enfrentar os desafios energéticos em África · 2016-05-17 · enfrentar os desafios energéticos...

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O BEI e a energia em África O acesso a serviços de energia sustentáveis e modernos é uma condição essencial da satisfação das necessidades humanas básicas e do desenvol- vimento económico e social em toda a África. A energia constitui, desde há muito, uma prioridade fundamental para as operações do BEI tanto no Norte de África como na África Subsariana, tendo beneficiado de um in- vestimento aproximado de 4 000 milhões de EUR nos últimos cinco anos. O continente africano possui abundantes fontes de energia renovável, nomeadamente hidroelétrica, eólica e solar. O BEI apoia projetos que contribuem para a exploração responsável destes recursos naturais com vista ao fornecimento de uma energia limpa e a preços comportáveis, quer através de iniciativas na área das energias renováveis e da eficiência energética, quer através de projetos de produção e transporte de energia que são vantajosos para a região e estimulam o crescimento económico. O BEI apoia igualmente as centrais elétricas a gás natural altamente efi- cientes, bem como outros projetos respeitadores do ambiente no setor do gás, no âmbito dos seus esforços para satisfazer de forma sustentável a crescente procura de energia. Enfrentar os desafios energéticos em África A sustentabilidade energética é uma prioridade absoluta para o BEI em África, onde 57 % da população continua privada de acesso à eletricidade, situação que prejudica, por sua vez, o desenvolvimento económico do continente e o impede de atingir todo o seu potencial. O setor energético em África caracteriza-se, neste momento, pela ineficiência, sendo o investimento necessário limitado pela prática de tarifas abaixo do preço de custo. Não obstante, existe um enorme potencial inexplorado na área das energias renováveis, um setor apoiado por cerca de um quarto das operações do BEI na África Subsariana, e mais de um terço das operações no Norte de África. O Banco concede financiamento e presta assistência técnica a projetos que dão resposta à necessidade de uma produção de energia eficiente e acessível, com destaque para as energias renováveis e a integração regional, contribuindo no seu conjunto para o desenvolvimento da economia africana.

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O BEI e a energia em ÁfricaO acesso a serviços de energia sustentáveis e modernos é uma condição essencial da satisfação das necessidades humanas básicas e do desenvol-vimento económico e social em toda a África. A energia constitui, desde há muito, uma prioridade fundamental para as operações do BEI tanto no Norte de África como na África Subsariana, tendo beneficiado de um in-vestimento aproximado de 4 000 milhões de EUR nos últimos cinco anos.

O continente africano possui abundantes fontes de energia renovável, nomeadamente hidroelétrica, eólica e solar. O BEI apoia projetos que contribuem para a exploração responsável destes recursos naturais com vista ao fornecimento de uma energia limpa e a preços comportáveis, quer através de iniciativas na área das energias renováveis e da eficiência energética, quer através de projetos de produção e transporte de energia que são vantajosos para a região e estimulam o crescimento económico.

O BEI apoia igualmente as centrais elétricas a gás natural altamente efi-cientes, bem como outros projetos respeitadores do ambiente no setor do gás, no âmbito dos seus esforços para satisfazer de forma sustentável a crescente procura de energia.

Enfrentar os desafios energéticos em África

A sustentabilidade energética é uma prioridade absoluta para o BEI em África, onde 57 % da população continua privada de acesso à eletricidade, situação que prejudica, por sua vez, o desenvolvimento económico do continente e o impede de atingir todo o seu potencial. O setor energético em África caracteriza-se, neste momento, pela ineficiência, sendo o investimento necessário limitado pela prática de tarifas abaixo do preço de custo. Não obstante, existe um enorme potencial inexplorado na área das energias renováveis, um setor apoiado por cerca de um quarto das operações do BEI na África Subsariana, e mais de um terço das operações no Norte de África. O Banco concede financiamento e presta assistência técnica a projetos que dão resposta à necessidade de uma produção de energia eficiente e acessível, com destaque para as energias renováveis e a integração regional, contribuindo no seu conjunto para o desenvolvimento da economia africana.

2 Enfrentar os desafios energéticos em África

As prioridades do BEI no setor da energiaA satisfação das necessidades atuais e a crescente procura de eletri-cidade no continente exigem uma enorme expansão da capacidade de produção. Fiel ao seu compromisso de combater as alterações climáticas e de garantir a acessibilidade dos preços, o BEI privilegia o desenvolvimento de recursos renováveis de baixo custo, incluindo as energias solar, eólica e hidroelétrica.

No Norte de África, as energias renováveis representam atualmen-te uma quota-parte muito reduzida do aprovisionamento total de energia. O Banco criou, no entanto, um conjunto de novos instru-mentos para apoiar o desenvolvimento deste setor, incluindo, desig-nadamente, o MSP-PPI (ver caixa).

Energia limpa no Burquina FasoPara conseguir satisfazer a procura nacional de eletricidade, o Burquina Faso tem de recorrer a dispendiosas centrais ter-moelétricas locais alimentadas a combustíveis fósseis ou a importações pouco fiáveis dos países costeiros vizinhos. Em consequência, o acesso a eletricidade fiável e a custos compor-táveis constitui um desafio tanto para as famílias como para as empresas.

A SONABEL, a companhia nacional de eletricidade, pretende alterar esta situação, tendo lançado a construção de uma pri-meira central elétrica a energia solar fotovoltaica (FV) com capa-cidade nominal de 30 MW, cofinanciada pelo BEI, pela Comis-são Europeia e pela AFD. Graças às condições de financiamento

muito favoráveis, o custo unitário de produção nesta central não obrigará a qualquer ajustamento das tarifas médias cobra-das aos consumidores.

Através da diversificação das fontes de produção e do aumento da quota de energias renováveis, o projeto ajudará a mitigar as emissões de CO

2, permitindo à SONABEL manter o equilíbrio

entre a sua dependência das importações de energia e a garan-tia de uma produção local de energia mais limpa e mais barata.

Este exemplo ilustra a forma como o Banco apoia projetos--piloto através de assistência técnica e financiamento a longo prazo em condições favoráveis, determinantes para abrir cami-nho ao desenvolvimento de outras grandes centrais solares na região do Sahel.

Fornecer energia sustentável à população do BurundiA primeira operação do BEI no Burundi desde o fim do conflito em 2005 foi o investimento de 70 milhões de EUR na construção de duas centrais hidroelétricas nos rios Jiji e Mulembwe. Um vez concluídas, estas centrais terão uma capacidade de produção de 31,5 MWe e de 16,5 MWe, respetivamente. O projeto prevê também a instalação de cerca de 107 km de linhas de transporte de 110 kV e de 25 km de linhas de 30 kV, contribuindo assim para a eletrificação das comunidades rurais próximas das centrais elétricas.

O setor elétrico é essencial para libertar o potencial de crescimento do Burundi e para contribuir para o desenvolvimento económico do país. Esta operação irá apoiar o aprovisionamento e a estabilização da rede elétrica, reduzir as perdas de energia e contribuir para o aumento da capacidade de produção de energia limpa, baixando os custos para o Burundi e a sua população. Além disso, contri-buirá para o objetivo nacional de aumentar a taxa de acesso das habitações dos atuais 4 % para 35 % em 2030.

O BEI e a União Europeia asseguram até 49 % do financiamento do custo total do projeto. Cofinanciado pelo Banco Mundial e pelo BAD, este projeto quase que duplicará o fornecimento de eletricidade limpa e acessível à rede nacional, mediante o aprovisiona-mento de energia mais fiável e mais barata em alternativa aos geradores a gasóleo, reduzindo também as emissões de gases com efeito de estufa.

A África Subsariana possui um enorme potencial nesta área. Cerca de 90 % do potencial hidroelétrico economicamente viável do con-tinente (equivalente a um décimo do total mundial) permanece inexplorado. O Banco concentra-se em grandes projetos regionais e nacionais de produção e transporte de eletricidade que aprovei-tam estes recursos abundantes para estimular o desenvolvimento económico.

São necessários investimentos em redes de energia (incluindo a sua modernização) que permitam não só apoiar a integração das fontes renováveis, como também garantir a qualidade, eficiência e segu-rança do aprovisionamento. O BEI privilegia projetos de energia que promovam a integração regional, até porque a cooperação regio-nal na área da energia pode atenuar o problema da reduzida dimen-são dos mercados que afeta muitos países.

Os investimentos em eficiência energética, que abranjam as utili-zações privada, industrial e pública, ajudam a aumentar a energia disponível e a reduzir as faturas energéticas. Promovem, por acrés-cimo, um acesso mais generalizado, a competitividade económica e o crescimento. A utilização eficiente dos recursos é contemplada em todos os projetos financiados pelo BEI nos países africanos, e não apenas no setor da energia.

3Enfrentar os desafios energéticos em África

Na qualidade de banco da UE, o BEI colabora na implemen-tação das políticas de desenvolvimento da União. Contribui para a resposta da UE à iniciativa das Nações Unidas «Ener-gia Sustentável para Todos» (SE4All) e participa na Agenda para a Mudança da UE, bem como na Estratégia Conjunta África-UE.

Em África, o BEI desenvolve a sua atividade ao abrigo do mandato de financiamento externo (Norte de África e Re-pública da África do Sul), do «Acordo de Cotonu» (Áfri-ca Subsariana) e do seu mandato relativo às alterações climáticas.

Na África Subsariana, o BEI financia e presta consultoria a projetos através da Facilidade de Investimento - um fundo autorrenovável - e também com recursos próprios. Além disso, combina empréstimos com subvenções para assis-tência técnica, concedidas, nomeadamente, pelo Fundo Fi-duciário UE-África para as Infraestruturas.

A Facilidade Euro-Mediterrânica de Investimento e de Par-ceria (FEMIP) congrega todos os serviços que o Banco dis-ponibiliza na região do Norte de África. A par de opera-ções de financiamento, a FEMIP presta assistência técnica e serviços de consultoria, nomeadamente através do Fun-do Fiduciário da FEMIP. A Facilidade de Investimento da Vizinhança (FIV) da Comissão Europeia constitui uma im-portante fonte adicional de recursos que podem ser combi-nados com o financiamento concedido pelo BEI.

As áreas prioritárias de intervenção do BEI na África do Sul continuam a ter por base o Documento de Estratégia Co-mum da UE para a África do Sul. O Banco continuará a con-centrar-se de modo particular nos investimentos prioritá-rios em infraestruturas sociais e económicas (incluindo nos setores da eletricidade, da água e das infraestruturas muni-cipais), no apoio ao setor privado e em projetos relaciona-dos com o combate às alterações climáticas.

Desenvolvimento de novos instrumentos

O Fundo Fiduciário UE-África para as Infraestruturas (FFI) concede subvenções a projetos de infraestruturas regionais na África Subsa-riana em apoio do Programa para o Desenvolvimento das Infraestru-turas em África (PIDA).

O FFI recebeu uma dotação específica para o financiamento de ati-vidades que contribuam para a realização dos objetivos da iniciativa das Nações Unidas «Energia Sustentável para Todos» (SE4All). Ao abrigo desta dotação, o BEI gere, por exemplo, uma contribuição de 25 milhões de EUR investidos como capital próprio no projeto de construção de um parque eólico de 300 MW junto ao Lago Turkana, no Quénia.

O Banco está também a desenvolver um conjunto de instrumentos de financiamento inovadores, destinados nomeadamente a proje-tos de pequena dimensão na área das energias renováveis e da efi-ciência energética.

Tais instrumentos incluem a assistência técnica e a partilha de riscos com os bancos locais (Instrumento de Energia Sustentável para Áfri-ca), a consultoria e os créditos baseados nos resultados (Plataforma para o Desempenho na área das Energias Renováveis) e a assistên-cia técnica para mobilizar aumentos de crédito (Fundo de Garantia Africano para a Energia). O BEI continuará também a desempenhar o seu papel de consultor do Fundo Mundial para a Eficiência Energéti-ca e as Energias Renováveis (GEEREF), que mobiliza investimentos de private equity em projetos de pequena dimensão na área das ener-gias renováveis e da eficiência energética.

Para a região do Norte de África, o Banco lançou em 2014 o progra-ma CAMENA, uma vertente do Fundo Fiduciário da FEMIP que apoia as ações a favor do clima. Com uma contribuição inicial de 15 mi-lhões de GBP (20 milhões de EUR) do Departamento para o Desen-volvimento Internacional (DFID) do Reino Unido, o CAMENA prestará serviços de consultoria para catalisar o surgimento de novos proje-tos de investimento na área do clima, ajudando assim a dar resposta à crescente procura existente na região por uma abordagem mais ecológica do crescimento e do desenvolvimento.

O Instrumento de Energia Sustentável da FEMIP concede linhas de crédito a intermediários financeiros locais (IF) na Jordânia e em Marrocos para financiar a eficiência energética e pequenos investi-mentos em energias renováveis nos setores da indústria, incluindo a indústria agroalimentar, PME, serviços comerciais e habitação. Está entretanto a ser desenvolvido um instrumento para combinar finan-ciamento com assistência técnica específica, com base num estudo apoiado pelo Fundo Fiduciário da FEMIP e inspirado no extrema-mente bem sucedido programa de Assistência Europeia à Produção Local de Energia (ELENA).

Desde 2007, o Instrumento para uma Energia Sustentável e para um Aprovisionamento Seguro (ESF) tem permitido ao Banco con-tribuir de forma mais eficaz para a aplicação das políticas-chave da UE neste setor. Em África, o BEI assinou três projetos ao abrigo do ESF num montante total superior a 15 milhões de EUR.

Assistência técnica para impulsionar a energia solar no Mediterrâneo

A iniciativa de criar o Programa de Preparação de Projetos de Energias Renováveis e Eficiência Energética ao abrigo do Plano Solar para o Mediterrâneo (MSP-PPI) partiu do BEI. O apoio prestado pelo Banco tem por base a experiência adquirida ao longo de mais de 30 anos de atividade desen-volvida na região. Este programa, financiado por uma sub-venção de 5 milhões de EUR da União Europeia no quadro da FIV, visa apoiar a preparação de projetos de eficiência energética e de energias renováveis, acelerando a imple-mentação de até 20 projetos nestas áreas nos países parcei-ros mediterrânicos.

O BEI apoia a política da União Europeia de cooperação para o desenvolvimento em África

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Aproveitar os enormes recursos solares de MarrocosLocalizada no Sudoeste de Marrocos, a cerca de 525 km a sul de Rabat, esta é a primeira fase do complexo de energia solar de Ouarzazate e o primeiro projeto em grande escala do Plano Solar para o Mediterrâneo.

Apoiada por um empréstimo do BEI de 345 milhões de EUR, a central utilizará a tecnologia de concentra-ção de energia solar (CSP) por meio de cilindros parabólicos. Os espelhos concentrarão uma extensa área de luz solar que será então convertida em energia térmica para alimentar uma turbina ligada a um gera-dor elétrico.

O BEI disponibilizou também os seus conhecimentos técnicos em matéria de energias renováveis para melhorar a viabilidade financeira do projeto de Ouarzazate e para apoiar os estudos preparatórios, desig-nadamente no que diz respeito ao concurso e ao impacto ambiental.

Esta central irá produzir até 160 MW de eletricidade por ano, com três horas de armazenamento de ener-gia na capacidade máxima, evitando 151 000 toneladas de emissões de CO

2 por ano. O complexo global

está projetado para uma capacidade máxima de 580 MW, o suficiente para abastecer uma cidade com 1 157 000 habitações.

Quando concluído, o complexo solar de Ouarzazate posicionar-se-á como um dos maiores do mundo. Além de proporcionar acesso às energias renováveis e segurança energética a Marrocos, criará 4 400 postos de trabalho na fase de construção e 210 empregos permanentes, na esmagadora maioria destinados à popu-lação local. No futuro, uma parte da produção pode vir a ser exportada para a UE.

Banco Europeu de Investimento98 -100, boulevard Konrad AdenauerL-2950 Luxembourg3 +352 4379-15 +352 437704www.bei.org/acp

Balcão de informação3 +352 4379-220005 +352 4379-62000U [email protected]