enox na mídia • o estado de s. paulo

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Depois de dez anos em atividade, sócios reinventam negócio l Pensamento “A ideia inicial, na verdade, foi de meu irmão e de um amigo” “Nossa visão de negócio foi transformar o varejo em uma grande plataforma de mídia e relacionamento com o consumidor final” “Não tem realização de sonho sem sofrimento. Transpiração, sola de sapato e saliva são ingredientes para chegar lá” Ernesto Villela ENOX ON–LIFE NETWORK Ernesto Villela, um dos donos da Enox, diz que além de levar renda extra para o varejo, agora atua para melhorar experiência do cliente DIVULGAÇÃO/ENOX Engajados. Sala na sede da empresa, onde a reestruturação do modelo de atuação envolveu uma equipe de 100 pessoas Cris Olivette Formado em administração pe- la Fundação Getúlio Vargas, o curitibano Ernesto Villela, vol- tou para casa, terminada a facul- dades, com a intenção de abrir um negócio em sua cidade na- tal. “A ideia inicial, na verdade, foi de meu irmão e um amigo. Eles queriam explorar publici- dade em banheiro de bar”, diz. A partir da proposta, teve um insight, pois considerava que a ideia original era legal, mas ti- nha limitações. Sua linha de ra- ciocínio foi a seguinte: se conse- guisse “controlar” os banheiros dos bares de Curitiba, colocan- do publicidade e remunerando o dono do bar, iria gerar receita adicional para ele. Mas se colo- casse preço, por exemplo, para anúncio no uniforme do gar- çom, nas bolachas de copos e displays das mesas, criaria uma plataforma de mídia nos bares de Curitiba. “A intenção era levar essa co- municação para perto da vida dos jovens. Então, pensei que no lugar de juntar os 50 bares de Curitiba e ter acesso a cerca de 400 mil jovens, poderíamos reu- nir os mil melhores bares do Brasil e acessar oito milhões de jovens. Seria uma forma de fa- zer com que empresas que que- riam se relacionar com os jo- vens marcassem presença no dia a dia deles, além de gerar re- ceita maior para os donos dos bares e comissão maior para nós”, diz. Foi assim que em 2004 nas- ceu a Enox On-Life Network. Ele conta que a proposta foi am- pliada e abrangeu espaços co- mo baladas, academias, farmá- cias e lojas de departamento. “Nossa visão de negócio foi transformar o varejo em uma grande plataforma de mídia e re- lacionamento com o consumi- dor final. Dessa forma, tiramos o conceito de interrupção da mí- dia tradicional, que faz com que as pessoas parem o que estão fazendo para ver o anúncio.” Segundo ele, durante os dez primeiros anos de atividade o objetivo da Enox foi formar uma grande rede. “Hoje, temos oito mil estabelecimentos de 21 setores diferentes contratados no País, pelos quais passam mais de 100 milhões de clientes por mês.” De um ano para cá, porém, os sócios resolveram revolucionar a atividade. “Praticamente des- truímos o modelo para criar um novo. Nos reinventamos. Além de simplesmente vender o espa- ço do varejista para a indústria, começamos a fazer uma análise desse espaço e utilizamos todo o conhecimento que acumula- mos sobre o comportamento do consumidor e sobre a dinâ- mica da operação. Nós, que en- tramos no varejo pelo banhei- ro, começamos a reinventar o modelo de negócio para ajudar o varejista a melhorar a expe- riência que oferece ao cliente em sua loja.” Segundo ele, o mundo digital colocou o consumidor em ou- tro patamar de tolerância. “An- tes, ficar na fila para pagar a conta era normal, hoje, o consu- midor não aceita mais isso. O mundo digital trouxe a otimiza- ção do processo de compra pa- ra a vida de todos. Percebemos que a grande vantagem compe- titiva que o varejo físico tem frente ao mundo digital é a ex- periência.” Villela conta que a palavra ‘ex- periência’ passou a ser o foco da atuação da Enox. “Usando tec- nologia Mobile, podemos pro- duzir conteúdo personalizado para o varejista atrair o consu- midor e aumentar as vendas. Deixamos de levar receita incre- mental e passamos a incremen- tar a receita do negócio dele.” Ele diz que isso é feito dando acesso à rede Wi-Fi grátis para o cliente dentro da loja e, ao mes- mo tempo, oferecendo conteú- do relevante como descontos, aplicativos, música, filme etc. O empresário conta que o no- vo modelo de negócio, em vigor desde março, está presente, por exemplo, na rede St Marche Su- permercado e nas lojas da mar- ca BR Mania. “Temos uma cen- tral que pode alterar o preço das ofertas de cada uma das lojas sem precisar deslocar ninguém até o ponto. Nós operamos o sis- tema e produzimos o conteúdo. Nossa remuneração é feita com base na performance. Tudo o que fazemos para o varejo tem de melhorar a experiência do cliente e se refletir em venda. É em cima do aumento das ven- das que construímos nossa re- muneração. Temos projetos in- críveis sendo preparados para o começo de 2016.” O empresário afirma que o processo da Enox de evolução e de transformação do modelo an- tigo criou entre os 100 funcioná- rios uma cultura muito legal. “Parecemos uma empresa de tecnologia, os funcionários es- tão muito engajados, acreditan- do no novo projeto.” Villela acredita que para em- preender é preciso ter, além da visão do negócio, resiliência pa- ra concretizar a ideia. “Não é fácil, não tem realização de so- nho sem sofrimento. Transpira- ção, sola de sapato e saliva são os ingredientes para chegar lá.” Empreendedor de sucesso O ESTADO DE S. PAULO DOMINGO, 27 DE DEZEMBRO DE 2015 Oportunidades 3

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Page 1: Enox na Mídia • O Estado de S. Paulo

Depois de dez anosem atividade, sóciosreinventam negócio

l Pensamento“A ideia inicial, na verdade,foi de meu irmão e de umamigo”

“Nossa visão de negócio foitransformar o varejo emuma grande plataforma demídia e relacionamentocom o consumidor final”

“Não tem realização desonho sem sofrimento.Transpiração, sola desapato e saliva sãoingredientes para chegar lá”Ernesto VillelaENOX ON–LIFE NETWORK

Ernesto Villela, um dos donos da Enox, diz que além de levar rendaextra para o varejo, agora atua para melhorar experiência do cliente

DIVULGAÇÃO/ENOX

Engajados. Sala na sede da empresa, onde a reestruturação do modelo de atuação envolveu uma equipe de 100 pessoas

Cris Olivette

Formado em administração pe-la Fundação Getúlio Vargas, ocuritibano Ernesto Villela, vol-tou para casa, terminada a facul-dades, com a intenção de abrirum negócio em sua cidade na-tal. “A ideia inicial, na verdade,foi de meu irmão e um amigo.Eles queriam explorar publici-dade em banheiro de bar”, diz.

A partir da proposta, teve uminsight, pois considerava que aideia original era legal, mas ti-nha limitações. Sua linha de ra-ciocínio foi a seguinte: se conse-guisse “controlar” os banheirosdos bares de Curitiba, colocan-do publicidade e remunerandoo dono do bar, iria gerar receitaadicional para ele. Mas se colo-casse preço, por exemplo, paraanúncio no uniforme do gar-çom, nas bolachas de copos edisplays das mesas, criaria umaplataforma de mídia nos baresde Curitiba.

“A intenção era levar essa co-municação para perto da vidados jovens. Então, pensei queno lugar de juntar os 50 bares deCuritiba e ter acesso a cerca de400 mil jovens, poderíamos reu-nir os mil melhores bares doBrasil e acessar oito milhões dejovens. Seria uma forma de fa-zer com que empresas que que-riam se relacionar com os jo-vens marcassem presença nodia a dia deles, além de gerar re-ceita maior para os donos dosbares e comissão maior paranós”, diz.

Foi assim que em 2004 nas-ceu a Enox On-Life Network.Ele conta que a proposta foi am-pliada e abrangeu espaços co-mo baladas, academias, farmá-cias e lojas de departamento.

“Nossa visão de negócio foitransformar o varejo em umagrande plataforma de mídia e re-lacionamento com o consumi-dor final. Dessa forma, tiramoso conceito de interrupção da mí-dia tradicional, que faz com queas pessoas parem o que estãofazendo para ver o anúncio.”

Segundo ele, durante os dezprimeiros anos de atividade oobjetivo da Enox foi formar

uma grande rede. “Hoje, temosoito mil estabelecimentos de 21setores diferentes contratadosno País, pelos quais passammais de 100 milhões de clientespor mês.”

De um ano para cá, porém, ossócios resolveram revolucionara atividade. “Praticamente des-truímos o modelo para criar um

novo. Nos reinventamos. Alémde simplesmente vender o espa-ço do varejista para a indústria,começamos a fazer uma análisedesse espaço e utilizamos todoo conhecimento que acumula-mos sobre o comportamentodo consumidor e sobre a dinâ-mica da operação. Nós, que en-tramos no varejo pelo banhei-

ro, começamos a reinventar omodelo de negócio para ajudaro varejista a melhorar a expe-riência que oferece ao clienteem sua loja.”

Segundo ele, o mundo digitalcolocou o consumidor em ou-tro patamar de tolerância. “An-tes, ficar na fila para pagar aconta era normal, hoje, o consu-

midor não aceita mais isso. Omundo digital trouxe a otimiza-ção do processo de compra pa-ra a vida de todos. Percebemosque a grande vantagem compe-titiva que o varejo físico temfrente ao mundo digital é a ex-periência.”

Villela conta que a palavra ‘ex-periência’ passou a ser o foco daatuação da Enox. “Usando tec-nologia Mobile, podemos pro-duzir conteúdo personalizadopara o varejista atrair o consu-midor e aumentar as vendas.Deixamos de levar receita incre-mental e passamos a incremen-tar a receita do negócio dele.”

Ele diz que isso é feito dandoacesso à rede Wi-Fi grátis para ocliente dentro da loja e, ao mes-mo tempo, oferecendo conteú-do relevante como descontos,aplicativos, música, filme etc.

O empresário conta que o no-vo modelo de negócio, em vigordesde março, está presente, porexemplo, na rede St Marche Su-permercado e nas lojas da mar-ca BR Mania. “Temos uma cen-tral que pode alterar o preço dasofertas de cada uma das lojassem precisar deslocar ninguématé o ponto. Nós operamos o sis-tema e produzimos o conteúdo.Nossa remuneração é feita combase na performance. Tudo oque fazemos para o varejo temde melhorar a experiência docliente e se refletir em venda. Éem cima do aumento das ven-das que construímos nossa re-muneração. Temos projetos in-críveis sendo preparados para ocomeço de 2016.”

O empresário afirma que oprocesso da Enox de evolução ede transformação do modelo an-tigo criou entre os 100 funcioná-rios uma cultura muito legal.“Parecemos uma empresa detecnologia, os funcionários es-tão muito engajados, acreditan-do no novo projeto.”

Villela acredita que para em-preender é preciso ter, além davisão do negócio, resiliência pa-ra concretizar a ideia. “Não éfácil, não tem realização de so-nho sem sofrimento. Transpira-ção, sola de sapato e saliva sãoos ingredientes para chegar lá.”

Empreendedor de sucesso

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O ESTADO DE S. PAULO DOMINGO, 27 DE DEZEMBRO DE 2015 Oportunidades 3