ensaio exame happiness works

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ENSAIO A felicidade e a sustentabilidade das organizações Quais as variáveis que contribuem para a felicidade dos profissionais em Portugal e qual o seu nível de felicidade são alguns dos objectivos desta investigação É doutorado em Ciências Empresariais, pela Universidade de Sevilha. Professor universitário e investigador, ocupou diversos cargos de direcção em empresas como Nobre, Pescanova Portugal, PT Multimédia e Angelini Portugal. Num projecto Horton International, está a desenvolver um estudo em Portugal e Espanha para aferir se as organizações com colaboradores mais felizes têm maior performance e sustentabilidade Georg Dutschke É senso comum afirmar que colaboradores felizes são mais produtivos. Assim sendo, é razoável admitir que as organizações com colaboradores mais felizes conse- guem melhores resultados e são mais sustentáveis. Está provado que todos os recursos humanos de uma organização são fundamentais para o seu sucesso e sustentabilidade. Uma organização não sobrevive apenas com um grupo de direção talentoso e motivado. Se os restantes colaboradores não estiverem envolvidos com a organização, esta terá poucas possibilidades de ser sustentável no tempo. Entre outros, Senge (1990) nos seus trabalhos sobre aprendizagem organizacional, demonstra bem esta realidade. Nos tempos atuais, de grande incerteza nos mer- cados e forte competição, garantir a sustentabilida- de é um desafio difícil e por vezes impossível. Num momento em que muitas organizações dispõem de menos recursos financeiros e maiores restrições na massa salarial, é importante saber como manter os 96 | Exame | novembro 2011 colaboradores satisfeitos, motivados e mais impor- tante, felizes. O conceito de felicidade organizacional tem vindo a ser estudado por diversos investigadores um pouco por todo o mundo. Em Portugal, embora seja um tema muito atual, é ainda pouco suportado por trabalhos académicos que definam devidamente o conceito, caracterizem quais os fatores que mais contribuem para a felicidade dos profissionais e relacionem a feli- cidade organizacional com a performance dos cola- boradores e organizações. Trabalhos de investigação realizados em diferentes países demonstram a existência de correlações posi- tivas entre colaboradores mais felizes e produtivida- de ou performance. Para verificar esta realidade em Portugal, é necessário, primeiro, conhecer quais são os fatores e variáveis que contribuem para a felici- dade dos profissionais portugueses. As razões pelas quais um profissional é feliz podem não ser iguais em todos os países, bem pelo contrário. As culturas são diferentes e, naturalmente, influenciam a forma de

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Um projecto Horton International. Desenvolvimento de um estudo em Portugal e Espanha para aferir se as organizações com colaboradores mais felizes têm maior performance e sustentabilidade.

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Page 1: Ensaio Exame Happiness Works

ENSAIO

A felicidade e a sustentabilidadedas organizaçõesQuais as variáveis que contribuem para a felicidade dos profissionais em Portugal e qual o seu nível de felicidade são alguns dos objectivos desta investigação

É doutorado em Ciências Empresariais, pela Universidade de Sevilha. Professor universitário e investigador, ocupou diversos cargos de direcção em empresas como Nobre, Pescanova Portugal, PT Multimédia e Angelini Portugal. Num projecto Horton International, está a desenvolver um estudo em Portugal e Espanha para aferir se as organizações com colaboradores mais felizes têm maior performance e sustentabilidade

Georg Dutschke

É senso comum afirmar que colaboradores felizes são mais produtivos. Assim sendo, é razoável admitir que as organizações com colaboradores mais felizes conse-guem melhores resultados e são mais

sustentáveis. Está provado que todos os recursos humanos de

uma organização são fundamentais para o seu sucesso e sustentabilidade. Uma organização não sobrevive apenas com um grupo de direção talentoso e motivado. Se os restantes colaboradores não estiverem envolvidos com a organização, esta terá poucas possibilidades de ser sustentável no tempo. Entre outros, Senge (1990) nos seus trabalhos sobre aprendizagem organizacional, demonstra bem esta realidade.

Nos tempos atuais, de grande incerteza nos mer-cados e forte competição, garantir a sustentabilida-de é um desafio difícil e por vezes impossível. Num momento em que muitas organizações dispõem de menos recursos financeiros e maiores restrições na massa salarial, é importante saber como manter os

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colaboradores satisfeitos, motivados e mais impor-tante, felizes.

O conceito de felicidade organizacional tem vindo a ser estudado por diversos investigadores um pouco por todo o mundo. Em Portugal, embora seja um tema muito atual, é ainda pouco suportado por trabalhos académicos que definam devidamente o conceito, caracterizem quais os fatores que mais contribuem para a felicidade dos profissionais e relacionem a feli-cidade organizacional com a performance dos cola-boradores e organizações.

Trabalhos de investigação realizados em diferentes países demonstram a existência de correlações posi-tivas entre colaboradores mais felizes e produtivida-de ou performance. Para verificar esta realidade em Portugal, é necessário, primeiro, conhecer quais são os fatores e variáveis que contribuem para a felici-dade dos profissionais portugueses. As razões pelas quais um profissional é feliz podem não ser iguais em todos os países, bem pelo contrário. As culturas são diferentes e, naturalmente, influenciam a forma de

Page 2: Ensaio Exame Happiness Works

estar dos indivíduos e a forma em como pretendem ser felizes na sociedade e nas organizações. Os traba-lhos desenvolvidos por Hofstede (1991) demonstram bem esta verdade.

Neste artigo, procuramos definir o conceito de feli-cidade organizacional, apresentar trabalhos de inves-tigação que demonstram a existência de relação entre colaboradores felizes e mais produtividade e, dar a conhecer os resultados de um projeto de investigação que está a ser realizado em Portugal. Este projeto pre-tende conhecer o nível de felicidade dos profissionais portugueses e identificar as variáveis que mais contri-buem para a sua felicidade na organização e na função que desempenham.

O conceito de felicidade organizacional“Encontra um trabalho que te deixe feliz e nunca mais terás de trabalhar.”

A felicidade organizacional é um conceito comple-xo que deve ser encarado como estratégico na gestão das organizações e dos seus recursos humanos. Auto-res como Baker, Greenberg e Hemingway (2006) refe-rem que a felicidade organizacional tem como base comportamentos (não emoções) e que é fruto de um pensamento estratégico. Os mesmos autores definem uma organização feliz como sendo uma organização em que cada indivíduo, em todos os níveis hierárqui-cos, tem um conjunto de pontos fortes, trabalha em equipa para um objetivo comum, obtém satisfação quando desenvolve novos produtos ou serviços de qualidade e, através desses novos produtos ou ser-viços consegue proporcionar uma diferença positiva na vida de outros indivíduos Estes autores referem também que nas organizações felizes os colaborado-res e diretores estão de tal forma envolvidos com a organização e função, que encaram a sua atividade profissional como “ocupações felizes”.

O conceito de felicidade organizacional inclui o conceito de satisfação no trabalho, mas é bastante mais abrangente. Fisher (2010) refere que o concei-to de felicidade organizacional considera dimensões como o envolvimento do profissional com a organi-zação e função, satisfação com o trabalho, e compro-misso positivo com a organização e função. Hosie, Sevastos e Cooper (2007) referem que a felicidade organizacional é função de um compromisso afetivo com a organização, do bem-estar na organização e função, e da satisfação no trabalho.

Numa organização feliz, os colaboradores têm uma atitude positiva. Levantam-se todos os dias com vontade de ir trabalhar, a organização é apreciada e respeitada pela comunidade que percebe a sua contribuição para uma melhor qualidade de vida. Baker, Greenberg e Hemingway (2006) com base em estudos de caso, Z

novembro 2011 | Exame | 97

referem que as organizações felizes: 1) São mais criativas e capazes de provocar a mudança; 2) Estão orientadas para o “é possível” e não apenas para a resolução de problemas; 3) Os líderes criam um ambiente que promove a colaboração, cooperação e a responsabilidade do colaborador; 4) É incentivado o positivismo e trabalho em equipa; e 5) Os colaboradores procuram transformar “possibilidades” em soluções reais que contribuam para a sustentabilidade da organização. Com base nos estudos de caso, os mesmos autores identificam características comuns nas organizações mais felizes:

• Existe um compromisso de todos com a visão e missão da organização;

• Existe a preocupação de desenvolver atividades que contribuam para uma vida com mais qualidade;

• Existe a preocupação real de contribuir para um maior bem-estar da comunidade;

• A energia é percetível na comunicação verbal e não verbal;

• Todos os colaboradores se respeitam;

Page 3: Ensaio Exame Happiness Works

• Todos os colaboradores têm confiança nos outros na direção e na organização;

• A comunicação interna promove uma atitude positiva entre os colaboradores;

• A generosidade, simpatia e consideração são promovidas na cultura;

• Os colaboradores são incentivados a desenvolve-rem, continuamente, os seus conhecimentos;

• Os colaboradores são incentivados a tomarem decisões que possam envolver algum risco, mas que possam trazer benefícios futuros para a organização;

• Os colaboradores estão empenhados na inova-ção contínua ou disruptiva;

• A alegria é considerada como fundamental para o sucesso futuro da organização;

• A competição é entendida como importante para o crescimento dos colaboradores, mas, sempre de forma correta e com respeito pelos restantes membros da equipa;

• Os colaboradores são incentivados a pensarem além da função;

• Os colaboradores têm a preocupação de serem íntegros com os clientes e colegas.

A relação entre colaboradores felizes e performance Vários investigadores têm procurado verificar a rela-ção entre colaboradores mais felizes e uma maior per-formance da organização. De entre os vários autores que se têm dedicado a esta temática, referimos:

Hosie, Sevastos e Cooper (2007). Realizaram um trabalho de investigação junto de 400 profissionais na Austrália, onde procuraram relacionar colaboradores mais felizes com maior produtividade.

Estes autores consideram como ponto de parti-da o modelo “happy productive worker thesis” desenvolvido por Staw (1986). Neste modelo são verificadas dimensões que avaliam a felicidade do profissional, como características pessoais, características da organização, características da

função, definição de objetivos, fluxo de trabalho, equilíbrio entre trabalho e família, satisfação no trabalho. Os autores concluem que existe uma correlação positiva entre colaboradores mais feli-zes e maior performance.

Fisher (2010). Realizou uma revisão da literatura existente sobre a relação entre felicidade organizacional e produtividade, tendo encontrado diversos trabalhos de investigação que o comprovam. Entre outros, esta autora refere os seguintes trabalhos realizados:

• Judge et al. (2001). Existe uma correlação posi-tiva (0,3) entre colaboradores felizes e mais per-formance. O valor da correlação é muito eleva-do (0,52) em funções mais complexas;

• Harrison et al. (2006). Verifica uma correlação muito elevada (0,59) entre colaboradores felizes e performance;

• Kois (2001). Realizou um estudo em 28 restau-rantes onde verificou a existência de correlações positivas entre a felicidade dos colaboradores e resultados (0,27), vendas (0,35) e satisfação de clientes (0,61);

• Betterson et al. (2004). Realizou um estudo em 42 empresas onde verificou uma correla-ção elevada (0,44) entre colaboradores felizes e produtividade.

Outros investigadores obtêm conclusões semelhantes: • Oswald, Proto e Sgroi (2008). Realizaram um

estudo com 182 profissionais. Demonstram que profissionais mais felizes são mais produtivos;

• Gavin e Mason (2004). Através do estudo de dois casos (empresas) verificam que empresas com colaboradores mais felizes têm mais pro-dutividade;

• Wright, Cropanzano, Denney e Moline (2002). Realizaram um estudo de caso em uma orga-nização com 59 empregados. Encontram cor-relações positivas entre colaboradores felizes e mais performance;

ENSAIO

Z

98 | Exame | novembro 2011

Os portugueses são mais felizes como pessoas do que como profissionais. E são mais felizes na função que desempenham do que na organização para que trabalham

Page 4: Ensaio Exame Happiness Works

• Amorim e Campos (2002). Realizaram um estudo com 116 profissionais em empresas de grande distribuição no Brasil. Demonstram que profissionais felizes são mais produtivos.

Considerando os trabalhos de investigação dis-poníveis, parece ser possível afirmar que existe uma relação positiva entre colaboradores felizes e maior performance individual e organizacional.

Não encontrámos estudos que, através de trabalho empírico, validem esta realidade em Portugal. Por esta razão decidimos desenvolver um projeto de investi-gação que o permita verificar. Sabendo que a cultura das sociedades é diferente e tem influência direta na forma em como cada pessoa, e profissional, procura ser feliz e viver a sua vida, o nosso trabalho de inves-tigação tem como objetivos: 1) Identificar quais são as variáveis que contribuem para a felicidade dos profis-sionais em Portugal; 2) Verificar qual o nível de felici-dade dos profissionais em Portugal; e 3) Caracterizar as organizações mais felizes em Portugal.

Este trabalho de investigação está a ser realizado em simultâneo em Portugal e Espanha por investigadores de ambos os países. Em seguida apresentamos os resultados obtidos em Portugal referentes aos objetivos 1 e 2.

• O estudo que permitirá caracterizar as organiza-ções felizes em Portugal está agora a ser inicia-do, através da aplicação em organizações de um modelo construído com base na informação obti-da. Este modelo considera as variáveis, obtidas em Portugal, que permitem caracterizar a feli-cidade profissional na organização e na função. Acreditamos que os resultados obtidos podem contribuir para um melhor conhecimento do que é a felicidade organizacional em Portugal:

• O estudo foi realizado junto de profissionais portugueses;

• A amostra é adequada; • O questionário utilizado apenas tem questões

relacionadas com felicidade, obrigando os respondentes a refletirem sobre este tema;

• As dimensões foram encontradas com base nas respostas obtidas, bibliografia existente sobre felicidade organizacional e validadas por espe-cialistas em recursos humanos.

O estado da felicidade organizacional em Portugal Para a obtenção dos dados que agora apresentamos foram entrevistados 810 profissionais portugueses a trabalhar em Portugal, entre março e junho de 2011. Esta amostra permitiu obter um nível de confiança de 95% e um erro de amostra de 3,4%, valores considera-dos como válidos para a análise de dados em trabalhos de investigação com metodologias quantitativas.

A amostra é composta por diretores, gestores e admi-nistrativos de empresas de diferentes áreas de negócio. Nesta fase do estudo, as conclusões referem-se aos pro-fissionais (indivíduos) e não à organização.

Sendo o objetivo do estudo, nesta primeira fase, identificar as variáveis que contribuem para a feli-cidade dos profissionais na organização, na função e conhecer o seu nível de felicidade, optou-se por rea-lizar um questionário com perguntas abertas e fecha-das. Esta metodologia permitiu verificar o índice de felicidade dos profissionais e, através de uma análise de conteúdo às respostas obtidas nas perguntas aber-tas, identificar as variáveis que mais contribuem para a sua felicidade na organização e na função.

As perguntas fechadas foram respondidas através de uma escala entre 1 e 7, em que 1 significa totalmen-te infeliz e 7 totalmente feliz.

Através da análise de conteúdo foram identificadas 1471 citações referentes à felicidade na organização e 1000 referentes à felicidade na função. Após agrupar as citações em categorias e ponderar a importância das citações e categorias, foi possível identificar e hie-rarquizar as variáveis que contribuem para a felicida-de dos profissionais na organização e na função.

Começando por analisar o nível de felicidade dos profissionais portugueses, é possível afirmar que são, no geral, felizes como pessoas.

É interessante verificar que os profissionais portu-gueses, considerados nesta amostra, são mais felizes como pessoas do que como profissionais. São também mais felizes na função que desempenham do que na organização para quem trabalham (gráfico 1). Quando analisamos por nível de felicidade (gráficos 2, 3, 4, 5 e 6) esta realidade mantém-se.

Considerando a instabilidade existente no país e na maioria das organizações no momento de recolha das respostas, é muito relevante que no geral os pro-fissionais se sintam felizes como pessoas (média de 5,1 em 7). É também importante verificar que o nível de felicidade profissional, embora inferior, é razoável, na organização (4,7 em 7) e na função (4,9 em 7).

novembro 2011 | Exame | 99

Z

Page 5: Ensaio Exame Happiness Works

Para a gestão estratégica dos recursos humanos nas organizações conhecer o nível de felicidade dos profissionais em Portugal é importante, mas não sufi-ciente. É fundamental identificar as variáveis que per-mitem aos profissionais serem felizes na organização e na função.

Através da análise de conteúdo realizada às res-postas recebidas, foi possível identificar 45 variáveis que contribuem para a felicidade na organização e 31 para a felicidade na função.

Após interpretação, as variáveis referentes à felicidade na organização foram agrupadas em categorias. Foram, assim, identificadas nove dimensões e a sua contribuição em percentagem para a felicidade dos profissionais na organização:

• Ambiente interno. Esta dimensão é composta por oito variáveis e contribui em 20% para a felicidade;

• Reconhecimento e confiança. Esta dimensão é composta por cinco variáveis e contribui em 18% para a felicidade;

• Desenvolvimento pessoal. Esta dimensão é composta por oito variáveis e contribui em 16% para a felicidade;

• Remuneração. Esta dimensão é composta por duas variáveis e contribui em 12% para a feli-cidade;

• Envolvimento pessoal. Esta dimensão é com-posta por três variáveis e contribui em 11% para a felicidade;

• As restantes dimensões são a sustentabilida-de e inovação, envolvimento com as chefias e

organização, definição de objetivos, equilíbrio entre a profissão e vida pessoal, que, no total, são compostas por 19 variáveis e contribuem em 23% para a felicidade.

Após interpretação, as variáveis referentes à felicidade na função foram agrupadas em categorias. Foram, assim, identificadas dez dimensões e a sua contribuição em percentagem para a felicidade dos profissionais na organização:

• Envolvimento com a função. Esta dimensão é composta por quatro variáveis e contribui em 19% para a felicidade;

• Desenvolvimento pessoal. Esta dimensão é composta por cinco variáveis e contribui em 18% para a felicidade;

• Reconhecimento e respeito. Esta dimensão é composta por duas variáveis e contribui em 14% para a felicidade;

• Ambiente de trabalho. Esta dimensão é com-posta por quatro variáveis e contribui em 11% para a felicidade;

• Remuneração. Esta dimensão é composta por uma variável e contribui em 10% para a feli-cidade;

• Objetivos. Esta dimensão é composta por três variáveis e contribui em 10% para a felicida-de;

• As restantes dimensões são a sustentabilidade e segurança, apoio das chefias, equilíbrio entre a profissão e vida pessoal, poder ser empreende-dor, que, no total, são compostas por dez variá-veis e contribuem em 17% para a felicidade.

ENSAIO

Z

100 | Exame | novembro 2011

INFO A FELICIDADE EM PORTUGAL1 – Totalmente infeliz. 7 – Totalmente feliz

7

6

5

4

3

2

1

0Pessoa

5,1

Organização Função

4,9

A felicidade dos profissionais portugueses

1

OrganizaçãoPessoa Função

7

6

5

4

3

2

1

0

7,0

5,5 5,8

Os profissionais totalmente felizes como pessoa

2

OrganizaçãoPessoa Função

7

6

5

4

3

2

1

0

6,05,2 5,5

Os profissionais muito felizes

3

Os profissionais portugueses são mais felizes como pessoas do que como profissionais. São mais felizes na função que desempenham do que na organização para quem trabalham (gráfico 1). Esta realidade mantém-se quando analisamos por nível de felicidade como pessoa (gráficos 2 a 6)

4,7

Page 6: Ensaio Exame Happiness Works

Da análise das dimensões e sua importância para a felicidade dos profissionais em Portugal é possível retirar algumas conclusões relevantes:

• O reconhecimento, a possibilidade de desenvol-vimento pessoal e profissional e o ambiente de trabalho têm uma contribuição muito impor-tante para a felicidade na organização e na fun-ção. São as dimensões mais importantes;

• A remuneração tem um peso importante, mas não está nas três dimensões mais importantes;

• Ter os recursos necessários para o correto desem-penho da função é uma dimensão de extrema importância para a felicidade na função.

Estas conclusões são de grande importância para a gestão no curto prazo, pois revelam que a remune-ração, sendo importante, pode ser compensada com muitas outras variáveis, mais importantes.

As conclusões são também de extrema importân-cia para a gestão estratégica dos recursos humanos, pois identificam quais as dimensões e variáveis que contribuem para a felicidade dos colaboradores, fun-damental para a sustentabilidade das organizações.

Sabendo que colaboradores mais felizes são mais produtivos e contribuem para uma maior performan-ce da organização, é fundamental que as organizações em Portugal saibam como ter os seus colaboradores felizes, não apenas na organização, mas também, através da função que lhes é confiada. Esta perspeti-va, bastante mais abrangente do que apenas aquela que visa garantir a satisfação dos colaboradores, deve ser uma preocupação constante na gestão dos recur-sos humanos. E

novembro 2011 | Exame | 101

OrganizaçãoPessoa Função

7

6

5

4

3

2

1

0

5,04,6 4,8

Os profissionais felizes

4

OrganizaçãoPessoa Função

7

6

5

4

3

2

1

0

2,1

3,4 3,6

Os profissionais infelizes

6

OrganizaçãoPessoa Função

7

6

5

4

3

2

1

0

4,0 4,0 4,2

Os profissionais nem felizes nem infelizes

5

ZBibliografiab Andrew J. Oswald, Eugenio Proto and Daniel Sgroi (2008):

Happiness and Productivity. Warwick Economic Research Papers. University of Warwick, Department of Economics. Coventry. Inglaterra.

b Andrew J. Oswald, Eugenio Proto and Daniel Sgroi (2010): Happiness and Productivity: Evidence from Random - Assignment Experiments and Real Life Shocks. Warwick Economic Research Papers. University of Warwick, Department of Economics. Coventry. Inglaterra.

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b Peter Senge (1990): �e Fifth Discipline. Random House. Reino Unido.

b �omas A. Wright, Russell Cropanzano, Philip J. Denney e Gary L. Moline (2002): “When a happy worker is a productive worker: A preliminary examination of three models”. Canadian Journal of Behavioural Science, n.º 34, p. 3.