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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
Faculdade de Arquitetura, Engenharia e Tecnologia
Departamento de Engenharia Civil
PAULO SERGIO DE OLIVEIRA
ENSAIO MARSHALL
Cuiabá – MT
2013
PAULO SERGIO DE OLIVEIRA
ENSAIO MARSHALL
Trabalho apresentado ao professor Luiz
Miguel de Miranda, da Universidade
Federal de Mato Grosso, como parte dos
requisitos para aprovação da disciplina
de Pavimentação.
Cuiabá – MT
2013
Sumário1. INTRODUÇÃO............................................................................................................................4
2. PROCEDIMENTOS DO ENSAIO.............................................................................................5
2.1 APARELHAGEM................................................................................................................5
2.2 TEMPERATURAS DE MISTURA E DE COMPACTAÇÃO..........................................6
2.3 PREPARAÇÃO DA MISTURA..........................................................................................6
2.4 COMPACTAÇÃO DA MISTURA.....................................................................................7
2.5 DETERMINAÇÃO DA ESTABILIDADE E DA FLUÊNCIA.........................................9
2.6 RESULTADOS...................................................................................................................10
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................................................12
1. INTRODUÇÃO
A aplicação de revestimentos asfálticos deve ser precedida por ensaios que permitam a
obtenção do teor de ligante a ser utilizado na mistura, para que a mesma se enquadre dentro
das especificações que são definidas com a finalidade de evitar desagregação da mistura ou
superfícies escorregadias, provocados por dosagem incorreta do ligante.
O método de dosagem mais usado mundialmente faz uso da compactação por impacto
e é denominado método Marshall em referência ao engenheiro Bruce Marshall, do
Departamento de Estradas do Estado do Mississipi EUA, que o desenvolveu na década de
1940 (Roberts et al., 1996). Foi concebido no decorrer da 2ª Guerra Mundial como um
procedimento para definir a proporção de agregado e ligante capaz de resistir às cargas de
roda e pressão de pneus das aeronaves militares.
Através desse ensaio determina-se a quantidade ótima de ligante a ser utilizada em
misturas asfálticas usinadas a quente, destinadas a pavimentação de vias, sendo possível
também determinar a estabilidade, que é a resistência máxima à compressão radial,
apresentada pelo corpo de prova expressa em N (Kgf), e a fluência, que corresponde á
deformação total apresentada pelo corpo de prova, desde a aplicação da carga inicial nula até
a aplicação da carga máxima, expressa em décimas de milímetro, de misturas betuminosas
usinadas a quente.
Figura 1 - Exemplo de prensa Marshall . Fonte: Pavimentação asfáltica: formação
básica para engenheiros)
Figura 2 - Pesagem Hidrostática Fonte: Pavimentação asfáltica: formação básica para engenheiros)
2. PROCEDIMENTOS DO ENSAIO
2.1 APARELHAGEM
Para a realização do Ensaio Marshall são necessárias as seguintes aparelhagens:
a) Prensa capaz de aplicar até 39,2 KN (4000 Kgf), equipada com um anel
dinamométrico com capacidade de 22,2 KN (2265 Kgf);
b) Molde de compactação de aço, consistindo de anéis superior e inferior e de uma
placa base;
c) Estufa capaz de manter temperaturas de até 200 ºC, com variação de ± 2 C;
d) Balança com capacidade de 5 Kg, com resolução de 1 g, capaz de permitir
pesagem hidrostática;
e) Extrator de corpo de prova, de aço em forma de disco;
f) Peneiras de 25 – 19 – 9,5 – 4,8 e de 2 mm de abertura;
g) Termômetro de vidro com proteção ou termômetro de haste metálica com
mostrador circular, graduado em 2 C, de (10 a 200) ºC, para medir temperaturas de
agregado, betume e misturas betuminosas;
h) Espátula de aço com ponto arredondada;
i) Base de compactação. Instalada em nível, perfeitamente estável, livre de
vibração ou trepidação;
j) Soquete de compactação de aço, com 4540 g de massa e uma altura de queda
livre de 45,72 cm. A face de compactação no pé do soquete é plana e circular;
k) medidor de fluência, com graduações de 0,25mm;
l) paquímetro com exatidão de 0,1mm;
m) molde de compressão de aço.
2.2 TEMPERATURAS DE MISTURA E DE COMPACTAÇÃO
Para ser misturado aos agregados, o ligante deve ser aquecido até uma temperatura em
que apresente uma viscosidade de (170 ±20) cSt ou (85 ±10) cSF para o cimento asfáltico ou
a viscosidade específica Engler de 25 ± 3 para alcatrão.
A temperatura de compactação da mistura é aquela na qual o ligante apresente uma
viscosidade de (280 ±30) cSt ou (140 ±15) cSF para o cimento asfáltico ou a viscosidade
específica Engler de 40 ± 5 para alcatrão.
2.3 PREPARAÇÃO DA MISTURA
A preparação da mistura é feita levando em consideração os seguintes procedimentos:
a) Deve-se preparar no mínimo 3 corpos de prova para cada dosagem de mistura
betuminosa. Depois deconhecidas as porcentagens, em massa, em que os
agregados e o ligante betuminoso serão misturados, calcula-se a quantidade de
cada um deles para produzir um corpo de prova.
b) Os agregados devem ser então secados até massa constante em estufa entre 105 a
110ºC e separados nas seguintes frações:
Figura 3 - Aplicação de asfalto nos agregados Fonte: Pavimentação asfáltica: formação básica
para engenheiros
I – 25 a 19 mm;
II – 19 a 9,5 mm;
III – 9,5 a 4,8 mm;
IV – 4,8 a 2,0 mm;
V – Passando na peneira de 2,0 mm.
c) Pesar os agregados para um corpo de prova, de cada vez, em recipientes
separados, para que após a mistura com o ligante produza-se um corpo de
prova com cerca de 1200g e (63,5 ± 1,3) mm de altura. O mesmo procedimento
deve ser feito para os demais corpos de prova.
d) A seguir, colocarar os recipientes em estufa para aquecê-los à temperatura de
aproximadamente 10ºC a 15ºC acima da temperatura de aquecimento do
ligante estabelecida pela curva viscosidade x temperatura cuidando para não
ultrapassar a temperatura de 177 ºC.
e) Misturar os agregados de cada recipiente fazendo uma espécie de “cratera” para
receber o ligante, pesando-o em seguida.
f) Efetua-se então a mistura rapidamente, de 2 a 3 minutos, até completa cobertura
dos agregados , para ser colocada no molde de compactação.
2.4 COMPACTAÇÃO DA MISTURA
O molde de compactação e a base do soquete devem estar limpos e aquecidos em água
fervente, em estufa ou placa a (90 a 150) ºC. Colocar o molde em posição no suporte de
compactação e introduzir nele uma folha de papel-filtro, cortado conforme a seção do molde.
Figura 4 - Compactação da mistura Fonte: Pavimentação asfáltica: formação básica para
engenheiros
Colocar no molde a mistura, de uma só vez. A mistura quente deve ser acomodada com 15
(quinze) golpes de espátula no interior e ao redor do molde e 10 (dez) no centro da massa;
remover o anel superior e com uma colher ligeiramente aquecida alisar
superficialmente a mistura.
O anel é então recolocado e aplica-se om o soquete determinado número de
golpes sobre a mistura, com altura de queda livre de 45,72 cm. Remove-se o
anel superior e inverte-se o anel inferior, aplicando uma leve força no soquete para a
mistura atingir a placa-base e então era aplicar o mesmo número de golpes no corpo
de prova invertido.
O número de golpes depende do volume de tráfego a qual o material ensaiado terá que
suportar. Para médios e baixos volumes de tráfego devem ser aplicados 50 (cinqüenta)
golpes de cada lado do corpo de prova, e para um volume de tráfego pesado 75 (setenta
e cinco) golpes.
Após a compactação, retira-se o corpo de prova do anel inferior e o coloca
cuidadosamente numa superfície lisa e plana deixando-
o em repouso durante, no mínimo, 12
h, à temperatura ambiente. Deve ser tomados cuidados no manuseio do corpo de
prova para evitar fratura ou deformação. Após resfriado o corpo de prova, extrai-se o
mesmo do molde com o auxílio de um extrator. Então é feita a medida da altura
do corpo de prova com o auxílio de um paquímetro, a qual devia ser obtida em quatro
posições diametralmente opostas. O valor da altura será a média aritmética das
quatro leituras. Caso se deseje um resultado imediato pode ser utilizado o
resfriamento do corpo de prova, por água, desde que não haja contato direto com a água.
2.5 DETERMINAÇÃO DA ESTABILIDADE E DA FLUÊNCIA
Para se obter os valores da estabilidade e fluência dos corpos de prova, o ensaio deve
preceder os seguintes passos:
a) Depois de extraídos do molde e feito a medida da altura, os corpos de prova serão
imersos em banho maria a (60 ± 1) ºC por um período de 30 a 40 minutos.
Como alternativa, podiam ser colocados em estufa nas mesmas temperaturas pelo
período de 2 (duas) horas;
b) Em seguida, cada corpo de prova é colocado no molde de compressão, que deve
estar nas temperaturas de 50 a 55 ºC, convencionalmente limpo, e com os pinos
guias lubrificados;
c) O molde de compressão, contendo o corpo de prova, é posicionado na prensa
segundo a geratriz e o medidor de fluência colocado e ajustado na posição de ensaio;
d) A prensa é operada de tal modo que seu êmbolo se eleva-se a uma velocidade de
5 cm por minuto, até o rompimento do corpo de prova, o que deve
ser observado no defletômetro pela indicação de um máximo. A leitura deste
máximo foi então anotado e convertida em N (kgf), pelo gráfico
de calibração do anel dinamométrico.
e) A carga em N (kgf), necessária para produzir o rompimento do corpo de prova é
anotada como “estabilidade lida”. Este valor é então corrigido para a espessura
do corpo de prova ensaiado, multiplicando se o por um fator que é função da
espessura do corpo de prova, calculado através da equação:
f = 927,23 h-1,64
onde:
f = fator;
h = espessura do corpo de prova.
O resultado assim obtido é o valor da estabilidade Marshall;
f) O valor da fluência era obtido simultaneamente ao da estabilidade. Durante a
aplicação da carga, a luva
guia do medidor da fluência era formada, com a mão, contra
o topo do segmento superior do molde de compressão, diretamente sobre um dos
pinos-guia.
A pressão da mão sobre a luva do medidor de fluência era então relaxada, no
momento em que se dava o rompimento do corpo de prova, ocasião em que era
feito a leitura e anotado o valor da fluência.
2.6 RESULTADOS
Os resultados apresentados devem conter:
A estabilidade, obtida pela carga média, em N (Kgf), de pelo menos 3 corpos-de
prova;
A fluência, sendo a média dos valores obtidos em pelo menos 3 corpos-de-prova,
expressa em 0,25 mm;
O tipo de amostra ensaiada (amostra de laboratório ou corpo de prova extraído de
pavimento);
A temperatura do ensaio.
Os resultados dos ensaios são então plotados em gráficos em relação à
porcentaguem de
asfalto na mistura. Através destes gráficos podemos escolher melhor
alternativa para a mistura asfáltica, em relação ao teor ótimo de ligante,
que nos possibilitará obter um concreto asfáltico com o melhor desempenho
estrutural.
Figura 5 - Exemplos de gráficos dos parâmetros obtidos no Ensaio Marshall Fonte: Pavimentação asfáltica: formação básica para engenheiros
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A dosagem Marshall, realizada normalmente no país, segue as orientações da norma do DNER, porém
não foi atualizada de acordo com as mudanças ocorridas na norma ASTM, ainda que com os procedimentos
recomendados pelo Instituto de Asfalto, sendo necessário uma urgente adaptação ao padrão da norma
americana citada, que também é o padrão usado em muittos outros paises.
Motta (1998) relata algumas críticas relativas ao método Marshal. São elas: a pouca
representatividade do método de compactação em relação ao campo; e a grande influência na determinação
do teor de projeto derivada de fatores ligados à preparação dos corpos-de-prova (tipo de soquete, formas de
apoio etc.).
Ressalta-se também a importância de se obter uma fiscalização eficaz no campo, tanto nas usinas
quanto na pista, uma vez que todo o sucesso de qualquer projeto está diretamente ligado à fabricação e a
aplicação correta da mistura.