engajamento de partes interessadas - estudo de caso

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO ESCOLA POLITÉCNICA DCC/NPPG ENGAJAMENTO DE PARTES INTERESSADAS: ESTUDO DE CASO DA GERÊNCIA DE ENGENHARIA DA REFINARIA HENRIQUE LAGE Marcio Wagner da Silva 2016

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Page 1: Engajamento de Partes Interessadas - Estudo de Caso

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

ESCOLA POLITÉCNICA

DCC/NPPG

ENGAJAMENTO DE PARTES INTERESSADAS: ESTUDO DE CASO DA GERÊNCIA DE ENGENHARIA DA REFINARIA HENRIQUE LAG E

Marcio Wagner da Silva

2016

Page 2: Engajamento de Partes Interessadas - Estudo de Caso

ENGAJAMENTO DE PARTES INTERESSADAS: ESTUDO DE CASO DA GERÊNCIA DE ENGENHARIA DA REFINARIA HENRIQUE LAG E

Marcio Wagner da Silva

Monografia apresentada no curso de Pós-

Graduação em Gestão de Portfólio,

Programas e Projetos, da Escola Politécnica

da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Orientador

Hermância Vianna

Rio de Janeiro

Novembro / 2016

Page 3: Engajamento de Partes Interessadas - Estudo de Caso

ii

ENGAJAMENTO DE PARTES INTERESSADAS: ESTUDO DE CASO DA GERÊNCIA DE ENGENHARIA DA REFINARIA HENRIQUE LAG E

Marcio Wagner da Silva

Orientador

Hermância Vianna

Monografia submetida ao Curso de Pós-Graduação em Gestão e Gerenciamento de

Projetos Gestão de Portfólio, Programas e Projetos, da Escola Politécnica, da

Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, como parte dos requisitos

necessários à obtenção de título de Especialista em Gestão de Portfólio, Programas

e Projetos

Aprovado por:

_________________________________

Eduardo Linhares Qualharini

_________________________________

Jorge Luciano Gil Kolotelo

_________________________________

Maurini Elizardo Brito

Rio de Janeiro

Novembro/ 2016

Page 4: Engajamento de Partes Interessadas - Estudo de Caso

iii

Ficha Catalográfica

SILVA, Marcio Wagner da. Engajamento de Partes Interessadas: Estudo de Caso da Gerência de Engenharia da Refinaria Henrique Lage / SILVA, Marcio Wagner da. Rio de Janeiro: UFRJ /EP, 2016. viii. 67f il. 29,7cm; Orientador: Hermância Vianna. Monografia (especialização) – UFRJ / Escola Politécnica / Curso de Pós-graduação em Gestão de Portfólio, Programas e Projeto. Referências Bibliográficas: f. 52

1. Partes Interessadas 2. Gestão de Conflitos 3. Engajamento 4. Projetos de Engenharia

I. VIANNA, Hermância. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Escola Politécnica. Pós-graduação. III. Especialista

Page 5: Engajamento de Partes Interessadas - Estudo de Caso

iv

RESUMO

ENGAJAMENTO DE PARTES INTERESSADAS: ESTUDO DE CASO DA GERÊNCIA DE ENGENHARIA DA REFINARIA HENRIQUE LAG E

Marcio Wagner da Silva

Resumo da Monografia submetida ao corpo docente do curso de Pós-Graduação em

Gestão de Portfólio, Programas e Projetos – Universidade Federal do Rio de Janeiro –

UFRJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção de título de Especialista em

Gestão de Portfólio, Programas e Projetos.

A identificação, classificação e gerenciamento de partes interessadas (stakeholders) é

assunto de grande relevância na gestão de projetos dada a necessidade de gerenciar

expectativas entre os diversos interessados do projeto, de forma a minimizar conflitos e

atrasos decorrentes de partes resistentes à sua implantação. Este trabalho tem como

objetivo apresentar como o gerenciamento de Stakeholders pode impactar de forma positiva

a gestão de projetos, em termos de qualidade, custo e prazo. Para isso, será apresentado

um estudo de caso da gerência de engenharia da Refinaria Henrique Lage (REVAP),

visando identificar os pontos de melhoria e propor ações no processo de engajamento das

partes interessadas que levem ao sucesso dos projetos desenvolvidos.

Termos Chaves: Partes interessadas

Gestão de Conflitos

Engajamento

Projetos de Engenharia

Rio de Janeiro

Novembro/ 2016

Page 6: Engajamento de Partes Interessadas - Estudo de Caso

v

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a minha família, em especial minha filha Manuela e minha

esposa Ana Glaucia por sua paciência e compreensão, aos meus mestres por nunca

duvidarem de minha capacidade e sempre me motivarem a continuar e aos colegas de

turma por proporcionarem um ambiente de amizade e companheirismo.

Page 7: Engajamento de Partes Interessadas - Estudo de Caso

vi

AGRADECIMENTOS

Agradeço а todos оs professores pоr mе proporcionarem о conhecimento nãо apenas

racional, mаs а manifestação dо caráter е afetividade dа educação nо processo dе

formação profissional.

Agradeço ainda à minha esposa Ana Glaucia e minha filha Manuela por

compreenderem a minha ausência durante a realização deste trabalho, bem como à Dra.

Hermancia Vianna por ter aceitado me orientar e pelo apoio na condução desta monografia.

Gostaria de registrar também minha gratidão a todos os professores e, principalmente

aos coordenadores do curso, Professores Raphael Albergarias e Eduardo Linhares

Qualharini por terem organizado um curso realmente excelente.

Agradeço também à PETROBRÁS por ter me concedido a oportunidade de

crescimento e desenvolvimento.

Page 8: Engajamento de Partes Interessadas - Estudo de Caso

vii

SUMÁRIO

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

1.1. Apresentação do tema ............................................................................................... 1

1.2. Objetivo do trabalho ................................................................................................... 2

1.3. Justificativa ao trabalho .............................................................................................. 2

1.4. Metodologia Empregada ............................................................................................ 3

1.5. Conteúdo dos capítulos .............................................................................................. 3

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 - Gerenciamento de Projetos ....................................................................................... 4

2.2 – Gerenciamento de Stakeholders em Projetos........................................................... 5

2.2.1 – Partes Interessadas (Stakeholders)................................................................5

2.2.2 - Processos de Gerenciamento de Partes Interessadas................................... 6

3. DISCUSSÃO DO TEMA E RESULTADOS

3.1 – Ciclo de Vida em Projetos de Investimento na PETROBRAS ................................. 30

3.1.1 – Projetos de Médio Porte............................................................................... 31

3.1.2 – Projetos de Pequeno Porte........................................................................... 32

3.2 – Descrição da Condição Atual da REVAP/EN .......................................................... 33

3.3 - Classificação dos Stakeholders da REVAP/EN ....................................................... 38

3.4 - Análise de Eficácia das Medidas Propostas ............................................................ 46

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

4.1. Críticas e Comentários ............................................................................................. 50

4.2. Recomendações para Futuros Trabalhos. ................................................................ 50

REFERÊNCIAS

Referências Bibliográficas ............................................................................................... 52

Referências Normativas .................................................................................................. 56

Page 9: Engajamento de Partes Interessadas - Estudo de Caso

viii

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – ORGANOGRAMA DA REFINARIA HENRIQUE LAGE (REVAP) ....................................... 1 FIGURA 2 – CLASSIFICAÇÃO QUALITATIVA DE STAKEHOLDERS................................................... 14 FIGURA 3 – RELAÇÕES DE INFLUÊNCIA ENTRE ORGANIZAÇÕES E SEUS STAKEHOLDERS ............. 17 FIGURA 4 – ESCALA SUGERIDA PARA CLASSIFICAÇÃO DE STAKEHOLDERS ................................. 17 FIGURA 5 – DIAGNÓSTICO DO TIPO DE STAKEHOLDER .............................................................. 18 FIGURA 6 – MODELO DE ENGAJAMENTO DE PARTES INTERESSADAS .......................................... 23 FIGURA 7 – GESTÃO DE COMUNICAÇÃO COM PARTES INTERESSADAS ........................................ 26 FIGURA 8 – CICLO DE VIDA PARA PROJETOS DE INVESTIMENTO NA PETROBRÁS ..................... 31 FIGURA 9 – STAKEHOLDERS DA GERÊNCIA DE ENGENHARIA DA REVAP DE ACORDO COM SEUS

ATRIBUTOS (CONFORME MODELO PROPOSTO POR MITCHEL ET AL. 1997) ........................ 39 FIGURA 10 – RELAÇÕES DE INFLUÊNCIA ENTRE A GERÊNCIA DE ENGENHARIA DA REVAP E SEUS

STAKEHOLDERS DE ACORDO COM O MODELO PROPOSTO POR MAINARDES ET AL. (2011) . 41 FIGURA 11 – DIAGNÓSTICO DOS STAKEHOLDERS DA GERÊNCIA DE ENGENHARIA DA REVAP DE

ACORDO COM O MODELO PROPOSTO POR SAVAGE ET AL. (1991) .................................... 43 FIGURA 12 – DIAGNÓSTICO FUTURO PARA OS STAKEHOLDERS DA GERÊNCIA DE ENGENHARIA DA

REVAP ......................................................................................................................... 45 FIGURA 13 – POSICIONAMENTO ATUAL E IDEAL DA REVAP/EN EM RELAÇÃO À POLÍTICA DE

ENGAJAMENTO DE PARTES INTERESSADAS DE ACORDO COM O MODELO PROPOSTO POR

GREENWOOD (2007) .................................................................................................. 46 FIGURA 14 – REDUÇÃO DO TEMPO MÉDIO DE LIBERAÇÃO PARA EXECUÇÃO DAS OBRAS DE

IMPLANTAÇÃO DE PROJETOS (ELABORADO PELO AUTOR) .................................................. 47 FIGURA 15 – NÚMERO DE QUEIXAS RELACIONADAS A QUALIDADE PERCEBIDA DOS PROJETOS

ENTREGUES PELA REVAP/EN (ELABORADO PELO AUTOR)................................................ 48

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 – TIPOS E CATEGORIAS GENÉRICAS DE PARTES INTERESSADAS ................................. 8 QUADRO 2 – PROPOSTAS PARA CATEGORIZAÇÃO DE PARTES INTERESSADAS ............................ 11 QUADRO 3 – PONTOS DE VISTA EM RELAÇÃO AO ENGAJAMENTO DE PARTES INTERESSADAS....... 20 QUADRO 4 – STAKEHOLDERS DA GERÊNCIA DE ENGENHARIA DA REVAP E SUAS

CARACTERÍSTICAS .......................................................................................................... 35 QUADRO 5 – CLASSIFICAÇÃO DOS STAKEHOLDERS DA GERENCIA DE ENGENHARIA DA REVAP

SEGUNDO O MODELO DE MITCHEL ET AL. (1997) ............................................................ 38 QUADRO 6 – CLASSIFICAÇÃO DOS STAKEHOLDERS DA REVAP/EN DE ACORDO COM O MODELO DE

SAVAGE ET AL. (1991) .................................................................................................. 42

Page 10: Engajamento de Partes Interessadas - Estudo de Caso

ix

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS PMBoK – Corpo de Conhecimento em Gerenciamento de Projetos (Project Management

Body of Knowledge)

REVAP - Refinaria do Vale do Paraíba (Refinaria Henrique Lage)

PMI – Project Management Institute

REVAP/EN – Gerência de Engenharia da Refinaria Henrique Lage

Page 11: Engajamento de Partes Interessadas - Estudo de Caso

x

GLOSSÁRIO EAP – É uma estrutura de árvore exaustiva, hierárquica, orientada as entregas que

precisam ser feitas para completar um projeto.

PROJETO CONCEITUAL – Documentação elaborada pela gerência solicitante, onde são

definidos os requisitos mínimos a serem atendidos pelo projeto e seu escopo.

PROJETO BÁSICO – Documentação elaborada pela gerência de engenharia, resultado de

avaliações de todas as especialidades e que se resume ao conjunto de documentos a

partir do qual é possível detalhar-se as alterações propostas em uma área operacional

ou de transferência e estocagem da REVAP.

PROJETO DE DETALHAMENTO – Documentação gerada a partir do projeto básico a partir

da qual é possível a aquisição de materiais, equipamentos e componentes, bem como

a contratação de serviços visando à implantação física de alguma alteração em

unidades de processo ou transferência e estocagem da REVAP

Page 12: Engajamento de Partes Interessadas - Estudo de Caso

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

1.1. Apresentação do tema

A Refinaria Henrique Lage (REVAP) é uma das doze refinarias do sistema

PETROBRÁS, está localizada na cidade de São José dos Campos em São Paulo e entrou

em operação em 1980. Atualmente é a terceira maior refinaria do país e processa

diariamente 252.000 barris de petróleo por dia sendo responsável pelo abastecimento de

derivados de petróleo para os mercados das regiões sudeste e centro-oeste, seus principais

produtos são: Asfalto, Gasolina, Diesel, Querosene de aviação, Gás Liquefeito de Petróleo

(GLP), Coque, Enxofre, Óleo combustível e Propeno.

A gerência da engenharia, alvo deste estudo, é uma gerência de apoio, responsável

pelo gerenciamento, desenvolvimento e implantação de projetos de investimentos de

pequeno e médio porte que visem à melhorias operacionais nas plantas de processo da

refinaria, em grande parte estes investimentos visam melhorar o rendimento das unidades

de processo em produtos de elevado valor agregado como Diesel e gasolina. O

organograma da Refinaria Henrique Lage é apresentado na Figura 1, onde é destacada a

gerência de engenharia.

Figura 1 – Organograma da Refinaria Henrique Lage (REVAP)

Fonte: PETROBRÁS (2015)

Page 13: Engajamento de Partes Interessadas - Estudo de Caso

2

Ao longo do desenvolvimento dos projetos há uma série de stakeholders que

necessitam ser gerenciadas para que as diversas fases do projeto não sejam impactadas

negativamente por conflitos que poderiam ter sido gerenciados.

O tema deste trabalho foi escolhido tendo em vista as dificuldades apresentadas pelo

órgão estudado em gerenciar as expectativas de cada um dos stakeholders envolvidos em

seus projetos e visa, através de aplicações de técnicas consolidadas, apresentar sugestões

de como melhor identificar, classificar e gerenciar as diversas partes interessadas nos

projetos conduzidos por esta gerência.

1.2. Objetivo do trabalho

Este trabalho tem por objetivo avaliar o resultado da aplicação de gestão de partes

interessadas para o sucesso de projetos. Para isso será realizada uma revisão da literatura

de forma a apresentar o atual estado da arte em classificação e gestão de stakeholders e

será apresentado o estudo de caso da gerência de engenharia da Refinaria Henrique Lage

(REVAP). Ao final destas etapas, com base nos autores pesquisados e no estudo de caso,

serão apresentadas técnicas que possam minimizar conflitos, agilizar decisões, engajar as

partes interessadas e contribuir para o alcance dos resultados esperados nos diversos

projetos desenvolvidos pele gerência estudada.

1.3. Justificativa ao trabalho

A gestão de partes interessadas é assunto de grande relevância na gestão de

projetos, dada a necessidade de gerenciar expectativas e interfaces entre os diversos

interessados do projeto, de forma a minimizar conflitos e atrasos decorrentes de partes

interessadas resistentes à implantação do mesmo.

O desenvolvimento deste trabalho visa analisar criticamente como é feita a gestão de

partes interessadas durante a implantação de projetos de investimento de médio e pequeno

porte conduzidos pela gerência de engenharia da Refinaria Henrique Lage (REVAP) através

de um estudo de caso e propor melhorias nos processos de identificação, monitoramento e

gestão das diversas partes interessadas baseando-se no atual estado da arte em

gerenciamento de stakeholders.

O trabalho visa ainda contribuir para o sucesso na gestão de projetos de

investimentos na Refinaria Henrique Lage através aplicação de técnicas de gestão de

stakeholders que conduzam a uma comunicação mais eficaz e criação de um ambiente de

maior colaboração entre os diversos atores envolvidos, bem como minimizar conflitos e

entraves ao longo das diversas fases de implantação dos investimentos, gerando assim

maior engajamento dos envolvidos nestes empreendimentos.

Page 14: Engajamento de Partes Interessadas - Estudo de Caso

3

1.4. Metodologia Empregada

A metodologia utilizada para o desenvolvimento do trabalho consiste na revisão

prévia da literatura visando identificar as principais técnicas utilizadas para a identificação,

classificação e gestão de stakeholders. Após esta etapa, é apresentado um estudo de caso

no âmbito da gerência de engenharia da Refinaria Henrique Lage (REVAP) em que é

apresentado o status atual dos processos de identificação, gestão e monitoramento de

partes interessadas nesta gerência, fazendo-se uma análise crítica. Após a análise do

estado atual, com base no estado da arte e autores estudados, são propostas melhorias nos

processos de gestão de stakeholders que venham a colaborar para a efetividade dos

processos de gestão de investimentos da refinaria. O diagnóstico do status atual foi

realizado através de questionários respondidos pelas principais partes interessadas da

gerência antes e após a implantação das ações de melhoria.

1.5. Conteúdo dos capítulos

O trabalho será desenvolvido em capítulos seqüenciados de forma a permitir ao leitor

um entendimento lógico do tema e de sua relevância para a gestão de investimentos.

O capítulo 1 dedica-se à apresentar o tema a ser desenvolvido indicando os objetivos

e justificativas para o estudo.

O capítulo 2 apresentará a fundamentação teórica, ou a revisão da literatura em que

será apresentado a atual estado da arte do gerenciamento de projetos e principalmente a

área de conhecimento de gestão de partes interessadas (stakeholders).

O capítulo 3 visa detalhar o tema abordado, apresentar o estudo de caso proposto e

discutir os resultados obtidos através da metodologia empregada.

O capítulo 4 é voltado para as considerações finais, onde será feita a análise crítica

dos resultados obtidos e a sugestão para continuidade deste trabalho.

Page 15: Engajamento de Partes Interessadas - Estudo de Caso

4

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 - GERENCIAMENTO DE PROJETOS

Segundo o PMI (2013) projetos podem ser definidos como um esforço temporário

empreendido para criar um produto, serviço ou resultado único. Ainda segundo o PMI

(2013), um projeto possui início e fim definidos e seu término é alcançado quando os

objetivos do projeto são atingidos ou quando o projeto é encerrado porque os seus objetivos

não poderão ser alcançados, ou ainda quando a necessidade do projeto deixar de existir.

De acordo com KERZNER (2006), projetos podem ser definidos como

empreendimentos com objetivos definidos, que consomem recursos e operam sobre

pressão de prazo, custo e qualidade e, geralmente, são considerados atividades exclusivas

em uma empresa. Diante destas definições verifica-se a necessidade de que projetos sejam

gerenciados de forma planejada, levando em consideração o escopo a ser realizado, os

requisitos de qualidade, o custo de implantação, prazo e os riscos associados à sua

implantação.

O conceito de gerenciamento, segundo KOONTZ e O’DONNEL (1989), consiste em

executar atividades que têm como principal objetivo planejar, monitorar e controlar

atividades desenvolvidas por outras pessoas de forma a atingir objetivos que não seriam

atingidos se estas estivessem atuando de forma independente, sem esforço coordenado.

Segundo DRUCKER (1994) gestão pode ser definida como uma atividade complexa, que

envolve a combinação e a coordenação de recursos humanos, físicos e financeiros, de

forma a que se produzam bens ou serviços que sejam simultaneamente procurados e que

possam ser oferecidos a um preço que possa ser pago, tornando ao mesmo tempo aceitável

e agradável o ambiente de trabalho de todos os envolvidos.

Para KERZNER (2006) o gerenciamento de projetos pode ser definido como o

planejamento, a programação e o controle de uma série de tarefas integradas de forma a

atingir seus objetivos com êxito, para benefício dos participantes do projeto. Para o PMI

(2013) gerenciar projetos consiste na aplicação do conhecimento, habilidades, ferramentas

e técnicas às atividades do projeto para atender aos seus requisitos.

O gerenciamento de projetos é capaz de fornecer vantagens competitivas às

organizações, uma vez que fornece às organizações poderosas ferramentas, capazes de

aperfeiçoar suas habilidades em planejar, implementar e controlar suas atividades bem

como a maneira como estas organizações utilizam seus recursos (MEREDITH e MANTEL,

2013). Para organizações de pequeno e médio porte esta vantagem competitiva é ainda

Page 16: Engajamento de Partes Interessadas - Estudo de Caso

5

mais relevante tendo em vista que dispõe e menos recursos e consequentemente menor

margem de erro em seus projetos (PASSOS, 2008).

O sucesso na implantação de um projeto é descrito por KERZNER (2006) como o

cumprimento dos prazos acordados, dos custos, dos requisitos de qualidade e ainda que o

cliente esteja plenamente satisfeito com o produto gerado pelo projeto de forma que este

permita a utilização de seu nome como referência.

Pelo exposto, verifica-se que projetos envolvem uma ampla gama de partes

interessadas ou stakeholders (indivíduos e/ou instituições) que são diretamente afetadas,

positiva ou negativamente pelo projeto, ou simplesmente tais partes possuem algum

interesse no resultado a ser alcançado pelo projeto. Diante deste fato parte do esforço de

gerenciamento do projeto deve ser dedicado à gestão destas partes interessadas de

maneira a minimizar insatisfações que causem prejuízo ao bom andamento da implantação

do mesmo.

2.2 – GERENCIAMENTO DE STAKEHOLDERS EM PROJETOS

De acordo com NORO (2012) o gerenciamento de stakeholders possui como função

principal gerenciar e integrar os relacionamentos e interesses destes diversos grupos e

pessoas de forma a assegurar o sucesso da organização a longo prazo, enfatizando assim,

uma abordagem administrativa da gestão de partes interessadas em que o foco principal é o

gerenciamento ativo do ambiente do negócio, de relacionamentos e dos interesses dos

envolvidos.

Com o foco em gerenciamento de projetos o PMI (2013) descreve a área de

conhecimento de gerenciamento de partes interessadas como sendo responsável pelos

processos necessários para identificar todas as pessoas, grupos e organizações que

podem, de alguma forma, impactar ou serem impactadas pelo projeto bem como analisar

suas expectativas e seu impacto no projeto e ainda desenvolver estratégias de

gerenciamento destas partes de forma a promover seu engajamento para o sucesso do

projeto.

2.2.1 – PARTES INTERESSADAS ( Stakeholders )

O conceito de partes interessadas surgiu nos anos 60 a partir de um trabalho do

Stanford Research Institute. Este trabalho ressaltava que era preciso que os gestores

entendessem os interesses e necessidades de empregados, acionistas, fornecedores,

clientes, instituições financeiras e sociedade em geral antes de definir estratégias de

negócios (FREEMAN e PHILLIPS, 2002).

Page 17: Engajamento de Partes Interessadas - Estudo de Caso

6

Com o passar dos anos diferentes definições de partes interessadas (stakeholders)

surgiram, de forma a ilustrar a variedade de definições FRIEDMAN e MILES (2006) relatam

55 diferentes definições do termo stakeholder em 75 publicações analisadas pelos autores.

Para FREEMAN (1984) partes interessadas são definidas como qualquer grupo ou

indivíduo que pode afetar, ou é afetado, pelo alcance dos propósitos de uma organização.

Para este autor a aplicação do conceito de partes interessadas leva a mudanças na forma

de gestão destas, uma vez que seria necessário adequar a estratégia da organização para

atender os anseios das partes interessadas.

MITCHELL et al. (1997) descreve que pessoas, grupos, bairros, organizações,

instituições, sociedades e até mesmo o ambiente natural podem ser classificadas como

partes interessadas reais ou potenciais.

Em outra interpretação THOMPSON et al. (1991) define partes interessadas como

qualquer pessoa, grupo ou entidade que possua relação de interesses, diretos ou indiretos,

com a organização.

No âmbito do gerenciamento de projetos, o PMI (2013) define parte interessada

como um indivíduo, grupo ou organização que pode afetar, ser afetada ou sentir-se afetada

por uma decisão, atividade ou resultado de um projeto.

O enfoque do estudo de partes interessadas também não é consenso entre os

autores de estudos na área, para autores como ALTKINSON e WATERHOUSE (1997) e

SHANKMAN (1999) a relevância das partes interessadas está relacionada com seu grau de

contribuição para o desempenho da organização, ou seja, seu grau de influência nos

resultados da organização, neste sentido, os autores defendem que os acionistas merecem

particular atenção. Por outro lado autores como FREEMAN (1984) e METCALFE (1998)

entendem que o objetivo das organizações é entender e atender aos interesses de todos os

stakeholders da organização, sem qualquer distinção entre estes, ou seja, não

necessidades ou interesses que predominem.

2.2.2 - PROCESSOS DE GERENCIAMENTO DE PARTES INTERESSADAS

De acordo com o PMI (2013) os principais processos da gestão de partes

interessadas envolvem as etapas de identificação das partes interessadas no projeto,

planejamento da gestão de partes interessadas, gerenciamento e controle das partes

interessadas no projeto.

Page 18: Engajamento de Partes Interessadas - Estudo de Caso

7

2.2.2.1 - Identificação de partes interessadas

Refere-se ao processo de identificação de pessoas, grupos ou organizações que

podem impactar ou serem impactadas pelo projeto bem como analisar e documentar

informações relevantes relativas aos interesses, nível de engajamento, influência e potencial

de impacto no projeto. Através deste processo o gerente de projetos é capaz de direcionar

apropriadamente cada uma das partes interessadas, visando o sucesso do projeto.

As entradas do processo de identificação das partes interessadas são o termo de

abertura do projeto, documentos de aquisição, fatores ambientais da organização e ativos

de processos organizacionais, ou seja, resultados de processos de gestão implantados na

organização. A saída do processo de identificação de partes interessadas é o registro de

partes interessadas que é obtido através da aplicação de ferramentas e técnicas como

análise das partes interessadas e reuniões (PMI, 2013).

Estudos referentes à identificação de stakeholders não são muito comuns na

literatura, apesar da relevância do assunto. De acordo com o estudo de RAHMAN e KO

(2013) os poucos métodos propostos na literatura para identificação de partes interessadas

produzem listas genéricas de stakeholders não sendo apropriadas para alguns casos, pois

falham na identificação de informações relevantes para os autores a identificação de partes

interessadas deve ser realizada com base no interesse de cada grupo.

Para DONALDSON e PRESTON (1995) para que um método de identificação de

partes interessadas possa ser considerado abrangente o mesmo deve possuir uma

dinâmica iterativa onde seja possível acomodar a incerteza e a instabilidade organizacional

levando em conta a entrada e saída de partes interessadas bem como considerando suas

diferentes percepções.

De acordo com o estudo apresentado por MATHUR et al. (2007) as técnicas mais

comuns utilizadas para a identificação de partes interessadas são:

1. Elaboração de lista genérica;

2. Aplicação de questionário;

3. Técnica conhecida por “Bola de Neve”;

4. Mapeamento de partes interessadas;

De acordo com o autor, a elaboração da lista genérica consiste na organização de

uma lista contendo as possíveis partes interessadas do projeto dividindo-se em categorias e

subcategorias, conforme apresentado no Quadro 1.

Page 19: Engajamento de Partes Interessadas - Estudo de Caso

8

Quadro 1 – Tipos e categorias genéricas de partes interessadas

Categoria Geral Subcategoria Tipos de Indivíduos/Grupos

Capazes de afetar o

projeto

Envolvidos na entrega

do projeto

Desenvolvedor

Cliente

Proprietário

Investidor

Projetista

Bancos

Seguradoras

Profissionais, consultores, engenheiros, etc.

Aqueles que

determinam o

contexto

Autoridades Locais

Órgãos reguladores locais

Órgãos reguladores federais

Organizações não-governamentais

Partes que serão

afetadas pelo

projeto

Diretamente afetados Usuários de prédios, espaços, etc.

Podem ser direta ou

indiretamente

afetados pelo projeto

Membros de comunidades vizinhas

Público geral

Grupos comunitários locais

Grupos específicos (raça, etnia,gênero, etc.)

Outros que podem ser partes interessadas

Organizações sociais

Pesquisadores/Acadêmicos

Imprensa

Potenciais Clientes/Usuários

Fonte: Adaptado de MATHUR et al. (2007)

Ao se analisar o Quadro 1, verifica-se que o proposto pelo autor, além de uma lista

das possíveis partes interessadas do projeto é também uma prévia categorização destas

partes, o que, de acordo com o autor, permite identificar e posteriormente definir técnicas de

engajamento para cada grupo de stakeholders.

A utilização de questionários também é aplicada como técnica de identificação de

partes interessadas de forma a evitar que nenhum stakeholder seja esquecido, de acordo

com o estudo de MATHUR et al. (2007) as seguintes perguntas devem constar do

questionário para identificação de partes interessadas:

1. Quem são os responsáveis pelo projeto (e seus diferentes

componentes/aspectos)?

2. Para quem serão reportadas as responsabilidades legais?

Page 20: Engajamento de Partes Interessadas - Estudo de Caso

9

3. Quem os beneficiários/usuários pretendidos para o projeto?

4. Quais personagens não possuem representação, mas serão afetados pelo

projeto?

5. Quem pode afetar negativamente o projeto através de sua oposição ou não

cooperação?

6. Quem controla as organizações com interesses relevantes em relação ao

projeto?

7. Quem tem a habilidade para representar os interesses de todas as partes

incapazes de participar das discussões? (Gerações futuras, direitos de

animais, etc.)

8. Quem tem autoridade para tomar decisões em nome daqueles que estão

representados?

9. Quem possui um conhecimento único relacionado a qualquer aspecto do

projeto?

10. Quem possui laços históricos ou culturais com a região ou qualquer outro

ponto afetado pelo projeto?

11. Quem depende dos recursos (naturais ou não) que serão afetados pelo

projeto?

12. As diversas partes interessadas estão devidamente representadas?

De acordo com os autores ao responder às questões apresentadas, evita-se o

esquecimento de partes interessadas e há uma preparação melhor para a definição de

técnicas de engajamento.

Na técnica conhecida por “Bola de neve” as partes interessadas são reunidas e

questionadas em relação a quem elas mesmas consideram como partes interessadas.

Desta forma esta técnica é adotada de forma a complementar o uso das demais técnicas

citadas de maneira a determinar quais partes interessadas não foram consideradas nas

etapas anteriores. As opiniões sobre quem deve ser considerado como partes interessadas

podem ser coletadas através de grupos de discussão, entrevistas e questionários,

constituindo assim uma técnica eficiente e de baixo custo (MATHUR et al. 2007).

HAIR et al. (2000) destaca um ponto negativo da técnica que pode resultar em

preconceitos, caso existam diferenças sociais significativas entre os diversos grupos

envolvidos.

Em relação ao mapeamento de partes interessadas a técnica será melhor detalhada

no tópico destinado à discussão de classificação de partes interessadas.

Page 21: Engajamento de Partes Interessadas - Estudo de Caso

10

2.2.2.2 – Classificação de Partes Interessadas ( Stakeholders )

Conforme verificado pela revisão da literatura, apesar das diferentes definições de

partes interessadas adotadas pelos estudiosos do assunto, é fato que uma organização

possui uma série de partes interessadas e os anseios e capacidade de influência nas

operações e resultados da organização variam (FREEMAN, 1984).

Na tentativa de organizar os conceitos e conhecimentos sobre partes interessadas

DONALDSON e PRESTON (1995) elaboraram uma forma de classificação das diferentes

abordagens de estudo sobre partes interessadas, descritas como:

1. Enfoque descritivo – Visa descrever e explicar o comportamento das organizações

frente às partes interessadas;

2. Enfoque instrumental – Objetiva estudar o impacto das partes interessadas para a

organização e definir como as estratégias e políticas adotadas em relação às partes

interessadas pode contribuir para o desempenho da organização. Este enfoque será

estudado mais adiante.

3. Enfoque normativo - Analisa os princípios éticos das relações entre organização e

partes interessadas visando interpretar a função da organização em sua

administração;

Segundo os autores, embora os diferentes enfoques apresentem objetivos e métodos de

trabalho distintos, eles se complementam e são não-excludentes.

Em fase preliminar à definição de técnicas de engajamento e a análise do

comportamento das organizações em relação aos stakeholders a literatura reforça a

importância da classificação de partes interessadas, visando minimizar esforços gerenciais e

elevar a efetividade na gestão de partes interessadas, uma vez que a classificação ou

categorização de partes interessadas podem auxiliar os gestores a definir estratégias de

engajamento às partes interessadas que exigem um maior foco.

Neste sentido CLARKSON (1995) divide os stakeholders de uma organização em

duas categorias, de acordo com a semelhança entre suas reivindicações, interesses ou

direitos.

1. Stakeholders primários – São grupos ou indivíduos sem os quais a existência da

organização estaria comprometida, são classificados como stakeholders primários os

acionistas, clientes, fornecedores, governo, funcionários, investidores e

consumidores. Existe um elevado grau de dependência entre os stakeholders

primários e a organização.

Page 22: Engajamento de Partes Interessadas - Estudo de Caso

11

2. Stakeholders secundários – Nesta categoria estão reunidos os grupos ou indivíduos

que afetam ou são afetados pelas decisões da organização, mas não possuem

participação direta nas tomadas de decisão da organização. São capazes de

mobilizar a opinião pública contra ou a favor da organização. Pode-se citar como

exemplo de stakeholders secundários a mídia em geral, organizações não-

governamentais e universidades.

Diferentes autores têm definido e classificado stakeholders de formas distintas ao longo

do tempo. MAINARDES et al. (2011) compilou as principais propostas de classificação

apresentadas na literatura, tais propostas de classificação de partes interessadas são

apresentadas no Quadro 2.

Quadro 2 – Propostas para categorização de partes interessadas

GOODPASTER (1991)

Introduziu o conceito de stakeholder

estratégico e moral, no qual o estratégico

possui o poder de afetar a organização e o

moral é afetado pela organização e esta tem

o dever e estabelecer um relacionamento

ético com o mesmo

SAVAGE et al. (1991)

Os autores sugeriram avaliar o potencial de

cada stakeholder em cooperar ou ameaçar a

organização e, a partir desta avaliação, a

organização pode se prevenir definindo

diferentes planos de ações para cada

stakeholder.

CLARKSON (1995)

Dividiu os stakeholders em primários e

secundários. Sendo os primários aqueles

que possuem ralações contratuais com a

organização e os secundários os que não

possuem tais vínculos.

MITCHELL et al. (1997)

Os autores propuseram um modelo em que

é necessária a classificação dos

stakeholders quanto a poder, legitimidade e

urgência, permitindo estabelecer prioridades

e definir quais interesses serão atendidos.

Page 23: Engajamento de Partes Interessadas - Estudo de Caso

12

ROWLEY (1997)

O autor baseou-se na teoria das redes

sociais para concluir que as organizações se

relacionam com a rede de influência dos

stakeholders e não com cada um

individualmente.

SCHOLES e CLUTTERBUCK (1998)

Classificaram stakeholders com base em

três fatores: Influência, impacto e afinidade

com os objetivos da organização.

FROOMAN (1999)

O autor criou uma matriz que relaciona o

poder e a dependência entre organização e

stakeholder.

KAMMAN (2007)

O autor buscou relacionar poder e interesse

e definiu classificações para os diversos

tipos de stakeholders, classificando-os em

stakeholders chave, stakeholders que

devem ser mantidos informados e satisfeitos

e aqueles em que o esforço de

relacionamento é mínimo devido ao seu

baixo poder de influência na organização.

FASSIN (2009)

O autor propôs uma terminologia para

stakeholders, classificando como mais

importantes os chamados stakeholders

clássicos aqueles que possuem interesses

diretos na organização, como clientes,

funcionários, acionistas e fornecedores.

Fonte: Adaptado de CIGOLINI (2014)

Analisando-se o Quadro 2 verifica-se uma grande diversidade de modelos na

tentativa de categorizar stakeholders e, desta forma, reduzir o esforço em seu

gerenciamento.

O modelo proposto por MITCHELL et al. (1997), conhecido como Salience, é

amplamente citado na literatura e considera a necessidade de se classificar as partes

interessadas da organização em termos de poder, legitimidade e urgência, conforme

descrito a seguir por MAINARDES et al. (2011).

1. Poder – Capacidade de levar um indivíduo ou grupo a realizar algo que não faria

caso não fosse solicitado. O poder do stakeholder sobre a organização pode ser

Page 24: Engajamento de Partes Interessadas - Estudo de Caso

13

coercivo (força ou ameaça), normativo (legislação e meios de comunicação) ou

utilitário (detém recursos ou informações);

2. Legitimidade – Percepção geral de que as ações de uma entidade são desejáveis

ou apropriadas, de acordo com o contexto socialmente construído. Pode ser

individual, organizacional ou social;

3. Urgência – Necessidade imediata de ação que define a velocidade de resposta

da organização em relação às demandas dos stakeholders.

A partir da identificação destas características em cada um dos stakeholders é

possível classificá-los em três diferentes categorias (MITCHELL et al. (1997).

1. Stakeholders Latentes – Possuem apenas uma das características e tendem

a receber pouca atenção da organização;

2. Stakeholders Expectantes – Possuem dois dos atributos o que leva a serem

mais influentes perante a organização e, consequentemente, são mais

respeitados pela organização;

3. Stakeholder Definitivo – Possuem poder, legitimidade e urgência e a

organização deve dedicar atenção imediata priorizada para estes

stakeholders.

De acordo com os autores do modelo quando as três características acima se

sobrepõem podem-se classificar oito tipos de stakeholders, conforme apresentado na Figura

2.

A Figura 2 apresenta a categorização de partes interessadas conforme os critérios

estabelecidos por MITCHELL et al. (1997) em que os stakeholders são classificados de

acordo com critérios de poder, legitimidade e urgência.

O modelo proposto leva em consideração o fato de stakeholders possuírem ou não

determinado atributo entre os três citados e, após a classificação em grupos, é determinada

a melhor estratégia no sentido de engajar cada um dos grupos de maneira a minimizar

conflitos entre as partes interessadas e a organização.

Ao minimizar os conflitos o gerente de projeto e a organização responsável pela

gestão do projeto visam envidar esforços no sentido de alcançar os objetivos do projeto a

ser implementado alcançando, sempre que possível, benefícios para todos os envolvidos,

direta ou indiretamente no projeto.

Page 25: Engajamento de Partes Interessadas - Estudo de Caso

14

Figura 2 – Classificação qualitativa de stakeholders Fonte: Adaptado de MITCHELL et al. (1997)

Conforme apresentado na Figura 2, podem-se descrever as seguintes características

dos oito grupos de stakeholders, conforme MITCHELL et al. (1997).

1. Stakeholder adormecido – Grupo ou indivíduo que possui poder par impor

seu desejo à organização, mas não possui legitimidade ou urgência. Tende a

ter pouca influência na organização, mas deve ser monitorado quanto a

possibilidade de alcançar um segundo atributo;

2. Stakeholder discricionário – Grupo ou indivíduo que possui legitimidade, mas

não possui poder de influência e nem alega urgência.

3. Stakeholder exigente – Possuem apenas o atributo da urgência. Como não

possuem nem legitimidade nem poder, tender a não exigir da organização.

4. Stakeholder dominante – Neste caso possuem legitimidade e poder de

influência, assim deve receber grande atenção da organização;

5. Stakeholder perigoso – Quando há poder e urgência, mas não legitimidade,

torna-se um risco para a organização, pois pode tornar-se agressivo á

organização;

Page 26: Engajamento de Partes Interessadas - Estudo de Caso

15

6. Stakeholder dependente - Possuem legitimidade e urgência, mas não têm

poder de influência perante a organização, desta forma, dependem de outros

stakeholders para que seus anseios sejam considerados;

7. Stakeholder definitivo – Congregam os três atributos (Poder, legitimidade e

urgência) de, desta forma, devem ser priorizados pela organização;

8. Não stakeholders – Nesta categoria são classificados grupos e indivíduos que

não afetam e não são afetados pela organização;

O modelo apresentado por MITCHELL et al. (1997) tornou-se referência entre os

teóricos e estudiosos da teoria dos stakeholders (FRIEDMAN e MILES, 2006). Por outro

lado, alguns autores que buscaram testar o modelo, como AGLE et al. (1999) e MAGNESS

(2008), descrevem algumas limitações do modelo, listadas a seguir:

1. No modelo de MITCHELL et al.(1997) os stakeholders têm ou não têm alguns

dos atributos (poder, legitimidade e urgência), desta forma não se

consideram, por exemplo, stakeholders podem ter muito ou pouco poder;

2. Atribuir a determinado stakeholder que este não possui qualquer dos atributos

do modelo. Por menor que seja o nível de poder, legitimidade ou urgência o

stakeholder deveria ser considerado;

3. A priorização entre stakeholders classificados numa mesma categoria. Se

vários stakeholders estão na mesma categoria, não fica claro como a

organização deve priorizá-los;

Para MAINARDES et al. (2011) as limitações do modelo Salience estão ligadas à

dificuldade de classificação que possa determinar qual stakeholder possui de fato poder

e/ou legitimidade e/ou urgência.

Com o objetivo de desenvolver uma nova proposta de classificação de stakeholders,

MAINARDES et al. (2011) criaram um novo modelo baseado na influência mútua entre

organização e stakeholder sendo este o único fator a ser considerado no novo modelo, o

que, segundo os autores torna o modelo mais simples e mais fácil aplicação do que o

modelo Salience de MITCHELL et al. (1997).

Tendo estabelecido o fator principal do modelo (influência mútua entre organização e

stakeholders), os autores elencaram as potenciais relações de influência entre as partes,

estabelecendo assim a ligação entre stakeholders e organização. Considerando este

modelo, os autores elencam seis possíveis grupos de stakeholders.

Page 27: Engajamento de Partes Interessadas - Estudo de Caso

16

1. Stakeholder regulador – Segundo os autores os stakeholders são

classificados como reguladores quando estes possuem influência sobre a

organização, mas esta não possui influência sobre os stakeholders;

2. Stakeholder controlador – Nesta categoria se classificam os stakeholders que

possuem influência na organização, porém esta também exerce influência

sobre os stakeholders, no entanto, o nível de influência do stakeholder sobre

a organização é maior do que o da organização sobre o stakeholder, desta

forma, o stakeholder é quem controla as relações entre ele e a organização;

3. Stakeholder parceiro – Ocorre quando stakeholder e organização se

influenciam mutuamente, mas nenhum deles possui maior nível de influência,

ou seja, há um equilíbrio entre as partes;

4. Stakeholder passivo – Nesta categoria se enquadram os stakeholders que

influenciam e são influenciados pela organização, porém a relação entre eles

é controlada pela organização;

5. Stakeholder dependente – Neste caso o stakeholder possui pouca influência

perante a organização e é influenciado por ela, ou seja, este stakeholder

depende da organização para que suas demandas sejam atendidas;

6. Não-stakeholder - Quando não há influência mútua entre organização e

stakeholder;

Conforme descrito acima, as relações de influência entre stakeholders e organização

possuem papel fundamental no modelo proposto, tais relações são ilustradas na Figura 3

apresentada a seguir.

De acordo com o proposto pelos autores, o modelo indica de forma gráfica, a relação

de influência entre as diversas partes interessadas.

As relações de influências são facilmente identificadas e é possível identificar

diretamente qual stakeholder domina a relação de possui maior influência sobre a outra

parte interessada.

O conhecimento de qual parte interessada é mais influente em relação às demais

permite ao gerente de projeto elaborar estratégias mais assertivas para os planos de

comunicação e gerenciamento de partes interessadas que minimizem conflitos e direcionem

todos os envolvidos para o alcance dos objetivos e metas do projeto a ser implantado.

Page 28: Engajamento de Partes Interessadas - Estudo de Caso

17

Figura 3 – Relações de influência entre organizações e seus stakeholders Fonte: MAINARDES et al. (2011)

De acordo com o apresentado na Figura 3, as relações de influência entre as partes

interessadas são representadas pelas setas que ligam a categoria de stakeholder à

organização e a espessura das setas reflete a intensidade da relação entre as partes

envolvidas (MAINARDES et al., 2011). Para os autores a classificação dos stakeholders

deve partir da definição do nível de influência mútua entre organização e stakeholders e,

para tanto, os autores definiram uma escala variando de 0 a 5 pontos, tanto para a influência

do stakeholder sobre a organização quanto a influência da organização sobre o stakeholder,

conforme apresentado na abaixo.

Figura 4 – Escala sugerida para classificação de stakeholders Fonte: MAINARDES et. al (2011)

Para os autores, após a categorização dos stakeholders e a construção do

sociograma (Figura 3), as relações de influência entre as partes estão estabelecidas e a

gestão da organização pode elaborar planos de ação para cada stakeholder

especificamente.

Page 29: Engajamento de Partes Interessadas - Estudo de Caso

18

Após a definição dos principais stakeholders, visando atender suas expectativas, é

necessário identificar aqueles que possuem maior nível de influência na organização e

classificá-los de acordo com seu potencial de colaborar com a organização ou ameaçá-la.

Com o objetivo de facilitar esta classificação SAVAGE et al. (1991) criou uma matriz

de diagnóstico dos diversos tipos de stakeholders, apresentada na Figura 5.

Figura 5 – Diagnóstico do tipo de stakeholder Fonte: Adaptado de SAVAGE et al. (1991)

De acordo com o apresentado na Figura 5, existem quatro possibilidades de

classificação dos stakeholders, segundo SAVAGE et al. (1991).

1. Stakeholders dispostos a apoiar – Aqueles que possuem baixo potencial de

ameaça e alto potencial de cooperação;

2. Stakeholders marginais – Não apresentam tendências nem de cooperação

nem de ameaça;

3. Stakeholders indispostos – Possuem alta tendência de ameaçar a

organização baixa tendência de cooperação;

4. Stakeholders ambíguos – Possuem alto potencial de ameaça e alto potencial

de cooperação;

De acordo com LYRA et al. (2009), o potencial de cooperação do stakeholder é, por

vezes, ignorado, uma vez que a análise geralmente foca nos potenciais de ameaça dos

Page 30: Engajamento de Partes Interessadas - Estudo de Caso

19

stakeholders. Segundo os autores o potencial de cooperação é importante, pois pode levar a

organização a unir forças com outros stakeholders, levando uma melhor administração.

Para SAVAGE et al. (1991) ao focar no potencial dos stakeholders principais para

ameaçar e cooperar, as organizações podem evitar a implantação de planos opostos aos

interesses de seus stakeholders, reconhecendo suas necessidades e evitando assim

conflitos.

2.2.2.3 - Planejamento da gestão de partes interess adas

Uma vez definidas as principais partes interessadas no projeto e realizada sua

classificação de acordo com os modelos revistos previamente é possível iniciar o processo

de planejamento de partes interessadas.

Este processo visa desenvolver estratégias adequadas para engajar as partes

interessadas ao longo do ciclo de vida do projeto, baseando-se na análise de suas

necessidades, interesses e impacto sobre o projeto, previamente mapeadas através das

técnicas de identificação e classificação de stakeholders. O plano de gerenciamento de

partes interessadas fornece um guia de interação com as diversas partes interessadas do

projeto para que as mesmas apóiem os interesses do projeto, aumentando assim, suas

chances de sucesso.

As entradas do processo de planejamento da gestão de partes interessadas são o

plano de gerenciamento do projeto, o registro de partes interessadas, fatores ambientais da

organização e os ativos de processos organizacionais. Utilizando-se de ferramentas e

técnicas como opinião especializada e técnicas analíticas busca-se obter o plano de

gerenciamento de partes interessadas e a atualização de documentos do projeto (PMI,

2013).

Uma vez que a definição de técnicas de engajamento de partes interessadas é

função da cultura organizacional, do modelo de liderança e dos processos adotados pela

organização, identifica-se na literatura uma gama bastante diversa sobre o entendimento do

que é o engajamento de partes interessadas.

De maneira geral é apresentado pela literatura que o engajamento de partes

interessadas é tomada como uma medida da responsabilidade corporativa, ou seja, quanto

mais as partes estão engajadas, mais responsável é a organização (GREENWOOD, 2007).

No entanto, observa-se a divisão dos pontos de vista em engajamento de partes

interessadas em três categorias: Responsabilidade, gerencialista e controle e construção

social.

Page 31: Engajamento de Partes Interessadas - Estudo de Caso

20

GREENWOOD (2007) realizou uma análise mais detalhada dos diferentes pontos de

vista do engajamento de partes interessadas apresentados na literatura, tais resultados

estão sumarizados no Quadro 3.

Analisando-se o Quadro 3 verifica-se a variedade de interpretações em relação ao

entendimento do conceito de engajamento de partes interessadas e de como engajamento

pode auxiliar a organização a atingir seus objetivos.

O engajamento é analisado com base em três enfoques distintos, o engajamento

como uma medida da responsabilidade da organização para com as partes interessadas e a

sociedade como um todo e uma linha apresentada por alguns autores que ligam o

engajamento de partes interessadas a uma forma de melhorar o controle gerencial e um

terceiro ponto de vista que envolve o engajamento de partes interessadas como meio de

controle e construção social.

Quadro 3 – Pontos de vista em relação ao engajamento de partes interessadas

Engajamento como forma

de...

Engajamento torna -se um

mecanismo para...

Baseado nas idéias de...

Responsabilidade

Dever Fiduciário Absolver o dever moral da

organização

EVAN e FREEMAN, 2004

Consentimento Minimizar injustiças e buscar

consentimento voluntário

VAN BUREN III, 2001

Governança corporativa Permitir às partes

interessadas acesso às

informações e decisões, dar

voz às partes interessadas

FREEMAN, 1984; VAN

BUREN III, 2001

Participação Permitir a participação de

partes interessadas

ARNSTEIN, 1969

Justiça Cumprir as obrigações com

as partes interessadas

PHILLIPS, 1997

Cooperação Reforçar a cooperação

baseada na confiança

PECCEI e GUEST, 2002

Prestação de Contas Reforçar a prestação de

contas da organização

GRAY et al., 1997

Page 32: Engajamento de Partes Interessadas - Estudo de Caso

21

Quadro 3 – Pontos de vista em relação ao engajamento de partes interessadas

(Continuação)

Engajamento como forma

de...

Engajamento torna -se um

mecanismo para...

Baseado nas idéias de...

Gerencialista

Unitarismo Encorajar a unidade de

valores desencorajando

comunicações informais,

minimizando dissidências.

Literatura em geral

Alto comprometimento nas

relações humanas

Identificar a contribuição do

empregado

PECCEI e GUEST, 2002

Contabilidade não financeira Medir intangíveis PECCEI e GUEST, 2002

Gerenciamento estratégico Gerenciar a organização

com base no interesse das

partes interessadas

FREEMAN, 1984

Aprendizado Contínuo Envolver partes interessadas

e aprender e melhorar

continuamente.

SILLANPAA, 1998

Legitimação Legitimação da empresa

para as partes interessadas

DEEGAN, 2002

Gerenciamento de riscos Desviar críticas DEEGAN, 2002

Controle e construção social

Confiança-desconfiança Criar confiança ou minimizar

a desconfiança.

SWIFT, 2001

Capital gerencial Melhorar o controle gerencial OWEN et al. 2000

Construção social Construir a imagem da

organização

LIVESEY e KEARINS, 2002

Medida definitiva Minar objetivos democráticos

e controlar o imensurável

POWER, 2004

Apropriação de

conhecimento

Transformar o conhecimento

tácito de partes interessadas

em conhecimento explícito.

KAMOCHE, 2006;

POWER, 2004

Imoralidade Suprimir o instinto moral BAUMAN, 1993

Fonte: Adaptado de GREENWOOD (2007)

Page 33: Engajamento de Partes Interessadas - Estudo de Caso

22

Através dos dados apresentados no Quadro 3 é possível, tendo como dados de

entrada o conhecimento da cultura organizacional e o estilo de liderança adotado pelos seus

gestores, definir em qual ponto de vista se enquadra a organização (responsabilidade,

controle e construção social e gerencialista) e, portanto, qual a melhor estratégia de

engajamento de partes interessadas a ser adotada.

Para GREENWOOD (2007) a visão de que o engajamento de partes interessadas

pode ser relacionado ao nível de responsabilidade corporativa é bastante simplista e

superficial. Para a autora, o engajamento de partes interessadas não deve ser confundido

com a responsabilidade da organização em relação a estas partes uma vez que o

engajamento é, na realidade, moralmente neutro uma vez que as organizações podem

engajar suas partes interessadas de maneira a reforçar interesses corporativos em

detrimento que quaisquer percepções morais. A autora reconhece que o engajamento pode

coincidir com um tratamento moral das partes interessadas, no entanto, isso não deve ser

confundido sempre com um comportamento moral da organização em relação às partes

interessadas.

Visando teorizar a relação entre o engajamento de partes interessadas e a

responsabilidade corporativa a autora apresenta um novo modelo para o engajamento de

partes interessadas voltado a interpretar a complexa relação entre estes fatores. O modelo

em questão é apresentado na Figura 6.

De acordo com a autora o modelo apresentado da Figura 6 é dividido em quatro

quadrantes e oito regiões, descritos da seguinte forma:

O quadrante 1, denominado de “Responsabilidade” é caracterizado por elevada

atuação na defesa dos interesses das partes interessadas bem como elevado engajamento,

de acordo com o modelo, nestas circunstancias a organização equilibra os interesses das

partes interessadas com a manutenção dos princípios morais e de justiça.

O quadrante 2, chamado de “Paternalismo” envolve um baixo engajamento com as

partes interessadas, no entanto há elevada atuação da organização o que caracteriza uma

relação paternalista entre a organização e partes interessadas refletida em ações de

filantropia entre a organização e empregados e comunidades. Como a empresa é capaz de

conhecer e atender os interesses das partes interessadas sem consultá-las, o que é

altamente questionável, segundo a autora. Neste caso, cria-se uma relação de dependência

das partes interessadas com a organização.

Page 34: Engajamento de Partes Interessadas - Estudo de Caso

23

Figura 6 – Modelo de engajamento de partes interessadas

Fonte: GREENWOOD (2007)

O quadrante 3 chamado de “Neoclássico” é caracterizado pelo baixo interesse da

organização no engajamento das partes interessadas e sua atuação é focada com base nos

interesses econômicos da organização.

O quadrante 4 é denominado “Estratégico” onde a organização responde as

necessidades das partes interessadas com foco nos objetivos futuros da organização assim

o gerenciamento de partes interessadas deve ser entendido como parte da estratégia da

organização, atuando nos interesses dos stakeholders a organização atua em seus próprios

interesses.

As regiões do modelo podem ser assim descritas:

1. Região A: Caracterizado pela tradicional responsabilidade corporativa e um

engajamento compreensivo das partes interessadas, neste caso a atuação é

focada no interesse das partes interessadas possuidoras de legitimidade,

consequentemente obtém-se nível ótimo de engajamento das partes

interessadas com melhora na percepção de responsabilidade corporativa;

Page 35: Engajamento de Partes Interessadas - Estudo de Caso

24

2. Região B: A atuação é voltada ao interesse de todas as partes interessadas,

incluindo as não dotadas de legitimidade, neste caso há a participação de

muitas partes interessadas o que compromete o objetivo da organização;

3. Região C: Neste caso é um engajamento restrito a poucas partes

interessadas, as quais são o foco da organização, assim a atuação da

organização será voltada aos interesses de partes interessadas dotadas de

legitimidade agindo no interesse percebido de partes interessadas sem

adequada consulta as mesmas;

4. Região D: A atuação é focada no interesse de partes interessadas dotadas de

legitimidade, no entanto, não há preocupação com o engajamento destas

partes agindo-se apenas no interesse percebido das partes interessadas sem

consulta prévia o que promove uma redução da liberdade das partes em

relação a organização;

5. Região E: O engajamento é realizado com base na expectativa de mercado

neste caso. Aqui o foco passa a não ser o interesse das partes interessadas e

não se percebe engajamento suficiente para atender as necessidades dos

controladores da organização. A organização e as partes interessadas atuam

como entidades econômicas;

6. Região F: Não há engajamento de partes interessadas, o que é determinado

pelos agentes no controle da organização, neste caso não há atuação no

engajamento de partes interessadas, mesmo as consideradas legítimas, a

atuação dos agentes no controle limita-se a seus próprios interesses podendo

resultar em fraudes, corrupção e abuso de direitos humanos;

7. Região G: Neste caso há o engajamento de partes interessadas legítimas

focando na promoção de interesses de acionistas, assim há a percepção de

que há atuação para defesa de interesse de todas as partes interessadas o

que promove o alinhamento com a estratégia corporativa a reputação da

organização e sua legitimidade com as partes interessadas;

8. Região H: Caracterizada pela irresponsabilidade corporativa, há a percepção

de atuação somente em defesa de partes interessadas com influência direta

na organização e o engajamento é realizado baseado em condições

enganosas como se o objetivo fosse atendimento dos interesses das partes

interessadas;

O modelo descrito por GREENWOOD (2007) permite relacionar a responsabilidade

corporativa e o engajamento de partes interessadas e indica que nem sempre a atuação da

Page 36: Engajamento de Partes Interessadas - Estudo de Caso

25

organização no sentido de garantir os interesses de partes interessadas é um indicativo da

responsabilidade da organização para com estas partes.

2.2.2.4 - Gerenciar o engajamento das partes intere ssadas

Este processo envolve a adequada comunicação e o trabalho junto às partes

interessadas no sentido de atender as suas necessidades e expectativas incentivando assim

o engajamento dos envolvidos ao longo de todo o ciclo de vida do projeto.

Este processo visa fornecer ao gerente de projetos a oportunidade de elevar o nível

de apoio às partes interessadas e minimizar sua resistência em relação ao projeto, elevando

assim a probabilidade de êxito do mesmo.

As entradas do processo envolvem o plano de gerenciamento de partes

interessadas, plano de gerenciamento das comunicações do projeto, registro de mudanças

e ativos de processos organizacionais. O objetivo deste processo é obter o registro dos

pleitos das partes interessadas, solicitações de mudanças, atualizações do plano de

gerenciamento de projeto e atualizações nos ativos de processos organizacionais,

utilizando-se de ferramentas e técnicas como habilidades de gerenciamento e interpessoais

bem como métodos de comunicação (PMI, 2013).

Para HURTADO (2014) cabe ao gerente de projetos atuar no sentido de executar a

estratégia definida no gerenciamento de partes interessadas, minimizando conflitos de

interesses através da busca por soluções que envolvam a identificação de alternativas e

mantendo a equipe do projeto motivada na busca por resultados. Para a autora o gerente de

projetos deve buscar uma relação sinérgica entre os vários interessados no projeto e,

somente através desta relação, será possível alcançar o sucesso do projeto.

De acordo com a literatura (MELO, 2013) o plano de comunicação é uma ferramenta

fundamental para o adequado gerenciamento de partes interessadas, uma vez que permite

organizar o fluxo de informações e permitir uma melhor atuação das partes interessadas em

caso de crises, minimizando impactos negativos.

Em seu trabalho, HURTADO (2014) descreve a relação entre o engajamento de

partes interessadas e a comunicação do projeto, conforme apresentado na Figura 7.

Observa-se que a adequada comunicação entre os diversos atores do projeto é

etapa fundamental para o adequado gerenciamento de partes interessadas.

Page 37: Engajamento de Partes Interessadas - Estudo de Caso

26

Figura 7 – Gestão de comunicação com partes interessadas

Fonte: HURTADO (2014)

De acordo com o descrito pela autora, um plano de comunicação aberto e eficaz,

capaz de desenvolver confiança entre os membros da equipe permite administrar conflitos

de forma construtiva e tomada de decisão de forma colaborativa.

Analisando-se a Figura 7, percebe-se que na fase de planejamento do projeto é

necessário o mapeamento das partes interessadas do projeto, identificação de diálogos

existentes entre as partes bem como os assuntos críticos a serem discutidos, com base

nestas informações, o gerente do projeto é capaz de priorizar e preparar a adequada

comunicação entre os interessados. Durante a fase de execução o gerente de projetos deve

buscar a facilitação do diálogo entre as partes interessadas bem como criar as condições

adequadas para tal, em seguida é desenvolvido um plano de ação que será a ferramenta de

monitoramento da comunicação.

2.2.2.5 - Controle do engajamento das partes intere ssadas

Engloba as ações de monitoramento e controle do engajamento das partes

interessadas e promove o ajuste de planos e estratégias visando manter ou ampliar o

engajamento das partes interessadas.

O objetivo deste processo é manter ou ampliar a eficácia das estratégias de

engajamento definidas uma vez que o ambiente do projeto é mutável.

Page 38: Engajamento de Partes Interessadas - Estudo de Caso

27

As entradas do processo são o plano de gerenciamento do projeto, registro de

pleitos, dados de desempenho e documentos de projeto, estes dados subsidiam a aplicação

de ferramentas e técnicas como sistemas de gerenciamento de informações, opiniões

especializadas e reuniões para que se obtenha, ao final, informações sobre o desempenho

do trabalho, solicitações de mudança, atualizações do plano de gestão do projeto bem como

atualização dos documentos de projeto e ativos organizacionais (PMI, 2013).

ACKERMANN e EDEN (2011) estudaram o gerenciamento estratégico de partes

interessadas com foco no desenvolvimento de aplicações práticas dos conceitos

apresentados na literatura. Para os autores é necessário entender a dinâmica de relações

entre as diversas partes interessadas de forma a identificar as redes sociais que podem se

formar e a possibilidade de coalizões entre as partes, o que pode ser benéfico ou não para

os interesses da organização.

O entendimento das relações entre as partes interessadas é o passo inicial para o

monitoramento e controle de partes interessadas do projeto.

Para HURTADO (2014) os novos conceitos de gestão de partes interessadas devem

focar o lado comportamental e postural das relações humanas e não somente na cultura

organizacional e gestão de mudanças que muitas vezes não podem ser realizadas. De

acordo com a autora a metodologia de gestão de partes interessadas está estruturada em

quatro fases: encantar, envolver, efetivar e evoluir, e tais fases são fundamentais para

manter o engajamento das partes ao longo do projeto.

A fase de encantamento se traduz na busca constante pelas organizações pelo

diferencial de seus produtos, processos e serviços em relação á concorrentes. Para tanto a

autora descreve que é necessário inicialmente o encantamento dos clientes internos,

fazendo com que os mesmos se sintam satisfeitos em trabalhar na organização, bem como

despertar o sentido de importância destas pessoas para o desenvolvimento de projetos de

qualidade, tornando-as responsáveis pelo seu sucesso. Faz-se necessário ainda, segundo a

autora, criar mecanismos de medição de satisfação de clientes bem como da qualidade do

produto/serviço entregue, no caso do gerenciamento de projeto essa tarefa se torna um

pouco mais rebuscada devido à natureza não-palpável do produto, o que torna ainda mais

importante as relações pessoais na medição de satisfação com o produto gerado.

Para HURTADO (2014) a fase de envolvimento está relacionada a promover um

autoconhecimento nas pessoas envolvidas nas atividades organizacionais de maneira que

as mesmas redescubram a satisfação na execução de suas tarefas.

Page 39: Engajamento de Partes Interessadas - Estudo de Caso

28

De acordo com a autora, a cultura organizacional abrange um conjunto de forças

importantes que influenciam o comportamento dos envolvidos. Tal cultura engloba as

normas formais da organização, mas também um conjunto de regras não escritas, ou seja,

normas inconscientes que direcionam o comportamento de cada indivíduo na organização.

Ainda segundo HURTADO (2014), na gestão de partes interessadas o processo de

engajamento está ligado ao plano de comunicação. Um plano de engajamento que envolva

diálogos transparentes, negociações claras, parceria e confiança é capaz de gerar

comprometimento entre pessoas.

Manter o engajamento envolve deixar claro quais mudanças serão provocadas pelo

projeto, para tanto é preciso conhecer a cultura organizacional de forma a desenvolver

estratégias de comunicação capazes de promover a aceitação, conhecimento e

comprometimento das partes interessadas.

A autora descreve que a fase de efetivação é caracterizada pela pressão por

cumprimento de metas, neste momento é importante a capacidade de liderança no sentido

de influenciar os recursos a trabalharem com maior entusiasmo buscando atingir metas,

mas mantendo uma relação de confiança, o estilo de liderança é decisivo no sentido de

manter o ambiente saudável e comprometido.

Por sua vez, a fase de evolução está ligada ao monitoramento contínuo de

expectativas e realinhamento de perspectivas e pensamentos culminando no

redirecionamento de ações. Para alcançar tais objetivos é necessário que os objetivos do

projeto tenham sido definidos de acordo com a realidade do cliente e de acordo com a

capacidade de gestão, de forma a não se promover frustrações decorrentes de expectativas

desalinhadas, e acordo com a autora as expectativas serão melhor gerenciadas se as metas

forem claras e compatíveis com as reais possibilidades de realização.

De acordo com a breve revisão da literatura, ainda nos dias atuais existem variações

sobre a definição e os critérios de classificação de partes interessadas pelas organizações.

O modelo de classificação mais amplamente divulgado e empregado, conhecido

como Salience e desenvolvido por MITCHELL et al. (1997) apresenta algumas limitações

que alguns autores têm buscado eliminar.

Independente do modelo a ser aplicado, a classificação de partes interessadas é de

fundamental importância para que a administração da organização, ou no caso do

gerenciamento de projetos, o gestor do projeto, saiba como definir os planos de ações

específicos para cada classe de stakeholder, uma vez que, a tentativa de adotar uma

Page 40: Engajamento de Partes Interessadas - Estudo de Caso

29

metodologia única para todas as partes interessadas tende a ser pouco efetiva, de acordo

com a literatura.

De acordo com a literatura o engajamento de partes interessadas depende do

enfoque que a organização adota e quais objetivos estão por traz do modelo adotado que

está fortemente ligado à cultura organizacional e aos processos internos da organização.

No âmbito do gerenciamento de projetos a gestão de partes interessadas é

fundamental para a eliminação de conflitos e, consequentemente, para o bom andamento do

projeto.

Page 41: Engajamento de Partes Interessadas - Estudo de Caso

30

3. DISCUSSÃO DO TEMA E RESULTADOS

Este capítulo visa apresentar a metodologia a ser empregada para a classificação de

stakeholders da gerência de engenharia da Refinaria Henrique Lage. A metodologia de

pesquisa a ser utilizada é composta das seguintes etapas:

1. Descrição do ciclo de vida de projetos de investimento no âmbito da gerência

de engenharia da REVAP;

2. Análise dos potenciais e principais stakeholders a serem considerados na

gestão de projetos pela gerência estudada;

3. Análise de percepção dos stakeholders quanto à atual gestão de partes

interessadas aplicada pela gerência através de entrevistas;

4. Aplicação dos modelos de MITCHELL et al. (1997), MAINARDES et al. (2011)

e SAVAGE et al. (1991) para classificar os diversos stakeholders;

5. Análise dos resultados obtidos e proposição de ações a serem

implementadas;

3.1 – CICLO DE VIDA EM PROJETOS DE INVESTIMENTO NA PETROBRAS

A gerência da engenharia da Refinaria Henrique Lage, conforme descrito no Capítulo

1 é responsável pela implantação de projetos de investimento de pequeno e médio porte

para a refinaria que visem melhorias operacionais nas unidades de processo, questões

ambientais ou que visem melhorar as condições de segurança das referidas unidades.

A classificação dos projetos em pequeno ou médio porte é feita com base nos custos

de implantação dos investimentos, até um determinado valor o projeto é considerado de

pequeno porte e acima deste é classificado como projeto de médio porte. Tendo em vista

ser uma informação estratégica para a PETROBRÁS, este valor não será divulgado neste

trabalho, porém, não haverá danos aos objetivos deste estudo decorrentes da não

divulgação desta informação.

Os projetos considerados de médio porte passam por mais etapas de decisão antes

da autorização para execução e são acompanhados de forma mais próxima pelos órgãos

responsáveis da PETROBRÁS, os investimentos considerados de pequeno porte são

geridos basicamente pela gerencia de engenharia da refinaria.

Atualmente a PETROBRÁS dispõe de um padrão interno para o gerenciamento de

partes interessadas em projetos, no entanto, este padrão é voltado exclusivamente para

investimentos de grande porte e sua aplicação para investimentos de médio e pequeno

porte é considerada inadequada.

Page 42: Engajamento de Partes Interessadas - Estudo de Caso

31

3.1.1 – PROJETOS DE MÉDIO PORTE

O ciclo de vida para projetos de investimento de médio porte no âmbito da diretoria

de Abastecimento compreende um total de cinco fases, descritas a seguir (PETROBRÁS,

2014):

1. Fase I – Relacionada à identificação da oportunidade do negócio;

2. Fase II – Compreende o desenvolvimento do projeto conceitual (Definição do

escopo);

3. Fase III – Desenvolvimento do projeto básico ou o planejamento da

execução;

4. Fase IV – Execução do projeto;

5. Fase V – Encerramento do projeto;

Cada fase é caracterizada por um conjunto de atividades e processos que resultam

em entregáveis, sendo as fases I e II (Identificação da oportunidade, projeto conceitual e

projeto básico) a etapa de planejamento do projeto. A etapa de controle do projeto é

composta pelas fases IV e V que corresponde à implantação do projeto e sua entrada em

operação (PETROBRÁS, 2014). As etapas do ciclo de vida dos projetos de investimento na

PETROBRÁS são apresentadas na Figura 8 abaixo.

Figura 8 – Ciclo de vida para projetos de investimento na PETROBRÁS Fonte: PETROBRÁS (2014)

Page 43: Engajamento de Partes Interessadas - Estudo de Caso

32

Na etapa de planejamento do projeto define-se o que será realizado, os recursos

necessários, os requisitos de aceitação do produto a ser gerado pelo projeto e os prazos de

implantação. Ao final de cada fase as informações são checadas em relação ao nível de

detalhe necessário para a tomada de decisão de seguir ou não para a fase seguinte, caso o

nível de informação seja suficiente passa-se para a próxima fase, caso negativo retorna-se à

fase anterior para maior detalhamento de informações (PETROBRÁS, 2014).

A metodologia adotada para a passagem de fase nos projetos de investimento da

PETROBRÁS é a realização de Portões (Gates) de decisão, onde os responsáveis pela

tomada de decisão podem considerar quatro definições para o projeto:

1. Cancelar – O projeto é cancelado case demonstre inviável ou não esteja mais

alinhado ao plano estratégico da companhia;

2. Adiar – O projeto é adiado caso mudanças no ambiente de negócios e

alterações de cenários tornem o projeto atraente no futuro;

3. Reciclar – Esta decisão é tomada quando o grupo decisor entende que são

necessárias informações adicionais que permitam o avanço do projeto;

4. Continuar – O projeto continua se as informações geradas até aquela fase

são suficientes e as análises satisfatórias;

De acordo com a PETROBRÁS (2014), a cada portão cabem decisões específicas,

conforme apresentado a seguir e ilustrado na Figura 8:

1. Portão 1 (Entre as fases I e II) – Aprova-se a inclusão do projeto no portfólio

da área de negócio e autoriza o desenvolvimento do projeto conceitual;

2. Portão 2 (Entre as fases II e III) – Aprova-se a análise econômica do projeto

conceitual e autoriza-se o desenvolvimento do projeto básico;

3. Portão 3 (Entre as fases III e IV) – Aprovação da análise econômica baseada

no projeto básico e autorização para a execução;

Após a aprovação do investimento no Portão 3, inicia-se a etapa de controle do

projeto com o desenvolvimento do detalhamento do projeto e a fase de execução. Concluída

a fase de execução segue-se a fase de encerramento do projeto de investimento.

3.1.2 – PROJETOS DE PEQUENO PORTE

Conforme citado anteriormente os projetos de pequeno porte são gerenciados pela

gerência de engenharia da refinaria que é responsável por todas as fases do projeto.

O ciclo de vida de projetos de pequeno porte se inicia com a aprovação do projeto

conceitual, desenvolvido pela gerência solicitante, no comitê de investimento da refinaria.

Uma vez aprovado neste comitê, a gerência de engenharia desenvolverá o projeto básico e

Page 44: Engajamento de Partes Interessadas - Estudo de Caso

33

submeterá o projeto à aprovação do órgão competente da PETROBRÁS que indicará ou

não a inclusão do projeto no portfólio da gerência de engenharia para o ano seguinte.

Assim como para investimentos de médio porte é adotada a metodologia de portões

(Gates) de aprovação, no entanto, de uma forma simplificada, descrita a seguir

(PETROBRÁS, 2014).

1. Portão de Embarque – Etapa na qual a gerência solicitante apresenta o

projeto conceitual para aprovação pela Gerência de Engenharia de demais

gerências envolvidas, ou diretamente interessadas no sucesso do projeto;

2. Portão Técnico 1 – Etapa após o desenvolvimento do projeto básico na qual

se verifica se os aspectos de confiabilidade e segurança estão atendidos, é

realizada por grupo multidisciplinar com a participação de todas as gerências

envolvidas;

3. Portão técnico 2 – Etapa realizada após o detalhamento do projeto na qual se

verifica o alinhamento do projeto com os aspectos de confiabilidade e

segurança e a aderência do projeto ao escopo original, é realizada com a

presença de todas as gerências envolvidas;

Após a aprovação do portão técnico 2 passa-se à fase de construção e montagem

(execução) do projeto e ao final desta inicia-se o encerramento do projeto de investimento.

Nota-se que os projetos de pequeno porte, que são a maior parte do portfólio da

gerência de engenharia da REVAP, possuem etapas simplificadas de aprovação em relação

a investimentos de médio porte. Como, por critério da companhia, toda modificação nas

áreas industriais ou prediais deve se tornar um projeto, cada uma das gerências da REVAP,

conforme apresentada na Figura 1, torna-se uma potencial parte interessada da gerência de

engenharia, conforme detalharemos a seguir.

3.2 – DESCRIÇÃO DA CONDIÇÃO ATUAL DA REVAP/EN

Conforme descrito anteriormente, todas as gerências da refinaria são potenciais

partes interessadas da gerência de engenharia da REVAP, uma vez que todas podem ser

solicitantes de projetos de investimento a serem conduzidos pela gerência.

Empresas contratadas para o detalhamento dos projetos básicos e de construção e

montagem constituem também partes interessadas da gerência, bem como sindicatos dos

trabalhadores.

A comunidade local também pode ser citada como parte interessada nas ações da

gerência de engenharia da REVAP, uma vez que é impactada direta ou indiretamente pelos

Page 45: Engajamento de Partes Interessadas - Estudo de Caso

34

projetos de investimentos implantados por este órgão. Entre os impactos positivos podemos

listar a geração de empregos para a comunidade local e entre os negativos, aumento no

trânsito de veículos pela região e elevação do nível de ruído durante a fase de execução dos

projetos.

Outro stakeholder a ser considerado pela gerência de engenharia da REVAP são os

órgãos ambientais, uma vez que muitos dos projetos a serem conduzidos pela gerência são

de cunho ambiental e visam atender a restrições e normas ambientais.

A própria PETROBRÁS no papel de patrocinador dos projetos a serem implantados

configura uma das principais partes interessadas a serem geridas pela REVAP/EN.

Portanto, podemos listar como stakeholders da gerência de engenharia da REVAP

os seguintes grupos:

1. PETROBRÁS – No papel de patrocinador dos projetos a serem implantados pela

gerência;

2. Órgãos Ambientais – No papel de agente regulador dos projetos de cunho ambiental;

3. Comunidade Local – Impactada diretamente pelas ações da gerência na implantação

dos projetos por ela conduzidos;

4. Empresas contratadas – Dependentes financeiramente dos projetos a serem

desenvolvidas;

5. Gerência solicitante – No papel de interessado no sucesso do projeto, conforme já

destacado qualquer gerência da refinaria (Figura 1) pode ser uma gerência

solicitante;

6. Sindicatos – Os sindicatos são partes interessadas no sentido que podem impactar

diretamente o andamento da execução dos projetos;

7. Gerente de Engenharia – Diretamente afetado pelo resultado do projeto tendo em

vista ser o responsável principal por sua implantação;

8. Funcionários da Gerência de engenharia – São diretamente afetados pelo sucesso

dos projetos implantados tendo em vista que o resultado impacta diretamente no

ambiente de trabalho e nos resultados da gerência;

Conforme pode ser verificado pelo descritivo acima, os diversos stakeholders da

gerência de engenharia da REVAP são afetados de forma distinta pelos resultados do

projeto, o que leva a diferentes padrões de comportamento em relação à implantação

dos projetos de investimento bem como diferentes níveis de engajamento. O Quadro 4

apresenta as características principais de cada uma das partes interessadas citadas

acima.

Page 46: Engajamento de Partes Interessadas - Estudo de Caso

35

Quadro 4 – Stakeholders da Gerência de engenharia da REVAP e suas características

Stakeholder Principais características

PETROBRÁS Visa à implantação dos investimentos no

menor prazo possível de forma a antecipar

o retorno sobre o investimento, possui

elevado poder e influência, uma vez que é

o patrocinador dos projetos a serem

implantados.

Órgãos ambientais Possuem elevado interesse e influência

nos projetos de cunho ambiental, uma vez

que são responsáveis pelo licenciamento

dos mesmos.

Comunidade local È influenciada pelos investimentos, mas

possui pouco poder e influência, possui

elevado interesse basicamente pelas

oportunidades de trabalho geradas.

Empresas contratadas Possuem elevado interesse uma vez que

dependem financeiramente dos

investimentos a serem implantados,

possuem ainda influência pois fornecem

mão de obra para execução.

Gerência solicitante São responsáveis pela demanda do projeto

e principais interessados em seus

resultados, possuem elevada influência,

pois são responsáveis pela liberação para

implantação das mudanças propostas pelo

projeto.

Sindicatos Exercem influência sobre a mão de obra de

execução dos investimentos.

Gerente de engenharia Responsável direto pelo sucesso/fracasso

na implantação dos investimentos.

Funcionários da Gerencia de engenharia São afetados pelos resultados dos projetos

tendo em vista que a avaliação de seu

desempenho está diretamente ligada ao

resultado dos investimentos implantados.

Fonte: Elaborado pelo Autor

Page 47: Engajamento de Partes Interessadas - Estudo de Caso

36

Atualmente a gerência de engenharia da REVAP não aplica nenhuma técnica

específica para gerenciamento e/ou engajamento de partes interessadas, este fato

associado a algumas lacunas no plano de comunicação dos projetos leva a maiores

dificuldades na implantação dos investimentos, uma vez que a falta de comunicação

adequada leva ao desconhecimento dos objetivos das mudanças a serem

implementadas ao longo do projeto o que, pela percepção atual, leva a maiores

dificuldades na fase de execução dos investimentos.

Estas dificuldades podem ser traduzidas em maiores atrasos na liberação

operacional das unidades de processo para que os serviços relativos a implantação das

modificações propostas no projeto sejam executadas bem como maior consumo de

tempo para que as partes interessadas entendam (principalmente a gerência solicitante)

quais serão as modificações a serem efetuadas e quais os benefícios que estas trarão

para os demandantes, ou seja, o entendimento correto do que deverá ser executado é

fundamental para que se dissemine o senso de urgência em todos os stakeholders,

reduzindo assim atrasos na execução.

De maneira a obter a real percepção de alguns dos stakeholders da gerência de

engenharia da REVAP, foram conduzidas entrevistas com membros das gerências

solicitantes. Ao longo de seis meses foram entrevistadas pessoas ligadas a gerências

solicitantes de projetos de investimento, uma vez que os funcionários das gerências

solicitantes são os principais clientes atendidos pelos projetos de investimento

implantados pela gerência de engenharia da REVAP. As entrevistas foram conduzidas

ainda com funcionários da gerência de engenharia com o objetivo de identificar pontos

de melhoria no fluxo de informações e que pudessem ser utilizados como base para

melhores estratégias de engajamento deste grupo de partes interessadas.

Para os membros de gerências solicitantes foi enviado um questionário contendo 5

perguntas o qual foi respondido por um total de 20 membros de um total de 30

participantes, para os funcionários da gerência de engenharia (REVAP/EN) o

questionário enviado continha 4 perguntas e foi respondido por um total de 15

funcionários de um conjunto de 20 funcionários consultados.

O procedimento adotado visou preservar a identidade dos participantes bem como

tornar mais ágil a coleta e análise de dados obtidos.

Os questionários enviados focavam na captação, por parte dos stakeholders

entrevistados, da percepção destes em relação a qualidade e efetividade do processo de

comunicação utilizado pela gerência de engenharia da REVAP e também a satisfação do

cliente em relação aos investimentos entregues pela gerência.

Page 48: Engajamento de Partes Interessadas - Estudo de Caso

37

Em tais entrevistas os membros das gerências demandantes relatam queixas como

falta de comunicação adequada quanto à justificativa que levou a implantação dos

projetos bem como dos benefícios que se espera dos mesmos, boa parte dos

entrevistados considera que, sabendo-se dos reais objetivos dos projetos e dos

benefícios que os mesmos trariam, haveria uma redução nos prazos de implantação

destes investimentos, confirmando a descrição anterior.

Pelo lado dos funcionários da gerência de engenharia a principal queixa é de que os

resultados alcançados pelos projetos implantados são pouco divulgados para a força de

trabalho. Segundo os entrevistados, a divulgação dos resultados obtidos teria um efeito

positivo sobre a moral da equipe de desenvolvimento dos projetos e, consequentemente,

sobre o engajamento dos mesmos.

Parte dos entrevistados relata ainda que os objetivos que levaram a implantação dos

projetos de investimento não são adequadamente divulgados pela gerência aos

funcionários o que, segundo os entrevistados, dificulta a negociação junto à gerência

solicitante do projeto da liberação de equipamentos e sistemas para intervenção e

execução das obras de instalação das mudanças previstas no escopo do investimento, o

que reforça as queixas apresentadas pelos membros das gerências solicitantes.

Para ambos os grupos entrevistados (Gerência solicitante e Funcionários da

REVAP/EN) os Gates de passagem de fase dos projetos de investimentos costumam ter

um caráter essencialmente técnico quando, na opinião dos entrevistados, deveria focar

no planejamento da intervenção para implantação das mudanças.

Observa-se, portanto, que a metodologia aplicada atualmente, que envolve os

chamados Gates de aprovação dos projetos, principalmente o que antecede a etapa de

execução dos mesmos são insuficientes para promover o adequado engajamento das

partes interessadas dos projetos a serem implantados pela gerência de engenharia da

REVAP. Este fato se dá em função de que a informação não é corretamente

disseminada pelos participantes dos Gates de aprovação, o que gera certa resistência

dos envolvidos, uma vez que não é dada ampla consciência dos impactos que os

projetos representarão ou mesmo pelo fato de que algumas partes interessadas não têm

acesso às reuniões internas como é o caso da comunidade local, sindicatos e órgãos

ambientais.

Conforme verificado na literatura o engajamento de partes interessadas é fortemente

impactado pela correta disseminação das informações do projeto, caso contrário as

partes prejudicadas podem sentir-se desprestigiadas pelos gestores do projeto o que

Page 49: Engajamento de Partes Interessadas - Estudo de Caso

38

pode levar a resistências indesejadas a implantação dos mesmos e que poderiam ser

evitadas.

3.3 - CLASSIFICAÇÃO DOS STAKEHOLDERS DA REVAP/EN

Visando indicar melhores estratégias para a gestão e o engajamento de partes

interessadas para a gerência de engenharia da Refinaria Henrique Lage (REVAP) foi

realizada a classificação dos stakeholders identificados de acordo com o modelo proposto

por MITCHEL et al. (1997) com base nas entrevistas realizadas e nos padrões adotados

pela gerência na relação com seus stakeholders. Os resultados são apresentados no

Quadro 5.

Quadro 5 – Classificação dos Stakeholders da Gerencia de engenharia da REVAP segundo o modelo de MITCHEL et al. (1997)

Stakeholder Poder Legitimidade Urgência Classificação

PETROBRAS X X X Definitivo

Órgãos

Ambientais

X X X Definitivo

Comunidade

local

X Discricionário

Empresas

Contratadas

X X Dependente

Gerência

solicitante

X X X Definitivo

Sindicatos X Adormecido

Gerente de

Engenharia

X X Dominante

Funcionários da

gerência de

engenharia

X Discricionário

Fonte: Elaborado pelo Autor

Baseando-se nos resultados do Quadro 5, podemos ilustrar a classificação dos

stakeholders da REVAP/EN de acordo com seus atributos ainda de acordo com o modelo

proposto por MITCHEL et al. (1997). O resultado é apresentado na Figura 9.

Seguindo-se o modelo proposto por MITCHEL et al. (1997) a gerência de engenharia

da refinaria Henrique Lage possui três stakeholders classificados na categoria definitivos, ou

seja, possuem poder, legitimidade e urgência, tais stakeholders são a PETROBRÁS, os

órgãos ambientais e a gerência solicitante do projeto de investimento a ser implantado.

Page 50: Engajamento de Partes Interessadas - Estudo de Caso

39

Figura 9 – Stakeholders da gerência de engenharia da REVAP de acordo com seus

atributos (Conforme modelo proposto por MITCHEL et al. 1997)

Verifica-se que os sindicatos, em função de não possuírem urgência ou legitimidade,

mas terem forte poder sobre a força de trabalho são classificados como stakeholders

adormecidos.

Os funcionários da gerência de engenharia e a comunidade local, caracterizados por

possuírem legitimidade e urgência são classificados como stakeholders discricionários,

segundo o modelo adotado.

O gerente de engenharia, caracterizado pela legitimidade e poder que exerce sobre a

gerência de engenharia é classificado como stakeholder dominante.

As empresas contratadas, por serem detentoras de legitimidade e urgência são

classificadas como stakeholders dependentes.

Conforme já discutido na revisão da literatura, o modelo apresentado por MITCHEL

et al. (1997) possui algumas limitações no que se refere às relações entre as partes

interessadas e a priorização destas dentro de um mesmo grupo.

Page 51: Engajamento de Partes Interessadas - Estudo de Caso

40

De forma a minimizar estas limitações e tornar mais adequada a classificação das

partes interessadas, aplicamos também o modelo proposto por MAINARDES et al. (2011) à

gerência de engenharia da REVAP e os resultados obtidos são descritos a seguir:

1. De acordo com o modelo a PETROBRÁS assume o papel de stakeholder

controlador sobre a gerência de engenharia da REVAP uma vez que existe

influência mutua entre as organizações e o stakeholder, mas neste caso o

stakeholder possui maior nível de influência sobre a organização

(REVAP/EN) do que o contrário. Tal papel também pode ser atribuído ao

gerente de engenharia;

2. Os órgãos ambientais e sindicatos assumem o papel de stakeholders

reguladores sobre a gerência de engenharia, tendo em vista que existe forte

influência do stakeholder sobre a organização, mas não há influência da

organização sobre o stakeholder, conforme sugerido pelo modelo;

3. A comunidade local, caracterizada por possuir pouca influência sobre a

gerência de engenharia e ser influenciada por ela, assume o papel de

stakeholder dependente;

4. O papel de stakeholder parceiro é assumido tanto pelas empresas

contratadas quanto pelas gerencias solicitantes, pois existe influência mutua

entre stakeholders e organização neste caso;

5. O papel de stakeholder passivo, no caso da gerência de engenharia da

REVAP, é assumido pelos funcionários lotados na gerência, pois observa-se

influência mutua entre stakeholders e organização, porém a organização é

quem controla a relação entre eles;

A Figura 10 apresenta as relações de influência entre a gerência de engenharia da

REVAP e seus stakeholders de acordo com o modelo proposto por MAINARDES et al.

(2011).

Conforme descrito na revisão da literatura, o modelo proposto por MAINARDES et al.

(2011) torna possível a rápida identificação da parte interessada que domina as relações de

influência.

No caso da gerência de engenharia da Refinaria Henrique Lage, a mesma domina as

relações em relação aos funcionários e comunidade local e existe um equilíbrio entre as

relações de influência no caso das empresas contratadas e das gerências solicitantes.

No caso das demais partes interessadas as relações de influência são controladas

pelos stakeholders.

Page 52: Engajamento de Partes Interessadas - Estudo de Caso

41

Figura 10 – Relações de influência entre a gerência de engenharia da REVAP e seus stakeholders de acordo com o modelo proposto por MAINARDES et al. (2011)

Analisando-se as informações apresentadas na Figura 10 é possível avaliar, de

forma gráfica, a relação de influência entre a gerência de engenharia e seus principais

stakeholders. De posse dessas informações é facilitada ao gerente de projetos a tarefa de

identificar quais grupos de partes interessadas devem ser o foco do plano de gerenciamento

de stakeholders, bem como do plano de comunicação dos projetos.

De acordo com o modelo proposto observa-se a relação de influência entre as partes

interessadas e a organização. Para o caso dos stakeholders reguladores (Sindicatos e

Órgãos ambientais) verifica-se que não há influência da organização sobre os stakeholders

neste caso.

No caso dos stakeholders controladores (PETROBRAS e gerente de engenharia)

observa-se a maior influência dos stakeholders sobre a organização do que o inverso.

Conforme já descrito, de posse dessas informações percebe-se que a melhoria nas políticas

de gestão de partes interessadas da REVAP/EN deve agir no sentido de engajar estas

partes interessadas prioritariamente.

Page 53: Engajamento de Partes Interessadas - Estudo de Caso

42

Uma vez classificadas as partes interessadas foi utilizado o modelo proposto por

SAVAGE et al. (1991) para analisar a tendência de cada um dos stakeholders em ameaçar

ou cooperar com a implantação de projetos de investimento a serem realizados pela

gerência de engenharia da REVAP.

Quadro 6 – Classificação dos Stakeholders da REVAP/EN de acordo com o modelo de SAVAGE et al. (1991)

Stakeholder Potencial de Ameaça Potencial de Cooperação Classificação

PETROBRAS Alto Alto Ambíguo

Órgãos

ambientais

Alto Alto Ambíguo

Comunidade

Local

Baixo Alto Disposto

Empresas

Contratadas

Baixo Alto Disposto

Gerência

solicitante

Alto Alto Ambíguo

Sindicatos Alto Baixo Indisposto

Gerente de

Engenharia

Baixo Alto Disposto

Funcionários da

REVAP/EN

Baixo Alto Disposto

Fonte: Elaborado pelo Autor

A partir da classificação apresentada no Quadro 6 é realizado o diagnóstico dos

stakeholders da gerência de engenharia da REVAP de acordo com o estabelecido pelo

modelo de SAVAGE et al. (1991), os resultados são apresentados na Figura 11.

Conforme descrito previamente a Figura 11 apresenta a estratégia a ser adotada

pela organização para buscar o engajamento ou, em alguns casos, neutralizar as partes

interessadas que poderiam vir a prejudicar o bom andamento dos projetos.

A estratégia é definida com base na classificação dos stakeholders de acordo com

seu potencial de ameaça e/ou colaboração com a organização para o alcance do sucesso

no desenvolvimento dos projetos a serem executados, no caso da gerência de engenharia

da Refinaria Henrique Lage (REVAP) os stakeholders são classificados nos grupos

ambíguos, indispostos a apoiar e a maioria no grupo dispostos a apoiar.

Page 54: Engajamento de Partes Interessadas - Estudo de Caso

43

Figura 11 – Diagnóstico dos Stakeholders da gerência de engenharia da REVAP de acordo

com o modelo proposto por SAVAGE et al. (1991)

De acordo com a Figura 11, a estratégia a ser adotada para os stakeholders

considerados ambíguos, ou seja, com potencial de colaboração e de ameaça é a

colaboração, desta forma deve-se envidar esforços no sentido de que estes stakeholders

exerçam sua influência no sentido de colaborar com a gerência de engenharia da REVAP,

os stakeholders classificados como dispostos devem ser ainda mais envolvidos nas

decisões dos projetos de forma a que se mantenham motivados a colaborar com os

resultados dos projetos a serem implantados. Por sua vez, a estratégia a ser aplicada ao

stakeholder sindicatos deve ser a defesa, ou seja, apoiá-los na medida do possível para que

os mesmos não se tornem uma ameaça e foco de possíveis conflitos.

De forma ideal a gerencia de engenharia deve atuar no sentido de promover todas as

partes interessadas em seus projetos a categoria de stakeholder disposto, buscando-se

sempre a colaboração mútua e o mínimo índice de conflitos.

Após a análise da gestão de partes interessadas da gerência de engenharia da

refinaria Henrique Lage através da aplicação dos modelos identificados na literatura e de

entrevistas com partes interessadas sugere-se algumas alterações nas políticas gerenciais e

Page 55: Engajamento de Partes Interessadas - Estudo de Caso

44

de relacionamento com partes interessadas a serem implementadas pela gerência de

engenharia da REVAP.

1. Tendo em vista que boa parte dos stakeholders são classificados como dispostos

existe uma facilidade em engajar tais partes interessadas, sendo assim estes devem

ser cada vez mais envolvidos nos projetos de forma a manterem a postura de apoio.

Tal envolvimento passa por uma satisfatória disseminação de informações e criação

do sentimento de parceria entre a gerência de engenharia e seus stakeholders, para

tanto sugere-se a criação de reuniões de acompanhamento do avanço físico dos

projetos de investimento com a presença destes stakeholders de forma que estes se

sintam realmente parte dos projetos;

2. Em relação aos stakeholders classificados como ambíguos sugere-se a adoção de

políticas de maior agilidade no atendimento de suas demandas no sentido de realçar

o compromisso da gerência com a satisfação dos stakeholders bem como deixar

claro que a gerência possui consciência da relevância das partes interessadas no

andamento dos projetos;

3. Em relação aos stakeholders indispostos sugere-se a gerência a adoção de uma

postura de colaboração, evitando-se conflitos e a demonstração constante de que a

gerência atua sempre dentro da conformidade das leis trabalhistas e apóia, sem

perseguições e preconceitos, os funcionários que aderirem aos movimentos de

reivindicações trabalhistas;

4. No caso da gerência solicitante (Stakeholder disposto) deve ser compreendido que o

objetivo central da gerência solicitante será sempre manter uma operação estável

das unidades de processo da refinaria, desta forma é natural que existe resistência a

implantação de mudanças oriundas de projetos de investimento. Ciente deste fato, a

REVAP/EN deve atuar no sentido de deixar claros os objetivos e benefícios que

serão alcançados com o sucesso na implantação dos projetos, desta forma

aumentando as chances de sucesso no engajamento deste stakeholder;

5. Em relação aos stakeholders funcionários da gerência de engenharia (Stakeholder

disposto) sugere-se a tentativa de maior envolvimento dos funcionários nos projetos

a serem implantados (através de melhorias no plano de comunicação dos projetos),

criando maior espírito de equipe e a consciência de que todos são responsáveis

pelos resultados obtidos, evitando-se posturas reativas em relação aos desafios a

serem enfrentados. Visa-se assim evitar sentimentos de conformismo com situações

adversas e o despertar de posturas mais proativas na busca por soluções de

problemas.

Page 56: Engajamento de Partes Interessadas - Estudo de Caso

45

Idealmente, conforme já exposto, adotando-se as sugestões apresentadas acima seria

possível a transferência de todos os stakeholders para a categoria disposto, tal simulação é

apresentada na Figura 12.

Figura 12 – Diagnóstico futuro para os stakeholders da gerência de engenharia da REVAP

Analisando-se a atual condição das políticas de engajamento de partes interessadas

da gerência da engenharia da REVAP, com base no modelo desenvolvido por

GREENWOOD (2007), observa-se que a praticamente inexistente política de engajamento

de partes interessadas leva ao engajamento ser realizado com base nos resultados que se

espera obter com os projetos, assim o foco passa a não ser o interesse das partes

interessadas o que leva a engajamento insuficiente para atender as necessidades da

organização provocando conflitos e entraves na implantação dos investimentos. Tal

condição é denominada de “Neoclássica” pelo modelo proposto e é caracterizada pelo baixo

interesse da organização, no caso a gerência de engenharia da REVAP, no engajamento

dos stakeholders, conforme descrito anteriormente, a atuação é focada no resultado final

dos projetos a serem implantados.

A Figura 13 apresenta a classificação da REVAP/EN de acordo com o modelo

proposto por GREENWOOD (2007) bem como a condição considerada ideal para a política

de engajamento de partes interessadas.

Page 57: Engajamento de Partes Interessadas - Estudo de Caso

46

Figura 13 – Posicionamento atual e ideal da REVAP/EN em relação à política de

engajamento de partes interessadas de acordo com o modelo proposto por GREENWOOD

(2007)

Considera-se um posicionamento ideal a condição em que a atuação da gerência de

engenharia seria voltada ao interesse das partes interessadas dotadas de legitimidade,

levando ao nível ótimo de engajamento dos stakeholders com melhora na percepção do

compromisso da gerência em relação às demandas das partes interessadas.

3.4 - ANÁLISE DE EFICÁCIA DAS MEDIDAS PROPOSTAS

Ao longo de um período de seis meses foram implementadas algumas das

sugestões citadas anteriormente. Por necessitarem de uma ação organizacional para sua

implantação e, consequentemente de um prazo mais longo para implantação as ações

sugeridas nos itens 2, 3 e 5 não foram avaliadas neste trabalho.

Buscou-se através da implantação das sugestões 1 e 4 um maior engajamento das

partes interessadas, principalmente a gerência solicitante do projeto, visando um fluxo de

informações mais adequados e que evidenciasse o compromisso da gerência de engenharia

em atender ao do projeto e também as reais necessidades da parte interessada. Conforme

já exposto, a gerência solicitante é classificada como stakeholder disposto pelo modelo de

Page 58: Engajamento de Partes Interessadas - Estudo de Caso

47

SAVAGE et al. (1991) o que indica que a parte interessada está inclinada a cooperar para o

sucesso do projeto.

A implantação das sugestões foi realizada através de reuniões com funcionários da

gerência solicitante de maneira a identificar, precisamente, quais as expectativas do

stakeholder com o resultado do projeto e quais as reais necessidades do stakeholder, de

posse destas informações eram checadas as expectativas com o real escopo do projeto e,

quando possível, o mesmo foi adequado para que atendesse as necessidades do cliente.

Ao decorrer do tempo verificou-se um maior engajamento da gerência solicitante nas

atividades de liberação dos serviços de execução, tendo em vista que havia a percepção,

por parte do stakeholder, de que a gerência de engenharia estava compromissada em

entregar o projeto conforme escopo e alinhado as necessidades da gerência solicitante. Tal

engajamento se refletiu em redução do prazo de liberação de sistemas operacionais para

execução das obras de implantação de projetos, conforme é apresentado na Figura 14.

Figura 14 – Redução do tempo médio de liberação para execução das obras de implantação

de projetos (Elaborado pelo autor)

Observa-se uma significativa redução no prazo (cerca de 45 %) de liberação para

execução dos serviços por parte da gerência solicitante o que refletiu positivamente no

prazo total de execução das obras de implantação do projeto bem como nos custos

associados a horas não trabalhadas devido a atrasos na emissão de permissões para

trabalho.

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Page 59: Engajamento de Partes Interessadas - Estudo de Caso

48

Outro fator que é fator de insatisfação da gerência solicitante é em relação a

qualidade dos projetos entregues pela gerência de engenharia, neste caso, entende-se por

qualidade o atendimento ao padrões de engenharia bem como o atendimento as

necessidades da gerência solicitante. Ao implementar ações para engajar os stakeholders

foi possível à gerência de engenharia melhor compreender as reais necessidades da

gerência solicitante através de maior disseminação de informações entre os usuários finais

do projeto o que levou a uma significativa redução (40%) no número de queixas em relação

à qualidade percebida nos projetos entregues pela gerência de engenharia da REVAP.

Figura 15 – Número de queixas relacionadas a qualidade percebida dos projetos entregues

pela REVAP/EN (Elaborado pelo autor)

. Os dados apresentados nas Figuras 14 e 15 foram obtidos através de entrevistas

com usuários finais da gerência solicitante antes e após a implantação das ações.

De acordo com os resultados obtidos verifica-se o efeito positivo entre a adequada

gestão de partes interessadas e ações de engajamento e o bom desempenho dos projetos

implementados pela gerência de engenharia da REVAP em relação a prazo, custo e

qualidade. As ações implantadas se referiram basicamente a uma melhora no plano de

comunicação dos projetos no sentido de engajar as partes interessadas, minimizar conflitos

e criar um ambiente de confiança e colaboração.

Conforme ressaltado anteriormente as demais ações sugeridas neste trabalho não

foram analisadas por requerem ações organizacionais e de prazo de implantação mais

longo. A aplicação dos modelos de classificação de partes interessadas disponíveis na

0

2

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10

12

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18

20

Antes da Implantação Após a Implantação

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Page 60: Engajamento de Partes Interessadas - Estudo de Caso

49

literatura tornou possível a elaboração de planos de gestão de stakeholders voltados para

cada uma das classes consideradas o que permite ao gerente de projetos elaborar

estratégias específicas de engajamento e de monitoramento e controle das partes

interessadas nos projetos desenvolvidos pela gerência analisada.

Page 61: Engajamento de Partes Interessadas - Estudo de Caso

50

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

4.1. Críticas e Comentários

Ao decorrer deste trabalho buscou-se destacar a relevância da adequada gestão de

partes interessadas para o sucesso do gerenciamento de projetos.

O estudo de caso da gerência de engenharia da Refinaria Henrique Lage (REVAP)

apresenta evidências de que a adequada comunicação aliada a estratégias adequadas de

engajamento de partes interessadas pode levar a redução prazos de implantação de

investimentos e, consequentemente, a redução de seus custos de implantação, além disso,

observa-se uma sensível melhora na qualidade percebida pelos clientes da gerencia

estudada que pode ser evidenciado pela redução do prazo de liberação para execução dos

trabalhos de campo para implantação dos investimentos e pela redução do número de

queixas em relação a qualidade dos projetos entregues pela gerência.

Na busca pelo adequado engajamento das partes interessadas, se faz necessário

um adequado plano de comunicação. Tal plano deve deixar claros os objetivos dos projetos

de investimento a serem implantados e quais benefícios serão entregues à companhia e a

gerência demandante, deixando assim evidente, o valor que cada projeto a ser implantado

irá agregar a gerência demandante.

Não há neste trabalho a pretensão de que os resultados obtidos possam ser de

aplicação geral a outras organizações, tendo em vista que, as questões culturais e políticas

organizacionais que podem conduzir a estratégias distintas de abordagem das diversas

partes interessadas, conforme destacado pela literatura.

A compreensão da influência do fator humano sobre a execução e gerenciamento de

projetos é fator motivador para a adequada gestão de partes interessadas e seu adequado

engajamento.

Os resultados obtidos no estudo de caso demonstram que a adequada gestão de

partes interessadas contribui para o alcance dos resultados esperados nos diversos projetos

desenvolvidos pela gerência estudada.

4.2. Recomendações para Futuros Trabalhos.

De forma a dar continuidade ao estudo da influência da gestão de partes

interessadas sobre o gerenciamento de projetos sugere-se a ampliação deste estudo

através da implantação das demais ações de engajamento propostas seguida de nova

avaliação de eficácia das medidas adotadas.

Page 62: Engajamento de Partes Interessadas - Estudo de Caso

51

Outro ponto relevante a ser pesquisado é a elaboração de planos de comunicação

específicos para cada uma das partes interessadas identificadas com foco nas partes

interessadas classificadas como indispostos de maneira a avaliar a efetividade deste no

engajamento destes stakeholders.

Page 63: Engajamento de Partes Interessadas - Estudo de Caso

52

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