ensaio gabriel ta iii

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GRUPOS TNICOS, CULTURA, IDENTIDADE, ESTRUTURA E HISTRIA

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINACENTRO DE FILOSOFIA E CINCIAS HUMANASCURSO DE MUSEOLOGIADISCIPLINA: TEORIA ANTROPOLGICA IIIPROFESSOR: GABRIEL COUTINHONOME: ANA FLVIA DELFINO JOS

GRUPOS TNICOS, CULTURA, IDENTIDADE, ESTRUTURA E HISTRIA.

O seguinte ensaio est dividido em duas questes a primeira tem o objetivo de identificar as ideias e contribuies que Frederik Barth e Manuela Carneiro da cunha pensam em relao a grupos tnicos e as relaes entre cultura e identidade a segunda questo discorrerei das relaes entre estrutura e histria para Marshall Sahlins. Antes de chegarmos a Barth e Manuela, aprendemos que para a biologia grupo tnico anlogo raa, ou seja, aquele que poderia ser identificado somaticamente, logo culturalmente grupos tnicos equivale partilha de prticas e crenas culturais, que contem os mesmos conceitos lingusticos e comunidades que partilham os mesmos valores, formas e expresses culturais. Embora possa haver grupos que compartilhem uma mesma cultura, as diferenas culturais no trazem a formao ou o reconhecimento de grupos tnicos, para Barth o fato de compartilhar uma cultura uma consequncia, no necessariamente fator determinante para explicar etnicidade. importante reconhecer que, embora as categorias tnicas tomem em considerao as diferenas culturais, no podemos deduzir disso uma simples relao de um para um entre as unidades tcnicas e as semelhanas e diferenas culturais. As caractersticas que so levadas em considerao no so a soma das diferenas objetivas, mas somente aquelas que os prprios atores consideram significantes. (Barth, 2011[1969] pg. 194 ). Barth fala ainda que grupo tnico uma forma de organizao social, baseado na auto atribuio de uma identidade tnica, ou seja, no mais um critrio biolgico no tem mais um conjunto de troca cultural, logo pode aparecer num mesmo grupo tnico diversas culturas. Para Manuela Cunha, no podemos definir grupos tnicos a partir da sua cultura, pois os processos de identificao vo alm das percepes culturais, o interacionista Frederik Barth j sabendo dessa definio, disse que a raiz do grupo tnico est no critrio de adscrio, uma identificao e uma auto identificao existindo assim uma relao entre cultura e identidade. Segundo Manuela para ser entende a etnicidade ela deve ser vista como uma forma de organizao politica, onde temos uma linguagem que permite comunicao entre grupos. Portanto conclumos que grupos tnicos so categorias adscritivas e de identificao como afirma Barth e que esto organizadas socialmente e no se modificam. Para Manuela os grupos tnicos tambm esto organizados socialmente de forma que respondem as condies polticas e econmicas atuais e no de organizaes passadas, ela ainda diz que um mesmo grupo pode usar de identidade diferente, dependendo do interesse a que se quer explorar.

A seguir passamos para as relaes entre estruturas e histrias, baseado no livro Ilhas Histria de Marshal Sahlins. Para Sahlins a palavra estrutura remete a categorias culturais idealizadas como uma rede conceitual. Ele mostra que sua anlise vai alm de Lvi-Strauss que trabalha com outros mtodos, separando estrutura e histria, sintonia e diacronia. Sahlins descreve que a histria culturalmente ordenada, e essa ordenao se d de maneira diferente nas diversas sociedades, em conformidade com o esquema significativo das coisas, sendo que o contrrio tambm verdadeiro, ou seja, os esquemas culturais so historicamente ordenados, uma vez que os significados so reavaliados medida que so sancionados na prtica. Para Sahlins h uma necessidade de intercruzar histria e estrutura (a diacronia), preocupando-se com os agentes histricos diferentes do que temos no estruturalismo que apenas se preocupa com as significncias mais abrangentes, no plano sincrnico. Pensando nesse cenrio Salhins aplica alguns conceitos tais como o de estrutura de conjuntura que para ele so perturbaes e inovaes, so situaes histricas que reproduzem a cultura tradicional dando novos valores a essa. Assim sendo uma estrutura do presente, so ao mesmo tempo estruturas do passado modificadas por uma ao estruturalmente posicionadas, um exemplo dessa estrutura de conjuntura foi chegada de Cook nas ilhas havaianas onde uma histria do presente foi toda pensada como um acontecimento do passado. Um termo bastante usado por Sahlins mito - prxis que visa assim superar as dicotomias traadas por Lvi-Strauss, Sahlins usa para ordenar eventos conforme sua cultura. Outro conceito usado por Sahlins so o de estrutura performativa onde o ato cria uma relao apropriada performaticamente , a partir de um acontecimento formando a estrutura , um exemplo para essa uma cerimnia de casamento onde antes tnhamos duas pessoas solteiras agora temos um casal , essa situao vai cria novos valores que sero diferentes do que se tinha antes , as relaes mudaram: a estrutura foi transformada . Agora na estrutura prescritiva temos uma relao que prescreve um modo apropriado de interao social, so lugares onde as formas sociais sobrepem e determinam as aes prticas aos acontecimentos. Conclumos ento que a cultura reproduzida historicamente, mas ao mesmo tempo ela se transforma ao longo do tempo, quando temos um acontecimento com significado mais cultural ele se tornara um evento histrico. Prontamente a histria ordenada culturalmente, logo temos modos particulares de apreender/conceber a passagem do tempo, assim sendo ao invs de termos uma grande narrativa temos a histria.

Referncias BibliogrficasBarth, Fredrik 2011[1969]. Os grupos tnicos e suas fronteiras. In: Poutignat, P & Streiff-Fenart, J (eds.) Teorias da Etnicidade. So Paulo: Editora Unesp. pp. 187-227.

Carneiro da Cunha, Manuela 2009[1979]. 14. Etnicidade: da cultura residual masirredutvel. In: Cultura com Aspas e outros ensaios. So Paulo: CosacNaify. pp. 235-244.Sahlins, Marshall 1990. Introduo. In: Ilhas de Histria. Rio de Janeiro: Jorge ZaharEditor. pp. 07-21.

Sahlins, Marshall 1990. 1. Suplemento a viagem de Cook ou le calcul sauvage. In: Ilhas deHistria. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor. pp. 23-59.