistentes, dentre outros). Buscando amenizar o exposto acima através da pesquisa realizada, desenvolvemos e aplicamos, numa turma do 3º ano do Ensino Médio do Estado do Ceará, um produto educacional no qual trabalhamos temas de Física Moderna, através de aulas experimentais, utilizando a mínima matemática possível. Esse trabalho foi desenvolvido utilizando aspectos da teoria da Aprendizagem Significativa de David Paul Ausubel, ressaltando a grande importância dos conhecimentos prévios dos alunos adquiridos ao longo do tempo. O produto educacional é um manual contendo a confecção e realização de 8 (oito) experimentos com temas diversificados sobre Física Moderna, realizados com materiais alternativos e 8 (oito) vídeos sobre esses experimentos. O mesmo também será disponibilizado online. O objetivo central do projeto é despertar nos alunos a curiosidade, compreender a Física presente no mundo vivencial, nos equipamentos e procedimentos tecnológicos e subsidiar os professores, na realização de aulas experimentais com materiais alternativos referentes a Física Moderna. Palavras-chave: Ensino de Física, Experimentos de Física Moderna, Materiais Alternativos, Aprendizagem Significativa.

Page 10: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

x

ABSTRACT

Teaching Modern Physics Through Experiments with Alternative Materials

GERLANIO NOGUEIRA CAVALCANTE

Advisor: Prof. Dr. Célio Rodrigues Muniz

As a professor of Physics of High School, acting in the interior of the States of Ceará and Rio Grande do Norte, we noticed, over time, a lack of interest of students in relation to Physics Teaching, most of the time this happens because, the discipline involves calculations mathematics, sometimes because of lack of motivation of the students, in relation to the classes applied by the teachers. Seeking to understand what happens in the Teaching of Physics, and in particular Modern Physics. We developed a qualitative-quantitative research, with teachers and students, aiming to find out the problems present and to point out a possible solution, in the form of an educational product that encourages all, to take pleasure in the study of some concepts of Modern and Contemporary Physics . In the research we can identify that students like classes that involve theoretical physics with the practice, what causes them to move away or not to like the discipline is applied mathematics in a decontextualized way. With teachers, we identify that problems are most often imposed by the current educational system (insufficient working hours, school structure, non-existent practical materials, among others). In an attempt to soften the above, through the research carried out, we developed and applied, in a class of the 3rd year of High School in the State of Ceará, an educational product in which we work on Modern Physics topics through experimental classes using the least mathematical possible. This work was developed using aspects of David Paul Ausubel's Theory of Significant Learning, emphasizing the great importance of previous knowledge of students acquired over time. The educational product is a manual containing the preparation and accomplishment of 8 (eight) experiments with diversified themes on Modern Physics, carried out with alternative materials and 8 (eight) videos on these experiments. The same will also be made available online. The central objective of the project is to awaken students' curiosity, to understand physics present in the experiential world, in equipment and technological procedures and to subsidize teachers, in the realization of experimental classes with alternative materials referring to Modern Physics. Keywords: Physics Teaching, Modern Physics Experiments, Alternative Materials, Significant Learning.

Page 11: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

xi

SUMÁRIO

CAPÍTULO 1.................................................................................................................. 1

1. INTRODUÇÃO ..........................................................................................................1

CAPÍTULO 2.................................................................................................................. 7

2. FÍSICA MODERNA....................................................................................................7

2.1 DECLÍNIO DA FÍSICA CLÁSSICA.....................................................................7

2.2 EXPERIMENTO DO ÉTER ..................................................................................8

2.3 EXPERIMENTO DO EFEITO FOTOELÉTRICO............... ............................ 10

2.4 EXPERIMENTO DA RADIAÇÃO DE CORPO NEGRO..................................10

2.5 TEORIA QUÂNTICA.............................................................................................12

2.6 TEORIA DA RELATIVIDADE ESPECIAL........................................................13

2.7 TEORIA DA RELATIVIDADE GERAL.............................................................17

CAPÍTULO 3................................................................................................................ 18

3. ASPECTOS DA TEORIA DA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA DE

AUSUBEL......................................................................................................................18

CAPÍTULO 4.................................................................................................................24

4. METODOLOGIA......................................................................................................24

4.1 NATUREZA DA PESQUISA.................................................................................24

4.2 PRODUTO EDUCACIONAL .............................................................................. 26

4.3 OS EXPERIMENTOS ........................................................................................... 26

4.4 PROCESSO DE INTERVENÇÃO ...................................................................... .27

CAPÍTULO 5.................................................................................................................38

5. RESULTADOS ......................................................................................................... 38

5.1 SONDANDO OS DOCENTES .............................................................................. 38

5.2 SONDANDO OS DISCENTES ............................................................................ 44

CAPÍTULO 6............. ................................................................................................... 53

6. CONCLUSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................53

Page 12: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

xii

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................................58

APÊNDICE A: QUESTIONÁRIO DO PROFESSOR...............................................62

APÊNDICE B: PRÉ-PÓS TESTE DO ALUNO..........................................................64

APÊNDICE C: PRODUTO EDUCACIONAL............................................................66

Page 13: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

1

CAPÍTULO 1

A Física é um conhecimento organizado que permite

elaborar modelos de evolução cósmica, investigar os mistérios

do mundo submicroscópico, isto é, das partículas que

compõem todas as formas da matéria e suas interações, ao

mesmo tempo em que permite desenvolver novas fontes de

energia e criar novos materiais, produtos e tecnologias.

(BRASIL, 2000, p. 22).

1 Introdução

Analisando a situação do ensino de Física nas Escolas Públicas,

percebemos uma tendência de construção do conhecimento baseado no

pensamento newtoniano - a chamada Física Clássica. Percebemos poucos

textos nos livros didáticos sobre Física Moderna e sua importância no cenário

atual da sociedade.

A Física Moderna não é o conhecimento sistematizado dos fenômenos

naturais surgido com os trabalhos de Galileu e Newton a partir do século XVII,

como seu nome poderia sugerir segundo a historiografia vigente. A esse

conhecimento denomina-se Física Clássica, que abrange também a formulação

lagrangeana e hamiltoniana da Mecânica, assim como o Eletromagnetismo e a

Ótica, todos os quais se desenvolveram plenamente no decorrer do século XIX.

A denominação Física Moderna refere-se ao conjunto de teorias surgidas no

início do século XX, principiando com a Mecânica Quântica e as Teorias da

Relatividade (Restrita e Geral), bem como seu desenvolvimento e aplicações

posteriores, como na Física do Estado Sólido e na Física das Partículas

Elementares. Estes grandes sistemas teóricos produziram alterações marcantes

no entendimento dos conceitos do espaço, tempo, medida, causalidade,

simultaneidade, trajetória e localidade, completamente distintos das noções

advindas da Física Clássica.

Page 14: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

2

A Mecânica Quântica surgiu inicialmente dos trabalhos de Max Planck e

de Einstein. Um dos mais importantes problemas da Física não resolvidos no

final do séc. XIX era o da radiação do corpo negro. Planck resolve este problema

em 1900, utilizando como hipótese ad hoc que a energia deste sistema (na

verdade, as trocas de energia entre a radiação e as paredes da cavidade que

forma o corpo) não tem um espectro contínuo, mas, pelo contrário, é discreta,

ou, em outras palavras, quantizada, um aspecto que inexiste na Física Clássica.

Einstein utiliza esta mesma hipótese para resolver o problema do efeito

fotoelétrico em 1905. Mas vai mais longe ao propor que esta é na realidade a

verdadeira natureza da luz. A essa quantidade discreta de energia

eletromagnética se chamou quantum de luz ou, simplesmente, fóton. Nasce

assim a Mecânica Quântica que será posteriormente desenvolvida pelo trabalho

de muitos outros cientistas como Niels Bohr, Erwin Schrödinger, Werner

Heisenberg, Albert Einstein, Louis de Broglie, Max Born, Wolfgang Pauli e Paul

Dirac (CARUSO e OGURI, 2006).

A Teoria da Relatividade Restrita desenvolvida por Einstein em 1905

surge para resolver dois problemas, a saber, o comportamento cinemático da luz

e a falta de simetria observada em alguns fenômenos eletromagnéticos, criando

dois postulados: O princípio de relatividade, onde as leis da Física, incluindo as

da Mecânica e do Eletromagnetismo, são as mesmas em todos os referencias

inerciais - aqueles referenciais que se deslocam retilineamente com velocidade

constante uns em relação aos outros; o segundo postulado refere-se à

velocidade da luz, que no vácuo tem o mesmo valor em qualquer destes

referenciais inerciais, independentemente da velocidade da fonte de luz. Em

1915, Einstein aprimora sua teoria que antes era apenas válida nesses

referenciais, analisando as leis da Física também em referencias acelerados,

desenvolvendo assim a Teoria da Relatividade Geral, introduzindo a noção de

espaço curvo, ou seja, os corpos produzem em torno de si uma curvatura do

espaço-tempo – que é a própria gravidade, sendo que quanto maior a massa (e

energia) do corpo, maior será a curvatura (GAZINELLI, 2009).

Diante desse ramo da Física, já não tão novo e que abrange essas duas

vertentes (e seus desdobramentos), os quais revolucionaram a maneira do

Page 15: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

3

homem entender a Natureza, surge a questão de como passar esse tipo de

conhecimento, já não tão intuitivo como o representado pela Física Clássica, ao

aluno do Ensino Médio, considerando que a carga horária da disciplina de Física

é bem reduzida, principalmente na educação pública, e que aspectos financeiros

e estruturais das escolas são muitas vezes precários, o que contribui para uma

forma pouco eficiente de se ministrar a disciplina. Entre outros fatores podemos

citar (DANTAS, 2011, p. 16) quando descreve algumas características do

ambiente escolar no Estado do Ceará, fato esse que ocorre também de maneira

preocupante no Estado do Rio Grande do Norte:

“É importante descrever algumas características da realidade complexa do ambiente escolar ainda fortemente marcado: pela organização altamente disciplinar; por uma ementa verticalizada de conteúdos fragmentados e previsíveis; pelo elevado número de alunos em sala (45 a 50 alunos); pela exagerada quantidade de aulas semanais (32 aulas de 50 minutos) e de turmas para o docente (16 turmas); por um mínimo de aula por turma (apenas duas aulas por semana); pela dificuldade de incentivo a formação continuada e muitos outros obstáculos de natureza didática, material e de perceptível desvalorização do profissional educador que infelizmente ainda é marcante no ambiente escolar”.

Um aspecto positivo a ser ressaltado é que, atualmente, após os notáveis

avanços científicos e tecnológicos observados na contemporaneidade, a Física

Moderna tem despertado a curiosidade dos jovens. Com base nesse contexto,

desenvolvemos um projeto que visa preencher a mencionada lacuna com

experimentos que possam ser montados por professores e alunos em sala de

aula e sejam conceitualmente significativos, considerando-se o aspecto da

região onde foi desenvolvido o projeto. Com isto, levamos em conta os fatores

econômicos e estruturais das escolas, pois a quase totalidade não possuem

laboratórios de ciências ou os possuem de forma precária, bem como aspectos

econômicos e sociais dos alunos, pois, identificando os problemas e conhecendo

a realidade dos mesmos, de resto já bastante afeitos às modernas tecnologias

computacionais e de comunicação, que se compreende o que o aluno já sabe,

podendo-se manejar de forma adequada este conhecimento, pois segundo

Ausubel1 "...o fator, isolado mais importante que influencia a aprendizagem é

1 David Paul Ausubel, psicólogo norte-americano.

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4

aquilo que o aluno já sabe; descubra isso e ensine-o de acordo" (AUSUBEL,

1968, p. 78).

Concordamos com (WILSON apud, OSTERMANN e MOREIRA, 2000,

p.26) quando relata a importância de ensinar Física Moderna e Contemporânea

(FMC) aos jovens:

“FMC pode ser instigante para os jovens, pois não significa somente estudar o trabalho de cientistas que viveram centenas de anos atrás, mas também assistir cientistas falando na televisão sobre seus experimentos e expectativas para o futuro. Estudar problemas conceituais existentes na FMC envolve os estudantes nos desafios filosóficos de alguns aspectos da Física. O fato de que nem tudo, no mundo científico, é sabido ou entendido, modifica a ideia que os estudantes em geral têm de Física - um assunto que é uma “massa” de conhecimentos e fatos, um livro fechado. Ou são mostrados aos alunos os desafios a serem enfrentados pela Física no futuro, ou eles não serão encorajados a seguir carreiras científicas”.

Nessa mesma linha de pensamento desenvolvemos o projeto intitulado

Ensinando Física Moderna com Experimentos de Materiais Alternativos,

buscando desmitificar o ensino de Física Moderna, onde todos os fatores

expostos influenciam de forma negativa, fazendo que os mesmos

frequentemente fiquem de fora da grade curricular da disciplina.

O Projeto tem como objetivo geral trabalhar conceitos de Física Moderna

a partir do desenvolvimento de uma série de experimentos com materiais

alternativos2 para utilização em sala de aula do ensino médio, com os seguintes

objetivos específicos: Investigar as dificuldades locais enfrentadas pelos

professores e alunos quanto ao ensino-aprendizagem de Física Moderna e

Contemporânea; Instigar a curiosidade dos alunos para temas atuais da Física,

levando-os a pesquisarem esses temas extra sala; compreender a Física

presente no mundo vivencial, nos equipamentos e procedimentos tecnológicos;

elaborar situações Físicas onde os alunos possam investigar problemas a elas

relacionados; relacionar temas de Física Moderna com outras áreas de ensino

2 Material alternativo, não necessariamente de baixo custo, mas presentes no cotidiano dos professores e

alunos.

Page 17: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

5

ressaltando a interdisciplinaridade. Esses objetivos compreendem o pensamento

de que

“A situação vivida atualmente pela Educação Básica do Brasil denota que há uma reformulação nos seus valores, pois com o surgimento das novas tecnologias o professor precisa procurar novas maneiras de tornar a escola atraente aos estudantes. (LIMA, 2012, p. 18)”

O presente trabalho é desenvolvido numa abordagem da teoria da

aprendizagem significativa de David Paul Ausubel, buscando entender o aluno

no que se refere a seus conhecimentos prévios, sua estrutura cognitiva e os

aspectos que envolvem o ensino e aprendizagem.

O projeto foi desenvolvido numa Escola da rede pública de Pereiro, estado

do Ceará, com uma turma do 3º ano do Ensino Médio composta de 21 alunos,

sendo realizado em 8 (oito) encontros no 4º bimestre do ano letivo, onde

trabalhamos tópicos de Física Moderna utilizando experimentos de fácil

execução. Procuramos abordar assuntos relacionados a: Cosmologia,

Relatividade Geral, Física Nuclear, Comportamento Dual da Luz e o Plasma. Os

alunos foram submetidos a um questionário no início e no final da execução do

projeto de modo a aferir a construção de seus subsunçores. Fizemos também

uma pesquisa quantitativa com os professores da região de ensino, buscando

levantar quais os aspectos que influenciam a não realização do Ensino de Física

Moderna durante o ano letivo, fornecendo indicadores para a elaboração de um

produto educacional.

Como resultado final do nosso projeto, foi elaborado o produto

educacional impresso e virtual, contendo um manual com a descrição e

confecção dos experimentos e seus vídeos, sendo este destinado aos

professores do Ensino Médio. Esperamos contribuir de forma positiva nas aulas

de Física Moderna, despertando a curiosidade dos alunos de forma geral,

estabelecendo possíveis conexões com outras áreas do conhecimento humano

de modo aos estudantes serem capazes de interpretar notícias científicas

relacionadas ao seu cotidiano tecnológico. Espera-se também que o aluno

Page 18: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

6

encontre interesse e motivação suficiente para que aprofunde esses

conhecimentos por meio de investigação pessoal.

No capítulo 2 (dois) faz-se uma breve história da evolução da Física

Moderna, qual sua importância no mundo contemporâneo, principalmente na

vida dos jovens. No capítulo 3 (três) trabalharemos os aspectos fundamentais da

teoria da aprendizagem significativa. No capítulo 4 (quatro) descreve-se como

foram realizadas os levantamentos junto aos alunos e professores, a elaboração

do produto educacional e as aulas de intervenção, visando aplicação do referido

produto. No capítulo 5 (cinco) faz-se as análises sobre os resultados encontrados

antes e após a execução do projeto. E no capítulo 6 (seis) as considerações

finais sobre a importância do professor buscar novas alternativas para

implementar e acrescentar nas suas aulas, buscando quebrar a maneira clássica

e metódica de ensino.

Page 19: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

7

CAPÍTULO 2

2 Física Moderna

Neste capítulo estabelecemos a fundamentação teórica do conteúdo de

Física explorado por esta dissertação e inserido no produto educacional

desenvolvido, assim como da teoria de aprendizagem que norteou o nosso

trabalho. Fica evidenciado aqui como a observação experimental é

imprescindível para a validação das teorias, de modo que ela não pode estar

dissociada do seu ensino.

2.1 Declínio da Física Clássica

No final do século XIX a Física era dada como uma ciência que não tinha

mais nada a descobrir com o paradigma newtoniano - conjunto de leis que

regiam a mecânica e os movimentos dos planetas, formuladas por Isaac Newton

(1643 – 1727), das quais faziam parte a cinemática, a relatividade do movimento

e as transformações de Galileu Galilei (1564 – 1642). No campo da

Termodinâmica temos as grandes contribuições dos trabalhos de Sadi Carnot,

Rudolf Clausius e Ludwig Boltzmann, Lord Kelvin, dentre outros. No campo da

Eletricidade e do Magnetismo, temos os trabalhos desenvolvidos por Alessandro

Volta (1745 – 1827), André Marie Ampère (1775 – 1836), Heinrich Rudolf Hertz

(1857 – 1894), Michael Faraday (1791 – 1867) dentre outros. No

Eletromagnetismo temos os trabalhos desenvolvidos por James Clerk Maxwell

(1831 – 1879) com suas equações que unificam a Eletricidade, o Magnetismo e

a Óptica. Todo esse conhecimento sistematizado ficou conhecido como Física

Clássica. Mas existiam alguns experimentos que não condiziam com a teoria

clássica, como o experimento para detecção do éter realizado por Michelson-

Morley, o experimento do efeito fotoelétrico feito por Heinrich Rudolf Hertz e o

experimento da radiação de corpo negro, cujos resultado simplesmente não

eram explicados pela Física Clássica. Eis que surgem no início do século XX a

teoria quântica e a teoria da relatividade, desenvolvidas com os trabalhos de Max

Page 20: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

8

Karl Ernst Ludwig Planck (1858 – 1947) e Albert Einstein (1879 – 1955) criando

uma nova Física, a chamada Física Moderna.

2.2 O experimento do éter

Até final do século XIX pensava-se que as ondas eletromagnéticas

necessitavam de um meio material para se propagar; o éter era esse meio

adotado pelos cientistas, o qual necessitava estar em repouso em relação ao

espaço absoluto e precisava atender outras características como por exemplo:

preencher todo o espaço, inclusive os corpos materiais, ser infinitamente elástico

e imperceptível; só assim servia como um referencial absoluto para se medir a

velocidade da luz. As experiências realizadas por Albert Abraham Michelson

(1852 – 1931) e Edward Williams Morley (1838 – 1923), conhecidas hoje como

a experiências de Michelson - Morley (1881 – 1887), pretendiam detectar o

movimento relativo da terra em relação ao éter, chamado de vento de éter. De

acordo com a relatividade de Galileu o valor da propagação da luz em relação a

terra, quando a mesma fosse medida em diferentes direções teria valores

diferentes.

Michelson (1881) inicialmente, montou um aparato chamado de

interferômetro que foi aperfeiçoado por ele e Morley em (1887), construído sobre

uma camada de mercúrio para diminuir (eliminar) as interferências mecânicas

externas. Em todas as experiências realizadas encontraram os mesmos valores

da velocidade de propagação da luz, independente da direção de propagação.

A figura abaixo mostra o esquema do aparato:

Page 21: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

9

Figura 2.1 Esquema do interferômetro de Michelson-Morley3.

O aparato acima consiste de uma fonte de luz, emitindo luz sobre um

espelho semitransparente com um ângulo previamente determinado, que reflete

parte da luz que incide no espelho A, perpendicularmente em relação ao

movimento da terra, a outra parte que consegue passar pelo espelho

semitransparente incide no espelho B, na mesma direção e sentido do

movimento da terra. Ambos os espelhos A e B são de reflexão total, situados à

mesma distância do espelho semitransparente. Só que em diversas experiências

realizadas os raios refletidos chegavam no mesmo instante no detector,

resultados esses que não comprovavam a existência do vento de éter.

Em 1892 Lorentz-FitzGerald, propuseram um fator necessário para validar

os resultados encontrados por Michelson – Morley. Para eles acontecia uma

contração nos corpos na direção do movimento da Terra, e encontram um fator

matemático conhecido como fator de Lorentz-FitzGerald dado por:

𝛾 =1

√1−𝑢2

𝑐2

Equação 2.1 Fator de Lorentz-FitzGerald

onde u é a velocidade do referencial Terra e c a velocidade da luz; esse fator

explicava os resultados encontrados nas experiências, e mantinha o éter

3 Fonte: http://adagadeoccam.blogspot.com.br/2012/08/ciencia-elegante-o-

experimento-de.html

Page 22: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

10

estacionário, algo que Einstein refutou em 1905 com sua teoria da Relatividade

Restrita. (GAZINELLI, 2009).

2.3 O experimento do efeito fotoelétrico

O Efeito Fotoelétrico foi observado inicialmente por Heinrich Hertz em

(1887), quando trabalhava com experimentos para detectar as ondas

eletromagnéticas previstas pelas equações de Maxwell. Os experimentos de

Hertz consistiam em produzir descargas elétricas entre dois eletrodos metálicos;

quando as descargas eram produzidas em um eletrodo e captada pelo outro a

uma determinada distância, apresentavam características semelhantes à luz,

comprovando de modo experimental a teoria de Maxwell. Nos experimentos ele

também notou que quando os eletrodos metálicos estavam expostos à luz as

descargas eram facilitadas de acordo com a frequência da luz incidida. Na época

era aceito pela comunidade científica o caráter ondulatório da luz, mas havia

alguns pontos que o Eletromagnetismo Clássico não conseguia explicar sobre o

fenômeno: (OSTERMANN e RICCI, 2003):

1º A chegada da luz no metal e a ejeção dos elétrons (fotoelétrons) era

instantânea;

2º A energia cinética dos fotoelétrons não dependia da intensidade da luz

fornecida e sim da frequência;

3º Para cada material existe uma frequência de corte, abaixo da qual não há

emissão de fotoelétrons;

4º Para um mesmo material, o potencial de freamento é mesmo o para qualquer

intensidade, mas aumenta de modo proporcional à frequência.

2.4 O experimento da radiação de corpo negro

Outro experimento que não era explicado pela Física Clássica era o da

radiação do corpo negro. Um corpo negro é um sistema aquecido que absorve

idealmente toda a radiação eletromagnética incidente sobre ele, emitindo essa

radiação em forma de calor, a qual pode ser decomposta espectralmente . De

Page 23: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

11

acordo com a lei de Stefan-Boltzmann, quando um corpo negro é aquecido a

uma temperatura T a intensidade da energia irradiada por ele é proporcional à

quarta potência da temperatura:

𝐈 = 𝛔 𝐓𝟒 ,

Equação 2.2 Lei de Stefan-Boltzmann para radiação do corpo negro

onde 𝛔 é a constante de Stefan-Boltzmann que vale 5,67 . 10-8 [Wm-2K-4].

A energia de um corpo negro está distribuída pelos vários comprimentos

de onda que compõem a radiação emitida, a qual está em equilíbrio térmico com

as paredes da cavidade do corpo, formando um espectro aproximadamente

como está representado no gráfico abaixo:

Figura 2.2 Região do espectro de emissão onde as leis Wien e Rayleigh-Jeans

concordam com a lei de Planck4.

Vários cientistas tentavam explicar teoricamente os resultados

encontrados nas experiências, entre eles Wilhelm Wien (1864 – 1928), John

William Strutt (Lord Rayleigh, 1842 – 1919) e James Hopwood Jeans (1877 –

1946), usando o eletromagetismo clássico. Na época era aceito apenas o caráter

ondulatório das radiações eletromagnéticas (a emissão da radiação era

contínua). A teoria de Wien apontava para resultados satisfatórios com relação

a radiações de altas frequências, sendo falha para pequenas frequências. Já a

teoria de Rayleigh-jeans apresentava valores satisfatórios para grandes

4 Fonte: http://ensinoadistancia.pro.br/ead/fisica-4/aulas/Aula-18/aula-18.html

Page 24: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

12

comprimentos de ondas; quando se aproximava do ultravioleta os resultados

eram altamente discrepantes, tendo a radiação intensidade que tendia para o

infinito, ficando conhecida como catástrofe do ultravioleta. Max Planck

utilizando uma teoria corpuscular consegue explicar essa curva em 1900.

2.5 Teoria Quântica

Em 1900 - 1901 Max Planck, seguiu um caminho diferente dos demais

cientistas adotando o que mais tarde ficou conhecido como o caráter corpuscular

da radiação eletromagnética. Postulou que a radiação (na verdade as trocas de

energia entre a radiação e as paredes da cavidade de um corpo negro) não se

dava de forma contínua e sim discreta, ou seja, ela se propagava em pacotes

discretos de energia, chamados que Quantum de energia, “fótons”, é que a

energia era proporcional a frequência da radiação incidida ν, definida por:

E = hν

Equação 2.3 Energia do fóton

onde h é a constante de Planck 6,67 x 10-34J.s.

Com isso consegue-se explicar teoricamente a curva emitida por um

corpo negro em equilíbrio térmico com a radiação, como função do comprimento

de onda das várias componentes luminosas que formavam a luz emitida

(OSTERMANN e RICCI, p. 22, 2003). Com esse trabalho Max Planck, consegue

resolver definitivamente o problema teórico da radiação de corpo negro.

Cinco anos mais tarde, em 1905, Einstein vai mais longe e interpreta a

quantização não só da radiação em contato com a matéria, como também a

própria radiação eletromagnética, a qual teria um caráter corpuscular

(quantizada).

Com essa interpretação ele consegue explicar o problema do efeito

fotoelétrico. A instantaneidade ocorre devido ao fato de que ao incidir em uma

placa metálica cada quantum transfere sua energia a um elétron, que absorve e

consegue sair do material se a energia for suficiente. A energia cinética máxima

Page 25: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

13

com que o elétron consegue sair da placa metálica depende da frequência da

radiação incidida e do tipo de material, e não da intensidade; aumentando-se

esta consegue-se apenas, aumentar o número que elétrons arrancados e

consequentemente, aumenta-se a corrente elétrica entre dois eletrodos.

(OSTERMANN e RICCI, p. 22, 2003). Temos que a energia cinética máxima de

um elétron arrancado é dada por:

E = hν – W

Equação 2.4 Energia Cinética do Elétron

onde W é característico do metal utilizado, é chamado de função trabalho, sendo

é a energia mínima necessária para que um elétron escape do campo

eletrostático do metal. Por esse trabalho Einstein recebeu o Prémio Nobel de

Física de (1921).

2.6 Teoria da relatividade Especial

No final do século XIX, existia uma divergência entre a relatividade de

Galileu, (o tempo e o espaço eram absolutos e a velocidade de um sistema era

relativa ao referencial em que era medida) e as leis de Maxwell, segundo as

quais, as ondas eletromagnéticas são formadas pela variação de campos

elétricos e campos magnéticos. O problema estava aí, pois se colocássemos o

referencial na própria onda eletromagnética os campos elétricos e magnéticos

ficariam estáticos. Dessa forma não existiria a onda eletromagnética, ou seja,

existiria uma variação das leis físicas entre dois referenciais.

Einstein em 1905, publicou um artigo sobre a Eletrodinâmica dos corpos

em movimento (Teoria da Relatividade Especial), baseada em referenciais

inerciais. Podemos relembrar aqui a lei da inercia de Newton, que diz existirem

referenciais em relação aos quais uma partícula livre possui aceleração nula,

quando a mesma está em repouso ou em movimento retilíneo uniforme (MRU).

No periódico Annalen der physik, temos a introdução sobre a teoria

escrita pelo próprio Einstein. (Apud. GAZZINELLI, 2009, p. 25).

“Como se sabe, a eletrodinâmica de Maxwell tal como entendida atualmente, quando aplicada a corpos em movimento, conduz a assimetrias que

Page 26: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

14

não parecem ser inerentes aos fenômenos. Consideremos, por exemplo, as ações eletrodinâmicas recíprocas entre um ímã e um condutor. O fenômeno observável depende apenas do movimento relativo entre o condutor e ímã, enquanto o entendimento habitual faz uma distinção perfeita entre os casos em que um ou outro desses corpos se movem. Se o ímã se movimenta e o condutor fica em repouso, será criado em torno do ímã um campo elétrico, com certa energia definida, que criará uma corrente elétrica nas regiões onde estiverem partes do condutor. Mas, se for o ímã que está em repouso e o condutor em movimento, não surgirá um campo elétrico na vizinhança do ímã. Encontraremos no entanto, uma força eletromotriz no condutor a qual, em si mesma, não corresponde nenhuma energia, mas que dá origem a correntes elétricas com trajetórias e grandezas iguais as produzidas por forças elétricas no primeiro caso, desde que os movimentos relativos sejam iguais nos dois casos considerados.

Exemplos desse gênero, assim como o insucesso das experiências feitas para detectar qualquer movimento da terra em relação ao éter, surgem os fenômenos da eletrodinâmica, tal como os da mecânica, não apresentam nenhuma propriedade que correspondia a ideia de repouso absoluto. Ao contrário, eles sugerem que em todos os sistemas de coordenadas em que são válidas as equações da mecânica também são validas as leis opticas e eletrodinâmicas, o que até a primeira ordem de grandeza já está demonstrado. Vamos elevar a categoria de postulado essa conjectura; vamos além disso, introduzir o postulado só aparentemente incompatível com o primeiro de que a luz, no vácuo, se propaga com velocidade determinada, independentemente do estado de movimento do feixe de luz. Esses dois postulados são suficientes para construir uma eletrodinâmica dos corpos em movimento, simples e livre de contradições, baseada na teoria de Maxwell para corpos em repouso. A introdução de um éter se revelará supérflua, uma vez que na teoria que vamos desenvolver não necessitamos introduzir um ‘espaço em repouso absoluto’, nem atribuir um vetor velocidade a um ponto qualquer do espaço vazio que ocorra um processo eletromagnético”.

Do artigo podemos retirar os dois postulados de Einstein para a Teoria da

Relatividade Especial;

1 – as leis físicas são as mesmas para qualquer referencial inercial, ou seja, não

existe referencial absoluto.

Page 27: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

15

2 – A velocidade da Luz c no vácuo tem o mesmo valor em todos os referenciais

inerciais, e é independente do movimento relativo entre a fonte e o observador.

Com o primeiro postulado, Einstein consegue resolver o problema entre a

relatividade de Galileu e as leis de Maxwell, pois as leis Físicas não podem

depender dos referenciais. Ou seja, se é uma lei da natureza, essa tem que

existir, independentemente de se o referencial adotado esteja em repouso ou em

movimento; logo as equações de Maxwell são invariantes. Esse postulado não

exclui a relatividade de Galileu, pois para pequenas velocidades a mesma ainda

é válida.

Os postulados da relatividade restrita têm como consequência imediata a

relatividade da simultaneidade, a dilatação temporal e a contração do

comprimento, ou seja, o tempo e o espaço são relativos - à medida que o primeiro

se dilata o outro se contrai quando se vai de um referencial a outro em movimento

com relação ao primeiro.

Observe a figura 2.3. Temos um observador na origem do referencial xyz.

Suponhamos que no início, ou seja, em t = t’ = 0 temos uma emissão de um pulso

luminoso, com x≡x’.

Depois de um tempo t para o observador em xyz ou t’ para um observador

em x’y’z’ e deslocamento da terna x’y’z’ com velocidade u constante

Figura 2.3. Dois referenciais inerciais

temos a seguinte relação entre os instantes de tempo t e t':

𝑡′ =1

√1 −𝑢2

𝑐2

𝑡

Equação 2.5 Intervalo de tempo próprio entre dois eventos

Page 28: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

16

Se imaginarmos uma régua na em x’y’z’ somente no eixo x’ teremos que

seu comprimento será dado por:

∆𝑥 =1

√1 −𝑢2

𝑐2

∆𝑥′

Equação 2.6 Comprimento próprio da régua

Definição: O comprimento próprio da régua é o que é medido pelo

observador para o qual ela está em repouso.

A taxa de dilatação temporal e contração do comprimento acontece pelo

fator de Lorentz-Fitzgerald, agora com Einstein dá-se um sentido físico a esse

fator, e notamos que a relatividade de Einstein engloba também a relatividade

de Galileu, pois para velocidades muito pequenas em relação a velocidade da

luz u << c o fator de Lorentz se reduz aproxima de 1, e então temos 𝑡 = 𝑡′ e

∆𝑥 = ∆𝑥′.

Todas essas previsões da teoria da relatividade especial se confirmaram:

um experimento realizado por Joseph C. Hafele e Richard E. Keating no ano de

(1971) com 4 relógios atômicos (de altíssima precisão) sincronizados, sendo que

2 ficaram na terra e 2 deram 2 voltas ao redor do mundo, mostrou que os que

estavam voando mostraram desacordo com os que ficaram em terra quando

retornaram. Demonstraram assim resultados condizentes com a teoria da

relatividade. Outro experimento mostra que a vida média de partículas chamadas

múons, ao penetrarem na atmosfera terrestre vindas nos raios cósmicos,

também constitui um exemplo da teoria da relatividade, pois a vida média dos

múons em relação ao seu próprio referencial é de 2,2 µs, mas tomando-se como

referencial a Terra, a vida média deles é de 34,8 µs, o que permite sua detecção

na superfície do nosso planeta.

Outra consequência dos postulados de Einstein, é a equivalência massa-

energia, com a fixação da velocidade da luz no vácuo como velocidade limite do

universo, aproximadamente c = 3 x 108m/s, isto é, nenhum corpo com massa

não nula consegue chegar e muito menos ultrapassar esse valor, pois, toda

massa em repouso tem associada a ela uma energia de repouso dada por:

Page 29: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

17

𝑬𝟎 = 𝒎. 𝒄𝟐

Equação 2.7 Energia de repouso de corpo

Temos associada também aos corpos em movimento uma energia

relativística que é a energia cinética de um corpo mais a energia de repouso, e

podemos representá-la por:

𝑬 = 𝜸. 𝒎. 𝒄𝟐

Equação 2.8 Energia Relativística

Aqui aparece mais uma vez o fator de Lorentz, ficando claro que se

aumentamos a velocidade de um corpo de modo que ele chegue próximo à

velocidade da luz, o fator tende ao infinito, e isso implica uma inércia infinita do

corpo. Assim este jamais chegará a velocidade da luz; vale ressaltar que apenas

partículas que não têm massa, têm a mesma velocidade da luz, como os fótons.

2.7 Teoria da relatividade geral

Em 1915, Einstein aprimora sua teoria que antes era apenas para

referenciais inerciais, analisando as leis da Física também para referenciais

acelerados, desenvolvendo assim a Teoria da Relatividade Geral. Nesta

introduz-se a noção de espaço-tempo curvo, ou seja, os corpos produzem em

torno de si uma curvatura do espaço-tempo – que é a própria gravidade, sendo

que quanto maior a massa do corpo, maior será a curvatura (GAZINELLI, 2009).

A obra Astronomia e Astrofísica de (FILHO e SARAIVA, 2014, p.642),

retrata de forma simples e clara a diferença entre a obra de Newton e a obra de

Einstein:

“A teoria da relatividade geral ´e universal no sentido de ser válida mesmo nos casos em que os campos gravitacionais não são desprezíveis. Trata-se, na verdade, da teoria da gravidade, descrevendo a gravitação como a ação das massas nas propriedades do espaço e do tempo, que afetam, por sua vez, o movimento dos corpos e outras propriedades físicas. Enquanto na teoria de Newton o espaço é rígido, descrito pela geometria Euclidiana [Euclides de Alexandria (c.365-300 a.C.)], na relatividade geral o espaço-tempo é distorcido pela presença da matéria que ele contém”.

Page 30: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

18

A teoria da relatividade geral foi comprovada no ano de 1919, na cidade

de Sobral, no Ceará e na Ilha de Príncipe, na África; equipes de cientistas

conseguiram observar o desvio da luz causado pelo campo gravitacional do Sol,

durante um eclipse total. Vale a pena dizer também que essa teoria tornou a

Cosmologia uma disciplina científica, pois ela também é capaz de descrever o

universo em larga escala. Com efeito, o astrônomo Edwin Huble demonstrou em

1929 que as galáxias distantes estavam se afastando da Terra, e isso é

totalmente compatível com a ideia de um universo em expansão, que a teoria de

Einstein é capaz de prever.

Esses trabalhos desenvolvidos por Max Planck e Einstein são, portanto,

a base de toda a nova ciência desenvolvida no século XX, com os trabalhos de

Niels Bohr, Erwin Schrödinger, Werner Heisenberg, Louis de Broglie, Max Born,

Wolfgang Pauli e Paul Dirac entre outros, proporcionando a grande evolução

tecnológica que temos nos dias atuais.

Page 31: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

19

CAPÍTULO 3

3 Aspectos da teoria da Aprendizagem Significativa de Ausubel

Utilizamos neste trabalho a teoria da Aprendizagem Significativa de

Ausubel, pois é uma teoria desenvolvida visando a aprendizagem, dentro da sala

de aula, através do uso de uma sequência de conceitos e princípios que visam

nortear o professor nesse espaço. Diga-se Aprendizagem “Verbal” Significativa,

pois é importantíssima a forma de linguagem trabalhada com os alunos, de modo

que necessitamos fazer as relações precisas e de forma clara do que

pretendemos passar aos mesmos, levando também alguns aspectos em

consideração, como a idade dos alunos, classe social e a região onde o discente

encontra-se. Dessa forma a linguagem assume o papel de integrar os novos

conhecimentos aos que o aluno já possui.

Esse tipo de aprendizagem desenvolve-se na estrutura cognitiva dos

alunos, um “complexo organizado de informações do ser que aprende”

(MOREIRA, 1999, p. 156). Ou seja, cada ser tem essa estrutura onde a

informação se processa. De acordo com (PRASS, 2012, p. 28) a estrutura

cognitiva de cada indivíduo é

“Extremamente organizada e hierarquizada, no sentido que as várias ideias se encadeiam de acordo com a relação que se estabelece entre elas. Além disso, é nesta estrutura que se ancoram e se reordenam novos conceitos e ideias que o indivíduo vai progressivamente internalizando, aprendendo”.

Para Ausubel, a aprendizagem só ocorre quando uma nova informação

se relaciona de forma organizada à estrutura cognitiva do aluno, e para que isso

ocorra, é preciso que a nova informação seja não-literal, que o aluno possa

compreender o seu significado e expressar com suas próprias palavras,

deixando de lado a rigorosidade e o jargão impostos pelos materiais didáticos.

Essa informação também precisa interagir de forma não-arbitrária na estrutura

cognitiva do aprendiz, isso significando que é preciso desenvolver uma

sequência lógica, entre a nova informação e os conhecimentos presentes na

Page 32: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

20

estrutura cognitiva dos alunos, o que o autor chama de conhecimentos prévios

“subsunçores”, de modo que precisamos partir daquilo que o aprendiz já sabe,

para desenvolver novas ideias. Daremos um exemplo relacionado de perto ao

tema trabalhado em nosso produto educacional: normalmente os alunos já

apresentam subsuncores em relações aos Estados Físicos da Matéria (Sólido,

Líquido e Gasoso); assim podemos partir desses conhecimentos já existentes

na sua estrutura cognitiva, para trabalharmos o conceito moderno de Plasma. Se

houver, a interação entre o subsunçor e a nova informação trabalhada acontece

a aprendizagem significativa, e podemos afirmar que os conceitos iniciais

presentes sofrerão uma reelaboração e um crescimento. Corroborando do

pensamento de (COSTA, 2012, p.28), temos que

“A partir do momento em que um conceito subsunçor se realciona com um novo conceito, esse se torna ainda mais elaborado, ampliando sua carga semântica. Sendo assim, cada informação ancorada a um conceito geral permite que ele seja chamado de conceito subsunçor e, dessa forma, vai ocorrendo a aprendizagem significativa”.

Se o aluno adquiriu e organizou esse novo significado na estrutura

cognitiva, ele na verdade assimilou o novo conhecimento. No livro Teorias de

Aprendizagem de Marco Antônio Moreira5, podemos encontrar esse esquema

que relaciona a informação com os subsunçores, exposto na figura 2.4.

Figura 2.4: Esquema Teoria da Assimilação

No esquema acima percebemos a relação proposta pela teoria da

aprendizagem significativa. A assimilação ocorre quando a nova informação

potencialmente significativa a’, que no nosso exemplo seriam os conceitos de

5 MOREIRA, Marco Antônio. Teoria de Aprendizagem. São Paulo: Ed. E.P.U, 1999.

Page 33: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

21

Plasma, são assimilados pelos conceitos subsunçores existentes na estrutura

cognitiva do aprendiz A’, nesse caso os Estados Físicos da Matéria (Sólido,

Líquido e Gasoso), formando o subsunçor modificado A’ a’, que seria o 4º

(quarto) Estado Físico da Matéria. Notamos que quando a assimilação ocorre há

uma modificação não somente no subsunçor, como também na nova

informação. Por exemplo, se os conceitos de Estados Físicos da Matéria já

estiverem bem definidos na estrutura cognitiva do aluno, o conceito específico

de Plasma, será assimilado de forma inclusiva pelo conceito presente antes na

estrutura cognitiva, como sendo também um estado onde ocorre a dissociação

atômica devido a um alto grau de aquecimento.

Para fazermos essa conexão entre o os conhecimentos prévios e a nova

informação, podemos utilizar o que Ausubel chama de organizadores prévios,

materiais que servem de ponte entre o que o aluno já sabe e o que ele deve

aprender. Segundo (MOREIRA, 1999, p.155), estes organizadores são:

“Materiais introdutórios apresentados antes do material a ser aprendido em si. Contrariamente a sumários, que são, em geral, apresentados no mesmo nível de abstração, generalidade e inclusividade, simplesmente destacando certos aspectos do assunto, organizadores são apresentados em um nível mais alto de abstração, generalidade e inclusividade”.

Nota-se aqui a sutileza desses materiais organizadores - os mesmos

devem ser elaborados, de forma que possam contribuir para uma tomada de

posição, um debate, uma dinâmica, para despertar o interesse do aluno em

relação ao conteúdo que se pretende trabalhar. Pode-se utilizar para esse fim

textos-base, curiosidades, vídeos, jogos e simuladores, entre outros. Quando

estes organizadores prévios conseguem fazer essa ponte de ligação entre os

subsunçores e o novo conteúdo, recebem o nome de materiais potencialmente

significativos.

No entanto, se a nova informação não conseguir fazer nenhum tipo de

relação com os subsunçores existentes na estrutura cognitiva do aprendiz, esta

é chamada de Aprendizagem Mecânica, definida por (AUSUBEL apud

MOREIRA, 1999, p.54) como:

Page 34: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

22

“Aprendizagem de novas informações com pouca ou nenhuma interação com conceitos relevantes existentes na estrutura cognitiva. Nesse caso, a nova informação é armazenada de maneira arbitrária. Não há interação entre a nova informação e aquela já armazenada. O conhecimento assim adquirido fica arbitrariamente distribuído na estrutura cognitiva, sem ligar-se a conceitos subsunçores específicos”.

Como professor atuante no Ensino Médio em escolas públicas, deparei-

me com várias situações, onde percebe-se que o aluno aprende

mecanicamente, muitas vezes, com apenas o objetivo de decorar e passar em

algum tipo de avaliação. Assim, explorando os conceitos fundamentais de

Energia e Trabalho, o resultado de uma questão proposta chamou muito a

atenção. Segue a questão6:

Uma pessoa empurra o carrinho com rodas por um plano horizontal. O

carrinho com a carga tem massa de 100 Kg e desloca-se com a velocidade

constante de 1 m/s. se a pessoa exerce uma força de 120 N, na direção

horizontal, qual é o trabalho realizado por essa força em 1 minuto?

Supreendentemente, a maioria não conseguia responder esse tipo de

problema. Uma questão relativamente simples, onde pede-se para calcular, o

trabalho realizado a partir de sua definição, como o produto do delocamento pela

componente da força na direção desse deslocamento. Percebeu-se, que a

grande dificuldade foi que eles não relacionaram. que através da velocidade e

do tempo conseguiriam determinar o deslocamento sofrido pelo carrinho, para o

cálculo do trabalho, ou seja, em muitos casos as noções de velocidade, tempo e

deslocamento foram apenas decorados em bimestres anteriores com o simples

intuito de passar nas provas - ou seja, não ocorreu a aprendizagem significativa.

Portanto para que a aprendizagem significativa ocorra precisamos levar

em consideração, de acordo com (PRASS, op. cit), três fatores essenciais: (1)

os cognitivos, como as ideias âncoras do indivíduo. (2) os fatores afetivo-sociais

- o aprendiz tem que ter disposição para aprender, pois o aluno pode se deparar

com os melhores professores, os melhores materiais potencialmente

6 TORRES, Carlos Magno.[et al] Ciência e Tecnologia. 3 ed. São Paulo: Ed. Moderna, 2013.

Page 35: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

23

significativos, mas tem que partir do aluno a vontade de aprender, caso contrário

toda a aprendizagem torna-se mecânica. (3) os fatores externos a

aprendizagem significativa - aqui estão relacionadas as condições externas a

que os alunos são submetidos, como: o ambiente escolar, a sala de aula, o

contexto econômico-social no qual o aluno está inserido.

O professor dentro da Aprendizagem Significativa tem, segundo

MOREIRA, pelo menos 4 (quatro) tarefas fundamentais:

(1) Identificar a estrutura conceitual e proposicional da matéria de ensino, […]. (2) Identificar quais os subsunçores (conceitos, proposições, ideias claras, precisas, estáveis) relevantes à aprendizagem do conteúdo a ser ensinado, […]. (3) Determinar aquilo que o aluno já sabe; determinar, dentre os subsunçores especificamente relevantes (previamente identificados ao “mapear” e organizar a matéria de ensino), quais os que estão presentes na estrutura cognitiva do aluno. (4) Ensinar utilizando recursos e princípios que facilitem a aquisição da estrutura conceitual da matéria de ensino de uma maneira significativa.[…]

Diante do exposto fica bem claro que o professor, tem o papel

fundamental de auxiliar os alunos no processo de assimilação das informações,

filtrar quais o conteúdos e materiais necessários para fazer a relação entre o

novo conhecimento e os conhecimentos prévios dos alunos, assim como instigar

aos alunos para que os mesmos sintam-se sujeitos ativos e participativos dentro

do processo de ensino-aprendizagem.

Ao longo dos capítulos seguintes relataremos a participação ativa dos

alunos no decorrer da aplicação do projeto, demonstrando a validade dos pilares

da Teoria da Aprendizagem. Constataremos que foi despertada nos alunos a

vontade de aprender e que o material utilizado é potencialmente significativo.

Page 36: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

24

CAPÍTULO 4

4 METODOLOGIA

Buscando compreender, os aspectos envolvidos dentro do processo de

ensino e aprendizagem, que norteiam os rumos do ensino de Física Moderna e

Contemporânea no interior do estado do Ceará e região circunvizinha do estado

do Rio grande do Norte, tendo o professor como próprio pesquisador, fizemos

previamente ao desenvolvimento e aplicação do produto educacional, uma

pesquisa inserida no campo da pesquisa qualitativa, com aspectos também de

uma pesquisa quantitativa.

4.1 Natureza da pesquisa

A escolha por uma pesquisa de natureza qualitativa/quantitativa, de

acordo com (NEVES, 1996, p. 1), torna-se:

Uma pesquisa mais forte e reduz os problemas de adoção exclusiva de um desses grupos; por outro lado, a omissão no emprego de métodos qualitativos, num estudo em que se faz possível e útil empregá-los, empobrece a visão do pesquisador quanto ao contexto em que ocorre o fenômeno. Os estudos qualitativos são feitos no local de origem dos dados; não impedem o pesquisador de empregar a lógica do empirismo científico (adequada para fenômenos claramente definidos), mas partem da suposição de que seja mais apropriado empregar a perspectiva da analise fenomenológica, quando se trata de fenômenos singulares e dotados de certo grau de ambiguidade.

A pesquisa é composta de dois momentos:

Inicialmente realizamos uma pesquisa, de cunho quantitativo com os

professores da região onde o proponente da pesquisa trabalha, buscando

levantar os vários aspectos que influenciam diretamente no processo de ensino-

aprendizagem. Foi elaborado e aplicado um questionário com dez perguntas

para os professores, onde eles responderiam de forma espontânea sobre suas

vidas acadêmicas e fatores que influenciam o ensino de Física. Levantamos

vários fatores que contribuem para a não realização de um ensino qualificado,

aspectos como: estrutura escolar (Laboratórios); falta de materiais para

elaboração de aulas práticas; professores que atuam em sala de aula sem terem

Page 37: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

25

formação em Física. Estes aspectos, entre outros, contribuem de forma negativa

para uma melhoria no ensino de Física e principalmente de Física Moderna.

Posteriormente foi realizado o segundo momento com uma pesquisa

qualitativa, pois buscamos descrever, interpretar os aspectos econômicos,

sociais, conhecer o universo de ensino onde o aluno está inserido. Isso nos

permite compartilhar o pensamento de (DANTAS, 2011, p. 26) ao afirmar que a

abordagem qualitativa se torna ainda mais importante quando “o pesquisador é

o próprio professor investigando sua prática, estando compromissado com o

processo de ensino e aprendizagem de sua turma e buscando inovar sua prática

com ênfase em novas metodologias”. Esse segundo momento da pesquisa

também possibilitou, a determinação dos conhecimentos prévios (subsunçores)

dos alunos a respeito dos tópicos de Física Moderna, para partirmos daquilo que

o aluno já sabe ou já conhece, mesmo que de forma errônea, para

implementação de uma aprendizagem significativa. Para (BOGDAN e BIKLEN,

apud SILVA, 2013, p. 55) esse tipo de investigação tem cinco características:

(1) A fonte direta de dados é o ambiente natural, constituindo o investigador o instrumento principal; (2) ela é descritiva; (3) há um interesse maior pelo processo do que simplesmente pelos resultados ou produto; (4) há uma tendência a analisar os dados de forma indutiva; (5) o significado é de importância vital.

Posteriormente, utilizamos um pré-teste (que depois se tornou um pós-

teste) de maneira quantitativa e analisamos os dados auferidos com uma

abordagem qualitativa. Esse levantamento de dados, ocorreu a partir do próprio

ambiente do aluno - a sala de aula. Como esses dados, descrevem um cenário

que ajuda na elaboração e realização das aulas de Física, o que por sua vez

impacta a aprendizagem dos alunos, buscamos desenvolver métodos que

possam contribuir para mudar esse cenário, deixando as aulas de Física

Moderna mais atrativas, colocando o aluno como peça central no

desenvolvimento da Pesquisa.

Page 38: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

26

4.2 O produto educacional

O produto educacional consiste na criação de um manual intitulado

Ensinando Física Moderna através de Experimentos com Materiais Alternativos,

com o mesmo sendo disponibilizado na forma impressa e digital, que conterá

também os vídeos da produção dos experimentos. Esse mesmo manual busca

preencher de forma potencialmente significativa, lacunas encontradas no ensino

de Física Moderna, de modo a despertar a curiosidade dos alunos para temas

tão relevantes na vivência do dia-a-dia, onde os mesmos encontram-se

inseridos, através de toda a tecnologia que permeia o mundo contemporâneo.

O manual é composto por uma série de 8 experimentos selecionados por

meio de pesquisa bibliográfica e devidamente adaptados, com a descrição

pormenorizada da confecção e utilização dentro da sala de aula, que servirão de

base para despertar a curiosidade dos alunos, assim como promover a análise

e o debate sobre cada tema trabalhado em sala de aula.

4.3 Os Experimentos

Os experimentos selecionados para a composição do produto

educacional e respectiva aplicação em sala de aula foram os descritos abaixo:

Cosmologia em um balão (bexiga);

A curvatura do espaço-tempo por meio de uma folha de

borracha, bolas de gude e de ferro;

Interferência e difração utilizando um laser e fio de cabelo;

Efeito fotovoltaico com um carrinho elétrico e uma placa solar;

Medindo a velocidade da luz (Onda Eletromagnética) com um

aparelho de micro-ondas e barra de chocolate;

Determinando a constante de Planck por meios de LED’s;

Bola de Plasma;

Reação em cadeia utilizando ratoeiras e bolinhas de pula-pula.

Page 39: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

27

Os experimentos estão divididos em duas categorias: Os experimentos

por analogia e os experimentos diretos. Os primeiros usam fenômenos que não

pertencem ao âmbito da Física Moderna para demonstrar, por analogia, outros

que o sejam. Como, por exemplo, o das ratoeiras com bolas de pingue-pongue

para ilustrar o processo de reação nuclear em cadeia. Já os diretos, usam (ou

produzem) os próprios fenômenos em si com vistas à sua elucidação, como o da

bola de plasma. Os temas abordados seguem, uma sequência lógica que

obedece mais ou menos a ordem histórica de seu desenvolvimento, a mesma

em que estão expostos na maior parte dos livros didáticos, a saber: Teoria da

Relatividade Restrita, Teoria Atômica da Matéria, Modelos e Espectros

Atômicos, Dualidade Onda-Partícula, Física do Estado Sólido. Conexões com

outras áreas do conhecimento são estabelecidas de modo a se ressaltar a

interdisciplinaridade. É interessante observar que estão contemplados,

experimentos que realizam medidas das duas constantes fundamentais da

Natureza e que são a “marca registrada” da Física Moderna: A velocidade da luz

no vácuo e a constante de Planck. Ressalte-se também que os experimentos

propostos destacam aspectos qualitativos e quantitativos dos eventos físicos, ou

seja, alguns apenas demonstram os fenômenos em si, enquanto outros o fazem

realizando medidas com certo grau de precisão, e esse último aspecto é

importante por chamar a atenção dos alunos para o fato de que a Física é,

essencialmente, uma "ciência da medida".

4.4 O processo de intervenção

A aplicação do questionário com os professores, aconteceu no mês de

outubro de 2015 e realizado em um universo de 10 professores, nas cidades de

Pereiro-CE, São Miguel-RN, Venha Ver-RN, Coronel João Pessoa-RN e Pau dos

Ferros-RN.

Inicialmente foi explicado sobre o projeto de pesquisa, com o tema

Ensinando Física Moderna através de Experimentos com Materiais Alternativos,

sendo dito que era parte do curso de Mestrado Nacional Profissional no Ensino

de Física-URCA e que os mesmos estavam facultados a participar da mesma.

Felizmente, não obtivemos nenhuma objeção e todos aceitaram participar da

Page 40: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

28

pesquisa, responderam a uma série de 10 perguntas. que variavam desde a

formação acadêmica, tempo em sala de aula, ensino de Física e Física moderna.

Já, a aplicação do questionário junto aos alunos e a realização das aulas,

com os experimentos ocorreram em (04) quatro encontros, cada encontro

correspondendo a 2 (duas) aulas de 50 minutos cada, planejadas e ministradas

pelo professor-pesquisador, em uma turma de terceiro ano do ensino médio, na

escola (EEEP Professora Maria Célia Pinheiro Falcão), escola da rede estadual

de educação na cidade de Pereiro-CE. A turma foi escolhida entre outros motivos

por o pesquisador ser o seu professor de Física, durante todo o ano letivo de

2015. Outro aspecto que foi levado em consideração na escolha da turma é que

os alunos já estão em um nível mais adequado, com mais maturidade e

apresentando um conhecimento prévio mais relevante. Concordando, com

(AUSUBEL, 2003, p.13) quando diz que existe uma faixa etária para os tipos de

aprendizagens:

O adiantamento da experiência de aprendizagem para além da idade de prontidão desperdiça oportunidade de aprendizagens valiosas e muitas vezes, insuspeitas, reduzindo, assim, de forma desnecessária, a quantidade e complexidade do conteúdo das matérias que se pode dominar num determinado período da aprendizagem escolar. Por outro lado, quando um aluno é exposto prematuramente, a uma tarefa de aprendizagem, antes de estar preparado forma adequada para a mesma, não só não aprende a tarefa em questão (ou aprende-a com muitas dificuldades), como também aprende com esta experiência a temer, desgostar e evitar a tarefa

A turma foi inicialmente composta por 21 alunos, com idades que

variavam entre 16 e 20 anos, com 12 alunos do sexo masculino e 9 do sexo

feminino, ressaltando que 4 alunos não participaram das aulas, pois os mesmos

tinham se enquadrado dentro de uns requisitos, propostos pela escola no início

do ano letivo, os alunos que chegassem ao término do 3º bimestre com média

superior a 24 pontos em todas as disciplinas e obtivessem nota acima de 600

pontos no Enem, seriam aprovados e liberados das aulas no 4º bimestre; assim

ficamos com a turma composta apenas de 17 alunos.

O Período de realização e aplicação, aconteceu nos meses de novembro

a dezembro de 2015, quando o mesmo projeto foi apresentado à escola e

Page 41: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

29

aprovado, mediante a utilização de uma avalição quantitativa ao final do

processo, para que os mesmos obtivessem a nota bimestral. O cronograma, os

planos de aulas e o pré/pós teste (questionário) serão apresentados nos

apêndices.

Como o pesquisador foi o próprio professor da turma, antes da aplicação

os alunos foram devidamente apresentados às ideias do projeto; a maioria

ficaram apreensivos, com o novo formato das aulas, outros eufóricos quando

ficaram sabendo que trabalharíamos tópicos de Física Moderna, e deixamos

claro aos mesmos, que as aulas serviriam também para o processo de avaliação

bimestral.

O pré-teste (questionário) com perguntas fechadas, sobre tópicos de

Física Moderna, foi utilizado como ferramenta para fazermos um levantamento,

sobre os conhecimentos que os discentes possuíam a respeito dos tópicos a

serem trabalhados. Esse tipo de abordagem torna-se muito importante, porque

o professor tem um ponto de partida, que nada mais é que a identificação do

conhecimento prévio que o aluno possui, e assim fazer com que o aluno perceba,

que é peça fundamental (sujeito ativo) dentro do processo de ensino, de modo

que o mesmo possa agir e refletir sobre o que lhe é ensinado.

O que (AUSUBEL, 2000, p.6) chama de aprendizagem por recepção

significativa, precisando de no mínimo três requisitos básicos para que a mesma

ocorra:

(1) o tipo de análise cognitiva necessária para se averiguarem

quais são os aspectos da estrutura cognitiva existente mais relevantes para o novo material potencialmente significativo; (2) algum grau de reconciliação com as ideias existentes na estrutura cognitiva – ou seja, apreensão de semelhanças e de diferenças e resolução de contradições reais ou aparentes entre conceitos e proposições novos e já enraizados; e (3) reformulação do material da aprendizagem em termos dos antecedentes intelectuais idiossincráticos e do vocabulário do

aprendiz em particular.

Os temas foram apresentados aos alunos através de uma prévia

explanação dos conteúdos no quadro, leitura, vídeos e simulação utilizando

Page 42: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

30

software de computador. Logo após foi realizada a execução dos experimentos,

onde os alunos eram convidados a participarem da execução dos mesmos.

Inicialmente, durante as aulas, os alunos eram sempre levados a uma

análise sobre o tema a ser trabalhado naquele dia; algumas começaram com

uma leitura estimulante sobre alguma curiosidade que os levavam a refletir e

discutir o tema; em outras eram apresentadas simulações ou pequenos vídeos.

Essas preliminares duravam em torno de 20 minutos, e logo após, era

apresentado o experimento sobre o tema, onde os alunos poderiam participar da

execução, e o professor fazer o papel de mediador/estimulador com perguntas

que faziam a conexão entre o experimento e o tema proposto.

Apresentaremos a seguir a sequência em que ocorreu o desenvolvimento

das aulas e consequentemente a aplicação de cada experimento. Ressalta-se

que cada encontro corresponde a 1 (uma) aula de 50 minutos; sendo assim, para

a aplicação em sala foram considerados 8 (oito) encontros, cada um direcionado

para um tema diferente.

1º Encontro

Apresentação do projeto.

Aplicação do pré-teste (questionário)

2º Encontro

Apresentação expositiva.

Conteúdo: Origem e Expansão do Universo.

Apresentação de vídeo sobre a Origem do Universo.

Apresentação do experimento: Cosmologia em um balão (bexiga).

3º Encontro

Apresentação expositiva utilizando tirinhas sobre Relatividade.

Conteúdo: Teoria da Relatividade Geral.

Apresentação do Experimento: A curvatura do espaço-tempo por

meio de um tecido de lycra, bolas de ferro e de gude.

Page 43: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

31

4º Encontro

Apresentação expositiva utilizando uma Ilusão de Ótica.

Conteúdo: Dualidade onda Partícula.

Apresentação do experimento: Interferência e difração da luz versus

foto-eletricidade.

Interferência e difração da luz com um laser e fio de cabelo.

Efeito fotovoltaico com um carrinho elétrico e uma placa

solar.

5º Encontro

Apresentação expositiva e leitura do texto A Velocidade da Luz.

Conteúdo: Propagação da Luz.

Apresentação do experimento: Medindo a velocidade da luz (com um

aparelho de micro-ondas e barra de chocolate).

6º Encontro

Apresentação expositiva.

Apresentação de vídeo sobre Max Planck.

Conteúdo: Física Quântica.

Apresentação do experimento: Determinando a constante de Planck

por meio de LED’s.

7º Encontro

Apresentação expositiva.

Conteúdo: Plasma.

Apresentação do experimento: Bola de Plasma

8º Encontro

Apresentação expositiva.

Conteúdo: Física Nuclear.

Apresentação do experimento: Reação em cadeia utilizando ratoeiras

e bolinhas de pula-pula.

Aplicação do pós-teste (questionário).

Page 44: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

32

A seguir descreveremos como aconteceram o desenvolvimento das aulas.

No primeiro encontro, foi feita mais uma rápida apresentação do projeto,

explicando que o mesmo seria desenvolvido ao logo de 8 (oito) encontros.

Buscamos também ouvir os alunos sobre suas expectativas em relação ao

projeto Ensinando Física Moderna através de Materiais Alternativos.

A segunda parte do encontro foi destinado à aplicação do pré-teste,

contendo 11 (onze) questões de múltipla escolha, sobre tópicos de Física

Moderna, relevantes e corriqueiros no dia-a-dia dos alunos, tendo como objetivo

determinarmos os conhecimentos prévios (subsunçores) dos mesmos.

No segundo encontro, tratamos do assunto Origem e Expansão do

Universo, primeiramente através de uma explanação oral e logo depois

apresentação do vídeo “Big Bang: A Origem do Universo, com duração

aproximada de 5 minutos, surgindo assim alguns debates e questionamentos:

“Aluno F: Isso é mentira”

“Aluno H: Eu acredito em Deus”

“Aluno M: Professor existe vida em outro lugar do universo?”

Logo depois foi realizado o experimento "Cosmologia em um balão"

(bexiga), que serve para fazermos uma analogia com a expansão do universo.

Foi entregue a alguns alunos balões de aniversários que continham bolas

desenhadas de cores diferentes e que eles imaginassem que aquelas bolinhas

fossem as galáxias do nosso universo. Orientamos em seguida, para que

soprassem e fossem observando o que acontecia com as bolinhas; rapidamente

viram que quanto mais enchia os balões mais as bolinhas se separavam umas

das outras. Rapidamente surgiram comentários:

“Aluno M: Quer dizer que é isso que acontece com o universo?”

No terceiro encontro falamos sobre Teoria da Relatividade Restrita e

Geral de Einstein, através das tirinhas espaço-tempo, desenvolvidas por

(CARUSO e FREITAS, 2009). Inicialmente foi feita uma introdução oral sobre o

tema e logo depois foram entregues as tirinhas. Nessa aula os alunos formaram

Page 45: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

33

grupos de 3 (três), para fazer a leitura e análise das tirinhas para depois fazermos

um pequeno debate.

“Aluno B: Legal, diferente!”

“Aluno H: O que é Dimensão? O que é Relativo!”

Para a realização do experimento "A curvatura do espaço-tempo por meio

de um tecido de lycra, bolas de ferro e de gude", foram convidados alguns alunos

para puxarem o tecido e outros para depositarem nele as bolas de ferro e de

gude, com estas sendo postas em movimento. Vale frisar que esse experimento

teve uma participação muito boa, sendo um experimento por analogia que ilustra

facilmente a questão da distorção do espaço-tempo devido à massa dos corpos,

de modo que fica fácil para o aluno perceber que quanto maior a massa, maior

a deformação do tecido e, consequentemente, maior a gravidade.

No quarto encontro foi trabalho o tópico sobre o comportamento dual da

luz, utilizando uma simples figura sobre ilusão de ótica. A turma foi convidada a

formarem grupos de 3 (três) componentes, e projetamos no quadro com o auxílio

de um data show a imagem Vaso de Rubin. Os alunos foram instigados a

debaterem sobre o que estavam vendo na figura.

“Aluno A: Vejo duas pessoas”

“Aluno B: Duas pessoas”

“Aluno F: A imagem de uma taça!”

Figura 4.1 Vaso de Rubin

Page 46: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

34

Mostramos que na verdade ninguém estava errado, que na imagem

poderiam se detectar duas faces de pessoas ou uma taça, simultaneamente.

Procuramos fazer, assim, uma relação com o que acontece com luz, que ora se

comporta como partícula, ora como onda.

Para mostramos esse comportamento utilizamos dois experimentos: O

primeiro interferência e difração da luz com um laser e fio de cabelo, que só

ocorre quando a luz se comporta como onda. Fizemos a luz do apontador de

laser incidir sobre o fio de cabelo bem esticado. Notou-se que a luz, ao mesmo

tempo que sofre um bloqueio parcial na sua trajetória, consegue contornar o fio

de cabelo e na parede aparece um espectro luminoso, com vários pontinhos de

luz separados. Nesse tipo de experimento levamos os alunos ao auditório, pois

precisaríamos de uma sala escura para uma melhor visualização. O segundo

experimento, que comprova que a luz se comporta como partícula utilizando o

efeito fotovoltaico com um carrinho elétrico e uma placa solar, foi realizado no

pátio da escola.

“Aluno A: Interferência de parar e difração de contornar, a por isso se ela

fosse só partícula não conseguia passar”

“Aluno F: E porque aparecem esses espaços quando é projetado na

parede? E porque uns pontos são mais fortes que outros”

“Aluno M: Transformação de energia solar em energia elétrica”

No quinto encontro trabalhamos o tema Propagação da Luz, inicialmente

fizemos uma explanação sobre o conteúdo, utilizamos um pequeno texto sobre

a velocidade da luz retirado do livro (HALLIDAY, RESNICK) vol.4 onde se trata

da evolução histórica de como conseguiram determinar o seu valor. Os alunos

tiveram 20 (vinte) minutos para fazerem a leitura do texto, debate e

questionamentos.

“Aluno H: Professor se todos esses cientistas tiveram todo esse trabalho,

como vamos conseguir aqui em sala de aula?”

“Aluno C: Agora já tá aparecendo fórmulas”

Logo após fomos para a realização do experimento: medindo a velocidade

da luz (com um aparelho de micro-ondas e barra de chocolate). Colocamos a

Page 47: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

35

fórmula da velocidade da luz (1) em função da frequência e do comprimento de

onda, no quadro, para que os alunos pudessem anotar no caderno

c=f.λ

Equação 4.1 Velocidade de uma onda eletromagnética

Levamos um aparelho de micro-ondas para a sala de aula, onde eles iriam

verificar o valor da frequência f atrás das especificações do aparelho e

determinar o valor do comprimento λ de onda utilizando uma barra de chocolate

e uma régua. A barra precisou ficar cerca de 30 (trinta) segundos dentro do

aparelho sem o prato giratório; depois desse tempo retiramos a barra e verificou-

se que em alguns pequenos pontos ela estava derretendo; medimos a distância

entre esses pontos e multiplicamos por 2 (dois), obtendo o comprimento de onda

desejado. Dessa forma, inserimos os valores na fórmula acima e determinamos

o valor muito próximo ao da velocidade da luz, com uma margem de erro de

11%.

No sexto encontro trabalhamos as origens da Física Quântica,

observando que a mesma surgiu com os trabalhos de Max Planck, quando este

determinou que a energia emitida por um determinado tipo de corpo aquecido

era discreta, e não contínua como pensavam os cientistas da época,

estabelecendo uma constante de proporcionalidade, a qual recebeu o nome de

Constante de Planck, e seu valor h= 6,63 x 10-34 J.s. Logo após, exibimos o

vídeo "Max Planck e a Física Quântica'.

Em seguida, aconteceu a montagem do Experimento "Determinando a

constante de Planck por meio de LED’s". Utilizando uma placa protoboard, um

led vermelho e outro verde, um potenciômetro, bateria de 9,0 V e um multímetro;

assim montamos o esquema no qual determinamos a constante de Planck,

variando a tensão e marcando os valores necessários para que os leds

acendessem. Sabendo que o comprimento de onda do led vermelho (650 nm) é

maior que a do led verde (560 nm), este necessita de menor energia para

acender. Utilizando a equação:

h=eVf=eVλ/c

Equação 4.2 Constante de Planck

Page 48: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

36

sabendo que V é a tensão aplicada nos terminais dos led, λ o comprimento de

onda de cada led, c a velocidade da luz e e a carga elementar de um elétron, os

alunos chegaram a valores bem próximos, mas com ordens de grandezas iguais,

o que se tornou muito satisfatório, pois se utilizou apenas a emissão de um led.

“Aluno A: Muito difícil professor, trabalhar com notação”

“Aluno D: Professor mas o resultado não bateu”

No sétimo encontro trabalhamos sobre o tema Plasma. Fizemos uma

explanação sobre o tema perguntando aos alunos se já conheciam a palavra.

“Aluno H: TV de Plasma”

“Aluno B: Nas estrelas”

Fizemos uma abordagem explicando a importância do plasma nas nossas

vidas e que ele é facilmente encontrado ao nosso redor (Fogo, Lâmpada

Luminescente, Auroras, vento solar, a chama de uma vela.) O mesmo é

chamado de quarto estado da matéria, e aproximadamente 98% do universo é

constituído de plasma.

Na segunda parte foi apresentado o experimento "Bola de Plasma".

Consiste na montagem de um circuito elétrico, uma lâmpada incandescente, um

ignitron - aparelho faz parte de um fogão elétrico - uma lâmpada fluorescente,

fios de cobre e um suporte de madeira. A montagem desse experimento baseou-

se no trabalho desenvolvido por (ERTHAL, J. P. C. et al. 2013). Mais uma vez

resolvemos realizar o experimento no auditório, pois o resultado é melhor

observável em salas escuras. Esta foi uma das aulas que mais chamou atenção

dos alunos, principalmente quando aproximamos a lâmpada fluorescente e ela

acendeu, de modo que todos quiseram participar do experimento.

“Aluno D: De todos os experimentos o que mais me chamou mais atenção

foi o da bola de plasma, pois pude aprender mais sobre o quarto estado da

matéria”

No oitavo encontro tratamos do tema Física Nuclear, apresentando-o

inicialmente através do quadro com utilização do data show, onde procuramos

fazer um pequeno levantamento histórico, abordando as forças existentes na

Page 49: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

37

natureza, a energia nuclear e os processos de fissão e fusão, ressaltando

aspectos positivos e negativos desse ramo da Física.

“Aluno H: Processo de fusão igual em Dragon Ball”

“Aluno C: Então toda essa radiação é ruim?”

“Aluno B: Professor então aquele processo de radioterapia é disso ai?”

Após um pequeno debate e esclarecimentos, fomos para a parte prática -

o experimento "Reação em cadeia utilizando ratoeiras e bolinhas de pula-pula",

demonstrando por analogia o que acontece em processos de fissão nuclear.

Para montagem do experimento utilizamos um recipiente de vidro transparente

com 25 ratoeiras e 26 bolinhas de pula-pula. Armando as ratoeiras

cuidadosamente, colocamos sobre elas as bolinhas e arrumamos tudo dentro do

recipiente; depois lançamos uma bolinha solta em cima de uma das ratoeiras: a

reação em cadeia aconteceu - a energia potencial armazenada nas ratoeiras foi

liberada. Algo análogo ao princípio da fissão nuclear, quando um núcleo de

urânio é atingido por um nêutron em alta velocidade, liberando uma grande

quantidade de energia. O núcleo então se quebra, transformando-se em dois

novos núcleos mais leves - um núcleo de bário e outro de criptônio - liberando

no processo mais nêutrons, que se chocam com outros átomos de urânio, e

assim por diante.

Ressalta-se mais uma vez a participação dos alunos no desenvolvimento

do experimento.

Ao final do encontro fizemos aplicação do pós teste, para uma futura

comparação com os dados iniciais, para podermos identificar se a aprendizagem

significativa ocorreu.

Page 50: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

38

CAPÍTULO 5

5 RESULTADOS

Aqui serão discutidos os dados colhidos através dos questionários

aplicados junto aos professores e alunos, utilizados como subsídio para a

elaboração e aplicação do produto educacional. Além disso, é feita uma análise

quantitativo-qualitativa do Pré-Teste e do Pós-Teste, antes e após a aplicação

do produto educacional, de modo a avaliar a eficácia dessa ação na assimilação

dos conteúdos propostos.

5.1 Sondando os docentes

Buscando identificar quais os aspectos que contribuem de forma positiva

ou negativa no ensino de Física, foram realizados os seguintes

questionamentos:

1. Qual formação acadêmica? □ Licenciatura em Física □ Licenciatura em Matemática □ Outra

Quadro 5.1 Perguntas aos professores sobre a formação acadêmica.

Gráfico 5.1 Respostas dos professores sobre a formação acadêmica.

Licenciatura em Física50%

Licenciatura em Matemática

30%

Outra20%

Qual formação acadêmica?

Licenciatura em Física Licenciatura em Matemática Outra

Page 51: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

39

Nesse primeiro questionamento, identificamos o primeiro aspecto que

contribui de forma negativa para a qualidade do ensino de Física nas escolas

pesquisadas. Apenas metade do grupo de professores participantes da pesquisa

têm formação em Física, seja ministrando permanentemente aulas dessa

disciplina ou apenas eventualmente completando a carga horária de professores

com formação na área. Este fato ocorre principalmente devido à falta desses

profissionais no mercado de trabalho. Fica evidenciado também algo mais grave,

que dos 50% restantes, 20% não são sequer formados em Matemática, muitas

vezes não desenvolvendo nenhuma habilidade com ciências da natureza ou com

os números.

2. Possui pós-graduação? □ Especialização; □ Mestrado; □ Doutorado; □ Não.

Quadro 5.2 Perguntas aos professores sobre pós-graduação.

Gráfico 5.2 Respostas dos professores sobre pós-graduação.

No segundo questionamento perguntamos se os mesmos possuem pós-

graduação, e então verificamos que apenas 30% dos entrevistados têm algum

tipo de Especialização em alguma área de ensino, ou seja, não há nenhum

profissional desempenhando a função de professor de Física no Ensino Médio

70%

30%

0%0%

Possui pós graduação

Não Especialização Mestrado Doutorado

Page 52: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

40

com Mestrado ou Doutorado, sendo que a grande maioria tem apenas a

graduação, fato preocupante, pois por algum motivo os docentes não estão

buscando a formação continuada, algo imprescindível na vida de um docente.

Mas é preciso deixar claro, que o termo formação continuada não se restringe

apenas a cursos de nível superior, como destaca (GATTI, 2008, p.57) de modo

amplo:

“qualquer tipo de atividade que venha a contribuir para o desempenho profissional – horas de trabalho coletivo na escola, reuniões pedagógicas, trocas cotidianas com os pares, participação na gestão escolar, congressos, seminários, cursos de diversas naturezas e formatos, oferecidos pelas Secretarias de Educação ou outras instituições para pessoal em exercício nos sistemas de ensino, relações profissionais virtuais, processos diversos a distância (vídeo ou teleconferências, cursos via internet etc.), grupos de sensibilização profissional, enfim, tudo que possa oferecer ocasião de informação, reflexão, discussão e trocas que favoreçam o aprimoramento profissional, em qualquer de seus ângulos, em qualquer situação.”

3. Há quanto tempo atua em sala de aula? □ De um a três anos; □ De três a cinco anos; □ De cinco a dez anos; □ Mais de dez anos.

Quadro 5.3 Perguntas aos professores sobre tempo de atuação em sala.

Gráfico 5.3 Respostas dos professores sobre tempo de atuação em sala.

De um a três anos10%

De três a cinco anos40%

De cinco a dez anos30%

Mais de dez anos20%

Há quanto tempo atua em sala de aula

De um a três anos De três a cinco anos De cinco a dez anos Mais de dez anos

Page 53: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

41

Outro fator importante a ser ressaltado é a experiência docente, como

mostra o gráfico 4.3; a metade atua em sala de aula há mais de 5 (cinco) anos.

Esse é um fator positivo, pois os docentes com essa fase de maturação

conseguem desenvolver caminhos estratégicos para elaboração e execução de

uma boa aula, levando em consideração aspectos como o perfil dos alunos e o

sistema de ensino (livro didático, material alternativo, utilização das tic’s).

As próximas questões referem-se à elaboração, execução das aulas de

Física e adequação do espaço físico das escolas pesquisadas.

4. Para você, como fica mais fácil ensinar Física? □ Somente com aulas teóricas; □ Somente com aulas práticas; □ Com aulas teóricas e práticas.

5. A escola em que trabalha possui Laboratório de Física ou de Ciências? □ Sim de Física; □ Sim de Ciências; □ Não. 6- Quando realiza aulas práticas os materiais utilizados nas aulas são: □ Sempre alternativos; □ Quase sempre alternativos; □ Sempre encontrados no laboratório.

Quadro 5.4 Perguntas aos professores sobre o espaço físico e materiais para as

práticas.

Gráfico 5.4 Respostas dos professores sobre os laboratórios.

10%

70%

20%

A escola em que trabalha possui Laboratório de Física ou de Ciências

Sim de Física Sim de Ciências Não

Page 54: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

42

Quando perguntados quando é mais fácil e “agradável” ensinar Física,

100% dos entrevistados concordaram que o ensino é melhor e o rendimento dos

alunos aumenta quando as aulas são desenvolvidas fazendo-se a relação da

teoria com a prática, algo que chama atenção dos alunos. Tem-se um ganho

maior de rendimento quando as aulas são realizadas em ambiente externo à sala

de aula, algo que fica muito difícil de ocorrer; de acordo com os entrevistados a

grande maioria (70%) das escolas têm apenas um Laboratório de Ciências, ou

seja, um espaço comum destinado às aulas de Física, Química, Biologia e

também Matemática, sendo que os mesmos não dispõem de um laboratorista

que faça a manutenção do pouco material encontrado e ajude na preparação e

condução das aulas, de modo que a maioria se encontra desativada ou em

outros casos servindo de depósitos. Isso ajuda a compreender porque 80% dos

professores, quando trabalham com aulas práticas, utilizam quase sempre

materiais alternativos.

As próximas questões estão relacionadas ao ensino de Física Moderna

no Ensino Médio.

7- Durante o ano letivo são trabalhados os conteúdos de Física Moderna? □ Sim; □ Sim apenas uma pequena parte do conteúdo; □ Não, Pois as aulas são insuficientes. 8- Os tópicos de Física Moderna encontrados nos livros didáticos são: □ suficientes para ministrar as aulas? □ Sim, sempre utilizo apenas o livro didático; □ Não, sempre faço outro tipo de pesquisa para realização das aulas. 9- Qual a maior dificuldade encontrada para ministrar as aulas de Física Moderna: □ Desmotivação dos alunos; □ Aulas e recursos insuficientes; □ Abordagem dos livros didáticos. 10- Trabalha com aulas práticas sobre Física Moderna? □ Sim; □ Às vezes, devido à falta de materiais para realização das mesmas; □ Não, pois a escola não tem espaço físico e materiais para realização das mesmas;

Quadro 5.5 Perguntas aos professores o Ensino de Física Moderna.

Page 55: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

43

Com essas questões foi possível determinar os aspectos que estão

influenciando no ensino da Física Moderna, no Ensino Médio. 20% dos

entrevistados afirmam que não trabalham esse conteúdo, pois as aulas de Física

são poucas; os demais (80%) afirmam que trabalham apenas alguns tópicos

relevantes, não seguindo a sequência do livro didático, buscando sempre outra

fonte de pesquisa.

As maiores dificuldades citadas por 100% dos entrevistados são: o

número de aulas da carga horária que é sempre insuficiente; a obrigação de

seguir uma proposta curricular que visa a preparação para o Exame Nacional do

Ensino Médio (ENEM); o equipamento para trabalhar (Data show, Televisão,

Laboratório de Informática) muitas vezes não são disponíveis ou de forma que

não satisfaz todas as necessidades dos professores.

Gráfico 5.5 Respostas dos professores sobre aulas práticas de Física Moderna.

Quando perguntados sobre a realização de aulas práticas sobre Física

Moderna, 70% responderam que não trabalham, devido à falta de espaço físico

e de materiais para execução e realização das mesmas.

0%

30%

70%

0%

Trabalha com aulas práticas sobre Física Moderna

Sim

As vezes, devido à falta de materiais para realização das mesmas

Não, pois a escola não tem espaço físico e materiais para realização das mesmas

Page 56: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

44

5.2 Sondando os discentes

Com o questionário destinado aos alunos, analisamos os conhecimentos

prévios dos mesmos, antes e após a execução dos experimentos, e chegamos

a alguns resultados interessantes. Primeiramente procuramos saber dos alunos

qual o tipo de aula de Física que ele gosta mais.

1. Para você, como fica mais fácil aprender Física? □ somente com aulas teóricas □ somente com aulas práticas □ com aulas teóricas e práticas

Quadro 5.6 Perguntas aos alunos sobre a preferências das aulas de Física.

Os resultados dos alunos coincidirão com os dos professores: 100% tem

preferências por aulas que envolvam a teoria com a prática, pois, segundo os

mesmos, são aulas mais atraentes, dinâmicas.

Gráfico 5.6 Respostas dos alunos sobre a preferências das aulas de Física.

Alguns depoimentos de alunos sobre a preferências do tipo de aulas são

reveladores:

“Aluno C: Nas aulas admirei os experimentos que demostravam melhor e

explicavam cada tema, mostrando que aulas práticas podem melhorar o

aprendizado do aluno; um dos experimentos que mais gostei foi o bola de

plasma”.

0% 0%

100%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

120%

somente com aulasteóricas

somente com aulaspráticas

com aulas teóricas epráticas

Para você, como fica mais fácil aprender Física?

Estudar Física

Page 57: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

45

“Aluno J: Durante essas aulas aprendi bastante coisas sobre a Física

Moderna, as aulas foram muito importantes, ajudou absorver todo o conteúdo

que foi explicado em sala. Foi um excelente trabalho”.

“Aluno G: As aulas foram bastante proveitosas com a teoria e a prática;

deu pra absorver muito o conteúdo e o conteúdo ficou dinâmico”.

“Aluno E: Achei muito produtiva a aula prática e teórica também, mas a

aula prática dá mais interesse em aprender. Foi muito produtiva essa semana na

aula de Física”.

A seguir, mostraremos os resultados dos questionários sobre Física

Moderna antes e depois da aplicação dos experimentos, avaliando se realmente

aconteceu algum grau de aprendizagem. Cabe ressaltar que os alunos não

sabiam que iriam participar de um pós-teste.

2. Qual a idade aproximada do universo? □ 14 bilhões de anos □ 100 bilhões de anos □ 1 milhão de anos □ 2 mil anos 3. Para você, qual o item abaixo retrata a definição de ano-luz? □ tempo por espaço □ espaço por tempo □ velocidade versus tempo □ aceleração por tempo 4. Entre as teorias abaixo, uma é teoria de Einstein. Qual? □ teoria do big bang □ teoria da evolução □ teoria das cordas □ teoria da relatividade 5. Processo responsável pela produção de luz e calor no sol e em outras estrelas? □ fissão nuclear □ fusão nuclear □ Espalhamento □ aniquilação 6. Processo pelo qual núcleos atômicos de elementos mais pesados são convertidos a núcleos atômicos de elementos mais leves? □ fissão nuclear □ fusão nuclear □ Espalhamento □ aniquilação

Quadro 5.7. Pré/Pós- teste parte I.

Page 58: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

46

Buscamos, nessa primeira parte, encontrar os subsunçores dos alunos

em relação a alguns temas. Assim, começamos com Cosmologia, utilizando a

Origem do Universo, definição de ano-luz, Relatividade Restrita e Geral, e Física

Nuclear. Os resultados iniciais foram relevantes, a grande maioria já tinha algum

conhecimento cognitivo sobre os temas.

Gráfico 5.7 Pré-teste parte I.

Identificamos que uma grande parte tem noção de como e quando surgiu

o universo, sua composição, algo que já não acontece sobre a percepção de

ano-luz, sendo que apenas a metade tem conhecimento do seu significado.

Assim, fica prejudicada a noção acerca das reais dimensões do Universo, que

sabemos medirem-se em bilhões de anos-luz. Uma boa parcela tem algum

conhecimento sobre Relatividade, associando-a ao seu descobridor. Algo

interessante acontece com os processos nucleares, sendo que a maioria

conhece o processo de Fusão Nuclear, mas esse valor cai bastante quando se

pergunta sobre Fissão Nuclear.

Sobre esses temas trabalhamos com os seguintes experimentos:

Cosmologia em um balão (bexiga); A curvatura do espaço-tempo por meio de

um tecido de lycra, bolas de ferro e de gude; Reação em cadeia utilizando

ratoeiras e bolinhas de pula-pula; Medindo a velocidade da luz (com um aparelho

de micro-ondas e barra de chocolate). Foi uma experiência muito produtiva, com

os alunos participando ativamente das aulas.

86%

50%57%

71%

43%

14%

50%43%

29%

57%

0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%

100%

Qual a idadeaproximada do

universo?

Para você, qual oitem abaixo retrataa definição de ano-

luz?

Entre as teoriasabaixo, uma é

teoria de Einstein.Qual?

Processoresponsável pelaprodução de luz ecalor no sol e emoutras estrelas?

Processo pelo qualnúcleos atômicos

de elementos maispesados são

convertidos anúcleos atômicos

de elementos maisleves?

Pré-teste I

Acerto Erro

Page 59: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

47

Gráfico 5.8 Pós-teste parte I.

Analisando os dois gráficos, percebemos uma grande evolução em quase

todas as questões; só no quesito no qual trabalhamos a definição de ano-luz não

ocorreu essa evolução, fato que deve ter relação com dificuldades na linguagem

Matemática associada a grandes números; ademais os alunos não conseguiram

interpretar que “POR” significa “DIVISÃO” e “VERSUS” significa

“MULTIPLICAÇÃO”. Mesmo assim, poderíamos afirmar que aconteceu uma

aprendizagem e, mais uma vez, não interpretamos só os valores numéricos

advindos desses gráficos, como também o depoimento dos alunos em relação

às aulas, exatamente por estarmos considerando uma pesquisa de natureza

quantitativo-qualitativa.

“Aluno O: As aulas de Física Moderna através de experimentos, fizeram

com que os ensinamentos se tornassem mais interessantes e chamativos,

levando os alunos a ter uma boa compreensão”.

“Aluno B: Gostei das aulas, por que foram feitos alguns experimentos

onde aprendi algum processo como: o de fissão nuclear no processo das

ratoeiras, o de plasma com o das lâmpadas. Achei muito legal o processo em

que os núcleos atômicos mais pesados são transformados em núcleos atômicos

mais leves no processo das ratoeiras”.

94%

53%

100% 100%94%

6%

47%

0% 0% 6%0%

20%

40%

60%

80%

100%

120%

Qual a idadeaproximada do

universo?

Para você, qual oitem abaixo retrataa definição de ano-

luz?

Entre as teoriasabaixo, uma é

teoria de Einstein.Qual?

Processoresponsável pelaprodução de luz ecalor no sol e emoutras estrelas?

Processo pelo qualnúcleos atômicos

de elementos maispesados são

convertidos anúcleos atômicos

de elementos maisleves?

Pós-teste I

Acerto Erro

Page 60: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

48

“Aluno Q: Eu gostei muito das aulas, pois foram interessantes; aprendi

bastante quantos anos a Terra tem, que o Sol é uma bola de plasma. Também

gostei bastante dos experimentos em sala de aula, porque deixa a aula mais

divertida”.

No próximo quadro trabalhamos os conceitos referentes ao Plasma,

Ondas Eletromagnéticas, Comportamento Dual da Luz e as Forças

Fundamentais da Natureza.

7. Considerado o quarto estado da matéria? □ sólido □ líquido □ plasma □ gasoso 8. Das quatro forças naturais, qual atua entre prótons e nêutrons no interior dos átomos? □ força eletromagnética □ força nuclear forte □ força nuclear fraca □ força gravitacional 9. Qual princípio explica o comportamento dual da luz? □ da relatividade □ da complementariedade de Bohr □ incerteza de Heisenberg □ da superposição 10. A radiação eletromagnética, é constituída por pacotes de energia chamados? □ bárions □ dipolos □ íons □ fótons 11. Ondas eletromagnéticas como, raios x, micro-ondas, luz ultra violeta, infra vermelho tem em comum o(a) mesmo(a)? □ comprimento de onda □ frequência □ velocidade □ amplitude

Quadro 5.8 Pré/Pós-teste parte II.

A análise sobre a parte referente ao segundo quadro do Pré-Teste, os

alunos não apresentaram os mesmos subsunçores em relação aos tópicos

propostos, principalmente em relação à radiação eletromagnética.

Page 61: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

49

Gráfico 5.9 Pré-teste parte II.

Analisando o gráfico acima, percebemos que uma grande maioria tem

conhecimento sobre o quarto estado da matéria (Plasma); já o conhecimento em

relação ao Comportamento Dual da Luz é muito crítico, e também é preocupante

esse conhecimento em relação às Ondas Eletromagnéticas. A respeito desses

temas, trabalhamos com os seguintes experimentos, descritos com maiores

detalhes no capítulo da Metodologia: Interferência e Difração da Luz versus Foto-

Eletricidade: (Interferência e Difração da Luz com um Laser e Fio de Cabelo;

Efeito Fotovoltaico com um Carrinho Elétrico e uma Placa Solar); Medindo a

Velocidade da Luz (com um aparelho de micro-ondas e barra de chocolate);

Determinando a constante de Planck por meio de LED’s; Bola de Plasma;

Reação em Cadeia utilizando Ratoeiras e Bolinhas de Pula-Pula.

A seguir, analisamos os gráficos montados a partir das respostas emitidas

no Pós-Teste, contendo as mesmas questões exploradas no Pré-Teste, a fim de

termos uma ideia de como se deu a evolução do conhecimento dos alunos a

partir da aplicação do produto educacional.

64%

14% 7% 7% 14%

36%

86%93% 93%

86%

0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%

100%

Considerado oquarto estado da

matéria:

Das quatro forçasnaturais, qual atua

entre prótons enêutrons nointerior dos

átomos?

Qual princípioexplica o

comportamentodual da luz?

A radiaçãoeletromagnética, é

constituída porpacotes de energia

chamados?

Ondaseletromagnéticas

como, raios x,micro-ondas, luz

ultra violeta, infravermelho tem em

comum o(a)mesmo(a)?

Pré-teste II

Acerto Erro

Page 62: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

50

Gráfico 5.10 Pós-teste parte II.

Com a utilização dos experimentos, percebemos um grande aumento de

acertos em todas as questões. Conseguimos sanar qualquer tipo de dúvida

sobre o plasma. Em relação aos demais temas, percebemos numericamente

uma notável evolução, o que nos permite concluir que as atividades do projeto

obtiveram considerável êxito, não só pelos valores expostos nos gráficos

mostrando a evolução do saber adquirido, mas pela vivência e interação com os

alunos, pela participação e principalmente pela avaliação que os mesmos

fizeram do projeto.

“Aluno I: Primeiramente queria agradecer ao professor por ter explicado

perfeitamente a Origem do Universo. As aulas foram muito produtivas, pois os

alunos focaram mesmo no assunto, assim demonstrando interesse e

perguntando, participando. Os experimentos foram muito bem feitos e

executados, assim com o uso dos mesmos mostrando o que realmente acontece

no dia-a-dia. Um dos experimentos que mais me chamou atenção foi a Bola de

Plasma, pois foi a partir desse experimento que aprendi e descobri qual era o

quarto estado da matéria, o Plasma. Podemos citar como exemplo de plasma o

fogo e o relâmpago.

O depoimento descrito pelo o aluno I é a forma mais rica de avaliação que

um professor pode querer em relação a um conteúdo trabalhado. Primeiro ele

descreve como ocorreu a aplicação do projeto; como os experimentos

100%

70% 65% 65% 70%

0% 30% 35% 35% 30%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

120%

Considerado oquarto estado da

matéria:

Das quatro forçasnaturais, qual atua

entre prótons enêutrons nointerior dos

átomos?

Qual princípioexplica o

comportamentodual da luz?

A radiaçãoeletromagnética, é

constituída porpacotes de energia

chamados?

Ondaseletromagnéticas

como, raios x,micro-ondas, luz

ultra violeta, infravermelho tem em

comum o(a)mesmo(a)?

Pós-teste II

Acerto Erro

Page 63: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

51

despertaram a curiosidade dos alunos, fazendo com que os mesmos

participassem das aulas; também demonstra que absorveu o novo conhecimento

e rapidamente relaciona com objetos e fenômenos encontrados no seu dia-a-dia.

Isso demonstra que o material é realmente significativo.

Page 64: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

52

CAPÍTULO 6

6 Conclusão e Considerações Finais

Ser educador nos dias atuais depende da opção paradigmática que pode possibilitar um ensino

que contemple o aluno como um todo, que entenda a sociedade e as suas reais

necessidades, que permita a formação de seres humanos críticos, produtores de conhecimento, trabalhando com uma educação que resgate os

valores e que seja acima de tudo um ato de amor. (Educação e Contemporaneidade, 2009)

Diante de tudo o que foi discutido aqui, acerca das questões levantadas

para a execução do Ensino de Física nas escolas Públicas, as quais não

acontecem só nos dias de hoje, mas estão expostas nos PCNs desde os anos

2000, em que se coloca que o ensino dessa disciplina

“Privilegia a teoria e a abstração, desde o primeiro momento, em detrimento de um desenvolvimento gradual da abstração que, pelo menos, parta da prática e de exemplos concretos. Enfatiza a utilização de fórmulas, em situações artificiais, desvinculando a linguagem matemática que essas fórmulas representam de seu significado físico efetivo. Insiste na solução de exercícios repetitivos, pretendendo que o aprendizado ocorra pela automatização ou memorização e não pela construção do conhecimento através das competências adquiridas. Apresenta o conhecimento como um produto acabado, fruto da genialidade de mentes como a de Galileu, Newton ou Einstein, contribuindo para que os alunos concluam que não resta mais nenhum problema significativo a resolver. Além disso, envolve uma lista de conteúdos demasiadamente extensa, que impede o aprofundamento necessário e a instauração de um diálogo construtivo. (BRASIL, 2000, p. 22)”.

Page 65: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

53

Precisamos, assim, encontrar maneiras para inserir novas metodologias,

novos conceitos da Física presentes no cotidiano do aluno e para além dele,

posto que não é possível nem aceito que em pleno século XXI, com todo o

desenvolvimento tecnológico onde a sociedade está inserida, incluindo os jovens

de nossas escolas, o ensino seja de mais de um século atrás.

É preciso rediscutir qual Física ensinar para possibilitar uma melhor compreensão do mundo e uma formação para a cidadania mais adequada. Sabemos todos que, para tanto, não existem soluções simples ou únicas, nem receitas prontas que garantam o sucesso. Essa é a questão a ser enfrentada pelos educadores de cada escola, de cada realidade social, procurando corresponder aos desejos e esperanças de todos os participantes do processo educativo, reunidos através de uma proposta pedagógica clara. É sempre possível, no entanto, sinalizar aqueles aspectos que conduzem o desenvolvimento do ensino na direção desejada (ibid, p. 23).

Concordamos com (CARUSO, p.3) quando afirma que:

Todo o avanço das comunicações, que tem início com o rádio e ainda vai longe com o computador, é fruto, em última análise, da Teoria Quântica da matéria e da luz. Esse fato é notável e remete à distinção entre técnica e tecnologia, pois é bom recordar que enquanto se pôde construir belíssimas catedrais góticas sem que se tivesse uma teoria completa da Mecânica, não se pode construir um simples diodo ou um transistor de dimensões comparáveis à da ponta de uma caneta, sem o domínio da Mecânica Quântica.

Precisamos enfatizar, mais uma vez que entendemos que a culpa para

toda a problemática ligada ao ensino de Física, não é somente dos professores

como também do sistema arcaico de ensino, que não dá suporte físico, financeiro

e moral aos profissionais da educação. Mas, é necessário que se diga também

que temos por obrigação sair dessa inércia, buscando novas formas de abordar

o ensino de Física, e uma dessas maneiras é incluir os conceitos de Física

Moderna nas aulas por meio da utilização de materiais alternativos, algo que é

fácil de fazer e que influenciou positivamente a realização das aulas,

proporcionando a aprendizagem significativa dos alunos, pois vimos através dos

gráficos mostrados que os mesmos obtiveram um bom desempenho sinalizado

Page 66: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

54

pelo resultado dos pré e pós-teste aplicados. Porém, mais importante do que

isso, foram os depoimentos dos alunos apoiando e participando ativamente das

aulas. Para fechar, destacamos abaixo mais alguns comentários dos discentes

em relação ao projeto aplicado:

“Aluno N: Primeiramente todas as aulas tanto teóricas como

experimentais me fizeram ver o lado mais divertido de aprender Física Moderna

e seus conceitos. Os experimentos foram muito importantes para nós estudantes

do 3º ano, e irá de certa forma mostrar para a sociedade que é possível aprender

com aulas práticas bem elaboradas. Todos os experimentos sem exceção de

nenhum foram muito educativos, deu pra ver o comportamento da Luz, em

alguns ambientes e os efeitos que acontecem no espaço”.

“Aluno H: As aulas foram interessantes, pois de certa forma tivemos maior

interesse, pois com questionário que foi feito no primeiro dia, as dúvidas que

ficaram foram anuladas nas aulas que tivemos. Também foram feitas aulas

práticas que foi interessante, pois pegamos todo o conhecimento adquirido nas

aulas fazendo experimentos que comprovassem, como o último experimento,

que foi a simulação de uma fissão nuclear com os materiais que eram ratoeiras

e bolinhas de borracha, simulando assim como um átomo sendo lançado com

uma força pode comprometer todos os outros. Por fim, gostei muito das aulas,

elas influenciaram muito no meu conhecimento de Física Moderna”.

“Aluno I: Primeira queria agradecer ao professor por ter explicado

perfeitamente a Origem do Universo. As aulas foram muito produtivas, pois os

alunos focaram mesmo no assunto, assim demonstrando interesse e

perguntando, participando. Os experimentos foram muito bem feitos e

executados, assim com o uso dos mesmos mostrando o que realmente acontece

no dia-a-dia. Um dos experimentos que mais me chamou atenção foi a Bola de

Plasma, pois foi a partir desse experimento que aprendi e descobri qual era o

quarto estado da matéria, o Plasma. Podemos citar como exemplo de plasma o

fogo. Aprendi também o funcionamento do fogão a gás, onde o gás quando está

dentro do botijão é líquido, daí quando abrimos a válvula ele se torna gasoso e

quando usamos o isqueiro para acender a boca do fogão o fogo será acesso,

assim mostrando o plasma.

Page 67: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

55

“Aluno A: As aulas de Física com experimentações práticas foram

bastante produtivas e ricas de conteúdo teórico, com explicações bem

detalhadas e claras mostrando exemplos que acontecem em nosso dia-a-dia. O

professor soube administrar bem as aulas trazendo seu amplo conhecimento nos

estudos de Física Moderna, fazendo assim que as aulas se tornassem

interessantes e produtivas”.

“Aluno D: Com todos estes experimentos pude tirar muitas dúvidas que

tinha sobre Ondas Eletromagnéticas, comportamento dos átomos e pude

aprender mais sobre o quarto estado da matéria o Plasma. De todos os

experimentos o que me chamou mais atenção foi o da bola de Plasma”.

O depoimento descrito pelo o aluno I, descreve como ocorreu o período

de aplicação do projeto, em que os experimentos despertaram a curiosidade dos

alunos, fazendo com que os mesmos participassem das aulas, também

demonstrando que absorveu o novo conhecimento e rapidamente o relaciona

com objetos encontrados no seu dia-a-dia.

O depoimento do “Aluno H” deixa transparecer o objetivo do projeto, que

foi desenvolver estratégias para chamar atenção do aluno, envolvê-lo dentro da

aula, fazendo que o mesmo participe, interaja e formule criticamente suas

opiniões. Vemos suas observações sobre as aulas e ainda uma pequena

explicação do experimento de forma um pouco equivocada. Cabe ao professor

interferir para que os novos conhecimentos sejam melhor alicerçados.

Os depoimentos dos alunos que foram expostos ao longo desta

dissertação foram a forma mais rica de avaliação do nosso projeto, pois o mesmo

foi criado e desenvolvido pensando no aluno, embora pretendemos que seja

utilizado por professores do Ensino Médio. Quando vimos os resultados obtidos,

pudemos perceber que os alunos sentiram-se parte integrante do projeto,

participando de forma engajada com suas opiniões e críticas, de modo que

concluímos que os objetivos do projeto foram concluídos com êxito. Podemos

afirmar que um dos pontos colocados por Ausubel para que haja a aprendizagem

significativa ocorreu, uma vez que os alunos mostraram “predisposição” para

aprender, e esperamos também que o outro ponto da teoria tenha sido suprido -

Page 68: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

56

isto é, que o produto educacional elaborado tenha sido potencialmente

significativo.

Page 69: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

57

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Page 73: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

61

APÊNDICE A

QUESTIONÁRIO DO PROFESSOR

Universidade Estadual Regional do Cariri Mestrado Nacional Profissional em Ensino de Física

Programa de Pós-Graduação em Ensino de Física [POLO URCA]

Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com Materiais

Alternativos

Questionário de Pesquisa Professor

1. Qual formação acadêmica? □ Licenciatura em Física □ Licenciatura em Matemática □ Outra 2. Possui pós graduação? □ Especialização □ Mestrado □ Doutorado □ não 3. Há quanto tempo atua em sala de aula? □ de um a três anos □ de três a cinco anos □ de cinco a dez anos □ mais de dez anos 4. Para você, como fica mais fácil ensinar Física? □ somente com aulas teóricas □ somente com aulas práticas □ com aulas teóricas e práticas

5. A escola em que trabalha possui Laboratório de Física ou de Ciências? □ sim de Física □ sim de Ciências □ não 6- Quando realiza aulas práticas os materiais utilizados nas aulas são: □ sempre alternativos □ quase sempre alternativos □ sempre encontrados no laboratório

Page 74: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

62

7- Durante o ano letivo são trabalhados os conteúdos de Física Moderna? □ sim □ sim apenas uma pequena parte do conteúdo □ não, Pois as aulas são insuficientes 8- Os tópicos de Física Moderna encontrados nos livros didáticos são suficientes para ministrar as aulas? □ sim, sempre utilizo apenas o livro didático □ não, sempre faço outro tipo de pesquisa para realização das aulas 9- Qual a maior dificuldade encontrada para ministrar as aulas de Física Moderna: □ desmotivação dos alunos □ Aulas e recursos insuficientes □ abordagem dos livros didáticos 10- Trabalha com aulas práticas sobre Física Moderna □ sim □ as vezes, devido à falta de materiais para realização das mesmas □ não, pois a escola não tem espaço físico e materiais para realização das mesmas

Page 75: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

63

APÊNDICE B

PRÉ-PÓS TESTE DO ALUNO

Universidade Estadual Regional do Cariri Mestrado Nacional Profissional em Ensino de Física

Programa de Pós-Graduação em Ensino de Física [POLO URCA]

Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com Materiais Alternativos

Questionário de Pesquisa Aluno 1. Para você, como fica mais fácil aprender Física? □ somente com aulas teóricas □ somente com aulas experimentais □ com aulas teóricas e experimentais 2. Qual a idade aproximada do universo: □ 14 bilhões de anos □ 100 bilhões de anos □ 1 milhão de anos □ 2 mil anos 3. Para você, qual o item abaixo retrata a definição de ano-luz? □ tempo por espaço □ espaço por tempo □ velocidade versus tempo □ aceleração por tempo 4. Entre as teorias abaixo, uma é teoria de Einstein. Qual? □ teoria do big bang □ teoria da evolução □ teoria das cordas □ teoria da relatividade 5. Processo responsável pela produção de luz e calor no sol e em outras estrelas: □ fissão nuclear □ fusão nuclear □ Espalhamento □ aniquilação

Page 76: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

64

7. Considerado o quarto estado da matéria: □ sólido □ líquido □ plasma □ gasoso 8. Das quatro forças naturais, qual atua entre prótons e nêutrons no interior dos átomos? □ força eletromagnética □ força nuclear forte □ força nuclear fraca □ força gravitacional 9. Qual princípio explica o comportamento dual da luz? □ da relatividade □ da complementariedade de Bohr □ incerteza de Heisenberg □ da superposição 10. A radiação eletromagnética, é constituída por pacotes de energia chamados: □ bárions □ dipolos □ íons □ fótons 11. Ondas eletromagnéticas como, raios x, micro-ondas, luz ultra violeta, infra vermelho tem em comum o mesmo (a): □ comprimento de onda □ frequência □ velocidade □ amplitude

Page 77: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

65

APÊNDICE C

PRODUTO EDUCACIONAL

Page 78: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

66

GERLANIO NOGUEIRA CAVALCANTE

CÉLIO RODRIGUES MUNIZ

MANUAL

Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

Materiais Alternativos

JUAZEIRO DO NORTE – CE

2017

Page 79: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

67

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.................................................................................................4

PROPOSTA EXPERIMENTAL 1.............................................................................8

Cosmologia em um balão (bexiga)....................................................................8

Link de acesso ao video...................................................................................8

PROPOSTA EXPERIMENTAL 2 .....................................................................9

A curvatura do espaço-tempo por meio de uma folha de borracha, bolas de

pula-pula e de ferro...........................................................................................9

Link de acesso ao video.................................................................................10

PROPOSTA EXPERIMENTAL 3...................................................................11

Comportamento ondulatório da luz interferência e difração utilizando um laser

e fio de cabelo.................................................................................................11

Link de acesso ao vídeo.................................................................................12

PROPOSTA EXPERIMENTAL 4 ...................................................................13

Comportamento corpuscular da luz efeito fotovoltaico com um carrinho elétrico

e uma placa solar............................................................................................13

Link de acesso ao vídeo ................................................................................14

PROPOSTA EXPERIMENTAL 5 ...................................................................15

Medindo a velocidade da luz (Onda Eletromagnética) com um aparelho de

micro-ondas e barra de chocolate...................................................................15

Link de acesso ao vídeo.................................................................................16

PROPOSTA EXPERIMENTAL 6 ...................................................................17

Determinando a constante de Planck por meios de LED’s..........................17

Link de acesso ao vídeo.................................................................................19

PROPOSTA EXPERIMENTAL 7 ...................................................................20

Bola de Plasma...............................................................................................20

Link de acesso ao vídeo.................................................................................22

PROPOSTA EXPERIMENTAL 8 ...................................................................23

Reação em cadeia utilizando ratoeiras e bolinhas de pula-pula....................23

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Link de acesso ao vídeo....................... ........................................................24

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..............................................................25

Page 81: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

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INTRODUÇÃO

Analisando a situação do ensino de Física nas Escolas Públicas,

percebemos uma tendência de construção do conhecimento baseado no

pensamento newtoniano - a chamada Física Clássica. Percebemos poucos

textos nos livros didáticos sobre Física Moderna e que chamem a atenção

para sua relevância no cenário da sociedade contemporânea. (WILSON

apud OSTERMANN e MOREIRA, 2000, p.26) relata a importância de

ensinar Física Moderna e Contemporânea (FMC) aos jovens:

“FMC pode ser instigante para os jovens, pois não

significa somente estudar o trabalho de cientistas que viveram centenas de anos atrás, mas também assistir cientistas falando na televisão sobre seus experimentos e expectativas para o futuro. Estudar problemas conceituais existentes na FMC envolve os estudantes nos desafios filosóficos de alguns aspectos da Física. O fato de que nem tudo, no mundo científico, é sabido ou entendido, modifica a ideia que os estudantes em geral têm de Física - um assunto que é uma “massa” de conhecimentos e fatos, um livro fechado. Ou são mostrados aos alunos os desafios a serem enfrentados pela Física no futuro, ou eles não serão encorajados a seguir carreiras científicas”.

A Física Moderna não é o conhecimento sistematizado dos

fenômenos naturais surgido com os trabalhos de Galileu e Newton a partir

do século XVII, como seu nome poderia sugerir segundo a historiografia

vigente. A esse conhecimento denomina-se Física Clássica, que abrange

também a formulação lagrangeana e hamiltoniana, mais avançadas, da

Mecânica, assim como o Eletromagnetismo e a Ótica, todos os quais se

desenvolveram plenamente no decorrer do século XIX. A denominação

Física Moderna refere-se ao conjunto de teorias surgidas no início do século

XX, principiando com a Mecânica Quântica e as Teorias da Relatividade

(Restrita e Geral), bem como seu desenvolvimento e aplicações posteriores.

Estes grandes sistemas teóricos produziram alterações marcantes no

Page 82: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

70

entendimento dos conceitos do espaço, tempo, medida, causalidade,

simultaneidade, trajetória e localidade, completamente distintos das noções

advindas da Física Clássica.

A Mecânica Quântica surgiu inicialmente dos trabalhos de Max

Planck e de Albert Einstein. Um dos mais importantes problemas da Física

não resolvidos no final do séc. XIX era o da radiação do corpo negro. Planck

resolve este problema em 1900, utilizando como hipótese ad hoc que a

energia deste sistema (na verdade, as trocas de energia entre a radiação e

as paredes da cavidade do referido corpo) não é contínua, mas, pelo

contrário, é discreta, ou, em outras palavras, quantizada, um aspecto que

inexiste na Física Clássica. Einstein utiliza esta mesma hipótese para

resolver o problema do efeito fotoelétrico em 1905. Mas vai mais longe ao

propor que esta é na realidade a verdadeira natureza da luz. A essa

quantidade discreta de energia eletromagnética se chamou quantum de luz

ou, simplesmente, fóton. Nasce assim a Mecânica Quântica que será

posteriormente desenvolvida pelo trabalho de muitos outros cientistas como

Niels Bohr, Erwin Schrödinger, Werner Heisenberg, Louis de Broglie, Max

Born, Wolfgang Pauli e Paul Dirac, dentre outros. (CARUSO e OGURI,

2006).

A Teoria da Relatividade Restrita desenvolvida por Einstein em 1905

surge para resolver a solução de dois problemas, a saber, o comportamento

cinemático da luz e a falta de simetria observada em alguns fenômenos

eletromagnéticos, criando dois postulados: O princípio de relatividade,

segundo o qual as leis da Física, incluindo as da Mecânica e do

Eletromagnetismo, são as mesmas em todos os referencias inerciais -

aqueles referenciais que se deslocam retilineamente com velocidade

constante uns em relação aos outros; o segundo postulado refere-se à

velocidade da luz, que no vácuo tem o mesmo valor em qualquer destes

referenciais inerciais, independentemente da velocidade da fonte de luz ou

do observador. Em 1915, Einstein aprimora sua teoria que antes era apenas

válida nesses referenciais, analisando as leis da Física também em

referencias acelerados, criando assim a Teoria da Relatividade Geral,

Page 83: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

71

introduzindo a noção de espaço curvo, ou seja, os corpos produzem em

torno de si uma curvatura do espaço-tempo – que é a própria gravidade,

sendo que quanto maior a massa (e energia) do corpo, maior será a

curvatura (GAZINELLI, 2009).

Diante desse ramo da Física, já não tão novo e que abrange essas

duas vertentes (e seus desdobramentos), os quais revolucionaram a

maneira do homem entender a Natureza, surge a questão de como passar

esse tipo de conhecimento, já não tão intuitivo como o representado pela

Física Clássica, ao aluno, considerando que a carga horária da disciplina é

bem reduzida, principalmente na educação pública, e que aspectos

financeiros e estruturais das escolas são muitas vezes precários, o que

contribui para uma forma pouco eficiente de se ministrar a disciplina.

Um aspecto positivo a ser ressaltado é que, atualmente, após os

notáveis avanços científicos e tecnológicos observados na

contemporaneidade, a Física Moderna tem despertado a curiosidade dos

jovens. Com base nesse contexto, desenvolvemos este Manual intitulado

Ensinando Física Moderna com Experimentos de Materiais Alternativos,

buscando desmistificar o ensino de Física Moderna, e subsidiar os

professores em suas aulas de Física Moderna. O mesmo foi desenvolvido

como Produto Educacional, no programa do Mestrado Profissional no

Ensino de Física (MPNEF), aplicado junto a uma turma de 3º ano do Ensino

Médio do município de Pereiro-CE, onde constatamos uma melhora

significativa na aprendizagem dos alunos, tanto em valores quantitativos

como nos qualitativos, alunos participando ativamente das aulas.

Ressaltamos que não é uma sequência de Ensino que o professor só

poderá utilizar no 3º ano, mas poderá fazer adaptações e utilizar no decorrer

de todo Ensino Médio. Cabe ao professor independente do ano/série que o

aluno se encontra, ensinar de acordo com os conhecimentos prévios

existentes na estrutura cognitiva do aprendiz, pois, segundo Ausubel "...o

fator, isolado mais importante que influencia a aprendizagem é aquilo que o

aluno já sabe; descubra isso e ensine-o de acordo" (AUSUBEL, 1968, p.

78).

Page 84: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

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Este manual contém a descrição de 8 experimentos realizados com

materiais alternativos que podem ser trabalhados em sala despertando a

curiosidade dos alunos. Os experimentos são divididos em duas categorias:

Os experimentos por analogia e os experimentos diretos. Os primeiros

usam fenômenos que não pertencem ao âmbito da Física Moderna para

demonstrar, por analogia, outros que o sejam. Já os diretos usam (ou

produzem) os próprios fenômenos em si com vistas à sua elucidação. Os

experimentos abordam os seguintes temas, a saber: Teoria da Relatividade

Restrita, Teoria Atômica da Matéria, Modelos e Espectros Atômicos,

Dualidade Onda-Partícula, Física do Estado Sólido.

Sequência dos experimentos utilizados:

Cosmologia em um balão (bexiga);

A curvatura do espaço-tempo por meio de uma folha de

borracha, bolas de gude e de ferro;

Interferência e difração utilizando um laser e fio de cabelo;

Efeito fotovoltaico com um carrinho elétrico e uma placa solar;

Medindo a velocidade da luz (Onda Eletromagnética) com um

aparelho de micro-ondas e barra de chocolate;

Determinando a constante de Planck por meios de LED’s;

Bola de Plasma;

Reação em cadeia utilizando ratoeiras e bolinhas de pula-pula.

A seguir descreveremos a confecção e utilização de cada

experimento, e uma pequena abordagem histórica e teórica sobre cada

assunto abordado.

Page 85: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

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Proposta Experimental 1

Cosmologia em um balão (bexiga)

Material necessário:

Balão (bexiga) com desenhos de bolinhas.

Este experimento consiste, em utilizar alguns balões pintados com

bolinhas para ilustrar o universo em expansão, o qual apresenta uma

curvatura em larga escala provocada pela presença de matéria e energia

nas galáxias. Podemos falar do início do universo ressaltando a teoria do

Big Bang, o tempo de vida do universo e a expansão do mesmo. Enchendo-

se os balões, as bolinhas pintadas neles começam a se distanciar umas das

outras; nesse momento podemos fazer analogia com o distanciamento

entre as galáxias, explicando que é o próprio espaço que se distende nessa

expansão, arrastando consigo as galáxias. Logo abaixo, segue o link do

vídeo de acesso à realização do experimento.

Dica:

Repasse o maior número possível de balões para os alunos, pois

com sua participação a aula fica mais interessante e divertida.

https://www.youtube.com/watch?v=doBsaLeZMGg

Fotos do Experimento

(A) (B) (C)

Fig. 1.1. (A) Balão inicialmente vazio. (B) e (C) Balão enchendo e as bolinhas distanciando-se umas das outras.

Page 86: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

74

Proposta Experimental 2

A curvatura do espaço-tempo por meio de uma folha de borracha,

bolas de pula-pula e de ferro

Materiais necessários:

Tela de borracha, as dimensões a critério do professor. (Utilizamos

um tecido de Lycra);

Ímãs de pesos diferentes;

Bolas de ferro e de borracha.

Nesse experimento podemos utilizar vários materiais para fazermos

uma analogia com a teoria geral da relatividade, mostrando que a gravidade

é resultado de uma deformação do espaço. Como foi indicado no

experimento anterior, a curvatura do espaço-tempo é provocada pela

presença de matéria e energia. Podemos utilizar uma tela (melhor

desenvolvimento e visualização com uma folha de borracha, mas devido à

dificuldade de encontrar no mercado, podemos substituir por outros

materiais, como um tecido que contenha Lycra). Também utilizamos

Fotos do Experimento

(A) (B) (C)

(D) (E)

Fig. 2.1. (A), (B), (C), (D). Desenvolvimento do experimento com os alunos, mostrando a curvatura que acontece no tecidos nos diferentes casos em que utilizamos massas diferentes. (E) corpos de menores massas orbitando uma região do espaço ocupada por um corpo de maior massa.

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bolinhas de vários pesos diferentes, como bolinhas de Sinuca, Tênis, Ping

Pong, Pula-Pula, ímãs, entre outros objetos que contenham massas

diferentes. Fazendo os alunos participarem do desenvolvimento da

experiência pede-se que os mesmos segurem e puxem a tela e que fiquem

colocando as bolinhas com pesos diferentes e observem o que acontecem,

depois coloquem pequenas bolinhas de gude - “bilas” - em movimento

entorno das bolas de massa maior. Logo abaixo segue o link do vídeo de

acesso a realização do experimento.

Dica:

O interessante deixar os alunos participarem e eles escolherem as

bolinhas e irem formando suas próprias conclusões.

https://www.youtube.com/watch?v=_sNiVo3rfTk&t=4s

Page 88: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

76

Proposta Experimental 3

Comportamento ondulatório da luz, Interferência e difração utilizando

um laser e fio de cabelo

Materiais necessários:

Laser;

Fio de Cabelo;

Pedaço de Papelão retangular (Largura 20cm x Altura 15cm);

Fita Gomada;

Folha de Papel A4.

Tesoura;

Estilete.

Nesse experimento da Interferência e difração da luz utilizando laser e

fio de cabelo, podemos demonstrar o comportamento ondulatório da luz,

pois nesse tipo de experiência o aluno observa que esses fenômenos só

ocorrem se a luz se comportar como onda.

Para a montagem do experimento precisamos cortar com uma tesoura

um pedaço de papelão nas dimensões (largura 20cm x altura 15cm). No

meio do papelão abrimos com um estilete um retângulo de dimensões

(largura 10cm x altura 6cm) e para fixar o fio de cabelo utilizamos pequenos

pedaços de fita gomada, que também serve para deixar o aparato preso

numa superfície plana. A folha de Papel A4 cola-se em parede a uma

distância de aproximadamente um ou dois metros do aparato e na mesma

Fotos do Experimento

(A) (B) (C)

Fig. 3.1 (A) e (B) Montagem da base de papelão com o fio de cabelo. (C) Montagem do experimento com o laser incidindo sobre o cabelo e criando e espectro na folha colada na parede.

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horizontal. Incide-se então a luz do laser sobre o fio de cabelo de modo que

a imagem apareça na folha de papel o os alunos possam ver os dois

fenômenos ocorrendo. Podemos com esse experimento mostrar aos alunos

o fenômeno da interferência construtiva nos pontos de luminosidade

máxima formados na imagem e a interferência destrutiva nos pontos de

mínimo. Mostra-se também o fenômeno da difração ocorrendo quando a luz

consegue contornar o obstáculo (fio de cabelo). Logo abaixo segue o link

do vídeo de acesso a realização do experimento.

Dica:

Para esse tipo de experimento ter um bom aproveitamento e

necessário um local com pouca luminosidade (sala escura).

Cuidado: Ao manusear a tesoura, o estilete e a incidência da luz do Laser nos olhos!

https://www.youtube.com/watch?v=HMI779PZ8EU&t=15s

Page 90: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

78

Proposta Experimental 4

Comportamento corpuscular da luz, efeito fotovoltaico com um

carrinho elétrico e uma placa solar

Materiais necessários:

Carrinho Elétrico;

Placa Fotovoltaica.

Nesse experimento mostra-se ao aluno o comportamento corpuscular

da luz, ressaltando o efeito fotoelétrico pelo qual Einstein conseguiu ganhar

o prémio Nobel em 1921, cabendo aqui ao professor fazer uma explanação

sobre a diferença entre Efeito Fotoelétrico e Efeito Fotovoltaico. Esse tipo

de comportamento só acontece se a luz se comportar como partícula - o

“fóton”, colidindo com os elétrons do metal e transferindo energia e

momento a estes de modo a conseguirem sair da banda de valência para a

banda de condução, gerando uma corrente elétrica. O experimento é bem

simples: utilizando um carrinho que contenha um circuito elétrico e uma

pequena placa fotovoltaica, coloca-se o carrinho em um lugar onde tenha

luz solar e imediatamente o carrinho começa se movimentar. Normalmente

encontra-se esse tipo de carrinho e a placa solar em kits eletroeletrônicos

enviados para as Escolas. Logo abaixo segue o link do vídeo de acesso a

realização do experimento.

Fotos do Experimento

(A) (B) (C) Fig. 4.1 (A) Placa solar (fotovoltaica). (B) Placa solar e um carrinho que possui um circuito elétrico. (C) Montagem do experimento carrinho com a placa acoplada em um ambiente aberto.

Page 91: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

79

Dicas:

Se sua escola não tem esse kit eletroeletrônico, poderá realizar um

experimento semelhante com calculadoras que contenham

pequenas placas fotovoltaicas;

Poderá usar esse mesmo experimento para trabalhar conceitos

sobre semicondutores;

Pode-se também conduzir uma discussão sobre a importância das

energias renováveis no mundo contemporâneo, como a solar.

https://www.youtube.com/watch?v=kPicTaEY7hU&t=17s

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Proposta Experimental 5

Medindo a velocidade da luz (Onda Eletromagnética) com um aparelho

de micro-ondas e barra de chocolate

Materiais necessários:

1 Forno de Micro-ondas;

1 Barra de Chocolate;

1 Régua

Nesse experimento propõe-se medir a constante da velocidade da luz

utilizando-se um micro-ondas e uma barra de chocolate. Na parte de trás do

aparelho encontramos a frequência 𝑓 com a qual este funciona, a qual é a

das micro-ondas geradas - uma forma de radiação eletromagnética que se

propaga, portanto, com a velocidade da luz. Retirando-se a peça que faz o

prato do micro-ondas girar, colocamos novamente o prato no lugar e sobre

ele uma barra de chocolate, ligando o aparelho por aproximadamente 30

(trinta) segundos. Depois desse tempo, retiramos a barra e consegue-se

observar alguns pontos no chocolate mais derretidos. Utilizando uma régua,

medimos a distância entre esses pontos e então multiplicamos o valor

encontrado por 2, pois na verdade a medida com a régua fornece apenas

metade de uma oscilação, e assim encontramos nosso comprimento de

onda λ. Agora utilizando a equação:

Fotos do Experimento

(A) (B) (C) Fig. 5.1. (A) Aparelho de micro-ondas e a barra de chocolate. (B) Colocando a barra de chocolate dentro do aparelho. (C) Barra de chocolate depois de 30 segundos dentro aparelho.

Page 93: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

81

Onde c é o valor da velocidade da onda eletromagnética (velocidade da

Luz), chega-se a valores bem satisfatórios (em torno de 300.000 km/s), com

uma pequena margem de erro. Logo abaixo segue o link do vídeo de acesso

a realização do experimento.

Dica: Esse experimento serve para chamar a atenção dos alunos, para o fato

de que a Física é também uma ciência da medida, e que não basta

apenas observar os fenômenos - deve-se medi-los de modo a se utilizar

os modelos matemáticos que os descrevem e testar as teorias vigentes.

www.youtube.com/watch?v=EwTISfpVOOw&t=34s

c = 𝑓. 𝛌

Page 94: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

82

Proposta Experimental 6

Determinando a constante de Planck por meios de LED’s

Materiais necessários:

1 Placa Protoboard;

Led Verde;

Led Vermelho;

Bateria de 9 V;

Multímetro;

Potenciômetro 10 K;

2 Jumps;

1 Plug conector de bateria;

2 Pontas de provas.

Experimento de fácil montagem e materiais bem acessíveis, facilmente

encontrados em eletrônicas e de custo em conta. Utilizado para determinar

a constante de Planck em ordem de grandeza, através da emissão da

radiação de um led vermelho e um led verde. A proposta aqui é medir a

energia mínima necessária para acender a luz do led, que de acordo com

as ideias da Física Quântica, vem quantizada na forma de pacotes de

energia - o fóton. A conexão com a proposta experimental nº 4 é notória. Na

Fotos do Experimento

(A) (B) (C) Fig. 6.1. (A) Multimetro com as pontas de provas, placa protoboard e bateria. (B) Placa protoboard coma instalação dos leds, jumps e o potenciometro. (C) Verificando o valor de tensão necessária para que os leds acendam.

Page 95: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

83

verdade podemos pensar que o efeito aqui explorado é o inverso do daquela

proposta.

Experimento baseado no Livro Física Moderna e Experimental de

Cavalcante e Tavolaro (2003, p.72), que descreve detalhadamente o

experimento com alguns materiais diferentes.

Para a montagem do experimento colocamos a placa protoboard em

uma superfície plana, conectando-se o potenciômetro na placa e verificando

os polos positivos e negativos os quais devem ficar ligados em paralelo com

a bateria que será conectada à placa através do Plug. Em outros pontos da

placa conectamos os led’s, verificando que os mesmos estejam em paralelo

entre si; agora utilizamos os jumps, conectando-se uma ponta de um dos

jump no polo central do potenciômetro e a outra ponta no positivo dos leds.

O outro jump é conectado no polo negativo do potenciômetro, de modo que

a outra ponta esteja conectada no polo negativo dos led’s. Em seguida,

conecta-se as pontas de provas do multímetro nos polos dos led’s para

obter a medida de tensão necessária para o exato momento em que os led’s

começam a acender. Montado o circuito na placa, deve-se verificar se todos

os pontos estão ligados em paralelo.

Fig. 6.1 Circuito elétrico da montagem, adaptado de Cavalcante e Tavolaro (2005,

p.80)

Variando os valores da tensões através do potenciômetro, percebemos

que o Led vermelho começa a acender primeiro, pois o mesmo tem maior

comprimento de onda necessita de menor energia para acender; quando o

led verde começa acender o led vermelho já tem um brilho bem intenso.

Anotando os valores para os quais os led’s começam acender, podemos

utilizar os seguintes passos para determinar a constante de Planck:

Page 96: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

84

1º) Adotamos que a frequência de radiação máxima, da luz emitida pelo

led, pode ser descrita em termos do limiar de tensão (valor para o qual o led

começa conduzir corrente). Temos que a energia de um fóton é dada por:

2º) Quando o led começa a conduzir corrente, podemos reescrever a

equação anterior substituindo E por e.V, onde V é o limiar de tensão

necessária para que os led’s comecem acender, e é a carga fundamental

do do elétron, 1,6x10-19 C. Assim temos que:

Como f=c/λ, encontramos que a constante de Planck é dada por

Onde c é a velocidade de uma onda eletromagnética no vácuo (velocidade

da luz) e λ é o comprimento de onda da luz dos led’s. (led vermelho 650 nm

e o led verde 560 nm).

Com todos os valores obtidos, substituímos na equação acima e

encontramos o valor da constante de Planck em termos de ordem de

grandeza, algo muito produtivo dentro da sala de aula. Logo abaixo segue

o link do vídeo de acesso da realização do experimento.

Dicas:

Poderá usar esse mesmo experimento para trabalhar conceitos

sobre led’s e semicondutores;

Mais uma vez, a discussão sobre a Física como uma ciência da

medida poderá ser muito útil.

http://www.youtube.com/watch?v=iK6uwi7qRm0

eV = ℎ 𝑓

ℎ = 𝒆𝑽 . 𝝀/ 𝑐

E = ℎ 𝑓

Page 97: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

85

Proposta Experimental 7

Bola de Plasma

Materiais necessários:

Uma lâmpada incandescente (queimada ou não) de 25 W, 40 W, 60

W,100 W.

Um suporte com bocal para lâmpada.

Fita isolante.

Um suporte de madeira.

Uma chave comutadora.

Fios de cobre encapados.

Uma lâmpada fluorescente.

Um ignitron – acendedor automático de fogão, facilmente

encontrado

em lojas de consertos de fogão e ferros-velhos.

Este experimento permite a discussão sobre o chamado quarto estado

da matéria - o plasma, aquele no qual os átomos que a formam estão parcial

ou totalmente ionizados. Uma forte corrente elétrica fluindo em um gás pode

causar essa ionização - a retirada (ou excitação para camadas mais

externas) dos elétrons das camadas exteriores dos átomos, com o seu

retorno ao estado inicial liberando energia luminosa. O relâmpago é um

exemplo disso.

Fotos do Experimento

Fig. 7.1. (A) Montagem interna do experimento, mostrando o Ignitron e na lateral a chave comutadora. (B) Montagem externa do experimento. (C) Bola de Plasma funcionando.

Page 98: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

86

A montagem do experimento baseou-se no trabalho desenvolvido por

Erthal, J. P. C. et al. (2013). Com o título Globo de plasma: uma montagem

simples com amplo potencial para discussões em sala de aula. Maiores

detalhes sobre o experimento consulte o artigo publicado no Caderno

Brasileiro de Ensino de Física, v. 31, n. 3, p. 666-676, dez. 2014. Abaixo

segue a montagem de acordo com os autores.

Para a montagem da base de madeira, precisamos de duas tábuas

cortadas com 12 cm por 24 cm, que servirão de tampos laterais do caixote;

duas tábuas de 12 cm por 21 cm, que servirão de tampos frontal e traseiro

do caixote; uma tábua de 21 cm por 24 cm para tampo superior do caixote;

e uma tábua de 30 cm por 50 cm para servir de base inferior para o aparato.

A espessura das tábuas pode variar de acordo com o material que se tenha

disponível, porém é aconselhável utilizar algo entre 0,5 cm e 2,0 cm para

que o aparato não fique frágil ou robusto em demasia.

No tampo superior do caixote devem ser feitos dois furos, sendo um no

centro e outro próximo a algum dos vértices, para passagem de fiação

elétrica. Na parte inferior dos dois tampos laterais deve-se fazer um sulco,

no qual se encaixará o tampo traseiro, de modo que este possa ser

facilmente removido para demonstrações e reparos. O tampo traseiro

também deve ter um pequeno rebaixo para passagem de fiação.

Após a preparação das madeiras, deve-se proceder à montagem do

caixote sobre a base inferior, podendo ser pregado, parafusado ou colado.

Na sequência deve-se fixar o suporte para lâmpada sobre o caixote.

.

Fig. 7.2 Circuito elétrico do globo de Plasma

Um dos fios que saem deve ser ligado à lâmpada; o outro servirá como

fio intensificador. Podemos utilizar qualquer uma das lâmpadas citadas

acima, mas se quiser um melhor desempenho utilize uma de 100 W.

Page 99: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

87

Podemos utilizar uma lâmpada fluorescente durante o experimento para

mostrar a excitação dos átomos do gás na presença de um campo elétrico.

Na realização da montagem do experimento fizemos pequenas

modificações do projeto inicial; assim, ao invés de uma tomada para a

entrada, utilizamos um plug de tomada, nada que modifique ou atrapalhe o

andamento do experimento. Logo abaixo segue o link do vídeo de acesso

a realização do experimento.

Dica:

Para esse tipo de experimento ter um bom aproveitamento e

necessário um local com pouca luminosidade (sala escura).

Cuidado: Ao ligar o aparato, tem-se uma diferença de potencial muito alta entre o vidro e o ignitron algo em torno de 6 mil volts, a corrente elétrica é pequena mas pode ocorrer pequenos choques. Prepare uma base isolante!

www.youtube.com/watch?v=YW1rtlyoNr8&t=31s

Page 100: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

88

Proposta Experimental 8

Reação em cadeia utilizando ratoeiras e bolinhas de pula-pula.

Materiais necessários:

25 Ratoeiras;

1 Recipiente de vidro (Altura 50cm x Largura 50cm x

Comprimento 70cm), com tampa.

26 Bolinhas de Pula-Pula.

Para a montagem do experimento, precisa-se encomendar um

recipiente retangular de vidro, o qual não precisa ser necessariamente nas

dimensões citadas - pode ser maior ou menor, influenciando diretamente no

número de ratoeiras e bolinhas utilizadas. As bolinhas de pula-pula são

facilmente encontradas em mercadinhos e supermercados. As ratoeiras são

facilmente encontradas em mercados públicos. Esse tipo de experimento

não é tão barato, mas depois de preparado e tendo-se o devido cuidado na

manutenção pode durar muito tempo. Outro fator é os resultados dentro de

sala de aula, que são muito gratificantes e os alunos participam bastante da

aula.

A ideia aqui é promover a visualização e a discussão sobre as reações

em cadeia, que ocorrem no processo de fissão nuclear, onde nêutrons

disparados de átomos radioativos fissionam núcleos de átomos pesados

(como os de urânio), que liberarão mais nêutrons que por sua vez

Fotos do Experimento

(A) (B) (C)

Fig. 7.1. (A) Recipiente de vidro com as ratoeiras e as bolinhas. (B) Ratoeiras desarmadas. (C) Rateoiras armadas prontas dispararem.

Page 101: Ensinando Física Moderna Através de Experimentos com

89

fissionarão mais núcleos e assim por diante, liberando uma vasta

quantidade de energia em muito pouco tempo.

As ratoeiras são armadas com uma bolinha de pingue-pongue no lugar

do queijo. Quando todas estiverem armadas, joga-se uma bolinha

simulando o nêutron inicial, a reação em cadeia começa e a energia

armazenada nas ratoeiras é liberada. Experimento bem simples que

podemos relacionar ao princípio da fissão nuclear que liberam uma grande

quantidade de energia em um pequeno intervalo de tempo. Para que a

fissão ocorra um nêutron é acelerado contra um átomo de urânio. Quando

o nêutron colide contra o urânio o átomo se quebra em outros dois novos

elementos, o bário e o criptônio, liberando energia e mais nêutrons que, por

sua vez, irão colidir com outros átomos de urânio e dar sequência ao

processo de fissão nuclear.

Logo abaixo segue o link do vídeo de acesso a realização do

experimento.

Dica:

Pode-se fazer o experimento também com poucas ratoeiras, de

modo a se explorar o conceito de massa crítica - aquela

quantidade mínima presente no material físsil necessária para que

a reação em cadeia de fato ocorra, fissionando todos os átomos

presentes na amostra.

Cuidado: Ao preparar o experimentos os alunos querem participar armando as ratoeiras, nesse momento eles podem se machucar devido à grande energia elástica acumulada nas ratoeiras.

http://www.youtube.com/watch?v=TvB5eXfJxFM&t=24s

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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